Tuberculose uma conversa necessária entre Saúde

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Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências
TUBERCULOSE UMA CONVERSA NECESSÁRIA ENTRE SAÚDE,
AMBIENTE E EDUCAÇÃO
GIUSEPPE FRANCESCO ANTONIO DONATO JUNIOR
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências do
campus Nilópolis do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino
de Ciências.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Giselle Rôças
NILÓPOLIS
2011
I
Donato Junior, Giuseppe Francesco Antonio
Tuberculose uma conversa necessária entre Saúde,
Ambiente e Educação [Nilópolis] 2011.
xiii 107 p. 29,7 cm (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências
da Saúde e do Ambiente/IFRJ, M.Sc., Ensino,2011)
Dissertação – Instituto Federal do Rio de Janeiro.
PROPEC
1. Ensino
2. Ensino de Ciências
3. Educação em Saúde
4. Tuberculose
I. PROPEC/IFRJ.
II. Tuberculose uma conversa necessária entre Saúde, Ambiente e
Educação
II
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências
TUBERCULOSE UMA CONVERSA NECESSÁRIA ENTRE SAÚDE,
AMBIENTE E EDUCAÇÃO
GIUSEPPE FRANCESCO ANTONIO DONATO JUNIOR
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências do
campus Nilópolis do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em Ensino
de Ciências.
Aprovada em 13 de abril de 2011
Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.
Banca Examinadora
____________________________________
Prof.ª Dr.ª Giselle Rôças – Presidente da Banca
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
____________________________________
Prof. Dr. – Rodrigo Siqueira-Batista
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
Universidade Federal de Viçosa
____________________________________
Prof.ª Dr.ª– Isabel Martins
Universidade Federal do Rio de Janeiro
NILÓPOLIS
2011
III
Aos meus pais, que sempre me incentivaram,
demonstrando que a maior riqueza de um
homem é a educação.
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, presença constante em todos os
momentos da minha vida.
À amiga e orientadora Prof.ª Dr.ª Giselle Rôças
pelo
carinho,
dedicação
e
orientação,
fatores
fundamentais para a construção dessa dissertação.
Aos
amigos
Prof.ª
Dr.ª
Maylta
Brandão
dos
Anjos, Prof.º Dr.º Rodrigo Siqueira Batista e Prof.º
Dr.º
Alexandre
Maia
Bonfim
pelo
apoio
e
ensinamentos.
Agradeço à minha família, especialmente, minha
companheira Lourdes de Fátima dos Santos Donato e
minha
filha
Anna
Luiza
dos
Santos
Donato
por
compreender todos os momentos em que estive ausente,
e pelo carinho, e pelas palavras de incentivo e
força nos momentos mais cruciais.
Aos meus irmãos e sobrinhos, pelo incentivo e
otimismo.
Aos amigos do curso de mestrado do IFRJ, em
especial a Maria Teresa Lobianco Rocha, com quem
aprendi muito sobre a educação e a arte de ensinar.
Aos
professores
do
PROPEC
pela
dedicação
e
incentivo.
As
Diretoras
participaram
das
escolas
voluntariamente
da
e
aos
alunos
pesquisa,
sem
que
os
V
quais esse trabalho seria possível.
Aos
amigos
PMERJ,com
da
quem
Diretoria
compartilhei
geral
de
momentos
Saúde
da
difíceis
da
minha jornada.
Aos amigos do Hospital Municipal Rocha Maia, em
especial a Solange, pelo seu incentivo diário.
As amigas Ana Jackeline, Márcia e Ilana, pelos
conselhos e pela valiosa amizade.
A
Thelma
e
Irlan
do
Centro
de
Referência
Professor Hélio Fraga/CRPHF.
A Profº Tiago e aos alunos do Curso de Produção
Cultural, em especial ao aluno Ricardo, pelo auxílio
na construção do vídeo educativo.
E finalmente a todos aqueles que contribuíram
direta
ou
indiretamente
para
a
realização
desse
trabalho.
VI
Toda verdade passa por três estágios.
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si
mesma.
Arthur Schopenhauer
VII
RESUMO
A tuberculose representou e ainda representa um desafio a ser superado em vários países
do mundo, principalmente no Brasil, que apesar de todos os esforços, mantém-se na 14ª
posição entre os países de maior incidência da doença, sendo o único representante da
América Latina, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Dentre as medidas
utilizadas pelo Ministério da Saúde para combater a doença estão a informação e a
conscientização da população da importância da doença e reconhecimento de seus
sintomas. As informações são veiculadas principalmente através da televisão, que
representa o maior veículo midiático da atualidade, de campanhas nacionais e pela internet.
A escola, no cenário social, representa o local, formal, onde se congrega o maior número
de indivíduos e onde os problemas sociais e as ações em saúde poderiam e deveriam ser
trabalhadas e contextualizadas com a realidade onde a escola está inserida, promovendo a
participação da comunidade local. Assim, dada a importância do tema para a sociedade,
esse trabalho procurou identificar junto aos alunos do ensino médio de duas escolas
públicas situadas no município de Nilópolis, sede do Instituto Federal do Rio de Janeiro, o
que eles conheciam a respeito da doença, já que este tema faz parte da grade curricular do
ensino fundamental. A pesquisa também se estendeu aos professores de biologia e química
permitindo conhecer alguns pontos relacionados ao seu perfil, no que tange sua formação e
prática de ensino. Seguindo os preceitos metodológicos que embasaram a pesquisa o
estudo foi classificado como qualiquantitativo. Os dados foram coletados através da
aplicação de questionário composto por perguntas fechadas e abertas. Participaram da
pesquisa 221 alunos e nove professores. O resultado da análise dos dados coletados
confirmou o que já havia sido identificado em reunião realizada com as direções das
unidades de ensino: não há prática de discussão de temas relacionados à educação em
saúde, fato confirmado durante as palestras com os alunos. Existe, portanto, um campo de
oportunidades para que a educação e a saúde trabalhem a dinâmica da educação em saúde
com os mais diversos segmentos do ensino, o que certamente representará um grande
aliado para o Brasil atingir as metas propostas para o combate a doença.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Ensino de Ciências; Produção de Material Didático;
Temas transversais; Tuberculose.
VIII
ABSTRACT
Tuberculosis has represented, and still represents, a challenge to be overcome in many
countries. According to the World Health Organization (WHO) Brazil ranks 14th among
the countries with highest incidence of tuberculosis and is the only Latin American country
to fall into this category. Some of the measures used by Brazil’s Department of Health to
combat tuberculosis include bringing greater awareness to the population about the
importance of the disease and educating them on the ability to recognize its symptoms.
Awareness of the disease is mainly communicated via television, which represents the
largest media vehicle and also via national advertising campaigns and the internet. The
school from a social perspective represents a formal location with a high number of
individuals and where social problems and health-related actions could and should be
contextualized within the school’s external environment, thereby creating an incentive for
the local community. Due to the social relevance of this topic, the focus of this research
was to identify the level of knowledge of tuberculosis possessed by the high school
students from two public schools located in Nilopolis, headquarters of the Federal
Institution of Rio de Janeiro, as this topic is part of the curriculum. The research also
included interviewing Bioology and Chemistry teachers, allowing the researchers to learn
more about the teacher’s educational background and their teaching habits. Both
qualitative and quantative methodologies were used in this study. Data was collected using
questionnaires that included both open-and closed-ended questions. A total of 221
students and 9 teachers participated in this study. Analysis of the data confirmed what had
been previously identified in meetings with the school’s board: there isn’t an established
practice in place that discusses themes related to health education. However, there is a
broad range of opportunities to work the dynamics of educaton within the health-related
field that would strongly aid Brazil to reach its proposed goals in combating tuberculosis.
Keywords: health education;
science education;
transversal themes; tuberculosis.
production scholastic material;
IX
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
(TABELAS, FIGURAS, QUADROS, GRÁFICOS E ANEXOS)
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Divisão da região metropolitana I............................................................................46
Figura 2: Nome da vacina utilizada infância para prevenir as formas graves da
doença...................................................................................................................................59
Figura 3: Necessidade de afastamento do convívio social...................................................66
Figura 4: Tempo de formação para o magistério dos professores entrevistados..................68
Figura 5: Tempo de atuação como professor de ciências.....................................................69
Figura 6: Tempo de atuação nas escolas envolvidas na pesquisa........................................69
Figura 7: Como você aborda a temática saúde e ambiente..................................................73
Figura 8: A tuberculose já foi tema de suas aulas?..............................................................74
Figura 9: Resumo Histórico sobre a Tuberculose no Brasil.................................................97
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Área e Dados Populacionais dos Municípios do RJ.............................................47
Tabela 2: Indicadores de Atenção Básica no Pacto pela Vida.............................................48
Tabela 3: Descrição das fontes utilizadas na busca de informações sobre a tuberculose....57
Tabela 4: Identificação pelos alunos do agente etiológico causador da tuberculose ..........58
Tabela 5: Manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes portadores de tuberculose.62
Tabela 6: Descrição do exame comumente utilizado para o diagnóstico da tuberculose....63
Tabela 7: Fatores predisponentes associados à tuberculose.................................................64
Tabela 8: Tuberculose – Casos confirmados notificados no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação........................................................................................................65
Tabela 9: Além do livro didático quais outros instrumentos você utiliza............................71
Tabela 10: Quais as dificuldades que você encontra no ensino de ciências.........................72
Tabela 11: Em caso afirmativo, como ela surgiu em sua sala de aula.................................75
Tabela 12: Onde você buscou material para subsidiar a sua aula........................................75
XI
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO __________________________________________________________1
CAPÍTULO I – UM OLHAR SOBRE SUA HISTÓRIA (DOENÇA) _______________11
1.1 A tuberculose ao longo da história e suas características _______________________11
1.2 A tuberculose no Brasil e sua representação nos campos histórico, social, político e
epidemiológico _______________________________________________________17
CAPÍTULO II – A ESCOLA PARA A SOCIEDADE E A SOCIEDADE PARA A
ESCOLA: A INSERÇÃO DA ESCOLA NO MOVIMENTO DE COMBATE A
TUBERCULOSE ________________________________________________________29
2.1 O Ensino, a Escola e a Educação Popular – os pilares das transformações sociais ___30
2.2 A história em quadrinhos, uma ferramenta capaz de divertir e divulgar informações em
saúde __________________________________________________________________42
CAPÍTULO III – TRILHANDO O CAMINHO DA PESQUISA___________________46
3.1 História, contextualização e caracterização do local __________________________46
3.2 Sujeitos da Pesquisa___________________________________________________49
3.2 Classificação da Pesquisa_______________________________________________51
3.3 Instrumento de coleta e análise dos dados __________________________________53
3.4 Análise dos dados, interpretação e resultados _______________________________55
CAPÍTULO IV – UM NOVO OLHAR SOBRE A TUBERCULOSE, A MISTURA DA
VISÃO POPULAR E DA VISÃO ACADÊMICA – O QUE A POPULAÇÃO SABE? O
QUE A POPULAÇÃO QUER SABER _______________________________________76
CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________84
ANEXOS
Anexo 1 – Memorando de aprovação da pesquisa
Anexo 2 – Questionário de pesquisa sobre o ensino de ciências
Anexo 3 – Questionário de pesquisa sobre formação e dificuldades do professor de
ciências
Anexo 4 – Quadro histórico da evolução da doença no país
Anexo 5 – Fotos da palestra nas escolas e da premiação do aluno que confeccionou a
história em quadrinhos e do professor que orientou na construção
Anexo 6 – A história em quadrinhos criada pelo aluno
XII
Anexo 7 – O vídeo “Tuberculose: previna-se” (produto educacional)
XIII
1
INTRODUÇÃO
Oh! Desespero das pessoas tísicas,
Adivinhando o frio que há nas lousas,
Maior felicidade é a destas cousas
Submetidas apenas às leis físicas!
(AUGUSTO DOS ANJOS - OS DOENTES)
A tuberculose, apesar de ser uma doença conhecida e curável com o
tratamento, continua representando uma das patologias de maior importância no
cenário mundial (BARREIRA & GRANGEIRO, 2007).
Desde 1993, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a tuberculose
como uma doença que atinge a humanidade de forma crítica (HIJJAR, 2005).
Houve uma exacerbação do número de casos devido ao surto de infecção pelo
Vírus
da
Imunodeficiência
Humana
(HIV),
disparidade
nas
condições
socioeconômicas da população e na precariedade das condições de habitação,
mesmo nos países centrais, onde se supunha que a doença estava controlada
desde o início da década de 90 (KRITSKI et al, 2007).
Precipitadamente, imaginou-se que o avanço da tecnologia em saúde seria
a solução para o fim das patologias infecto-contagiosas no cenário mundial,
porém, tal pensamento mostrou-se contraditório (RUFFINO-NETTO, 2001). A
tuberculose, similar à cólera, apresenta-se como uma doença em que o binômio
“saúde-doença” está intimamente associado ao crescimento de uma sociedade,
tendo, pois, vínculos estreitos aos relacionados às dimensões sociais (VICENTIM,
SANTO & CARVALHO, 2002).
Segundo Sánchez & Bertolozzi, 2004:
2
Os estudos sobre tuberculose mostram que o padrão de
ocorrência da doença está relacionado fundamentalmente aos
determinantes sociais, estruturados nos modos de produção e
reprodução da sociedade. Nos últimos tempos, a situação da
doença vem se agravando, tanto em relação ao adoecimento
como no que se refere ao numero de mortes, em decorrência de
certas políticas que vêm sendo adotadas, principalmente nos
denominados países subdesenvolvidos, os quais têm produzido
importantes desníveis sociais (p. 18).
No Brasil, a tuberculose não pode ser considerada com características
epidemiológicas de uma nova doença e nem com aspecto recrudescente, pois
sempre esteve presente em nosso país (RUFFINO-NETO, 2002).
Conforme o 13° relatório publicado pela OMS (2009), 9,27 milhões de
novos casos de tuberculose ocorreram em 2007 (139 por 100 mil habitantes),
comparativamente com 9,24 milhões de novos casos (140 por 100 mil habitantes)
em 2006. Ásia e África respondem por 84% dos casos. Do total de casos
informados em 2007, 1,37 milhões (15%) eram pacientes infectados pelo HIV, dos
quais 79% diagnosticados na África e 11% na região do Sudeste Asiático.
Calcula-se que 1,32 milhões de pessoas HIV-negativos (19,7 por 100 mil
habitantes) morreram de tuberculose em 2007, acrescido de 456 mil mortes por
tuberculose entre pessoas infectados pelo HIV. Entre os 22 países que merecem
destaque, o Brasil, único representante da América Latina, saiu da 10ª posição
em 1998 para assumir a 14ª com uma incidência de 48 por 100 mil habitantes
(OMS, 2009).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) acompanha a epidemia da
tuberculose e o avanço no controle da doença desde 1997. O monitoramento
inclui dados estimados da incidência de tuberculose, da prevalência e
3
mortalidade; análise dos casos notificados e os efeitos do tratamento em
aproximadamente 200 (de 212) países e territórios. Os dados enviados são
avaliados quanto aos aspectos de diagnóstico e tratamento e comparados às
metas globais preestabelecidas pela Assembléia Mundial da Saúde (AMS) em
1991. Outros parâmetros também são avaliados pela Organização Mundial de
Saúde no que tange à evolução dos países na busca pelo controle da incidência,
prevalência e mortalidade, conforme meta estabelecida para 2015 no quadro dos
Objetivos do Milênio1 (ODM) e através de ações norteadas pelo Stop TB
Partnership2 (OMS, 2009).
Postulam-se várias causas para o Brasil ocupar esta posição no ranking
mundial. A certeza equivocada de a doença não mais achar-se presente e estar
epidemiologicamente controlada fez com que as autoridades de saúde
negligenciassem a importância de seu controle. O impacto dos condicionantes
socioeconômicos marcou-se mais acentuadamente no final dos anos 60, pois,
devido a mudanças na forma de trabalho na zona rural, decorreu uma migração
desta população para os centros urbanos, onde devido ao movimento de
urbanização desordenado passaram a viver nas periferias sem acesso ao
1
O Desenvolvimento do Milênio (ODM) constitui o conjunto de oito acordos estabelecidos pelos
191 países representados nas Nações Unidas em reunião da Cúpula do Milênio, realizada em
Nova York em setembro de 2000, tendo por objetivo: erradicar a pobreza extrema e a fome; atingir
o ensino básico universal; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
reduzir a mortalidade infantil; melhorara a saúde materna; combater o HIV/Aids, a malária e outras
doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; estabelecer uma parceria mundial para o
desenvolvimento.
2
A Stop TB Strategy, lançada pela OMS em 2006 estabelece as principais intervenções que
devem ser implementadas para alcançar os ODM, Stop TB Partnership e WHA metas. Estas estão
divididas em seis grandes componentes: (1) prosseguir alta qualidade DOTS expansão e
valorização, (1) Resposta TB/HIV, MDR-TB e as necessidades dos pobres e vulneráveis
populações; (3) contribuir para a saúde do sistema de reforço baseado em cuidados primários de
saúde, (4) envolver todos os prestadores de cuidados; (5) proporcionar às pessoas com
tuberculose, e as comunidades, através parceria, e (6) permitir e promover a investigação
4
mercado formal de trabalho e a tratamento de saúde (RUFFINO-NETTO &
SOUZA, 1999).
Destacam-se entre as condições socioeconômicas que aumentam o risco
da doença as grandes aglomerações populacionais, as más condições de
habitação, a falta de saneamento básico, o nível de educação, trabalho, sistema
de saúde e alimentação. O etilismo e o tabagismo também estão associados ao
aumento na incidência da doença (TURCO, 2008).
Siqueira-Batista et al (2006) descrevem o número de óbitos devido à
tuberculose no Brasil em torno de 5 mil ao ano, enfatizando os dados alarmantes
do Rio de Janeiro, estado que exibe as maiores taxas de incidência e mortalidade
do país: 98,8/100.000 e 6,25/100.000 respectivamente.
