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Revista TOXICODEPENDÊNCIAS
Resumo: Continua-se neste artigo a descrever as possíveis interacções entre o
binómio consumo de drogas/sexualidade, iniciado em artigo anterior(1), que se
completa agora com a revisão bibliográfica relativamente aos opiáceos, à
cocaína (e outros estimulantes), aos alucinogéneos e ao ecstasy.
Résumé: Cet article fait suite à notre dernier texte, déjà publié(1), oú l'on décrit
les interactions possibles entre le binome usage de drogues/sexualité,
concernant la révision bibliographique sur les opiacés, la cocaïne (et d'autres
stimulants), les hallucinogènes et l'ecstasy.
Abstract: This paper goes on with the description of possible interactions
between the binomial drugs use/sexuality started in the last paper, and is now
completed with bibliographical review related to opioid, cocaine (and other
stimulants), hallucinogenics and ecstasy.
® Edição SPTT Volume 8 Número 1
Ano 2002 pp. 53-64
Toxicodependência e Sexualidade:
Revisão Bibliográfica a Propósito das
suas Possíveis Interacções (Parte II)*
Paulo Alexandre Lorga
4. Opiáceos
4.1 Heroína
O uso e abuso de opiáceos tem, de alguma forma, sido
associado a uma redução da frequência do comportamento sexual e ao aparecimento de disfunções sexuais
nas fases de desejo, excitação e orgasmo (GOSSOP et
al., 1974; SMITH et al., 1982; CUSHMAN, 1972; ROSEN &
BECK, 1988; BUFFUM, 1982; KATCHADOURIAN &
LUNDE, 1980; MINTZ et al., 1974), nomeadamente ao nível
dos utilizadores de forma endovenosa, que tenderiam a
apresentar uma maior quantidade de distúrbios sexuais
(GOSSOP et al., 1974). Reconhece-se contudo que a forma
e o tempo de utilização (uso esporádico/diário ou temporário/crónico) destas substâncias pode jogar um papel
importante na forma como interfere com o comportamento e o funcionamento sexual (ROSEN & BECK, 1988).
Por outro lado, não se sabe se a redução verificada na
sexualidade é devida à própria acção farmacológica ou se
outros factores, na totalidade da adição, são responsáveis
(CUSHMAN, 1972), tais como o estilo de vida imposto pelo processo aditivo e os decorrentes problemas de saúde
física que muitas vezes ocorrem, nomeadamente infecções e má nutrição, a que se podem associar alterações
hormonais induzidas pelo consumo. Para HEALY (1993), a
baixa de líbido pode ser uma consequência de problemas
de saúde e má nutrição geralmente impostos pelo uso da
substância a longo prazo, ao mesmo tempo que considera que ela parece ter um carácter mais secundário, na
medida em que o foco de interesse primário passa a ser
relacionado com o modo de obter e consumir a dose
diária "and this displaces sexual líbido from its usual place
in the emotional economy" (HEALY, 1993, p. 201).
Parecem verificar-se diferenças de efeitos entre a sua utilização esporádica ou crónica. Os estádios iniciais de uso da
heroína são por vezes caracterizados por uma significativa
53
54
melhoria do funcionamento sexual, relatado quer por ho-
apenas 15% a indicarem existir este problema raramente.
mens quer por mulheres, melhoria que está também por ve-
CUSHMAN (1972) verificou que 68% dos sujeitos rela-
zes relacionada com uma menor dificuldade ao nível da inter-
tavam ter ejaculação retardada, com 66% a relatarem
acção social sob o efeito da heroína, pelo seu efeito relaxante
baixa de líbido e 49% problemas de impotência (destes
e desinibidor em situações sócio-sexuais. Nos homens tem
41.5% com dificuldades erécteis e 13% com ejaculação
por efeito primário retardar a ejaculação, parecendo também
prematura), com 24% a afirmarem ter uma função sexual
estar aumentada a capacidade de suster a erecção por lon-
normal nos três parâmetros avaliados: líbido, potência
gos períodos de tempo; nas mulheres o relaxamento e a
e tempo de ejaculação.
desinibição surgem como efeitos principais, a que se asso-
Num estudo destinado a avaliar a experiência subjectiva
ciam também efeitos analgésicos, sobretudo em mulheres
dos sujeitos quanto aos efeitos das drogas no comporta-
com história de queixas de vaginismo e dispareunia (SMITH
mento sexual, GAY et al. (1977-78) verificaram que a heroí-
et al., 1982). Esta melhoria da sexualidade (e da interacção
na era vista como a que mais efeitos negativos induzia ao
social) pode ser vista como um factor de reforço potencial
nível da manutenção da erecção e à capacidade de atingir
para a continuação do seu uso (PARR, 1976), admitindo
o orgasmo em ambos os sexos, ao mesmo tempo que era
SMITH et al. (1982) que, de uma forma geral, quanto mais o
também a mais frequentemente citada no que diz respeito à
sujeito descreve um aumento do ponto de vista sexual com o
perda do interesse no sexo e diminuição do desejo sexual.
uso inicial tanto maior a probabilidade de poder existir uma
No mesmo sentido vai a investigação de LEON & WEXLER
disfunção sexual primária prévia ao uso da heroína.
