LEVANTAMENTO DAS POTENCIALIDADES NATURAIS DO MUNICÍPIO DE BELÉM – PB: PROPOSTAS COM VISTAS AO PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL Rafael Fernandes da Silva Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Federal da Paraíba [email protected] Renaly Fernandes da Silva Departamento de Geo-História Universidade Estadual da Paraíba [email protected] Drº Eduardo Rodrigues Viana de Lima Centro de Ciências Exatas e da Natureza Departamento de Geociências Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Federal da Paraíba [email protected] Eixo-temático: Recursos Naturais, Sustentabilidade e Apropriação do Espaço 1. Introdução A análise espacial nos permite observar os fatores positivos e negativos sobre o espaço que se pretende analisar, desse modo aos aspectos positivos denominamos de potenciais ou potencialidades, já aos aspectos negativos denominamos de fragilidades conforme Silva (2005). O município de Belém encontra-se localizado na mesorregião do Agreste Paraibano e na microrregião de Guarabira, e possui por características físicas uma altitude média de 150m, um relevo de plano a suavemente ondulado, compondo os primeiros contrafortes do Planalto da Borborema, uma geologia composta por rochas magmáticas extrusivas e intrusivas, com idade de aproximadamente 500 milhões de anos, compostas por uma seqüencia de granitos e gnaisses, e características climáticas de clima tropical quente e úmido (CPRM, 2005). Para que se fosse realizado o presente trabalho elaborou-se uma seqüência de etapas desde o levantamento de dados preliminares até as etapas de campo, onde foram coletadas e analisadas informações sobre uso e ocupação do solo, da água e da vegetação, bem como das práticas de manejo e ocupação do espaço analisado. Após a realização de todas as etapas, pode-se chegar a algumas constatações, a primeira constatação que se pode afirmar é a de que as potencialidades naturais são elementos pouco explorados conforme um planejamento compatível no município de Belém, uma segunda constatação refere-se ao fato de que as formas de manejo dos recursos como solo e água nas áreas agricultáveis ainda obedecem a um modo de produção tradicional, voltado para o desmatamento de grandes extensões de terras e as queimadas. A preocupação expressa neste trabalho foi a de contribuir para que sejam incentivadas formas de manejo sustentáveis como a utilização controlada dos recursos naturais tendo uma orientação no sentido de promover o desenvolvimento econômico das comunidades locais sem que seja desprivilegiada a preservação ambiental. 2. Metodologia 2.1. Aspectos Teóricos A opção teórico-metodológica para a realização do presente trabalho baseou-se nas propostas de BERTRAND (1969), SOTCHAVA (1976), entre outros como TRICART (1977), tendo como ênfase a abordagem Geossistêmica e a Ecogeografia enquanto opções metodológicas para a análise do levantamento e da apropriação das potencialidades naturais no espaço analisado. De acordo com Mendonça (1998, p. 43), podemos definir a Teoria dos Sistemas, como um conjunto ou atribuições e suas relações de forma organizada para executar uma função particular. Dessa forma entende-se que a Teoria dos Sistemas constitui-se da relação organizada de vários elementos que compõem uma paisagem, contexto ou ambiente, que estabelecem conexões que os ligam a um processo de correlação. Na Ecologia Tansley em 1937, utilizou-se deste método para dar origem ao conceito de Ecossistema, que mais tarde muito influenciou na Geomorfologia. Segundo essa teoria as partes que compõem um sistema são: Elementos ou unidades, relações, atributos, entradas (imput) e saída (output). O funcionamento dessa teoria pode ser exemplificado através da relação dos planetas no sistema solar. A entrada seria composta pela energia solar e sua distribuição, provocando inúmeras realizações dentro do sistema, tendo como saída a realidade a qual podemos perceber a nossa volta e mais além, (Christofoletti, 1986). De acordo com Mendonça (1998), Sotchava (1976), foi o criador do termo GEOSSISTEMA e segundo ele trata-se da expressão dos fenômenos naturais, ou seja, o potencial ecológico de um determinado espaço, no qual há a exploração biológica, podendo influir fatores sociais e econômicos na estrutura e expressão espacial. Dessa forma pode-se afirmar que o conceito de Geossistema foi empregado visando conhecer os componentes da natureza e suas relações, sendo influenciado também pela ação do homem. A Ecogeografia A mais recente metodologia inspirada na teoria geossistêmica que surgiu no contexto da Geografia com base na Ecologia é a Ecogeografia, metodologia proposta por J. Tricart e J. Killiam em 1979, cujo objetivo é auxiliar no planejamento e utilização do meio natural para contribuir para o uso racional dos recursos naturais. A Ecogeografia consiste no estudo de como o homem se integra nos ecossistemas e como esta integração é diversificada no espaço terrestre. De acordo com os autores dessa teoria, esta integração envolve dois aspectos principais. A dependência natural do homem ao ecossistema e as modificações as quais o homem provoca no meio em que vive como a agricultura o turismo entre outros. (Mendonça, 1998, p.53). 