Nesse cenário alarmante, é fundamental a conscientização e participação
de todos os segmentos da sociedade, para que, atuando conjunta e ativamente,
possam ser suprimidos as diferenças sociais e o desafio que representa a
tuberculose (SANTOS, 2007).
A urgência da necessidade do controle da expansão da doença pode ser
identificada nas ações que envolvem os meios de comunicação de massa, como
a utilização da televisão e jornais. Comerciais com informações sobre a doença
podem ser vistos em canais fechados ou abertos, conforme reportagem do jornal
O Globo de 05 de agosto de 2009, que apresenta o filme “Brasil livre da
tuberculose”, criado pela Fiocruz em parceria com o Fundo Global. Outra
reportagem do jornal O Globo, publicada no caderno Razão Social de 21 de julho
de 2009 - nº 77, intitulada “Doença precisa de informação”, demonstra a iniciativa
5
do Laboratório Lilly em realizar parcerias com entidades públicas e privadas de
países com maior incidência da doença para a transferência de tecnologia e
treinamento de profissionais da área de saúde. O exemplo apresentado no
encarte cita a ação dos agentes comunitários de saúde nos cuidados de
prevenção e acompanhamento do tratamento na comunidade da Rocinha, situada
no Rio de Janeiro, que apresenta a maior densidade de indivíduos portadores de
tuberculose do país. A ação dos agentes comunitários também foi destaque na
reportagem do jornal O Globo, de 01 de setembro de 2009, sob o título “Itaboraí
vira modelo de combate à tuberculose”, pois, através de trabalho realizado, o
município vem atingindo a meta estabelecida pela OMS para o combate à
doença, apesar de o Estado do Rio de Janeiro despontar na incidência da
doença.
Atualmente, enfrenta-se uma verdadeira batalha para combater o avanço
da doença e conseguir cumprir as metas estabelecidas pela OMS. Assim, na
tentativa de alcançar um controle efetivo, faz-se necessária a união das três
esferas que compõem o Governo e também a mobilização da sociedade, que
representa o principal agente transformador. Dentre as práticas de mobilização
social, aquela representada pela prática educativa com alunos apresenta-se de
grande valia, pois estes funcionam como agentes de difusão de informações
(CADILHE et al, 1999).
As fortes ligações da raiz da tuberculose com os determinantes sociais
fazem das ações representadas pela política da Educação em Saúde um aliado
no combate a doença. Historicamente, o início das atividades da Educação em
Saúde ocorreu em 1924, com a criação do primeiro Pelotão em Saúde em uma
6
escola estadual situada no Município de São Gonçalo, no Estado do Rio de
Janeiro, por ação de Carlos Sá e Cesar Leal Ferreira. No ano seguinte, foi criada
a Inspetoria de Educação Sanitária e Centros de Saúde do Estado de São Paulo
por Horácio de Paula Souza, com o objetivo de "promover a formação da
consciência sanitária da população e dos serviços de profilaxia geral e específica"
(Brasil, Ministério da Saúde, 1997).
Pensar na relação existente entre Educação e Saúde é conceber uma rede
onde diferentes atores participam do processo, mas com um interesse comum. O
que se espera é que o indivíduo, através do seu desenvolvimento, seja capaz de
conquistar e compreender as questões em sua magnitude, mobilizando toda a
sua aptidão e potencial, adquirindo um pensamento crítico capaz de influenciar o
ambiente, assim como suas vidas, promovendo um ambiente favorável à saúde
(LOMONACO, 2004).
A proposta de discutir temas transversais3, considerados de relevância
para a formação de uma sociedade, foi trazida para a educação pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB - BRASIL, 1996). Como descrito pela LDB,
são temas que, apesar de não fazerem parte da grade curricular da escola, por
sua importância, podem e devem ser discutidos em sala de aula. Nesse
movimento, a escola, que representa o espaço formal da relação ensinoaprendizado, encontra-se inserida neste processo vital para a promoção da
3
Os temas transversais para o trabalho escolar foram escolhidos de acordo com as questões
sociais para a construção da cidadania e da democracia, envolvendo múltiplos aspectos e
diferentes dimensões da vida social. Os critérios utilizados na escolha foram urgência social,
abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizado no ensino fundamental e favorecer a
compreensão da realidade e a participação social. Os temas selecionados dizem respeito à Ética,
Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Orientação Sexual. Há mais um tema proposto sob
o título provisório de Trabalho, Consumo e Cidadania (PCN APRESENTAÇAO DOS TEMAS
TRANVERSAIS, 1997).
7
saúde. Tal perspectiva fica clara nas próprias diretrizes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, 2006), nos conteúdos de
saúde relacionados ao ensino de biologia:
Compete ao ensino da Biologia, prioritariamente, o
desenvolvimento de assuntos ligados à saúde, ao corpo humano,
à adolescência e à sexualidade.
Além das definições sobre saúde e doença, dos indicadores de
saúde pública, dos índices de desenvolvimento, devem estar
presentes, ainda, conteúdos referentes à dinâmica das
populações humanas e à relação entre sociedade e natureza (p.
24).
Para o Ministério da Educação e Cultura (MEC), a revolução no contexto
da
educação
se
dará
através
das
técnicas
de
contextualização
e
interdisciplinaridade, foco principal da diretriz do PCNEM (LOPES, 2002). O
professor deve utilizar-se de exemplos relacionados ao cotidiano do aluno,
problematizando a teoria em fatos reais, a fim de atrair sua atenção e estimular
sua participação, propiciando a aquisição do conhecimento e a mudança de suas
concepções prévias por conceitos científicos (SCHNETZLER, 1992).
A educação, por sua relevância, deve estar inserida no cenário social,
buscando através de várias estratégias pedagógicas a formação do cidadão.
Vários são os movimentos no ensino de ciências que têm essa proposta como
meta, na qual no processo de ensino-aprendizado, o professor sai da posição
única de detentor das informações para assumir a função de moderador,
enquanto o aluno sai da posição passiva de ser somente um receptáculo de
informações (TEIXEIRA, 2003).
Tendo por base essa perspectiva de trabalho que os Ministérios da Saúde
e Educação, em parceria, apresentaram aos representantes da saúde, educação
8
e sociedade civil, estão as normas reguladoras do projeto “Saúde e Prevenção
nas Escolas”, que tem por finalidade a promoção da educação sexual e saúde
reprodutiva, com o intuito de diminuir a exposição de adolescentes e jovens às
doenças sexualmente transmissíveis (DST), à infecção pelo HIV e à gravidez não
desejada, através da construção de estratégias envolvendo as escolas e as
unidades básicas de saúde (BRASIL, Diretrizes para Implantação do Projeto
Saúde e Prevenção nas escolas, 2006).
Em trabalho realizado por Cadilhe et al4, no ano de 1999, em escolas
públicas e particulares de ensino fundamental e médio do município do Rio de
Janeiro, nas localidades da Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Cidade de Deus,
houve por objetivo específico conceber conjuntamente conhecimentos que
envolvessem a prevenção, tratamento e cura da tuberculose, valorizando as
concepções prévias dos alunos, valores e qualidade de vida. Os autores
concluíram o grande valor de tal proposta, pois movimentos dessa magnitude
envolvem a população, ao mesmo tempo em que passam conhecimentos sobre a
tuberculose e estimulam a conscientização, em particular, a escola, contribuindo
assim para a melhoria na qualidade de vida.
Na mesma linha de atuação, outros exemplos do binômio educação-saúde
podem ser demonstrados através da capacitação de professores da primeira série
do antigo primeiro grau, realizada no Estado de São Paulo, buscando identificar
precocemente alunos com problemas de saúde (TEMPORINI, 1988) e do projeto
realizado no município do Rio de Janeiro em área de alta incidência de
esquistossomose, onde foi confeccionado material pedagógico e metodologia
4
Centro de Referência Professor Hélio Fraga/SVS/MS – Rio de Janeiro/RJ - Brasil
9
própria para uso dos professores, o que proporcionou melhora no conhecimento
dos alunos sobre os cuidados para com a doença (SCHALL et al, 1987).
Assim, utilizando-se da mesma concepção, esse trabalho teve por intenção
demonstrar a importância da escola – como instituição formal responsável pelo
processo ensino-aprendizado e sua importância no viés educação-ambientesaúde – e dos professores como multiplicadores de ações que impactem no
controle a tuberculose.
Apesar de a Educação ser uma forte aliada para impedir à progressão da
tuberculose no Brasil e a escola uma grande ferramenta de divulgação de práticas
educativas, não existe uma sensibilização por parte dos professores em
contextualizar o conteúdo pedagógico com o cotidiano diário dos alunos, que
acabam por considerar a escola como um local sem atrativos e as aulas
desinteressantes. Este quadro é reflexo de um desconhecimento de temas tão
importantes no contexto brasileiro como aqueles associados à educação em
saúde, particularmente a tuberculose.
Na presente dissertação foi desenvolvido um estudo com os alunos do
Ensino Médio de escolas estaduais do município de Nilópolis e com os
professores de química e biologia, estabelecendo como objetivo geral analisar o
conhecimento desses alunos sobre a tuberculose no que se refere à promoção da
saúde e prevenção da doença.
A partir de então, foram traçados os seguintes objetivos específicos:
identificação do modelo de prática pedagógica que vem sendo utilizada no
tocante à temática saúde e ambiente com foco na tuberculose;
10
investigação da abordagem da tuberculose como temática ambiente-saúde
nas escolas;
averiguação das fontes utilizadas para o preparo das aulas pelos
professores de Ciências.
produção de uma história em quadrinhos, a qual foi construída pelos
próprios alunos sob a orientação dos docentes.
A presente dissertação está estruturada em quatro capítulos. O primeiro
versa sobre a história da tuberculose, a atual situação da doença no mundo e
especificamente no Brasil. O segundo traz a importância da educação como um
efetivo veículo de comunicação, com a missão de propagar ideais, oferecendo
alternativas que melhorem a qualidade de vida do cidadão. O terceiro capítulo
aborda os caminhos metodológicos utilizados que definiram um perfil quantitativo
à pesquisa de campo e análise qualitativa dos resultados. O quarto e último
capítulo apresenta a análise dos resultados dos dados obtidos ao longo do
estudo, destacando os elementos necessários para a construção de uma história
em quadrinhos (Produto Educacional), que representa a concretização do projeto
de pesquisa e disponibilizado aos professores para que eles façam uso do
mesmo como apoio didático para abordagem da doença. Por fim, apresentamos
nas considerações finais os aspectos positivos e negativos observados durante
esse estudo, bem como os desdobramentos e perspectivas futuras.
11
CAPÍTULO I
TUBERCULOSE UM OLHAR SOBRE SUA HISTÓRIA (DOENÇA)
A febre me queima a fonte
E dos túmulos a aragem
Roça-me a pálida face
Mas no delírio e na febre
Sempre teu rosto contemplo
Eu sofro; o corpo padece
E minh'alma se estremece
Ouvindo o dobrar de um sino.
(CASIMIRO DE ABREU)
1.1 A tuberculose ao longo da história e suas características
A tuberculose está presente na vida do homem desde a antiguidade.
Descobertas demonstraram que vários faraós tiveram tuberculose e morreram
ainda na juventude, por exemplo, Amenophis IV e sua esposa Nefertiti foram
mortos devido à doença aproximadamente 1.300 A.C. (ROSEMBERG, 1999).
Determinadas situações no passado, quando não podiam ser compreendidas pelo
homem, eram consideradas provocadas por espíritos maus e sua causa atribuída
a
fatores
sobrenaturais,
consequentemente
no
seu
tratamento
estaria
preconizado os rituais de magia. Os tuberculosos também foram tratados com
sangrias, sanguessugas e laxativos (FARGA, 2004).
Como a história da tuberculose data de muitos anos e foi considerada uma
doença de grande impacto para as civilizações, nada mais natural que deixasse
profundas marcas na história das sociedades, influenciando a capacidade de criar
do ser humano nas artes, música e literatura, assim com o desenvolvimento das
12
ciências biomédicas e da saúde (PALOMINO et al, 2007).
Várias personalidades ilustres que se destacaram na história foram
portadoras de tuberculose, com título de nobreza são duas rainhas, 16 reis e
imperadores, 53 nobres, 101 escritores, 110 poetas, 40 cientistas, oito filósofos,
16 músicos, nove pintores e nove santos católicos. Deste universo serão citados
alguns nomes: Florance Nightingale, Braille, Hebert Lawrence, Simon Bolivar,
San-Martin, Fraz Kafka, Chopin, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de
Abreu, Graciliano Ramos, Dinah Silveira de Queiroz, algumas pessoas não se
sabe ao certo tais como Descartes, Kant, Mozart e Beethoven. Na atualidade, o
líder
político
Nelson
Mandela
também
foi
acometido
por
tuberculose
(ROSEMBERG, 1999), que já foi considerada no passado como “Peste Branca”
(SCHMETANA et al APUD SMS/SP, 2002).
Os relatos que se tem da doença só fazem menção aos nobres, pois no
passado as histórias contadas só se referiam a este segmento da sociedade,
havendo total exclusão das classes menos favorecidas, fato descrito por
Rosemberg (1999), na história da doença em sua vertente social:
De épocas passadas, desde a Antiguidade, a maior informação
que nos chega sobre as vítimas da tuberculose é relativa às
camadas sociais mais altas. Como disse Marx, a história da
humanidade é a história das classes dominantes. Por isso, em
relação à tuberculose, sabemos muito mais dos dramas e
comportamentos dos doentes mais destacados e sua
repercussão social na época considerada. Dos milhões de
desvalidos que morreram consumidos pela tuberculose, tanto no
passado como na modernidade, praticamente nenhuma notícia
se tem relativamente aos seus sofrimentos e dramas. Nada de
lirismo, pobre não tem possibilidades de ser romântico (p.6).
Na sociedade, a tuberculose trazia para o doente o martírio e a tristeza
13
advindos da doença, levando a diversas expressões que eram continuamente
reformuladas (GILL, 2006).
O movimento de migração descrito entre os séculos XVIII e XIX, marcado
pela revolução industrial, levou os trabalhadores para as cidades, os quais
vivendo em condições precárias de vida e trabalhando aproximadamente 15 ou
mais horas por dia, apresentavam as condições ideais para que a mortalidade de
portadores da doença atingisse níveis elevados para a época, em torno de 800
por 100 mil na Inglaterra e 1.100 por 100 mil em Londres (ROSEMBERG, 1999).
A desordem social e urbana era vista como a causa de doenças e por isso
deveria ser impedida. O aspecto do indivíduo revelava sua posição na sociedade.
O organismo enfraquecido encontrava-se passível a todas as doenças, às
concepções de saúde e ao simbolismo que as doenças representavam
(GONÇALVES, 2000).
A imagem de doença romântica da tuberculose surgiu no inicio do século
XIX. A aparência física trazia a imagem de uma pessoa que, apesar de plena em
suas emoções, apresentava-se notadamente confusa em seus sentimentos e, por
essas características, a doença era relacionada como doença da paixão. A
mudança desta concepção só começa a ocorrer no final do mesmo século,
quando há uma rejeição do “aspecto romântico”, sendo destacada uma visão do
mal que a doença provocava, que passa a desenhar-se como angustiante e
medonha a deterioração do doente que se consumia até a morte (NASCIMENTO,
2005).
O Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como Bacilo de Koch, é
14
o agente etiológico da tuberculose, tendo sido identificado pelo médico alemão
Robert Koch em 1882, de forma que, desde então, surgiram postulações que
faziam ligações entre a doença e fatores relacionados com o aumento da
propagação e contaminação. Assim rompia-se com a ideia higienista5 e
hereditária como causa, nas quais o estilo de vida e as condições sociais eram
responsáveis pelo adoecimento. As primeiras citações sobre o tratamento da
tuberculose datam de três mil anos e estão relacionadas aos povos hindu e persa,
nos quais a cultura do tratamento baseava-se no descanso e na boa alimentação,
tratamento que perdurou por vários séculos (ROSEMBERG, 1999). Ainda na
segunda metade do século XX, não se dispunha de tratamento específico, porém,
terapias
climáticas
foram
consideradas
em
associação
ao
repouso
(GONÇALVES, 2000).
Com essa visão, surgem os sanatórios no século XIX, que foram
inicialmente construídos em ambientes montanhosos de acordo com a filosofia
higienodietética, onde os doentes eram obrigados a praticar exercícios e
cavalgadas. O romance escrito por Thomas Mann, denominado Zauberberg
(Montanha Mágica), apresentou a imagem do pensamento da época. No Brasil,
Dinah Silveira de Queiroz, no livro Floradas na Serra, apresenta através de seu
romance a vida dos pacientes residentes nessas unidades (ROSEMBERG, 1999).
Segundo Farga (2004), as medidas de prevenção já se faziam presentes
5
Concepção de doença, associada à degeneração do indivíduo (mal social), reunia ideias que
demarcavam os comportamentos sociais (estilo de vida) e as condições de vida (moradia, higiene,
trabalho) como relevantes para o adoecimento. A culpa, nesse caso, recaía sobre o indivíduo à
medida que o adoecimento era consequência dos maus hábitos, das péssimas condições de
higiene e de vida. Em outra visão social e abrangente, as políticas higienistas lutavam por oferecer
melhores condições locais e proteções para o trabalho nas indústrias, na esperança de manter um
controle da tuberculose (GONÇALVES, 2000, p 2-3).
15
anteriormente à introdução dos primeiros procedimentos terapêuticos. Assim,
mesmo antes da identificação do agente causador da tuberculose, já se sabia que
a doença era transmissível e que o contato com indivíduos doentes era perigoso.
Em muitos países, quando os pacientes morriam suas roupas eram queimadas e
suas casas desinfetadas.