(1973)(3), que questionando 31 ex-heroinodependentes so-
A própria alteração da consciência, como consequência do
bre a sua experiência antes e depois da droga relativamente
seu consumo, pode também ter um papel importante no
à frequência de relações sexuais, proporção de relações or-
sentimento de aumento da experiência sexual nos utiliza-
gásticas, qualidade dos orgasmos, tempo que decorria en-
dores ocasionais (SADOCK, 1995).
tre o início da penetração e o orgasmo, nível geral de desejo
Com a escalada dos consumos e a continuação do uso as
e frequência de poluções nocturnas e de masturbação, veri-
queixas de dificuldades sexuais aumentam, verificando-se
ficaram que a função sexual estava afectada em todas estas
relatos de baixa de desejo sexual, dificuldades em atingir o
situações durante o período de manutenção dos consumos.
orgasmo e anorgasmia em ambos os sexos e dificuldades
Segundo SEGRAVES (1988b), os estudos retrospectivos
erécteis e ejaculação retardada nos homens (PARR, 1976;
da fase pré-adictiva sugerem que a baixa de líbido (ou a
MINTZ et al., 1974; CUSHMAN, 1972; SMITH et al., 1982;
sua perda) coincidem com o início do abuso, verificando-
SADOCK, 1995). Não parece haver qualquer relação entre a
-se uma prevalência de perda de líbido entre os 21% e os
duração de dependência e a severidade da perturbação se-
100%, em ambos os sexos. Em relação à prevalência de
xual induzida pelos consumos, segundo estudo efectuado
disfunções erécteis tem sido apontada uma percentagem
por GOSSOP et al. (1974), em que comparava utilizadores
entre 28% e 43% (SEGRAVES et al., 1985)(4).
endovenosos de narcóticos e utilizadores orais de anfetami-
Para HOLLISTER (1975), a perda do desejo sexual pode
nas, tendo verificado que os primeiros apresentavam em ex-
de alguma forma estar ligada às sensações orgásticas
clusivo: falta de desejo sexual, dificuldades em atingir o or-
evocadas pela breve mas intensa euforia, seguida de um
gasmo, actividade sexual sem prazer ou ausência de ac-
alívio tensional e subsequente sedação, que normalmente
tividade sexual ou masturbação.
acontecem como efeito imediato da pós-injecção de heroí-
KOLODNY (1983)(2), num estudo com 162 homens e 85
na. O que remete de alguma forma para a ideia da existên-
mulheres verificou que, nos homens, 48% tinham disfun-
cia de um “orgasmo farmacogénico” ligado ao consumo
ção eréctil, 59% ejaculação retardada e 66% baixa do de-
de opiáceos, sobretudo de forma endovenosa (CHESSICK,
sejo sexual, enquanto nas mulheres 27% apresentavam
1960; VALLEUR, 1987), que frequentemente os próprios
disfunção orgástica e 57% baixa do desejo sexual. Num
heroinodependentes equacionam como um orgasmo se-
outro estudo, MINTZ et al. (1974) verificaram que 62% dos
xual (MIRIN et al., 1980), e que poderia actuar assim co-
sujeitos estudados tinham ejaculação retardada, com
mo um substituto sexual.
Neste sentido, como refere VINCENT (1991), “se aquele
sexual (como por exemplo orgias hetero ou homossexu-
que conheceu tal intensidade deixa de ter desejo de fazer
ais, práticas sadomasoquistas, envolvimento impulsivo ou
amor, não é por impotência, mas por indiferença por um
compulsivo em actividades sexuais), geradores de an-
prazer considerado menor” (p. 279). Aliás, segundo um
siedade e sentimentos de culpa (SMITH et al., 1982), que
(1971) (5),
64% dos hero-
seriam assim ultrapassados pelos efeitos euforizantes e
inodependentes relataram tonalidades sexuais associ-
sedativos obtidos com a heroína. As disfunções sexuais
adas com a partilha de seringas, sendo frequente os indi-
relacionadas com o consumo desta última passam assim
víduos relatarem o facto de permitirem que fosse um ele-
a fazer parte de um padrão secundário de uso de drogas,
estudo de HOWARD & BORGES
mento do sexo oposto a realizar as
“tiradas”(6).
Seja co-
no qual o factor estimulante e excitatório surge como o
mo for, a própria forma de consumo endovenosa parece
padrão primário.
ser a mais utilizada em situações de consumo que en-
Uma das características dos consumidores de heroína
volvem sexo (GAY et al., 1977-78).
prende-se com o facto de estes raramente expressarem
Embora haja relatos de ejaculação prematura, esta parece
preocupações sobre as suas dificuldades e disfunções
relacionada sobretudo com situações de desabituação
sexuais de uma forma espontânea, apesar de parecer
(onde é mais prevalente) ou reflectir de alguma forma o mo-
aparente um grau significativo de preocupações sexuais
do de funcionamento do indivíduo no período pré-droga
(nas quais se incluem aspectos relativos ao desempenho
(SMITH et al., 1982; MINTZ et al., 1974), surgindo então a
sexual, às fantasias, ao comportamento ou à ideação e às
heroína neste último caso como uma espécie de auto-me-
questões relacionadas com a própria orientação e identi-
dicação “curativa” de que o indivíduo se serve para resolver
dade sexual) quer nos homens quer nas mulheres nos
o problema. Segundo SMITH et al. (1982), 45% dos sujeitos
períodos pré, durante e pós-droga. Tal pode ter a ver não
estudados tinham uma ejaculação precoce no período pré-
só com uma diminuição destas durante o período de con-
droga, com 12% dos sujeitos referindo este problema após
sumo (a que o efeito farmacológico tranquilizante da heroí-
o início dos consumos, pelo que a ejaculação retardada veri-
na não será alheio), como também com o facto de os su-
ficada e induzida pelo consumo de heroína não é sentida
jeitos atribuírem estas dificuldades a um problema externo
nem descrita como disfuncional.
