O serviço de adoração - Igreja Cristã Semear

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O SERVIÇO DA ADORAÇÃO – SALMO 95
INTRODUÇÃO
A palavra ‘adoração’ na Bíblia é traduzida do grego ‘proskyneo’,
que significa ‘prostrar-se aos pés em reverência’. Ela também traz em
si os significados de ‘culto, ministério e serviço’.
Este último significado, ‘serviço’, é uma palavra que pode
significar também uma refeição. É neste sentido que quero abordar o
tema da adoração: uma comparação entre uma refeição, um
banquete e a adoração corporativa da Igreja reunida.
Neste contexto, ressalto o texto muito conhecido de Ap. 3:20,
onde o Senhor Jesus ressurreto revela-se a João, e declara: “Eis que
estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.”
Este texto é muito utilizado para convidar pessoas a se render a
Cristo. De tal forma, que escapa a um cristão mais antigo a riqueza
de detalhes contida nele. Na maioria das vezes, nós nos detemos no
momento do ‘abrir a porta’. Mas existe uma riqueza despercebida na
sequência, quando o Senhor Jesus declara: “cearei com ele e ele
comigo”.
A riqueza é: nesta ceia, ambos se alimentam...
A porta é aberta com uma finalidade: introduzir o Senhor Jesus
num banquete, onde o convidado (Jesus) e o anfitrião (você) sentamse à mesa, comem, conversam, têm comunhão e intimidade... Ambos
se alimentam, ambos são saciados, ambos trocam informações e
experiências, ambos abrem o coração...
Contextualizando para o momento da adoração corporativa,
digo que este é o momento para falar com Deus, rasgar o coração
diante dele, contemplar Sua face, refletir Sua Glória; e também para
ouvi-lo falar e manifestar a Sua presença.
Nós somos alimentados com a sua grandeza e amor, e o
Senhor é, de certa forma, ‘alimentado’ e saciado com o nosso amor,
a nossa entrega e a nossa adoração... O serviço de adoração deve ser
visto como uma grande Mesa de comunhão entre nós e o Senhor.
Tal como uma mesa de banquete, existe um ‘cardápio’ para o
serviço da adoração. Hoje, vamos entender através do Salmo 95 qual
é este cardápio e como podemos nos alimentar e fortalecer com ele.
1 – CELEBRAÇÃO – Encontro e Alegria – Salmo 95:1-2
1. Venham! Cantemos ao Senhor com alegria! Aclamemos a Rocha da nossa
salvação.
2. Vamos à presença dele com ações de graças; vamos aclamá-lo com
cânticos de louvor.
A primeira parte deste serviço é o momento da Celebração ao
nosso Deus. Ele corresponde à ‘entrada’ antes da refeição principal. É
o momento onde há um convite animado à reunião – “venham!”,
seguido de uma celebração festiva ao nosso Deus. Este é o momento
da chegada na reunião, onde revemos nossos irmãos e amigos, onde
nos cumprimentamos com alegria e sinceridade, onde começamos a
compartilhar uns com os outros o que Deus tem feito em nossas
vidas. É também o momento onde expressamos nossa alegria e júbilo
por pertencermos ao Senhor, e por tê-lo como Autor da nossa
salvação.
Muitas vezes desprezamos esse momento inicial. Chegamos na
reunião fechados e pouco disponíveis para sermos ministrados por,
ou ministrar a alguém. Mas a Palavra nos ensina que somos Corpo de
Cristo (I Cor 12:27), Família de Deus (Ef 2:4) e membros uns dos
outros (Rm 12:4). Portanto, este momento é muito importante para
acolhermos uns aos outros (Rm 15:7) e para orar uns pelos outros
(Tg 5:16), com interesse, sem superficialidade, com alegria.
Tradicionalmente, pensamos que esta tarefa cabe aos
irmãos(ãs) que fazem o serviço de ‘introdução’ nas reuniões, que
recebem as pessoas, cumprimentam, conversam brevemente e
direcionam aos seus lugares. No entanto, este serviço vai além dos
portais do local de reunião: é um serviço de todo o Corpo de Cristo,
onde uns aos outros acolhem, amam, oram, conversam, animam,
compartilham, como num grande almoço de família... Afinal, é de fato
uma refeição em família...!
É momento de reafirmar o valor de cada irmão. É momento de
dar e pedir perdão (Mt 5:24), para que as nossas ofertas sejam
aceitas por Deus. É momento de celebrar a unidade do Corpo (I Cor
12:27).