A primeira representação simbólica na luta contra a tuberculose foi um selo
editado na Dinamarca, no ano de 1904, que advertia contra a doença. Ideia que
foi compartilhada por mais de 60 países, inclusive o Brasil. A cruz vermelha de
duplo braço já havia sido proposta desde 1902 ao Bureau Internacional de
Prevenção a Tuberculose como distintivo oficial de combate a doença. Somente
em 1920 houve o aceite pela União Internacional Contra a Tuberculose e em
1928 sancionado para todos os países. Os países de religião islâmica utilizam o
quarto crescente como distintivo, estando o uso da cruz opcional (ROSEMBERG,
1999).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve um surto de tuberculose na
Europa, o que demandou dos cientistas uma busca incessante na descoberta de
procedimentos mais eficazes para enfrentar a doença (GONÇALVES, 2000).
Os tratamentos propostos foram por vezes agressivos e lesivos e, em
alguns momentos, até mesmo poéticos. Porém, nada se comparou à mortalidade
provocada pela tuberculina produzida por Koch. Na Itália, Carlo Forlanin, em
1982, desenvolveu a colapsoterapia médica pelo pneumotórax artificial6, que se
espalhou pelos países e foi amplamente utilizada até os anos 50, quando foram
6
O pneumotórax artificial foi criado por Carlo Forlanini na Itália, cuja técnica permitia a entrada de ar no
espaço intrapleural, fazendo com que o pulmão permanecesse temporariamente em situação de repouso
(ROSEMBERG, 1999).
16
lançadas as drogas antituberculosas (ROSEMBERG, 1999). A padronização dos
quimioterápicos ocorreu na década de 60. Em 1964, o período de uso era de 18
meses, sendo reduzido para 12 meses a partir de 1965 (RUFFINO-NETO, 2002).
A doença foi denominada de tuberculose em decorrência da formação, por
vezes, de tubérculos (BRASIL, CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, 2008). O
homem é o principal reservatório. Estima-se que um indivíduo portador da forma
pulmonar e bacilífero pode, se não tratado, infectar em torno de dez a quinze
pessoas da comunidade em um ano de doença. Com o início do tratamento, a
capacidade de transmissão da doença é eliminada em poucas semanas. A
transmissão ocorre, sobretudo, através do ar. Os bacilos estão presentes em
gotículas expelidas no ato falar, tossir ou espirrar. Na via respiratória superior, o
movimento mucociliar remove as gotículas, que deglutidas sofrem ação do suco
gástrico com a inativação do bacilo e eliminação pela via digestiva. Raramente os
bacilos presentes nos utensílios domésticos e em roupas se distribuirão em
aerossóis. Nos indivíduos que desenvolverão a doença, o período de incubação
está em torno de quatro a doze semanas. Dentre as condições pré disponentes
relacionadas
ao
aparecimento
da
doença
destacam-se
os
fatores
socioeconômicos, além de outras patologias, tais como silicose, diabetes mellitus,
uso crônico de corticoesteróides ou outros imunossupressores, neoplasias e uso
de
drogas
e
infecção
pelo
HIV
(BRASIL,
GUIA
DE
VIGILANCIA
EPIDEMIOLÓGICA, 2005).
O Brasil, assim com os países desenvolvidos, considera a tuberculose
como uma doença que merece destaque em termos de saúde pública, pois nos
Estados Unidos e na Europa foi responsável por grande número de mortes até os
17
primeiros anos do século XX e manteve-se em posição de evidência na saúde
desde Hipócrates até Robert Koch. Apesar de todos os esforços da ciência na
tentativa de controle, a doença ainda mantém sua hegemonia como maior causa
de óbitos por doença infecto-contagiosa na fase adulta (BRASIL, CONTROLE DA
TUBERCULOSE, 2002).
Atualmente, calcula-se que um terço da população mundial está
contaminada
pelo
Mycobacterium
tuberculosis,
podendo
evoluir
com
manifestações da moléstia. Nos países industrializados, as maiores incidências
da doença estão ligadas aos idosos, estrangeiros e determinados grupos étnicos.
Nos países periféricos, a doença acomete mais os homens do que as mulheres,
numa proporção de 2:1 respectivamente, predominando na faixa etária mais
produtiva, ou seja, dos 15 aos 54 anos (BRASIL, GUIA DE VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA, 2005).
1.2 A tuberculose no Brasil e sua representação nos campos histórico,
social, político e epidemiológico
Os livros de história não contam em seus capítulos, mas a tuberculose
acompanhou os exploradores na descoberta e aquisição de novas terras. Por
onde o homem proveniente do “velho continente” passava disseminava a doença,
até então desconhecida das novas civilizações. Como consequência, houve a
aniquilação de um grande número de nativos devido à doença. Também no Brasil
a história não se fez contrária. Os jesuítas e colonos que aqui chegavam eram em
sua grande parte portadores de tuberculose buscando um clima mais terapêutico.
Inácio de Loyola (1555) e Anchieta (1583) descrevem em carta encaminhada ao
18
Reinado informando que “os índios, ao serem catequizados, adoecem na maior
parte com escarro, tosse e febre, muitos cuspindo sangue, a maioria morrendo
com deserção de aldeias” (ROSEMBERG, 1999, p. 7).
O auge da cafeicultura demandou a necessidade de mudanças no contexto
da sociedade. O Parlamento autorizou a Junta Central de Higiene da Capital do
Império presidida pelo Dr. Paula Candido para que novas normas sanitárias
fossem adotadas buscando controlar a tuberculose. O Decreto n° 6.387, de 15 de
novembro de 1876, remodelava os serviços sanitários nas cidades do Império.
Novas normas foram sancionadas a partir de 1870 referentes à habitação. Entre
1876 e 1886, foram estabelecidos cinco novas determinações e um aviso
ministerial relacionados com a política sanitária nas residências (RUFFINONETO, 2002).
O final do século XIX e início do século XX foram marcados por um alto
índice de mortalidade causado pela tuberculose. Tanto no Brasil quanto no
mundo, metade dos doentes morria em consequência da doença. Para a
realidade brasileira, a tuberculose veio agregar como mais uma causa para a
manutenção das precárias condições socioeconômicas e atraso no seu
desenvolvimento (HIJJAR et al, 2007).
Em 1907, Oswaldo Cruz, então responsável pela Diretoria Geral de Saúde
Pública, organizou o esquema de melhorias no saneamento da capital Federal,
buscando reduzir a incidência não só da tuberculose, mas também de outras
epidemias que assolavam a cidade (NASCIMENTO, 2005).
A alta incidência da doença no Rio de Janeiro apontava para a grave
19
situação dos trabalhadores que atuavam em precárias condições e, devido ao
baixo poder aquisitivo, eram obrigados a morar em instalações insalubres e a
alimentarem-se mal (NASCIMENTO, 2005). A percepção que a doença avançava
e que medidas urgentes eram necessárias para conter a disseminação da
tuberculose fez com que fossem criadas instituições filantrópicas para gerenciar o
controle da doença (GONÇALVES, 2000).
No Brasil, a contribuição ao desenvolvimento científico vinculou-se à
atuação de profissionais de excelência, assim como a eventos relacionados à
prática médica. Destacando-se, neste cenário, episódios que marcaram a história,
tais como o lançamento do livro “Phthisica Pulmonar”, escrito por Clemente
Ferreira em 1880; a demonstração, em 1907, da primeira ação para o controle da
tuberculose no Rio de Janeiro; o lançamento do primeiro Curso formal de
Tuberculose no início dos anos 30 na Faculdade Nacional de Medicina. Na área
de ensino, despontam nomes como Rafael de Paula Souza, José Rosemberg,
Newton Bethlem, José Feldeman, Hélio Fraga, dentre outros tão ilustres. Na área
de tecnologia o Professor Manoel de Abreu exibiu, em 1936, sua criação
chamada posteriormente de abreugrafia (SANCHEZ et al, 2002), utilizada durante
anos para o rastreamento da tuberculose (HIJJAR et al, 2007).
A tuberculose ganhou destaque para o ensino médico, quando a sua
importância e necessidade de melhores conhecimentos foram percebidas, sendo
instituída a formação acadêmica em tisiologia (GONÇALVES, 2000).
A ausência da ação pública das autoridades contra a disseminação da
doença fez com que o setor privado da sociedade criasse, em 1899, o movimento
de combate à tuberculose, com o advento da Liga Paulista Contra a Tuberculose
20
e Liga Brasileira Contra a Tuberculose, instalada no Rio de Janeiro. Outros
estados brasileiros logo aderiram à ideia (SANCHEZ et al, 2002). A Liga Brasileira
adotou dois caminhos para o combate da doença: um voltado para a prevenção e
outro para o tratamento, havendo incentivo para que fossem inaugurados
sanatórios e hospitais (HIJJAR et al, 2007). Em 1910, Carlos Chagas institui a
Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, que visava o diagnóstico e tratamento da
doença (RUFFINO-NETTO, 2002), com o médico Plácido Barbosa assumindo,
então, a direção da instituição (HIJJAR et al, 2007).
Em 1920, foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública e no ano
de 1927 iniciou-se a vacinação com o Bacilo Calmette-Guérin (BCG),
desenvolvida por Arlindo de Assis na Liga Brasileira Contra a Tuberculose. Em
1930, tendo como Presidente Getúlio Vargas, houve uma centralização das ações
em saúde que passou a ser coordenada pelo Departamento Nacional de Saúde e
Assistência Social, sob responsabilidade do Ministério da Educação e Saúde.
Nova reforma ocorreu na década de 40, sendo criado o Serviço Nacional de
Tuberculose (SNT) e, em 1946, teve início a Campanha Nacional Contra a
Tuberculose (CNCT) sob a gerência do primeiro. Neste momento da história o
Serviço Nacional de Tuberculose gozou de autonomia técnica e financeira para
realizar parcerias com instituições de ordem pública ou privada (HIJJAR et al,
2007).
A descoberta dos quimioterápicos a partir de 1944 criou uma nova
expectativa para os doentes que viam uma possibilidade de cura fora do
isolamento que representavam os sanatórios. Porém, um único fármaco induziu
logo a resistência. Somente em 1949 e, posteriormente, em 1952, novos
21
fármacos foram descobertas e ultrapassada a resistência induzida pela
monoterapia. A implantação da terapia ambulatorial ocorreu no período
representado entre os anos de 1950 e 1960. Porém, mais uma vez as
expectativas superaram a realidade, pois a cura e a erradicação da doença
dependiam da participação ativa do doente (GONÇALVES, 2000). Em 1959, a
queda na taxa de mortalidade já não era tão impressionante devido ao tratamento
com os quimioterápicos, levando os Órgãos Federais, em 1961, a convocarem
todas as instâncias do Governo e demais setores a apoiarem as ações da CNCT
(HIJJAR, 2007). Em 2009, nova orientação foi lançada pelo Ministério da Saúde
sobre o tratamento da doença, incluindo um quarto fármaco, com o objetivo de
aumentar a adesão e assim elevar o percentual de cura e evitar a elevação dos
casos de resistência (BRASIL, Nota Técnica sobre as mudanças no tratamento da
tuberculose no Brasil para adultos e adolescentes, 2009).
Em 1953, o Governo Federal, em nova reforma, criou o Ministério da Saúde, que
absorveu os diversos Serviços Nacionais, entre eles o da tuberculose. Em 1970, o
Serviço Nacional de Tuberculose converteu-se em Divisão Nacional de
Tuberculose e em 1976 em Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária. O
controle da tuberculose foi repassado às Secretarias Estaduais de Saúde em
1981, conforme acordo entre as Secretarias, o INAMPS e o Ministério da Saúde
(RUFFINO-NETO & SOUZA, 1999). Conforme Ruffino-Netto (2002, pág. 54): “a
partir de 1981 aparecem novas estratégias de organização dos serviços de
saúde: Ações Integradas de Saúde (AIS), Sistema Único e Descentralizado de
Saúde (SUDS) e finalmente o Sistema Único de Saúde (SUS).”
22
No governo de Fernando Collor de Mello, em 1990, a Campanha Nacional
de Combate a Tuberculose foi desarticulada devido à necessidade de redução de
custos e do processo de descentralização para os estados, desencadeando um
processo de desorganização da gestão do programa e diminuição na
transferência de recursos financeiros, no mesmo momento em que a AIDS
avançava no país (RUFFINO-NETO & SOUZA, 1999).
A administração da vacina BCG por via intradérmica é instituída como
obrigatória no ano de 1973. Buscando unificar as diversas instâncias do Governo
no combate à tuberculose, foi lançado o II Plano Nacional de Desenvolvimento,
tendo como financiadores o MS/INAMPS/SES (RUFFINO-NETTO, 2002).
Em 1993, houve uma explosão no número de casos de tuberculose no
mundo, sendo declarada pela OMS uma emergência mundial (HIJJAR, 2005). A
mudança no cenário brasileiro só foi ocorrer em 1996, com a implantação do
Plano Emergencial (criado em 1994 pela Coordenação Nacional de Pneumologia
Sanitária), que propôs a transferência de recursos baseando-se no cumprimento
de metas estipuladas pela Fundação Nacional de Saúde. A escolha dos 230
municípios foi feita de acordo com a densidade populacional, posição
epidemiológica, taxa de abandono e associação com a AIDS. A cada município
coube elaborar um planejamento estratégico com objetivo de atender às metas
estabelecidas e, assim, receber os recursos celebrados através de convênio com
a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Em 1998, a apresentação do quadro
epidemiológico mundial da tuberculose pela OMS, indicando o Brasil como um
dos dez países com maior incidência da doença, fez com que fosse criado o
Plano Nacional de Combate à Tuberculose, que tinha por objetivo implantar
23
Centros de Excelência, diagnosticar até 2001 pelo menos 92% dos casos
esperados, tratar eficazmente ao menos 85% dos casos diagnosticados, reduzir a
incidência em no mínimo 50% e a mortalidade em dois terços até o ano de 2007
(RUFFINO-NETO, 1999; RUFFINO-NETTO, 2000; SANTOS, 2007; HIJJAR et al,
2007).
Também no ano de 1982, por ação da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e pela União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares
(International Union Agaist TB and Lung Disease - IUATLD), foi estipulado o dia
24 de março como o dia Mundial de Controle da Tuberculose, sendo que no
Brasil, por medida dada pela Portaria GM/MS nº 2181, de 21 de novembro de
2001, ampliou o “Dia” para a “Semana Nacional de Mobilização e Combate à
Tuberculose”. No Brasil, a data de 17 de Novembro também é utilizada para a
mobilização nas três esferas do Governo no combate a doença (BRASIL, 2001).
Os projetos de controle da doença foram discutidos nos encontros do
Programa Stop Tb realizados nos meses de Junho e Julho de 1999, no Marrocos
e Brasil, respectivamente. Na Tailândia, no ano de 2000, a reunião organizou as
discussões para o encontro sobre Tuberculose e Desenvolvimento Sustentável
que ocorreu em Amsterdam no mesmo ano (RUFFINO-NETTO, 2002).
Seguindo as orientações da OMS, o Ministério da Saúde (MS)
operacionalizou no Brasil, em 1999, a estratégia do Tratamento Supervisionado,
TS-DOTS (Directly Observed Treatment Strategy – DOTS). Porém, sua inserção
ficou prejudicada devido a problemas internos na organização do Ministério
(SANTOS, 2007). Propôs, então, em 2000, o "Plano Nacional de Mobilização para
eliminação da Hanseníase e Controle da Tuberculose em Municípios Prioritários
24
por meio da Atenção Básica" e, em 2001 o "Plano Estratégico para
Implementação do Plano de Controle da Tuberculose no Brasil, no Período de
2001-2005" e que tinham como objetivo o controle da tuberculose e hanseníase
através da adoção dos métodos pactuados no Plano Emergencial (HIJJAR et al,
2007).
Em 2002, em reunião com participação do G8 (grupo dos sete países mais
desenvolvidos economicamente do mundo e a Rússia) e das Nações Unidas, foi
instituído o Fundo Global de Combate a AIDS, Tuberculose e Malária, tendo por
finalidade mobilizar recursos internacionais para auxiliar os países no controle das
doenças (BARREIRA & GRANGEIRO, 2007).
O Governo Federal em 2003, pelo decreto 4.726/2003, reformulou o
Ministério da Saúde e criou a Secretária de Vigilância em Saúde utilizando-se da
logística da Fundação Nacional de Saúde. Nesse período, a Tuberculose ganhou
condição prioritária na política brasileira. O TS-DOTS passou a ser encarado
como importante ferramenta para atingir as metas estabelecidas pela OMS, assim
os Municípios e os Estados foram chamados a pactuar junto com a esfera Federal
o controle da Tuberculose e a implantação do TS-DOTS (HIJJAR et al, 2007;
SANTOS, 2007; RODRIGUES et al, 2007).
O tratamento supervisionado trazido pela Organização Mundial de Saúde
como novidade na luta contra a doença já era utilizado pelo Brasil como
metodologia de tratamento desde 1962, em unidades de saúde e sob supervisão
da enfermagem (RUFFINO-NETTO, 2002).
25
Apesar dos esforços, são inúmeras as dificuldades para alcançar as metas
propostas para a implantação de uma política de saúde dessa magnitude,
conforme exposto por Rodrigues et al (2007):
[...] grande dimensão territorial do País, com diferenças regionais
marcantes geográficas e culturais; insuficiências na formação de
profissionais preparados para enfrentar o problema; falta de
incentivo a pesquisas operacionais para a solução de problemas
encontrados nos serviços de saúde; participação tímida da
mobilização social no controle da TB; falta de financiamento
estável e regular do Programa de Controle da Tuberculose; falta
de garantia a todos os cidadãos de acesso universal, integral e
equânime aos serviços de saúde; somam-se a isso um contexto
de grande desigualdade social e de deficientes condições em que
vivem grandes parcelas da nossa população. O controle da TB é
um indicativo da qualidade da atenção à saúde, mas também da
justiça social de um país (p. 2).
As dificuldades no cenário brasileiro se apresentam até mesmo na hora de
empregar a baciloscopia como método de detecção da doença, conforme
proposto pela OMS (FERREIRA, 2005).
