O desafio da comunicação sobre Avaliação de Ciclo de Vida Monteiro, J. P. A. 1; Silva, J. M 1; Viñas, R. S. 1 1 Fundação Espaço ECO, [email protected]; [email protected]; [email protected] No cenário atual, a fim de gerar valor ao seu negócio, as Organizações têm desenvolvido projetos de sustentabilidade considerando seus interesses internos e externos. Para alcançar suas metas, é necessário: estruturação de informações de seus processos, além do correto entendimento dos respectivos impactos socioambientais e como engajar seus colaboradores e outros públicos de interesse. Este trabalho considera que a comunicação assertiva é aquela que consegue informar seus stakeholders, ao mesmo tempo em que gera valor para a Organização. Neste contexto, o desafio em questão é traduzir resultados baseados na Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) que se mostrem úteis a orientar e a contribuir em decisões para gestão empresarial, incluindo a gestão de ciclo de vida de seus produtos. Utilidade esta em demonstrar como os resultados de estudos podem ser traduzidos em ações reais aplicadas, servindo de referência para a sensibilização e mobilização de corporações em direção à uma atuação mais consciente de interesses públicos e privados. A partir da experiência observada na condução de estudos de ciclo de vida, a Fundação Espaço ECO® (FEE®) descreve, neste trabalho, as etapas e responsabilidades envolvidas na elaboração do plano de comunicação compartilhada de estudos desta natureza. Diante das peculiaridades de cada escopo de estudo, surgem as oportunidades para sua comunicação. O entendimento, envolvimento e competências de um grupo de profissionais multifuncional (incluindo executantes, contratantes do estudo e equipe de comunicação) neste processo é importante, pois, no anseio de atender as necessidades de respostas de diversos públicos de interesse, não é possível ignorar características importantes à metodologia de ACV. Desta forma, são reconhecidos aspectos fundamentais à comunicação de estudos de ciclo de vida como: Público de interesse; Objetivos de comunicação, Estratégias de comunicação; e Processos de comunicação. Todos estes aspectos podem ser estruturados em uma sequência de etapas, ou procedimento, em vista da gestão do conhecimento na Organização contratante de um estudo. Brevemente, para se chegar à melhor estratégia, considera-se o grau de maturidade do contratante do estudo, propondo soluções que atendam a diferentes níveis da comunicação da sustentabilidade com as apropriadas peças de comunicação, além de considerar os riscos associados à comunicação do projeto. Há dois fatores a serem considerados no momento da escolha das ferramentas de comunicação: aquele de interesse privado e estratégico para a empresa; e o tema de interesse público, que trará benefícios para a sociedade. Desafio, portanto, este que pode ser solucionado com a relação próxima entre especialistas de ACV e equipes de comunicação. Palavras-chave. Comunicação Integrada; Gestão de Ciclo de Vida; Plano de Marketing. A comunicação de estudos de ciclo de vida De acordo com LUPETTI (2010), a era de informação na qual vivemos exige das Organizações uma atenção especial às constantes e incontroláveis mudanças que ocorrem no ambiente de negócios contemporâneos. Neste cenário, seus esforços vêm a implementar projetos de sustentabilidade e aplicá-los na cultura da empresa com a finalidade de reforçar os valores, crença, missão e visão da Organização. Sua eficácia é reconhecida na maneira mais assertiva de engajar e padronizar o discurso e repertório de seus colaboradores. A atenção para o tema de Ciclo de Vida apresenta um considerável crescimento nos últimos anos, porém MOLINA & SMITH (2008) revelam que a maioria das publicações sobre o tema foca em melhorias às aplicações e às metodologias de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), em lugar de explorar como divulgar e utilizar as informações derivadas de estudos de ACV pelas contratantes, seja em estratégias de negócios e de operação, seja em iniciativas de comunicação e de marketing. CAPOMAR & IKEDA (2006) definem o plano de marketing como o resultado de planejamento de ações e de recursos frente ao ambiente de mercado e segmentos de consumidores-alvos com finalidade de alcançar objetivos consistentes com este mercado e objetivos estratégicos da Organização, ou seja, ações que respeitem os interesses externos. Para YANAZE (2007), segundo sua ótica em Ciências da Comunicação, planos de comunicação e marketing são resultantes de processos internos de uma Organização e sua atribuição (gerar informações/dados que orientam ações que visam resultados) é responsabilidade de todos desta Organização. Ou seja, tais planos também devem considerar interesses internos. Como LUPETTI (2010) também afirma, Comunicação