UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PERLA DENISE RIBEIRO WEINHARDT AS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA VIDA ACADÊMICA DAS CRIANÇAS CURITIBA 2013 PERLA DENISE RIBEIRO WEINHARDT AS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA VIDA ACADÊMICA DA CRIANÇA Monografia apresentada como requisito parcial à conclusão do Curso de Especialização em Gestão Escolar e Empresarial, da Universidade Tuiuti do Paraná. Profª. Orientadora: Olga Maria Silva Mattos CURITIBA 2013 “A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para que este trabalho se concretizasse.” ii AGRADECIMENTOS A Deus pela oportunidade de viver e desfrutar do vasto campo do conhecimento. Por todas as pessoas que fizeram parte da minha história, da minha vida, da minha existência. Por todos os companheiros de jornada e por aqueles, que como eu, acreditam em um mundo melhor e em uma educação mais significativa. Pelos meus pais que me incentivaram a prosseguir nesta jornada, contribuíram para que eu chegasse até aqui e souberam compreender a minha ausência, me incentivando nos momentos difíceis. A todos os mestres, que me fizeram ver o mundo de forma mais ampla e significativa, na esperança de que por onde eu passar, possa fazer diferença na vida de outras pessoas como fizeram na minha. iii “A tarefa da educação é a iluminação da consciência, mediante a vivência do conhecimento que se transmite”. (Paulo Freire) iv RESUMO O presente projeto, intitulado: “As Diferentes Configurações Familiares e as implicações na vida acadêmica das crianças”, se propõe através de uma pesquisa de literatura, na área da Educação, investigar o que leva as crianças que vivem diferentes configurações familiares, devido aos recasamentos, ao fracasso escolar. Lidar com as diferentes culturas em um mesmo núcleo familiar é um desafio constante. Essas configurações estão mudando numa freqüência consideravelmente acelerada. É um fator social e cultural, que vem trazendo como resultado, famílias mais hibridas, que se unem nas e pelas diferenças. A partir dos casamentos desfeitos, surgem as oportunidades de se ter meio-irmãos ou 'aproveitar' um outro pai ou outra mãe, ou seja, de se ter uma vivência mais comunitária. Considerando que a família é o primeiro espaço social da criança, essa diversidade pode ser algo positivo, desde que a criança saiba qual o lugar dela dentro desse novo núcleo familiar e sinta-se segura tendo, acima de tudo, sua individualidade respeitada. A vivência em um ambiente de pluralidade, criado com as novas opções familiares, reflete na formação do indivíduo, pois essa fragmentação aumenta o repertório familiar e a vivência das crianças. A mesma criança terá mais contatos com modelos diferentes, que tendem a interferir na sua formação acadêmica. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................07 1.1 AS MUDANÇAS ESTRUTURAIS OCORRIDAS NA FAMÍLIA AO LONGO DOS TEMPOS ................................................................................................................................. 08 2. DIVÓRCIO NO CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA ...................................................... 10 3. MODERNIDADE X FAMÍLIA ....................................................................................... 13 4. TRANSTORNOS AFETIVOS ......................................................................................... 16 4.1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E RELAÇÕES FAMILIARES ..................... 18 4.2 TRANSTORNO DE CONDUTA NA INFÂNCIA ......................................................... 21 4.2.1 COMPORTAMENTO DE FILHOS QUE TÊM PAIS SEPARADOS ......................... 23 4.4.2 Transtorno de Conduta X Aprendizagem ...................................................................... 25 5. A AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM .................................................................... 28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 30 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 31 7 1. INTRODUÇÃO Hoje, há no Brasil aproximadamente 14 milhões de famílias resultantes de experiências dos casamentos, ou relacionamentos instáveis. É uma revolução nos costumes que abalou os alicerces de uma instituição que parecia sólida e duradoura. Aquela família convencional, em que maridos e mulheres viviam juntos até que a morte os separasse, ainda existe, mas está perdendo terreno numa velocidade assombrosa. Isso também não quer dizer que é o fim das famílias felizes. A mudança nesse perfil tem sido acompanhada por outra, igualmente marcante, nos últimos anos. É a forma como a sociedade se tem adaptado ao novo padrão familiar. Em muitos casos alunos que apresentam alterações comportamentais na escola, tem sido identificadas situações de dificuldades relacionais que acabam sendo refletidas no comportamento da criança. Os trabalhos de diversos autores, como Ahrons (1994), Kaslow e Schwartz (1995), Peck e Manocherian (1995), Gottman e DeClaire (2001), Dessen e Braz (2005), apontam para a existência de inter-relações entre as relações conjugais e parentais e sua influência no desenvolvimento da criança e da família, com destaque para as associações do conflito conjugal e o aparecimento de sintomas comportamentais em crianças. Ferraris (2002) chama atenção para o fato de que: [...] as modificações estruturais da família e do estilo de vida podem originar crises de identidade nos filhos, podendo minar seu sentimento de segurança e auto-estima. As crianças precisam de estabilidade e pontos de referência claros que são os pilares sobre as quais constroem sua identidade. (Ferraris, 2002) A partir dessa compreensão, abre-se a perspectiva de análise para uma pesquisa de como esses sintomas se manifestam na vida acadêmica das crianças, nas questões sociais, emocionais e cognitivas. 