Em 2004, foi proposta uma nova estratégia de ação através do Plano de
Ação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), que teve por
base ações do Governo Federal como a descentralização e horizontalização dos
programas de vigilância, prevenção e controle da Tuberculose, utilizando-se de
estruturas como Programa de Saúde da Família e Programa de Agentes
Comunitários. Os projetos de educação em saúde e mobilização social convocam
a participação da sociedade. Assim como no monitoramento das ações, fez-se
necessária a utilização de um programa informatizado capaz de consolidar todos
os registros referentes à tuberculose no país. O sistema denominado Sistema de
Informação de Agravos e Notificações (SINAN) constitui a principal ferramenta de
gestão para organizar de planos de ação, acompanhar e avaliar o controle da
doença (SANTOS, 2007).
26
Buscando fortificar as ações no combate à tuberculose e a outras doenças
endêmicas foi lançado em fevereiro de 2006 o “Pacto pela Vida”, ação que conta
com a participação das três instâncias do Governo (Federal, Estadual e
Municipal). No combate à doença entre os anos de 2004 e 2007, a União
demandou para o Programa Nacional de Controle da Tuberculose um valor na
ordem de 120 milhões de reais (SANTOS, 2007).
Segundo Hijjar, 2005, no ano de 2004, a incidência de casos novos
chegava a 80 a 90 mil/ano, além de 15 mil reinfectados, fato que se repetia nos
últimos dez anos. Com essa tendência, a tuberculose ocupava o 9º lugar em
internação, o 7º lugar em custo por internação e o 4ª causa de mortalidade, tendo
por referência as doenças infecciosas.
No cenário nacional, o Estado do Rio de Janeiro destaca-se pelos piores
índices de casos da doença, assim como a maior taxa de mortalidade. Diante
dessa constatação, é imperativa a adoção de medidas que auxiliem no controle
da disseminação da doença (HIJJAR, 2005; SIQUEIRA-BATISTA et al., 2006).
É compromisso brasileiro atingir as metas definidas pela OMS em 1991 e
programadas até o ano de 2015. Para auxiliar os países com maior incidência da
doença, a OMS, em 2006, publica um consenso de ações que, se realizadas,
facilitariam o alcance das metas estabelecidas:
Estas estão divididas em seis grandes componentes: (1)
promover a expansão e valorização do DOTS, (2) resposta
TB/HIV, MDR-TB e as necessidades dos pobres e vulneráveis
populações; (3) contribuir para a saúde do sistema de reforço
baseado em cuidados primários de saúde, (4) envolver todos os
prestadores de cuidados; (5) proporcionar às pessoas com
tuberculose e às comunidades, através parceria, e (6) permitir e
promover a investigação (OMS, 2009).
27
A situação brasileira e, particularmente, a do Estado do Rio de Janeiro, é
ainda mais urgente, pois segundo os dados apresentados pelas Unidades
Federadas, a meta estipulada para o diagnóstico vem sendo alcançada e até
mesmo superada. Porém, no que se refere à alta por cura e o controle do
abandono do tratamento, os dados encontram-se bem abaixo do esperado
(HIJJAR, 2005). Os dados nacionais demonstram que o percentual de abandono
caiu de 14 para 12% e o índice de cura aumentou de 75 para 78% (RUFFINONETTO, 2001). Enquanto que para o Estado do Rio de Janeiro o percentual de
abandono está em 15,4%, o índice de cura em torno de 71,7% e a taxa de
mortalidade em 5% (HIJJAR et al, 2005).
Vincentin, Santos & Carvalho (2002) compararam a taxa de mortalidade no
Estado do Rio de Janeiro no ano de 1991 aos indicadores socioeconômicos e
concluíram ser no plano social que se consolidavam as condições propícias para
a propagação da tuberculose, tanto quanto das apresentações graves que com
frequência levam à letalidade. Esta situação é ainda corroborada com a restrição
das atividades do sistema de saúde para identificar nas localidades os indivíduos
em situação de risco para desenvolver a doença e assim reduzir a letalidade no
Estado.
O controle das doenças endêmicas no país é atribuição do Governo,
independente de seus demais compromissos. Quando as medidas de controle
são inexistentes ou ineficazes, faz-se necessária a parceria entre as instâncias do
Governo, a população e os articuladores. Nesse momento, o movimento popular
tem como alvo o de resistir a mais um agravo a sua sobrevivência (VALLA, 1998).
28
Nas
diversas
representações
de
organização
social,
o
binômio
representado pela saúde e educação sempre estiveram presentes. As ações do
Estado, orientadas a estes segmentos, têm por fim intermediar as relações entre
as camadas sociais, mantendo, entretanto, a relação de superioridade da classe
dominante (FERRIANI & UBEDA, 1998).
Lomônaco (2004) defende que a saúde na educação deve ser realmente
discutida como tema transversal que tem como pressuposto a liberdade para
perpassar e agregar as mais distintas áreas do conhecimento. A ideia é poder
desenvolver tópicos que extrapolem os temas pré-definidos trazendo para
discussão assuntos que envolvam o dia a dia dos estudantes e da sociedade,
rompendo com a concepção prévia de alguns professores que ainda concebem
saúde somente vinculada ao conceito biológico, sem levar em conta a influência
dos determinantes sociais e ambientais.
29
CAPÍTULO II
A ESCOLA PARA A SOCIEDADE E A SOCIEDADE PARA A
ESCOLA: A INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MOVIMENTO DE
COMBATE A TUBERCULOSE
Uma importante ferramenta utilizada no controle à tuberculose é a
divulgação de informações através dos meios de comunicação sobre a doença,
buscando assim conscientizar o maior número de pessoas. Como a escola está
inserida na dinâmica do contexto da sociedade, assume papel primordial neste
envolvimento, pois se constitui num espaço formal, no qual está concentrado um
grande número de indivíduos, os quais pela faixa etária e ainda sensíveis aos
ensinamentos, quando bem orientados, tornam-se capazes de grandes
transformações na sociedade. Na visão de Teixeira (2003):
Queremos defender que existem propostas educacionais que se
orientam por princípios democráticos e emancipadores,
articulados com os interesses populares, que podem subsidiar
projetos para a construção de um ensino de ciências coadunando
com movimentos pedagógicos orientados para a democratização
do saber sistematizado, tomando como instrumento de
compreensão da realidade histórica e para o enfrentamento
organizado dos problemas sociais (p. 179)
De acordo com o censo escolar no ano de 2009, o número de alunos
matriculados em escolas públicas brasileiras no 1º ciclo do Ensino Fundamental
no período parcial foi igual a 14.346.603, enquanto no período integral foi de
599.710. Já para o 2º ciclo, esses valores correspondem, respectivamente, a
12.320.419
e
345.334
(BRASIL-INEP,
2010).
Este
número
torna-se
30
representativo, pois é no ensino fundamental que são apresentados e discutidos
temas relacionados aos cuidados com o corpo humano e às principais doenças.
Dados mais amplos acerca da Educação Básica no Brasil, em 2009,
compreendendo todos os segmentos, revela um total de 52.580.452 estudantes,
número expressivo se considerarmos a necessidade de adesão nos processos de
mobilização social. Contudo, esses indivíduos só agregarão valores à sociedade
se a escola se permitir participar do universo em que está inserida,
compreendendo e percebendo a necessidade de articular a educação com a
realidade da comunidade no que concerne a seus padrões de crença, simbologias
e linguagem. Dessa forma, seria atingido o equilíbrio entre o interesse dos alunos
com temas pertinentes e dos professores que desconsiderariam seus alunos
como “tábuas rasas”. Por outro lado, se os professores se mantiverem rígidos em
seus preceitos e não forem capazes de perceber esta demanda, perderão a
chance de educar, transformar e modificar conceitos erroneamente adaptados e
passados através dos tempos e, por consequência, desinteresse dos alunos que
demonstraram baixo rendimento escolar.
2.1 O Ensino, a Escola e a Educação Popular – os pilares das
transformações sociais
Hamburger & Hamburger (2008) apresentam o Brasil entre os piores
classificados no exame Internacional PISA7, que avalia o Ensino de Ciências e
7
Avaliação internacional padronizada, desenvolvida conjuntamente pelos países participantes da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), aplicada a alunos de 15 anos no ensino
regular (7ª série em diante). O PISA abrange os domínios de Leitura, Matemática e Ciências, não somente
quanto ao domínio curricular de cada escola, mas também quanto aos conhecimentos relevantes e às
habilidades necessárias à vida adulta. Com ênfase no domínio dos procedimentos, compreensão dos
conceitos e capacidade para responder a diferentes situações dentro de cada campo (INEP).
31
também a Leitura e a Matemática. A formação deficiente afeta diretamente as
condições que marcam o viés cultural-social-político-econômico. Os autores
defendem que o desenvolvimento da educação depende do envolvimento dos
órgãos governamentais e da sociedade. A escola deve ser para a sociedade uma
referência onde se realiza a aprendizagem, mas também se multiplicam ideias e
se trabalha o envolvimento da sociedade, tendo por preceitos a parceria e a
liberdade.
O problema na formação dos alunos não se restringe ao ensino, ele
também está presente na produção dos livros didáticos de Ciências. Conforme
Carvalho (2002), apud Freitas & Martins (2008), a metodologia empregada em
uma gama de Livros Didáticos para abordar as doenças, destaque para a
tuberculose, tem um caráter voltado, basicamente, para a relação biomédica,
limitando-se a descrever os mecanismos biológicos no corpo humano envolvidos
na produção do binômio saúde-doença.
O ambiente escolar, mais particularmente a sala de aula, como local para
propagação do conhecimento é uma das mais antigas invenções da humanidade.
Assim como a forma de ensino que utiliza a memorização como prática
pedagógica que data ao período egípcio. Em documentos desta época
encontram-se referências aos conteúdos a serem passados, os propósitos e a
relação entre instrutores e aprendizes. Séculos se passaram e o Brasil ainda
mantém vivo o exemplo alexandrino de ensino, que tem por primazia o ato de
decorar. Os jesuítas, responsáveis pela educação no Brasil por mais de dois
séculos, baseavam seus ensinamentos no humanismo, refratário à pesquisa e
aos experimentos científicos. A mudança no perfil do ensino de Ciências em
32
nosso país veio conforme sugestão da LDB 9.394/96 (TRINDADE, 2008).
Na percepção de Freire (Pedagogia da Autonomia, 2000), a atividade
escolar está baseada tão somente em uma educação na qual os conceitos são
transmitidos pelos professores e memorizados pelos educandos. Os assuntos
apresentados são aqueles previamente estabelecidos na grade curricular, não se
levando em conta o contexto escolar. Assim, o que se vê é uma limitação no
entendimento do que aprender e educar.
O ambiente escolar na atualidade não deve mais ser considerado um
espaço limitado à transmissão de conhecimentos teóricos, ele também tem que
ser visto como um local para a troca de experiências no que tange aos aspectos
sociais e àqueles ligados às emoções. É necessário que a educação escolar seja
capaz de promover a conscientização, permitindo ao aluno desenvolver
conhecimentos mais elaborados para utilizar no seu cotidiano. Assim, é
fundamental a discussão de tópicos que envolvam a promoção da saúde
(FONSECA, 2008).
Segundo Rego (2009), para entender a função da escola na construção do
aprendizado do educando é necessário compreender que existem dois tipos de
conhecimentos: aqueles denominados “conceitos cotidianos ou espontâneos”,
que são produzidos a partir do dia a dia do aluno, e os “conceitos científicos”,
construídos através do ensino. Apesar de distintos, a relação entre eles é
fundamental para a elaboração e crescimento científico do educando.
É com a visão de que o professor é capaz de promover uma relação
harmoniosa, na qual o aluno é capaz de entender o que ocorre no seu cotidiano
33
através de conceitos científicos, que a Secretaria de Educação Fundamental
(1988) defende:
A educação para a Saúde como fator de promoção e proteção à
saúde e estratégia para a conquista dos direitos de cidadania.
Sua inclusão no currículo responde a uma forte demanda social,
num contexto em que a tradução da proposta constitucional em
prática requer o desenvolvimento da consciência sanitária da
população e dos governantes para que o direito à saúde seja
encarado como prioridade (p. 65).
Conhecer e praticar hábitos saudáveis de vida é necessário, pois, dados da
OMS e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) demonstram que apesar
do aumento na expectativa de vida em dezenove anos após a II Guerra Mundial
até o ano de 1995, ainda são marcantes as discrepâncias entre a qualidade de
vida, condições de saúde dentre os mais diferentes países e sociedades (BUSS,
2000).
Para Valla (1999), parte da história política do Brasil foi marcada pelo
regime militar e por uma alta inflação. Esse período deixou marcas no país, pois
contribuiu para o cenário de calamidade na área da saúde e para ampliar as
diferenças socioeconômicas. Na sua visão, a forma de defesa da população de
baixa renda contra o capitalismo feroz foi fazer parte de “redes sociais” para
alcançar a “sobrevida”. Para dar vida à fala, Valla (1996 apud Valla 2000)
apresenta o caso de um país da América do Sul:
A recente epidemia de cólera no Peru, por exemplo, teve como
desfecho uma taxa surpreendente baixa de mortalidade, mas
muito em função da iniciativa dos grupos populares do que em
função dos investimentos do governo peruano. Simbolicamente
denominado “duplo caminho”, este movimento, de um lado,
cobrou do governo o que seria de sua responsabilidade, e, de
outro lado, quando percebeu que o governo não respondia com
os recursos necessários para combater adequadamente a
34
epidemia, implementou uma política própria de mutirão para
salvar os atingidos (p. 39).
O contexto social na prática do aprendizado não deve ser desvalorizado
pelo educador, pois, segundo Rego (2009) para Vygotsky, o ambiente social é de
extremo valor, nos oferecendo representações e ferramentas que fazem parte do
cotidiano do indivíduo e intermediando sua interação com o mundo e também sua
conduta nele.
Diversos países nos anos 60 iniciaram discussões a respeito da
importância das vertentes social e econômica para o setor saúde, permitindo,
assim, uma mudança no foco preferencial de atenção, que até o momento era
voltado basicamente para o tratamento das doenças. A primeira Conferência com
o propósito de discussão sobre a Promoção de Saúde foi a de Alma-Ata (1978),
quando se propôs a busca de Saúde Para Todos no Ano 2000 e a programação
de Atenção Primária de Saúde. A Conferência Internacional Carta de Ottawa, em
1986, foi o marco para a confecção das diretrizes que servem de alicerce para as
ações na Promoção em Saúde, de forma que as bases que norteiam as ações
foram definidas graças ao trabalho conjunto de seus participantes. Em
prosseguimento, novas Conferências Internacionais foram sendo realizadas,
Adelaide (1988), Sundsvall (1991), Jakarta (1997) e México (1999), e duas de
natureza sub-regional em Bogotá (1992) e Port of Spain (1993). Em cada uma,
novos ganhos vêm sendo acrescidos à proposta inicial, além de um aumento nas
áreas de atuação (BRASIL, 2001).
O Brasil foi o precursor na formulação do sistema de Educação Popular,
tendo Paulo Freire como seu principal representante. A organização do processo
35
iniciou-se no final dos anos 50 como movimento de intelectuais e profissionais de
educação ligados à religião Católica e inspirados no humanismo que surgia no
período pós guerra na Europa. O livro Pedagogia do Oprimido, escrito por Paulo
Freire (1994), trouxe uma análise acerca dos trabalhos educativos por ele
observados durante sua permanência no Brasil e no exílio, permitindo assim a
transmissão de suas interpretações a outros países, sendo esse o motivo da
mesma ser conhecida nesses lugares como “pedagogia freiriana” (BRASIL,
CADERNO DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, 2007).
Freire (1994) apresenta o exercício da educação como um modelo de
controle, em que muitos dos professores nem se dão conta, formando cidadãos
passivos aos acontecimentos, sem capacidade de formar um pensamento crítico.
Apresenta, também, a diferença entre duas práticas educativas: a educação
“bancária” e a educação “problematizadora”. Na primeira modalidade, o aluno é
um mero receptáculo das informações transmitidas pelos professores, enquanto
que, na segunda, professor e aluno vão construir o conhecimento, necessitando
empenho de ambos nesse caminho de construção do saber científico. Enquanto a
primeira serve como mecanismo de dominação, a segunda liberta.
O modelo para compreensão da promoção de saúde vigente nos últimos
20-25 anos apresenta-se como uma próspera articulação no combate aos
diversos males da saúde que acometem os indivíduos e seu ambiente de convívio
(BUSS, 2000).
Para Vasconcelos a
Educação Popular é um saber importante para a construção da
participação, servindo não apenas para a criação de uma nova
36
consciência sanitária, como também para uma democratização
mais radical das políticas públicas. Não é apenas um estilo de
comunicação e ensino, mas também um instrumento de gestão
participada de ações sociais. É também o jeito latino-americano
de fazer promoção de saúde (BRASIL, CADERNO DE
EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, 2007, p. 27).
As classes sociais dominantes até os anos 70 utilizaram-se da educação
em saúde conforme sua conveniência, manipulando e determinando hábitos de
vida que considerava mais satisfatórias aos indivíduos menos favorecidos
economicamente (classe operária e imigrantes de áreas rurais). A instituição do
regime militar trouxe uma nova realidade ao cenário social. O movimento popular
ganhou outra dimensão, agora apoiado pela Igreja e com a participação de
intelectuais. A ideologia de Educação Popular de Paulo Freire forneceu as bases
que serviram de elo entre estas diferentes classes sociais, que necessitavam
buscar saídas científicas, criadas a partir dos dois conhecimentos, devido à
ausência de ações do Estado (BRASIL, CADERNO DE EDUCAÇÃO POPULAR
EM SAÚDE, 2007).
A história das práticas vinculadas à saúde esteve relacionada ao longo do
tempo à visão biológica, isto é, em formas de prevenir, diagnosticar e tratar.