2.2. Delimitação e localização da área de pesquisa O município de Belém está localizado na mesorregião do Agreste paraibano, microrregião de Guarabira, no estado da Paraíba. Possui uma área de 102,20 km² e está situado a 123 km da capital do estado, numa cota altimétrica de 150 metros acima do mar, apresentando as seguintes coordenadas: 6º 11’ 30’’ latitude Sul e 37º 32’ 48’’ longitude Oeste. O município limita-se com os seguintes municípios: Ao Norte: Campo de Santana Ao Sul: Pirpirituba e Sertãozinho Ao Leste: Serra da Raiz Ao Oeste: Bananeiras A maior parte do território belenense encontra-se inserida na zona acaatingada, apenas uma pequena porção no limite com o Município de Serra da Raiz apresenta-se um pouco úmida. Segundo Köeppen in: Nimer (1979) a Paraíba possui três tipos de climas, são estes: As’ Clima tropical quente-úmido, Bhs Clima semi-árido, Aw’ Clima quente semi-úmido, baseando nesses dado pode-se afirmar que o município de Belém está inserido na zona de abrangência do clima tropical quente-úmido, apresentando médias pluviométricas anuais de 1032,9 mm, com um período de chuvas de outono-inverno e temperaturas médias de 26º. A área em estudo pertence à unidade geomorfológica conhecida com escarpa oriental da Borborema, caracterizada por morros, serras que avançam da depressão formando de primeiros contrafortes orientais da Borborema, constituídas de rochas do Complexo Presidente Juscelino com embasamento cristalino, com intercalações gnáissicas datadas do Pré-Cambriano e restos do capeamento sedimentar do Grupo Barreiras, (ATLAS GEOGRÁFICO DA PARAÍBA, 2003). Quanto ao relevo apresenta as seguintes características: Plano declividade 3% (correspondente a 20% da área do município) Suave Ondulada declividade de 3% a 8% (correspondente a 10% da área do município) Ondulado declividade de 8% a 20% (correspondente a 30% da área do município) Forte Ondulado declividade de 20% a 30% (correspondente a 10% da área do município) Montanhosa Acima de 30% (correspondente a 30% da área do município). Os tipos de solos identificados são: os: Solos arenosos, areno-argiloso, argiloso e argiloso-humoso. A vegetação dessa área é uma vegetação do tipo agreste arbustiva, constituída por troncos e ramos tortuosos, folhas largas, como o Pau D’arco, João Mole e Espinhos de Reis; herbácea constituída por gramíneas como: o Capim Elefante, Capim Bachiária e o Capim Pangola. Quanto a hidrografia a área é drenada pelos cursos d´água como a Bacia do Curimataú e Riacho do Meio, Saboeiro e Nica. Existem ainda os açudes como: O Tribofe construído pelo Departamento Nacional das Obras Contra as Secas (DNOCS), Saboeiro, Camucá, Açude do Meio, Santo Antônio e Nica. O Município é ainda abastecido pela barragem de Lagoa de Matias localizada no município de Bananeiras, que abastece ainda os municípios de Caiçara e Logradouro. 3. Resultados e Discussão Após todo o processo de análise realizado, a partir do levantamento bibliográfico, das etapas de campo, pode-se chegar a alguns resultados em relação as potencialidades naturais do município de Belém – PB, considerando que um elemento potencial é um elemento que poderá vir a se desenvolver ou que poderá ser utilizado para o desenvolvimento local sem desprivilegiar a necessidade de preservação ambiental se seguir um planejamento adequado. Desse modo consideramos como potencialidades naturais os seguintes elementos: 1. A localização do município em relação a sua área de abrangência climática, disposição do relevo, complexo geológico, influência pluviométrica e abrangência da biodiversidade e dos solos; 2. As formas de práticas agrícolas e apropriação do relevo, que mesmo de forma ainda rústica, demonstram poucas alterações no espaço que ocupam; 3. A existência de um sítio arqueológico com inscrições rupestres com cerca de 5 mil anos, gravadas em granito porfirídico com idade de aproximadamente 500 milhões de anos datado do pré-cambriano inferior; 4. A existência de uma rede de recursos hídricos que drenam o município de verão a inverno, sendo responsável pela manutenção da disponibilidade de água e produção de alimentos para a cidade; 5. A forma de ocupação do espaço da cidade, que embora tenha provocado significativas mudanças na forma de vida no meio ambiente, proporcionou alterações pouco notáveis na configuração do espaço do município Belenense; 4. Considerações Finais Após a realização de todas as etapas, pode-se chegar a algumas constatações, a primeira constatação que se pode afirmar é a de que as potencialidades naturais são elementos pouco explorados conforme um planejamento compatível no município de Belém, uma segunda constatação refere-se ao fato de que as formas de manejo dos recursos como solo e água nas áreas agricultáveis ainda obedecem a um modo de produção tradicional, voltado para o desmatamento de grandes extensões de terras e as queimadas. A terceira constatação reside na identificação de que as potencialidades naturais identificadas no espaço que compõe a dinâmica do município de Belém em seus aspectos naturais e sociais, podem contribuir significativamente para o desenvolvimento local de suas comunidades a partir da utilização dos recursos naturais, se for seguido um planejamento que vise a reposição desses recursos em um tempo breve, para que esta utilização não venha gerar riscos de degradação ou extinção das potencialidades naturais deste ambiente. 5. Referências Bibliográficas ATLAS GEOGRÁFICO DO ESTADO DA PARAÍBA. Grafset. João Pessoa, 2003. BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico in: Caderno de Ciências da Terra. São Paulo, 1969. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1986. CPRM. Diagnóstico do município de Belém – PB. Recife: CPRM, 2005. MENDONÇA, F.A. Geografia Física Ciência Humana? São Paulo: Contexto, 1998, cap. 3. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1979. SILVA, Rafael Fernandes da. Parque Estadual da Pedra da Boca (PEPB) Araruna – PB: Propostas de desenvolvimento e sustentabilidade das potencialidades naturais. Monografia de Conclusão de Curso em Geografia. (Orientadora professora Luciene Vieira de Arruda).Guarabira: CH/UEPB, 2005. SOTCHAVA, U.B. Estudos dos Geossistemas: Método em Questão. IGEO/USP. São Paulo, 1976. TRICART, J. Ecodinâmica. FIBGE/SUPREN. Rio de Janeiro, 1977.