XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. LEVANTAMENTO DOS CASOS CONFIRMADOS E NOTIFICADOS DE MENINGITE NO ESTADO DE PERNAMBUCO NO PERÍODO DE 2011 - 2013 Anthony Alves dos Santos Junior 1, Rebeca Gonçalves de Melo2, Renan do Nascimento Barbosa3, Barbara José Rocha Cardoso de Lima4, Ana Cecília Batista Arcoverde Cavalcanti5, Natassia Javorski Rodrigues6, Bruno Severo Gomes7 Introdução Meningite é uma doença infecciosa grave caracterizada por acometer as leptomeninges e o espaço subaracnóideo podendo ser causada por vários tipos de microrganismos. Esse tipo de infecção é uma ameaça para a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo nos países que não foram adotadas medidas sistemáticas de prevenção (Bryan et al., 1990). As taxas de mortalidade variam entre 2% em crianças e até 20% a 30% em adultos. Grandes números dos casos não letais possuem associação com sequelas neurológicas (Llorens & McCracken, 2003). As meningites ocorrem por todo o mundo e a expressão epidemiológica de cada uma varia conforme a região. Dependem principalmente da existência de aglomerados populacionais, fatores climáticos e características socioeconômicas dos grupos populacionais (Brasil, 2006). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorra aproximadamente 1,2 milhão de casos por todo o mundo e 135 mil mortes por ano (Dickinson & Perez, 2005). Elas estão entre as doenças de notificação compulsória, de acordo com a Portaria GM nº 5 de 21 de fevereiro de 2006 do Ministério da Saúde, e constitui um sério problema de saúde pública devido a sua capacidade de produzir surtos com associação a elevada mortalidade (Moraes & Barata, 2005). Esse tipo de doença pode ser causado por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, além de casos por agentes não infecciosos (traumatismo). As meningites de origem infecciosa, principalmente as causadas por bactérias e vírus, são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos. A meningite bacteriana pode ser causada por uma ampla variedade de bactérias. Cerca de 55% dos casos por esse tipo de agente etiológico em todo o Brasil são causados por Neisseria meningitidis (que causa a doença meningocócica – DM), o Streptococcus pneumoniae, e o Haemophilus influenzae (Portal da Saúde – SUS, 2013). A meningite viral se caracteriza por um quadro clínico de alteração neurológica que geralmente evolui de forma benigna. A etiologia mais comum são vírus do grupo dos Enterovírus, porém também possuem etiologias menos frequentes como os vírus do grupo dos Arbovírus (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2006). Esses tipos de infecções apresentam como sintomas gerais, febre, dor de cabeça, vômitos, náuseas e rigidez da nuca, e o período de incubação varia de 2 a 10 dias. Quanto à transmissão, varia conforme o agente etiológico, porém no geral a transmissão é de pessoa para pessoa por meio das vias respiratórias e por contato direto com gotículas e secreções nasais e da garganta do infectado. Para o diagnóstico, os exames específicos são as Culturas, Contraimunoeletroforese (CIE) e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). O material coletado é o líquido céfaloraquidiano, e o sangue. Na suspeita de meningite asséptica também se recomenda coleta de amostra de fezes (Portal da Saúde – SUS, 2013). Diante da importância para a saúde pública demonstrada por esta doença, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os dados de ocorrência de Meningite confirmados e notificados pelo Ministério da Saúde no estado de Pernambuco, no período de 2011 a 2013. Material e métodos A. Levantamento dos Casos Confirmados e Notificados de Meningite no estado de Pernambuco 2011 - 2013 Os dados utilizados nesse estudo foram obtidos através de levantamento bibliográfico e consultas ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN do Ministério da Saúde de 2011 à dados parciais de 2013, considerando aspectos epidemiológicos como sexo, faixa etária, evolução da doença, zona de residência e etiologia. 