Porém, na concepção filosófica da promoção de saúde só isso não era suficiente.
Assim, houve necessidade de reformular o trabalho educativo em saúde praticado
com alunos do Ensino Infantil, Fundamental e Médio e na Educação de jovens e
adultos. A missão de implantar essa nova prática educativa coube aos Ministérios
da Educação e da Saúde (BRASIL, A EDUCAÇÃO QUE PRODUZ SAÚDE,
2005).
37
A nova definição de saúde não está vinculada somente à falta de doenças,
mas também às condições de vida satisfatórias e ao bem estar. Portanto, a saúde
perde seu conceito fixo por um em constante movimento por vincular-se às ações
da sociedade (BUSS, 2000).
Segundo Bertolli Filho (2003), se a saúde e a moléstia adquirem
movimento por fazerem parte da dinâmica do conjunto social, do qual o estudante
se insere, o enfermo, por fazer parte deste contexto, é merecedor de uma atenção
mais privilegiada por parte dos profissionais que atuam na educação. Conforme
proposição do autor, as histórias dos alunos e de seu círculo de convívio podem
ser utilizadas como fonte de exercício e experiência, cabendo às escolas
aumentar a relação com as comunidades locais próximas a ela para que, assim,
tenham a chance de convocar membros da comunidade para expor suas histórias
de vida e a relação com a doença aos alunos.
Em algumas comunidades carentes do município do Rio de Janeiro, dentre
as quais cito duas que trabalhei8, Cidade de Deus e Rio das Pedras, já se utiliza o
modelo de discussão de temas envolvendo as práticas da comunidade. Agentes
de saúde – aqui se englobam todas as categorias profissionais –, em parceria
com os professores, apresentam temas que são debatidos com os alunos no
intuito de construir um pensamento de melhoria da qualidade de vida. Aqui há
uma liberdade de expressão. Perde-se a limitação imposta pelo livro didático, o
conhecimento é construído por todos os participantes. Discussões maiores são
levadas aos Conselhos Distritais, onde os representantes da comunidade e os
8
As atividades exercidas por profissionais ligados à unidade básica de saúde no município do Rio de Janeiro
têm por missão, além de prestar atendimento à população, promover na comunidade, incluindo associação de
moradores e escolas, palestras divulgando hábitos saudáveis de vida, incluindo cuidados com o corpo e
ambiente.
38
gestores municipais se reúnem com o intuito de propor mudanças que beneficiem
o bem estar social.
Segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2007 (BRASIL,
Sinopse estatística da Educação Básica, 2008), o total de alunos matriculados
representa um universo em torno de 53.028.928 milhões. Desta forma, a escola
torna-se um campo rico de trabalho, inclusive no que se refere às formas de
precaver-se de doenças (FONSECA, 2008). A importância da escola para a
prática de Educação Popular faz-se na medida em que a relação entre
professores e alunos ocorre de forma horizontal, diferente de outras correntes fora
desse ambiente que utilizam a prática de ensino vertical (BRASIL, CADERNO DE
EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, 2007).
Para Cyrino & Toralles-Pereira (2004), a utilização da problematização
como ferramenta de ensino demanda dos profissionais da educação um maior
tempo de estudo e dedicação, pois das discussões realizadas entre docentes e
discentes podem surgir situações nunca experimentadas pelos professores no
que se refere ao conteúdo da grade curricular, mas que serão importantes para
ambos na consolidação do conhecimento. É importante ao professor sua
orientação política em relação à educação e aos temas a serem abordados. Além
disso, é fundamental saber orientar o aluno quanto à forma de realizar a sua
pesquisa e também estimulá-lo nesse processo de investigação para que, ao final
do exercício, ele possa ser capaz de interpretar criticamente as situações
apresentadas.
Os Ministérios da Educação e Saúde, no ano de 1995, lançaram uma
campanha e vêm exaustivamente trabalhando para que as escolas tragam à
39
discussão temas que abordem a saúde sexual e a saúde reprodutiva, além de
formas de prevenção de DST/HIV/AIDS como forma de combate à epidemia de
AIDS no país. Desse movimento conjunto originou-se o “Projeto Escolas”, que
incentivou 16 Unidades da Federação entre o período de 1994 e 1999. O
movimento gerou frutos e no período de 1999 e 2000, através do plano de ação
“Salto para o Futuro”, contemplou 27 Unidades da Federação (BRASIL,
DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO SAÚDE E PREVENÇÃO
NAS ESCOLAS, 2006).
Paulo Freire, em 1969, já admitia que o conhecimento depende da
curiosidade do ser humano e de sua capacidade de modificar os fatos através de
ações. E com essa concepção torna-se uma procura frequente, na qual as
atitudes de criar e recriar se tornam fundamentais:
Estamos convencidos de que, qualquer esforço de educação
popular, esteja ou não associado a uma capacitação profissional,
seja no campo agrícola ou no industrial urbano, deve ter pelas
razões até agora analisadas, um objetivo fundamental: através da
problematização do homem-mundo ou do homem em suas
relações com o mundo e com os homens, possibilitar que estes
aprofundem sua tomada de consciência da realidade na qual e
com a qual estão (Extensão ou Comunicação, 1977, p. 33).
Apesar de ser o principal representante da Educação Popular, Paulo Freire
não foi seu criador. Porém, foi o primeiro a descrever na teoria esse movimento
que foi sendo desenvolvido a partir da década de 50 por intelectuais que viam nas
populações mais abastadas uma grande força para encarar suas adversidades e
de se reunir em rede de solidariedade (BRASIL, CADERNO DE EDUCAÇÃO
POPULAR EM SAÚDE, 2007).
40
O
desenvolvimento
socioeconômico
demandou
e
ainda
demanda
transformações nos cenários que envolvem a sociedade e o ambiente, assim fazse necessário uma maior habilidade e dinamismo na resolução de problemas. A
definição de vulnerabilidade9 neste contexto socioambiental é sugerida no intuito
de aumentar o desempenho das ações frente aos perfis epidemiológicos da
atualidade, visto ter por característica envolver uma formação organizacional de
maiores dimensões. Através de um planejamento eficaz, aplicação dos meios
existentes de forma eficiente e ampliação dos dados disponíveis, espera-se
diminuir a vulnerabilidade e ter a capacidade de considerar e idealizar panoramas
futuros (SABROZA, 2007).
Para Meyer et al (2006), a criação do painel de vulnerabilidade no que se
refere à saúde é um dado novo, assim:
Apostamos que o referencial da vulnerabilidade pode contribuir
muito para a renovação das práticas de saúde em geral e,
particularmente, para as práticas de educação em saúde, porque
consiste precisamente na busca de um novo horizonte para situar
e articular riscos, “casualidades” e “determinações”, trazendo a
saúde – assim como a possibilidade de adoecer – para o campo
da vida real, para o mundo dos sujeitos em relação no qual esses
processos ganham sentidos singulares (pag. 1341).
Por outro lado, Valla (1999) descreve que os projetos que relacionam
educação popular e saúde das sociedades menos favorecidas têm permitido
dupla interpretação, pois, para um grupo são estratégias com características
positivas, servindo para ordenar e politizar os indivíduos, podendo até mesmo ser
usada para indicar protestos devido à falta de soluções do Estado. Entretanto,
9
A construção do quadro conceitual da vulnerabilidade no campo da saúde é relativamente
recente e está estreitamente relacionada ao esforço de superação das práticas preventivas
apoiadas no conceito de risco (MEYER et al, 2006, pág. 1338).
41
outros grupos acreditam que essas ações são dever do Estado e acabam por ver
nessas estratégias uma forma de o Estado diminuir seus custos.
A escola, ao incluir tópicos em saúde como temas transversais ao seu
conteúdo curricular, tem por objetivo desenvolver atividades que estimulam os
alunos a adquirir uma postura crítica de sua realidade, buscando, assim, melhorar
sua qualidade de vida. Pensar saúde é pensar em todos os fatores relacionados,
tais quais: “condições de moradia, de trabalho, na alimentação, na educação, nos
serviços de saúde, no lazer, na forma como nos relacionamos com as pessoas,
na forma como protegemos a natureza e o meio ambiente, na força da nossa
organização, na decisão política, enfim, nas condições de vida da comunidade”
(BRASIL, A EDUCAÇÃO QUE PRODUZ SAÚDE, 2005, p. 8).
A importância do corpo para as classes sociais mais humildes foi descrita
por Lomônaco (2004), onde se percebe a forte ligação entre o estado físico,
saúde ou doença, e a sua relação com o corpo, visto que o corpo para eles
representa seu instrumento de trabalho, sendo nesse contexto necessário para
sua sobrevivência.
A ideia que serve como combustível para movimentar a engrenagem das
ações da educação em saúde está na concepção de que a solução para
combater as doenças tem por ideologia a divulgação de informes contendo
conteúdos propícios e/ou da disposição individual ou coletiva daqueles
submetidos às condições de risco. Em ações realizadas nas escolas, tendo por
objeto tópicos que envolvem o dia a dia dos alunos e de seu universo de vida,
pode-se perceber que o nível de compreensão elevou-se, podendo, portanto, ser
eficaz na mudança de comportamentos (MEYER et al, 2006).
42
À medida que a escola trabalha os temas transversais relacionados à
saúde e que envolve os participantes e suas condições de vida, o resultado é o
desejo de divulgar as ideias de boas práticas em saúde que ali nasceram, seja
para outras escolas ou mesmo para a comunidade. O material para divulgação
pode ser representado por “folders, histórias em quadrinhos, cartilhas, murais,
revistas e tantos outros materiais educativos”. A principal característica deste tipo
de criação é que ela deve ser fiel ao representar o ambiente de vida e em uma
linguagem acessível à comunidade (BRASIL, A EDUCAÇÃO QUE PRODUZ
SAÚDE, 2005).
Assim, através da inserção que a história em quadrinhos tem na população
juvenil e da possibilidade de replicar as situações do cotidiano dos indivíduos e do
seu entorno que buscamos utilizá-la como uma ferramenta de divulgação da
tuberculose e da importância de seu controle em nosso país, podendo ser
utilizada como apoio didático pelos professores.
2.2 A história em quadrinhos, uma ferramenta capaz de divertir e divulgar
informações em saúde
Desde a antiguidade, o homem já se utilizava da arte através da pintura de
gravuras para descrever suas aventuras, ato que foi sendo repetido ao longo dos
séculos e serviu para contar a história da humanidade. Esta forma de linguagem
ampliou sua representatividade através da utilização de histórias em jornais e
revistas em quadrinhos, tornando-se um dos maiores representantes da
comunicação de massa (ARAÚJO, COSTA & COSTA, 2008).
43
Vergueiro & Santos (2006) apresentam as histórias em quadrinhos (HQ)
como uma produção cultural de grande expressão, pelo seu poder de penetração
na população como veículo de comunicação e pelo interesse da população por
este tipo de literatura. O gosto por este tipo de leitura é antiga no Brasil, fato
confirmado pelo país ter sido o primeiro a sediar a I Exposição Internacional em
Quadrinhos, ocorrida em 1951.
Essa forma de expressão literária foi criada por Richard F. Oucault e
apresentada em jornal já no final da segunda metade do século XIX, conforme
Feijó (1997) apud Miskulin, Amorim & Silva (2006).
Vários são os exemplos nos quais este recurso metodológico foi utilizado
na prática educativa nas mais diversas disciplinas. Para Miskulin, Amorim & Silva
(2006, p. 1) “(...) esse gênero literário também pode fornecer subsídios para o
desenvolvimento da capacidade de análise, interpretação e reflexão do leitor. As
histórias em quadrinhos podem também estimular a imaginação e criatividade...”.
Este foi o princípio que estimulou as professoras a utilizar esse instrumento
didático numa escola bilíngue situada em Campinas (São Paulo), permitindo
trabalhar temas sob a ótica da identificação do problema, formulação do plano de
ação e revisão do processo com visão na meta a alcançar. A atração que as
crianças sentem pelas histórias contidas neste tipo de leitura pode ser explorada
pela educação, pois, conforme as autoras, o leitor é estimulado em sua
capacidade de sonhar e criar, permitindo assim que novos conceitos sejam
concebidos e assimilados.
44
Para Caruso & Freitas (2003), seguindo os princípios de Bachelard 10, faz
parte do exercício do ensino a capacidade de estimular o aluno a sonhar, fato que
vem sendo negligenciado, o que tem repercutido não só na instituição, mas
também no convívio social diário e na sociedade, contrariando o Art. 3º, inciso XI
da LDB.
A motivação através da utilização de revista em quadrinhos também foi
apresentada por Nunes (2004) em trabalho realizado em uma escola situada em
Itabuna, sul da Bahia. Diante do desânimo dos alunos frente ao ensino de
Geometria de etiologia multifatorial e ao perceber que alguns estudantes liam
revistas durante a aula, a professora resolveu utilizar deste material como recurso
didático. A resposta foi positiva, com aumento da participação e mudança na
atitude os alunos.
A importância da utilização de histórias em quadrinhos para a divulgação
de conceitos que promovam a melhora da qualidade de vida pode ser encontrada
nas palavras de Vergueiro & Santos (2006):
De uma certa forma, pode-se inferir a existência da percepção de
que as histórias em quadrinhos oferecem reais benefícios para a
prevenção de doenças e disseminação de hábitos saudáveis,
assim como para o aprendizado geral (pág 8).
Araújo, Costa & Costa (2008) afirmam que a qualidade fundamental das
HQs é que as figuras dos personagens e as suas falas possam transmitir aos
seus leitores uma ideia, mas para essa construção é necessária uma
apresentação da história de forma cadenciada. Para os autores, a HQ representa
uma ferramenta pedagógica de grande valia e sua utilização já está presente,
10
Gaston Bachelard (1884-1962), filósofo francês, “considera que a objetividade da ciência é construída”
(Bertoche, 2006) e não ensinada.
45
inclusive, nos livros didáticos. Porém, o professor deve estar atento, pois ainda
não existe sistema regulador para o seu emprego no ensino, apesar da sua
utilização já estar contemplada nas principais normas regulatórias da educação.
Tatsu (2002) – diante da aceitação deste tipo de linguagem, principalmente
pelas crianças, as quais podem ser consideradas como os principais vetores para
as transformações nos seus ambientes sociais e do conhecimento adquirido ser
um instrumento fundamental na luta contra a doença – criou uma mídia com HQ
para o primeiro segmento, com a finalidade de ajudar na prevenção de
enfermidades. Nesse caso em particular, a dengue.
A quantificação das ações que envolvem a apresentação e discussão no
ambiente escolar de temas presentes no cotidiano do aluno pode ser mensurado
de forma indireta, como exemplificado no projeto realizado por Moura, Castro &
Campos (2009) com alunos do primeiro segmento de uma escola pública em
Cuiabá-MT, que teve por conclusão a construção de HQ baseadas no
aprendizado sobre educação ambiental, propiciando a contextualização do
assunto, assim como dos valores assimilados durante a apresentação e
discussão dos temas, aferindo sua capacidade de ler e criar a redação. A maior
parte dos participantes confia que pode haver transformação na forma de agir e
nos conceitos da sociedade local.
Seguindo essa linha de atuação pedagógica e lúdica, optou-se pelo uso de
HQs para o ensino da temática tuberculose, sendo esse um dos mecanismos de
avaliação da apreensão dos alunos após as palestras ministradas.
46
CAPITULO III
TRILHANDO OS CAMINHOS DA PESQUISA
3.1 História, contextualização e caracterização do local
O Estado do Rio de Janeiro localiza-se na região Sudeste, com uma área
física de 43.864,3 km², e faz fronteira com os Estados de São Paulo, Espírito
Santo e Minas Gerais. A área de Mata Atlântica corresponde a 28% da região. A
população do estado recebe água proveniente do rio Paraíba e seus tributários. O
Estado do Rio de Janeiro, como tantos outros, sofre com as ações nocivas do
homem sobre a natureza. No âmbito gerencial, o estado é constituído por oito
regiões administrativas, nove regiões de saúde e dividido em 92 municípios. Na
Região Metropolitana I (fig. 1), os Municípios de Nilópolis, Belford Roxo
correspondem a V microrregião (CADERNO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE,
2009).
Figura 1. Mapa da divisão da região metropolitana I. Modificado
http://abaixadaemalta.blogspot.com/2009/06/tudo-comecou-assim-e-baixadafluminense.html
de
47
A região Metropolitana I corresponde a uma área de 7,90% do Estado do
Rio de Janeiro, abrigando uma população de aproximadamente 62,70%, com
áreas variadas de densidade populacional devido a uma ocupação e crescimento
desigual das regiões e, por conseguinte, uma oferta nem sempre adequada dos
serviços de atenção básica, conforme dados apresentados no CADERNO DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE (2009), em planilhas expostas na tabela 1.
Tabela 1. Área e Dados Populacionais dos municípios do RJ. Fonte: Caderno de
Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
Conforme Cláudio de Oliveira, Diretor do Patrimônio Histórico de Nilópolis,
a história do município pode ser contada desde a época das capitanias
hereditárias, sendo fundado em 06 de setembro de 1914 e emancipado em 20 de
junho de 1947 (http://www.achetudoeregiao.com.br/rj/nilopolis/Historia.htm).
48
Os dados do município são apresentados através de seu site oficial
(http://www.nilopolis.rj.gov.br/site/). A cidade possui uma população de 159.005
pessoas, ocupando uma área de 9 km² de total de 19,4 km². É dividida em dois
distritos e 15 bairros. A economia está focada no comércio e na prestação de
serviços. Alguns dos indicadores do município merecem destaque: qualidade de
vida, nível de alfabetização (93,3%), saneamento básico (90%) e o de
pavimentação e iluminação pública (99%).
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, em maio de 2009, apresentou o
Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, resultado do
trabalho de técnicos, gestores e representantes dos conselhos de saúde, no qual
foram apresentados os dados dos indicadores de atenção básica em saúde dos
diferentes municípios que compõem o estado do Rio de Janeiro (tabela 2).
