2007 - Biblioteca do Exército

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ASSISTÊNCIA TÉCNICA
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Bandas Militares e Militarizadas
Conservatórios de Música, Escolas
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Sumário
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
N." 4 - T Série - Março 2007
2
Editorial de Sua Excelência
O Chefe do Estado-Maior do Exército
3
Mensagem de Sua Excelência
General Luis Valença Pinto
4
Testemunho
5
Prefácio
7
Concerto
11
Entrevista com Jorge
Almeida, Juiz de Direito
16
Ciclo das Bandas Militares no
Exército Português
22
Grandes Compositores
Orquestra de Sopros
25
O Contrabaixo
32
A Arte de Respirar
36
Entrevista
43
Músicos Militares Notáveis
45
Realização de "MasterClass" na
Banda Sinfónica do Exército
47
Notícias
51
Cursos de Música Ministrados
pela Banda Sinfónica do Exército
Propriedade
Exército Português
Director
Direcção de Serviços de Pessoal
José Carlos Mendonça da Luz
Major-General
Director Executivo
Chefe Titular da Banda Sinfónica
Manuel Joaquim Ferreira da Costa
Capitão Chefe de Banda de Música
Coordenadores
João Fernando Afonso Sousa Cerqueira
Capitão Chefe de Banda de Música
Jorge i\ lanuel de Oliveira Lopes
Sargento- \judante Músico
João Pedro Lopes Rafael Azevedo
1° Sargento Músico
Redacção e Administração
Regimenro de vrtilhana Antiaérea N." I
Banda do Exército
I.argo do Palácio
2745-191 QuELUZ
Tel. 21434:)480
I-ax: 214343483
Site: www.excrciro.pt
Edição de Fotografia
Jorge Manuel Domingos Velcz
Sargento \Judante \fúSICO
Paginação Electrónica
Jorge \ l.inuel de Oliveira Lopes
S'lrg1l1ro Ajudante MUSICO
Impressão
OU,GARIO
FERN.\NDES
- \RTLS GR.\FlC \S, S. \.
Zona Industrial do Alto do Colancle
\panado 51
27')6-!)OI C.\( I~'l\l
Tclefonc214:)281
-lI)
l'ax214,)2814!)
RDIS 214328142
l.mail:<.legariofernand(amail.rc1epac.pt
Depósito Legal
1692.')6/01
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Tiragem
I-xcmplarcs
Periodicidade
\nual
Capa: vnrónio
Primavera
de
com Sérgio Carolino
COSt.l
Dirccçao de Serviços de Pessoal
(h .trllgos da prl"!'l..'nlc..'public.içno c pnllll'm ;\ opilll;'\o do~
seus autores c.: n.io nn"l'ssan.tml.'nn.: () pOnlO de.: \ "t:l ofin ..tl da
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Editorial
".
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com particular satisfação que, no inicio das minhas funções como Chefe do
Estado-Maior
valiosíssimo
do Exército, saúdo a Banda Sinfónica do Exército pelo seu
contributo
para a imagem do Exército
e para a dignificação do
cerimonial militar.
Estou ciente do elevado prestígio já alcançado, quer pela excelência do trabalho
desenvolvido, quer pela constância e dinamismo
onde
tem participado,
assim como
colocados nos múltiplos actos
do grande
número
de reconhecimentos
recebidos, incluindo de Sua Excelência o Presidente da República, do Comando do
Exército e de diversas entidades civis. Tenho presente o enorme virtuosismo
e
sensibilidade musical dos elementos da Banda e as suas distintas características de brio, aprumo e garbo.
Por outro lado, estou também convicto de que só foi possível alcançar este nivel através do enorme
empenho e profissionalismo
de todo o pessoal que serviu e serve na Banda do Exército, aliado a um
contínuo trabalho de formação e de treino, bem como de uma sensata mas, simultaneamente,
audaciosa,
renovação do reportório musical. Só com esta conjugação de factores é possível manter e/ ou aumentar o
vosso desempenho.
É por isso que vos encorajo a darem continuidade ao muito profícuo trabalho e aos elevadíssimos
padrões
de qualidade alcançados,
compromete-se
que são no fundo
os cânones
da nossa instituição.
O Exército
a tudo fazer para continuar a assegurar as condições necessárias para o prosseguimento
desse desígnio.
Lisboa, 21 de Fevereiro de 2007
2
o CHEFE
DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
JOSÉ LUIS PINTO RAMALHO
GENERAL
__________
Boletim da Banda Sinfónica do Exército ---------
Mensagem de Sua Excelência General
Luis Valença Pinto
Ao longo de mais de três anos, como Chefe do Estado-Maior
testemunhar
o extraordinário
virtuosismo
do Exército, tive o grato prazer de
e brio da Banda Sinfónica do Exército, reflectido
no
brilhantismo que transmite às muitas cerimónias e actos militares, assim como aos festivais e concerto
públicos em que tem actuado por todo o País, tanto para os militares como para a sociedade civil.
Muito me apraz também salientar a forma muito eficaz como a Banda Sinfónica do Exército soube
tirar partido das recentes transformações
operadas no Exército, para acrescentar um ainda maior
profissionalismo musical e assumir mais audaciosos desafios. Os magníficos concertos comemorativos
do V Centenário
da Irmandade
da Nossa Senhora da Saúde e de S. Sebastião, dos 250 anos do
Terramoto de 1755 e da Reconstrução de Lisboa e dos Dias do Exército, e ainda os da "Primavera",
são exemplos que, estou certo, perdurarão
oportunidade
na memória
dos muitos participantes
que tiveram a
de apreciar a cuidada escolha dos temas musicais, a enorme sensibilidade de execução e
os distintos traços de garbo, aprumo e de motivação, que espelham e que são tão próprios dos militares.
Os excelentes desempenhos
múltiplas vezes, reconhecidos
da Banda Sinfónica do Exército e a sua singular conduta foram, por
pelo Comando
do Exército,
o que fundamentou
a proposta
que
determinou a recente atribuição da medalha de ouro de serviços distintos por decreto de Sua Excelência
o Presidente da República. Reconhecimento
análogo foi feito por diversas entidades civis.
Neste sentido, não só, uma vez mais, congratulo
todos os elementos da Banda Sinfónica do
Exército, como vos exorto a continuarem os vossos relevantes e distintíssimos serviços e a manteremse assim como muito dignos representantes
da imagem do Exército, da arte e da cultura.
Lisboa, 29 de Novembro de 2006
LUIS VALENÇA PINTO
GENERAL
__________
Março 2007
_
3
'Tcsrcrrrurrb o
orno Comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea n° 1 (RAAA1) considerome uma testemunha privilegiada do trabalho desenvolvido pela Banda Sinfónica do
Exército (BSE), do qual este quarto número da Eurídice, seu órgão de informação
e divulgação, constitui mais uma prova do dinamismo e da vitalidade de um grupo de militares
a quem o Exército muito deve em termos de imagem da instituição e da dignidade do
cerimonial militar.
,
Como Artilheiro e como Comandante da Unidade que alberga a BSE, penso que a
Eurídice constitui um instrumento importante para auxiliar os leitores menos ligados ao meio
musical em geral e à BSE em particular, a entenderem melhor o intenso trabalho desenvolvido
ao longo do último ano, o profissionalismo imposto em todos os múltiplos actos, desde a
formação a cerimónias militares, passando por concertos e outras actuações realizadas em
vários pontos do País.
A BSE, que se encontra na dependência da Direcção dos Serviços de Pessoal e que tem
como Chefe Titular o Capitão Ferreira da Costa, tem contado com o apoio administrativo-logístico do Regimento de
Artilharia Antiaérea n° 1, mas também com o reconhecimento de todos os militares que servem o Exército na Artilharia
Antiaérea, reconhecimento que se traduz na imagem de uma sub-unidade militar que está sempre em combate; pela
dignidade do cerimonial militar, pela formação de novos militares, pela alegria que transmite aos militares e civis que a
escutam, pela divulgação da cultura por todos os cantos do Exército e do País, e pelo prestígio da instituição que
devotadamente serve.
Como reconhecimento de todas as acções que vem desenvolvendo nos últimos anos, a BSE foi recentemente agraciada
com a medalha de ouro de serviços distintos, no concerto (de Gala) da primavera que teve lugar no Palácio de Queluz, facto
que também foi motivo de orgulho para os camaradas do RAAA1 que com "ela" convivem diariamente. Para além de
inúmeras participações em cerimónias militares, vários concertos de grande impacto marcaram o último ano da Banda
Sinfónica Exército e do seu Grupo de Música de Câmara. Sou testemunha e actor privilegiado da formação contínua que a
torna numa verdadeira Escola Prática das Bandas e Fanfarras.
Numa altura da Transformação do Exército, em que as restrições orçamentais imperam, fazemos votos para que o
Exército continue a cuidar da sua Banda como um instrumento importante de divulgação dos seus valores e da sua missão.
O RAAA1 e todos quantos nele servem, continuará a dar todo o apoio à BSE nos moldes que for superiormente
determinado, mas sempre com a compreensão de que "a cultura de uma instituição não se mede em euros, mas em valores,
nem sempre perceptíveis mas que perduram no tempo".
Em nome dos Artilheiros que acolhem a BSE neste Palacete da Arcada em Queluz, os meus sinceros parabéns pela
qualidade do trabalho desenvolvido, pela criatividade e pela inovação imposta em todas as suas actuações, mas também pela
permanente dedicação e empenho de militares que também são artistas ....
4
Quartel em Queluz, 18 de Março de 2007
o COMANDANTE
JOÃO JORGE BOTELHO VIEIRA BORGES
CORONEL DE ARTILHARIA
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Prefácio
II
I
ais um ano que passa e uma vez mais trazemo~ até vós com muito empenho e
entusiasmo, o boletim de informação "EURIDICE" da Banda Sinfónica do
Exército.
Na qualidade de Chefe Titular da Banda Sinfónica do Exército cabe-me dar uma
palavra de apreço a todos os militares da Banda, e em particular ao grupo de trabalho
que ao longo do ano prepara este boletim que, com abnegação e espírito de bem servir
tornam possível trazer ao prelo este exemplar, bem como aos nossos patrocinadores, que
uma vez mais se identificaram com este nosso propósito de divulgar a música do
Exército.
O boletim destaca-se cada vez mais no panorama nacional, uma vez que não
abundam as publicações do género, sendo pioneiro no seio das Bandas militares
portuguesas. Com a publicação da quarta edição são atingidas uma maturidade e um
Knoiu-Hoiu importantes que se devem manter, pois o boletim torna-se um meio essencial
para dar a conhecer não só a actividade da Banda Sinfónica do Exército, como também
alguns aspectos menos conhecidos da nossa missão dentro do Exército.
O ano transacto foi profícuo em acontecimentos, nomeadamente no que concerne a dotar a Banda Sinfónica do
Exército com efectivos e capacidades musicais que lhe confiram capacidade sinfónica e a habilitem a desempenhar
condignamente as missões de representação do Exército. Se na vertente de efectivos este propósito foi alcançado com
sucesso, através da admissão de sargentos contratados para as vagas de Violoncelo e de Contrabaixo, já no plano das
capacidades musicais existe ainda um longo caminho a percorrer, sobretudo na aquisição e renovação do instrumental
necessário a este tipo de agrupamento sinfónico. Todavia tenho plena consciência que todo o esforço será dispendido
pelas chefias com o intuito de dotar a sua Banda representativa com os meios necessários a este fim.
Inúmeras actividades tiveram lugar desde a última edição da "EURÍDICE ''. Os Cursos de Formação e de
aperfeiçoamento seguiram a programação prevista. O Concerto de Primavera no Palácio Nacional de Queluz, o
Concerto de Gala do Exército no Teatro Garcia Resende em Évora e inúmeros concertos para as mais variadas
entidades civis. Porém, gostaria de realçar o Concerto de Natal promovido pela Real Irmandade da Nossa Senhora da
Saúde e S. Sebastião, que teve lugar na igreja de S. Domingos, onde a Banda Sinfónica do Exército, dirigida pelo seu
Chefe Titular Capitão Ferreira da Costa, em colaboração com o Coral Lisboa Cantat, sob a direcção do maestro Jorge
Alves, levou a cabo a execução do Requiem de W A. Mozart, inserido nas comemorações dos 250 anos do seu
nascimento. Foi um momento de particular importância, pois a formação da Banda conseguiu adequar-se à execução
deste tipo de obras, o que nos conduziu a um trabalho intenso de adaptação à especificidade deste repertório, bem
como pelo prazer, pela motivação acrescida de se poder tocar nesta Banda a música de um dos maiores génios musicais
de todos os tempos com um Coro de elevadíssima qualidade.
Aos nossos leitores e ouvintes um grande bem-haja, pois eles são a razão de ser da nossa actividade e conferemnos um forte estímulo para continuarmos a fazer mais e melhor.
Quartel em Queluz, 18 de Março de 2007
o CHEFE
TITULAR DA BANDA SINFÓNICA
~
-/2~
- ?~~ ~-çq_.
DO EXÉRCITO
-
MANUEL JOAQUIM FERREIRA DA COSTA
CAPITÃO CHEFE DE BANDA DE MÚSICA
__________
Março 2007
_
_5__
-11
,
USSOlllUSlCa
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MUSICAIS,
Lo"-.
"Russobiúsica é lima empresa jovem especializada em
instrumentos de Sopro e percussão com vasto conhecimento
110 área das Bandas Filarmónicas.
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Concerto de Pritnavera
Artigo elaborado pelo 10 Sargento João Azevedo
Fotografia António Costa
"Desde a minha infância, sempre me despertaram interesse as antigas civilizações, povos e suas culturas. Na
mitologia, acima de todas as outras, foram a grega e romana, as duas que maior espanto e admiração, em mim, me
suscitaram. «Mars», ou Marte, era o deus da guerra violenta,filho de Juno, de quem cultivou o mau génio e a ambição
arrogante. Em «Mars, Bellorum Dominas» (1v1arte,o Senhor das Guerras), são retratados alguns episódios mitológicosdo
Deus numa perspectiva, como nãopodia deixar de ser, musical. Desde as suas paixões com a deusa Vénus até à batalha
do cercode Tróia, não deixando jamais de ser sempre acompanhadopelos seusfilhos «Hob«:» e «Deim«:» (representados
pelo flautim epelo contrafagote) que o acompanhavam para a guerra. Pela minha arte, se é que sepode chamar de arte,
tento levar a banda a retratar cenários,personagens e sentimentos. «Mars», a primeira de uma dúzia de fantasias,
simboliza uma banda sonora dum filme que só existe na minha cabeça.))
Rui Rodrigues, sobre Mars, Bellorum Dominus
7
11
m30 de Maio de 2006, pelas 21.30 horas, a
Banda Sinfónica do Exército levou a efeito
o tradicional Concerto de Primavera. O
evento, como é habitual, realizou-se na Sala do
Trono do Palácio de Queluz e a assistir
encontravam-se, entre outras Altas Entidades, o
Chefe de Estado-Maior do Exército, General
Valença Pinto, o Secretário de Estado da Defesa
Nacional e Assuntos do Mar, Doutor Mira Gomes,
o Secretário de Estado da Cultura, Professor
Doutor Mário Vieira de Carvalho (Musicólogo),
__________
antigos CEMEs, bem como outras entidades
militares e civis.
Do programa apresentado constaram cinco
obras musicais, alinhadas pela seguinte ordem:
Março 2007
1 - Convite à Valsa
Karl Maria von WEBER (1786-1826)
2 - Fantasia para Fagote
Francisco A. N. dos SANTOS PINTO (1815-1860)
Solista - SAJ LUÍS CORREIA
3 - MARS, BeUorum Dorninum (1' Audição Absoluta)
RUI RODRIGUES (1988)
4 - Miss Saigon, A Symphonic portrair
A. BOUBLIL (1941), Claude-Michel SCHOENBERG (1944)
5 - AFRICA - Ceremony, Song and Ritual
ROBERT W. SMITH (1958)
_
o concerto, gue culminou com o 18° aniversário da
Banda Sinfónica do Exército, foi dirigido sob a batuta do
Chefe Titular Maestro Capitão CBMus Ferreira da Costa,
e constituiu mais um ponfo alto de desernpenhoda BSE,
num espectáculo de ímpar beleza, não só pela qualidade
da execução musical, mas também pelos acontecimentos
e factos gue iriam marcar esta noite como memorável.
Na primeira parte do programa, de destacar, a obra
intitulada Fantasia para Fagote, gue foi recuperada pelo
SAJ Luis Correia, a partir de um manuscrito existente na
Biblioteca Nacional, Data de 1847, tendo sido inspirada
em temas da ópera de Donizetti Robert Devereux
8
(prerniêre: Nápoles, 29-10-1837) e apresentada no Teatro
de S. Carlos em 13 de Julho de 1838 e na temporada de
1844-45. A apresentação a solo, do SAJ Luis Correia e
desta obra, ficou a dever-se às provas finais de mestrado
do referido militar, sendo o primeiro militar das Bandas
do Exército a atingir este grau académico. Por este motivo
encontrava-se presente o júri constituído por: do
Departamento de Musicologia da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o
Professor Gerhard Doderer, gue honrosamente
já
publicou um artigo no nosso Boletim Eurídice, o
Professor Doutor João Soeiro de Carvalho e a Professora
Doutora Luísa Cymbron; da Escola Superior de Música
de Lisboa, a Ex.ma Sr.' Directora Cremilde Rosado
Fernandes, o Maestro Vasco Pearce de Azevedo (membro
do Júd do Concurso de Composição General Firrnino
Miguel) e o Professor José Massarrão.
A finalizar a primeira parte, sucederam dois
momentos únicos e ímpares.
Em primeiro lugar a estreia e 1a audição absoluta da
obra vencedora do Concurso Nacional de Composição
"General
Firmino
Miguel" - MARS,
Bellorum
Dominum,
promovido
pelo
Estado-Maior
do
Exército/Banda
Sinfónica
do
Exército. Inspirada
na mitologia grega
foi composta por
Rui
Rodrigues
nascido em 1988 e
residente
em
Óbidos.
Em
segundo
lugar, decorreu a
cerimónia
de
condecoração
e
entrega da Medalha
de Ouro de Serviços
Distintos à Banda
Sinfónica do Exército, atribuída por Sua Excelência O
Presidente da Republica, Doutor Jorge Sampaio. Este
galardão, entregue pelas mãos do Chefe de Estado-Maior
do Exército, General Valença Pinto, constitui a mais alta
distinção gue a BSE auferiu ao longo da sua breve
existência. A concessão foi justificada pelo contributo
militar relevante e extraordinário, e pelos actos notáveis,
gue ao longo destes anos resultou, em honra e lustre para
a Pátria.
0$
A finalizar o nosso concerto, foi atribuído o Prémio
ao Compositor Rui Rodrigues. Este iniciou os estudos
musicais aos 8 anos com o professor João Baltazar,
ingressando posteriormente no Conservatório de Caldas
da Rainha na classe da professora Henriqueta Gonçalves.
Participou nas 8" e 9" Edições da Semana Internacional de
Piano em Óbidos, nos r, 8° e 9° Cursos de Verão Jovens
Músicos das Caldas da Rainha, na classe de Violoncelo, e
em cursos organizados pelo INATEL, como executante
de Percussão e Regente. Em 2004, deslocou-se à cidade
de Tangôlviste, na Roménia para a 8" Edição do "Festival
W. A. Mozart", na área de Piano, tendo sido laureado com
uma menção
honrosa.
Venceu o Concurso
de
Composição "Hinos" do Município de Leiria e o Prémio
Especial de Jovens Compositores
no Concurso de
Composição para Banda Filarmónica "Maestro Silva
Dionísio".
Actualmente
frequenta
o
Curso
__________
Complementar
de Piano na Escola de Música de
Santarém
e o Curso Básico de Violoncelo
no
Conservatório
de Caldas
da Rainha.
É ainda
percussionista
na Banda da Sociedade Musical e
Recreativa Obidense e pianista na Orquestra Ligeira da
mesma Sociedade, para as quais compôs várias obras.
Preconizando um dos objectivos basilares da Banda
Sinfónica do Exército,
o Concurso
Nacional
de
Composição "General Firmino Miguel" visou promover,
fomentar e valorizar a escrita musical para a BSE,
honrando e homenageando
a memória do General
Firrnino Miguel, principal responsável pela criação da
Banda representativa
do Exército. De salientar o
significativo número de concorrentes, de vários pontos
do país, promovendo o aparecimento e o reconhecimento
público de novos talentos na área da composição.
