Considerações sobre a Filosofia Primeira de Aristóteles

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Scientiarum Historia – UFRJ / HCTE
Considerações sobre a Filosofia Primeira de Aristóteles.
André Vinícius Dias Senra* (PG) 1, Adilio Jorge Marques (PG)1, *[email protected]
1
UFRJ, Prog. História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia, Inst. de Química, Centro de Tecnologia, Bloco A, 7°
andar, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ, 21941-590, Brasil.
Palavras Chave: ciência, filosofia primeira, metafísica.
Introdução
A proposta de abordagem do tema ciência em
Aristóteles, tem a ver com o fato de que foi este
pensador quem originou um vasto campo de
investigações racionais, a tal ponto de a maioria das
ciências modernas ter um fundamento aristotélico.
Neste trabalho, pretende-se compreender o sentido
da concepção aristotélica de ciência. A ciência é,
para este filósofo, um modo de reconhecimento da
causa pela qual esse algo é e, este algo,
apresentando certa característica, não pode ser de
outro modo. Assim, o conhecimento científico, para
Aristóteles, é definido em termos de relações
causais e necessidade. Importa saber como a
concepção aristotélica de ciência influenciou tanto,
na pesquisa científica, mesmo sem que nenhuma
filosofia tivesse, naquele momento, condições para
matematizar qualquer aspecto da natureza, o que,
posteriormente, tornou-se importante para a
questão da previsibilidade.
Resultados e Discussão
O grupo de quatorze manuscritos que constitui a
Metafísica não foi assim denominado pelo próprio
Aristóteles. Ele tinha um outro termo para o que
estava tentando fazer, que era ‘Filosofia Primeira’,
isto é, a ciência buscada. O título ‘Metafísica’ (‘τα
μετα τα φυσικα’) foi assim nomeado por razões
meramente editoriais, pois, na ordem legada dos
escritos aristotélicos os ensaios de filosofia primeira
deveriam ser publicados depois do tratado da física
Aristotélica, visto que a expressão ‘metafísica’
significa ‘depois da física’. No entanto, a partir do
modo como Aristóteles concebia sua noção de
ciência, pode-se concluir que a Filosofia Primeira
deveria tratar daquilo que vai além da física, daquilo
que a transcende, visto que o termo ‘metafísica’
pode significar também ‘para além da física’ ou ‘o
que está acima da física’. Assim pois, a idéia da
Filosofia Primeira, além de receber o nome de
Metafísica, deve ser entendida como a noção
aristotélica de ciência teórica. As finalidades da
Filosofia Primeira são pelo menos quatro: (a) A
ciência das causas ou princípios primeiros; (b) A
ciência do ser enquanto ser; (c) A indagação sobre
a substância; (d) A indagação sobre Deus e a
substância supra-sensível. A ciência das causas ou
princípios primeiros é um tipo de investigação que
foi intentada pelos pré-socráticos, que buscavam
um princípio físico último, causador e sustentador
do universo, por Platão, com a sua doutrina das
idéias, as quais teriam a função de condicionar toda
a realidade sensível. Aristóteles achava que a
filosofia primeira é, dentre as ciências, a mais nobre
e superior, pois ela se faz na independência de
qualquer aplicação prática, sendo o motivo para a
investigação metafísica um puro e desinteressado
desejo de saber advindo daquilo que o homem tem
de mais essencial, que é o uso de sua razão e
inteligência. A indagação sobre o ser enquanto ser,
nos leva à questão dos vários sentidos do ser
(acidental, verdadeiro, falso, potência e ato,
categorial), e esse modo de questionar nos conduz
ao ser por si mesmo, o ser da categoria de
substância. A indagação sobre a substância, por
fim, deve conduzir à questão de se saber se só
existem as substâncias sensíveis ou se existem
também as substâncias supra-sensíveis. A
tematização da Filosofia Primeira de Aristóteles na
condição de ciência que investiga o ser enquanto
ser, indica uma orientação que procura identificar as
mais universais características da realidade ou do
ser, ou ainda, este projeto filosófico está voltado
para a identificação das categorias ou espécies
mais gerais sob as quais as coisas caem, a
especificação do que distingue esses tipos ou
categorias uns dos outros, e a identificação dos
tipos de relação que ligam objetos de diferentes
categorias entre si.
Conclusões
Uma vez que a Ciência aristotélica é uma Ciência
do real, os objetos do conhecimento cientifico
comportam um certo tipo de necessidade, pois é
necessário que eles existam para que os possamos
conhecer. E neste aspecto, fica evidente que a
Ciência de Aristóteles precisa admitir o mundo
externo, ou seja, encontra-se baseada em uma
concepção de realismo robusto. Para Aristóteles,
este deve ser o posicionamento teórico que toda e
qualquer ciência deve ter.
Agradecimentos
Aos colegas e professores que
comunidade acadêmica do HCTE.
____________________
integram
a
1
Aristóteles, Metafísica, trad. Valentin G. Yebra, Madrid, Editorial
Gredos, 1982.
2
Mansion, A. Filosofia primeira, filosofia segunda e metafísica em
Aristóteles, in Sobre a Metafísica de Aristóteles, Marco Zingano (org.),
trad. Marisa Lopes, pp. 123-176, São Paulo, Odysseus Editora, 2005.
3
Peters, F.E. Termos Filosóficos Gregos – Um léxico histórico, trad.
Beatriz Rodrigues Barbosa, Lisboa, Calouste Gulbenkian.
1º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – UFRJ / HCTE – 22 e 23 de setembro de 2008
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