Tabela 2. Indicadores de Atenção Básica no Pacto pela Vida. Fonte: Caderno de
Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
49
3.2 Sujeitos da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com a participação de alunos e professores do
ensino médio de duas escolas públicas estaduais do Município de Nilópolis, após
a apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do IFRJ. A escolha
das escolas foi realizada de acordo com uma parceria firmada entre as escolas da
rede estadual e o IFRJ, já utilizada para a realização de projetos envolvendo
professores, graduandos e mestrandos do IFRJ e professores e alunos das
escolas. Esta dissertação integra o projeto de pesquisa “As intersecções dos
temas saúde e ambiente no ensino formal: análise das práticas docentes e
materiais didáticos”, com apoio financeiro da FAPERJ11, o qual já desenvolveu, a
partir do acompanhamento das práticas docentes acerca da saúde e ambiente,
ciclo de palestras sobre ensino de ciências, oficina para a atualização dos
professores, criação de um livro propondo atividades transversais sobre energia e
seus aspectos relacionados à saúde e ao ambiente, guia didático sobre uso de
cinema para o EJA, análise dos livros didáticos utilizados pelas escolas, dentre
outros materiais didáticos. O foco de ação desta dissertação, dentro desse projeto
de pesquisa do grupo de trabalho, foi o de produzir material didático de apoio para
o professor sobre a Tuberculose, visando minimizar o grau de desconhecimento
das pessoas acerca da doença, auxiliando na redução dos índices de uma
doença muito antiga que é recorrente na sociedade, sobretudo, nas que possuem
um IDH12 abaixo de 0,8 – como é o caso de muitas regiões localizadas na
11
Processo número E-26/111.574/2008. Edital Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa (RJ).
O Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, é considerado como um indicador de desenvolvimento social
e foi criado e desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, para medir o nível de
desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores como educação, longevidade e renda. O IDH é
feito com variação do zero (0), considerado nenhum desenvolvimento humano, até um (1), desenvolvimento
humano total.
12
50
Baixada Fluminense. Para tanto, recorremos a uma análise da doença no primeiro
momento e, após a verificação do conhecimento dos atores desta pesquisa sobre
a mesma nos cenários da pesquisa, decidiu-se produzir tais materiais didáticos.
Em decorrência de tal fato, lançamos mão de uma metodologia que se compõe
num estudo de caso.
O pesquisador, antes do início das atividades, visitou cada escola
envolvida no projeto, apresentando aos professores do ensino de Ciências a
importância da participação dos docentes e discentes na pesquisa, pois a
abordagem do tema é fundamental na formação de um cidadão mais crítico,
capaz de opinar sobre questões relacionadas à sua vida e ao ambiente social
onde vive.
Na explicação acerca da proposta do trabalho e da importância para a
valorização da cidadania, foi questionado aos diretores se no município, assim
como ocorre em outras unidades da Federação, existem ações que envolvam
práticas de educação popular entre as unidades de saúde e as escolas. A
resposta para a pergunta foi negativa, não existindo qualquer trabalho no intuito
de promover discussões acerca de temas transversais entre as duas instituições.
As escolas também não se valem dos cadernos lançados pela Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde que, se consultados, poderiam
servir como orientadores para a abordagem dos temas referentes ao ensino de
biologia conforme PCNEM (2006):
Contraditoriamente, apesar de a Biologia fazer parte do dia-a-dia
da população, o ensino dessa disciplina encontra-se tão
distanciado da realidade que não permite à população perceber o
vínculo estreito existente entre o que é estudado na disciplina
Biologia e o cotidiano. Essa visão dicotômica impossibilita ao
51
aluno estabelecer relações entre a produção científica e o seu
contexto, prejudicando a necessária visão holística que deve
pautar o aprendizado sobre a Biologia (p. 17).
Os professores receberam o convite para participar do projeto e o termo de
consentimento da pesquisa, em duas vias, para que fosse entregue aos alunos e
assinado pelos pais, uma das vias ficaria com o aluno e a outra com o
pesquisador.
Foi agendado em conjunto com os professores um encontro para o início
do trabalho de campo. Antes de começar a atividade, foi explicado aos alunos o
motivo da pesquisa e a sua relevância, a forma de realização da investigação que
se constituía de três momentos: (1) pré-teste, (2) apresentação e contextualização
do tema para construção e solidificação do conhecimento e (3) pós-teste
(semelhante ao pré-teste). Também foi informado aos alunos e aos professores
que, ao final da palestra, os alunos interessados poderiam participar de um
concurso, sob orientação dos professores, tendo por finalidade a construção de
uma revista em quadrinhos tendo por tema a tuberculose. Dentre as histórias
entregues pelos participantes das duas escolas, haveria a escolha e premiação
de três que melhor abordassem a temática.
3.3 Classificação da Pesquisa
Para Minayo (2008, p. 47), Pesquisa pode ser definida como “atividade
básica das Ciências na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa
que alimenta a atividade de ensino”. O constante movimento da investigação e da
descoberta garante à pesquisa uma particularidade de movimento com finalização
transitória, pois há sempre a sensação de que há muito ainda a descobrir.
52
De acordo com Barros & Lehfeld (1986), as pesquisas podem ser
distribuídas em três modalidades, classificadas de acordo com a forma de
abordagem do objeto a ser investigado. Assim, partindo desse pressuposto, a
técnica de pesquisa utilizada no presente trabalho pode ser classificada como do
tipo descritiva, pois:
Neste tipo de pesquisa não há interferência do pesquisador, isto
é, ele não manipula o objeto de pesquisa. Procura descobrir a
frequência com que o fenômeno ocorre, sua natureza,
características, causas, relações e conexões com outros
fenômenos. A pesquisa descritiva engloba dois subtipos: a
Pesquisa Documental e/ou Bibliográfica e a Pesquisa de Campo
(p. 91).
Os modelos quantitativos e qualitativos foram utilizados na interpretação
das informações coletadas, sendo possível estabelecer um “retrato” sobre a forma
como a tuberculose era tratada nas escolas. Richardson et al (2008) descreve
que “o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto
nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio
de técnicas estatísticas”. Enquanto Pêcheux (1988 apud Minayo, 2008, s/p)
propõe a análise qualitativa através da “classificação de forma binária” ou em
“repetição do idêntico”, nesse caso as frases devem ser decompostas até chegar
a pequenos elementos dentro de uma representatividade fenomenológica, para
assim poderem ser representadas graficamente.
De acordo com Serapioni (2000), o método quantitativo é usado quando o
objeto do estudo está claro e já existem bases científicas consistentes sobre o
assunto. Nesses casos, podem ser utilizados questionários contendo perguntas
fechadas. Já o método qualitativo é usado quando as bases científicas ou as
teorias ainda não foram estabelecidas ou o objetivo de pesquisa não está
53
definido.
Comparativamente, ambos os modelos de pesquisa são necessários e
importantes na pesquisa, pois permitem a descoberta de fatores relacionados ao
meio social dos indivíduos (MINAYO, 2008).
Os modelos de pesquisa também podem servir como instrumentos
norteadores das atividades desenvolvidas pelos profissionais, pois segundo
Peduzzi (2000):
Embora, não esteja diretamente referida, a utilização de técnicas
de pesquisa quantitativa e qualitativa possibilita a avaliação dos
processos de trabalho, tanto no que diz respeito às ações e aos
resultados, quanto à interação dos sujeitos envolvidos (p. 128).
Para Gunther (2006), o pesquisador na investigação e elaboração do
conhecimento científico não deve se limitar à escolha de um ou outro modelo de
pesquisa, mas utilizar-se de modelos quantitativos e qualitativos de acordo com o
objeto em estudo.
Minayo (2008) explica que os métodos não são iguais entre si e nem se
superpõem, mas que a relação entre eles contribui consideravelmente para
entender os problemas que interferem no bem estar do indivíduo.
3.4 Instrumentos de coleta e análise dos dados
Na perspectiva de Lüdke e André (1986, p. 1) “para se realizar uma
pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as
informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento acumulado a
respeito dele”.
54
Na pesquisa foi utilizado um questionário estruturado composto por 13
perguntas fechadas para os alunos e seis perguntas para os professores, sendo
uma delas semiestruturada para seu livre discurso.
A utilização de questionário na visão de Lükde e André (1986), com
perguntas fechadas, tem o benefício de o entrevistador estar presente para dirimir
qualquer dúvida que por ventura possa existir, além de os dados obtidos na
pesquisa seguirem uma padronização nas respostas favorecendo assim uma
análise quantitativa. A pergunta semiestruturada não segue o rigor da
padronização, permitindo uma resposta mais subjetiva.
As 13 questões propostas aos alunos buscavam identificar seus
conhecimentos a respeito da doença, no que diz respeito ao agente etiológico,
forma de transmissão, sinais e sintomas, exames diagnósticos e ações
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e Educação.
As seis perguntas direcionadas aos professores foram divididas em duas
partes: a primeira, de 1 a 3, relacionada à sua formação acadêmica, tempo de
atuação como professor e tempo de atuação na escola. A segunda parte, 5 a 6,
indagava sobre a utilização de debates sobre temas atuais, os instrumentos
utilizados que auxiliavam na discussão e as adversidades encontradas pelo
professor de ciências em sua prática diária.
Para validar o instrumento de pesquisa, foi realizado um estudo piloto
utilizando uma turma de ensino médio do IFRJ (Instituto Federal do Rio de
Janeiro), com sede em Nilópolis, composta por sete alunos e com a participação
de uma professora de ciências. O questionário foi validado sem ressalvas e
55
efetivamente não houve qualquer dúvida entre os participantes para sua
aplicabilidade.
Os dados levantados foram tabulados e analisados, sendo feito o cálculo
das frequências para as perguntas objetivas e a análise do conteúdo para as
perguntas discursivas. Para tal, foi utilizado o aporte teórico proposto por Bardin
(2008, p 47), o qual define que “a análise documental permite passar de um
documento primário (em bruto) para um documento secundário (representação do
primeiro)”. A avaliação dos dados obtidos e sua interpretação através de métodos
analíticos permitem que os resultados sejam passados de forma clara e objetiva,
permitindo que seja interpretado por todos (BARDIN, 2008).
3.5 Análise dos dados, interpretação e resultados
Os sujeitos da pesquisa escolhidos para o estudo foi representado pelos
alunos do ensino médio que já tinham experimentado o contato com esta
temática, pois, de acordo as orientações do PCN (1996, s/p), o ensino de saúde
para o segmento fundamental tem por finalidade “transmitir informações a
respeito do funcionamento do corpo e descrição das características das doenças,
bem como um elenco de hábitos de higiene”, apesar de tais atividades não
garantirem a mudança nos hábitos de vida.
Dos 487 alunos das duas escolas, 221 participaram da pesquisa,
representando cerca de 45% do público alvo. Uma pequena divergência no
quantitativo dos questionários pode ser observada, uma vez que três alunos que
não estavam no momento do pré-teste, pois chegaram atrasados na escola,
participaram da palestra e do pós-teste apenas.
56
Apesar de a faixa etária não ter sido pesquisada, pois não alteraria os
resultados, todos os participantes encontravam-se no período da adolescência, o
que se torna relevante, pois segundo dados do Guia de Vigilância Epidemiológica
(2005), a doença acomete principalmente indivíduos em sua fase mais produtiva
de trabalho, ou seja, dos 15 aos 54 anos.
Dos alunos que responderam, 67% já haviam sido informados sobre a
doença por alguém, não foi solicitado especificar a fonte da informação. O
conhecimento sobre a doença é fundamental, desde que realizada por
profissionais qualificados, pois representa a primeira causa de morte em
pacientes HIV positivos e a 4ª causa das doenças infecciosas na população em
geral. Do total de internações no Brasil por doenças infecto-contagiosas, a
tuberculose ocupa a 9ª posição e a 7ª colocação em gastos do Sistema Único de
Saúde – SUS (http://www.fundoglobaltb.org.br/site/home/index.php). Já em
pesquisa realizada pelo Projeto Fundo Global TB – Brasil (2010), incluindo 53
municípios brasileiros, 49% dos entrevistados informaram não conhecer nada
sobre a doença (http://www.fundoglobaltb.org.br/site/noticias/mostraNoticia.php).
Quando questionados se já haviam buscado informações sobre a doença,
25% afirmaram positivamente, o que demonstra a importância da discussão da
saúde como tema transversal para a Educação, conforme preconizado pelos PCN
(BRASIL, 1996). O trabalho dos agentes de saúde nas Escolas, numa ação
conjunta com os professores, deve ter como norma as mesmas Diretrizes
utilizadas para a Implantação do Projeto Saúde nas Escolas (2006), o qual
abrange o tema da educação sexual e saúde reprodutiva, assim como outros
57
assuntos relevantes para promoção da saúde poderiam ser discutidos, dentre
eles a tuberculose. Não foi indagado o motivo da procura.
No que diz respeito à forma de obter as informações acerca da
tuberculose, 46% responderam que as fontes foram os meios de comunicação
representados pela televisão, jornais e revistas, sendo que a televisão foi citada
em 40% das respostas e 33% assinalaram como nenhuma das opções
apresentadas (tabela 3). Este dado confirma a citação de Costa (2002) de que a
televisão representa o principal meio de comunicação da segunda metade do
século XX. Assim, cabe a ressalva para o Ministério da Saúde através do
Programa Nacional de Controle da Tuberculose acerca da importância da
veiculação de informações a respeito da doença utilizando-se dos meios de
comunicação para tentar atingir de forma eficaz essa parcela da população.
TABELA 3: Descrição das fontes utilizadas na busca de informações sobre a tuberculose
Fonte de informação
Amigos
Amigos e televisão
Amigos televisão e profissionais de saúde
Amigos e profissionais de saúde
Jornais
Jornais e televisão
Jornais, amigos e televisão
Jornais, livros e televisão
Jornais, livros e profissionais de saúde
Jornais, revistas e televisão
Jornais, revistas, livros e profissionais de saúde
Jornais, revistas, televisão e profissionais de
saúde
Livros
Livros e profissionais de saúde
Livros e televisão
Livros, televisão e profissionais de saúde
Nenhuma das opções apresentadas
Nulo
Profissionais de saúde
Revistas
Frequência
13
06
02
01
05
09
01
01
02
03
01
01
11
01
03
02
72
08
14
02
58
Revistas e amigos
Revistas e televisão
Televisão
Televisão e profissionais de saúde
01
02
52
08
Com relação ao agente etiológico, foi perguntando o nome do bacilo
causador da tuberculose, 5% assinalaram o bacilo de Koch, enquanto 16%
assinalaram outros agentes que podem levar a outros tipos de doenças e 74%
não
souberam
responder
(tabela
4).
Nesse
item,
pode-se
aferir
o
desconhecimento da maioria dos alunos sobre o nome do agente causal, apesar
dos alunos já haverem estudado do 6º ao 8º período do ensino fundamental sobre
o aparelho respiratório e as doenças mais prevalentes. No terceiro momento da
pesquisa, pós-teste, observamos que 83% dos alunos já identificam o bacilo de
Koch como o agente causal da doença.
TABELA 4: Identificação pelos alunos do agente etiológico causador da tuberculose.
Agente etiológico
Sthaphylococus aureus
Pseudomonas aeruginosa
Klebsiella pneumoniae
Bacilo de Koch
Escherichia coli
Não sei informar
Sthaphylococus aureus e Escherichia coli
PRÉ TESTE
2%
11%
3%
5%
0%
79%
0%
PÓS TESTE
2%
4%
1%
83%
1%
8%
1%
Quando indagados sobre o nome da vacina administrada na infância para
prevenir as formas graves da doença, mais uma vez foi possível perceber que a
maioria dos alunos desconhecia o seu nome (Figura 2). Dados da pesquisa
realizada pelo Fundo Global TB – Brasil apontam que 47,1% dos entrevistados
têm conhecimento sobre a vacina BCG, porém somente 3,2% sabiam a finalidade
da vacina (http://www.fundoglobaltb.org.br/site/noticias/mostraNoticia.php). Cabe
destacar a importância dada à vacinação no país. Para tal, ao ingressar na escola
59
é solicitado aos responsáveis pelo aluno a caderneta vacinal para avaliação das
vacinas recebidas e também no ingresso ao trabalho formal em que há exigência
de cópia da caderneta vacinal dos filhos menores de idade para comprovação. É
nesse aspecto de aprendizado que mais uma vez ressaltamos o papel essencial
da escola na formação do indivíduo que na visão de Vygostsky (apud REGO,
2009):
Sabemos que a presença na escola não é garantia de que o
indivíduo se apropria do acervo de conhecimentos sobre áreas
básicas daquilo que foi elaborado por seu grupo cultural. O
acesso a esse saber dependerá, entre outros fatores de ordem
social e política e econômica, da qualidade do ensino oferecido.
Nesse sentido, o pensamento de Vygotsky traz uma outra
implicação: contribui para suscitar a necessidade de uma
avaliação maios criteriosa de como essa agência educativa vem
desempenhando sua tão relevante função (pag. 105).
Figura 2: Nome da vacina utilizada infância para prevenir as formas graves da doença.
O uso de recursos didáticos na prática pedagógica envolvendo o cotidiano
do indivíduo favorece o aprendizado, uma vez que o mesmo passa a ser
contextualizado. Citamos o exemplo da indicação da cicatriz da vacina em seus
braços, o que durante as palestras foi uma ferramenta útil para atrair a atenção
60
sobre a importância da vacinação e aumentarmos para 91% (acréscimo de 146%)
o número de acertos.