(o consumo de heroína), o que tem por efeito diminuir a sua
Este aspecto da heroína como auto-medicação é também
preocupação mesmo que o nível de funcionamento e de-
visível nas queixas de dispareunia apresentadas pelas
sempenho esteja substancialmente alterado por compa-
mulheres, já que 31% destas referem dispareunia severa
ração ao período pré consumo (SMITH et al., 1982).
a moderada antes do início dos consumos e só 6% apre-
Por outro lado, e como referem MINTZ et al. (1974) a pro-
sentam esta queixa após o seu início(7). A heroína apre-
pósito dos homens, talvez a ejaculação retardada seja
sentaria nestas situações um duplo papel, actuando não
menos debilitante do ponto de vista social e interpessoal
só como analgésico mas também como redutor da ansie-
que a ejaculação prematura, pelo que os efeitos induzidos
dade (BUFFUM, 1982; TOUZEAU, 1988).
pelos opiáceos a este nível possam ser vistos mais como
Segundo SMITH et al. (1982), para muitos indivíduos o
benefícios do que como uma verdadeira preocupação.
problema de base não é tanto o funcionamento sexual mas
Em termos endocrinológicos parece haver uma interacção
uma disfunção de carácter social, em que as dificuldades
entre os opiáceos e o sistema hormonal (nomeadamente
de interacção social nas situações sócio-sexuais são pre-
a função pituitária-gonadal), apresentando normalmente
dominantes e contornadas pelo relaxamento e desinibição
os consumidores de heroína taxas mais baixas de testos-
que a heroína induz.
terona e de LH(8) (MIRIN et al., 1980), o que pode também
Outro aspecto ligado ao carácter de auto-medicação pren-
estar relacionado quer com a baixa de líbido quer com difi-
de-se com a utilização da heroína como forma de contra-
culdades erécteis (SEGRAVES et al., 1983; TOUZEAU, 1988).
balançar os efeitos estimulantes originados pelo consumo
Contudo, SPRING et al. (1992) não verificaram qualquer
de drogas como as anfetaminas e a cocaína, que em do-
diferença no nível hormonal entre sujeitos disfuncionais
ses altas podem estimular padrões inabituais de actividade
e não disfuncionais inseridos num programa de metadona,
55
o mesmo acontecendo em relação aos níveis de LH no es-
sexuais, por comparação com grupos de controlo.
tudo de CUSHMAN (1972). Este tipo de resultados contra-
Num estudo realizado por CUSHMAN (1972) este verificou
ditórios advêm, segundo MIRIN et al. (1980), das dificul-
que os indivíduos que integravam um programa de manu-
dades metodológicas que este tipo de estudos envolvem,
tenção apresentavam uma diminuição clara da incidência
nomeadamente no controlo de determinadas variáveis.
de disfunções sexuais, quando comparadas com o perío-
A paragem de consumos resulta geralmente no reverter
do de consumo de heroína: 22% de problemas de líbido
mais ou menos rápido de toda a sintomatologia sexual
contra 63% e 27% de problemas de potência contra 52%,
(CUSHMAN, 1972; ROSEN & BECK, 1988; SEGRAVES &
com 50% dos sujeitos a relatarem ter uma função sexual
SEGRAVES, 1992), verificando-se uma recuperação do in-
normal contra apenas 22% durante o uso de heroína.
teresse sexual por vezes de forma abrupta, algumas ve-
BUFFUM (1982), num estudo de revisão da literatura,
zes sob a forma de uma hiper-sexualidade disfórica, em
verificou que os números relativos às percentagens de
lugar de um retorno à linha de base do funcionamento
disfunções nos consumidores apresentavam as seguintes
sexual pré-droga (SMITH et al., 1982; PARR, 1976), e po-
variações: 6% a 38% de situações de baixa de líbido, 6%
dendo ocorrer em contextos e ambientes inadequados
a 50% de disfunções erécteis, 5% a 22% de problemas de
(internamentos, prisões, locais públicos, etc.). Erecções
ejaculação retardada e 5% a 88% de inibições orgásticas.
espontâneas e poluções nocturnas (por vezes não expe-
SEGRAVES et al. (1985)(9) sugerem uma percentagem de
rimentadas desde o tempo da adolescência) são também
disfunções erécteis entre os 40% e os 50%, ligeiramente
descritas como ocorrendo com alguma frequência.
mais alta do que a frequência sugerida para a heroína
(o que não deixa de ser curioso tendo em conta os seus
56
4.2. Metadona
efeitos aparentemente menos intensos na função sexual,
O consumo de metadona, seja de forma ilícita ou ligado
como se disse atrás).
a programas de substituição, está também associado a
Segundo SPRING et al. (1992), num estudo efectuado com
baixa de líbido, falhas de erecção e dificuldades de obten-
sujeitos inseridos num programa de metadona, a existência
ção do orgasmo, parecendo o seu mecanismo de acção
de disfunções sexuais estava mais ligada à prevalência
ser idêntico ao da heroína. A redução nos níveis de testos-
concomitante de sintomatologia psiquiátrica (níveis maiores
terona parece ser contudo mais acentuada nestes casos,
de depressão e ansiedade e apresentação de sinais mais
devido sobretudo à manutenção de concentrações relati-
frequentes de “sofrimento”), aparecendo assim as dificulda-
vamente mais altas e estáveis ao longo das 24 horas.