Por fim, Sua Ex: o General CEME dirigiu-se a todos
os presentes e para brindar tais
palavras, a Banda do Sinfónica
Exército, interpretou um encore Marcha Patrono do Exército de
Joaquim Liuz Gomes (1914). À
saída foi distribuído
o terceiro
exemplar do Boletim Eurídice,
procedendo-se
assim
ao seu
lançamento oficial.
Estes
e outros
momentos
constituem
factos
históricos
marcantes, que nos enchem de
orgulho por pertencermos
a tão
prestigiada Instituição Militar, com
séculos de história que remontam á
criação da nossa Pátria, o Exército
Português.
Março 2007
_
9
Entrevista com Jorge Almeida,
Juiz de Direito do Tribunal Judicial de Ourém
Entrevista realizada pelo Sargento-Ajudante Jorge Lopes
e pelo 10 Sargento João Azevedo
Fotografia Sargento-Ajudante Jorge Velez
Pertenceu aos quadros da Banda Sinfónica do Exército como r Flauta Solista, mas
curiosamente, foi o Exército que lhe mostrou os caminhos da lei e o "condenou" à
magistratura. Entre concertos e muitas noites em claro, trilhou um árduo caminho para
conquistar o seu sonho. Uma década depois, de ter trocado as notas de música pelas leis, o
Dr. Juiz Jorge Almeida é um dos espectadores mais atentos que a Banda tem.
11
Eurídice: Como despertou para a música
qual foi o seu percurso na mesma?
e
Juiz Jorge Almeida: A minha vida na música começa
antes de me aperceber da música e da minha própria
vida. O meu pai é urna pessoa iletrada em termos
musicais, mas sempre foi uma pessoa extremamente
musical. Quando se senta ao piano consegue tocar
música, músicas que apanha de ouvido, e pelo gosto
que tem e pela abordagem que faz á mesma consegue,
de facto, interpretá-las. Convivendo com este
ambiente, empre fui habituado a uvir música. Os
reflexos da postura do meu pai perante a música,
levam-me, c m três anos de idade, a aprender piano
Com a Pr fessora Manuela Tamagnini em Tomar.
om cerca de cinc u eis anos fui pela primeira vez
__________
à Fundação Calouste Gulbenkian tocar numa festa de
Natal. Recordo-me desse episódio como se fosse hoje,
porque o banco do piano não tinha a extensão
suficiente para estar cómodo, e colocaram uma lista
telefónica por cima do banco para facilitar o meu
acesso ao piano. Posteriormente, continuei a estudar
piano com o Professor Coelho, também em Tomar e
subitamente, dá-se um factor que me leva a estar uns
anos sem ter nenhuma ligação á música. Esse factor
ficou a dever-se à excessiva pressão que o meu pai
causava em mim, ao nível do estudo da música. Como
não existia uma atitude pedagógica por parte do meu
pai, no sentido de eu buscar a música, e não a música
ser-me imposta, isso levou-me a que no extremo,
criasse um certo fenómeno de rejeição e que me levou
a não tocar música.
Março 2007
_
segunda parte do CFS,
onde permaneci até
findar a minha vida
militar e musical no
Exército.
12
Quando surge a flauta transversal e a sua ligação
às Bandas Filarmónicas?
Mais uma vez por iniciativa do meu pai, e como as
minhas irmãs também já frequentavam a Sociedade
Filarmónica Gualdim Pais, começo a tocar flautim na
Banda da Sociedade com os meus cinco anos. Na altura
começava-se pelo flautim e depois passava-se para a flauta,
e passei para a flauta com nove anos, mas continuando,
paralelamente, com o piano. Além de toda esta actividade
musical, conjugava também os estudos normais. O meu
percurso na escola não era particularmente brilhante,
porque a minha abordagem às matérias era um pouco
dispersa, mas penso que gostava de fazer aquilo que me
dava prazer, e a música dava-me muito prazer. Em
determinada altura, com os meus dezoito anos, coloquei a
possibilidade
de enveredar
pela música em jeito
profissional.
Os meus pais não eram pessoas
particularmente abonadas e desde muito cedo tive a
perfeita noção de que parte do meu percurso de vida teria
que ser eu próprio a sustentá-lo.
Como foi a sua passagem pela Exército?
Em 1984, com dezoito anos ingresso no Exército em
Tomar, integrado numa companhia de instrução e já com
destino à Banda de Música da Região Militar Centro em
C~imbra onde estive até 1986. Em Outubro desse mesmo
ano, marchei para o RIP no Porto para frequentar o 15°
Curso de Formação de Sargentos. No ano seguinte venho
para Lisboa, para a Banda do Exército, frequentar a
Que
raízes
ficaram
da
sua
passagem
pela
Banda Sinfónica do
Exército?
As instituições são
realidades dinâmicas e
o que hoje existe em
substância é o mesmo,
mas as instituições
não existem por si só
e são compostas por
pessoas que lá estão a
cada momento.
O
Chefe Adjunto
da
Banda Sinfónica do
Exército é meu amigo
pessoal há mais de
vinte anos. Tenho
variadíssimos amigos
e seria injusto para
alguns
enumerá-los
porque poderia esquecer-me de algum e não quero
cometer essa indelicadeza, mas as raizes estão lá. Não é em
vão que se passam 14 anos a partilhar muitas situações de
vida, com um grau de envolvimento muito grande. Existe
uma diferença muito substancial entre trabalhar num
escritório e fazer um trabalho autón mo, como tocar
numa Banda profissional, em que se comunga uma
partilha e uma experiência muito maior entre as pessoas,
por que o trabalho não resulta isolado, resu.lta na
conjugação com todos os outros. As raizes são multas, os
amigos são muitos e com as limitações de tempo e a
distância a que nos encontramos uns dos outros, tentamos
vastas vezes superar as barreiras físicas e temos
conseguido. Existem muitas referências do passado que
nunca quero esquecer.
A disciplina implicita na carreira militar influencia
e ajuda-o no desempenho das suas actuais funções?
Sem dúvida. Quem passou pelo Exército ou por
qualquer ramo das Forças Armadas sabe q~le.os ~orári.os
não se discutem, cumprem-se, e essa disciplina e muito
importante. É uma exigência que temos de ter em relação
a nós próprios e deverá ser tanto maior quanto menos for
controlada. A minha passagem pela instituição militar foi
acima de tudo formativa em múltiplos aspectos: ao nível
da personalidade, ao nível dos valores, entre outros. Obtive
benefícios óbvios e evidentes, benefícios que ainda
continuo a colher nos mais variados aspectos da minha
vida profissional.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Há quem compare o palco à barra do tribunal.
Agora que já experimentou os dois lados, considera
que sempre que um músico realiza um concerto está
a ser julgado e que no fim existe uma sentença?
Não tenho a mínima dúvida clisso. O exercício de julgar
tem aspectos cénicos, quer pelo ritual inerente ao acto de
julgar, quer pelo vestuário que se usa na sala de aucliências,
quer pela condução dos actos que implica uma clirecção do
Juiz a quem compete nos termos da lei do processo civil e
penal a condução dos actos de audiência, e existe uma
analogia muito próxima deste exercício e a actividade de
um músico. Basicamente acaba por ser a mesma coisa ... se
um Juiz não clisser nada, a sentença não realiza. Se o
Maestro não levantar a batuta, não se passa rigorosamente
nada. Existe um paralelismo muito grande entre estes dois
actos, e quer na actuação como Juiz, quer na actuação
como solista, a sentença, como clisse e bem, é logo passada
ali. Acima de tudo, para o músico, é o momento. Se um
Juiz não apreciou bem um requerimento, pode sempre
emendar.
Os
códigos
contemplam
mecanismos
processuais que permitem salvaguardar essas situações,
enquanto que com um músico não. Se a nota saiu mal, se
o trecho não foi bem executado, não há forma de voltar
atrás e esgota-se naquele preciso momento. Para um
músico não existe recurso possível, não se pode voltar
atrás.
Como foi conciliar as notas de música durante o
dia e as leis á noite?
Muito complicado ... mas mesmo muito complicado.
Estava de manhã no Exército, á tarde ia para o
Conservatório ter aulas e á noite para a faculdade estudar.
Isto foi um percurso que vi, muito rapidamente, que não
conseguma manter.
ão era minimamente exequível, e
nes a altura já estava casado. Era manifestamente
impossível. Aí dá-se o ponto de decisão em que eu
"abandono" a música. Vejo que não consigo conciliar tudo
e após ter entrado para a faculdade, começo a obter
classificações que de alguma forma me acalentaram a
esperança
que poderia ter um futuro que seria
correspondente
aquilo que eu ansiava. Tive de fazer
opções, com sacrifício de umas em detrimento de outras.
No ano lectivo de 91/92 abandono o Conservatório e
continuo no Exército, porque era um compromisso
pessoal e profissional defender os meus interesses e os da
instituição que na altura representava, que me pagava o
ordenado e que era quem me garantia o meu sustento e da
minha família. Optei por continuar a desempenhar as
minhas funções e continuar a fazer o curso de direito.
Como surge o interesse pelas leis e pela justiça?
O interesse surge por três razões de origem
sentimental e uma de origem pragmática. As três causas
próximas que concorrem de alguma forma com o meu
interesse são: uma irmã que cursou direito em Coimbra em
1984, a professora Inês Monteiro, licenciada em clireito
também pela Universidade de Coimbra, e o Professor José
Soares, na altura militar da Força Aérea na situação de
reserva. A minha actividade como músico levou-me a
ingressar neste círculo de amigos, e formamos, juntamente
com alguns parceiros, uma cooperativa musical, ao abrigo
do cócligo cooperativo, cooperativa essa que assumiu o
nome de Academia de Música de Tomar (AMT). O
contacto com o José Soares, a Inês Monteiro, e com a
minha irmã, e o curso formação de sargentos, como causa
pragmática, onde abordei pela primeira vez algum texto
legal, como por exemplo o cócligo de justiça militar e o
RDM, juntamente
com as três razões de origem
sentimental, levaram-me a trilhar de alguma forma o
percurso das leis. Estas são as causas próximas, conjugadas
com um interesse que eu senti. Sempre gostei muito do
debate de ideias, da atitude clialéctica em relação ás coisas.
Sempre senti interesse por tudo o que cliz respeito á
filosofia, tudo o que diz respeito á análise politica nas suas
múltiplas variedades em que o clireito, de uma forma ou de
outra, está claramente no plano de interferência.
13
Março 2007
E o interesse pela magistratura?
Quando termino a licenciatura em direito sou
confrontado com uma realidade estranha.
ão podia,
enquanto militar, fazer o estágio de advocacia porque havia
uma incompatibilidade muito substancial. Sempre procurei
fazer o curso bem feito e tive consciência disso. Assumi
para mim próprio, que tinha de fazer um curso diferente.
Daí que tenha optado por imprimir um cunho muito
pessoal e procurei valorizar-me muito, tentando sempre
ser, senão o melhor, pelo menos dos melhores em cada
disciplina e em cada ocasião. E quando conclui o curso,
também era muito claro que tinha alcançado aquilo que me
era licito sonhar. Na altura em que sou confrontado com a
opção da magistratura, pensei que se já tinha passado tanto
e já tinha estudado tanto, então a opção natural seria o
Centro de Estudos Judiciários (CEJ) porque me permitiria
continuar a auferir vencimentos, sem implicar um
transtorno de ordem económica. Enquanto auditor de
Justiça seria remunerado, permitia-me continuar vinculado
ao Exército com uma licença sem vencimento durante o
primeiro ano, e após, tendo sucesso, o ingresso nos
quadros do Ministério da Justiça, como veio a suceder. O
CEJ veio densificar ainda mais o gosto que sempre tive,
transformando-se numa paixão e hoje é um modo de vida,
mas acima de tudo é a minha vida.
Como ouvinte frequente da nossa Banda, o que
sente quando assiste a um concerto?
Uma nostalgia muito grande ... uma saudade imensa ...
sem qualquer tipo de dúvida. Para mim o mais importante
não é o passar na vida, mas sim a forma como se passa na
vida. Se me perguntar: Quer voltar? É obvio que não.
Agora é uma outra vida ... Ainda no último concerto que
assisti, em Dezembro, senti saudades porque foram
momentos muito interessantes. Sinto um carinho muito
grande pela Banda e dá-me muito prazer rever os amigos.
Por isso é que continuo religiosamente, desde que possa e
tenha conhecimento, a fazer questão de não renegar um
passado que faz parte de mim e do qual muito me orgulho.
Como sente que é projectada
a imagem da Banda
Sinfónica do Exército?
Aquilo que eu hoje vejo, não tem nada a ver com o que
via no meu tempo... para melhor. Quando ingressei no
Exército, a matriz era a do jovem de província que tocava
na Banda da aldeia e que ia para a tropa, e hoje em dia não
é assim. A evolução da sociedade portuguesa, ao nível da
música, deu origem a que cada vez mais apareçam pessoas
com
uma qualificação
profissional
interessante.
Antigamente as Bandas militares tinham um papel
formativo enquanto que nos dias de hoje as Bandas são
receptoras de pessoas já formadas e com uma grande
qualidade musical. No último concerto da Banda a que
assisti registei um facto que não existia no meu tempo. a
minha altura, quem tocava os solos era sempre o mais
graduado de cada naipe. Neste concerto assisti a jovens
soldados a suplantar o Chefe de naipe, que é o mais
graduado. Nessa perspectiva penso que se registou o
aumento qualitativo muito grande. Ao nível da reforma de
mentalidades, a vossa Revi ta Eurídice é ignificativa dis o.
Há dez anos não existia esta dinâmica. Acho que hoje a
imagem é completamente distinta da minha altura e penso
que para melhor. Noto um salto qualitativo muito grande
e claramente em frente e oxalá se mantenha, para bem de
todos e da instituição e da Banda.
o
que gostava de ver na BSE num futuro
próximo?
Gostava muito de ver a Banda com um quarteto de
cordas, como têm as orquestras. Gostava de ver a Banda
com meios ao nível de instrumentos e de logística de
apoio, que lhe permitissem guindar ao patamar superi r,
que pela qualidade das pessoas que lá estão permite
alcançar. É bom não esquecer que a B
tem pessoa que
vão regularmente tocar a Orquestras
infónicas, têm
inúmeras pessoas que ão licenciadas em música, em suma,
têm músicos muito bons. Se é assim por que não
transformar aquilo que estas pessoa fazem, ao nível d
outros locais onde são chamados?
14
o que é que a música vai continuar a ser para si?
Vai continuar a ser a minha razão de existir, como
sempre tem sido.
____________
Boletim da Banda infónica do Exército
_
~
SMI
No dia 22 de Fevereiro de 1832, aporta a Ponta Delgada
o Duque de Bragança, D. Pedro Iv,
numa
garbosa
naval. Integram
a
o BC5 e o Rl18 e respectivas
Há um enorme alvoroço em toda
expedição
"muzicas".
a ilha
expedição
de
grandiosa
É organizada
S. Miguel.
recepção,
que reúne
uma
autoridades,
inúmeras pessoas influentes e uma população
numerosrssima.
Quando
D.
Pedro
desembarcou,
estava no cais apinhado
de
gente um afamado
- o Cara- Velha
repentista
-, que se aproximou do Imperador
em voz alta, depois de o saudar:
e lhe disse
Nós uns pobres jornaleiros
Com as enxadas na mão
Como havemos
de saber
Qual dos dois Reis tem razão?
entre malhados (os liberais) e
valeu ao Cara- Velha
Tal indecisão
" ...As "muzicas" da
expedição causaram
grande assombro e
curiosidade na pacata
cidade de Ponta
Delgada, pelo absoluto
desconhecimento
de tais
corporações, pois, tudo
quanto a população vira
até então era tambores e
pífaros à frente dos
regimentos e,
destacamentos militares.
Causaram também
grande entusiasmo e
foram semente ClTI
campo fértil, ..."
corcundas (os miguelistas),
de prisão imediata. Mas D. Pedro ordenou que
e ainda lhe ofereceu umas moedas de prata ...
uma ordem
o soltassem
Provisório")
e Ponta
Delgada
decorridos
batalhão
de caçadores,
0
alegria
possuídos:
de que
todos
os
a Cidade estava illuminada.
com o n." 4 (BC4) que,
na tarde do dia 29 de Abril de 1847, participa
no funeral do 1.0 Barão das Laranjeiras: "O
Batalhão
de Caçadores
4,
competente
Muzica terminava
préstito"
(Correio
com a sua
o aparatoso
Michaelense)
e "Muito
compungiu a Muzica que acompanhava
o seu
préstito funebre de cerca de 7.000 pessoas"
(Açoriano Oriental).
Por
Decreto
Exército
publicado
de 25 de Junho
na
Ordem
de
de 1864, é colocado
em Ponta Delgada o Batalhão
n.? 11 (BCll), com a respectiva
de Caçadores
Banda militar,
composta por "Mestre de musica - 1; Ct." mestre de mus." - 1; Musicos - 15 (pé de
paz)"
e "Musicos
Batalhão
bordo
- 19 (pé de guerra)"
chega a 17 de Agosto
da corveta
Estefânea,
. O
de 1864, a
e vai aquartelar-
/
TOMAS MIRANDA
"a musica do
N. 18 animava o espírito de consolação
Regimento
universal
os festejos,
n." 1. Mas, só
a esta cidade um
se no extinto e degradado convento de freiras
de S. João Evangelista Ante Portam Latinam, no coração da
cidade - o "Quartel de S. João".
5 e o Regimento de Infanteria n." 18, os quaes ao som de
suas excellentes musicas, desfilarão diante das janelas, onde
Durante
- Caçadores
dez anos aperta
Perto da residência destinada
a SMI, o palácio do
morgado José Caetano, na rua da Graça (rua Dr. José do
Canto), "achavão-se postados o Batalhão de Caçadores n."
S.M.I. veio esperá-los."
--------------
animos
LUTHIER
e de
se achavão
Assim foi celebrado
este dia (... )" .
As "muzicas"
e curiosidade
absoluto
quanto
da expedição
na pacata
desconhecimento
a população
grande
Delgada,
de tais corporações,
e destacamentos
entusiasmo
fértil, pois, decorridos
Ponta Delgada
grande assombro
de Ponta
vira até então era tambores
frente dos regimentos
também
causaram
cidade
e foram
pelo
pois, tudo
semente
em campo
12 anos - em 1845 - é fundada
a primeira
corporação
à
e pífaros
militares. Causaram
Técnico de Instrumantoe Mu~icai~ de .s:o~tO
em
musical - a Sociedade
Wind lnstrumant T aehnlclan
Filarmónica Micaelense .
Em 23 de Junho de 1832, as forças liberais formam em
Ponta Delgada no velho
ampo do Dízimo - a Alameda
Duque de Bragança (conhecida
de uma grandiosa
T echniket von Mu~ilalli~hen Bla~indtumenten
por Relvão), para a celebração
missa campal,
antes do embarque
com
de tino à praia do Mindelo, na vizinhança da cidade do
Porto. "Cantando, os ânimos da militança alevantaram-se,
incitados
pelo som imponente
das Bandas de Caçadores
5
e de Infantaria 18, sob um entusiasmo popular a denunciar
os alvores da ambicionada victória" . Após a celebração, as
duas Bandas executam
próprio
o "Hino
de Bordo",
D. Pedro IV; um apaixonado
perfeitamente
tropas.
o efeito moralizador
composto
pelo
das artes que entendia
da música no ânimo das
RUI!
o ano de 1837, a organização
d Decreto de 4 de
Janeir
cria para a "10.' divisão militar" (Açores)
s
seguintes batalhões: Angra - Infantaria n.? 21 ("era o Bat.
__________
dali POillill de ~lio Bento, 25
1200-g45
Março 2007
Telrn: ss 402 2~ 11
lI~BOA
_
~
Ciclo das Bandas Militares no Exército Português
Artigo elaborado pelo MGEN RES Ferreira Almeida
Banda de Música da Zona Militar dos Açores
16
Antecedentes históricos
conjuntamente
com
outros,
derrotaram
as
forças
da música
absolutistas no combate da Ladeira Velha, em 2 de Agosto
de 1831, na cos ta norte da ilha de S. Migucl.
militar remonta à época das Lutas Liberais, pois é sabido
A primeira notícia sobre a actuação de "muzicas" é dada
No arquipélago dos Açores, a presença
que as forças expedicionárias
constitucionalistas,
sob o
comando do marechal conde de Vila Flor, integravam duas
"muzicas" (como então se designavam as Bandas militares),
compostas
pertencentes
Regimento
na sua maioria por ingleses e franceses e
ao Batalhão de Caçadores n." 5 (BCS) e ao
de Infantaria
n.? 18 (RI18). Estes corpos,
pela imprensa tcrceirense, na Crónica de 24 de Abril de 1831:
''A Muzica do Batalhão dc Caçadores
tocando o Hyno Nacional
n.? 5 se achou
e Rcal na Ponta de Santo
António". Este facto ocorreu na cidade de Angra, durante
o embarque do BCS para ir submeter as restantes ilha
ocidentais do arquipélago ao rcgime liberal,
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Não obstante a insuficiência de elementos, a "muzica"
- o Campo de S. Francisco (rebaptizado, com a implantação
do BCll estreia-se no ano seguinte, por ocasião do
da República, Praça 5 de Outubro) -, para agrado geral da
Juramento da Carta Constitucional. O jornal A Persuasão
população. Os concertos realizavam-se no Verão, às S.as
noticia, no seu suplemento n." 188, que "a muzica de
feiras e domingos à noite, e no Inverno, nas tardes de
Caçadores 11, estreou-se segunda-feira, tocando a Arvorada
domingo. Ao reacender-se o brilhantismo das festas
defronte da residência do Sr. Comandante militar e no
religiosas da cidade, é Manuel José Candeias - o mestre da
quartel, à noite no theatro: Incompleta, como se acha ainda,
Banda militar - quem, entusiasticamente, compõe o Hino
já agrada bem." No n." 192, A Persuasão volta a noticiar que
do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em 1869.