Ainda quanto à vacina, foi perguntando aos participantes se eles
conheciam de que forma a vacina previne as formas graves da doença, caso a
resposta fosse afirmativa qual seria o mecanismo de ação. Nesse item não foram
encontrados acertos e nem justificativas corretas em oposição a 92% que
responderam negativamente, ou seja, não sabiam qual o mecanismo e também
não preencheram o campo da justificativa. Observa-se aqui a necessidade de
uma promoção de mudança conceitual na prática educativa, uma vez que os
alunos que decoram esquecem rapidamente, porém aqueles que apreendem o
verdadeiro conceito e vêem sua aplicabilidade no cotidiano jamais esquecem. Daí
a importância da transformação do saber popular em conhecimento científico,
assim para Teixeira (2003), as mudanças no ensino de ciências só ocorrerão
quando as resoluções para a Educação forem baseadas na busca do
entendimento da realidade e assim possam ser capaz de enfrentar os conflitos
sociais.
Após a apresentação da palestra e discussão, 59% dos alunos já
conseguiam expressar–se de uma forma simples, mesmo que em linguagem
popular, quanto ao mecanismo de ação da vacina. Conforme os exemplos, a
seguir, de algumas as justificativas apresentadas:
“Fortalece o sistema imunológico”
“Aumenta a imunidade do corpo”
“Estimulando os anticorpos”
61
“Ela prepara o nosso organismo para quando a doença vier ele já saber o
que fazer”
Na questão relacionada à via de transmissão da tuberculose, houve acerto
em 70% dos casos, atingindo 93% no pós-teste. Comparando com os dados de
pesquisa do Fundo Global TB – RJ, observa-se que 37,4% informaram que a
transmissão ocorre por meio da tosse (Projeto Fundo Global TB – Brasil, 2010).
Segundo o Guia de Vigilância epidemiológica (2005, p. 733): “a tuberculose é
transmitida de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. A fala, o espirro e,
principalmente, a tosse de um doente de tuberculose bacilífera lança no ar
gotículas de tamanhos variados contendo em seu interior o bacilo”. Observamos
que a totalidade dos alunos soube informar que a mesma é transmitida por via
respiratória.
Com relação aos principais sintomas associados à doença o resultado foi
de 40% de acerto no que se refere ao quadro clínico manifestado pelo paciente
portador de tuberculose (tabela 5). Comparativamente, a pesquisa realizada pelo
Fundo Global TB – RJ aponta que 71,8% disseram conhecer os sintomas da
tuberculose,
responderam
sendo
que
“tosse”,
quando
44,2%
questionados
“febre”
e
34,1%
quais
eram
“escarro
eles
com
87,1%
sangue”
(http://www.fundoglobaltb.org.br/site/noticias/mostraNoticia.php). Isso denota que,
apesar de algumas informações relativas à doença não estarem sedimentadas
em seus conhecimentos, a importância da sintomatologia para o estudante é
fundamental no seu cenário social. Nas palavras de Teixeira (2003, apud
SAVIANI, 2000):
62
É na prática social que o professor encontrará os grandes temas
para o exercício do magistério, identificando, analisando e
sugerindo soluções para os principais problemas postos pela
sociedade. É na inserção da prática social que possibilitaria a
conversão dos conteúdos formais, fixos e abstratos em
conteúdos reais, dinâmicos e concretos, permitindo que a escola
transforme-se cada vez mais num espaço democrático de
discussão de temáticas associadas a questões e problemas na
realidade social (p. 183).
TABELA 5: Manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes portadores de
tuberculose
PRÉ TESTE
Emagrecimento, espirro e febre alta
Dor de cabeça, dor nos olhos e febre
Febre no final da tarde, emagrecimento e escarro com sangue
Febre, dor na nuca e dor no corpo
Não sei informar
Febre no final da tarde, emagrecimento e tosse com sangue e
febre, dor na nuca e dor no corpo
17%
9%
40%
9%
25%
PÓS
TESTE
9%
2%
80%
3%
5%
0
1%
O exame radiológico de tórax é muito difundido no Brasil para diagnosticar
e acompanhar o tratamento de determinadas doenças relacionadas às estruturas
pertencentes ao tórax, o que levou 28% dos alunos a assinalarem como o
principal exame para o diagnóstico da doença (tabela 6). Geralmente, a
tuberculose leva a alterações nas imagens radiológicas do tórax, estando,
portanto, indicada sua realização nos pacientes com bacilospocia direta do
escarro positivo para a doença. Na história do combate a enfermidade, durante
muitos anos, a abreugrafia13 foi utilizada para o diagnóstico da doença. Inventada
por Manoel de Abreu, seu uso se difundiu no país, chegando inclusive a ser
utilizado como exame necessário para novas admissões nas empresas e também
nas escolas (GONÇALVES, 2000). Entretanto, a baciloscopia direta do escarro é
13
Radiografia miniaturizada do tórax
63
o exame de escolha para os pacientes com quadro respiratório sugestivo de
tuberculose. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica (BRASIL, 2005) “é o
método prioritário, porque permite descobrir a fonte mais importante de infecção:
o doente bacilífero”.
Na pesquisa do Fundo Global TB – Brasil, 36,6% informaram saber os
exames feitos para o diagnóstico da doença, sendo os citados a telerradiogradia
de tórax e o exame do escarro, em maior e menor proporção, respectivamente
(http://www.fundoglobaltb.org.br/site/noticias/mostraNoticia.php).
O
diagnóstico
dos pacientes portadores da doença é de tal importância que fez parte da
proposta encaminhada ao Fundo Global quanto à necessidade de ampliação “do
diagnóstico laboratorial com controle da qualidade e da co-infecção TB-HIV”
(SANTOS, 2007, p. 93).
TABELA 6: Descrição do exame comumente utilizado para o diagnóstico da tuberculose
Tipos de Exames
Exame de fezes
Exame de urina
Exame de urina e exame de fezes
Exame de urina e telerradiogradia de tórax
Não sei informar
PPD
Telerradiografia de tórax
Telerradiografia de tórax e PPD
PRÉ TESTE
8%
3%
1%
28%
57%
1%
1%
1%
PÓS
TESTE
3%
1%
0
0
8%
40%
43%
5%
A associação da tuberculose com as condições de saúde e com fatores
relacionados às precárias condições socioeconômicas é de extrema relevância,
tornando-se grave o desconhecimento dos entrevistados sobre os fatores
predisponentes que facilitam o aparecimento da doença, pois propiciam, assim,
condições necessárias para que a doença progrida de forma avassaladora. Na
64
questão que aborda a relação da doença com fatores predisponentes, o
tabagismo foi assinalado em 15% e a desnutrição em 18% pelos alunos, outros
56% descreveram não saber informar (Tabela 7). Para Vicentin, Santo & Carvalho
(2002):
Assim como a cólera, a tuberculose é outra doença transmissível
cujo processo saúde-doença está em estreita relação de
determinação com o desenvolvimento histórico social.
Estabelece-se uma relação à qual o processo particular da
tuberculose pertence e tem como principal determinante as
condições sociais de vida.
Na visão de Hijjar (2005), a queda dos índices da doença está associada à
melhoria das condições socioeconômicas da população.
Mesmo após a palestra, as limitações dos métodos de ensino atualmente
praticados, fez com que os participantes não conseguissem identificar que vários
fatores poderiam estar associados à doença e não somente fatores isolados.
Entretanto, conforme podemos observar na tabela 7, os índices de alunos que
não sabiam informar os fatores que atuam como predisponentes para a doença
reduziu de forma acentuada.
TABELA 7: Fatores predisponentes associados à tuberculose
FATORES
Desnutrição
Tabagismo
Não sei informar
Diabetes
Desnutrição e diabetes
Etilismo
Hipertensão arterial
Desnutrição e tabagismo
PRÉ TESTE
18%
15%
57%
3%
1%
1%
4%
1%
PÓS TESTE
46%
23%
19%
5%
3%
2%
2%
0
65
Observou-se que quando questionados se conheciam alguém que já teve
tuberculose, 62% dos alunos assinalaram negativamente. Tal fato toma relevância
quando os Municípios de Nova Iguaçu e São João do Meriti, próximos ao
Município de Nilópolis, ocupam a 4ª e 5ª posições de notificação de agravos de
tuberculose do estado (tabela 8).
TABELA 8: TUBERCULOSE - Casos confirmados notificados no Sistema de Informação
de Agravos de Notificação - Casos confirmados por Ano Diagnóstico segundo Munic.
Residência - UF Residência: Rio de Janeiro
Munic.
Residência
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Belford Roxo
584
603
507
584
477
473
442
260
1.289
1.077
1.060
1.013
1.055
1.016
1.082
945
Guapimirim
18
54
38
34
43
35
33
25
Itaguaí
105
79
82
86
78
81
84
40
Japeri
180
197
154
117
102
131
121
106
Magé
279
271
209
220
237
208
206
107
Mesquita
26
163
162
129
139
128
144
139
Nilópolis
264
263
245
210
151
194
202
160
1.493
1.199
1.041
1.043
971
914
808
581
Paracambi
47
38
41
58
54
34
41
45
Queimados
62
195
177
194
202
198
184
75
8.253
8.028
7.670
7.597
7.245
6.811
6.754
5.578
São João de
Meriti
550
552
588
598
552
524
527
306
Seropédica
41
45
53
47
74
74
56
45
16.517
16.372
15.464
15.281
14.743
13.925
13.790
10.384
Duque de
Caxias
Nova Iguaçu
Rio de Janeiro
TOTAL no
Estado do RJ
Fonte Sinan Net, disponível no site: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/index.php
66
O desconhecimento sobre a doença, seu tratamento e sobre as ações de
educação em saúde fez com que 52% dos participantes respondessem que os
pacientes portadores da doença deveriam ser afastados do seu convívio social
durante o tratamento, excluindo aqueles que necessitam de internação hospitalar
(figura 3) – fato também identificado na pesquisa realizada pelo Fundo Global TB
– Brasil, em que 56,4% dos entrevistados afirmaram ser necessário o
afastamento do convívio durante o tratamento (Projeto Fundo Global TB – Brasil,
2010). O doente com a tuberculose é tão estigmatizado que, mesmo após a
apresentação do resultado do pós-teste, não sofreu variação significativa,
indicando que 53% ainda confirmam a necessidade de afastamento do convívio
social para o tratamento.
Para o Ministério da Saúde, o desconhecimento da doença piora o estigma
social separando o paciente de seus familiares e afastando-o de seu trabalho,
alimentando seu sentimento de abandono e agravando a sua angústia (GUIA DE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2005).
Figura 3: Necessidade de afastamento do convívio social
67
Freire apud Anjos (2008, p. 114) apresenta a visão do educador no que
compete às atribuições das instituições de ensino e sua representatividade para o
meio em que ela está inserida:
A escola reflete o comportamento de uma sociedade, mas a
escola como instrumento de saber pode criar, despertar e
colaborar para novas percepções das necessidades desta
sociedade devendo ser integrada, integrante e participante dos
processos sociais (p. 114).
Avaliando o conhecimento sobre as ações desenvolvidas pelo Ministério da
Saúde no combate à tuberculose, pode-se constatar que 77% dos entrevistados
desconheciam as propostas e as orientações a serem seguidas. Através dessa
amostragem, pode-se aferir que os instrumentos de comunicação utilizados para
divulgar a doença estão sendo ineficazes no alcance desse segmento da
população e faixa etária. O Brasil, no ano de 2007, após quatro anos de
tentativas, recebeu do Fundo Global14 para auxiliar nas ações de combate a
tuberculose o correspondente a US$ 27 milhões para o período de 2007 a 2012.
O projeto visa atender, principalmente, aos grupos sociais mais acometidos pela
doença e as áreas onde os indicadores de morbidade são mais elevados. Fazem
parte da estratégia o aumento da rede laboratorial para realização de
baciloscopias, o fortalecimento do DOTS e a mobilização da população
(http://www.fundoglobaltb.org.br/site/home/index.php).
Concomitante à pesquisa com os alunos, foi realizada uma pesquisa com
os docentes, que envolvia os 13 profissionais que compõem o quadro de
professores de biologia e química, sendo que oito pertencem ao CIEP Mário
14
O Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária (The Global Fund) sediado em Genebra,
está voltado para apoiar ações de controle destas doenças nos países por elas mais afetados, a partir de
propostas apresentadas em parceria por instituições representativas da sociedade civil organizada e governos.
68
Campos e cinco são do CIEP Manuel Malaquias. Somente participaram da
pesquisa nove professores, sendo três do primeiro colégio e seis do segundo,
respectivamente. O intuito era conhecer e apresentar o perfil do professor no que
concerne a sua formação e prática de ensino, que atua nas escolas onde ocorreu
o projeto.
A primeira pergunta fazia referência à formação do professor. Neste item,
observamos que 56% dos entrevistados apresentam apenas a graduação e 44%
pós-graduação. A segunda pergunta descreve o tempo de formação destes
profissionais (figura 4), destacando que a maioria possui menos de 10 anos de
formado. Com relação ao tempo de atuação no magistério, mas especificamente
no ensino em ciências (figura 5), identificamos que 66% ainda estão completando
os seus primeiros 10 anos.
Figura 4: Tempo de formação dos professores entrevistados.
69
Figura 5: Tempo de atuação como professor de ciências
entrevistados.
Outro quesito questionado, que correspondeu à quarta pergunta, fez
menção ao tempo de atuação dos professores na escola (figura 6), o que nos
levou a levantar a hipótese de que a realização de poucos projetos pedagógicos e
do baixo rendimento das escolas deve estar associada ao pouco tempo que a
maioria dos professores possui dentro delas. Muitos deles estão em regime de
GLP15, o que torna ainda mais difícil o estabelecimento de um vínculo funcional,
ou mesmo emocional, com as escolas, o que reduz a capacidade desses
professores de atuarem na sua “força máxima”.
Figura 6: Tempo de atuação nas escolas envolvidas na pesquisa
15
A Gratificação de Lotação Prioritária foi descrita na Lei ordinária n° 720 de 30 de Dezembro de
entrevistados.
1983 no artigo 37 inciso II e diz respeito à contratação
de professores através de carga horária
suplementar.
70
A análise das quatro perguntas iniciais, referentes à formação do professor,
pode ser representada nas palavras de Paulo Freire (Pedagogia da Autonomia,
2000):
A segurança com que a autoridade docente se move implica uma
outra, a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma
autoridade docente se exerce ausente desta competência. O
professor que não leve a sério sua formação, que não estuda, que
não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força
moral para coordenar as atividades de sua classe. Isto não
significa, porém, que a opção e a prática democrática do professor
ou da professora sejam determinadas por sua competência
científica. Há professores cientificamente preparados, mas
autoritários a toda prova. O que quero dizer é que a
incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor
(pág. 56).
É fundamental que exista na formação do professor, em todas as esferas,
graduação, pós-graduação e educação continuada, a discussão de temas
relevantes para a sociedade. Assim como estes profissionais devem ser
constantemente estimulados e facilitados para que possam buscar melhorias em
suas qualificações profissionais, apesar do desestímulo que ocorre devido ao piso
salarial. Esse destaque deve ser enfatizado, pois se torna condição ímpar que
estes profissionais estejam aptos a promover e conduzir em qualquer ambiente,
formal e não formal, a discussão de questões importantes e que serão úteis na
concepção de um cidadão crítico.
Na visão de Hamburger & Hamburger (2008, p. 1):
O Brasil é um país de grande extensão territorial, onde se
encontram sessenta milhões de alunos e um milhão de
professores.
A
escolaridade
insatisfatória
dificulta
o
desenvolvimento cultural, social, político e econômico. Nas últimas
71
décadas foi possível oferecer escola a quase todos os brasileiros
em idade escolar, o que é um progresso notável. Entretanto, a
desvalorização e a desorganização da profissão do professor, nos
anos 70, não foram ainda compensadas. (...) Assim, a qualidade
da formação dos professores e dos ambientes escolares foi
decaindo e, ainda hoje, deixa muito a desejar.
Vários são os meios de comunicação que hoje são utilizados para veicular
as informações. A globalização e o acesso à internet fez com que as informações
chegassem em tempo quase real em todo os continentes. Além do acesso dos
alunos a outros meios midiáticos, trouxe a necessidade de um professor cada vez
mais atualizado e conhecedor de outros recursos didáticos. Assim, este foi o
intuito da quinta pergunta: identificar quais são os recursos utilizados pelo
professor (tabela 9).
TABELA 9: Além do livro didático, quais outros instrumentos você utiliza?
Meios de informação
Leitura de textos
Leitura de textos e laboratório
Leitura de texto, seminário, visitas a espaços não formais e filmes
Seminários, laboratório, filmes e internet
Leitura de textos, filmes e internet
Leitura de textos, seminários e internet
Leitura de textos, seminários, laboratório, visitas a espaços não formais e filmes
Leitura de textos, seminários, filmes e internet
Frequência
11%
11%
11%
11%
11%
22%
11%
11%
Todos os professores afirmaram que discutem sobre temas atuais com
seus alunos, seguindo as diretrizes do PCN para apresentação de temas
Transversais (1997):
A inclusão de questões sociais no currículo escolar não é uma
preocupação inédita. Essas temáticas já têm sido discutidas e
incorporadas às áreas ligadas às Ciências Sociais e Ciências
Naturais, chegando mesmo, em algumas propostas, a constituir
novas áreas, como no caso dos temas Meio Ambiente e Saúde
(pág. 25).
72
Dentre os temas apresentados pelos professores destacaram como
principais: “Efeito estufa, chuva ácida e lixo”; “Relacionados ao meio ambiente e a
saúde”; “Mudanças climáticas, transgênicos e clonagem”; “Meio ambiente,
poluição, doenças, notícias atuais correlatas”; “Bioética, tecnologia e saúde”;
“Sexualidade, gravidez e DST”; “Aids, problemas ambientais, drogas, anorexia
(distúrbios alimentares) e gravidez precoce”; “Educação ambiental e as
consequências na saúde”; “Temas relacionados a genética, DNA, células tronco”.
A dificuldade dos professores para uma prática educativa de excelência de
acordo com os parâmetros estabelecidos pelo MEC também foi investigada.
Desta forma, na oitava questão, buscou-se identificar quais os fatores, na visão
dos docentes, estão impactando negativamente para uma atuação mais eficaz
(tabela 10).