des sexuais mais como um sintoma das dificuldades
Os efeitos da metadona na função sexual, embora similares
emocionais e não tanto só como resultado do efeito opiáceo
aos da heroína, parecem contudo ser menos intensos
(não se distinguindo dos outros elementos da amostra quer
(PARR, 1976; MINTZ et al., 1974), sendo também mais com-
pelos níveis hormonais quer por uso concomitante de outro
patíveis com o desempenho normal, mesmo quando o de-
tipo de drogas). Propõe por isso que os sujeitos inseridos
sejo sexual está suprimido, o que se traduz por um melhor
neste tipo de programas e que apresentem disfunções
ajustamento sexual destes indivíduos quando comparados
sexuais sejam avaliados relativamente à possibilidade de
com os consumidores de heroína, embora problemas de
existência de outro tipo de patologia psiquiátrica subjacente.
ejaculação retardada e impotência subsistam e sejam mais
A ambiguidade dos diferentes estudos pode estar ligada
comuns que em sujeitos abstinentes (MINTZ et al., 1974).
a questões relativas ao doseamento (BUFFUM, 1982). As
Melhorias ao nível do funcionamento sexual podem ocor-
doses prescritas parecem ser um factor importante no
rer com a utilização de metadona em doses baixas,
grau de disfuncionamento apresentado, embora se reve-
sobretudo em grandes consumidores de opiáceos (HOL-
lem mais problemas de impotência por comparação com
LISTER, 1975), mas como refere BUFFUM (1982) a pro-
sujeitos abstinentes, ao mesmo tempo que doses altas de
pósito da questão de se saber qual é mais deletéria em
metadona parecem ter um impacto maior na ejaculação
termos sexuais, todos os estudos têm demonstrado que
prematura (MINTZ et al., 1974).
ambas induzem uma maior incidência de disfunções
Problemas de ejaculação prematura referidos durante a
fase de abstinência parece ser mais comum nos sujeitos
e consumo, das doses habitualmente consumidas e do
em fase de desabituação de metadona, sobretudo quan-
tempo de consumo (MACDONALD et al., 1988).
do comparados com sujeitos abstinentes, o que leva
Apresenta contudo uma longa reputação como afrodisíaco
MINTZ et al. (1974) a considerarem ser esta disfunção um
e tem sido frequentemente utilizada como tal (TOUZEAU,
constituinte do síndrome de abstinência.
1988; INCIARDI, 1995), apesar de não parecer haver nenhu-
Tal como acontece com a heroína, os efeitos depressores
ma evidência directa que indique um aumento do impulso
da metadona sobre a sexualidade parecem ser intermi-
sexual (SADOCK, 1995). Como refere ESCOHOTADO
tentes e reversíveis, ao mesmo tempo que parecem não
(1996), “por lo que respecta a la sexualidad, el vínculo del
motivar aqueles que experienciam dificuldades sexuais a
fármaco con grandes proezas es un tópico sin mucho fun-
desistir do seu consumo (PARR, 1976).
damento. (...) no se trata de un afrodisíaco genital, y si potencia las sensaciones de placer o la duración del coito es
5. Cocaína e outros estimulantes
por el mismo mecanismo que potencia la intensidad o la duración del diálogo con otro. (...) A pesar de todo, el valor de
A cocaína e as anfetaminas têm sido descritas como tendo
la autosugestión es muy grande, y la fama de esta droga co-
efeitos similares ao nível do ciclo de resposta sexual (KLEE,
mo afrodisíaco puede contribuir a que funcione en tal senti-
1992), estando frequentemente associadas a crenças de
do.” (pp. 138-139).
aumento da excitação sexual e da sensação de orgasmo.
Contudo, o sentimento de aumento de energia, a desi-
Ambas parecem partilhar o mesmo mecanismo de acção
nibição e euforia que provoca podem levar os sujeitos a
(BUFFUM, 1982), embora existam diferenças em termos de
tornarem-se sexualmente activos e induzir, sobretudo nos
resposta tendo em conta a via de administração, as doses
estádios iniciais do seu consumo, a sensação de aumen-
consumidas e o seu uso crónico ou esporádico.
to do prazer sexual (INCIARDI, 1995; NEVID et al. ,1995),
Segundo NEVID et al. (1995) não são conhecidos efeitos
o que talvez explique o facto de, no estudo de GAY et al.
específicos ao nível sexual destas substâncias para além
(1977-78), ser vista pelos toxicodependentes como a dro-
de se saber que são activadoras do sistema nervoso cen-
ga mais considerada do ponto de vista sexual, sendo
tral, embora GAWIN & ELLINWOOD (1988) refiram que al-
também a preferida, relativamente a outro tipo de drogas,
guns estudos têm apontado para a existência de efeitos
devido aos seus efeitos positivos no desejo sexual, na
fisiológicos na excitação sexual.
sensualidade, na capacidade de controlo do orgasmo e
Parecem actuar normalmente no sentido de uma maior
na capacidade de 'acting-out' das fantasias sexuais (GAY
excitação e desejo sexual, de um aumento da capacidade
et al., 1982)(10) .
eréctil, de uma melhoria ao nível do controlo orgástico
Por outro lado, como referem MASTERS et al. (1992), a co-
e de um maior envolvimento em comportamentos sexuais
caína tem também um papel importante como facilitador
(HEALY, 1993). O aumento da actividade sexual pode mes-
sexual, no sentido social do termo, já que uma oferta de co-
mo acontecer de uma forma compulsiva e envolver por
caína tem geralmente implícito um convite sexual.
vezes comportamentos sexuais não característicos do
A intoxicação aguda pode ter efeitos quase afrodisíacos, no
reportório habitual dos sujeitos (contactos oro-genitais ou
entender de SEGRAVES (1988b), podendo induzir um au-
comportamentos homossexuais, por exemplo). Este au-
mento da excitação e o aparecimento de erecções espon-
mento da sexualidade tem a ver com um factor de desi-
tâneas, nomeadamente com o seu consumo por via endo-
nibição marcado, o que pode explicar este envolvimento.
venosa (BUFFUM, 1982), tendo BILLS & DUNCAN (1991)
verificado que 40.9% dos consumidores associavam o seu
5.1. Cocaína
consumo a aumento da estimulação sexual.