"no dia 31 de Julho estreou-se em publico a banda de
Na organização de 30 de Outubro de 1884 são
muzica de Caçadores 11, e daquelle dia em deante tem
constituidos 24 regimentos de infantaria e 12 regimentos de
sempre acompanhado o corpo em todas as ocasiões que elle
caçadores, com as respectivas Bandas de música. Passam,
sahe do quartel. Faltam ainda vários músicos
assim, a existir 36 Bandas, sedeadas nas
n'aquella banda, que sem se attingir a rasão,
cidades capitais de distrito, privilegiadas deste
se tem obstinado em não vir do continente
modo com a presença de um excelente meio
(...)as 32 bandas
apesar de se acharem despachados, no
de formação e acção educativa, que se
regimentais então estende de norte a sul do Pais, incluindo a
entanto o seu mestre, Sr. Martinho, com os
existentes são
elementos que tem à sua disposição, tem
Madeira e os Açores, pois todas as cidades
demonstrado que lhe sobra competência para
drasticamente
(com excepção da Horta e Silves) têm a sua
fazer a sua Banda uma das melhores do reduzidas, e quase Banda militar.
exército.
todas as cidades
As sucessivas reorganizações do Exército,
Por Decreto de 23 de Maio de 1872, os
empobrecem
criando, extinguindo ou alterando o escalão e
quadros orgânicos das Bandas sofrem nova
culturalmente,
a designação
dos corpos militares, e
alteração, sendo agora constituidas por um
privadas que ficam consequentes alterações da composição e
mestre, um contramestre, três músicos de l ."
de concertos e
designação das corporações musicais (é o
classe, quatro de 2." classe, oito de 3." classe,
"Regulamento para Banda de Música de 11
escolas
seis aprendizes e quatro músicos de pancada,
de Março de 1870" que substitui a expressão
musicais( ...)
num total de 27 elementos.
"música do regimento" por "banda de
De 1864 até 1946, passam pelo Quartel
música" ), dificultaram o presente trabalho,
de S. João sucessivas unidades. Pormenor
que se desejaria mais rigoroso e municioso,
curioso: para evitar o incómodo da população causado pela
não fora a escassez de tempo e a limitação de espaço. Certo
estridência (e fífias) dos clarins do Regimento, estes
é que durante quase 100 anos existiram, em paralelo, Bandas
ensaiavam fora da cidade, numa rua que ainda hoje é
militares nas cidades de Angra do Heroismo e de Ponta
conhecida por Foral das cornetas (a Rua Nova da
Delgada. Tal como em S. Miguel, a primeira "rnuzica do
Misericórdia). Até à primeira metade do século XX, há
regimento" da Terceira data de 1847 - quando chega à ilha
regularmente concertos da Banda militar no passeio público
o batalhão de infantaria, com os tais dez anos de atraso.
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18
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
_
t
A actual Banda Militar
A organização do Decreto-Lei n.? 28.401, de 31 de
Dezembro de 1937, altera mais uma vez o dispositivo
militar, com profundas e nefastas consequências no que
concerne às Bandas de música, a que não escapam as então
designadas ilhas adjacentes dos Açores. Por razões de
ordem económica, as 32 bandas regimentais então
existentes são drasticamente reduzidas, e quase todas as
cidades empobrecem culturalmente, privadas que ficam de
concertos e escolas musicais para as filarmónicas, pois,
nesta organização, serão constituídas somente oito bandas
militares em tempo de paz, sendo três de 1: classe, (52
elementos) três de 2: classe (44 elementos) e duas de 3:
classe (36 elementos).
É o Decreto n." 29.957, de 6 de Outubro 1939, que
atribui as Bandas às cidades sedes de região ou comando
militar:
- As três bandas de 1: classe são atribuidas a Lisboa
(duas) e Porto;
- As três bandas de 2: classe, a Tomar, Coimbra e
Évora;
-Tendo sido criados três batalhões independentes de
infantaria nas ilhas adjacentes - o BII17 (Angra do
Heroísmo), o BII18 (ponta Delgada) e o BII19 (Funchal), as
duas bandas de 3.' classe são atribuidas aos BII18 e BII19.
Concomitantemente, pelas "Instruções para a execução
do Decreto n.? 29.957", de 24 de Outubro de 1939, "é
transferido desde já de Angra do Heroísmo para Ponta
Delgada o comando militar do Açores". O comando
militar estava sedeado em Angra do Heroísmo, pois, já pela
organização de 31 de Dezembro em 1863, ''Angra, P nta
Delgada e Horta, com o Quartel-general em Angra,
con titue a LO." divisão".
Assim, em con equência do Decreto-Lei n." 28.401, a
__________
partir de 1939 o Comando Militar dos Açores e a uruca
Banda militar do arquipélago (do BII18) ficam sedeados em
Ponta Delgada. O Comando Militar vai instalar-se no
palácio "Marquês da Praia", transferindo-se para o Forte de
S. Brás depois da II Grande Guerra, e o recém-criado BII18
permanece no Quartel de S. João.
Em 1946, o BII18 vai ocupar as instalações do Hospital
Militar Temporário n." 1, na freguesia dos Arrifes, a 6 km de
Ponta Delgada, construido durante a II Grande Guerra. A
Banda marcha com o BII18 para o novo aquartelamento,
mas, verificando-se que a distância dificultava a realização
de guardas de honra a diversas entidades estrangeiras (e
também a frequência de cursos nocturnos pelos músicos
que pretendiam valorizar-se), regressa à cidade ao fim de
dois anos, indo instalar-se no Forte de S. Brás, junto do
Comando Militar. O ex-quartel de S. João é oferecido à
cidade pelo Ministro da Guerra, tenente-coronel do EstadoMaior Fernando dos Santos Costa, para a construção do
Teatro Micaelense. Em sessão de 1 de Agosto de 1946, "
(... ) tendo ponderado com a maior atenção e elevado
apreço os benefícios a esta cidade prestados", a Câmara
Municipal confere a Santos Costa, "por votos unânimes", o
título de Cidadão Honorário de Ponta Delgada.
Considerando que, no que concerne às Bandas militares,
a organização de 1937 já não se coaduna com as
necessidades do Exército, o Decreto-Lei n." 133/79, de 17
de Maio, cria duas Bandas de música de tipo A e seis bandas
de música de tipo B. Decorridos apenas nove anos, uma
nova desadequação ao sistema de forças origina o Despacho
n.? 25/88, de 25 de Março, pelo qual a organização das
bandas passa a ser a seguinte: Banda do Exército; 1 Banda
Militar tipo A; 5 Bandas Militares tipo B; 2 Bandas Militares
tipo C. A Banda da ZMA, "a aquartelar na área da
Guarnição Militar de Ponta Delgada (QG)", mantém a
categoria de Banda Militar tipo B.
Março 2007
_
19
No âmbito da presente organização (Decreto-Lei n."
61/2006, de 21 de Março), a Banda da Zona Militar dos
Açores é extinta pelo Despacho n." 12.251/2006
(2.série), de 12 de Junho, do Ministro da Defesa Nacional,
sendo criada, pelo Despacho n." 12.555/2006 (2.- série),
de 16 de Junho, da mesma entidade, a Unidade de Apoio
do Comando da Zona Militar dos Açores, cuja orgânica
inclui a Banda Militar, mas com um efectivo de somente
32 elementos: 1 oficial, 19 sargentos e 12 praças.
(Despacho de 13 de Agosto de 2006 do CEME) Esta
diferença de menos 11 elementos em relação ao quadro
orgânico anterior (43 elementos) é considerada muito
gravosa, pois, se não prejudica significativamente a
actuação da Banda em guardas de honra e desfiles, já cria
sérias dificuldades ou inviabiliza mesmo a execução de
concertos, pela insuficiência do número de determinados
instrumentos imprescindíveis à execução de repertório
adequado.
Instalada desde a década de 1980 no aquartelamento
de S. Gonçalo, a Banda Militar dirigida com maestria por
oficiais chefes de Banda ou, na falta destes, por sargentos
músicos, tem tido uma acção notável na sua longa vida,
pelo profissionalismo e elevado nível técnico-artístico
com que desempenha a sua missão regulamentar. Muito
tem contribuido também para a valorização cultural das
populações e incremento pelo gosto da Música nos
Açores. Tal facto está consignado em diversos louvores
do Comando Militar e é reiteradamente afirmado em
inúmeras referências elogiosas de entidades civis, de que
se citam, entre outros, o Governo
Regional, a
Universidade,
o Conservatório
Regional de Ponta
Delgada, a Irmandade do Senhor Santo Cristo dos
Milagres, escolas, câmaras municipais e juntas de
freguesia.
De facto, a par das actividades de âmbito castrense, a
Banda Militar é permanentemente
solicitada pela
sociedade civil para eventos de carácter comemorativo,
20 recreativo e cultural, em todas as ilhas do arquipélago. São
os inúmeros concertos, a solo ou com o excelente Grupo
Coral de S. José, as participações nos dias mundiais da
criança e do idoso, as gravações, os frequentes concertos
didácticos para jovens, nos estabelecimentos de ensino
ou na sede da Banda (onde a juventude toma contacto
com o meio militar), etc. É interessante
referir a
deslocação, em corveta da Marinha de Guerra, à ilha do
Corvo, no ano de 1981, para duas actuações: o
acompanhamento
da procissão de Nossa Senhora dos
Milagres e um concerto para a população.
Há um gosto muito acentuado nos Açores pela
Música , existindo
cerca de 110 filarmónicas
em
actividade. Nelas se faz sentir, de forma mais ou menos
directa, a acção e a influência da Banda Militar, verdadeira
escola de formação musical e centro de irradiação de
cultura que alimenta e anima as filarmónicas com os seus
músicos, quer como maestros quer como executantes, e
prestigia a Instituição Militar junto das populações
açorianas.
Comando
Militar dos Açores
Concêrto pele Bende de Música n ~ ..~~ç~ ..5...~.~~~~;:~ ....
..........
de 195 -º..... d.s ..J9. ...às ..?~....hor.s
Em .. l.B.•... do . J.unluL.
I PROGRAMA ~1," PARTE
1,' ..trn. ...,.. Un.l
MArcha
2."AlaB>DO-.da ..s_on1s::
Paul Fauohet
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Exército, CTMDM (2005/2006).
- DIAS, TEN CBMUS REF Francisco José - Bandas
lvIilitares nos Açores - Comentários e notas históricas. Ponra
Delgada, 1980. (não publicado)
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- os repentistas. ln A'ibum Açoriano. Plano e direcção de
António Baptista. Lisboa, 1903.
- PEREIRA, CAP INF Rodrigo Alvares - Esboço Histórico
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N° 11 e depois Regimento de Infantaria N° 26. Ponta Delgada,
1927.
- REZENDES, TEN RC Lic.? Hist. Sérgio - A História
de uma mudança actual: a transferência do B.U. n.? 18 para o
guartel dos Arrifes, em S. Miguel. ln Boletim do Regimento de
Guarnição n. o 2. N° 2 - II Série. Ponta Delgada,]unho de 2 04.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Grandes Compositores de Orquestra de Sopros
Artigo elaborado pelo 10 Sargento Luís Cascão
Com o lançamento de mais uma edição da revista EURÍDICE, iniciamos mais uma nova rubrica,
que visa dar a conhecer melhor os que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento da
escrita para agrupamentos de sopros e percussão, sejam eles, Banda Sinfónica, Orquestra de Sopros,
Bandas de Metais, entre outros.
Alfred Reed
Desde sempre a escrita para Banda passou pela
adaptação dos grandes clássicos ao seu repertório, como
por exemplo, a abertura 1812 de Tchaikovsky, o poema
sinfónico Finlândia de Sibelius, ou mesmo de sinfonias
completas como a 5° de Shostakovich ou a 9° de Dvorák, só
para citar alguns. Todavia, foi com o desenvolvimento da
escrita de originais para Banda que este tipo de
agrupamentos mais se desenvolveu, quer nas capacidades
técnicas, tímbricas ou de orquestração.
Houve compositores que se destacaram na escrita para
orquestra, mas que também escreveram para ensembles de
sopros como por exemplo Gustav Holst, Malcolm Arnold,
ou até mesmo Richard Strauss, porém foram compositores
como John Philip Sousa, Alfred Reed, Johan de Meij, Jan
van der Roost, Robert W Smith, David Holsinger, James
Curnow entre outros, os que verdadeiramente inovaram e
criaram uma nova identidade musical para as Orquestras de
Sopros.
Vamos debruçar-nos sobre um compositor americano,
que pela sua importância enquanto compositor e pedagogo
merece um lugar de destaque: Alfred Reed.
Alfred Reed nasceu na ilha de Manhattan, na cidade de
22
Nova Iorque em 25 de Janeiro de 1921, filho de pais
Austríacos, numa família com tradições musicais. A sua
educação musical começou com a idade de 10 anos, quando
iniciou o estudo do Trompete.
Mais tarde, como
adolescente tocou com pequenos grupos em bares de hotel
sendo que, já evidenciava qualidades na composição.
Em 1938 com 17 anos começou a trabalhar na Radio
Workshop
em
Nova
Iorque
como
Compositor/Orquestrador e como Maestro Assistente.
Com o inicio da II Grande Guerra, e tal como fizeram
muitos jovens americanos, alistou-se para assim servir o seu
país e foi prestar serviço na 529th Army Air Corps Band.
Durante três anos e meio de serviço militar, nas funções de
maestro assistente, compôs cerca de 100 obras (originais e
transcrições) para Banda.
Após o final da guerra candidata-se e entra para a
Juilliard School of Music onde estudou composição com
Vittorio Giannini. Em 1953 entrou para a Baylor University
em Waco, Texas, onde prosseguiu os seus estudos musicais
tendo recebido em 1956 o seu diploma de mestrado. A sua
tese de mestrado foi uma rapsódia para Viola e Orquestra
que foi galardoada com o prémio Luria em 1959.
Paralelamente trabalhou como maestro na Orquestra
Sinfónica da mesma universidade.
O seu interesse no desenvolvimento da música
educacional levou-o ao cargo de Director-Executivo das
publicações Hansen de 1955 até 1966. Durante este período
trabalhou para as estações ABC e NBC na qualidade de
compositor. Mais tarde viria a deixar este cargo para se
tornar professor na Universidade de Miami onde trabalhou
até á sua reforma em 1993. Após esta data Alfred Reed
continuou a escrever intensamente para Banda e a fazer
inúmeras aparições como maestro convidado e como júri de
concursos em todos os continentes, sobretudo no
continente asiático, no Japão, onde a sua obra é
particularmente apreciada, tendo dirigido, entre outras, a
Tokio Kosey Wind Orchestra e a Banda Municipal de
Osaka.
Em 17 de Dezembro de 2005, com a idade de 85 anos
faleceu após um período de doença.
De entre as suas obras destacam-se:
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
-----------------
-Armenian Dances Part I
-Armenian Dances Part II
-Russian Christmas Music
-EI Camino Real
-Second Suite for Band
-5th Symphony "Sakura"
-Concertino for Marimba and Winds
-A Symphonic Prelude
A obra "Russian Christrnas Music " foi escrita em 1944
e ainda hoje é considerada uma obra-prima da literatura
para Orquestra de Sopros.
-~ ....
RUSSIAN êHruSTMA.S MUSIC
a planear estrear o 2° andamento da sua 6' Sinfonia (da
parte Russa a obra seria a Marcha op.99 de Prokofiev). No
entanto, e tendo um manuscrito da mesma obra nos
Estados Unidos, Harris descobriu que a mesma fora já
estreada algum tempo antes.
Com apenas 16 dias para o concerto, foi então entregue
a Alfred Reed a missão de escrever uma obra inédita para
Banda. Ao fazer uma pesquisa para este trabalho encontrou
um manuscrito com músicas de natal chamado "Conto das
Pequenas Crianças Russas" com melodias do séc. XVI, que
serviu de base para o tema inicial da sua obra. A inspiração
para concluir esta peça veio através da Liturgia Ortodoxa,
que lhe forneceu outras ideias temáticas, permitindo-lhe
completar a partitura em 11 dias; os copistas demoraram
mais dois dias intensivos a preparar as respectivas partes
cavas para os ensaios. Estreada em 12 de Dezembro de
1944, numa transmissão da NBC, sendo tocada em
concerto dois dias depois na cidade de Denver, Alfred Reed
conseguiu nesta obra capturar na perfeição a sonoridade, as
inflexões rítmicas, a clarividência e o fluir da voz humana.
Está dividida em quatro partes: "Carol", que é um tema
baseado nos contos do séc. XVI atrás mencionados,
"Antiphonal Chant", "Village Song", e "Cathedral Chorus".
Outra das obras que se destaca pela sua popularidade,
chama-se "El Camifio Real". Esta obra foi uma encomenda
da 581st Air Force Band e do seu chefe Lt. CoI Ray Toler.
T"IIw~"""
...._o/ltttll"",.;s.m"AIrF
..._A_H ...... t.n;.I"'
a.n.~/ltfÃ
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",IH
-
f""'- .... JU
"",_
........
(
r:
....
·
.l.,_
I
Alfred Reed tinha 23 anos e estava a prestar serviço
militar na Europa em plena II Guerra Mundial, quando foi
necessário criar uma obra inédita para promover a união
entre a União Soviética e os Estados Unidos. Na Europa
por esta altura respirava-se um clima de grande confiança,
inspirado pela invasão da França e da Bélgica por parte das
tropas aliadas.
Foi assim que, para comemorar um feriado festivo, foi
promovido um concerto pela cidade de Denver onde
Constassem obras inéditas de compositores Russos e
Americanos. Roy Harris foi o compositor escolhido e estava
23
Reparação de Instrumenlos de Percussão - Leasln4 de Instrumenlos
Consulladoda de Parllluras
Rua Cesário Verde, n" 80 3°Dto.
2790 - 495 Queijas
Telr. 21 4] 8 01 20 Telm. 91 970 82 90
e-mail: [email protected]
- www.abelcardoso.com.sapo.pt
Reg.C.R.C. Cascais n" 507456149
Contribuinte
n" 507 456 149 Capital Social 6000 Euros
A música de "EI Carnifio Real" é baseada numa série de
progressões
de acordes,
comum
a inúmeras
guitarristas de flamenco Espanhois.
suas relações tonais tornaram-se
gerações
Estas progressões
e as
sinónimo
do que nós
sentimos que é a verdadeira música espanhola. A primeira
secção é baseada numa dança típica chamada Jota, enquanto
que a segunda é baseada num fandango.
encontra-se alterado de forma significativa,
Contudo,
este
quer no tempo,
quer no compasso. Esta peça está estruturada
tradicional de A-B-A : rápido-lento-rápido.
Alfred Reed é um compositor
numa forma
do qual a Banda Sinfónica
que por mais que se toque, as' suas obras não
se desgastam,
antes
pelo. contrário,
ouvimos
ou executamos,
pontos de interesse.
Com
Sinfónica,
mais
de
Orquestra
obras para grupos
proeminentes
de cada vez que as
encontramos
250
obras
de Sopros,
sempre
publicadas
para
Coro e Orquestra
novos
Banda
e várias
de Câmara, Alfred Reed foi um dos mais
e mais tocados
da sua geração.
0
Foram-lhe
encomendadas
imensas obras para Banda,
sendo que à data da sua morte, a quantidade de encomendas
que tinha ao seu encargo
30 anos.
contabilizavam
trabalho
Ele tinha inclusive uma frase característica
com frequência:
"Sou o segundo compositor
publicações logo a seguir a JS. Bach".
.Bibliografia: .