8 1.1 AS MUDANÇAS ESTRUTURAIS OCORRIDAS NA FAMÍLIA AO LONGO DOS TEMPOS Antigamente, era fácil entender o desenho de uma família. Nele cabiam pai, mãe e filhos, avós, tios, sobrinhos, primos e primas. Era relação de parentesco que se estabelecia uma única vez e perdurava a vida toda. A mudança nesse padrão tem resultado em novos e surpreendentes quebra-cabeças familiares. Filhos de pais que se separam, e voltam a se casar, vão colecionando uma notável rede de meios-irmãos, meias-irmãs, avós, tios e tias adotivos. Hoje, há no Brasil milhões de famílias resultantes de experiências dos casamentos ou relacionamentos instáveis. É uma revolução nos costumes que abalou os alicerces de uma instituição que parecia sólida e duradoura. Aquela família convencional, em que maridos e mulheres viviam juntos até que a morte os separasse, ainda é muito forte, mas está perdendo terreno numa velocidade assombrosa. Num futuro não muito distante, a família nuclear, constituída de pais e filhos de um primeiro casamento, será minoria no país. com grande banalidade um relacionamento termina em separação e o tornando o numero de divórcios bastante significativo. Isso também não quer dizer que é o fim das famílias felizes. A mudança nesse perfil tem sido acompanhada por outra, igualmente marcante, nos últimos anos. É a forma como a sociedade se tem adaptado ao novo padrão familiar. O novo organograma do grupo familiar, que os psicólogos chamam de famíliamosaico, é um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos, onde os divórcios também triplicaram nos últimos vinte anos, o número de filhos vivendo com apenas um dos pais dobrou desde 1970. Na Inglaterra, as famílias não convencionais, resultantes de divórcios e separações, serão maioria dentro de apenas dez anos. Isso acontece por várias razões. A primeira, produto da revolução sexual e comportamental dos anos 60 e 70, é que as pessoas se tornaram mais objetivas e menos hipócritas em seus relacionamentos afetivos. Para as crianças, significa lidar com emoções desconhecidas, na maioria das vezes traumáticas, como viver sem a presença de um dos pais, conviver com um quase estranho que de repente apareceu para ficar, ter duas casas para passar o fim de semana, entrar em contato com crianças que nunca viram e que, esperam os pais, sejam amadas como se fossem irmãos e irmãs. Estudos mostram que uma nova família leva de dois a dez anos para se tornar unidade coesa. Mas as pessoas tendem a achar que tudo vai dar certo logo na primeira semana. O 9 processo de adaptação é lento, segundo os psicólogos, e depende muito de como os pais lidam com a situação. Ferraris (2002) chama atenção para o fato de que as modificações estruturais da família e do estilo de vida podem originar crises de identidade nos filhos, podendo minar seu sentimento de segurança e auto-estima. As crianças precisam de estabilidade e pontos de referência claros que são os pilares sobre as quais constroem sua identidade. É preciso respeitar o luto pelas perdas sofridas com o divórcio, incluindo perda do estilo de vida, da presença de um dos pais, de hábitos e rituais com sentido de estabilidade e ordem e às vezes da casa, da escola e de amigos. Ahrons (1994) também aponta que as “crianças precisam de continuidade e estabilidade nos relacionamentos familiares” (p. 167) e menciona a importância dos pais formarem arranjos familiares duradouros e viáveis para auxiliá-las no enfrentamento da situação. Segundo a autora os pais muitas vezes transmitem aos filhos, sem querer, seus sentimentos de insegurança, aumentando-lhes o estresse. Por outro lado, a autora afirma que as crianças são capazes de tolerar as transições tão bem quanto os pais. Eles podem facilitar o ajustamento dos filhos procurando renovar a confiança da criança, facilitando as travessias através de rotinas padronizadas, discussões sobre a vida diária e a família e rituais, tornando o processo uma parte normal da vida familiar. 10 2. DIVÓRCIO NO CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA A separação conjugal ou divórcio é considerado uma crise não-previsível e costuma alterar profundamente a organização da família, com impacto emocional em todos os níveis geracionais. Em muitos casos a crise da separação pode trazer prejuízos emocionais para os filhos conforme se estabelece a relação do ex-casal. Diante da compreensão da família focada no ciclo de vida, a separação ou divórcio é uma interrupção ou deslocamento nesse ciclo, produzindo um forte desequilíbrio que está associado a mudanças, perdas e ganhos em todo o grupo familiar (Carter & McGoldrick, 1995). O divórcio afeta os membros da família em todos os níveis geracionais, na família nuclear e ampliada, provocando uma crise para o sistema assim como para cada indivíduo dentro da família (Peck & Manocherian, 1995). Visto como uma crise transacional, o divórcio energiza a interrupção das tarefas a serem ajustadas na fase específica do ciclo vital que a família está passando, trazendo uma série de adaptações relativas à separação e lançando a família num estado de desequilíbrio até que ocorra uma reestabilização. A maioria das famílias continua a ser família após o divórcio, mesmo que não represente exatamente a mesma coisa que as famílias a que estamos tradicionalmente acostumados. Em vez de todos viverem sob o mesmo teto, membros de famílias divorciadas se dividem por dois ou mais lares. Esses lares maternais e paternais, que podem ou não incluir padrastos e madrastas e meio irmãos, formam uma família binuclear. Embora o divórcio mude de nuclear para binuclear a estrutura da família, ela continua a fazer mais ou menos a mesa coisa que sempre fez: cuidar das crianças e socializá-las, formar estreitos laços pessoais e tratar das necessidades financeiras de seus membros. Os pais continuam a ser responsáveis pelo atendimento das necessidades dos filhos, incluindo as físicas, econômicas e emocionais e o fundamento básico é que os ex-cônjuges formem uma parceria parental suficientemente cooperativa para permitir que continuem os laços de relação familiar. O mais importante é a ausência de rancor e o interesse mútuo pelo bem-estar das crianças. Essa idéia da permanência da família lembra que os vínculos não são cortados nem abolidos, eles se transformam, assumindo outras formas e significados. Embora todo o empenho na possibilidade de um bom manejo do divórcio e no estabelecimento de uma família binuclear, em que os pais se esforçam para dividir responsabilidades iguais na criação dos filhos, facilmente se reconhece que a maioria das famílias não se enquadra nessa situação e faz acordos mais tradicionais. 11 Nesses acordos considerados mais tradicionais as mães geralmente assumem maior responsabilidade pela criação dos filhos, ficam com eles a maior parte do tempo enquanto os pais ficam com os filhos em períodos menores ou fazem visitas. Para os pais, essa situação torna-se um desafio mesmo pensando no melhor interesse dos filhos, já que é difícil separarse como cônjuges ao mesmo tempo em que mantêm um relacionamento como pais. Nessa fase, a família consegue lidar com as tarefas comuns do ciclo de vida familiar com tranqüilidade. Os filhos geralmente estão livres para transitar entre as duas casas e o mundo externo; os ex-cônjuges se sentem à vontade no relacionamento um com o outro e para terem novos relacionamentos. Embora todas as uniões matrimoniais sejam caracterizadas por algum grau de conflito, os conflitos não envolvem apenas emoções negativas; pelo contrário, podem envolver também aspectos positivos. Estratégias consideradas construtivas envolvem a resolução do conflito ou qualquer tentativa do casal nessa direção, manifestações de apoio e afeição, pedidos de desculpas e explicações aos filhos sobre os problemas dos pais. Por outro lado, são consideradas estratégias destrutivas aquelas que envolvem agressão