Tocar-te Eu achava que me podias ajudar A lutar contra este ódio que me persegue Que me consome e devora a sanidade Queria que levasses a dor embora Como as ondas do mar, quando batem na encosta escarpada Arrancando pequenos detritos Levando-os com elas, como se fossem a única coisa capaz de o limpar. Estou cansada de lutar contra a maré Ela engole-me, sufoca-me Tira-me o bom senso A água entra nos meus pulmões e eu grito Grito por ti Pelo teu rosto perfeito Pelos teus olhos azuis Qual mar intenso e relutante Eles entram dentro de mim Como uma enchente que me engole Eu tentei lutar Porém a dor é demasiado grande Quando ali me sento, na areia fina Contemplando o azul do mar Sonhando estar a ver os teus lindos olhos azuis profundos Apenas uma mágoa intensa e rastejante surge Dilacerando-me em carne viva. A espuma do oceano bate com força nos rochedos lá ao fundo E eu apenas a observo, sem sequer me mexer Não luto, hoje. Estou quebrada em pedaços Desesperando por uma solução Um bote salva-vidas que me salve desta massa de água densa e sufocante Entro na água, esperando que ela me faça sentir viva Contudo, a raiva dentro de mim ainda fervilha Não me deixando viver Por isso, só desejo, só espero que os teus braços se ergam Levando-me para longe Braços grossos e prepotentes de um mar violento e agreste. Ana Soraia Pereira Campos, 12.º ano, Escalão D (Poesia) – 2.º lugar Escola dos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico c/ Secundário Padre António Morais da Fonseca