"Alfred
Reed:
A Bio-Bipliography"
Douglas
M. Jordan
Greenwood
Publishing
Group
Na internet:
www.en.wikipedia.org
24
Frequência do Conservatório Nacional,
tendo aulas de Percussão
com o
professor Carlos Vosso Concluiu em
2002 o curso de Percussão na Escola
Superior de Música de Lisboa sob a
orientação de Carlos Voss e de Richard
Buckley, com a classificação final de 18
valores. Participou
no 1 Estágio
Internacional de Percussão de Espinho.
Frequentou
Masterclasses
sob
a
orientação de Miguel Bernard, Robert
Van Sice e Emanuel Sejourné. Frequência
do curso de
Professores do Ensino Básico, variante de Educação Musical na
Escola Superior de Educação de Lisboa. Frequência de
Masterclass de direcção sob a orientação do maestro Jo
Conjaerts.
Luís Carlos Garcia Cascão nasce em 1972 em Riachos, e é na
filarmónica local que dá os primeiros passos na aquisição de
conhecimentos musicais. Em 1990 ingressa numa banda militar,
com a qual se apresentou a solo e onde ainda presta serviço, no
posto de 1 Sargento.
Desde 1992 tem colaborado com várias orquestras, das quais se
destacam: Orquestra Gulbenkian, Metropolitana
de Lisboa,
Sinfónica Portuguesa, City of London Symphonia, Sinfonietta
de Lisboa, Orquestra do Norte, tendo actuado em locais como
Zurique, Xangai, Madrid, Pequim, Genebra, Bad Kissingen. No
âmbito dos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
colaborou com a Orquestra Sinfónica de Tóquio, com o Grupo
de
Percussão
de
Strasbourg,
com
o
Ensemble
Intercomtemporain
e com o STX-Ensemble
Xenakis. Foi
membro da Orquestra Sinfónica Juvenil da qual foi chefe de
naipe da Percussão.
Tem actuado em agrupamentos
de música de câmara,
nomeadamente
com o grupo de percussão Rythmmethod,
Grupo de Metais do Seixal, etc.
No âmbito da música Jazz é membro fundador do grupo
"Estardalhaço Brass Band", formado em 1997, apresentando-se
no Hot Clube de Portugal, Centro Cultural de Belém, R.T.P.,
S.I.c., Festival de Jazz do Valado, entre outros. Com esta
formação gravou um CD em 1999. Já ministrou cursos de
percussão em Portalegre, Covilhã, S. Jorge (Açores), Abrantes,
Leiria, Caldas da Rainha, Alcobaça, etc. Actualmente lecciona na
Academia de Amadores de Música. Colabora regularmente com
a RTP na qualidade de assistente musical. É membro da
Percussive Arts Society.
0
do Exército já executou diversas obras como a 5" Sinfonia
ou a 2" Suite para Banda, entre outras, mas é um daqueles
compositores
Luís Carlos Garcia Cascão
de
www.windband.org
www.curnowmusicpress.com
Boletim
para mais
que citava
com mais
da Banda Sinfónica
do Exército
-----------------
(;u ....
ídiCQ
o CONTRABAIXO
ORIGENS E EVOLUÇÃO ATÉ AO SÉC.XIX
Artigo elaborado
pelo Sargento-Chefe
Marco P. Ferreira
INTRODUÇÃO
A forte motivação que me levou a
escolher o tema deste trabalho, residiu
no facto de procurar adquirir melhores
conhecimentos sobre o instrumento que
executo no dia a dia da minha vida
profissional. À medida que a minha
investigação era feita, apercebia-me do
elevado grau de complexidade que o
contrabaixo possuía ao nível da sua
origem e percurso histórico.
No entanto, outra grande motivação
no estudo do contrabaixo, é o facto de
ser dos instrumentos
que maior
evolução sofreu para conseguir dar
resposta às mudanças musicais e técnicas
que ocorreram ao longo dos séculos.
De facto, os temas abordados neste
trabalho poderiam ser outros; mas o
percurso da minha investigação foi
traçando o rumo que segui. Este rumo
reside assim na análise das suas origens e
percurso evolutivo, tendo em conta os
vários vectores que o caracterizam, sem
esquecer aqueles que, quer pelo seu
virtuosismo técnico, quer pelo tipo de
construção
que optaram,
melhor
contribuíram para o seu desenvolvimento.
I - ORIGENS E EVOLUÇÃO
É um lugar comum dizer-se que o contrabaixo é o
maior e mais grave instrumento de corda friccionada que
existe numa orquestra moderna, mas para chegarmos ao
contrabaixo moderno houve um longo caminho a
p rcorrer. De facto, temos de recuar até à segunda metade
do século XVI para encontrarmos os seus verdadeiros
contrabaixo de cordas, mas tendo
sempre o cuidado (baseando-nos em E.
Winternitz) de ver até que ponto as
características dos instrumentos nas
fontes são realistas ou apenas estão a
servir o interesse artístico do pintor.
Apesar de nas fontes escritas do
século XIX se afirmar que os
contrabaixos só começaram a ser
utilizados a partir do momento em que
se tornaram Baixos contínuos, ou seja,
entre os princípios do século XVII e a
segunda metade do século XVIII,
existem fontes pictóricas suficientes que
evidenciam e confirmam a utilização de
grandes baixos na música Renascentista.
Estudos feitos por Alfred Planyavsky,
revelam que estes baixos não tinham a
função de oitavar a música (16 pés), mas
era suposto soarem mais grave do que os
cantores baixos, dai a palavra "contra",
mas como eram apenas chamados de
Bassi, estiveram escondidos nas fontes
escritas.
A musicologia geralmente assume
que não haveria a necessidade de um
contrabaixo na música renascentista, pois o som celestial
que a caracterizava seria incompatível com os graves
terrenos do contrabaixo. Pode muito bem ser esta a causa
de ter sido excluído dos ensaios e edições da música
renascentista. No entanto, como veremos a seguir, as
fontes pictóricas onde se podem observar instrumentos de
som celestial (Alaúdes, Harpas, flautas doces, etc.)
desmentem este pensamento, pois os contrabaixos da
gamba ou violones estão a tocar lado a lado com estes.
antepassados.
Para pesquisar a história antiga dos instrumentos musicais,
as artes visuais, ou seja, as descrições pictóricas, são muito
importantes
para
o
historiador
de
música,
independentemente do tipo de suporte que possam ter,
nomeadamente: tela, mosaico, tapeçaria, escultura, gravura,
etc.
o entanto, devemos ter em conta todos os
pormen res destas fontes e a pr blemática que possam
As primeiras fontes que se conhecem onde estão
presentes instrumentos com a função de baixo e que
tinham o tamanho do executante ou mais altos ainda,
remontam a 1509, num fresco pintado numa parede
exterior em Viena, na chamada Casa da Lebre
surgir devido ao tipo de sup rte u ado.
(Hasenhaus) .
Esta fontes válidas de informaçã , ão um c ntributo
imp rtante para preencher a lacuna deixadas pelas fontes
mu icai e crita em relaçã à rig m e evoluçã d
Uma fonte pictórica de 1516 e outra de 1560, mostram
contrabaixos que foram posteriormente considerados os
antecessores primitivos do contrabaixo moderno.
1.1- A complementaridade das fontes pictóricas
e escritas
Março 2007
25
o
pescoço do instrumento não se separa do corpo
que já possui uma forma achatada na parte superior.
Num documento de 1574 atribuído ao menestrel
Juan de Montoya podemos
ler o seguinte: «los
veinticincoescudos que ahora le dan, com condición
que tenga un criado para tafier el contrabajo y el bajón
el día de fies ta»
como condição
para serem
aumentados os seus honorários. Outra citação de
Vicente Espinel (1550-1624) em Vida del escudeiro
Marcos de Obregón: «Trahía consigo una guitarra,
com que sentado al umbral de la puerta, cantaba
algunas tonadilhas, à que yo llevabaun mal contrabaxo,
pero bien concertado». Temos que considerar o termo
contrabaixo num sentido que abarca os baixos das
famílias tanto das violas como dos violinos.
Martin Agricola (1486-1556), teórico musical e
compositor alemão, na sua obra Musica Instrumentalis
Deutch (1532), faz referência a um Contrabasso di
viola que teria pormenores tanto da família das violas
da gamba como da família dos violinos. Era a voz mais
grave disponível no instrumentário da época.
Agricola estava a referir-se a um instrumento que está
actualmente no museu de Nuremberga, construído em
1563 por Hanns Vogel.
É um instrumento ricamente decorado, com seis
cordas afinadas em:
por outro lado, vai assumir também características do
baixo da viola da Gamba.
1.2 - Heranças fisionómicas
G' - C - F - A - D - G.
26
Fresco pintado numa parede exterior em Viena, na chamada Casa
da Lebre (Hasenhaus) .
Respirando um ambiente renascentista, o final do
séc.XV e o sec.XVI, foram férteis no aparecimento de
novos
instrumentos
e
de
experiências
e
transformações ao nível mecânico, técnico, acústico e
de alargamento de tessituras, tanto para o grave como
para o agudo. Foi uma época de grandes construtores
(Gasparo da Saló, Guarnieri, Amati, Stradivarius, entre
muitos outros) e onde os instrumentos
vão ser
integrados em famílias. É na família do violino que vai
aparecer o contrabaixo como violino contrabaixo, mas
___________
Partindo duma grande dualidade fisionómica entre
as famílias do violino e da viola da gamba na evolução
para o contrabaixo moderno, realçamos aqui
as
principais diferenças entre uma e outra família.
As violas da gamba têm o tampo traseiro direito no
qual a parte de cima estreita um pouco até à
extremidade do braço (pescoço), seis cordas afinadas
em quartas com uma terceira intercalada ( G' - C - F
- a - d - g ), o ponto ou escala com trastos,
cravelhame esculpido em forma de cabeça, aberturas
em forma de CC no tampo frontal, braço ligeiramente
mais largo, interior da caixa harmónica reforçada por
barras transversais, ângulo acentuado entre a caixa
harmónica e o braço.
Os violinos têm as costas abauladas e as ilhargas
direitas, quatro cordas afinadas por quintas (G - D _
A - E ), escala ou ponto sem trastos, cravelhame a
terminar em voluta, aberturas em SS no tampo
superior
ou
frontal,
braço
mais
estreito
e
perpendicular em relação à parte superior da caixa de
ressonância, interior da caixa de ressonância reforçada
pela alma e uma barra longitudinal no tampo superior.
O contrabaixo foi evoluindo dentro desta dualidade
no seu formato, adoptando características das duas
famílias segundo o gosto da época e o local geográfico
onde era usado.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
_
Um instrumento
muito importante
e talvez o
antecessor directo do contrabaixo
foi o violone,
designado por Michael Praetorius sob o nome de
Gross-Bassgeige
(Violone em G) no seu Sintagma
Musicum em 1619. Era um instrumento que estava
entre o baixo e o violoncelo. Este instrumento,
segundo a escala usada por Praetorius, tinha 4 pés e
meio de Brunswick ou 125 cm de altura e cinco cordas
afinadas em quintas (F'- C - G - D - A).
Por outro lado, Praetorius na obra atrás citada,
também faz referência a um Gross Viol de GambaBass( Violone em D), este é claramente
o seu
antecedente nas características que o contrabaixo tem
da família da viola da Gamba. (Fig. em baixo).
Johann Christoph Weigel no seu tratado (c.1715)
Musicalisches
Theatrum,
também representa
um
executante de violone (Fig. à direita), mas neste caso o
de quatro cordas mais ligado ao baixo de violino.
Quando se investiga a origem e a evolução do
contrabaixo,
deparamo-nos
com instrumentos
de
várias formas, terminologias e com aspectos de uma e
de outra família. Além dos exemplos anteriormente
referidos, Anathase Kircher no seu tratado de 1650,
Musurgia Universalis, publicado em Roma, estuda os
instrumentos mais comuns nesta cidade e na época,
agrupando-os
por famílias. Podemos observar uma
gravura com três instrumentos de famílias diferentes:
O violone com quatro cordas (mais conhecido como
Bass-violin) à esquerda; o bass de viol com seis cordas
( família das violas da gamba) ao centro e a Lyra
dodecachordae ou Accordo ( mais conhecido como
bass-lyra) com doze cordas sendo as três últimas do
lado esquerdo duplas.
Podemos
concluir, que pela forma como o
contrabaixo era representado
nas fontes pictóricas
desde o século XVI até ao final do século XVII, a sua
função não era a de oitavar (16') o baixo nem tinha
uma função orquestral. Era representado como um
dos membros de pequenos agrupamentos
e como
membro da família dos alaúdes e da Gamba.
A família da viola da gamba data de finais do
século XV e parece ser originária de Espanha com a
forma de uma guitarra de arco. Os instrumentos desta
família foram, possivelmente, difundidos na Europa
através de Itália, onde
se tornam um instrumento
muito apreciado e usual na música feita nas cortes
durante o Renascimento. A palavra Gamba significa
em italiano perna, pelo facto de ser executada no meio
das pernas numa posição vertical.
Esta família era correntemente chamada de violoni
(daí a palavra violone para o baixo), uma palavra que
generalizava todas as violas grandes e que contrastava
com as violas da braceio que eram chamadas de violini
(pequenas violas).
Possivelmente devido à rápida ascensão e sucesso
do violino solo do século XVII, os contrabaixos
posteriores que vão ser usados em orquestra foram
ajustados em alguns aspectos à forma do violino.
As primeiras referências que se conhecem de
detalhes da família do violino adoptados
pelo
contrabaixo,
aparecem
a partir
de 1570 nos
instrumentos de um construtor italiano de violinos e
contrabaixos
muito importante:
Gasparo da Saló,
Bréscia (1542-1609).
Até finais do século XVII, esta dupla herança
fisionómica vai coexistir na música de câmara. É
também a partir da segunda metade do século XVII
que o baixo de violino vai evoluir para o violoncelo e
o Baixo da gamba vai perder as suas cordas mais
agudas evoluindo para um contrabaixo orquestral de
lé, ou seja, a oitava baixa do violoncelo.
No século XIX a quinta corda do contrabaixo foi
restaurada de modo a permitir dar o Dó 1, fazendo
assim toda a extensão do violoncelo na oitava inferior.
Outra solução para obter este Dó 1 foi criada em
finais do século XIX. Foi uma extensão adaptada ao
lado das cravelhas que vai permitir mudar a afinação
da quarta corda, ou seja, a corda no seu tamanho
normal dará o Mil e no seu tamanho total dará o Dól,
diminuindo assim a pressão que uma quinta corda
exerce no cavalete, a diminuição da distância entre as
cordas e a perda de som do instrumento. Podemos
distinguir dois modelos de construção diferentes do
contrabaixo: O modelo alemão, muito baseado na
família das violas da Gamba ( com as costas direitas,
os ombros mais adelgaçados, etc. ). Tinham cinco
cordas afinadas em quartas e mesmo quando a quinta
corda não era utilizada a afinação era aceite em
E'-A'-D-G.
O outro modelo era o italiano. Este
modelo era mais baseado com pormenores da família
dos violinos ( costas abauladas, ombros mais largos,
etc.) : Este modelo chegou a evoluir para apenas três
cordas e eram normalmente
_________
Março 2007
chamados de bassetos.
27
1.3 - O Violone
Penso ser importante
para o objectivo deste
trabalho, um melhor esclarecimento sobre o violone
como, em minha opinião,
antepassado do contrabaixo.
o
mais
importante
Tendo como base os estudos feitos por Joelle
Morton e Paul Brun, durante os séculos XVI e XVII,
o membro maior e mais usual da família das violas da
gamba era o instrumento que já vimos anteriormente
referido por M. Praetorius com seis cordas afinadas
em
G' - C - F - a - d - g. Este instrumento podia
aparecer também com cinco cordas (era retirada a
corda mais grave) ou com as seis afinadas uma 2a
Maior acima, ou seja, .N - D - G - b - e - a . Estamos
perante o instrumento que era usualmente chamado
de violone (viola grande) e que estava afinado em Sol
(G) ou em Lá (A).
Vamo-nos centrar no mais usual violone em G.
Era um instrumento
muito versátil, pois tanto
podia ser usado na execução da linha do baixo em
música de câmara, como na execução de partes
solísticas ou, como era muitas vezes frequente,
reforçava as notas graves do órgão na igreja, numa
fusão perfeita entre os timbres dos dois instrumentos.
o
Acorde,
Lda.
- Escola de Música
- Instrumentos Musicais
- Assistência Técnica
-Luz e Som
Fisicamente o violone era muito semelhante ao
contrabaixo
moderno.
O comprimento
das suas
cordas variava entre os 80,5 cm e os 96,5 cm, um
pouco mais pequenos que o contrabaixo moderno que
tem um comprimento médio de 104 cm. Tinha as
costas direitas, trastos, as esquinas curvas tanto por
fora (como os violinos) como por dentro (como as
violas da gamba).
Para executar este instrumento acaba por não ser
complicado, pois as três cordas mais agudas são
precisamente
as primeiras cordas do contrabaixo
moderno (g - d - a ...).
Era comum na época haver uma certa confusão
nas terminologias dos instrumentos.
Ficamos com
alguns exemplos das fontes escritas da época onde
mencionam o violone ou contrabaixo:
Sebastien de Brossard , em 1705 na sua compilação
de termos musicais estrangeiros, pág. 221, define assim
o violone: «Violone, o nosso violino baixo, ou para ser
mais específico, um duplo baixo (contrabaixo). O seu
corpo e pescoço são duas vezes mais largos que o do
tradicional violino baixo; as suas cordas são duas vezes
mais longas e mais grossas do que as do violino baixo,
consequentemente
soa uma oitava abaixo do
tradicional
violino
baixo.
Produz
um efeito
maravilhoso em acompanhamentos
e em grandes
corais e admira-me que não seja utilizado mais
frequentemente em França»
Em 1701, na Capela Real de Madrid, foram
contratados
três baixistas como executantes
de
violone, e em outro documento datado de 20 de Maio
de 1701 são designados como executantes de violone
contrabajo.
Nessa mesma Capela real, em 1736, surgem os
nomes destes três executante em que um deles é o
executante de violone e os outros dois são executantes
de violone contrabajo. Começa aqui a aceitação e
separação entre os termos: Bass violin ( violoncelo) e
o violone ( contrabaixo)
uma oitava abaixo do
violoncelo, ou seja, o comum bass violino
eYAMAHA
Em 1783, o luthier italiano Antonio Bagatella, na
contrução dos seus instrumentos com base na família
dos violinos, usava cinco terminologias diferentes para
a composição desta família:
<D
ortotá. S.Q.
Rua D'Aviz, 71-73
7000-591 ÉVORA
Telf/Fax: 266 743 273
e-mail: [email protected]
www.oacorde.net
___________
Violino-------- Viola------------VioloncelJo-------- Basso
Viol.ino-------- Viola da Braccio----VioloncelJo---Basso
Viol.ino-------- Viola----------------_ VioloncelJo-------- Violono
Violino------- Violetta ----------- VioloncelJ o--------Con trabbasso
Violino---- Violetta--- VioloncelJo---Violono 6 ontrabbasso.
Para não se confundir
o violoncelo
com o
contrabaixo, na língua inglesa ficou o violoncelo como
bass e o contrabaixo como Double Bass. Por outro
lado, os alemães vão chamá-lo de Kontrabass.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
-----------------
2
.-----....--
1.4 - O Rabecão
3
5
que
constituem
contrabaixo
l-Cabeça,
6
Cravelhame,
4
De acordo com uma
pesquisa efectuada por
-.::::~.
Gerald R. Hayes, num
dicionário português do
inicio do século XX, todas
as palavras ligadas à família
do violino, seu arco e
funcionamento,
estão
ligadas na sua terminologia
à palavra rebeca:
por
exemplo, um violino tinha a
designação de rebecchino.
Por seu lado, Florian
Pertzborn, contrabaixista e
professor húngaro à muitos
anos radicado em Portugal,
menciona também que o
termo rabeca para os
instrumentos
viola
da
braceio e o termo rabecão para os instrumentos
baixos, aparecem no repertório de baixo contínuo da
polifonia portuguesa do século XVII. Parece portanto,
que o termo rabecão consistia em mais uma das
muitas designações dos primeiros baixos da família do
violino, independentemente do tamanho ou de serem
designados em França por violinos baixos e em Itália
por violones.
No século XVIII os termos rabecão pequeno e
grande rabecão designavam respectivamente o
violoncelo e o contrabaixo. Bastante usado até meados
do século XIX, o termo rabecão ainda perdura no
português coloquial dos nossos dias. De facto, nas
partituras mais antigas de contrabaixo da Banda
Sinfónica da Guarda Nacional Republicana (com 150
anos de existência), este instrumento tem a designação
de rabecão.
