CELULITE JUVENIL ASSOCIADA AO USO DE VACINA POLIVALENTE EM FILHOTE DE CÃO. Naira Vieira Romero (Voluntária-UNOPAR), Bárbara Fior (VoluntáriaUNOPAR), Thalita Mye Ishiy (Voluntária – UNICENTRO), Hélcya Mime Ishiy Hülse, Sílvia Manduca Trapp (orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Norte do Paraná - UNOPAR/Curso de Medicina Veterinária/Arapongas, PR. Medicina Veterinária (5.05.00.00-7) / Clínica Veterinária (5.05.01.06-2). Palavras-chave: reação adversa, pseudopiodermite, imunoprofilaxia. Resumo: O propósito deste trabalho foi relatar um caso de celulite juvenil em um filhote canino da raça Lhasa apso seis dias após a administração de uma vacina polivalente. Após a terapêutica com glicocorticóide e antibiótico houve resolução completa do quadro clínico. Apesar da incerta causa e patogenia, o desenvolvimento da celulite juvenil pode estar associado ao uso de vacinas. É importante que o médico veterinário tenha conhecimento das possíveis reações adversas associadas à imunoprofilaxia. Introdução A celulite juvenil (Pioderma juvenil, Dermatite e linfadenite granulomatosa estérilo juvenil) é uma desordem granulomatosa e pustular da face, orelhas e linfonodos submandibulares incomum que acomete filhotes de cães. Geralmente, os filhotes são acometidos entre três semanas a quatro meses de vida, sendo as raças mais comumente afetadas Golden retrievers, Dachshunds, Labrador retriever, Gordon setters e Lhasa apso (SCOTT, MILLER e GRIFFIN, 2001). A causa e patogenia são desconhecidas, no entanto, celulite juvenil já foi observada após a administração de vacina polivalente em cães da raça Weimaraner (GREENE & SCHULTZ, 2006). O propósito deste trabalho é relatar a ocorrência de celulite juvenil em cão após uso de vacina polivalente. Materiais e métodos Foi atendido no Hospital Veterinário - UNOPAR em Arapongas um cão da raça Lhasa apso, fêmea, 50 dias de vida pesando 1,5 kg. De acordo com a descrição do proprietário, há dois dias surgiram abruptamente feridas na Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. face do animal que também se encontrava mais quieto. Ao exame físico foram constatadas as seguintes anormalidades: apatia, aumento dos linfonodos submandibulares e dor a manipulação das lesões cutâneas presentes nas regiões do focinho e periocular. As lesões cutâneas eram compostas por edema, eritema, exsudação, pústulas e crostas. O proprietário também informou que o cão fora vacinado há seis dias por via subcutânea com uma vacina polivalente composta por vírus atenuados e bacterinas de Leptospiras indicada para prevenção da cinomose, parvovirose, Adenovírus tipo 2, hepatite, parainflueza, coronavirose e leptospirose. Amostras colhidas das lesões foram submetidas à cultura bacteriana, fúngica e pesquisa de ácaros. Staphylococcus spp. foi o único agente isolado, o qual foi sensível somente ao antibiótico cefalexina. O diagnóstico de celulite juvenil associada à pioderma secundário foi dado com base na história clínica e evidência dos sinais clínicos. A terapêutica prescrita foi composta por prednisona 2mg/kg a cada 12 horas durante uma semana com posterior redução gradativa da dose e freqüência de administração até retirada do fármaco totalizando 15 dias de terapia. Concomitantemente, foi prescrito amoxicilina associada ao ácido clavulânico. Após 15 dias de terapia houve completa remissão das lesões. Resultados e Discussão A apresentação aguda do quadro associada aos sinais clínicos e resolução do distúrbio após a terapêutica com glicocorticóides reforçou o diagnóstico de celulite juvenil. No entanto, a avaliação histopatológica é sugerida para estabelecimento do diagnóstico definitivo (SCOTT, MILLER e GRIFFIN, 2001). A lesão tegumentar geralmente é estéril, mas infecções bacterianas secundárias podem ocorrer e necessitam de terapia antibiótica. Apesar da resistência in vitro da bactéria isolada ao antibiótico amoxicilina e ácido clavulânico, optou-se por manter a prescrição desse antibiótico frente a evolução clínica satisfatória. A celulite juvenil ainda tem causa e patogenia desconhecidas, contudo já foi anteriormente observada em cães recentemente vacinados (COLOMBO et al., 2000). Doenças de etiologia incerta e responsivas à terapia com glicocorticóides são associadas ao uso de vacinas com vírus vivo atenuado em algumas raças. Celulite juvenil foi identificada em filhotes de Weimaraners previamente vacinados. Essa condição tem mais ocorrido com a administração de vacinas contra cinomose com as amostras Rockborn, Snyder Hill e menos frequentemente com a amostra Onderstepoort. Nesses casos, tem se recomendado o uso de vacinas recombinantes com vetor canaripoxvírus ou de vacinas com vírus atenuados e menos virulentos (Onderstepoort) (GREENE & SCHULTZ, 2006). Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Conclusões O surgimento de celulite juvenil em animais previamente vacinados pode ser considerado uma reação adversa, embora a etiopatogenia desta condição clínica ainda seja incerta. Apesar disso, a avaliação do risco benefício sustenta fortemente o contínuo uso da vacinação, visto o grande auxílio da sua prática em controlar várias doenças infecciosas. Referências Scott,D.W.; Miller,W.H.; Griffin, C.E.. Small animal dermatology. E ed. Philadelphia: Saunders. 2001, p.1163-67. GREENE,C.E.; SCHULTZ,R.D. Imunoprophylaxis. In: GREENE,C.E. Infectious diseases of the dog and cat. 3 ed. St. Louis: Saunders Elsevier. 2006, p.1069-1118. COLOMBO et al. La cellulites juvenile del perro: aspectos clínicos, diagnosticos e terapêuticos. Veterinária, Rivista Ufficiale Della SCIVAC, Ano 14, n. 1, abr.,2000. Disponível em: <http://www.mevepa.cl/modules.php? name=News&file=article&sid=493>. Acesso em: 02 jul. 2010. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.