ou violência física, isolamento, submissão, agressão ou hostilidade verbal, perseguição, ameaças à união da família e exposição das crianças aos conflitos. Os pesquisadores têm feito distinção entre os comportamentos construtivos e destrutivos apresentados pelos cônjuges em situação de conflito com base em suas consequências para as crianças. Discussões calmas, com demonstrações de apoio e de atitudes que favoreçam a resolução dos problemas, não geram reações negativas nos filhos, sugerindo que a exposição a conflitos menos intensos, ainda que frequentes, não parece prejudicial No entanto, a maioria dos filhos de casais violentos acaba por presenciar episódios agressivos dos pais, que, por sua vez, estão mais intimamente relacionados a problemas de comportamento nos filhos, o que acarreta mais sofrimento para a criança. Quando o casal atinge um estágio em que suas interações são marcadas, essencialmente, pela hostilidade e escárnio, as brigas se tornam frequentes e intensas e são mais facilmente percebidas pelas crianças, levando-as a se comportarem de diferentes maneiras (KATZ; GOTTMAN, 1993). Crianças expostas a altos níveis de conflito estão mais propensas a desenvolverem uma série de problemas emocionais e de comportamento durante a infância, entre os quais, baixa auto-estima, defasagem na socialização, depressão e problemas de saúde, distúrbios de sono e problemas de comportamento exteriorizado e interiorizado. As crianças demonstraram mais insegurança diante de expressões de raiva por parte dos pais e de tristeza por parte das mães. A tristeza da mãe pode significar que os problemas não serão solucionados, já que a 12 mulher é quem mais se engaja na resolução dos problemas, como afirmam Gottman e Silver (2000). Por outro lado, os homens expressam raiva mais intensamente ou de maneira mais ameaçadora, devido às suas características físicas, o que pode gerar mais insegurança nas crianças. É freqüente o distanciamento dos pais e seus filhos sem a estrutura do casamento. Os pais nem sempre conseguem estabelecer um “segundo lar” adequado para os filhos e muitas vezes os contatos ocorrem apenas em momentos sociais, havendo pouca participação dos pais na disciplina e rotinas. Em famílias em que os conflitos conjugais estão muito vivos, é maior a tendência dos pais saírem das vidas dos filhos. Do ponto de vista social, os homens divorciados têm maior facilidade. “Enquanto as mulheres se tornam mães solteiras depois do divórcio, os homens se tornam solteiros” (Brown, 1995, p. 339). 13 3. MODERNIDADE X FAMÍLIA A relação familiar vê-se perdida diante de inúmeras inovações sociais, morais e físicas, que acabam por alterar toda a estrutura interna do homem. A relação familiar que, a cada dia, torna-se mais frágil e superficial, provocando a transferência da responsabilidade dos pais a outros como: escola, professores, babás, entre outros. Assim cria-se – na família – um ambiente hostil onde as pessoas não se conhecem, apenas dividem um espaço físico (a casa), mas não se complementam, não se ajudam ou expressam amor umas pelas outras. De acordo com Boechat (2003, p. 42), que fala que “Quem se perdeu não foi o jovem foi o adulto que não está conseguindo ler a modernidade e a confunde com frieza, distanciamento, solidão, perdas”. Diante da velocidade com que as coisas estão acontecendo, a relação que se estabelece entre pais e filhos traz uma série de incertezas e inseguranças quanto ao tipo de relação familiar que deve ser construída em família, o que, normalmente, acarreta problemas quanto a adequação do aluno ao meio social e inclusive à escola. Içami Tiba, conceituado psiquiatra e psicodramatista, escreveu sobre a importância que a educação familiar tem durante toda a vida do indivíduo. Independente da era em que se está inserido, para ele: A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos pra singrar os mares. Por maior segurança, sentimento de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos pais, os filhos nasceram para singrar os mares da vida, onde vão encontrar aventuras e riscos, terras, culturas e pessoas diferentes. Para lá levarão seus conhecimentos e de lá trarão novidades e outros costumes, ou, se gostarem dali, poderão permanecer, porque levam dentro de si um pouco dos pais e de seu país. (TIBA, 2002, p.23) Ressalta-se a importância de refletir o quanto a educação e os costumes transmitidos pela família, influenciam à conduta e o comportamento apresentado pelo indivíduo em qualquer local, independente da presença familiar. Na escola não é diferente. Também nela, o aluno apresenta – ou não – os costumes e hábitos aprendidos e vivenciados no ambiente familiar. O acompanhamento e a relação desenvolvida em família são indispensáveis para que o aluno se insira no ambiente escolar sem maiores problemas. Para Tiba (1996, p.178) “É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social [...]”. Entretanto, com as mudanças sociais, esta relação tem sido afetada cada vez mais. A formatação familiar no Brasil, sofreu uma série de alterações realmente preocupantes. 14 De acordo com Kaloustian (1988, p. 22) a família é: [...] é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. A educação familiar é um fator bastante importante na formação da personalidade da criança, desenvolvendo sua criticidade, ética e cidadania refletindo diretamente no processo escolar. Percebemos que a organização familiar não é: [...] somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social... A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. (GOKHALE, 1980, p.33) Seguindo essa linha de pensamento outro autor que a firma que: [...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrado-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47) A literatura defende que as crianças que têm o acompanhamento familiar – boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros – têm bom rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não apresentando dificuldades quanto às normas e rotinas escolares. Sendo assim, é importante ressaltar que, a escola tem como função estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas fundamentais para o processo 15 de formação de seus alunos. Essa é uma missão específica da escola, portanto, nenhuma família tem a obrigação de ministrar ou transmitir informações específicas ou científicas. Por outro lado, não cabe ao profissional da educação assumir responsabilidades inerentes à família do aluno. Porém, deve despertar tratamentos respeitosos, confiantes e afetuosos, como profissional e membro da sociedade que é, mas não como um membro da família. A família é essencial para o desenvolvimento do indivíduo, independente de sua formação. É no meio familiar que o indivíduo tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com a linguagem, com a aprendizagem e aprende os primeiros valores e hábitos. Tal convivência é fundamental para que a criança se insira no meio escolar sem problemas de relacionamento disciplinar, entre ele e os outros. A sociedade urge por uma parceria de sucesso entre famílias e escolas, pois acreditamos que só assim poderemos, realmente, fazer uma educação de qualidade e que possa promover o bem estar de todos. 