TABELA 10: Quais as dificuldades que você encontra no ensino de ciências?
Lista de dificuldades citadas pelos professores
Interesse dos alunos pelos assuntos científicos
Disponibilidade para visitação externa
Falta de materiais adequados, espaço para realizar aulas práticas em algumas escolas, falta de
incentivo a projetos
Recurso materiais e interesse dos alunos
Falta de recursos físicos em sala de aula (ex. data show, alto falantes)
Falta de espaço para montagem e utilização de materiais de laboratório
Falta de aulas práticas
Falta de conhecimento prévio
A metodologia utilizada na abordagem e discussão dos temas transversais
é tão importante quanto o próprio tema, desta forma foi solicitado aos docentes
que informassem, pergunta 9, qual o modelo de prática pedagógica utilizado para
trabalhar os temas transversais (figura 7).
73
Figura 7: Como você aborda a temática saúde e ambiente?
entrevistados.
O PCN - Apresentação dos Temas Transversais (BRASIL, 1997) define os
conceitos da interdisciplinaridade, da transdisciplinaridade e sua inter-relação:
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os
diferentes campos de conhecimento produzida por uma
abordagem que não leva em conta a inter relação e a influência
entre eles, e questiona a visão compartimentada (disciplinar) da
realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida,
historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação
entre disciplinas.
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer,
na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e
da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados
(aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender
na realidade e da realidade).
Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e transversalidade
alimentam-se mutuamente, pois o tratamento das questões
trazidas pelos Temas Transversais expõe as inter-relações entre
os objetos de conhecimento, de forma que não é possível fazer
um trabalho pautado na transversalidade tomando-se uma
perspectiva disciplinar rígida. A transversalidade promove uma
compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento,
bem como a percepção da implicação do sujeito de conhecimento
na sua produção, superando a dicotomia entre ambos. Por essa
mesma via, a transversalidade abre espaço para a inclusão de
saberes extra-escolares, possibilitando a referência a sistemas de
significado construídos na realidade dos alunos (pág. 31).
74
A posição do Brasil dentre o 22 países de maior incidência da doença,
segundo a classificação da OMS, traz a importância da escola como espaço
formal de informação e divulgação sobre a patologia. Sendo assim, a pergunta 10
indagava se os professores já haviam abordado o tema nas suas aulas (figura 8).
Figura 8: A tuberculose já foi tema de suas aulas?
entrevistados.
A motivação dos professores quanto à importância de abordar sobre a
tuberculose foi avaliada na pergunta 11, porém, 56% dos professores afirmaram
que o tema só foi abordado porque faz parte da grade curricular e não por ser um
tema de relevância para a sociedade (tabela 11). Isso demonstra o
desconhecimento e despreparo dos docentes e a necessidade de mais cursos de
capacitação, nos quais temáticas mais atuais possam ser abordadas favorecendo
uma associação entre os tópicos abordados na escola e o cotidiano dos alunos. A
ideia atual é que o professor rompa os limites previamente estabelecidos para a
sala de aula e, assim, contextualizando a realidade, permita a inserção da
educação no movimento da sociedade, além de tornar as aulas mais atrativas.
75
TABELA 11: Em caso afirmativo, como ela surgiu em sua sala de aula?
Formas como a temática tuberculose surgiu em sala de aula
Faz parte do currículo
Não sei informar
Outra forma
Faz parte do currículo e a partir de dúvida dos alunos
Frequência
56%
22%
11%
11%
A íntima relação da doença com condições socioeconômicas precárias
torna relevante o conhecimento do professor e sua capacidade em contextualizar
com o meio social dos alunos. Assim, as bases que servem de fontes de
informação para uma abordagem capaz de causar mudanças neste cenário são
fundamentais. Entretanto, conforme resposta dos docentes para a pergunta 12, os
livros didáticos ainda servem como única fonte de informação (tabela 12).
TABELA 12: Onde você buscou material para subsidiar a sua aula?
Fontes de informação sobre a doença
Livros
Não sei informar
Profissionais de saúde
Nenhuma das respostas acima
Jornais, livros e profissionais de saúde
Frequência
33%
22%
11%
11%
11%
Diante das respostas apresentadas nos questionários dos alunos e dos
professores, pode-se concluir a existência de um desconhecimento dos primeiros
e despreparo dos segundos, respectivamente, no que concerne à realidade da
doença. Portanto, faz-se necessário a mudança conceitual da escola enquanto
espaço formador, para que o ambiente escolar e os professores assumam, de
fato, seus papéis de agentes transformadores e formadores de uma sociedade
mais proativa, capaz de atuar de maneira eficaz e assim colaborar com que a
redução nos índices da doença no Brasil.
76
CAPITULO IV
UM NOVO OLHAR SOBRE A TUBERCULOSE, A MISTURA DA
VISÃO POPULAR E DA VISÃO ACADÊMICA – O QUE A
POPULAÇÃO SABE? O QUE A POPULACÃO QUER SABER?
Assim, partindo do pressuposto de que a tuberculose ainda é uma doença
desconhecida da maioria dos indivíduos, postulou-se no início do projeto a
possibilidade de criação de uma revista em quadrinhos que serviria como uma
cartilha orientadora, contendo informações para divulgação e conscientização da
população.
Nas palavras de Kisse et al (2008, p. 286), a produção originada no
mestrado profissional tem aspectos abrangentes, pois:
(...) tal produto pode ser desenvolvido tanto para espaços formais
quanto não formais de ensino, mas, considerando a condição do
aluno como sujeito histórico social e partícipe do processo de
emancipação humana.
Já durante as palestras e após a avaliação da pesquisa, confirmou-se a
necessidade da criação de uma ferramenta que fosse idealizada pelos próprios
alunos e que divulgasse a doença, no caso, uma história em quadrinhos. Assim, a
sensibilização e participação de todos os envolvidos neste projeto era
fundamental, docentes, discentes e pesquisadores, contribuiriam para a formação
do produto educacional que por utilizar uma linguagem simples e objetiva poderia
ter seu uso estendido para a comunidade e não limitado ao ambiente escolar.
77
O trabalho desenvolvido no CIEP José Malaquias reuniu 114 alunos em
quatro encontros e no Colégio Estadual Mario Quintana 77 alunos em dois
encontros. O tempo da palestra variou de acordo com a participação dos alunos,
porém, a média de apresentação foi de uma hora. O interesse dos alunos sobre a
moléstia de forma geral foi satisfatória, porém, mais aprofundado naqueles que
conheciam alguém (familiar ou não) que teve a doença. Fato similar foi
identificado na pesquisa realizada pelo Fundo Global TB – Brasil em que esse
universo foi representado por 34% dos entrevistados, assim como quando os
dados epidemiológicos do município de Nilópolis foram apresentados e discutidos.
Ao final, percebeu-se o interesse dos alunos pela construção da história em
quadrinhos (produto educacional proposto por essa pesquisa), como também da
criação de outros modelos, tais como estilos musicais, paródias e encenações. A
ideia dessa produção por parte dos alunos servia tanto para avaliar a
compreensão dos alunos sobre as palestras trabalhadas, mas também para usar
essas produções como parte de um material instrucional de apoio para
professores e alunos, usando a linguagem própria do público alvo almejado,
favorecendo a recepção desse produto educacional.
Pode-se observar que o prazo estabelecido de 30 dias para a entrega do
trabalho pelos alunos representou um ponto negativo, pois os alunos acabaram
perdendo o estímulo. Também se pode notar a falta de incentivo necessário pelos
docentes. Neste quesito, pode ser citado o acontecido no CIEP José Malaquias,
em que ocorreu o extravio dos trabalhos entregues pelos alunos, durante
mudança de sala pela direção. Desta forma, o produto educacional foi
representado por um único trabalho proveniente do CIEP Mario Quintana, que foi
78
premiado conforme os critérios apresentados no início do projeto, assim como a
professora que orientou sua confecção.
Um ponto não pesquisado, mas identificado na fala dos alunos, é a falta de
perspectiva de vida, sendo representado em atitudes como o não uso de
preservativos, de capacete quando da direção de motocicletas, uso de álcool de
forma abusiva, entre outros, o que vale é o hoje, mais especificamente o
momento da ação. Nesse sentido, a perspectiva pode ser traduzida como a falta
de sonhos, de existir um amanhã. Esta percepção vai de encontro à entrevista do
jornal O Globo, intitulada “Os sem-sonho”, realizada em 05 de junho de 2010, com
a Secretária de Educação do Município do Rio de Janeiro, Claudia Costin. Para
Caruso & Freitas (2003):
A mera transferência de conhecimento, ou de informações, jamais
levará um sujeito a “sonhar com dias melhores”, a ter
perspectivas, a ousar e a criar o novo; poderia, no máximo, fazê-lo
tomar conhecimento do novo. Se devêssemos, então, propor um
único predicado para o ato de ensinar, diríamos ensinar é fazer
sonhar”, é levar a sonhar, levar a descobrir, a criar seu próprio
mundo (p. 3).
O foco final do projeto era permitir que os alunos experimentassem a
capacidade de sonhar e criar através de suas próprias realidades. Nesse
movimento, apesar da qualidade do trabalho apresentado pelo aluno do CIEP
Mario Quintana, a estória apresentada não refletia a realidade da comunidade.
A título de registro, as palestras foram filmadas, o que no decorrer do
trabalho começou a fomentar a ideia da possibilidade de produzir um instrumento
de ensino utilizando-se deste material, porém com características mais dinâmicas.
A inspiração que serviu de base para este modelo está relacionado à fonte onde
79
os alunos buscam obter informações acerca da tuberculose, que em sua maior
parte foi representado pelos meios de comunicação com destaque para a
televisão, confirmando sua posição como um dos principais veículos midiáticos.
Tal decisão nos permitiu ter a condição de partir para esse segundo plano de
ação no momento em que não foi obtido o número esperado de trabalhos de
alunos que comporiam o produto educacional inicialmente pensado. Assim, optouse pelo aproveitamento de algumas filmagens realizadas em sala de aula durante
a abordagem do tema e com a população do município de Nilópolis para a criação
de um vídeo educativo, onde a população foi convidada a expor seus
conhecimentos e dúvidas a respeito da doença. O professor de Audiovisual do
curso de Produção Cultural do IFRJ se associou ao projeto, desenvolvendo em
parceria um roteiro no qual estavam previstas as seguintes seções: respostas aos
questionamentos da população por um especialista, trechos das palestras e
esquete. O Professor Doutor Rodrigo Siqueira Batista, infectologista, professor da
Universidade Federal de Viçosa, foi o especialista convidado para participar desse
documentário.
Além da miscigenação do discurso popular e do discurso acadêmico, foi
adicionado um filme (esquetes), estilo cinema mudo, dirigido pelo professor Tiago
Monteiro, utilizando como atores alunos do curso de Produção Cultural do IFRJ,
criando, assim, um instrumento atrativo para ser utilizado pelos professores e
outros profissionais em espaços formais e não formais no ensino sobre a
tuberculose.
O documentário tem cerca de 15 minutos, sendo intitulado: “Tuberculose:
previna-se”. Cópias do mesmo serão feitas e distribuídas em escolas do
80
município, além de ser disponibilizado no site do IFRJ. O projeto da capa também
foi realizado através da parceria estabelecida com o curso de produção cultural.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da ideia de ser a escola importante elemento no processo de
promoção e educação em saúde, temos na visão de Fonseca (2008) o destaque
para o fato de que:
A escola hoje não é apenas um lugar de aprendizagem teórica,
mas também um espaço de vivências emocionais e sociais.
Convém admitir que uma forte prioridade deve ser destinada à
educação para a promoção da saúde no meio escolar, pois a
escola permite uma educação para a saúde consciente, regular e
sistemática parte o ensino e uma preparação para a vida (p.19)
Nesse sentido, a escola representa o espaço formal de ensino onde se
concentra um número expressivo da população, sendo fundamental sua
participação no processo de discussão de assuntos que afligem a sociedade. A
discussão de temas relacionados à saúde não pode se limitar ao eixo temático
relacionado ao processo de saúde-doença, e o livro didático como principal fonte
de informação, mas deve trazer à tona discussões que envolvem sua relação com
o ambiente e a sociedade, particularmente a vertente social.
O presente projeto de pesquisa teve por objetivo identificar o conhecimento
por parte dos alunos sobre a doença tuberculose. Após as palestras e análise dos
dados, observou-se que o desconhecimento continua sendo um dos grandes
problemas para o combate da doença, apesar de todas as ações implementadas
pelo Ministério da Saúde.
Os dados estatísticos da pesquisa realizada nas escolas estaduais do
município de Nilópolis puderam ser comparados aos dados de pesquisa realizada
82
pelo Fundo Global TB – Brasil no ano de 2010, o que confirmou a falta de
informação sobre a doença pela população em geral.
Ambas as pesquisas convergiram e resumiram-se a um ponto em comum
representado pela falta de informação, que dada à importância da situação
necessita urgentemente ser corrigido. Neste cenário, mais uma vez a escola
ganha espaço, pois é o local onde transformações são possíveis.
A estrada que leva à mudança de consciência é longa, porém, o presente
trabalho espera auxiliar o Brasil no cumprimento das metas estabelecidas com o
Fundo Global, ajudado por uma população capaz de realizar uma análise crítica
de suas atitudes e condições de vida.
Trazer a informação é fundamental, mas alcançar o conhecimento é
condição primordial, assim é essencial que os professores entendam que não
basta
apenas
afirmar
que
abordam
os
temas
transversais
de
forma
transdisciplinar, mas há necessidade de fazê-lo efetivamente, pois na visão de
Nicolescu (1999:46 apud Silva & Silva 2005):
A transdisciplinaridade, como prefixo “trans” indica, diz respeito
àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das
diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é
a compreensão do mundo presente, para o qual um dos
imperativos é a unidade do conhecimento (p.1)
Ressalta-se que ao confrontar o cenário atual da doença com a concepção
do professores pesquisados (tuberculose como simples conteúdo da grade
curricular) é desconhecer a sua importância, desmerecer todo o esforço mundial
no controle dessa enfermidade e menosprezar o trabalho brasileiro para este fim.
83
Este trabalho, assim como outros, tem por objetivo ser mais um instrumento
na luta contra uma doença curável, mas que ainda acomete grande parte da
população mundial. Com base nos dados da pesquisa e no retorno obtido junto
aos alunos nas palestras, deu-se a importância da proposta da confecção do
produto educacional, tipo documentário, que deve ser destacado no sentido do
mesmo retornar para a sociedade, deixando o espaço acadêmico, e ser usado
com fonte de trabalho para os professores e profissionais que lidam com
educação em saúde.
84
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92
ANEXO 1
93
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS
Este questionário busca identificar seu conhecimento, ou não, sobre a doença
tuberculose. Não se preocupe caso não saiba respondê-lo, pois muitos também
não sabem por isso sua participação é tão importante nesse trabalho. Obrigado.
1) Alguém já falou sobre tuberculose com você?
( ) sim
( ) não
2) Você já buscou informações sobre a tuberculose?
( ) sim
( ) não
3) Quais foram as fontes de informação utilizadas?
( ) jornais (
) revistas (
) livros (
) amigos (
) televisão ( ) profissionais
de saúde ( ) nenhuma das anteriores
4) Qual o agente etiológico causador da tuberculose?
( ) Sthalycoccus aureus
pneumoniae (
(
) Pseudomonas aeruginosa
) Bacilo de Koch (
(
) Klebsiella
) Escherichia coli ( ) não sei informar
5) Qual o nome da vacina utilizada na infância como profilaxia das formas graves
da doença?
( ) ATT ( ) Dupla adulto ( ) BCG ( ) MMR ( ) Tríplice ( ) não sei informar
6) A forma de transmissão se dá através de que via?
( ) urinária ( ) digestiva ( ) respiratória ( ) vascular ( ) não sei informar
7) Quais são os sintomas mais comuns da tuberculose?
( ) emagrecimento, espirro e febre alta ( ) dor de cabeça, dor nos olhos e febre
( ) febre verpertina, emagrecimento e tosse com hemoptoicos ( ) febre, dor na
nuca e dor no corpo ( ) não sei informar
8) Qual (is) o (s) exame (s) mais comumente utilizado (s) para o diagnóstico de
tuberculose?
( ) exame de urina ( ) exames fezes ( ) telerradiografia de tórax ( ) PPD
94
( ) não sei informar
9) Quais são os fatores predisponentes associados à tuberculose?
( ) desnutrição ( ) diabetes ( ) etilismo ( ) hipertensão arterial ( ) tabagismo
( ) não sei informar
10) Você conhece ou conheceu alguém que já teve tuberculose?
( ) sim ( ) não
11) As pessoas com tuberculose devem ser afastadas do seu convívio social
enquanto estiverem doentes?
( ) sim ( ) não ( ) não sei informar
12) Você conhece as ações desenvolvidas pelo ministério da saúde no combate a
tuberculose?
( ) sim ( ) não
95
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE FORMAÇAO E DIFICULDADES DO
PROFESSOR DE CIÊNCIAS
1) Formação do professor:
( ) Graduação ( ) Pós-graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Livre
docência
Tempo de formado_________________________________________________
2) Tempo de atuação como professor de ciências
( ) < 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) > 21 anos
3) Tempo de atuação na escola
( ) < 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) > 21 anos
4) Além do livro didático quais outros instrumentos você utiliza?
( ) leitura de textos ( ) seminários ( ) laboratório ( ) visitas a espaços não
formais ( ) filmes ( ) internet
5) Você realiza discussões de temas atuais?
( ) sim ( ) não
Quais?____________________________________________________________
6)
Quais
as
dificuldades
que
você
encontra
no
ensino
de
ciências?__________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
96
ANEXO 4
97
Figura 9: Boletim de Pneumologia Sanitária – Vol 7, nº 1 –Jan/Jun - 1999
98
ANEXO 5
99
100
ANEXO 6
101
102
103
104
105
106
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