A relação entre a cocaína e o sexo é complicada e com-
O uso de pequenas doses, nos estados iniciais de uso,
plexa, já que nem sempre induz efeitos afrodisíacos e nem
pode facilitar a interacção social (JAFFE, 1995b), podendo
sempre induz disfunção sexual, dependendo a variedade
por isso ter um efeito estimulante tanto do ponto de vista
dos efeitos sexuais obtidos das diferentes técnicas de uso
erótico como de execução (KAPLAN, 1977), surgindo a
57
sua utilização de forma inalada como um modo de au-
erécteis e com 60.4% e 30.3% da amostra a relatarem,
mentar a actividade sexual planeada (HOLLISTER, 1975)
respectivamente, problemas de insensibilidade (64.8% de
ao mesmo tempo que parece ser o modo preferido de
mulheres e 57.6% dos homens) ou hipersensibilidade (in-
consumo quando conjugado com actividades sexuais
cluindo sensações de desconforto no contacto físico).
(GAY et al., 1977-78).
Segundo este autor, os homens apareciam também como
Segundo o relato de alguns dos seus consumidores
mais optimistas que as mulheres na percepção dos efeitos
tende também a adiar o orgasmo, prolongando assim a
na vida sexual, situação que é atribuída por um lado ao fac-
estimulação até um ponto em que o orgasmo aparece e
to de a cocaína retardar a ejaculação (permitindo assim
é sentido como 'explosivo' (INCIARDI, 1995), podendo
resolver possíveis problemas de ejaculação precoce) e por
contudo o consumo de doses altas inibir tanto o orgasmo
outro, segundo o relato dos próprios homens, ao facilitar
como a ejaculação (KAPLAN, 1977; KAPLAN, 1979).
das situações de “engate”, o que tinha por consequência
A sua utilização crónica pode apresentar, tal como acontece
uma influência directa no aumento da frequência sexual;
com os opiáceos, efeitos diametralmente opostos, já que se
pelo contrário, para as mulheres o retardamento do orgas-
pode verificar perda de líbido e inibição do comportamento
mo só tende a piorar a situação, tendo em conta que a
sexual, tendendo o sujeito a perder o interesse pela activida-
dificuldade em atingir o orgasmo é nestas a disfunção se-
de sexual, que aparece substituída pelo desejo de droga
xual mais frequente, ao mesmo tempo que muitas vezes o
(KAPLAN, 1977). Verifica-se também uma redução do pra-
consumo de cocaína surge nestas associado a um proces-
zer sexual devido aos efeitos secundários produzidos, no-
so de troca de droga por sexo, podendo assim o consumo
meadamente secura e inflamação da vagina, nervosismo,
levar a uma espécie de sentido de obrigação sexual, com
exaustão e paranóia (KATCHADOURIAN & LUNDE, 1980).
o desenvolvimento consequente de sentimentos de culpa.
Impotência, retardamento do orgasmo ou mesmo anorgas-
Outro aspecto importante deste estudo foi o demonstrar:
mia e baixa de desejo são também alguns efeitos da sua uti-
• da multiplicidade de respostas sexuais diferentes face à
lização crónica (INCIARDI, 1995; COCORES et al., 1988),
mesma dose consumida (o que segundo o autor aponta
parecendo os homens passar geralmente por dois estádios:
para o facto de os sujeitos trazerem para a situação de
erecções prolongadas sem ejaculação, a que se segue
consumo uma diversidade de condições predisponentes
uma perda gradual da capacidade eréctil (SADOCK, 1995),
que afectam o seu modo de interpretar os efeitos da dro-
que segundo MACDONALD et al. (1988) se agrava com o
ga e podem desempenhar um papel mais importante que
decurso do tempo de uso. Para NEVID et al. (1995), os uti-
os próprios efeitos fisiológicos induzidos pela cocaína);
lizadores regulares podem vir a depender do uso da cocaí-
• do maior número de situações disfuncionais entre con-
na para a obtenção de estimulação sexual.
sumidores de forma endovenosa, com os sujeitos que fu-
KOLODNY
58
(1983)(11),
num estudo com 168 cocainó-
mam ou snifam a relatarem efeitos similares;
manos, verificou que 17% tinham episódios de falta de
• do aumento de probabilidade de o sujeito apresentar al-
erecção associados ao consumo, enquanto 4% tinham
gum tipo de disfunção sexual em função do aumento do
tido priapismo pelo menos um vez durante ou após o
tempo de consumo de doses altas (com os sujeitos que
consumo, enquanto COCORES et al. (1988) referem que
consomem cocaína há mais tempo a relatarem mais efei-
30 a 36% relatavam impotência.
tos negativos na sexualidade, nomeadamente mais difi-
Existe contudo uma grande variação de situações, tendo
culdades de erecção e maior insensibilidade física).
