Excelentíssima Senhora Primeira-ministra Excelentíssima Membros do Conselho de Ministros Excelentíssimos Membros do Corpo Diplomático Caros Empresários Distintos Convidados Minhas senhoras e meus senhores Gostaria, em primeiro lugar, de manifestar o meu agrado pela oportunidade de participar nesta 11ª (décima primeira) CASP. Como representante de um parceiro de cooperação e Presidente do Grupo de Trabalho do Sector Privado, tenho muito interesse no diálogo público-privado. Parabéns ao Governo e ao sector privado por este exercício que já tem 11 anos. Começo a minha intervenção por referir que este Grupo, que existe desde 2004, é constituído por 15 doadores com intervenções e programas de apoio ao sector privado e inclui ainda o Ministério da Indústria e Comércio, em representação do Governo, e a CTA, em representação do sector privado, ambos na qualidade de vice-presidentes. Este grupo contribui para alcançar um dos objectivos preconizados no PARPA II, no concernente a melhoria do ambiente de negócios e de trabalho em Moçambique para: incentivar o investimento doméstico e estrangeiro; facilitar a formalização da economia; e promover a criação de emprego de qualidade, contribuindo assim para a redução da pobreza absoluta que afecta pouco mais de 50 por cento da população moçambicana. A reflexão que nos propõe a CTA na presente conferência, nomeadamente, “Produtividade e Competitividade: Os Caminhos para o Mercado Global” mostra-se pertinente e de capital importância neste processo acelerado e irreversível de globalização. Não menos importante é o facto de ocorrer numa altura em que o mercado global tem sido devastado por diferentes choques, nomeadamente, a crise alimentar, energética e, mais recentemente, financeira. O Investimento Directo Estrangeiro, a nível mundial, totalizou cerca $1,3 triliões de dólares em 2006, dos quais cerca de 38 por cento foram para as economias emergentes. Projecta-se que entre 2009-2011, o Investimento Directo Estrangeiro se situe entre 1,5 e 1,6 triliões de dólares anuais, sendo que cerca de 36 por cento serão investidos nas economias emergentes. É este dinheiro que Moçambique precisa para tirar a população que se encontram no desemprego ou no sector informal e ainda criar riqueza nacional. Nós, os parceiros de cooperação, não seremos capazes de providenciar financiamento similar e com tamanho impacto. Assim, Moçambique, como os outros países, está no mercado internacional à procura de atrair investidores para sustentar o actual crescimento económico. Os investidores têm optado por aqueles países que oferecem, simultaneamente, potencialidades naturais, e bom ambiente para realização de negócios. Moçambique oferece inúmeras oportunidades de negócios, desde a agricultura ao turismo, das energias aos minerais, entre outros. Vejamos, mais uma vez, a situação actual do ambiente de negócios comparado com alguns países da região em algumas categorias, tendo em conta os resultados Doing Business Report de 2009: 2 Em Moçambique, são necessários 26 dias para iniciar um negócio, quando nas Maurícias levam apenas 6. Moçambique é um dos 7 países da SADC que ainda exige o capital mínimo no processo de registo de empresas. São necessários 381 (trezentos e oitenta e um) dias para obter uma licença de construção em Moçambique, quando na Suazilândia obtém-se em 93 (noventa e três). São efectuados 37 (trinta e sete) pagamentos de impostos em Moçambique, quando nas Maurícias são efectuados apenas 7. São necessários 32 (trinta e dois) dias para realizar uma operação de importação em Moçambique, contra os 16 das Maurícias. Moçambique e Angola são os únicos países da região que ainda exigem a Inspecção Pré-Embarque no processo de importação. Estes são alguns dados que atestam a necessidade de introdução de reformas profundas e rápidas no ambiente de negócios para garantir a competitividade da economia moçambicana no contexto global, tornando-se numa rota preferencial de investimentos. A definição da estratégia para a melhoria do ambiente de negócios e a meta de se tornar no melhor de região em 2015 é uma manifestação do compromisso do Governo de Moçambique em introduzir reformas conducentes a facilitação de negócios. Tornar-se no país mais competitivo da SADC, é para Moçambique uma meta ambiciosa. Porém, para metas ambiciosas, é necessário reformas também ambiciosas, ousadas, corajosas e rápidas. Apesar deste compromisso, sentimos que há necessidade de acelerar o passo na implementação das reformas e melhorar 3 ainda a coordenação desse esforço! A queda de Moçambique no Doing Business Report de 2009 reforça esta ideia. A reforma do ambiente de negócios é uma questão transversal, sendo que envolve diferentes Ministérios, entre eles, Finanças, Trabalho, Justiça e outros. Por isso, e apesar do Ministério da Indústria e Comércio ser responsável pela melhoria do ambiente de negócios no país, entendemos que a sua actuação é dificultada em virtude da maioria dos indicadores constantes no Doing Business Report ser da responsabilidade de outros ministérios. Senão vejamos: o nosso Grupo reúne-se três vezes por ano com Sua Excelência o Ministro da Indústria e Comércio, tendo como agenda principal a reforma do ambiente de negócios. No ano passado, acordamos a introdução, até Junho do ano em curso, de três reformas que teriam impacto directo no posicionamento de Moçambique no último Doing Business Ranking. Estou a falar da eliminação da exigência do capital mínimo, da inspecção pré-embarque e fusão de procedimentos necessários para obtenção de uma licença de construção. Porém, depois de inúmeras analises, notamos que a eliminação do capital mínimo dependia da Assembleia da República, a eliminação da inspecção pré-embarque do Ministério das Finanças e a licença de construção do Conselho Municipal. Resultado: nenhuma delas foi implementada a tempo de ser captado no relatório de 2009. Este é um assunto que deveria merecer uma reflexão no seio do Governo, pois é necessário haver cometimento do governo como um todo e não de um único ministro. Porém, parece-nos que agora estas reformas poderão ser implementadas, mas é preciso fazer um pouco mais para recuperar o tempo perdido. 4 É importar notar igualmente que as reformas propostas pelo Banco Mundial no quadro do Doing Business Report são simples e imediatistas, pelo que podem não representar necessariamente as preocupações reais do sector privado. Vimos nas apresentações de ontem que os custos de transacção continuam ainda muito alto no país. Porém, o Doing Business Report é a principal referência para os investidores a nível internacional e ilustra, de certa forma, o cometimento do Governo na introdução de reformas na economia. Reiterar ainda que as grandes transformações das economias são fundamentalmente resultantes de reformas profundas no ambiente de negócios. O exemplo da Geórgia ilustrado neste slide mostra o impacto da melhoria deste país no Doing Business Ranking, da posição 110 (cento e dez) em 2004 para a posição 18 em 2007. Esta melhoria impulsionou o Investimento Estrangeiro de U$500 milhões (em 2003) para U$2,5 biliões (em 2007), acelerou o crescimento económico de 3% (2003) para 14.5% (2007), e reduziu o desemprego de 17% (2003) para 11% (2007). Reiterar que Moçambique está a perder uma grande oportunidade de atrair investimento estrangeiro e de criar mais emprego, devido a forma tímida e lenta com que as reformas são introduzidas. Moçambique tem o segredo para atingir este objectivo. Na qualidade de Presidente do Grupo de Trabalho de Apoio ao Sector Privado e como representante do Governo dos Estados Unidos, quero aproveitar esta oportunidade para reiterar o compromisso de apoiar quer as instituições públicas quer as privadas para realização de trabalho! Muito Obrigado! 5 6