Este momento é marcado também pela alegria em estar na
presença do nosso Deus e Pai (Sl 100). O reino de Deus é alegria
(Rm 14:17), que é a nossa força (Ne 8:6) e fruto do seu Espírito (Gál
5:22). Nosso Deus é um Deus de júbilo; temos motivos infinitos de
nos alegrarmos no Senhor, pela sua tão grande salvação e imenso
amor por nós...!
Alguns cânticos que ministram essas verdades:
- Corpo e Família – Daniel Souza
- Alto Preço – Asaph Borba
- Como é precioso, irmão – Bené Gomes
- Mandamento de amor – Márcio Pereira
- O som da alegria – Antonio Cirilo
- A alegria do Senhor – Fernandinho
- Vitória no Deserto – Aline Barros,
e muitos outros.
2 – LOUVOR – O que Ele faz – Salmo 95:3-5
3. Pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses.
4. Nas suas mãos estão as profundezas da terra, os cumes dos montes lhe
pertencem.
5. Dele também é o mar, pois ele o fez; as suas mãos formaram a terra
seca.
Na sequência, o Senhor nos convida a louvá-lo com alegria.
Neste momento, olhamos para as suas mãos (Sl 123:2), ou seja,
para as suas obras: o que Ele fez, o que Ele está fazendo e o que Ele
vai fazer (Sl 103:1-5). Exaltamos o Senhor como um Deus Soberano
e Excelso, acima de qualquer outro deus ou entidade espiritual (Is
44:8, Fp 2:9-11): não há outro como Ele! Declaramos o seu domínio
absoluto sobre todas as coisas, das mais elevadas às mais inferiores.
Ele é Senhor sobre tudo o que existe no mundo físico e no espiritual.
Nada acontece que não seja do seu conhecimento.
Na verdade, o louvor não ‘muda Deus’. O louvor serve muito
mais para que nos lembremos de quão grande e poderoso é o nosso
Deus, a fim de renovar a nossa fé, nossas forças, nossa confiança e
perseverança nele. Quando vislumbramos a grandeza do nosso Deus,
reconhecemos quão pequenos somos e quão insignificantes são os
nossos problemas. Assim, somos fortalecidos e curados para
prosseguir.
Neste momento, o louvor pode assumir um caráter terapêutico,
como
instrumento
de
cura
interior,
libertação,
entrega,
arrependimento, fé e outras bênçãos que o Senhor queira ministrar
ao seu povo. O louvor pode assumir, ainda, um caráter de oração de
guerra, de intercessão e de imposição da vitória espiritual do Senhor
sobre as trevas e sobre opressões que se apresentem durante a
reunião ou em outros lugares. Todas as bênçãos da salvação podem
chegar a nós através da oração e do louvor, neste nível. É um
ambiente riquíssimo de ministração.
Alguns cânticos:
- Eu te agradeço, Deus – Kleber Lucas
- Pela fé – André Valadão
- Milagres – André Valadão
- Me derramar – Vineyard
- Fogo no arraial – Nova Geração
- O Nosso General – Ademar de Campos
- Leão de Judá – Koinonia
3 – ADORAÇÃO – O que Ele É – Salmo 95:6-7
6. Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemos diante do Senhor, o nosso
Criador;
7. pois ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho
que
ele
conduz.
Hoje,
se
vocês
ouvirem
a
sua
voz,
Neste momento, somos servidos com o ‘prato principal’: a
Pessoa Bendita do nosso Deus. No sentido estrito da palavra
adoração, estamos na Presença dele somente por causa dele... Não
olhamos mais para as suas mãos, olhamos para o seu rosto... (II Cor
3:18-19) declaramos quem Ele é e nos deleitamos no seu amor... (Sl
36:7). Essa adoração é tanto mais intensa quanto mais conhecemos
d’Ele (João 4:21-24). É o momento onde expressamos amor ao
Amado da nossa alma, onde nada mais importa além de saber que
“eu sou do meu amado e o meu amado é meu...” (Ct 6:3). Para
quem ama, isso basta...!
A adoração não precisa de ‘motivos especiais’ para acontecer.
Sua motivação é simples, muito simples...:
Nós o adoramos porque Ele é o Senhor...
Nós o adoramos porque Ele é o Criador...