MACDONALD et al. (1988) constatado no seu estudo que
A cocaína tem por vezes sido utilizada de modo tópico
36% referiam que o sexo era estimulado pelos consumo,
(BUFFUM, 1982; NAHAS et al., 1988) sob a forma de
31% referiam que a cocaína suprimia o sexo e 33% acha-
spray, tendo em vista a obtenção de efeitos anestésicos
vam que a cocaína não tinha qualquer efeito na vida sexual.
locais, efeitos estimulantes sistémicos e efeitos directos
Quanto ao relato de disfunções, 59.5% referiam problemas
de contracção da musculatura vaginal. A crença de que
em atingir o orgasmo (61.4% das mulheres e 58.3% dos
o esfregar de cocaína no clitóris aumenta a sensibilidade
homens), com 57.4% dos homens a referirem problemas
sexual e a excitação da mulher é frequente entre os
consumidores, pese embora o facto de a cocaína ter
sumidores de anfetaminas, verificaram que 51% dos homens
efeitos anestésicos tópicos (MASTERS et al., 1992), o que
e 20% das mulheres escolhiam o sexo como actividade
revela bem o efeito das expectativas e das crenças no
preferida, com uma maioria dos homens e mulheres a
mediar dos efeitos esperados(12).
afirmar preferir não estar intoxicado durante a actividade
Os seus efeitos disfuncionais tendem a reverter espon-
sexual (apenas 39% indicavam ter tido actividade sexual
taneamente, na grande maioria dos casos num período
relacionada com o último consumo). Quando compararam
de cerca de três semanas após a abstinência (COCORES
os toxicodependentes que preferiam sexo com os que in-
et al., 1988).
dicavam outro tipo de actividades não sexuais, verificaram
que os primeiros relatavam que as anfetaminas facilitavam
5.2. Anfetaminas e similares
e intensificavam a excitação sexual, prolongavam a dura-
Têm sido associadas com um aumento do desejo sexual,
ção da relação e retardavam a ejaculação, sendo também
uma melhoria ao nível do controlo do orgasmo e a possi-
associadas à obtenção de orgasmos mais intensos.
bilidade de aumento da capacidade multiorgástica (BUF-
A sua utilização de forma endovenosa tem sido associada
FUM, 1982), verificando-se também relatos de erecções
ao aparecimento de erecções múltiplas, a um aumento do
prolongadas e ejaculação retardada (PARR, 1976), pese
desejo sexual e a uma maior agressividade na relação, po-
embora o facto de se verificar uma grande variabilidade
dendo verificar-se também um adiar do orgasmo ou mesmo
de efeitos tendo em conta as diferentes dosagens, os mé-
a sua impossibilidade. Por vezes a utilização de doses altas
todos de administração e a experiência do utilizador com
consumidas deste modo estão associadas a uma espécie
estas substâncias (ROSEN & BECK, 1988), factores que
de orgasmo farmacogénico, substituto do verdadeiro orgas-
desempenham um papel importante na determinação da
mo sexual (BUFFUM, 1982), existindo, segundo SEGRAVES
resposta do sujeito aos seus efeitos (BUFFUM, 1982).
(1988), alguns relatos de casos que sugerem mesmo o ex-
Segundo SEGRAVES (1988b), o estudo da sua influência
perienciar de orgasmos espontâneos. A forma endovenosa
e dos seus efeitos ao nível da sexualidade são dificulta-
pode também ter efeitos desinibidores proeminentes, com a
dos pela alta incidência de perturbações sexuais e desor-
droga a poder provocar comportamentos bissexuais tem-
dens de personalidade pré-mórbidas apresentadas pelas
porários (HOLLISTER, 1975). Segundo GAY et al. (1977-78),
populações consumidoras destas substâncias.
este é o modo preferido de consumo em situações sexuais,
O facto de este tipo de substâncias ter por efeito uma sen-
surgindo a forma oral como segunda escolha.
sação de aumento das capacidades de realização, associa-
Tal como com a cocaína, também as anfetaminas têm um
das a um aumento da auto-confiança, de euforia e de apa-
papel importante como facilitadores sexuais, tendo KÄLL
rente sociabilidade pode levar os sujeitos a um maior envol-
& NILSONNE (1995) verificado que vários utilizadores re-
vimento em situações e comportamentos sexuais, atribuin-
latavam que entre eles “an invitation from a man to a
do-lhes assim um carácter afrodisíaco, que depende mais
woman to go somewhere and inject (his) amphetamine to-
dos efeitos psicossociais da droga do que propriamente
gether usually also included an invitation to have sex, al-
dos seus efeitos farmacológicos directos. Por outro lado, e
though not explicitly stated. Here the offering of an injection
relativamente a estes últimos, BELL & TRETHOWAN (1961),
of amphetamine could be seen as part of a courting ritual
num estudo clínico de 14 casos, referem que os efeitos en-
much like an invitation to dinner or a drink cold be in other
contrados ao nível da sexualidade tinham uma relação próx-
social contexts” (p. 184).
ima com o ajustamento sexual pré-existente do indivíduo,
Doses altas têm sido associadas ao aparecimento de dis-
podendo pois, consoante os casos, apresentar efeitos exci-
funções sexuais, com diminuição do desejo, da excitação
tatórios ou inibitórios sobre a sexualidade, que estariam de-
e dificuldades na obtenção do orgasmo em ambos os
pendentes deste ajustamento prévio.
sexos, com possibilidade de uma inibição orgástica mais
Segundo KLEE (1992), 64% dos seus utilizadores relatam
marcada na mulher, enquanto que doses baixas parecem
um aumento no interesse pelo sexo. KÄLL & NILSONNE
aumentar o desejo e a capacidade orgástica em ambos
(1995), num estudo sobre a preferência por sexo em con-
os sexos (KAPLAN, 1979), ao mesmo tempo que parecem
59
melhorar a capacidade eréctil e o controlo do orgasmo
por estas substâncias (HOLLISTER, 1975), estando tam-
nos homens. O retardar da ejaculação parece ter a ver
bém a sensação do tempo, durante a actividade sexual,
sobretudo com uma maior distractibilidade, resultando
largamente distorcida (PARR, 1976).
