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A HISTÓRIA DA GEOGRAFIA
“A partir do momento em que o homem começou a modificar a natureza, plantando e colhendo,
criando animais, erguendo construções, o planeta deixou de ser apenas uma paisagem natural para
se transformar em espaço geográfico: um espaço humanizado, construído por meio do trabalho.
À medida que mudam os instrumentos de trabalho, a sociedade também vai se modificando:
surgem novas formas de pensar, de morar, de relacionar-se. Desenham-se espaços geográficos
típicos de cada sociedade e de cada época.
Por isso, ao olhar uma paisagem, não podemos deixar de refletir sobre o modo como vive a
sociedade que a construiu, e assim discutir as novas formas de organização social que surgem com
o avanço tecnológico.”
Igor Moreira
- A geografia é um dos saberes mais antigos que existem. A palavra geografia (geo, “Terra”; grafia,
“descrição”, “escrita”) foi criada pelo filósofo grego Eratóstenes no século III a.C.
- Esse filósofo foi um estudioso da geografia, algo muito comum na época, quando praticamente
todos os sábios ou estudiosos eram filósofos (filo, “amigo”; sofia “saber”, “sabedoria”) e, com
freqüência se ocupavam de quase todos os temas ou assuntos que hoje dividimos entre várias
disciplinas distintas. Modernamente a Geografia é definida como o estudo das relações entre o
espaço e as sociedades.
- A geografia científica ganha força a partir de 1750, na Alemanha com Kant, Humboldt, Ritter.
(escola alemã). No século XIX é reconhecida oficialmente e passa a ser ensinada nas escolas.
Positivismo:
Augusto Comte afirmava que a ciência deveria deixar de especular sobre a origem dos fenômenos e
se apoiar apenas na observação, na experimentação e na comparação dos resultados, procurando a
causa dos fenômenos e formulando leis.
Determinismo geográfico:
Ratzel sustentava que as condições ambientais, em especial o clima, são capazes de influenciar o
desenvolvimento intelectual e cultural das pessoas. Esta teoria afirmava que nas áreas temperadas
a humanidade teria um desenvolvimento mais elevado do que nas áreas tropicais, quentes e
úmidas. A teoria determinista tentava explicar e justificar os deslocamentos e as conquistas dos
povos. Afirmava que os grupos humanos, ao crescer, tendem a alargar seus territórios, ocupando
territórios vizinhos. Reforçou a idéia, já comum nos países conquistadores, de supremacia racial que
entende que um povo ou uma determinada etnia é superior a outra e influenciou a expansão nazista
alemã.
Espaço vital:
Conceito desenvolvido por Kant no qual haveria uma relação entre uma determinada população e os
recursos disponíveis em seu território. Assim, se o território se mostrasse insuficiente para suprir as
necessidades dessa população, o progresso natural seria a apropriação de novos territórios. Na
realidade, esta teoria justificava a expansão imperialista da época.
O nazismo, política expansionista e totalitária da Alemanha, utilizou a idéia de que o país tinha de
conquistar seu “espaço vital”, ou seja, mercados consumidores e fornecedores de matéria-prima.
Defendia o direito alemão de conquistar o mundo e a criação da Grande Alemanha.
Possibilismo:
Foi uma reação da Escola Francesa, com Vidal de La Blache, que afirmava que as pessoas
poderiam atuar no meio, modificando-o e determinando o seu desenvolvimento, ou seja, o meio
natural oferece um conjunto de possibilidades, e sua utilização depende dos costumes e das
técnicas de cada sociedade. “o homem pensante é capaz de modificar o meio”.
O gênero de vida é um conceito criado por La Blache para analisar as formas de organização das
Método regional:
A terceira corrente de pensamento geográfico, o método regional, opõe-se às duas anteriores,
visto que “a diferenciação de áreas não é vista a partir das relações entre o homem e a natureza,
mas sim da integração de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da superfície da Terra”.
A região, definida como objeto de estudo da Geografia seria o espaço natural (Geografia Física), e
as modificações provocadas pela sociedade a Geografia Humana. Do estudo de regiões com
características semelhantes surgem a Geografia Agrária, da População, Urbana, etc.
Nova Geografia:
Essa corrente do pensamento geográfico surgiu em meados do século XX, a partir da 2ª. Guerra
Mundial, na Inglaterra, Estados Unidos e Suécia. Foi o período da chamada “Guerra Fria”, da
recuperação econômica da Europa, do desmantelamento dos impérios coloniais e do progresso
tecnológico.
O momento histórico em que surgiu esse paradigma foi caracterizado pela intensa urbanização,
industrialização e expansão de capital, gerando modificações profundas na organização espacial;
essas modificações inviabilizaram a aplicação dos três paradigmas tradicionais – determinismo,
possibilismo e método regional –, propiciando o surgimento da nova Geografia, na qual utilizaram-se
freqüentemente técnicas estatísticas e matemáticas, o emprego da geometria e de modelos
normativos. Por essa razão, passou a ser conhecida também como Geografia quantitativa ou
teorética.
Geografia crítica:
A partir da segunda metade da década de 70, os geógrafos passaram a ter preocupação maior com
as questões sociais, econômicas e políticas, considerando que o desenvolvimento industrial passou
a exercer grande impacto sobre a natureza e a sociedade, degradando e dilapidando os recursos
naturais;
Para entender o processo de produção do espaço nas diferentes sociedades, é preciso
conhecer alguns conceitos:
Espaço natural: é o espaço antes de se tornar geográfico pela intervenção das sociedades, é fruto
de uma determinada combinação de elementos naturais, como o clima, relevo vegetação, etc.
Espaço geográfico: É o espaço natural transformado pelo trabalho das sociedades que o
produziram, em determinado “período”, por exemplo; a sociedade medieval produziu o “espaço
geográfico medieval”, com ruas estreitas e dispostas de modo radial e concêntrico cercadas por
muralhas.
A sociedade transforma o espaço através do trabalho e de acordo com sua cultura.
Sociedades diferentes produzem espaços diferentes.
Paisagem: É o arranjo espacial que nossa percepção distingue.
Lugar: é a porção ou parte do espaço onde vivemos. É onde se desenvolve nossa existência real. É
nele que se desenvolve o nosso cotidiano.
Não lugar: São lugares transitórios que não possuem significado suficiente para serem definidos
como “lugar”, por exemplo, aeroporto, supermercado, hotel.
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