16 4. TRANSTORNOS AFETIVOS Existe uma tendência natural de se pensar na infância como um período feliz, livre de preocupações ou de responsabilidades. Sentimentos de tristeza em função de perdas ou manifestações de raiva decorrentes de frustração são na maioria das vezes reações afetivas normais e passageiras e não requerem tratamento. Porém, dependendo da intensidade, da persistência e da presença de outros sintomas concomitantes, a tristeza e a irritabilidade podem ser indícios de quadros afetivos em crianças e adolescentes. A irritabilidade é um sintoma inespecífico, podendo ser encontrada em indivíduos normais. No entanto, esta se torna patológica quando qualquer estímulo é sentido como perturbador e a criança ou adolescente apresenta hiper-reatividade de característica desagradável, hostil e eventualmente agressiva. Alterações do humor com um forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade constituem quadros disfóricos que podem estar presentes nos transtornos afetivos. Os transtornos afetivos interferem na vida da criança e do adolescente, prejudicando de modo importante seu rendimento escolar e seu relacionamento familiar e social. O termo "depressão situacional" considerado por Fichtner, corresponde a reações depressivas que podem ser encontradas no decorrer do desenvolvimento normal de uma criança. As situações traumáticas desencadeadas por intensificação do estresse ou por perdas significativas, como separação dos pais, nascimento de um irmão, ou também situações de mudanças, podem ser fatores desencadeantes para o quadro de TA com humor depressivo nas crianças. O TA com humor depressivo pode levar ao fracasso escolar, com baixa auto-estima, ansiedade, insônia, queixas somáticas, inapetência, cansaço e perda dos interesses habituais como esporte e lazer. Esse quadro, associado a muita expectativa dos pais, tende a prolongar a reação depressiva devido a um efeito cumulativo de estresse. Apesar do TA ser conceituado como um transtorno transitório, a criança necessita de um acompanhamento, porque o TA poderá evoluir para um quadro de depressão prolongado e de intensidade variada, ou poderá se repetir na vigência de novos estressores. Distimia significa etimologicamente "mal-humorado", referindo-se a um temperamento inclinado à melancolia. Como conceber uma criança assim? Onde estará a alegria de viver que as pessoas desejam ver no rosto das crianças? No entanto, até nos contos infantis encontra-se um anão chamado Zangado, que apega-se à Branca de Neve como os 17 outros, apesar de tão mal humorado. Ele tem as mesmas necessidades dos outros anões, mas o que se vê e o que chama a atenção é que ele não parece estar feliz. Esta patologia é vista como uma depressão crônica, na qual os pacientes apresentam diversos sintomas depressivos de pouca intensidade se comparada à depressão maior. Tem início insidioso, começando muitas vezes na infância ou adolescência, com curso prolongado, persistindo eventualmente durante toda a vida do indivíduo. O diagnóstico de distimia na criança requer humor deprimido ou irritável (o humor irritável é mais comum nas crianças do que nos adultos) presente quase todos os dias, acompanhado de pelo menos dois dos seguintes sintomas: apetite aumentado ou diminuído; sono aumentado ou diminuído; fadiga; baixa auto-estima; dificuldade de concentração ou de tomar decisões; e sentimentos de desesperança. Para se ter o diagnóstico de distimia, os sintomas devem causar intenso sofrimento ou prejuízo em áreas importantes de seu funcionamento (interação social, rendimento escolar e outras). Há na literatura referência a adultos distímicos como "aristocratas do sofrer", mas também pode-se observar crianças que não se contentam com nada e se mostram infelizes cronicamente. Diferentemente de adultos, cujos sintomas são episódicos, crianças frequentemente apresentam mudanças rápidas de humor e podem alternar depressão e mania várias vezes em um mesmo dia. A criança tem aumento de irritabilidade, com humor instável, sendo comuns momentos de choro isolados. Pode se auto agredir e ser agressiva com outros. É inquieta, fala muito mais rápido do que de costume, apresenta distraibilidade acentuada e pode ter redução da necessidade de dormir. Pode apresentar pensamentos fantasiosos e de grandeza, como o de possuir poderes mágicos, sofrendo acidentes por acreditar fielmente nesses poderes. Os sintomas alucinatórios e delirantes são mais comuns na adolescência. Os transtornos afetivos podem ocorrer na infância e na adolescência. O diagnóstico e o tratamento precoces podem mudar o futuro de uma criança, evitando prejuízos ao desenvolvimento e favorecendo a elaboração de vivências relacionadas aos transtornos afetivos. 18 4.1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E RELAÇÕES FAMILIARES Refletindo sobre os últimos anos, é possível perceber transformações relevantes no modelo tradicional de família. Não se trata somente de uma reorganização estrutural, mas do ressignificado das mais diversas e mútuas influências. A monoparentalidade, por exemplo, vem romper com a tradição e inserir o início de uma maior flexibilidade a essas distintas formas de expressão subjetiva na essência da família. Sendo assim, analisar a composição de uma estrutura familiar e o relacionamento entre seus integrantes requer uma delicada observação, uma vez que esta rede familiar está inserida num contexto sócio-histórico, sob extensão de inúmeras situações provenientes do ambiente externo, que influem direta ou indiretamente na rotina da família e transparecem no relacionamento com os filhos, podendo dessa forma, minimizar tensões ou então maximizá-las. Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde, CID 10 - Código Internacional de Doenças (2000) encontramos uma definição para os problemas de aprendizagem, onde se encontra no capítulo intitulado Transtorno de Desenvolvimento das Habilidades Escolares: Os transtornos nos quais as formas clássicas de aprendizagem estão desvirtuadas desde as primeiras fases do desenvolvimento. O comportamento não é somente a conseqüência da falta de oportunidades de aprendizagem ou de um retardo mental, traumatismo ou doenças cerebrais. Uma pessoa pode apresentar um problema reativo (reação ao meio) ou problema-sintoma (aprisionamento da inteligência). Podemos definir problemas de aprendizagem como todas e quaisquer variáveis que podem vir a bloquear ou dificultar o processo natural de aprendizagem. Crianças e adolescentes utilizam muito a linguagem conductual (não verbal) para expressar seus sentimentos, especialmente quando experimentam regressões devidas a sofrimentos psíquicos como os da separação dos pais. Atitudes mais agressivas com amigos e professores, comportamentos mais agitados, isolamento e queda no desempenho são alguns sinais de que a criança não está bem. É fundamental que a escola seja informada pela família do que se passa em casa. Um aspecto bastante relevante por parte da escola, é evitar “tomar partido” ou mesmo emitir julgamentos sobre ambas as partes, pois os pais ou um deles, terão a tendência de entrar em conflito com a escola. A partir dos 7 anos, as crianças conseguem formar conceitos tendo a real percepção do que está acontecendo, têm opiniões formadas e julgamento mais apropriado da situação. Tendem a fazer constantemente perguntas, questionamentos sobre os mais diversos assuntos, 19 além de manifestar tristeza e descontentamento de maneira clara e direta. É a fase que demonstram de forma acentuada do desejo de “colo”. Especialistas diversos afirmam que, quanto maior a criança, maiores são suas condições psíquicas para lidar com rupturas. Mesmo assim, há o sofrimento, claro em sintomas como distúrbios de sono, alterações no comportamento, irritabilidade, desejo de se isolar, mudanças no apetite. A escola é uma excelente vitrine. Habitualmente os professores identificam a mudança de comportamento desses alunos, tendo em vista que eles são atingidos tanto na área da conduta quanto no rendimento escolar. Manifestam ansiedade, dificuldade de atenção, agressividade, isolamento e mesmo hiperatividade, sintomas esses chamados “equivalentes depressivos na infância e adolescência”. Para Alicia Fernández apud Pena & Modesto (1996), os problemas de aprendizagem podem ser de ordem sintomática ou reativa. Os de ordem sintomática são as inibições e, para entendê-las, é necessário descobrir a história familiar do sujeito, utilizar um tratamento psicopedagógico clínico que liberte a inteligência e mobilize a circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar. Os problemas reativos afetam o sujeito sem afetar a inteligência. Geralmente o problema de aprendizagem é transitório, ou seja, a pessoa apresenta deficiência ou incapacidade de ordem física (expressão), sensorial ou mental. Habitualmente, reversíveis quando sujeitas a terapias especializadas (médicas, pedagógicas, psicológicas, psicopedagógicas, fonoaudiológicas, terapia ocupacional, entre outras). As evidências de que as subversões familiares provocam uma série de prejuízos para o desenvolvimento da criança, tem provocado os pesquisadores a investigar quais são os processos responsáveis pela associação entre essas variáveis considerando que a maioria das famílias, em algum momento de suas trajetórias, vivencia situações conflituosas. Existe sim, uma preocupação e a necessidade de algumas reflexões sobre esses conflitos nos relacionamentos conjugais e seus efeitos sobre o comportamento dos filhos durante o período escolar. Crianças expostas a altos níveis de desordem estão mais propensas a desenvolverem uma série de problemas emocionais e de comportamento durante a infância, entre os quais, baixa auto-estima (PAWLAK; KLEIN, 1997), pobre interação com pares (GOTTMAN; KATZ, 1989), depressão e problemas de saúde (NICOLOTTI; EL-SHEIK; WHISTON, 2003), distúrbios de sono (EL-SHEIK et al., 2006) e problemas de comportamento exteriorizado e interiorizado (NICOLOTTI; EL-SHEIK; WHISTON, 2003; KATZ; GOTTMAN, 1993; KELLER; CUMMINGS; PETERSON, 2009). 20 Grych e Fincham (1990) e Grych et al. (2000) tentam explicar por que as crianças manifestam problemas de comportamento em resposta à hostilidade e à discórdia marital recorrendo ao modelo denominado de cognitivo-contextual. O modelo pressupõe que os contextos em que os conflitos ocorrem e a interpretação cognitiva dada pelas crianças funcionam como mediadores da associação entre o relacionamento conjugal e o desenvolvimento infantil. Nesta mesma direção, Davies e Cummings (1994) propuseram um modelo enfatizando as reações afetivas e emocionais das crianças recorrendo à hipótese da „segurança emocional‟. Segundo esse modelo, baseado na Teoria do Apego (BOLWBY, 1969/1990), a preocupação da criança em torno de sua segurança emocional perante situações conflituosas exerce influência sobre a regulação de suas emoções e sobre a maneira como enfrenta o episódio, o que, por sua vez, interfere no seu bem estar emocional e nas relações que irá estabelecer no futuro. Considerando as afirmações de Dessen e Braz (2005) de que as relações conjugais satisfatórias são fontes de apoio que favorecem relações parentais de boa qualidade e, consequentemente, um desenvolvimento infantil bem ajustado. Segundo Gottman e DeClaire (2001), alguns tipos de conflitos conjugais afetam profundamente a saúde física e emocional das crianças, assim como sua capacidade de relacionamento com outras crianças. De acordo com os autores, os filhos de pais cujo relacionamento é caracterizado por atitudes críticas, defensivas e desdenhosas, têm maior probabilidade de manifestar comportamento anti-social e agressivo com os colegas, além de terem mais dificuldade de regular as emoções, de concentrar-se e de acalmar-se quando aflitos, apresentando ainda mais problemas de saúde como tosse e resfriado e passando com mais freqüência por fases de estresse. A reação da criança é, portanto, influenciada por sua história de exposição aos conflitos, por suas características pessoais e pelo modo como percebe os conflitos entre os genitores (ABLOW et al. 2009). 21 4.2 TRANSTORNO DE CONDUTA NA INFÂNCIA A psiquiatria da infância, apresenta um dos quadros mais problemáticos que tem sido o chamado Transtorno de Conduta, o qual se caracteriza por um padrão repetitivo e persistente de conduta antisocial, agressiva ou desafiadora, por, no mínimo, seis meses (CID10, 2000). Esse transtorno não deve ser confundido com o termo “distúrbio da conduta”, usado de forma inespecífica para cognominar problemas de saúde mental que causam indisposições no ambiente familiar e/ou escolar. Por exemplo, crianças e adolescentes desobedientes, com dificuldades para aceitar regras e limites e que desafiam a autoridade de pais ou professores costumam ser encaminhados aos serviços de saúde mental devido a “distúrbios da conduta”. No entanto, o jovem que apresentam tais distúrbios nem sempre preenche critérios para a categoria diagnóstica “transtorno de conduta”, não é apropriado para representar diagnósticos psiquiátricos. O Transtorno de conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade. De acordo com DSM IV (2002), as pessoas com o Transtorno de Conduta apresentam: * Conduta Agressiva – causadora ou propensa a causar lesões corporais a outras pessoas ou animais. * Conduta não agressiva – que causa perdas ou danos ao patrimônio. * Defraudação ou Furto – sérias violações de