é parte integrante do marketing e muitos de seus elementos são resgatados para a elaboração do planejamento de comunicação. Também a comunicação organizacional se traduz como disciplina empresarial e deve possuir gestão sistêmica, a qual leva em consideração a chamada Comunicação Integrada. Para explorar os resultados de estudos de ciclo de vida e entender o quê, e como deve ser comunicado, devemos, assim como MICKWITZ et al (2006) sugerem, entender que, em uma escala local, os problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável podem ser diferentes e requerem ferramentas adaptadas para solucioná-los. De maneira ampla, medir e gerenciar os processos e impactos de responsabilidade da Organização torna-se uma questão estratégica na gestão empresarial, explicitando, portanto, uma motivação para a gestão de ciclo de vida. No mesmo contexto, em vista dos interesses externos, é essencial comunicar os resultados de estudos no sentido de estimular e pautar o diálogo com outros públicos, a exemplo de oportunidades em posicionar um produto, serviço ou processo, “visando a manutenção de sua parcela de participação de mercado” (IRIGARAY et al, 2006). Frente a demanda de diagnósticos do desempenho ambiental, social e/ou econômico destes objetos de estudo, alguns atores podem ser reconhecidos como as equipes executantes responsáveis pela ACV, contratadas por estas Organizações e, guiados pelas normas ABNT NBR ISO 14040 e 14044 (2009) e ABNT NBR ISO 14045 (2014), os resultados encontrados são apresentados na forma de indicadores derivados de métodos científicos. A sua interpretação não é trivial por profissionais não-especialistas da contratante do estudo, pois há diversas oportunidades a serem identificadas. Logo, após o Critical Review conduzido pelos revisores de terceira parte, é necessário o esforço em conjunto destes atores acima e de uma equipe de comunicação para realizar a divulgação destes resultados aos públicos de interesse de forma eficaz, apoiados pelas normas de declaração ambiental, a exemplo da ABNT NBR ISO 14025 (2015), e por um plano de comunicação integrada que sirva aos propósitos estratégicos das Organizações. Uma vez que tal plano ou ferramenta é desenvolvida internamente, busca-se verificar se é possível exportá-la para outros ambientes industriais. Portanto, este trabalho visa descrever as etapas e responsabilidades envolvidas na elaboração do plano de comunicação compartilhada de estudos de ciclo de vida e, assim, ampliar a efetividade das ações de sustentabilidade promovidas por uma Organização. Pesquisa e construção do método A importância metodológica de um trabalho pode ser justificada pela necessidade de embasamento adequado (MIGUEL, 2007). A elaboração das etapas do plano de comunicação compartilhada de estudos de ciclo de vida foi realizada por meio de estudo de casos; ou seja, uma análise de um ou mais objetos, para que permita o seu conhecimento, visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e questões. Logo, este foi um trabalho de pesquisa qualitativa, embasado em capital intelectual dispostos primordialmente em forma de experiência e de depoimentos coletados nos casos de planejamento e execução de estudos ciclo de vida e sua decorrente comunicação conduzidos pela FEE® para diferentes segmentos de mercado. Faz parte desta pesquisa e análise de casos a contribuição de profissionais da contratante, de executantes do estudo e de assessorias de imprensa. O levantamento para a pesquisa leva em consideração a intenção estratégica das Organizações na finalidade de avaliar e sugerir comentários sobre a estratégia competitiva, ou seja, “identificar valores pessoais dos principais implementadores, patrocinadores e, especialmente, expectativas mais amplas da comunidade” (PORTER, 1996). Para assim também identificar que competências, boas práticas e resultados devem ser desenvolvidos no plano de comunicação (e que sejam relevantes para sua eficácia) a fim de ser apresentada uma ferramenta autônoma para a iniciativa corporativa. Após identificadas as impressões na experiência de execução do estudo, aspectos gerais do projeto de plano de comunicação são estabelecidos, como: levantamento de informações relevantes sobre o estudo (oportunidades de divulgação, ameaças, fortalezas e fraquezas), além da relevância do tema para cada público de interesse e para o negócio na qual a contratante do estudo está inserida. Estes aspectos permitem definir etapas e responsabilidades para o objetivo do presente trabalho. Os depoimentos variaram de acordo com o interesse e a disponibilidade dos atores de cada caso, e os critérios para análise estão sujeitos à experiência, motivações e dificuldades encontradas ao elaborar cada plano de comunicação compartilhada de estudos de ciclo de vida. Portanto, como limitação desta pesquisa, pode