Nós o adoramos porque Ele é o nosso Deus...
Nós o adoramos porque somos povo do seu pastoreio (e como é
bom ser pastoreado por Ele...!!!)
Nós o adoramos porque somos o rebanho que Ele conduz...
Coloque agora os seus motivos:
Eu o adoro porquê __________________...
Alguns cânticos que declaram estas verdades:
- A Ele a Glória – Diante do Trono
- Abra os olhos do meu coração – David Quinlan
- Ao único que é Digno – Koinonia
- Tu és Adorado – Antonio Cirilo
- Tu és Soberano sobre a terra - Koinonia
- Nome sobre todo o nome – Davi Silva
- Em espírito e em verdade – Márcio Pereira
- Nada além do sangue - Fernandinho
Da mesma maneira que acontece no louvor, durante a adoração
somos lembrados da grandeza do nosso Deus de uma forma intensa
e maravilhosa. O mais interessante é que nunca saímos de um tempo
de genuína adoração da mesma maneira como entramos. Quem
contempla em espírito e em verdade a sua presença é transformado.
Uma verdade espiritual da adoração é que o homem torna-se
semelhante a quem ele adora; isso é verdade tanto para o Senhor,
quanto para os ídolos (Salmo 115:4-8, I João 3:2).
A adoração da igreja reproduz na terra o ambiente do céu. Os
salmistas e adoradores do Antigo Testamento entenderam uma
verdade espiritual tremenda: o trono de Deus se estabelece em meio
à adoração do seu povo, em santidade (Sl 22:3). Portanto, quando
adoramos em verdade ao Senhor, somos convidados a entrar na
dimensão da Sua Presença, do Seu trono, onde estamos abertos às
manifestações da Sua soberania. Foi Jesus quem nos permitiu esse
acesso com ousadia ao trono da Graça, quando ofereceu a si mesmo,
derramando o seu sangue pelos nossos pecados! Glória a Ele por essa
obra! (Hb 4:14-16, Hb 9:11-15, Hb 10:19-22).
4 – GLÓRIA – A Voz de Deus – A Sua Presença Manifesta Salmo 95:7b-11
7b. Hoje, se vocês ouvirem a sua voz,
8. não endureçam o coração, como em Meribá, como aquele dia em Massá,
no deserto,
9. onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de
terem visto o que eu fiz.
10. Durante quarenta anos fiquei irado contra aquela geração e disse: "Eles
são um povo de coração ingrato; não reconheceram os meus caminhos".
11. Por isso jurei na minha ira: "Jamais entrarão no meu descanso".
O momento final desta refeição é quando podemos ouvir
claramente a voz do Senhor no meio do Seu povo. É quando o
sobrenatural de Deus invade o natural humano, realizando aquilo que
o homem não pode fazer: arrependimento no coração humano, novo
nascimento, convicção de pecado, cura física ou emocional,
libertação, batismo no Espírito Santo, desejo de santidade e “tudo
muito mais abundantemente além do que pedimos ou pensamos,
segundo o seu poder que em nós opera” (Ef 3:20) Neste momento, é
necessário que os profetas profetizem, que os pastores liderem, que
os apóstolos tragam o discernimento do que o Senhor quer fazer ou
entregar ao seu povo. O corpo de Cristo deve aprender a profetizar,
uns após os outros, para que todos aprendam e sejam consolados (I
Cor 14:31).
I Coríntios ensina que a profecia vem para “consolar, edificar e
exortar” (I Cor 14:3). No caso específico do Salmo 95, Deus
manifestou a sua voz por meio de uma palavra de exortação,
trazendo à memória do povo um erro do passado. Ele não fez isso
para ‘jogar na cara’ de ninguém os pecados passados, mas para que
os erros servissem de advertência contra quedas futuras.
Particularmente, imagino que deve ter sido frustrante para os
adoradores que escreveram este salmo ouvir esta exortação. Talvez o
pensamento deles tenha sido: “puxa vida, fizemos tudo certo,
congregamos o povo, celebramos ao Senhor, louvamos e adoramos o
seu Nome, mas, no final, Ele nos dá esse ‘puxão de orelha’?”
Irmão, falando por experiência própria, digo que o Senhor pode
fazer isso mesmo... Algumas vezes ministrei adoração e entreguei
palavras de exortação logo em seguida. E alguma vezes também
ministrei e em seguida ouvi palavras de exortação de outros irmãos.