regras. Segundo Holmes (1997, p.329), o transtorno de conduta interfere ainda na aprendizagem da criança, pois o rendimento escolar, particularmente em leitura e outras habilidades verbais, em geral está abaixo do potencial com base na idade e na inteligência. Devido ao comportamento, pode ocorrer expulsão da escola, permitindo justificar o diagnóstico adicional de Transtorno da Aprendizagem ou Transtorno da Comunicação. Essa categoria de diagnóstico é classificado naquilo que chamamos de Transtornos de Comportamentos Desruptivos (TCDs), segundo o DSM.IV (2002). Os TCDs englobam o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o Transtorno Desafiador e Opositivo e o Transtorno de Conduta, propriamente dito, sob o código 312.8. Na CID.10 (2000), os Transtornos de Conduta são chamados de Distúrbios de Conduta e estão classificados como uma categoria isolada no código F91. Facion (2005, p.129), afirma que: 22 Problemas familiares podem contribuir também para o desenvolvimento do Transtorno de Conduta: procedimentos falhos de educação, conflitos conjugais ou relacionamentos afetivos rompidos, negligências, sociopatia, dependência de álcool e substâncias químicas, tensões, brigas, etc. Crianças que convivem com esses tipos de “pressões psicológicas e sociais” frequentemente desenvolvem uma baixa tolerância à frustração. Existe uma tendência à debilidade no desenvolvimento da auto-afirmação das crianças, quando se apresenta vulnerabilidade no procedimento educacional, além de uma desmotivação e desorientação para seguir normas sociais. Crianças que estão expostas à violência apresentam maior predisposição para desenvolver comportamentos agressivos, físicos e verbais. Eles apresentam maiores dificuldades na verbalização de seus sentimentos e ideais e podem reagir com agressividade imediata, até a uma situação mal interpretada. Por isso, eles estão sempre violando os direitos alheios. Quanto ao tratamento do Transtorno de Conduta, existem tratamentos paliativos como a psicologia, psiquiatria, terapia ocupacional, esportes que trazem resultados positivos no desenvolvimento. A psicoterapia individual também é útil para resolução de problemas, já que as crianças com Transtorno de conduta podem ter um padrão duradouro de respostas mal adaptativas às situações da vida diária. O tratamento da criança e o cuidado da família têm trazido sucesso em sala de aula para o aluno que sofre com o Transtorno de Conduta, já que o foco principal é reforçar os comportamentos desejáveis. 23 4.2.1 COMPORTAMENTO DE FILHOS QUE TÊM PAIS SEPARADOS A partir dos 7 anos, as crianças conseguem formar conceitos tendo a real percepção do que está acontecendo, têm opiniões formadas e julgamento mais apropriado da situação. Tendem a fazer constantemente perguntas, questionamentos sobre os mais diversos assuntos, além de manifestar tristeza e descontentamento de maneira clara e direta. É a fase que demonstram de forma acentuada do desejo de “colo”. Especialistas diversos afirmam que, quanto maior a criança, maiores são suas condições psíquicas para lidar com rupturas. A separação dos pais, como uma fase do ciclo de vida familiar, representa uma situação que envolve e afeta todos os membros da família, de várias formas. O sofrimento aparece vinculado a sintomas como distúrbios de sono, alterações no comportamento, irritabilidade, desejo de se isolar, mudanças no apetite. As mudanças deverão ser administradas, havendo desestabilização e muito luto, necessitando ser psiquicamente elaborado. Para os filhos, o progenitor que vai embora é sentido como ausente, ou seja, morto (para o inconsciente). Na verdade, perde-se uma parte do vínculo - a que se baseia na relação cotidiana, podem advir daí uma série de problemas emocionais. Existem ainda diversos transtornos de conduta que podem surgir na criança, como fobias, impulsividade, ausências, disritmias, explosões de raiva, timidez, roubo, mentiras, conduta anti-social, genitalização precoce, dislexia, disgrafia, dificuldade escolar em geral, enurese, insônia, dentre outros. Estes são importantes de serem observados numa situação em que a família passa por crise como é o caso de uma separação e a criança acaba manifestando nestes comportamentos ou sintomas a sua maneira de lidar com a dificuldade. Segundo Gottman e DeClaire (2001), alguns tipos de conflitos conjugais afetam profundamente a saúde física e emocional das crianças, assim como sua capacidade de relacionamento com outras crianças. De acordo com os autores, os filhos de pais cujo relacionamento é caracterizado por atitudes críticas, defensivas e desdenhosas, têm maior probabilidade de manifestar comportamento anti-social e agressivo com os colegas, além de terem mais dificuldade de regular as emoções, de concentrar-se e de acalmar-se quando aflitos, apresentando ainda mais problemas de saúde como tosse e resfriado e passando com mais freqüência por fases de estresse. Crianças e adolescentes utilizam muito a linguagem conductual (não verbal) para expressar seus sentimentos, especialmente quando experimentam regressões devidas a sofrimentos psíquicos principalmente os relacionados a questões afetivas familiares. A escola é uma excelente vitrine. Habitualmente os professores identificam a mudança de 24 comportamento desses alunos, tendo em vista que eles são atingidos tanto na área da conduta quanto no rendimento escolar. Manifestam ansiedade, dificuldade de atenção, agressividade, isolamento e mesmo hiperatividade, sintomas esses chamados “equivalentes depressivos na infância e adolescência”. Algumas crianças consideram a escola como um refúgio dos problemas familiares, pois, tanto o ambiente escolar quanto os professores, continuam constantes em sua vida durante esse período de grande reviravolta existencial. Mesmo assim, nem sempre esses alunos aceitarão conversar a respeito das dificuldades que enfrentam em casa (neste caso, a separação). Novamente, serão as alterações em seu desempenho e comportamento que denunciarão a existência de problemas emocionais. Atitudes mais agressivas com amigos e professores, comportamentos mais agitados, isolamento e queda no desempenho são alguns sinais de que a criança não está bem. É fundamental que a escola seja informada pela família do que se passa em casa. Um aspecto bastante relevante por parte da escola é evitar “tomar partido” ou mesmo emitir julgamentos sobre ambas as partes, pois os pais ou um deles, terão a tendência de entrar em conflito com a escola. A sensação de solidão, tristeza e a dificuldade de concentração na escola, tudo isso contribui para uma depressão infantil ou da adolescência, complicando muito o interrelacionamento pessoal e o rendimento escolar. Pode haver dificuldade de concentração, motivação insuficiente para completar tarefas, comportamento agressivos com os colegas e faltas em excesso. Não se afasta, nesses casos, a necessidade dos professores orientarem algum ou ambos os pais para a procura de ajuda especializada para o aluno. O tão mal afamado "aluno-problema", pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas vezes advindo de relações familiares conturbadas, de situações trágicas ou transtornos do desenvolvimento, e esse tipo de estigmatização docente passa a ser um fardo a mais, mais um dilema e aflição emocional agravante. Para esses casos, o conhecimento e sensibilidade dos professores podem se constituir em um bálsamo para corações e mentes conturbados. 