ser apontada a opinião pessoal específica das comunidades envolvidas na elaboração de cada plano, então a escalabilidade do processo aqui exposto pode estar comprometida em cada aplicação. Aspectos identificados em projetos de comunicação Público de interesse (relacionados ao ciclo de vida) A coleção de estudos de ciclo de vida conduzidos pela FEE® nos quais foram elaborados e estruturados planos de comunicação considera, desde o início de seu desenvolvimento, atuação próxima aos executantes do estudo com finalidade de compreender os contornos do estudo descritos no relatório por parte da equipe de comunicação: objetivo e escopo, metodologia aplicada, alternativas e cenários avaliados. No contato inicial junto à contratante, a equipe de comunicação busca validar quem são os públicos de interesse, identificando quem são as pessoas e como estas estão relacionadas aos resultados do estudo e seu objeto de análise – “Quais as razões que motivam a realização do estudo? Seus objetivos, resultados e conclusões são confidenciais? Trata-se de um tema sensível para quais públicos? O escopo avaliado envolve outros players da cadeia de valor da contratante do estudo? Se sim, quais? Como o escopo avaliado fomenta políticas públicas? Dentre os públicos identificados, quais deles atuam como influenciador de decisão, ou efetivamente tomam a decisão? É possível priorizar em públicos de interesse? ” Objetivos da comunicação Estes questionamentos a cada público identificado são essenciais, pois servem também de guia para orientar a equipe de comunicação a respeito das fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças da comunicação dos resultados do estudo em questão. Por conseguinte, a partir deste levantamento é possível estabelecer objetivos de comunicação e o que traduz os resultados gerados pela ACV a suportar decisões e ações (conscientes) destes mesmo públicos de interesse. Comunicação assertiva é aquela que informa seus públicos de interesse ao mesmo tempo em que gera valor para a Organização, cumprindo as expectativas de divulgação do contratante do estudo. Logo, os objetivos representam o valor percebido por cada público de interesse e, portanto, espera-se alinhar com a contratante do estudo como fortalecer seus relacionamentos, potencializar o uso do estudo, aumentando, assim, credibilidade da iniciativa. As opiniões de quem executa o estudo podem ser diferentes daquelas da contratante, porém é essencial encontrarem um denominador comum que permita entregar uma única mensagem. Para a contratante do estudo ter credibilidade, não basta ter seus processos internos gerenciados, mas atuar com transparência e diálogo com seus públicos de interesse é fundamental. Durante este alinhamento, não é incomum que a contratante revise seus propósitos de divulgação e opte por adaptar algumas das mensagens. Um artificio que pode apoiar e evitar que as mensagens sejam distorcidas é escrever um documento de Perguntas e Respostas. Nele, os atores levantam possíveis questionamentos, dúvidas e perguntas que podem ser feitas pelos veículos de Imprensa e elaboram uma única resposta para cada uma delas. Após aprovado, este documento serve como um guia de consulta e preparação dos porta-vozes para entrevistas. Estratégias de comunicação Sendo assim, o processo de estruturar uma estratégia que atenda assertivamente aos objetivos a serem alcançadas é participativo e de responsabilidade compartilhada, reforçando a necessidade de que este planejamento seja feito em conjunto pelos atores envolvidos. Por isso é necessária a estruturação das informações: correto entendimento das considerações do estudo, quais são as metas a serem alcançadas na comunicação e como engajar seus colaboradores e demais públicos de interesse. Como aspecto fundamental pode ser destacado formas em estimular a mudança de lógica de raciocínio dos públicos em questão. Para isso, além de apresentar alternativas/cenários para gestão operacional de uma Organização, utilizam-se estratégias de Comunicação Integrada, que divulgam e inspiram públicos de interesse sobre as tendências de mercado e referências positivas e padrões de sustentabilidade, no que se refere à aplicação de boas práticas a produtos e processos. Ou seja, formas de comunicar estudos de ciclo de vida que explicitam benefícios, gerando e protegendo valor aos públicos de interesse – e, em consequência, oferecer visão de gestão de ciclo de vida. Processos de comunicação A partir destes esclarecimentos, dados e direcionamentos, a equipe de comunicação define os papéis e responsabilidades da comunicação de cada um dos atores. Assim surgem procedimentos conhecidos pelas equipes de Comunicação como: quem fará o plano de comunicação, desenvolvimento das peças de comunicação que servirão de apoio na divulgação; quem ficará responsável por