E algumas vezes estive em ambientes onde quem ministrava a
adoração exortava aos irmãos com palavras proféticas de Deus. A
questão é que Deus olha o coração, não o exterior (I Sm 16:7), e
sabe exatamente o que o seu povo precisa e quando ele precisa.
Se você estiver na congregação, não endureça o seu coração ao
ouvir uma palavra profética. E se você ministra adoração, não se
intimide em liberar uma palavra profética, seja para consolar, edificar
ou exortar: fale o que Deus te conceder, nem mais, nem menos...!
Finalizando, quero comentar a diferença entre a Presença de
Deus e a Presença Manifesta de Deus. Todos sabemos, pelo Salmo
139:7-12, que o Senhor é um Deus Onipresente. Isto significa que
não existe nenhum lugar neste universo físico, ou no reino espiritual,
onde Ele não se faça presente. Tudo o que existe, material ou
imaterial, está contido por Ele.
Por outro lado, existe o que a palavra revela como a Presença
Manifesta de Deus. No Velho Testamento, esta Presença se
materializava por meio de uma nuvem luminosa ou espessa,
chamada shekinah, ou Glória de Deus. Vemos isto na entrega dos
Dez mandamentos, na dedicação do templo de Salomão, nas visões
de Isaías e de Ezequiel.
A diferença entre a onipresença e a glória é que, na Glória, o
Senhor se revela, e move o seu sobrenatural nos ambientes onde
estamos. Ele sai do ‘pano de fundo’ do ambiente e se torna
perceptível, através das suas obras sobrenaturais. É fundamental que
cada adorador busque experimentar a Glória de Deus durante seu
momento de adoração. Isso é o que faz toda a diferença na adoração
corporativa e na individual.
Em Jesus, vemos a encarnação da Glória de Deus. Mesmo ainda
um menino, recém-nascido, os verdadeiros adoradores puderam
perceber em Jesus o cumprimento das profecias e a salvação de Deus
para o seu povo. Durante toda a sua vida, Ele continuou
manifestando a glória de Deus, nos grandes milagres, nas curas,
ressurreições, libertações, mas também nos pequenos gestos de
carinho e compaixão demonstrados: o perdão à mulher adúltera, a
repreensão aos fariseus, as parábolas e sermões, os ensinos, as
festas de casamento, durante as refeições nas casas de famílias ou
com pecadores e publicanos, etc.
A Igreja é chamada para continuar manifestando a Glória de
Deus, através da sua vida. Paulo declara: “Cristo em vós é a
esperança da Glória” (Col 1:27b) e: “quando Cristo, que é a nossa
vida, se manifestar, então vós vos manifestareis com Ele, em glória.”
(Col 3:4).
Alguns cânticos que expressam estas verdades:
- Vem com o peso da tua Glória – Nova Geração
- Profetiza – Filhos do Homem
É muito comum que neste contexto os cânticos espontâneos
dominem o ambiente. Frequentemente, a voz profética de Deus
ouve-se por meio de ministrações criadas no momento em que
ocorrem, sem planejamento prévio.
CONCLUSÃO
Querido irmão, espero que esta breve meditação sirva como
motivação a uma participação mais efetiva nos momentos de
adoração corporativa em sua congregação. Igualmente, espero que
inspire a sua devoção e dedicação a Deus na sua vida pessoal e no
seu dia a dia.
O ‘cardápio’ que foi apresentado (Celebração – Louvor –
Adoração – Glória) não é uma ‘cartilha’. Ou seja: não
necessariamente tem de acontecer todos os itens, ou que eles só
acontecem nessa ordem, ou que há divisões muito claras entre os
itens. Você que ministra adoração, não se preocupe: busque a
direção de Deus para discernir o que deve ser ‘servido’ ao povo e ao
Senhor. Assim como num restaurante, ninguém numa mesma
refeição pede todos os itens do cardápio de uma só vez... No entanto,
quem ministra à congregação deve estar aberto às ênfases que o
Senhor quer dar na ministrações, pois somos uma diversidade de
pessoas, que precisam de uma diversidade de alimentos,
espiritualmente falando. Busque servir bem o que o Senhor te der. E
não se esqueça de ‘provar a comida antes’, para que você possa dizer
aos demais irmãos: “provai e vede que o Senhor é bom!” (Salmo
34:8).
Que o Senhor te abençoe durante a meditação em sua Palavra!
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