25 4.4.2 Transtorno de Conduta X Aprendizagem Para identificar em uma criança dificuldade de aprendizagem devido ao Transtorno de Conduta, é importante conceituar o significado de aprendizagem. Segundo Paula, Beber, Baggio e Petry (2006, p. 225): Em alguns manuais de Psicologia, a aprendizagem é definida como uma mudança de comportamento resultante da prática ou a experiência anterior. A aprendizagem é a mudança de comportamento viabilizada pela plasticidade dos processos neurais cognitivos. Pode-se dizer, assim, que a aprendizagem é um procedimento que alcança o desenvolvimento do indivíduo, manifestando mudança no comportamento. Estudiosos da Psicologia do Desenvolvimento afirmam que é entre os cinco e seis anos que a criança se desenvolve socialmente, pois entra em contato com ambientes que não lhe são familiares. Quando a criança é inserida na escola, ela é provocada pela leitura, pela escrita, por conceitos matemáticos que fazem parte de sua aprendizagem. Assim, é necessária uma atenção e concentração neste processo de desenvolvimento infantil, para que assim, ocorra de modo adequado. Entretanto, quando a criança sofre de Transtorno de Conduta, surgem interferências prejudicando o aprendizado escolar. Para Passos (2006, p. 4): A escola também é um importante espaço de formação da personalidade e de comportamento das crianças. Nesta instituição, a criança se ajusta socialmente e se depara com inúmeros desafios. É na escola que a criança amplia sua rede de relações interpessoais. A escola é um ambiente próprio para avaliar o emocional das crianças, pois é lá que o desempenho dos alunos é julgado, podendo ser comparado estatisticamente com o de seus pares, com seu grupo etário e social. Situações que acontecem dentro da sala de aula permitem que o professor atue tanto beneficamente quanto consciente ou inconscientemente, fazendo com que agrave as condições de comportamento do aluno. De acordo com Paula, Beber, Baggio e Petry (2006, p. 225): A aprendizagem infantil, no que tange ao processo escolar em geral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento da criança, às figuras representativas desta aprendizagem (escola, professores), ambiente de aprendizagem formal, condições orgânicas, condições emocionais e estrutura familiar. Qualquer intercorrência em um ou mais destes fatores pode influenciar, direta ou indiretamente, o processo de aquisição da aprendizagem. 26 O Transtorno de Conduta reflete no mais conhecido “aluno-problema”, isso porque, muitas vezes ao entrar na escola, essa criança chega com um histórico familiar conturbado, de situações trágicas. Isso faz com que muitos professores acreditem que esses alunos são um fardo para o desenvolvimento de suas aulas. Para Ballone e Moura (2008, p.2): Erram alguns professores menos avisados, ao considerar que todas as crianças devessem sentir e reagir da mesma maneira aos estímulos e às situações ou, que é pior, acreditar que submetendo indistintamente todos os alunos às mais diversas situações, quaisquer dificuldades adaptativas, sensibilidades afetivas, traços de retraimento e introversão se corrigiriam diante desses “desafios” ou diante da possibilidade do ridículo. Na realidade podem piorar muito o sentimento de inferioridade a ponto da criança não mais querer frequentar aquela classe ou, em casos mais graves, não querer ir mais a escola. Crianças com Transtorno de Conduta, geralmente, se direcionam ao professor com agressividade quando sua autonomia é cortada. Essa rebeldia pode se manifestar de forma ativa – agindo de modo contrário, o que é ordenado com muita agressividade; de forma passiva – a criança é apática, muitas vezes considerada boazinha, passando, assim, por despercebido. O modo de tratamento no ambiente escolar a essas crianças que sofrem de Transtorno de Conduta é um dos principais componentes que constitui em a dificuldade escolar. Ou seja, a falta de motivação e capacitação de professores, supervisores e orientador educacional retarda o diagnóstico e os cuidados com a saúde da criança. A interação professor-aluno é essencial. A criança deve sentir-se segura dentro do ambiente escolar, não sendo discriminada pelo comportamento, a cor ou condições financeiras. É fundamental a organização escolar procurar conhecer a clientela que a escola recebe, provoca diferenças no perfil da criança, fazendo com que o processo escolar torne-se mais eficiente, a partir da construção do plano de aula, considerando a característica de cada aluno. A escola deve procurar diminuir o grau de exigência quando relacionado com a competitividade e criar ambientes que ajudem no desenvolvimento de cada criança. Embora os alunos estejam dentro da normalidade, ainda não se adaptaram ao ritmo da escola. Criar projetos que estimulem a participação da família e do educando nas decisões da escola, permite que aumente a capacidade do trabalho em grupo, da sociedade e da equipe escolar. É interessante a elaboração prévia de um perfil diagnóstico de cada aluno, assim permite a formação de salas mais homogêneas e a construção metodológica seria iniciada 27 mais precocemente. Com isso, evita a formação de salas heterogêneas, valorizando o conhecimento da criança antes da sua entrada na escola. O trabalho em conjunto da saúde e educação tem sido um grande desafio, isso porque o tratamento de crianças carentes tem sido massificado e indiferenciado. É preciso construir uma equipe multidisciplinar que seja responsável em fazer o diagnóstico e os cuidados necessários à criança com Transtorno de Conduta. Ou seja, o professor precisa estar capacitado, para que possa ter um olhar clínico e, junto com o neuropedagogo ou psicopedagogo, construa um relatório para que a família do aluno procure os tratamentos de saúde adequados. 