-c ,
3-Mecanismo
o
2das
cravelhas, 4-Pestana superior, 5Ponto, ô-Cordas, 7-Braço, 8-Talão,
9-Taco, l O-Tampo superior, 11Taco de reforço superior, 12Bordo do tampo inferior, 13Aberturas
em ff, 14-Tampo
inferior, IS-Cavalete, 16-Alma, 17Taco de reforço inferior, 18Reforço da ilharga, 19-Barra
harmónica, 20-Estandarte, 21Filete, 22-Costilha inferior, 23Taco do espigão, 24-Pestana
inferior, 25-Parafuso do espigão,
26-Espigão, 27- Ponta do espigão,
28- Cabo de detenção
do
estandarte.
28
Victoria and Albert Museum, Catalogue of Musicai Instruments
Instruments), Her Magesty's Srationery Office, London,
HlJlwn-O,"Y'DU'.rG
,A Ne., History of Tbe Double Bass, Paul Brun Productios, Villeneuve
d'Ascq - France, 2000
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Henrique, Luis, Instrumentos MllSicais,Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,1988
Larousse De IA Musique, Vol I, Librarie Larousse, Paris, 1982
Michels, Ulrich, Atlas de Música, VoU, Gradiva- Publicações, Ld", Lisboa, 2003
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Sachs, Curt, The History Of MlIsica/lnstruments, Norton, New York, 1940
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1
:~f.~~~~j:~~i,~K~:agth:~I~e~en.
ModemLondon,
Orchestra/lnslruments
(History, Structure,
William Reeves,
1910
Musical Instruments and Their Symbolism in IPestern Art, Yale
Haven and
1967
Iniciou os estudos musicais com 13 anos de idade, na
de Música Matias Lucas, da Banda de Música da oocreoaoe]
Filarmónica União Seixalense.
Em 1983 ingressa na Banda Sinfónica da Guarda Nacional
Republicana como executante de Bombardino.
1.5 - O Contrabaixo Moderno
Em 1986 inicia os esrudos de Contrabaixo
Depois duma longa evolução de cerca de três
séculos na fisionomia do contrabaixo, o instrumento
do século XIX Ja possui a generalidade de
características que constituem o contrabaixo moderno
herdando pontos comuns tanto da família da viola da
gamba como da do violino.
Assim, temos um instrumento com quatro ( mais
usual) ou cinco cordas afinadas em Quartas: B'- E' - A
- D - G ou E' - A - D - G , o ponto sem trastos,
braço proporcional ao corpo, ângulo acentuado entre
o braço e a caixa de ressonância, aberturas em ff no
tampo superior, ilhargas altas e as costas abauladas ou
direitas, cravelhame a terminar em voluta (com
algumas excepções em instrumentos mais antigos que
possuem cabeças de pessoas ou animais bastante
trabalhadas), interior da caixa de ressonância
reforçado pela alma e uma barra longitudinal no
tampo superior.
A figura seguinte dá-n s a nomenclatura das partes
de Cordas na
Academia de Amadores de Música na classe do professor
29
Frequentou o Curso livre de instrumentista de Orquestra/Contrabaixo
Nacional
Superior
de orquestra
(1992/1994)
na classe do
Madrennes.
membro efectivo da Orquestra
diversos
Iarquipélago
IColaborou
estágios
Sinfónica Juvenil de 1988 a 1999 participando
de aperfeiçoamento
musical em Portugal
dos Açores, Madeira e Hortos (Grécia).
com vários agrupamentos
entre os quais se destacam o Colegíum
do Conservatório Nacional, Orquestra das Escolas de Música particulares,
Académica
Gulbenkian,
Metropolitana,
Orquestra
Metropolitana
de Lisboa,
Orquestra das Beiras e Sinfonieta de Lisboa.
É colaborador desde 1990, da Radiodifusão Porruguesa/ Antena 2, como assistente
musical aos concertos, recitais e óperas gravadas por esta estação de rádio.
Em 2006 termina a Licenciatura em Ciências Musicais pela Faculdade de
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
É, desde 2006, membro da «International
Military Music Society.
IOrgaJ101(lg>a aos cursos de promoção a cabo e a sargento músico, é membro
Março 2007
de Câmara da GNR e coordenador
da Guarda Nacional Republicana.
do naipe de contrabaixos
da
I
INSTRUMENTOS
MUSICAIS
AVEIRO
234 42 56 25
ALESIS
INSPIRE
Importador exclusivo: Américo Nogueira, Lda.
Rua do Almada, 170·4050-031 Porto
Tel. 22 20046 16· Fax 22 208 49 49
e-mail: [email protected]
PLAY
CR(Al(
~
-------~-
A Arte de Respirar
Artigo elaborado pelo 10 Sargento Marco Torre
o conceito
no universo
das costelas para a f!ente, ganhando assim
dos músicos de sopro como por exemplo,
espaço na caixa tóraxica para os pulmões se
grandes famílias de instrumentos, os sopros
que músculos têm maior importância
expandirem."A
parte activa da respiração
e a percussão. Neste momento existe uma
acto de se respirar.
diafragmática
é a inspiração
há muito
de Banda Militar está desde
directamente
ligado
a duas
no
expiração
Este artigo é assim baseado na teoria
mas devido ao facto de não existir em todas
de Arnold Jacobs, que em conjunto com o
fazer crer. Este músculo
as Bandas e de não ser uma família de
Pulmologista
realizar
instrumentos
Pulmonar
marciais, as cordas não são
e Director
do
do Laboratório
Memorial
Hospital
em
Chicago, Dr. David Cugell escreveu uma
Sem dúvida que os sopros são o maior
série de documentos
e ministrou
vários
contingente de uma Banda, cerca de 90%
Masterclass explicando e demonstrando
do efectivo, e estes estão divididos em dois
verdadeira "Arte de Respirar".
grandes
grupos,
madeiras
e metais. Os
a
e não
a
como muitas vezes é tentado
terceira família (nas Bandas Sinfónicas),
directamente associadas à música militar.
um
papel
não deixa de
fundamental
na
respiração, pois sem ele a nossa capacidade
tóraxica seria menor e consequentemente
teríamos que respirar mais vezes, mas para
a formação
e manutenção
de uma boa
coluna de ar os músculos que se utilizam
"Coluna de Ar", um termo utilizado
são essencialmente os abdominais e outros
localizados no nosso peito e até alguns no
comum a
regularmente, consiste no movimento de ar
todos eles, que é o facto de se produzir som
que vem dos pulmões e que serve para
pescoço. Na região abdominal existem dois
através da vibração dos lábios dentro de um
expulsar o dióxido
grupos
bocal. Já as madeiras e exactamente devido
produziu nas trocas gasosas. Mas para os
conhecidos
à maneira
instrumentistas
músculo
metais têm uma característica
como se produz
divididas
duplas
em palhetas
e
arestas.
instrumentos
o som, são
simples, palhetas
Estou
a
referir
que variam entre o flautim e
de carbono
que se
de sopro é crucial saber
mantê-la e controla-la de modo a produzir
movimento
continuamente
movimento
timbrado;
um som límpido, afinado e
este
a tuba, passando pelo fagote, a trompa e o
responsabilidade
saxofone. Que poderão estes instrumentos
respiratórios.
tão diferentes ter em comum? Exactamente
mais referido
trabalho
dos
é
da
músculos
O diafragma é o músculo
em qualquer
método
músculo
de
músculos
como
só
efectua
e
sobrepostos,
intercostais.
um
para
Cada
determinado
contrariar
esse
terá que se utilizar um outro
que
efectue
um
movimento
contrário; seria como utilizar a marcha a
trás para travar o carro e vice-versa,
Continuando
ou
a utilizar a metáfora do
apoiar no
carro, para se imobilizar a viarura teria de se
ou seja, instrumentos que utilizam o ar para
diafragma quando se toca", "deve-se fazer
achar um ponto de equilíbrio entre as duas
produzir som.
força na região abdominal quando se sopra
mudanças
é um
para obrigar o diafragma a fazer pressão",
complicado
muitas
"a manutenção
posteriormente
o que referi anteriormente,
A respiração
assunto
nos
delicado,
perguntas,
32
dissipou dúvidas pendentes
aerofones
onde
muitas
são aerofones,
existe
respostas
e poucas
técnica
de estudo.
está estritamente
"Deve-se
de uma boa coluna de ar
ligada à utilização
do
do
travão.
e isso de certeza
ao
que seria
princípio
mas
já ninguém notaria a falta
No
nosso
corpo
passa-se
certezas, quem o diz é um senhor que
diafragma", etc. .. Todas estas explicações
exactamente
passou grande parte da sua vida a esrudar o
estariam correctas se o diafragma fosse um
manutenção de uma boa coluna de ar passa
fenómeno
músculo utilizado durante a expiração, mas
pelo controle dos movimentos
Este
da respiração, Arnold Jacobs.
estudioso
levanta
uma
série
questões que já se transformaram
de
quase
não é, logo todas estas teorias são
dos músculos intercostais.
infundamentadas. O diafragma é um ,--'---...".,.,.
num mito urbano. Há quem diga que só
músculo
tinha um pulmão, outros
para
que sofria de
abdominal
inspirar
ou
que se utiliza
tecnicamente
asma, e até quem diga que sofria das duas
falando, e utilizando a explicação do
maleitas, mas a realidade é que este contraiu
Dr. Cugell: " Localizado à volta e por
uma doença enquanto criança que o deixou
cima da zona abdominal, é o único
com uma capacidade pulmonar
músculo em todo o nosso corpo que
Devido a esta insuficiência,
reduzida.
e desejando
não se contrai de uma extremidade
seguir uma carreira musical,Jacobs esrudou
para a outra, como os músculos das
a fundo o fenómeno
pernas, braços ou costas, mas sim
todas
as suas
ciéntíficos
como
da respiração
vertentes
desde
a anatomia
em
factos
do corpo
humano até à utilização de técnicas mais
isotéricas
como
o Yoga. Trabalhando
num movimento
quando
circular, e assim
se contrai
reduz
o seu
tamanho. O diafragma encontra-se
ligado ás costelas inferiores de modo
com médicos
que, quando se inspira, o músculo
especialistas, principalmente pulmologistas,
contrai empurrando todo o conjunto
muitas vezes em conjunto
o mesmo,
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
a construção
e
contrários
Quando
inspiramos
existe
um
determinado número de músculos (que
podemos
chamar grupo A) que se
contraem de modo a possibilitar a entrada
do oxigénio nos pulmões, ainda antes de
pararmos de respirar o nosso cérebro dá
ordem aos outros músculos (grupo B) para
começarem a contrair de modo a parar o
movimento
que se está a realizar, é
exactamente esse grupo B de músculos que
utilizamos para expirar. Aí o movimento é
o contrário, utilizamos o grupo B para
expulsar o ar dos nossos pulmões e o
grupo A para controlar esse movimento,
quando este complexo jogo do empurra
está controlado a nossa respiração é da
exclusiva responsabilidade
do nosso
cérebro, quando necessitamos de uma
maior quantidade de ar nos pulmões ele
saberá que ordens dar, assim como quando
tocamos ele definirá o volume e pressão
necessária para a construção e manutenção
de uma boa coluna de ar.
Estes músculos que acabamos de
referir estão localizados no nosso tronco, e
assim é difícil termos uma percepção da sua
localização no meio de tantos órgãos. John
Ridgeon, um eminente teórico nas técnicas
de respiração preparou dois pequenos
exercícios que nos poderão facilitar a
detecção, e bem como o funcionamento
destes músculos.
O primeiro
exercício tem como
objectivo detectar o diafragma assim como
sentir o seu movimento quando contraído.
Deve-se relaxar e respirar pausadamente
durante uns segundos, posteriormente
expirar todo o ar possível do sistema
respiratório, quando se estiver praticamente
sem ar abrir a boca o máximo possível e
num gesto repentino sem movimentar o
resto do tronco, inspirar fortemente. Este
movimento
cria vácuo que puxa ar
directamente para os pulmões e obriga o
diafragma a contrair, se for executado
correctamente irá sentir não só a expansão
da área abdominal como também da área
inferior das costas.
Para se sentir os músculos intercostai
vamos utilizar uma técnica semelhante.
Assim devemos descontrair e respirar
calmamente, inclinando o corpo para a
frente e deixando pender s braços, nessa
mesma posição devemos expirar até ao
nosso limite tapando a boca e o nariz de
seguida. Quando retomamos a p ição
erecta retiramos a mão do nariz ao mesmo
tempo que abrimos a boca; o primeiro ar
que entrar nos pulmões será devido ao
efeic vácuo que os músculos intercostais
criaram. As garrafas de plástico s frem um
fenómeno parecido quando retiram s tod
o ar do seu interior, e quando a largamos
elas enchem-se sugando o ar d exteri r.
Existe um utr tip de exer ícios que
serve para melhorar a nossa performance
respiratória, pois sendo músculos como
quaisquer outros, ao serem trabalhados, os
músculos respiratórios respondem melhor
ao esforço e controle exercido. Aqui ficam
dois
pequenos
exemplos
de
uma
quantidade infinita de métodos e técnicas
que se utilizam tendo como objectivo
melhorar a capacidade respiratória.
Deve-se regular o metrónomo para
sessenta
batimentos
por
minuto,
seguidamente inspirar lentamente pelo
nariz em dez batidas (se ouvir o ar a entrar
no seu sistema é porque está a inspirar
muito rápido) e expirar em outras dez, pela
boca. Deve-se ter em atenção que o
objectivo é encher os pulmões em cada
respiração; quando se conseguir realizar em
plenitude o exercício deve-se aumentar a
velocidade do metrónomo.
Este exercício é muito similar ao
anterior, e foi por esse facto que achei por
bem colocá-lo pois este foi retirado de um
manual de Yoga. Deve-se relaxar e inspirar
pelo nariz durante dez segundos, manter o
ar no sistema e dez segundos depois expirar
também durante dez segundos. Este
exercício Irá aumentar
a capacidade
respiratória e ao mesmo tempo relaxar o
corpo e a mente.
Por último queria deixar um pequeno
exercício que tem como objectivo trabalhar
uma técnica de respiração utilizada por
alguns instrumentistas e que actualmente
tem muitos seguidores em quase todo o
tipo de instrumento. Trata-se da chamada
respiração contínua, ou também conhecida
como respiração circular. Técnica que
permite a um instrumentista ter um fluxo
de ar contínuo enquanto este respira pelo
nariz, esta técnica é possível apenas graças
a desl cação do ar para as bochechas e a
um movimento coordenado que faz com
que o ar saia para o instrumento enquanto
o músico inspira.
Por incrível que pareça uma técnica
similar é desde à muito tempo utilizada
pelos vidraceiros na construção das suas
peças, como não podiam respirar porque o
vidro estava quente mantinham o ar que
lhes restava nas bochechas e enquanto
continuavam
a soprar
nos
tubos,
inspiravam.
Para se perceber o fenómeno, existem
quatro etapas distintas:
l-Quando os pulmões começam a ficar
sem ar, enche-se as bochechas.
2-Depois de o ar se encontrar nas
b chechas é empurrad
para dentro do
in trurnento, utilizando os músculos das
b chechas. esta altura inspira-se.
3-Quando
se
tiver
inspirado
suficientemente
começa-se a exalar ar
vindo dos pulmões.
4-As bochechas voltam à sua posição
Março 2007
original.
Claro que tudo isto não é normal e não
se consegue em poucos dias, é uma técnica
que poderá demorar anos até se encontrar
dominada. Mas como referi anteriormente
vou deixar um pequeno exercício que
poderá de alguma maneira ajudar:
Encher as bochechas de ar e respirar
normalmente pelo nariz.
Executando a mesma técnica, deve
deixar um pequeno orifício nos lábios de
onde deve deixar escapar um pouco de ar.
Este deverá ser controlado.
Seguidamente coloque uma palhinha
na boca e a outra extremidade num copo
com água, insufle as bochechas e respire
normalmente,
agora
tente
produzir
bolhinhas de ar no copo.
Na prática, quando conseguir dar uma
inspiração
enquanto
estiver a fazer
bolhinhas na água, está a realizar respiração
circular, mas a transição para o instrumento
costuma ser a parte mais penosa do
processo, portanto é aconselhável que
quanto mais cedo experimentar, melhor.
Este é sem dúvida um assunto que dá
pano para mangas, mas na realidade cada
um de nós, instrumentistas, é que poderá
escolher a técnica que melhor se adapta ao
seu corpo e à sua maneira de tocar. Este
artigo serve essencialmente para dissipar
algumas dúvidas que poderiam existir
quanto
à
musculatura
utilizada
na
respiração,
e acima de tudo para
homenagear um homem que muito deu ao
estudo de fenómenos ligados à arte de
respirar, Arnold Jacobs.
Marco
Paulo
da Torre,
de 1977
em
os
Cascais,
estudos
onde
musicais
Sociedade
Familiar
Malveira
da
mente
Nacional
para estudar
António
com
seus
6 anos
na
e Recreativa
da
contrabaixo
de cordas com
Ferreira. Mais tarde, transita
para a classe de tuba e começa
Professor Ilídio Massacote.
Participou
inicia
Serra
com
o Sr.
Moreira
Saraiva.
ingressou no Conservatório
Posterior
o Professor
Carriço
nasceu a 19 de Novembro
em diversos
a estudar
com o
Masterclasses
e em
cursos livres onde há que destinguir Michael Lind,
Phillipe Legris, Sérgio Carolino entre Outros.
Em
Militar
1997
ingressa
de Lisboa.
Curso de Sargentos,
na Banda
do
Posteriormente,
Governo
concorre
ao
no mesmo
cm
na Banda Sinfónica
do
ingressando
2000.
Em 2003 é colocado
Exército, e actualmente encontra-se
Banda da Zona Militar dos Açores.
Colabora
convidado
frequentemente
na Orquestra
Orquestra Sinfonietra
Solistas de Lisboa.
Paralelamente,
curso superior
Instituto
como
Sinfónica
encontra-se
em Almada.
na
músico
Portuguesa,
de Lisboa e a Orquestra
de instrumentista
Piaget
deslocado
a frequentar
dos
o
tuba, no ISETT,
33
------~~-----
34
Mais que falar numa empresa,
que regra geral se esgota no puro
interesse comercial com que é
criada, falar de Cardoso &
Conceição, implica falar num
universo próprio, de uma entidade
que tem procurado ao longo dos
últimos 12 anos, contribuir para o
desenvolvimento
do
meio
filarmónico, mas fazendo-o de uma
forma, que vai muito além disso e se _~~_~~_-"~_'_
cruza com a música e com os músicos, na sua vida
profissional, civil e em alguns casos, militar.
Neste período, a empresa lançou, promoveu e
acompanhou, tal como continua a fazer, inúmeros músicos,
muitos
maestros e um número considerável de
composi tores.
Incentivou, apoiou e fez parcerias, aos mais diversos
níveis, com largas dezenas, para não dizer algumas centenas
de bandas filarmónicas, a exemplo aliás do que acontece
hoje em dia.
Levou e leva cursos de aperfeiçoamento, master-classes,
tanto ao nível dos instrumentos, como de Direcção, a
diversos pontos do país.
Para os ministrar e de forma a procurar quebrar
barreiras, estigmas e tabus, recorreu, tal como hoje, tanto a
profissionais do ramo civil, como do ramo militar,
escolhendo sim, sempre os melhores, capazes de
proporcionar uma mais valia efectiva aos formandos.
Travou e trava uma cruzada em defesa dos valores
nacionais, incitando a que os nossos compositores
escrevam, e dêem asas ao valor que se lhes reconhece, mas
por vezes esquece.
Procura ir mais longe e tem desenvolvido contactos, no
sentido de promover internacionalmente algumas das mais
significativas composições editadas.
Sempre com a noção de que o público-alvo é
diversificado e por isso mesmo, assim deve acontecer com
as obras que vão sendo escritas.
Formou, ou promoveu a formação de inúmeros
técnicos de reparação de instrumentos, o que tem permitido
às bandas, considerável redução de custos.
A disponibilidade para ouvir, para aconselhar, para
ajudar enfim, é imagem de marca de uma estrutura pensada
para ter sucesso.
O forte entusiasmo, a inabalável confiança, a visão
própria mas que se alastra aos diversos colaboradores, são
pilares desta mesma estrutura
Evidentemente que o interesse comercial norteia a
acção, mas assente numa regra muito básica, mas ao mesmo
tempo observável apenas para alguém com a visão, a
acuidade e a subtileza de M.Cardoso, mentor de todo este
grande projecto - A empresa só pode
crescer e evoluir, se for sustentada pelo
crescimentoepela evolução do meio em que
se insere!