levantar possíveis personagens a serem entrevistados; quem serão os porta-vozes das partes; qual será o foco central desta peça de comunicação; quem escreverá o press release para Imprensa; qual será o fluxo de aprovação; quais veículos de comunicação serão acionados para receber o material e quem fará o envio, cronograma e prazos e; quem, por fim, levantará e monitorará as repercussões nos meios de comunicação. Etapas de elaboração de planos de comunicação compartilhada Com base nas informações do estudo, contexto no qual a contratante do estudo está inserida e expectativas de divulgação, “o planejamento estratégico surge, como um elo para ligar as etapas mencionadas” (IRIGARAY et. al, 2006). Seguindo estes aspectos mencionados, a FEE® desenvolveu internamente um processo para a elaboração do plano de comunicação compartilhada, cujo propósito principal é disseminar o conceito de LCT (Life Cycle Thinking) através da utilização das considerações derivadas de estudos de ciclo de vida. A Figura 1 apresenta, na forma de um quadro-resumo, as etapas a serem conduzidas neste processo, seus respectivos produtos intermediários, juntos de limitações desta metodologia – a serem consideradas como recomendações para seus responsáveis. Figura 1: Descrição das etapas de elaboração do plano de comunicação dos resultados de estudo de ciclo de vida A primeira etapa da elaboração do plano de comunicação, “Apresentação inicial para a contratante do estudo”, prevê a participação e acompanhamento da equipe de comunicação junto à executante do estudo de ciclo de vida e resultados do mesmo. Em consulta à contratante, verifica-se sua intenção ou não em realizar a comunicação do resultado do estudo. Caso não haja intenção da divulgação dos resultados, o processo é encerrado. Quando aplicável, equipe de comunicação também oferece exemplos públicos de divulgações para outros contratantes de estudo. Neste momento, atenta-se a responder às seguintes perguntas: Qual a demanda identificada / Razões do estudo: Por que o estudo está sendo realizado? Existe algum conteúdo confidencial? Trate-se de um tema sensível? Fomenta política pública? Este estudo envolveu outros players de sua cadeia de valor? Se sim, quais? Dentre os públicos de interesse, quais deles são influenciadores de decisão, ou efetivamente tomam a decisão? A executante do estudo e equipe de comunicação necessitam esclarecer à contratante do estudo os riscos deste processo de comunicação. Ou seja, é importante deixar claro que existem dois casos principais de interesse no momento da escolha das ferramentas de comunicação: interesse aquele que gera valor e é estratégico para a empresa; e interesse no tema que trará benefícios para a sociedade. “Caso uma empresa não possua uma boa reputação, isso irá certamente refletir-se em sua receita” (STRUNCK, 2003). Esta primeira etapa contempla desde a discussão do escopo do estudo na contratante, passando pelo engajamento dos responsáveis pelo envio das informações e explicação do que é ACV, até a elaboração da apresentação dos resultados, na qual é desenvolvida com suporte de elementos gráficos, equivalências e layout atrativo a fim de entregar resultados que podem ser interpretados facilmente pelos colaboradores da organização e demais públicos de interesse. A segunda etapa inclui a participação nas reuniões de apresentação dos resultados do estudo às diversas equipes internas à contratante. Uma vez alinhados com a executante do estudo, a equipe de comunicação alinha os próximos passos para o início do desenvolvimento do plano de comunicação compartilhado com a contratante. Nesta etapa, é aconselhável a participação de profissionais de comunicação da contratante para alinhamento. Com base nestes alinhamentos, a equipe de comunicação juntamente com sua Assessoria de Imprensa, desenvolverão respectivamente uma proposta de plano de comunicação e um plano de Imprensa para o estudo, contendo um cronograma e com mapeamento das intenções de divulgação. Outras ações que forem acordadas entre os atores e indicadas no plano de comunicação devem ter seu prazo e esforço previstos, de acordo com as expectativas dos envolvidos. Caso a contratante do estudo aprove, o plano de comunicação será implementado. É importante ressaltar que, a partir desta etapa, nenhum resultado é divulgado antes da finalização do Critical Review, previsto pelas normas. A terceira etapa trata da criação do plano de comunicação. Com base no alinhamento da comunicação com a contratante do estudo, este é o desdobramento da estratégia, originada das reuniões com a contratante do estudo e gera como resultado, por exemplo, vídeo cases, infográficos, artigos para publicação em premiações e congressos, etc. Esta etapa contempla a distribuição de tarefas, elabora cronograma de datas e ações, desenha e realiza o