28 5. A AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM O aspecto afetivo tem um denso controle sobre o desenvolvimento intelectual, podendo acelerar ou atenuar o ritmo esse processo, determinando inclusive sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. Na teoria de Piaget (1987), o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo, onde paralelo ao desenvolvimento cognitivo se encontra o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral e se apresenta em várias conjunções, incluindo os sentimentos como o amor, a raiva, depressão e também aspectos expressivos como o sorriso, o grito e lágrimas. Na visão de Piaget, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência, sendo a responsável pela ativação da atividade intelectual. Afirma ainda que a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento "total" do organismo. Assim sendo, ele considerou o funcionamento intelectual como uma forma especial de atividade biológica. Ambas as atividades, intelectual e biológica, são partes do processo global através do qual o organismo adapta-se ao meio e constitui o conhecimento. Piaget idealizou a inteligência como tendo dois aspectos, o cognitivo e o afetivo. O aspecto cognitivo tem três componentes: o conteúdo, a função e a estrutura. Ele identificou três tipos de conhecimento: o conhecimento físico, o conhecimento lógicomatemático e conhecimento social. O conhecimento físico é o conhecimento das propriedades dos objetos e é derivado das ações sobre os objetos. O conhecimento lógico-matemático é o conhecimento construído com base nas ações sobre os objetos. O conhecimento social é o conhecimento sobre as coisas criadas pelas culturas e acontece através da interação com as outras pessoas e o meio ambiente. Cada tipo de conhecimento depende das ações físicas ou mentais. As ações instrumentais do desenvolvimento são aquelas que geram desequilíbrios e conduzem ao esforço de estabelecer equilíbrio (equilibração). Assimilação e acomodação são os agentes de equilibração, o auto-regulador do desenvolvimento. O desenvolvimento afetivo ocorre de modo semelhante ao desenvolvimento cognitivo. Isto é, as estruturas afetivas são construídas como as estruturas cognitivas. O aspecto afetivo é responsável pela ativação da atividade intelectual e pela seleção dos objetos sobre os quais agirem. Algumas recomendações são interessantes, levando-se em consideração a teoria piagetiana: 29 1. Os pais e professores devem assumir relações de respeito mútuo com as crianças, e não autoridade, pelo menos alguma parte do tempo em que permanecem juntos. Assim, poderão encorajá-las a resolver problemas por si mesmos e desenvolver autonomia 2. Quando a punição às crianças se fizer necessária, ela deve estar baseada na reciprocidade e não na expiação. Por exemplo, a criança que se recusa a juntar os seus brinquedos, pode ser privada de retirá-los do local onde devem permanecer nos momentos em que não estão sendo utilizados. A criança que maltrata colegas, deve ser negada a interação com outras crianças. 3. É também responsabilidade do professor promover a interação social na sala de aula, encorajando o questionamento e a reflexão das dificuldades que possam ser levantadas pelas crianças. 4. Os professores podem envolver os alunos, mesmo aqueles ainda na Educação Infantil, em discussões de problemas conduzindo-as à reorganização de seus conceitos. O conflito cognitivo é necessário para a reestruturação do raciocínio e para desenvolvimento mental. 5. Reestruturar o espaço escolar permite maior participação dos alunos nos aspectos significativos do processo de direção e administração da escola. A responsabilidade, a cooperação e autodisciplina não podem ser transmitidas às crianças autoritariamente. Esses conceitos devem ser construídos por elas a partir de suas próprias experiências, sendo essenciais as relações de respeito mútuo. Em vários livros Piaget descreve cuidadosamente o desenvolvimento afetivo e cognitivo do nascimento até a vida adulta, dando ênfase na infância. A autoestima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender tendo o afeto como o princípio norteador da autoestima. A criança após ter desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina passam a ser uma ponte para conseguir o autocontrole pessoal e o bem estar emocional. O ser humano é um ser social, sua identidade resulta das relações com os outros, ou seja, essa identidade começa a ser construída durante a infância, a partir dos primeiros vínculos formados na família. No momento em que há uma ruptura drástica desse vínculo, a criança vivencia rejeição e culpa. Ela cresce com sentimentos de auto piedade, podendo desenvolver uma identidade vitimada. 30 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Lidar com as diferentes culturas em um mesmo núcleo familiar é um desafio constante. Essas configurações estão mudando numa freqüência consideravelmente acelerada. É um fator social e cultural, que vem trazendo como resultado, famílias mais hibridas, que se unem nas diferenças e por elas também. A partir dos casamentos desfeitos, surgem as oportunidades de se ter meio-irmãos ou 'aproveitar' um outro pai ou outra mãe, ou seja, de se ter uma vivência mais comunitária. É possível observar como os processos de interação afetiva, familiar e escolar, bem como os seus vínculos promovem um gerenciamento das nossas habilidades/inteligências/aptidões. A falta de vínculos afetivos (familiar e escolar) e o desajuste das relações familiares, consequentemente vêm a interferir no desempenho da criança na aquisição da aprendizagem. A família, como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, não pode ser descartada. Uma família bem estruturada é um fator que auxilia no processo de ensinoaprendizagem e surgindo uma dificuldade de aprendizagem, ela também poderá contribuir na intervenção proposta pela instituição escolar. Diversos aspectos revelam como o conflito conjugal ultrapassa barreiras e atinge os filhos, trazendo exemplos condizentes com o que está relatado na literatura e fundamentando a compreensão de que um sintoma apresentado por uma criança pode ser reflexo das relações familiares nas quais ela está inserida. Evidencia então novamente o quanto a influência do conflito conjugal pode favorecer o desenvolvimento de sintomas nos filhos, colocando-os em riscos nos termos emocionais e psicológicos, apresentando desde dificuldades escolares e comportamento problemático com amigos até sintomas somáticos. A conscientização dos pais de que o direito a participação da vida familiar com respeito e dignidade é um direito da criança previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança, é de suma importância. Sendo assim, o cenário escolar é o palco onde gestores educadores podem e devem observar situações e comportamentos que possam estar sendo desencadeados em função de enfrentamentos familiares. 31 REFÊRENCIAS A família pós-divórcio. In: Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2a ed. Porto Alegre: Artes Médicas. ABLOW, J. C. et al. Linking marital conflict and children’s adjustment: The role of young children’s perceptions. Journal of Family Psychology, v. 23, n. 4, p. 485– 499, 2009. Ahrons, C. R. (1994). O bom divórcio: como manter a família unida quando o casamento termina. Rio de Janeiro: Objetiva. Amazonas, M. C. L. A., Damasceno, P. 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