E mesmo sendo avessa à, por
vezes habitual, guerra de preços,
não caindo nessa tentação, continua
a liderar vendas, porque considera e
!I.~~ com sucesso, que é mais importante
um apoio efectivo e estratégico, do
que um simples negócio e "lavar de
mãos".
Assentou também nesta premissa, o investimento feito,
de mais de um milhão e meio de euros, em novas
instalações, onde foi acautelada entre outras coisas, a
existência de um auditório, um futuro estúdio de gravação,
uma oficina de reparações, sala polivalente,
que se
encontram permanentemente à disposição não só da
empresa como dos seus parceiros e por onde já passaram
neste primeiro ano, (em concerto mais de 1000 músicos) e
continuam a passar, alguns dos nomes mais sonantes da
nossa praça bem como do panorama internacional.
Para além disso, e apesar de se mover num espaço que
cobre todo o território nacional (continental e insular),
procura estar cada vez mais perto de todos, daí a parceria
celebrada a sul, com a empresa Russomúsica, com o mesmo
tipo de especialização, e da qual C&C é associada, e mais
recentemente a abertura de um espaço próprio, no
arquipélago dos açores, mais precisamente na Ilha do
Pico.Esta forma de actuar, tem granjeado o respeito de
clientes, mas também o não menos importante
reconhecimento por parte de fornecedores, no caso, as
grandes marcas internacionais
de fabricantes
de
instrumentos.
A empresa é hoje em muitos casos, parceiro privilegiado
das mesmas.
Recentemente e porque a globalização assim o exige,
não ficou indiferente às novas tecnologias. Mas, uma vez
mais presidiu ao seu pensamento, mais que um vector
comercial, prestar apoio também aos seus parceiros.
Comprovam esta teoria, os três "sites" que neste
momento dispõe (para além da parceria em muitos outros),
cada um com objectivos definidos, desde o puramente
comercial www.cardosoeconceicao.com. aos colocados ao
serviço das filarmónicas
WW\Y;bandasfilarmonicas.come
mais recentemente de todos os agentes ligados ao meio
musical, filarmónico ou não www.palaciodosmusicos.com.
A pergunta é óbvia:
Qual o futuro deste projecto?
A resposta é pronta:
Será o que o meio determinar!
C&C Dep. Comunicação e imagem
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Cardoso
& Conceição
Unip. Lda .•
Rua da Estrada Nacional
1319 Espargo • 4520- 105 sta. Maria da Feira
tel. (351) 256 333 876 • fax. (351) 256 372 898
e~e
YNNI.cardosoeconceicao.com
[email protected]
Entrevista
Artista
Internacional
Yamaha, Sérgio
Carolino é
actualmente
tuba
solo da Orquestra
Nacional
do Porto e
professor das
classes de tuba na
Academia Nacional
Superior de
Orquestra (ANSO Lisboa) e na Escola
Superior de Música
e das Artes do
Espectáculo
(ESMAE - Porto).
Encontra-se
permanentemente
em actividade,
realizando
masterclasses
e
tocando como
solista em várias
cidades mundiais.
36
Com que idade é que começou na música?
Comecei a aprender música com 11 anos de idade.
Como é que uma criança, como era na altura,
começa com um instrumento tão grande e tão
pouco usual?
Na minha família, só o meu avô, Fernando
Carolino, tinha sido músico na Banda de Alcobaça.
Era o homem do ritmo! Tocava caixa.
O meu pai decidiu inscrever-me na Escola de
Música da Banda de Alcobaça, onde comecei por
experimentar o fagote. Eu queria um instrumento
grave e a sonoridade do fagote agradava-me imenso.
Infelizmente ou felizmente, não conseguia conter os
lábios para dentro, na tentativa de segurar e fazer
vibrar a palheta. O professor sugeriu então que
experimentasse a tuba. Havia uma tuba em mi bemol
parada na sala de ensaio e decidi experimentar. Mal me
deu o bocal fiz de imediato alguns sons e, mais tarde
na tuba ainda saíram melhor! Foi amor ao primeiro
som!
Que passos à que seguir para dominar a tuba ou
qualquer outro instrumento?
Penso que "dominar" é uma palavra muito forte!
Nunca esquecer que no caso da tuba e dos outros
instrumentos de metal, é "metal versus mente/ corpo".
Dado que nunca poderemos vencer o metaL.. eu
acredito que com muito trabalho, disciplina e
dedicação, qualquer pessoa pode equilibrar essa
relação.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
o
seu percurso na musica também passa pelo
isso as excelentes relações humanas que daí resultam.
Jazz. Como surgiu esse gosto e essa experiência?
Para mim, é como inserir sangue novo nas veias....
Desde muito jovem comecei a gostar fII•••••••••••••••••••••••••••••••
muito de vários estilos de música, e como não
poderia deixar de ser, o jazz fazia parte!
Q
Sobretudo, o jazz da cidade de New Orleans:
o dixieland de Louis Armstrong e o
funky/ second line dos Dirty Dozen Brass
Band. A partir daí, fui-me interessando por
conhecer outros tipos de jazz e passei a ser
sobretudo um ouvinte assíduo.
Não me considero um músico de jazz,
ando muito longe disso. Gosto de me
classificar como um improvisador.
•
A sua trajectória está muito ligada ao
estrangeiro. Por algum motivo especial?
Essa trajectória foi algo muito normal
para um estudante de música que quer
aprender e que não tem condições para o
fazer no seu país. Refiro-me á inexistência de um
professor de tuba na única escola de música onde
poderia aprender, refiro-me à Escola de Música do
Conservatório Nacional de Lisboa. Devido a essa
situação, uma das opções que tinha, seria o de ir
estudar para uma escola/conservatório no estrangeiro
no qual França e Suíça eram as hipóteses viáveis.
Graças aos meus pais, que eram imigrantes em França,
tive o apoio que precisava para poder "tentar a sorte"!
Após fazer provas de admissão no Conservatório de
Genebra (Suíça) e de ser admitido, decidi que essa
seria a melhor opção, e a que me daria mais condições
para evoluir como tubista e como homem.
Como surgiu o convite para ser endorser da
Yamaha?
O convite foi-me feito por um antigo funcionário
da Yamaha Portugal, o Sr. Nuno Rocha. Fiquei
extremamente contente pois como há já alguns anos
tocava com um instrumento da marca Yamaha, foi
como "juntar o útil ao agradável".
Foi a primeira vez que realizou um Masterclass
num meio músico/militar? Qual a sua opinião
acerca desta iniciativa?
Não foi a primeira vez que fiz uma Masterclass
num meio músico/militar. Tinha realizado uma
Masterclass em 2002, a convite do Comissário Ernesto
Esteves, para a secção de tubas da Banda Sinfónica da
Policia de Segurança Pública. Este tipo de iniciativas é
de louvar pois dá-me a oportunidade de partilhar
novos e diferentes conceitos técnico-musicais, de
actualizar informação coerente e inventiva, juntando a
__________
11
Que
conclusões
retira
do
panorama
musical/ militar desta Masterclass?
Penso que todos aprendemos e evoluímos depois
desta semana fantástica. Tivemos oportunidade de nos
conhecer melhor, trocar ideias, e tocar em conjunto,
neste caso, em ensemble de tubas, o que para muitos,
foi a primeira vez a tocar e para alguns a ouvir. Julgo
que foi muito proveitoso e enriquecedor para todos os
intervenientes.
Para si, qual é a importância da tuba nas Bandas?
A tuba é extremamente importante numa Banda de
música, pois é o baixo, a base de toda a formação.
Como em qualquer projecto musical, podemos tocar
sem secção rítmica (instrumento harmónico e bateria),
mas não podemos abdicar do baixo... o baixo é a
referência para todos, tanto em termos harmónicos
como em termos rítmicos.
E nas Orquestras?
Nas orquestras, a tuba tem um papel diferente. A
maioria das vezes serve de baixo ao naipe de
trombones, outras, de base ao naipe de metais e por
consequência, a base de toda a orquestra. Tem uma
voz solista, uma vez que é única na orquestra. Por ter
uma sonoridade e uma versatilidade totalmente
diferente
dos
outros
instrumentos,
alguns
compositores confiaram-lhe solos, como são os casos
de Serguey Prokofiev, Dmitri Shostakovich, Igor
Stravinsky (Rússia), Gustav Mahler, Richard Wagner e
Richard Strauss (Alemanha), e Silvestre Revueltas
(México).
Março 2007
_
37
o "mundo das tubas" é muito disputado?
38
O "Mundo das Tubas" é, na minha opinião
um, "mundinho"
muito
pequeno
e,
quase
insignificante ....
Claro está, a disputa por um lugar numa orquestra
é bastante grande, dado o facto de só haver uma tuba
na Orquestra e dos concursos de admissão
escassearem. Devido a haver um só vencedor nas
audições, e muitas vezes nenhum tubista ser escolhido
para ocupar o lugar... como devem calcular, leva a um
ambiente de grande desilusão e tensão!
Quais os tubistas de referência mundiais tem
como "alimento diário musical"?
Na realidade, não tenho praticamente rubistas
como referencias à excepção de William Beli (primeiro
tubista da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque com
o maestro Arturo Toscannini), Harvey Phillips, e
Warren Deck (que foi também tubista da Orquestra
Filarmónica de Nova Iorque). De resto, as minhas
referências musicais são, entre outros, a grande diva
Elia Fitzgerald, o Frank Sinatra e o Bobby McFerrin
(voz), Pablo Casals e Truls Merk (violoncelo), John
Coltrane e Michael Brecker (saxofones), Miles Davis
(trompete), o Tommy Dorsey e o Frank Rosolino
(trombones)!
Qual o compositor que destaca mais para o
desenvolvimento do seu instrumento? Criando
repertório, ajudando a que este esteja à altura de
outros instrumentos solistas ...
O compositor que mais se destaca, só poderá ser o
Britânico, Ralph Vaughn Williams, devido a ter sido o
primeiro compositor famoso, a confiar um concerto
como solista a um instrumento como a tuba. Não foi
um compositor que tenha escrito muitas obras para o
instrumento, mas foi sua a iniciativa e a partir dai,
outros compositores seguiram o seu exemplo. Além
do concerto, o Sr. Williams, confiou à tuba partes
difíceis e excitantes em quase todas as suas 9 Sinfonias
para orquestra sinfónica e das suas obras para
orquestra de sopros (banda).
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
_
Que projectos tem
para o futuro próximo?
Tenho vários projectos a
realizar a curto-médio
prazo, um dos quais será
a criação
de uma
Academia Internacional
de Instrumentos
de
Metais, tendo como
professores principais,
Azevedo
e
Paulo
Perfeito
(Portugal) ,
Elizabeth
Raum
(Canadá), Jim Self e
Barton
Cummings
(EUA), Mico Nissirn
(França).
*
os músicos portugueses de maior destaque bem como
de solistas e músicos de orquestra de renome
internacional.
Neste momento concentro-me em lançar alguns
discos a solo com obras encomendadas e escritas para
mim por compositores nacionais e estrangeiros os
quais destaco:
*
"XL" - CD a solo com o pianista/compositor
Telmo Marques com música de Carlos Azevedo,
Francisco Loreto, Paulo Perfeito, Carlos Marques,
Laurent Filipe, Telmo Marques, Filipe Melo e
Bernardo Sassetti.
* "Mr. S.C" -
CD a solo com o quarteto de saxofones
SAXOFINIA, Jeffery Davis (vibrafone) e Mico
Nissim (piano e composição). Obras de Carlos
CD com o meu
projecto EUROPEAN
TUBA TRIO
com
François Thuillier (tuba) e Anthony Caillet (eufónio).
* Novo CD com o meu trio TGB - tuba, guitarra e
bateria com Mário Delgado (guitarra) e Alexandre
Frazão (bateria).
Saíram recentemente dois CDs:
O primeiro com a National Youth Brass Band from
Switzerland, sob a direcção de Robert Childs, com o
"CONCERTO PARA TUBA e Brass Band, Op. 136"
de Jorge Salgueiro.
O segundo, o meu primeiro CD como solista de nome
- SÉRGIO CAROLINO "Steel aLive!". Este Cd,
contém gravações ao vivo, efectuadas entre os anos de
2004 a 2006, onde toco como solista em vários
"settings", com diferentes instrumentos e em vários
países.
y
39
JUNTA DE FREGUESIA DE CARANGUEJEIRA
Presidente: Adriano Francisco
Rua do Comércio, 54
~lO-CARANGUEJEJRA
TEI: 244 734 437
E-mail: [email protected]
__________
Março 2007
_
Militares da Banda Sinfónica do Exército
POSTO
NOME
POSTO
NOME
FUNÇÃO
CAP
Manuel Joaquim Ferreira da Costa
Chefe Ti tular
lSAR
Manuel Maria da Silva Nunes
Fliscorne
CAP
João Fernando Afonso S. Cerqueira
Chefe Adjunto
lSAR
João Pedro Lopes Rafael Azevedo
Fagote
SMOR
Manuel Garcia Claré Batista
Sub-Chefe
lSAR
Luis Miguel Rosa Pedro
Oboé
SCH
Serafim de Oliveira Aguiar
Chefe de Naipe
lSAR
Luis Miguel do Rosário Balão
Clarinete
SCH
António Fernando Pinto Coelho
Chefe de Naipe
lSAR
António Maria S. Busca Mourato
Clarinete
SCH
Aurélio Rua Ribeiro
Chefe de Naipe
lSAR
João Miguel Rolão Lopes
Bombardino
SCH
José Agante da Costa Ferreira
Chefe de Naipe
lSAR
Sérgio da Silva Frazão
Tuba
SAJ
Jorge Pereira Oias
Trompete
lSAR
Daniel Rui Franco da Silva Batista
Tuba
SAJ
Jorge Manuel de Oliveira Lopes
Clarinete
lSAR
João Jorge dos Santos Salvador Belo
Flauta
Clarinete
lSAR
António Manuel Pereira Sousa
Trompete
Clarinete
lSAR
Carlos Manuel Alves Caldeira
Trompa
-_...-_...~-
40
FUNÇÃO
---
SAJ
Fernando Gariso D. Cordeiro
SAJ
Mário Humberto
SAJ
Jacinto Caldeira M. Lamarosa
Clarinete
lSAR
Eduardo Nuno Reis Guerreiro
Tuba
SAJ
Joaquim Manuel F. Correia
Clarinete
lSAR
Nélio José Fonseca Barreiro
Saxofone
SAJ
João Paulo Martins Santana
Trompa
lSAR
Carlos Manuel Leandro Garcia
Fagote
SAJ
Manuel Carvalho F. Babo
Percussão
lSAR
Artur Jorge Saturnino Barrinha
Trombone
SAJ
António Claurlino Silva Dias
Trombone
2SAR
Bruno Ricardo Ferreira Peixoto
Saxofone
SAJ
Fernando Jorge Magalhães
Clarinete
2SAR
Cláudio André Vilafranca Panta Nunes
Violoncelo
J. Cavadas
SAJ
Dulcinio Toni Pereira de Matos
Trombone
lCAB
Marco Alexandre Sarrudo
Trompete
SAJ
João António Viso Mota
Trompa
lCAB
Luis Miguel Cachola Pastaneira
Trompete
SAJ
Francisco José Pires Paixão
Trompa
2CAB
Hélio Tiago Malhciro Nunes
Clarinete
SAJ
Joaquim Jorge Neto Campos
Trompete
2CAB
Nuno Filipe Rodrigues
Tuba
SAJ
Luis Miguel Tomé Correia
Fagote
2CAB
Milene dos Santos Marques
Saxofone
Teclado
2CAB
Sérgio Miguel Silva Gaivota
Saxofone
Clarinete
SAJ
Óscar José Vilhena Mourão
SAJ
Gustavo Jorge da Silva Oias
SOLO
Pedro Esrael Barbosa Cestinho
SAJ
João Carlos de Sousa Lopes
SOLO
José Sérgio Camilo Romão
Saxofone
SAJ
José Maria Rodrigues Monteiro
Trompa
SOLO
António Manuel Pais Assunção
Trompete
SAJ
José António Alves Marques
Trombone
SOLO
Gonçalo Jesus S. R. V Dinis
Trompa
SAJ
Carlos Reinaldo S. A. Guerreiro
Trombone
SOLO
Teima Sofia Batista P Marques
Saxofone
SAJ
João Manuel Vasco André
Saxofone
SOLO
Rui Filipe Melo Lima
Trombone
SAJ
Jorge Manuel Domingos Velez
Clarinete
SOLO
Jorge Tiago Duarte de Jesus
Flauta
SAJ
João Carlos Teixeira Coca
Trompete
SOLO
Nuno Miguel Cidade Almeida
Fagote
SAJ
Joaquim Pereira das Neves
Bombarrlino
SOLO
Fábio Alexandre Duarte Cruz
Trompete
SAJ
Alberto Cesar Carreira Lages
Clarinete
SOLO
Pedro Filipe Lopes Santos
Tuba
SAJ
Paulo Nuno Moço Belas
Trompa
SOLO
Marco Alexandre P. Barbosa
Percussão
SAJ
José Manuel Lino da Silva
Clarinete
SOLO
Ana Margarida da Silva Guerreiro
Clarinete
lSAR
Luis Rafael F. Oliveira R. Pinto
Tuba
SOLO
Bruno José Barradas da Cruz
Trompa
lSAR
João Manuel Martins Soares
Clarinete
SOLO
Ricardo Jorge Batista Lopes
Trombone
1SAR
Sergio Alberto Ferreira Mendes
Clarinete
SOLO
Ana Sofia Mateus Francisco
Flauta
1SAR
João Raúl Pereira de Jesus
Bombarrlino
SOLO
José Carlos Pereira Almeida
Percussão
lSAR
Júlio Manuel Gonçalves Ramalho
Clarinete
SOLO
Nicolau Anciães de Jesus
Trompete
lSAR
Abel Lucas Cardoso
Percussão
SOLO
Sara Patricia Santos Silva
Oboé
.1SAR
Luis Manuel F. Pereira Rodrigues
Contrabaixo
SOLO
Manuel Daniel Fidalgo Caceiro
Saxofone
lSAR
Oscar Humberto
Oboé
SOLO
Pedro Davide Martinho Santana
Trompete
lSAR
Victor Manuel da Silva Mesquita
Clarinete
SOI.D
Gonçalo Filipe dos Santos Pinto
Trompete
lSAR
Francisco José de Jesus Marques
Flauta
SOLO
Ruj Pedro Reis Lopes
Percussão
1 SAR
Manuel José C. Pedras Sousa
Trombone
SOLO
Bruno Alexandre Lobato Vieira
Clarinete
1SAR
Luis Carlos Garcia Cascão
Percussão
____________
Pereira de S. Viana
Boletim da Baoda Sinfónica do Exército
_
----'
41
Março 2007
Músicos Militares Notáveis
Artigo elaborado pelo Sargento-Ajudante Luís Correia
FRANCISCO ANTÓNIO NORBERTO
PINTO (1815-1860)
DOS SANTOS
Compositor, músico militar, da Real Câmara e mestre director de S.
Carlos, professor do Conservatório ...
... um dos mais notáveis compositores portugueses que floresceram no
meado do século XI~
e um daqueles que a memória maior respeito
merece... (Ernesto Vieira)
o
nome de Santos Pinto surge este
ano em destaque devido há redescoberta
que vem sendo feita da sua obra. O meu
primeiro
contacto
com a obra do
compositor
foi numa actuação com a
Orquestra Sinfonia B, há já alguns anos,
por intermédio do Maestro César Viana,
que recuperara algumas partituras do
autor para apresentação
em concerto.
Entretanto, no passado ano realizaram-se
várias
audições
de
obras
deste
compositor (uma das quais especificarei
em pormenor
mais adiante)
como:
quartetos de cordas pelo Quarteto do
Conservatório Nacional (no Palácio Foz,
com comentários
de César Viana),
repertório de câmara para metais pela
classe do Professor
José Augusto
Carneiro (Conservatório Nacional) e até
uma transmissão pela Antena 2 (11-102006) da obra sinfónica "Canção da
Serra", pela Orquestra da RDP, Maestro
Silva Pereira, num concerto efectuado no
S. Luiz a 1-2-1986.
Uma das razões do ponto de vista
teórico que me incentivaram à realização
do mestrado na Universidade Nova, foi o
grande interesse em querer aprofundar (e
divulgar) o conhecimento do papel dos
músicos de sopro na constituição das
instituições académicas e musicais, desde
a Capela Real ao Conservatório, S. Carlos,
passando pelas Bandas militares, etc.