desenvolvimento das peças de comunicação que servirão de apoio na divulgação, bem como o detalhamento das iniciativas definidas no plano de comunicação. Todos os materiais desenvolvidos e seus custos devem ser aprovados pela contratante do estudo. Exemplos de materiais previstos durante esta etapa são: Definição de participação em feiras, congressos, workshops e eventos; Publicação do case em mídias sociais e outros veículos estratégicos; Inserção do case em Relatórios de Atividades; Criação e envio de email marketing a públicos de interesse prioritários; Submissão do case em prêmios e fóruns exclusivos; Criação de material de comunicação específico para divulgação do case, como anúncios publicitários em veículos impressos e digitais ou divulgação nos veículos internos da Organização – como newsletters, murais, email marketing etc. A quarta etapa prevê a criação de um planejamento de relacionamento com a Imprensa e a contratante do estudo. Aqui, a equipe de comunicação alinha os resultados do estudo com a assessoria de imprensa, assim disponibilizando: Press Release (vídeo case, uso de infográfico e criação de artigos); Conferência de imprensa; Encontro de relacionamento com Imprensa; e demais estratégias de divulgação. A quinta e última etapa considera, após a implementação dos planos, a coleta dos retornos pela entrega e comunicação do resultado do estudo (frente aos objetivos esperados). Estes retornos consistem nos depoimentos da contratante do estudo. A equipe de comunicação insere as informações do contato da contratante do estudo, assim como seu depoimento para que este possa ser utilizado durante a comunicação compartilhada do estudo, bem como nos veículos de comunicação selecionados. Considerações Finais O diagnóstico proporcionado pela ótica de ciclo de vida identifica oportunidades de melhoria. Explorar os benefícios de interesse público ou privado deve considerar a interdependência dos diversos profissionais (e respectivas competências) que compõem equipes de comunicação, executores e contratantes de estudos de ACV. A FEE® entende que, para alcançar estes benefícios, antes de traduzir estes conceitos, é fundamental buscar o entendimento sobre ACV dos profissionais de comunicação envolvidos. Ou seja, do mesmo modo que é necessário se preocupar com a metodologia do estudo, deve-se ponderar sobre o processo de comunicação e sobre a metodologia a ser aplicada durante as etapas de elaboração de um plano de comunicação. As equipes de comunicação devem abordar o estudo de forma compartilhada aos demais atores, pois estarão alinhadas à cultura e à atuação da contratante e seu mercado, além de garantir junto aos executantes conteúdo técnico especializado e de qualidade para a imprensa e demais públicos de interesse – e, desta forma, evitando que mensagens não adequadas sejam divulgadas. Durante todo o processo de elaboração do plano de comunicação é preciso considerar, além dos aspectos já mencionados, o grau de maturidade da contratante do estudo, propondo soluções que atendam a diferentes níveis da comunicação da sustentabilidade. Por fim, é importante entender o quão estratégico (e relevante) o tema é para cada Organização, assim como a receptividade de seus públicos de interesse para com o assunto. Durante todo o processo, a equipe de comunicação deve prestar suporte e orientar para a correta divulgação dos resultados, atentando às características e definições adotadas na execução do estudo de ciclo de vida. É um desafio que pode ser solucionado com a relação próxima entre especialistas de ACV e equipes de comunicação a fim de gerar valor percebido aos clientes contratantes de estudo, frente a interesses públicos e privados. A partir de uma ferramenta desenvolvida internamente, verificase sua aplicação possível estruturada para outros ambientes industriais. Nesse sentido, os atores trabalham para que que o valor percebido da marca e a comunicação da sustentabilidade seja uma das principais vantagens competitivas da Organização. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14025: Rótulos e declarações ambientais - Declarações ambientais de Tipo III - Princípios e procedimentos. Rio de Janeiro. 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14040: Gestão ambiental: Avaliação do ciclo de vida: Princípios e estrutura. Rio de Janeiro. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14044: Gestão ambiental: Avaliação do ciclo de vida: Requisitos e Orientações. Rio de Janeiro. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14045: Gestão ambiental — Avaliação da ecoeficiência de sistemas de produto — Princípios, requisitos e orientações. Rio de Janeiro. 2014. CAPOMAR, M. E IKEDA, A. (2006). O planejamento de marketing e a confecção de planos: dos conceitos a um novo modelo. 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