1 Anthony Alves dos Santos Junior é Graduando do curso de Biomedicina, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco E-mail: [email protected] 2 Rebeca Gonçalves de Melo é Graduanda do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: [email protected] 3 Renan do Nascimento Barbosa é Mestrando do Programa de Pós Graduação em Biologia de Fungos (PPGBF), Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. 4 Barbara José Rocha Cardoso de Lima é Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. 5 Ana Cecília Batista Arcoverde Cavalcanti é Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. 6 Natassia Javorski Rodrigues é Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. 7 7 Bruno Severo Gomes é Professor Adjunto do Departamento de Micologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Resultados e Discussão A. Casos de Meningite no ano de 2011 Ao analisar o índice de Meningite no estado de Pernambuco nos anos de 2011 à 2013 foi observado que em 2011 houve 1.306 casos, a maioria ocorrendo na zona urbana, sendo estes ocorridos, na maioria, no sexo masculino de faixa etária entre 5 a 9 anos, com a etiologia viral ocorrendo na maioria dos casos sendo 45,7% do total de casos. 6,9% dos pacientes vieram a óbito por Meningite em 2011 (Tabela 1). B. Casos de Meningite no ano de 2012 Em 2012 os casos de Meningite aumentaram em Pernambuco, subindo para 1.539 casos que permaneceram ocorrendo em sua maioria na zona urbana. Os dados permaneceram com maior incidência no sexo masculino e com maior ocorrência da etiologia viral, subindo para 50,8% a porcentagem dos casos. Porém o índice de óbito por Meningite caiu para 0,5% (Tabela 2). C. Casos de Meningite no ano de 2013 No presente ano de 2013, dados parciais que datam de 29 de julho de 2013 afirmam que houve, até o presente momento, uma diminuição no número de casos, caindo para 15. Porém esses dados ainda não são conclusivos. Contudo, ainda permanece a maioria dos casos em zona urbana, atingindo com maior frequência a faixa etária de 1 a 4 anos, e uma maior incidência com a etiologia viral (Tabela 3). Com os dados avaliados percebe-se maior incidência de casos no sexo masculino, com faixa etária de 1-4 anos. O que leva a crer que a alta incidência neste faixa etária se deve ao fato de o indivíduo estar com o sistema imunológico em formação. O aumento da população tem gerado agravos na saúde pública, principalmente em áreas de baixa renda onde a informação e o acesso à saúde tem se mostrado deficiente, e a população torna-se mais propensa a às consequências da infecção sem acesso a um diagnóstico preciso e rápido. São importantes medidas educativas para a conscientização da gravidade desta doença, pois, ela pode desenvolver no indivíduo infectado, graves sequelas neurológicas, por vezes, irreversíveis. Referências Branco, Ricardo G.; Amoretti, Carolina F. ; Tasker, Robert C. Doença meningocócica e meningite. J. Pediatr. (Rio J.). 2007. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde: Guia de vigilância epidemiológica, Brasília, 2006. Bryan JP, Silva HR, Tavares A, Rocha H, Scheld WM. Etiology and mortality of bacterial meningitis in Northeastern Brazil. 1990. Campagne G, Schuchat A, Djibo S, Ouss’eini A, Ciss’e L, Chippaux JP. Epidemiology of bacterial meningitis in Niamey, Niger,1999. de Moraes JC, Barata RB. Meningococcal disease in Sao Paulo, Brazil, in the 20th century: epidemiological characteristics. Saúde Pública. 2005. Dickinson F. O,; Perez A. E. Bacterial Meningitis in children and adolescents: an observational study based on the Llorens XS, McCracken Jr GH. Bacterial Meningitis in Children. Lancet 2003. Moraes, J. C. & Barata, R. B. A doença meningocócica em São Paulo, Brasil, no século XX: características epidemiológicas. Caderno de Saúde Pública, v. 21, n. 5, 2005. national surveillance system. BMC Infect. Dis. 2005. Portal da Saúde – SUS. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31959> Acessado em: 30/10/2013 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória, do Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac", Coordenadoria de Controle de Doenças e INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Laboratório de Vírus Entéricos. Meningites virais. Rev. Saúde Pública [online]. 2006. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.