numa deflexão da atenção das sensações coitais e num
Estas substâncias podem também apresentar alguns
atraso do somatório dos impulsos excitatórios (PARR,
efeitos parecidos com as anfetaminas e, por isso, con-
1976). O consumo de doses altas de forma endovenosa
tribuir para um aumento do interesse sexual (HOLLISTER,
pode também aumentar a agressividade sexual das mul-
1975), embora como refere KAPLAN (1977), substâncias
heres e induzir erecções prolongadas e ejaculação retar-
como o LSD não serem em geral consideradas estimu-
dada nos homens (HOLLISTER, 1975).
lantes do ponto de vista sexual e poderem até ser con-
O seu uso crónico, tal como para a cocaína, está associ-
sideradas depressoras do interesse e actividade sexual.
ado com o aparecimento de problemas erécteis nos ho-
Seja como for, os relatos sobre o efeito sexual deste tipo
mens e baixa de líbido em ambos os sexos (SEGRAVES
de drogas são inteiramente subjectivos, tornando-se difí-
& SEGRAVES, 1992), resultando consequentemente em
cil de provar ou verificar qualquer tipo de associação com
relatos de diminuição da frequência da actividade sexual
a actividade sexual. Por outro lado, dado que estas subs-
(SEGRAVES, 1988b). A manutenção do seu uso pode ser
tâncias induzem alterações da percepção corporal, per-
a única forma de estes indivíduos continuarem a funcionar
turbações psico-sensoriais, intelectuais e de consciência,
sexualmente (KAPLAN, 1977) ou então actuarem como
traduzindo-se muitas vezes numa abundância simultânea
substitutos do sexo (HOLLISTER, 1975).
de estímulos e distorções sensoriais, torna-se difícil para
A desinibição e euforia determinadas pelo seu consumo po-
o indivíduo focalizar a sua atenção num só aspecto ou
dem levar ao envolvimento em comportamentos sexuais
actividade, pelo que os pensamentos sexuais podem ser
que de outro modo não ocorreriam, considerando contudo
vistos frequentemente como irrelevantes e a actividade
BUFFUM (1982) que a maioria dos utilizadores deste tipo de
sexual como uma experiência difusa, que se mistura com
substâncias apresenta um ajustamento sexual pré-existente
outras sensações e pensamentos (KAPLAN, 1977).
ao consumo de drogas que se revela consideravelmente
O comportamento sexual sob a influência destas drogas
desviante em relação à norma.
pode ser visto largamente como um factor de sorte
(PARR, 1976) e como uma experiência pouco erótica
6. Alucinogéneos
(KAPLAN, 1977), tendo GAY et al. (1977-78) verificado que
a maioria das “viagens” psicadélicas não incluíam con-
Não são muito claros os efeitos destas substâncias a nível
tactos sexuais, até porque “with the more generous quan-
sexual, não podendo contudo ser consideradas afrodisía-
tities of the psychedelics appearing, in punching the user's
cas (KATCHADOURIAN & LUNDE, 1980). Como refere
cosmic ticket, to bring about a loss of bodily control and al-
KAPLAN (1977), se elas afectam o comportamento sexual
so to redirect one's attention from the usual culturally-
tal parece ocorrer por via da sua acção geral sobre o sis-
encouraged channels (sexual desire) into less usual chan-
tema nervoso central, mais do que por efeitos específicos
nels (mysticism, internal absorbtion, universal commun-
sobre os centros sexuais cerebrais, o que leva, segundo
ion)” (p. 37).
KATCHADOURIAN & LUNDE (1980), a alterações da experiência sensorial do sexo, de modo que estas são frequen-
7. Ecstasy (MDMA)
temente idiossincráticas quer para o utilizador, quer para o
60
parceiro e para a situação onde a “viagem” tem lugar.
Praticamente esquecida durante décadas (já que foi sinte-
Em consumidores de alucinogéneos, o orgasmo é por
tizada laboratorialmente pela primeira vez em 1898,
vezes descrito como explosivo por ambos os sexos (PARR,
tendo sido registada a sua patente em 1914, por uma
1976), ou como algo que é experienciado como estando fo-
empresa química alemã), surge nos anos 50 associada
ra de si próprio (KAPLAN, 1977), para o que podem con-
a pesquisas militares americanas (juntamente com o LSD) e
tribuir as parestesias e as sensações de flutuação induzidas
nos anos 60 associada primeiro a fins terapêuticos (com o
objectivo de facilitar a comunicação com os clientes)(13) e de-
de ambos os sexos em que, apesar de se verificar que
pois com objectivos recreativos ou ligado a outras toxico-
a toma de ecstasy resultou em relações genitais em 25%
dependências, crescendo a sua popularidade com a interdi-
dos casos, os aumentos ao nível da intimidade não corre-
ção do MDA nos anos 70, uma droga com efeitos similares e
spondiam a melhorias de realização, já que o número de
designada muitas vezes por “love drug” (nome que o ecsta-
orgasmos e a capacidade de manter relações sexuais expe-
sy virá também, de alguma forma, a herdar) e que se encon-
rimentou uma redução significativa, a que não será alheia
trava muito divulgada entre o meio 'hippie' norte americano.
a dificuldade experimentada em ejacular e a facilidade de
Interdita em 1985 pela FDA (14) (e mais tarde pela própria
distracção que estas drogas induzem, segundo o autor.