Com o decorrer da minha investigação
notei a grande lacuna que existe no
tratamento dos dados relativos a este
último
sector,
das Bandas/músicos
militares, senti então que seria quase um
imperativo
o
estudo
desta
área,
contribuindo para colocar mais uma peça
no puzzle da história da música em
Portugal. Ainda para mais o século XIX,
onde emerge a importância dos músicos
militares
no seio da vida musical
portuguesa,
está muito por estudar,
existindo
um vazio em termos
de
divulgação
entre
J ão
Domingos
Bomtempo
e Vianna da Mota, como
confirma o Maestro Manuel Ivo ruz no
artigo «MlÍsico p0/111g/lesalia ZOllado silêllcio»:
(...) Existe mesmo II/JlO ",allcho q/lose
total/llC/lte sombria, embora fert,ilhal/te de
acontecimentos sociais, políticos, e mesmo
culturais noutras áreas,já estudados, revelados e
apreciados, mas musicalmente uma "zona do
silêncio" (...) Tal é o caso de autores como Xavier
Migone, João Guilherme Daddi, Augusto
Machado, Jacob Carl i, Rodrigtles Cordeiro,
Gtlilherme COSSOtl~ Freitas Gazu~ Ângelo
Frondoni, Victor Hussia, Visconde do .Arneiro,
José Avelino Canongia, Sá Noronha, Francisco
Eduardo da Costa, Migtlel Ângelo Pereira, João
Arrt2)l0, Atlgusto Machado, Conde de Azevedo
e Silva, Francisco Norberto dos Santos Pinto,
Pereira da Costa José Maria e Nicola« Ribas,
Luís Filgueiras, Manue! Inocêncio Liberato dos
Santos,
Frederico
Guimarães,
Augusto
Neuparth, Joaquim Casimiro, Ciriaco Cardoso,
David de Sousa, Visconde de Oliveira Duarte,
Carlos Dubirri e certamente tantos outros!
(Jornal de Notícias, 13-4-1998)
Dentro
deste espírito,
e como
resultado de um trabalho de investigação,
tive o prazer de interpretar (com a Banda
Sinfónica do Exército em Maio de 2006)
a: FANTASIA PARA FAGOTE sobre
motivos de «Roberto Devereux» de F.
A. N. dos Santos Pinto.
Tudo começou com uma visita de
estudo
à Biblioteca
Nacional
que
despertou consciências para o trabalho
ciclópico que falta fazer na análise e
tratamento do espólio de compositores
portugueses. Aí mais tarde, consultando
bases de dados e outras listas coligi obras
para fagote, entre as quais um manuscrito
interessantíssimo
de uma partitura para
fagote
e Banda! Esta obra supra
mencionada, é a única conhecida em
Portugal para semelhante formação.
Sendo assim esta Fantasia para fagote e
Banda escrita em 1847, vem ao encontro
de
outros
exemplos
comuns
de
composição
de obras inspiradas
nas
melodias que se ouviam no S. Carlos, para
apresentação a solo, nas mais variadas
ocasiões. Neste caso sobre temas da
ópera de Donizetti,
Robert Deoereux
(prellliére: Nápoles, 29-10-1837) estreada
no Teatro de S. Carlos a 13 de Julho de
1838, sendo apresentada
também na
temporada
de
1844-45.
A
sua
instrumentação
original dá-nos um sinal
de como eram comp stas as bandas
Março 2007
naquela
altura
compreende:
pré
revolução
de Sax,
Fagote (solista),
Clarinetes (4 vozes),
Req(tlin)ta,
F(lau)ta (em mib),
Cornetas (2 vozes),
Corni in fa (trompas, 2 vozes),
Figli (oficleides, 2 vozes),
Trombones (2 vozes) e
Baixo.
Não existem mais dados sobre esta
obra, nem Ernesto Vieira a refere no
catálogo de obras que complementa
a
entrada sobre o compositor no seu livro
de biografias. As duas obras escritas para
fagote que referencia são a Rêverie (sobre
uma cançoneta de Rossini, para fagote e
piano) e a Phantasia para 2 fagotes e
orquestra. [Estas peças estão intimamente
ligadas ao grande fagotista de S. Carlos e
professor
do Conservatório
Augusto
Neuparth, pois a primeira é-lhe dedicada
e a segunda foi por ele interpretada em
conjunto
com Thiago Canongia,
no
teatro de S. Carlos a 22 de Abril de 1847,
segundo referências da época].
O compositor
Francisco António
Norberto dos Santos Pinto, filho de José
António dos Santos e de Mariana do
Carmo da Gama Pinto Borralho, nasceu
em Lisboa a 6 de Junho de 1815. Desde a
infância se dedicou à música, aprendendo
os
rudimentos
com
Theotónio
Rodrigues, cantor da CapeI/a Real da
Bemposta. Possuindo reconhecidamente
uma boa voz de soprano e excedente disposição,
logo começou a cantar profissionalmente
nas festas da igreja, assim começou desde tenra
edade o prover ao proprio sustento pois que a
[amilia escassos meios possuia (Vieira 1900:
173).
Estudou
ainda violino com José
Maria Morte, e trompa com o mestre da
Banda das Reaes Caval/oriças, Justino José
Garcia. Aos quinze anos já pertencia a
esta mesma Banda, como atesta a acta da
sua admissão na Irmandade de S. Cecilia,
a 30 de Setembro de 1830: «dispensado de
exame por ser musico dos Reaes Cavallariços».
43
Dois anos depois entra para a Banda
como Almeida Garrett
1956: I 507).
da Guarda Real de Polícia como primeiro
corneta de chaves.
Afastando-se
seu tempo,
e da Academia
ocupando
diz-nos que é inumerável a sua produção,
ainda
Melpomenense,
cargos
directivos
na
Irmandade de S. Cecilia e no Montepio
Filarmónico.
mestre em
destacando duas grandes Missas a quatro
algumas bandas dos batalhões constitucionaes
vozes e orquestra, um Te-Deum dedicado
[numa partitura
de um Passo Dobrado
ao rei D. Fernando, uns officiosgrandes para:
e cinco anos, morre
Melitar, 1835, Santos Pinto está referido
a semana santa e um motete para a festa
como 'Mestre da Música do 10 Batalhão da
de S. Cecília que obteve excelentes críticas:
tambem dos mais honrados, musicas portllgl/ezes
(id. Ibid.).
C.N.
de Lisboa'),
entusiástica
Carta».
escrevendo
até uma
«Marcha dos Voluntários
da
A 30 de Janeiro de 1860, aos quarenta
((...N afactura do refendo motete, o sr. Pinto
dos mais iI/listres, e
tlJJI
Hoje a Biblioteca
Nacional
regista
foi mblimemente inspirado. Aquelfe canto tão
mais de trezentas obras catalogadas de
singelfo, acompanhado
unicamente pelos
- violoncel/ose violetas, interrompido de quando em
Santos Pinto, das quais seleccionei alguns
exemplos
que
na sua vida - o S. Carlos, como relata E.
quçndo pelos arpejOs do clarinette, ..produz um
repertório
de bandas
Vieira: ...entrou para a banda do theatro de S.
Carlos, como primeiro trompa, e pouco depois
ejJeito magnifico, arrebatador, e deixa a alma
solístico
n 'extasi terdadeiramente religioso» (((Revista dos
despertem
passou
Espectaculos», 30 de novembro de 1856).
para o conhecimento
compositor.
Por 1833 um novo passo fundamental
para
a orchestra,
occupando ahi
alternativamente em diversas épocas, os logares de
No
campo
da música
orquestral
primeiro clarim e terceiro trompa. No en tan to,
salientam-se as suas 35 aberturas, sendo a
acrescenta que quando a musica das Reaes
oitava a mais notável de todas..., que el/e dedicou
Cavallariças se fundiu
a Lis~
Câmara,
na orchestra da Real
Pinto ficou fazendo
parte
d'essa
autor em nota de rodapé: aspartes de clarim
e
instrumentos
na corneta de chaves, como hoje o são no cornetim
dedicadas ao seu instrumento
(Vieira 1900: 174»).
de chaves.
Foi em S. Carlos que este mais se
peças
concertantes
Para
lições
concertante
harmonia
com
o
mestre
Franco Leal, tem agora por
outros
as
instrumentos
acompanhamento
sopros
e que
espero
o interesse de mais músicos
da obra
deste
1956-8 Duionário
Mário, 1999 O Teatro de J. Cortos, 2 vols. Lisboa:
MOREAU,
Hugin.
VIEIRA,
Ernesto,
1900 Diaionario
Porll{~lIezeJ, 2 vol.s, Lisboa: Lnmbertini.
STEVENSON,
Robert,
bttp' //wwwgroyemusjccom>
2006
Bio.gmphico
"1';nlO,
F.
de Alllfico!
A.
N.
S.",
31131 IOTECô
NACIONAl
(catálogo oolia,
cm wwwbnpt)
PINTO, Francisco António Norberto dos Santos (377 entradas)
com
de orquestra e o Duetto
para
ao
- a corneta
Vieira cita o Solo de trombone
acompanhamento
de
diversos
das quais se extraem
desenvolveu como compositor, depois das
Eleutherio
para
para
respeito
ou de carácter
BORBA, Tomás, e Fernando LOPES-GRAÇA
de Múúm, 2 vols. Lisboa: Cosmos.
Dedicou-se também à escrita de solos
eram n'aquel/e tempo usualmente desempenhadas
dizem
BIBLIOGRAFIA:
quando este pianista esteve em Lisboa
(1845) (Vieira 1900: 177).
orchestra comoprimeiro clarim [esclarecendo o
trompas
com
de Banda militar (ainda
(BANDA): Pontesia p[ara)
Derereux / 1847
Rnene
f-àgole [e banda] : sobre motivos do Roberto
te
poar
Basson: SI/r la Call:?]J!Jella lIRilllprot'f!ro de j. RoZilli /
Dediie a SOIl ali/i A. Nellparlh/ 1856
Pbantasia para jlaula [EI/lre 1845 e 1855) RIHldó de 'Maria SllIarl
{Música ifllprwa] :pam piano eflauta [mtre 1845 e 1849)
guia Manuel Joaquim
Botelho, segundo
para
flauta
nos intervallos dos
triu1?1pha4 dedicada a D. Pedro V). No
peras bmes para 2 riohnos e pam jlm/la e Ilio/iIlO.
espectaculose dos ensaios, o discipulo estudava e
entanto nos programas de concerto em S.
escrevia as lições que o bondoso mestre ali mesmo
Carlos,
IPa/tz 'Para ser executada 110 PflffeiO publico d" Cld,lde de í.isboa', 1839
Passo dobre com hlllH MOlit'o do Opro Bayadere dr Allber / 1834
tambem revia e corrigia (id. Ibid.).
Morcau, encontramos outras obras como:
da orquestra:
A sua primeira composição
44
fundadores da Associação Musical 24 de
Junho
No campo da música religiosa, Vieira
das lutas partidárias do
foi no entanto
(Borba e Graça
para o
Peça
esta
formação
registados
refere
na obra
concertante para
a Marcba
de Mário
orquestra,
violino,
violoncelo, flauta
bailado
Fantasia para orquestra e Sinfonia (18-11-
apresentado
(~doração
do Sob),
em S. Carlos a 17-10-1838:
e p/mino,
e corneta (27-11-1837);
1848 Modem/o
PaSJo Dobre da Opm C/a", de Rozelllberg: com hllll/ fI,olitJ(}da Opra
Elezir d/III/ore / ""'rrm!J(/(/O pam 1llSlnflllt'f/los Hilicos / 18)5.
Passo dobre COIII hJIIIIAlolil'o da Opm B'Jyatlert de Allbtr / 1834
Passo Dobre tia Opra Clara de Roze",btrg.
com
bUII1
IHOhN)dll Opm
para Instrumentos Bélicos, 1835
Piquem/ Pma Mili/ar A Call1polliza
executada a parle de I" clarinclc
1839); Abertura para duas orquestras (18-5-
N· 1, 1850. COf!)IIII/Ode
Cml/de Marcha
1:!'lezird'Afflore / Arranjado
Passo Dobrado "'elitar, 1835
teatro obteve desde logo sucesso, foi o
de Vestris,
RtJfl/(Jllfa Pamjlmila
I/a Sirta,
1834, (para ser
por seu amigo M. J. Carvalho)
Pesa de Muzica em Rythmo de A,itr. 1)0.Instrumentos
Bélicos /1835.
MisJa a 4 COl/serltlda: COfll flcompllllhllflJ/O de Banda MiliMr / 1846
Agradou muito a musica de Pinto, que desde
1840); Duo de melofones (21-7 -1845); Sinfonia
então e durante perto de vinte annos, foi
(16-4-1845);
incumbido de escrevergrande numero de bailados
orquestra (6-5-1852), entre outras [a 1 de
(M ETA1S): DI/elo p" DI(IIS Corneias de CblJt'fs / 1833
I" Concerlo pora Cortleta d'Xaves, 1834
para aquele theatro e para o de D. Maria (id.
Abril de 1857 há registos de que a orquestra
VtIn'IIfÕt!fS PtmJ Cometlll d'XlIl'eJ: COffJ./ Icrolllppanbaflltlllo
Marrial/1834
Ibid.). Havendo
tocou duas sinfonias utlla de S. Pinto e outra de
VanafÕu:
Beethoven (Moreau 1999: I 84), pela 1a vez em
O PmçlUfleJJto Aprot'eitlldo: PeqlltrJ" PUJ" de Muzim obrig"da II rorlleta
de xaveJ / 1834 (Autôgrafo.
"EA.N.S. Pinro: Tomdor do fIIlmdirlo
fns/rtlmtlllo'')
até notícia de bailados
seus apresentados no estrangeiro.
Ao mesmo tempo escreveu também
Portugall
Para
além
das
obras
são
música para várias peças de teatro, a
referidas também as suas apresentações
primeira das quais foi o drama de Mendes
em recitais ao piano e em corneta de
chaves.
Leal:
((OS
dois Renegados», para o teatro da
Rua dos Condes em 7-7-1839. Musicou
assim mais de trinta dramas,
farsas e
comédias, representadas nos Teatros de D.
Em 1854 sucedeu por concurso,
a
1860)
Pam Cometa de XUIJt! ll.m Qllinlello
de Banda
/ 1834
Variafoms p .• Corneta de XtU'eJ: sollre IJllfIIIIJflfla dt, l..JIcill, 1838.
Dedicadlls fiO Sr. Carlos O'Neil/.
Peqllfllo
JoIo p" Corne/II de Chat'ts, 1849
1111rlllOl/ios ti 4 TrompllJ (1835/60)
Variaçõu: pOlir le Cor, 1832
1" COl/cerlo POlir Le Cor, 1833
Solo COflCl!ft'lII/ede dll()J
/rolllpllJ,
1845
IWJ/eZIlI para TroflJIJOnt Tmor 118J5/501
Francisco
Kuckembuch
no
lugar
de
professor da a1lla de instrllmentos de latão do
Conservatório
colaborando
de mestre director de S. Carlos. Foi um dos
escritores
(1835/
(J
Maria, do Salitre e da Rua dos Condes,
com importantes
Missa 11.·8: CO'" {/compal/Jumento de lJatlda "'ditar
Fantasia si La Propbete para
e em 1857 ocupa o posto
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Joio
d, '''",00", (banda)
11840/501
Principios EltIIlMlaru pa o TromlxJlle: 1'11 u:zy dOI "I/U/flIJOS d" aula de
Imtrtllllelllos de l.~/lâo do COlIsemllono K de 1...,.:.11/ ordenados por
EA.N,S. PilHO, 1850
Realização de estágios "MasterClass"
na Banda Sinfónica do Exército
Ao longo do ano de 2006 realizou-se na Banda Sinfónica do Exército, dois MasterClass ao nível do
Exército, que fazem parte do plano de estágios e cursos de aperfeiçoamento,
aprovados
superiormente, e organizados pela Chefia de Bandas e Fanfarras do Exército e pela Direcção de
Serviço de PessoaL Pela primeira vez, estes estágios foram orientados por Professores civis de renome
nacional, demonstrando que as Bandas do Exército sentem a permanente necessidade de comungar
com o meio musical civil, e o quanto é necessário esta constante busca de conhecimento, para o bom
desempenho técnico-profissionaL
MasterClass de Tuba
Sérgio Carolino
Patrocinado pela Yamaha Instrumentos
Musicais
Realizou-se de 17 a 21 de Abril de 2006 na Banda
Sinfónica do Exército o MasterClass de Tuba, orientado
pelo Professor Sérgio Carolino. Este estágio decorreu nas
instalações do Centro de divulgação do dia da Defesa
Nacional, gentilmente cedidas pelo RAAA1, e contou com a
presença de todos os Sargentos e praças executantes de
Tuba de todas as Bandas do Exército: Banda Sinfónica do
Exército, Banda da Região Militar Norte, Banda da Região
Militar Sul, Banda da Zona Militar da Madeira e Banda da
Zona Militar dos Açores.
Este curso de aperfeiçoamento marcou todos quanto
nele estiveram presentes, em virtude do Professor
orientador já ter ministrado vários MasterClass quer a nível
nacional, quer a nível internacional.
Essencialmente, o Professor Sérgio Carolino procurou
explorar: o campo do aquecimento e vibração labial com
bocal, a técnica base, a articulação, o vibrato, o trabalho de
Musica de Câmara e preparação da Audição Final. Mas
acima de tudo, demonstrando o que realizar para obter os
resultados pretendidos para que cada músico possa
direccionar o seu trabalho.
No final deste MasterClass, realizou-se uma audição final
que foi presidida pelo Ex.mo Comandante do Regimento de
Artilharia Antiaérea N_°1, Coronel de Artilharia António
Coimbra, proferindo uma breves palavras, congratulando-se
sobre o êxito do "MasterClass".
Por fim, foram distribuídos
diplomas a todos os
partici pan teso
Tubista português e Artista
Yamaha, Sérgio Carolino iniciou os
seus estudos de tuba com apenas 11
anos de idade no Conservatório
Nacional de Lisboa, prosseguindoos no prestigioso Conservatório
Superior de Genebra (Suíça) com
Pierre Pilloud (tuba principal da
Orquestra da Suisse Romande) e na
classe de música de câmara de Kurt
Sturzenegger.
Frequentou
diversas
MasterClass
com
os
mais
prestigiados
mestres, tais como
Roger Bobo, Michel Godard, Pia
Bücher, Philippe Legris, David ystein Baadsvik, Thierry Thibault, Mel
Culbertson, Anne-Jelle Visser, Taylor, Gene Pokorny e Harvey Philips. A
sua vasta gama de interesses e curiosidade musical, levaram-no por
diferentes caminhos de expressão musical, indo do repertório tipicamente
clássico até aos caminhos do mais puro jazz e musica improvisada,
estabelecendo-o
ainda como um executante virtuoso no repertório
standard e contemporâneo para tuba. Foi tuba principal da Orquestra
Metropolitana de Lisboa (1997-2001), colaborando regularmente com
várias Orquestras nacionais tais como a Sinfónica Portuguesa, a Orquestra
Gulbenkian e o Rernix-Ensernble.
Fez parte de diversas Orquestras de Jovens das quais se destacam a
Portuguesa da Juventude e a Orquestra de Sopros da Comunidade
Europeia.É membro fundador do grupo de Dixieland "Estardalhaço da
Geringonça" Gá com um CD lançado com O nome de "Old Tradition,
New 19nition"), o trio de jazz "TGB" com Mário Delgado (Guitarra) e
Alex Frazão (Bateria) e um trio com Bernardo Sasseti (piano) e JeanFrançois Lézé (Marimba).
A sua prestigiada actividade como solista levou-o a países como a
Espanha, França, Suíça, Alemanha e República Checa. Sérgio Carolino
encontra-se em permanente actividade enquanto Artista Yamaha dando
MasterClass um pouco por toda a Europa, em locais como a "Hõchschule
für Musik" (Zurique), "Conservatório Superior de Madrid" e o Festival na
Finlândia "Lieksa Brass Week". Em França, participou por duas vezes na
"Irucrnauonal Brass Master Class" em Quirnper ao lado de artistas de
calibre como os trompetistas Eric Aubier, Jouko Harjanne e Gabriele
Cassone e los trombonistas Alain Manfrin e Jean Raffard.
Neste momento prepara a sua primeira gravação a solo, totalmente
preenchida com obras de compositores
portugueses, especialmente
escritas para si, dos quais fazem parte Carlos Azevedo, Pedro Moreira,
Bernardo Sasseti, Jean François Lézé, Eurico Carrapatoso,
Carlos
Marques.
l-ecciona Tuba e música de câmara na Academia Nacional Superior de
Orquestra (Lisboa) e é tuba principal da Orquestra Nacional do Porto
desde 2002.
Março 2007
45
MasterClass de Saxofone
Patrocinado pela Yamaha Instrumentos
Musicais e D. Caeiro
O MasterClass de Saxofone, que decorreu de 18 a 22 de
Setembro de 2006, foi orientado pelo Professor José
Massarrão. Este estágio, que contou com a participação de
todos os saxofonistas das Bandas do Exército, bem como
da Orquestra Ligeira do Exército, teve como objectivo,
proporcionar
o enriquecimento
de conhecimentos
artísticos, com aulas individuais e de conjunto, oferecendo a
possibilidade a todos os participantes de aperfeiçoarem a
sua própria formação.
O plano de trabalhos contemplou os seguintes itens:
orientações técnicas, leitura, análise e audição de partituras,
Música de Câmara/Prática Instrumental e preparação da
Audição Final.
O Ex.mo Comandante do Regimento de Artilharia
Antiaérea N.°1, Coronel de Artilharia João Jorge Botelho
Vieira Borges, assistiu à audição final, que se realizou nas
instalações da Banda Sinfónica do Exército, onde proferiu
as maiores referências elogiosas. Finalmente
foram
distribuídos diplomas a todos os participantes. Esta audição
final teve como programa:
46
CANTALOUPE
JSLAND - Herbie Ilancock
POEM AND DANCE - Leroy Osrransky
DE 3 à 1000... - Alain Crépin
Tri]: ENTERTAlNER - Scott Joplin (arr. AJain Crépin)
UNFJNISIIED BUSJNESS - Franz Schubert (arr. Lennie
Njehaus)
---------
José António Pereira Massarrão
Nasceu em Lisboa, a 26 de Novembro de 1962. Estudou
saxofone na Escola de Música do Conservatório Nacional,
concluindo a licenciatura na Escola Superior de Música de
Lisboa. Paralelamente, frequentou seminários, MasterClass
e Workshops com Daniel Deffayet, Daniel Kientzy, JeanYves Fourmeau, René Decouais e André Hemmers.
Tem desenvolvido
urna estreita relação com os
compositores, que se tem vindo a traduzir na produção e
consequente interpretação de obras a solo e música de
câmara, enriquecendo desta forma o reportório de música
portuguesa para saxofone. O quarteto Saxofinia, do qual é
membro fundador, estreou algumas destas obras.
Colabora regularmente com orquestras e grupos que
envolvem também outras formas de expressão. Integrou a
Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.
Actualmente é professor na Escola Superior de Música de
Lisboa e na Universidade de I~vora.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
Notícias
Concerto de Gala no Teatro Garcia de Resende
Foto: CAVE
A Banda Sinfónica do Exército teve como palco o
Teatro Garcia de Resende, em Évora, para, no dia 21 de
Outubro de 2006, pela primeira vez, realizar um Concerto
de Gala, inserido nas comemorações do Dia do Exército,
que contou com a presença de todas as altas entidades deste
ramo. O programa consistiu na interpretação, sob a batuta
do Maestro Capitão CBMus Ferreira da Costa, das seguintes
obras musicais:
Danças Guerreiras do Príncipe Igor - Borodine
Impressions of Cairo - Robert Wasburn
Scherzo para Banda - Luis dos Santos Cardoso
O Cerco de Wellington - L. Beethoven
Fandango - Luis de Freitas Branco
Rapsódia Portuguesa - David Sousa
Concerto de Natal
O Palácio Nacional de Queluz acolheu no dia 17 de
Dezembro de 2006, pelas 17 horas, um Concerto de Natal,
realizado pela Banda Sinfónica do Exército, de forma a
assinalar a quadra festiva que se comemorava. Pela primeira
vez, este concerto foi apresentado num local exterior à
instituição militar, proporcionando
o acolhimento de
familiares, amigos e demais população de Queluz. Este
evento apresentou-se lotado de público em virtude de o
mesmo se desenrolar na esplendorosa Sala do Trono, em
perfeita consonância com a quadra natalícia. Do programa
constou:
47
r Parte:
2" Parte:
lPestfort Guertere - Jacob de lIann
SlIite para Banda - Jorge Salgueiro
1.0 vento quente que sopra de Sul 2. Dança com Clarinete
3. O Apelo do Mar 4. Marcha Virtual
Carmen - Georges Bizet
1. Aragonaise 2. Lntermezzo 3. Les Dragons d' Alcala
4. J Iabaficra 5. Les Toréadors
Cbristmas Festival - Leroy Anderson
Direcção: Maestro Capitão CBMus João Afonso Cerqueira
Second Suite for Military Band - Gustav I Jolst
1. March 2. Song without words 3. ong of Blacksmith
4. Fantasia n the "Dragason"
Soirées MIISicales - G. Rossini (arr. Benjamin Brittcn)
l.March 2. anzonetta 3.Tirolese 4.Bolero 5. Tarantella
Março 2007
_
Comemoração de Todos os
Fiéis Defuntos
Realizou-se em 3 de Novembro de 2006, na Igreja de
Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos a
celebração
dos Fiéis Defuntos,
presidida
por
sua
Excelência Reverendíssima D. Januário Torgal Ferreira,
Bispo da Diocese das Forças Armadas e de Segurança.
Participou nesta Eucarística, pela La vez, o coro da
Academia Militar, que muita dignidade deu ao evento. É
de realçar a participação da Banda Sinfónica do Exercito,
através de alguns dos seus elementos, nomeadamente:
lSAR Sérgio Frazão como Maestro do Coro, SAJ Jorge
Dias (Trompete), lSAR Victor Mesquita (Clarinete) lSAR
Luís Cascão (Tímpanos), lSAR Luís Balão (Clarinete),
lSAR Nélio Barreiro (Sax-Tenor), lSAR João Belo
(Flauta), lSAR Eduardo Guerreiro (Tuba), 2SAR Cláudio
Nunes (Violoncelo), SOLD Manuel Caceiro (Sax-Alto),
SOLD Nicolau Jesus (Trompete), SOLD Bruno Cruz
(Trompa) e SOLD Ricardo Lopes (Trombone), que
complementaram as vozes sempre entusiastas dos jovens
alunos da Academia Militar.
Comemoração dos 96 anos da
proclamação da República
Assinalando a passagem de mais um aniversário da
Implantação da República, a Banda Sinfónica do Exército,
realizou um concerto nos jardins da residência oficial do
chefe de Estado. Sua Excelência o Presidente da República,
Dr. Cavaco Silva, "abriu" as portas do Palácio de Belém,
que neste
dia festivo recebeu
inúmeros
visitantes,
proporcionando uma plateia repleta de público. A Banda
48
Sinfónica do Exército, dirigida pelo seu Chefe Adjunto
Maestro
apresentou
Capitão
um
CBMus
repertório
João
Afonso
diversificado
Cerqueira,
e cuidado,
exclusivamente com obras de compositores Portugueses.
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SALAO MUSICAL DE LISBOA
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1
~o<llll,cl
Dia Nacional da China
A Comissão do Governo Popular Central proclama que
se celebra, a partir de 1950, em 1 de Outubro de todos os
anos, o Dia Nacional da China, ou seja o Dia Glorioso da
Implantação da República Popular da China. O EstadoMaior do Exército e a sua Banda Sinfónica associou-se à
Embaixada da China que, no dia 28 de Setembro de 2006,
realizou uma grandiosa recepção alusiva ao 57° aniversário
da fundação da República Popular da China, realizando um
concerto que presenteou e alegrou todos os presentes.
Concerto de Natal da Real
Irmandade
de Nossa Senhora da Saúde e
São Sebastião
A Banda Sinfónica do Exército realizou, a convite da
Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião em
conjunto com o Coro Lisboa Cantat, um Concerto de
Natal, no dia 24 de Novembro de 2006, na Igreja de São
Domingos, no Rossio em Lisboa. As duas formações,
Concerto em Penafirme
A Banda Sinfónica do Exército realizou, no dia 12 de
Fevereiro de 2006, em Penafirrne, A-dos-Cunhados, um
concerto inserido na inauguração do pavilhão desportivo do
Externato de Penafirme e do lançamento do Clube
Académico de Penafirme. O pavilhão que tem uma
capacidade para 1200 pessoas, apresenta excelentes
qualidades acústicas. Este concerto teve a particularidade
de, ser o primeiro concerto dirigido pelo Maestro Ten
CBMus João Afonso Cerqueira com a BSE, e apresentou o
seguinte programa:
conduzidas pelos respectivos Maestro Capitão CBMus
Ferreira da Costa, Chefe Titular da Banda Sinfónica e Sr.
Jorge Alves, Maestro Titular do Coro Lisboa Cantat,
interpretaram
as mais variadas composições
musicais,
salientando-se a grandioso Requiem de Mozart.
Com esta música e na esplendorosa
Igreja de São
Grand Mard:
Soichi Konagaya
.Abertura para uma Nova Rainha
.Jorge Salgueiro
Rikudim
Jan van der Roost
Domingos, cuja origem remonta quase ao nascimento da
Rock Sympbollie
Manfred Scheneider
nacionalidade,
West Side Story
Leonard Bernstein (arr: Naohiro Iwai)
também
profundamente
embebida
na
história - ora grandiosa, ora trágica - da cidade de Lisboa,
49
não poderíamos encontrar ambiente mais propício para a
realização deste concerto memorável e de rara beleza.
__________
Março 2007
_
Concerto didáctico
No âmbito dos Concertos didácticos, a Banda Sinfónica
Concerto de despedida da
EPC da cidade de Santarém
do Exército deslocou-se à cidade do Entroncamento, ao
Realizou-se em 16 de Novembro pelas 21h30, na Igreja
Cine Teatro São João, com o objectivo de apresentar os
da Graça, um concerto da Banda Sinfónica do Exército,
instrumentos musicais aos alunos da Escola EB 2/3 Dr.
numa homenagem que a Escola Prática de Cavalaria quis
Ruy de Andrade.
prestar à cidade de Santarém. O concerto contou com a
Este é um projecto que pretende despertar novas
presença de muitas individualidades civis e militares ligadas
sensações, estimulando nos alunos através do sistema
à cidade de Santarém, entre as quais o Presidente da Câmara
auditivo, um dos primeiros sentidos já preparados para
Municipal de Santarém, Dr. Moita Flores. O concerto foi
receber o mundo dos sons. O objectivo dos concertos, em
dirigido pelo Maestro Capitão CBMus Ferreira da Costa,
forma de "aula de música", que aborda vários cõnteúdos,
que interpretou o seguinte programa:
é
estabelecer o primeiro contacto real com sonoridades
musicais, onde se exploram padrões melódicos, rítmicos e
Impressões do Cairo - Robert Washburn
solos instrumentais. Para além de fomentarem a influência
da música na evolução do desenvolvimento e do equilíbrio
físico, psíquico e social do indivíduo, os concertos
contribuem também para o desenvolvimento das faculdades
humanas
Mars - Beffomm Dominum - Rui Rodrigues
Suite .Alentejana n. 01 - III Andamento - Luís de Freitas
Branco
(dinâmicas, sensoriais, afectivas e mentais),
A Grande Páscoa Russa - Nikolai Rimsky Korsakov
harmonizando-as entre si.
50
Grupos de Música de Câmara
O grupo de Música de Câmara da Banda Sinfónica do
Exército continuou, ao longo do ano de 2006, a actuar em
cerimónias oficiais de alto relevo Sócio-Militar. Esta
formação
apresentou-se
nos mais variados
eventos,
promovidos pelas mais altas chefias do Exército, bem como
pelo Ex.mo Almirante Chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas. Constituem o grupo de Música de Câmara
da Banda Sinfónica do Exército: Fagote - SAJ Luís Correia;
Piano - SAJ Óscar Mourão; Clarinete - SAJ Alberto Lages;
Oboé - lSAR Óscar Viana; Contrabaixo - 1SAR Luís
Rodrigues; Flauta - 1SAR João Belo; Violoncelo - 2SAR
Cláudio Nunes.
___________
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
~I...I
...
ídiCQ
Cursos de Música Ministrados pela
Banda Sinfónica do Exército
No actual contexto do Exército, compete à Banda Sinfónica do Exército formar todos os musicos
militares para depois serem distribuídos por todas as Bandas, de formá a completar todos os quadros
das mesmas. A Banda Sinfónica do Exército apresenta um quadro pedagógico, composto pelos
seguintes professores: CAP João Afonso Cerqueira (Técnicas de conjunto), SAJ Carlos Guerreiro
(Análise e Técnicas de Composição), SAJ Jorge Dias (Acústica e Organologia/Trompete),
SAJ Oscar
Mourão (Formação Musical), SAJ Luís Correia (História da Música e Música de Câmara), SAJ Alberto
Lages (Clarinete), lSAR Oscar Viana (Oboé), lSAR Abel Cardoso (percussão) e SAJ A. Pires (prática
Instrumental
Clarim).
Curso de promoção a Capitão (CPC)
De 26Abr06 a 30Jun06, realizou-se na Banda
Sinfónica do Exército, o Curso de Promoção a
Capitão - Serviços Técnicos (CPC-ST) /04
frequentado pelo Ten CBM João Afonso Cerqueira e
pelo Ten CBM João Oliveira.
Este curso, tem por objectivo a formação técnica
específica musical dos Chefes de Banda, incidindo
nas disciplinas de Análise Musical, Direcção de
Banda Sinfónica/Orquestra,
História da Banda
Sinfónica/ Orquestra,
História
da
Música,
Instrumentação
e Orquestração, Redução de
Partituras ao Piano, Teoria e Técnicas de Direcção de
Banda Sinfónica/Orquestra e Transcrição de Obras
de Orquestra para Banda Sinfónica e Pequena
Banda.
Curso de promoção a Sargento-Ajudante
(CPSA)
O curso destina-se a Primeiros-Sargentos e tem
como objectivo principal, adquirir conhecimentos
teóricos e práticos para o desempenho das funções
no posto de Sargento-Ajudante.
No período de 06Mar06 a 07Abr06, realizou-se na
Banda Sinfónica do Exército, o 10 CPSA,
frequentado por 1SAR Leonel Serra, 1SAR Sérgio
Mendes, lSAR Sérgio Couto, lSAR Paulo Couto,
1SAR Agostinho
Ferreira, 1SAR Fernando
Fernandes, lSAR Vítor Campos, lSAR Luis
Rodrigues, lSAR Óscar Viana, lSAR Victor
Mesquita, 1SAR Francisco Marques, 1SAR Manuel
Sousa, lSARJoão Jeremias, lSAR António Ventura,
lSAR Domingos Miranda e pelo lSAR Marco
Correia.
Foram ministradas as seguintes matérias: OMTEM
(Operações e Informações), OMTEM (Logística),
OMTEM (pessoal), Gestão Financeira, Legislação
Militar,
Escrituração
Militar,
Acústica
e
Instrumentação, Transcrições Musicais, História da
Música,
Harmonia,
Informática,
Prática
Instrumental e Educação Física.
Março 2007
_
51
Educação Física Militar com 77 tempos, A Formação
Científico-Tecnológica - Acústica e Organologia, Formação
Musical e Análise e Técnicas de composição com 430
tempos lectivos; e por último a Formação Prática Instrumento Musical, Técnica de Conjunto, Musica de
Câmara e Provas de Aptidão Profissional com 745 tempos
lectivos, num total de 201 dias úteis.
Curso de Formação de Sargentos (CFS)
Em 04Set06 iniciou-se a 2" parte do 34° CFS, frequentado
pelo 2SAR Nelson Medeiros, FUR AL João Ferreira, FUR
AL Salvador Parola, FUR AL Bruno Pascoal, FUR AL
Durval Arruda, FUR AL João lemos, FUR AL Bruno Praia,
FUR AL Miguel Mota e pelo FUR AL Luis Sousa. A
formação ministrada pela Banda Sinfónica do Exército,
incide fundamentalmente nas áreas da Formação SócioCultural- História da Musica com 130 tempos lectivos e na
De 27Nov06 a 26Jan07, realizou-se na Banda Sinfónica do
Exército, a 2" parte da instrução completar - Parte
Específica (IComp - PE) - 461 Músico, do Curso de
Formação de Sargentos do 30r /VC/06 frequentado pelo
2FUR Miguel Menezes, 2FUR Adão Pires, 2FUR Tiago Vila
e pelo 2FUR Carlos Gradíssimo.
Este curso teve como principal novidade a admissão de
Sargentos em Regime de Voluntariado e Contrato, visando
a formação do naipe de Violoncelo e Contrabaixo de
Cordas da BSE, de acordo com o seu Quadro Orgânico.
Curso de Formação de Praças (CFP)
A Banda Sinfónica do Exército, administra aos novos
militares músicos do Exército Português uma formação
técnicoprofissional durante a sua Instrução Complementar,
através do Curso de Formação de Praças (CFP).
O 6° Curso FGCPE/2005 - Parte Específica 461 Músico,
decorreu no período de 28Nov05 a 02Fev06 e foi
frequentado pelo SOLD Ivo Nascimento, SOLD Ana
Guerreiro e pelo SOLD Lúcia Duarte.
Decorreu de 15Mar06 a 17Mai06 o 8° Curso FGCPE/2005
- Parte Específica 461 Músico, frequentado pelos SOLD
Ana Francisco, SOLD Sara Silva, SOLD Américo Lobato,
SOLD Nicolau Jesus, SOLD José Almeida, SOLD Ricardo
Lopes, SOLD Bruno Cruz, SOLD Daniel Batista, SOLD
João Martins, SOLD Carlos Pinto, SOLD José Pereira,
SOLD Manuel Caceiro e pelo SOLD André Pereira.
o 1° Curso da Formação Geral Comum aos Praças do
Exército (FGCPE) /2006 - Parte Específica 461 Músico,
foi frequentado pelos SOLD João Urgeiro, SOLD T Iugo
Santos, SOLD Pedro Salgado e SOLD Nuno Cardoso no
período de 15Mai06 a 02Jun06.
Decorreu de 9Ago06 a 12Set06 o 3° Curso FGCPE/2006Parte Específica 461 Músico, frequentado pelos SOLD
Marco Fernandes, SOLD Gonçalo Pinto e OLD Rui
Lopes.
SONDAGENS E
CAPTAÇÕES DE ÁGUA
RENATO I.JMA AZENHA
Rua dos Moinhos, N.· 34 Assafora 2705·495 S.João das Lampas
Tel: 219610868
- fax: 219612026
Zona Industrial, Talhão 33 - 7000 Évora Tellfax: 26670 1502
___________
o 4° Curso FGCPE/2006 - Parte Específica 461 Músico,
decorreu no período de 27Set06 a 130u t06 e foi
frequentado pelo SOLD Bruno Vieira.
De 16Nov06 a 07Dez06,
decorreu
o 5° Curso
FGCPE/2006 - Parte Específica 461 Músico, que foi
frequentado pelos SOLD Ana Firme, OLD Roberto
Gonçalves.
Boletim da Banda Sinfónica do Exército
--------------------
ORGANIGRAMA
CHEFE TITULAR
Cap CBM Ferreira da Costa
Chefe Adjunto
Cap CBM João Cerqueira
I
I
ARQUIVO
SECÇÃO
DE COMANDO
ADJUNTO
BANDA SINFÓNICA DO EXÉRCITO
Saj A. Dias
ISar Jesus
CURSOS de MÚSICA
Chefe
de COMANDO
Director de Instrução
I"-
SMor C. Batista
Cap CBM Ferreira da Costa
Cap CBM Ferreira da Costa
I
EXPEDI E TE
SCh S. Aguiar
Inform'tlu
i
~
I 'TERl'iET
Sai J. Lopes
SajJ. Dias
Suj Lamarosa
Moblliuçlol
I- ~
RIIW
I
SUBCHEfE
SMor C. Bati".
CHEfEde~AlrE
TO
CapCBM JoiIo Cerqueira
Cap CBM João Cerqueira
CHEfE de NAtrE
l- I-
ISar L. Pedro
l Ser C. Garcia
CHEFEADJU
I- ~
Director dos Cursos
SCh S. Aguiar
CHEFE d. SECÇÃO
SCh F. Coelho
SCh A. Ribeiro
"Depósito de Uniforme,
Sai D. Matos
IS8r E. Guerreiro
I-
-
DEPÓSITO.
I'STRl
ISar Mendes
lSar Barreiro
\lE"OS
CHEFE de NAtrE
SCh A. Ribeiro
CHEFE de NAIPE
1--
SCh A. Ferreira
ADJUHO
Rt&ltoGeral
lISar A. Sousa
CORPO DOCENTE
Sai J. DI.u
Saj Mo.....
Saj lia"
ISarca .....
t- ~
}
~
t-
H
t-~
Sai L.c.m;,
s.jC. G_rriro
ISlrYta ••
SajA. rir"
info_portugal@gmx. amaha.com
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