OMS(15),
dos fármacos sem vir-
No mesmo sentido vai a opinião de BUFFUM & MOSER
tudes terapêuticas e só admissível em experiências com
(1986), que afirmam: “it is curious that a drug which facilitates
animais) ela continuou a ser oferecida nas discotecas co-
emotional rapprochement, increases receptivity to feeling
mo “afrodisíaco genital” (ESCOHOTADO, 1996) e surge tam-
oneself more sexual and more likely to be chosen as a sexu-
bém ligada a bares gays de Nova Iorque e Chicago (EYLES,
al partner, does not increase the desire to initiate sex”(17).
1996). O seu ressurgimento nos últimos anos entre a popu-
Os estudos ao nível da sua influência na sexualidade são
lação mais jovem, muitas vezes não consumidora de outro
contudo complexos, na medida em que se trata de uma
tipo de drogas, e a sua utilização em situações facilitadoras
droga “mutante”, no sentido em que a sua composição
de contactos sócio-sexuais (discotecas, “raves”, etc.), impõe
varia continuamente, inclusive de uma pílula para outra,
que se fale dela e do pouco que se conhece sobre a sua in-
contendo cada vez menos MDMA e cada vez mais subs-
fluência na sexualidade e nos comportamentos sexuais.
tâncias aparentadas (DA, MDEA, anfetaminas, 2-CB), ao
Considerada como facilitadora das relações interpessoais
mesmo tempo que se incorporam na sua composição
e da comunicação, capaz de elevar o humor e a auto-
outro tipo de substâncias em proporções variáveis, tais
-estima, ao mesmo tempo que surge associada pelos uti-
como cafeína, paracetamol, lactose, testosterona, LSD,
lizadores à diversão e ao prazer (nomeadamente aos
pseudo-efedrina, etc. (EYLES, 1996), pelo que os efeitos
fenómenos musicais recentes, como a house e a techno,
sobre a resposta sexual podem não resultar os mesmo,
associadas ao fenómeno das rave party), parece contudo
dependendo da composição ingerida.
que a coloca na lista I
(16)
agir mais ao nível do aumento da sensualidade e da empatia, da intensificação do tacto e do desejo de movimento corporal e de proximidade, do que da sexualidade
propriamente dita, já que "surpreendentemente, é raro
chegar-se a actividades sexuais" (WALDER & AMENDT,
1999, p. 20). E isto apesar das primeiras associações ou
representações do ecstasy terem sido feitas com o amor
e o sexo já que “a droga prometia mais potência, vivências
mais intensas, diminuição das inibições sexuais, mais intuição e um acto sexual delirante e interminável. Em resumo:
o sexo total, o cume mais alto, o orgasmo final” (WALDER
& AMENDT, 1999, p. 20).
Como refere ESCOHOTADO (1996) a propósito dos efeitos
do ecstasy a nível sexual “la líbido tiende más bien a desgenitalizarse, fluyendo hacia caricias e incluso a formas de
contacto progresivamente telepáticas, compartiendo en silencio y quietud una fusión sentimental” (p. 174). Considera
por isso que tem uma reputação afrodisíaca infundada,
citando a este propósito um estudo com 300 consumidores
Psicólogo Clínico
CAT-Cedofeita/Porto
Rua de Álvares Cabral, 328
4050 PORTO
Telefs.: 22 207 49 90/1/2/3/4
Notas
* Artigo adaptado e reelaborado a partir da tese de Mestrado do autor
'Estudo Exploratório das Problemáticas Sexuais Numa População
Toxicodependente'.
(1) Toxicodependências, 7 (3): 41-52.
(2) Op.cit. MASTERS et al. (1992).
(3) Op.cit. PARR (1976).
(4) Op.cit. CAREY et al. (1993).
(5) Op.cit. GAY et al. (1977-78).
(6) Comportamento que consiste em realizar movimentos sucessivos com
o êmbolo da seringa de forma a aspirar e reinjectar o sangue durante o
consumo.
(7) É de ter em consideração nas queixas pós início dos consumos o facto
de os companheiros destas mulheres serem também, na sua grande
maioria, consumidores. A ejaculação retardada muitas vezes apresentada
pelos homens, com o consequente aumento do tempo de penetração,
pode levar as mulheres a apresentar queixas dolorosas por dificuldades
de manter a lubrificação e o nível adequado de excitação ao longo do acto
sexual, devido à longa duração deste.
61
(8) LH (abrev. de Luteining hormone. Em português Gonadotrofina B).
(9) Op.cit. CAREY et al. (1993).
(10) Op.cit. ROSEN & BECK (1988).
(11) Op.cit. MASTERS et al. (1992).
(12) Segundo DIANE ACKERMAN, op.cit., p. 204, "Errol Flynn, que afirmou
ter dormido com mulheres em 13000 das suas noites de farra, gostava de
aplicar um pouco de cocaína na ponta do pénis como afrodisíaco" . Tendo
em conta o seu efeito anestésico tópico, estamos em crer que o
verdadeiro efeito afrodisíaco adviria mais do prolongamento do tempo de
erecção e da relação, por retardamento do orgasmo, do que por efeito
directo no desejo ou na excitação sexual.
(13) Segundo WALDER & AMENDT (1999), o ecstasy chegou a ser
utilizado até à sua proibição, por exemplo, na terapia de casal, devido às
suas propriedades comunicativas e sensibilizadoras.
(14) FDA [Food and Drug Administration].
(15) OMS [Organização Mundial de Saúde].
(16) Ap. CALAFAT et al. (1998), p. 98.
(17) International Estatistical Classification of Diseases and Related Health
Problems, ICD.
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