61o. Congresso Nacional de Enfermagem

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Trabalho 2589 - 1/4
IMPACTO DA INTERVENÇÃO EDUCATIVA DA ENFERMAGEM EM
PACIENTES QUE USAM ANTAGONISTA DA VITAMINA K
Gonçalves, Fernanda Ribeiro Rodrigues 1
Silva, Flavio Rangel2
INTRODUÇÃO: Pacientes submetidos à troca valvar, portadores de fibrilação
atrial crônica associada ou não a outras patologias, com miocardiopatia dilatada,
com trombo em câmara cardíaca, trombose venosa profunda, embolia pulmonar,
síndrome do anticorpo antifosfolipídeo e outras patologias, necessitam do uso
contínuo de antagonista da vitamina K, também chamados anticoagulantes orais
ou cumarínicos, na prevenção do fenômeno tromboembólico (CLAYTON E
STOCK, 2006). A doença tromboembólica é um distúrbio complexo multicausal
com sinais e sintomas inespecíficos, confundindo-se com outras enfermidades
(PIANO, 2007), ou seja, diversas condições podem alterar
o equilíbrio de
hemostasia normal e provocar a trombose que exige a terapia de anticoagulação
(SMELTZER E BARE 2005). O uso contínuo do anticoagulante oral deve fazer-se
acompanhado de um controle regular da coagulação, mediante o INR
(Internacional Normalized Ratio). Na década de 80, visando diminuir os problemas
causados pela variabilidade na sensibilidade dos reagentes e estabelecer
padronização do TP (tempo de protrombina) no controle do uso de anticoagulante
oral, foi desenvolvido e instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o
emprego do INR, que nada mais é que o TP "corrigido ou normatizado" (TURPIE,
2003). A dose ideal é aquela que prolonga o tempo de protrombina e mantém o
INR estabelecido para suas condições clínicas. Entretanto, o controle da
anticoagulação oral ainda apresenta múltiplas dificuldades, pois há muitas
variáveis que influenciam o nível de anticoagulação, podendo levar à proteção
inadequada e recorrência do tromboembolismo, ou à anticoagulação excessiva
com o risco de hemorragia. (LOURENÇO, 1997). Vários são os fatores que
interferem na manutenção deste alvo, como as co-morbidades do pacientes, o
Enfermeira. Residente em cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia - INC. E-mail:
[email protected]
1
Especialista em cirurgia cardíaca, MBA em gestão de saúde, mestrando pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO. Enfermeiro do Instituto Nacional de Cardiologia – INC. Email: [email protected]
2
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uso de outros fármacos, fatores genéticos, alimentação e o entendimento correto
do uso da droga que está utilizando. Sendo necessárias visitas contínuas do
paciente, realizando a dosagem do INR, ajustamento da droga e verificação da
aplicação pelo paciente das orientações recebidas. Torna-se imprescindível o
controle cuidadoso e a intervalos regulares, evitando-se assim as possíveis
intercorrências nesse tipo de paciente. Evitar os eventos adversos, principalmente
os tromboembólicos é a maior preocupação, mas os mais freqüentes são os
eventos hemorrágicos, geralmente causados pela associação com outras drogas
sendo comum em nossos pacientes. Segundo Lourenço, estudos comparam
pacientes em acompanhamento com profissionais especializados em clinicas de
anticoagulação e em acompanhamento sob educação sistemática da terapia
anticoagulante têm apresentado um melhor controle do INR na faixa terapêutica.
Neste ambulatório de anticoagulação segundo estudos anteriores, os pacientes
têm se mantido, em média, 60,2% dentro do alvo terapêutico, dos pacientes fora
do alvo terapêutico (39,8%), 75% destes estão abaixo e 25% acima do alvo
terapêutico, fazendo orientações durante a consulta de enfermagem que é
realizada conforme Protocolo Institucional que permite ao Enfermeiro solicitar
exames e prescrever medicação, conforme este protocolo. OBJETIVOS: Reduzir
a freqüência de pacientes com INR fora do alvo através da intensificação das
orientações de enfermagem e avaliar o impacto da intervenção educativa da
enfermagem em pacientes que usam antagonista da vitamina k, através da
comparação entre o grupo-controle e o grupo-intervenção. METODOLOGIA:
Diante das evidências da literatura, delineamos um ensaio clínico randomizado
com abordagem quantitativa através do controle regular da coagulação, mediante
o INR, no que está em andamento no ambulatório de anticoagulação de um
Hospital de Cardiologia da rede pública federal do Rio de Janeiro. Os pacientes
são escolhidos aleatoriamente, à medida que chegam às consultas. Os pacientes
elegíveis são os pacientes usuários de antagonista da vitamina K; com idade
entre 18 e 90 anos; acompanhados desde a primeira consulta; com histórico
recente de iniciação de anticoagulação. Consideramos recente iniciação os
pacientes com menos de seis consultas no ambulatório de anticoagulação. O
grupo-controle recebe o atendimento habitual no ambulatório com verificação do
INR e ajuste da dose do anticoagulante oral e o grupo-intervenção recebe além
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do atendimento habitual, orientações individuais e em grupo de maior intensidade
em relação à terapia de anticoagulação, ingesta de vitamina K na dieta,
interações medicamentosas com o anticoagulante. Após a inclusão no estudo,
estes pacientes são acompanhados com intervalo de 15 em 15 dias, durante os
dois primeiros meses e após mensalmente, durante seis meses. Durante essas
consultas os pacientes são informados a cerca dos cuidados necessários de
forma a contribuir para a prevenção dos eventos adversos decorrentes do uso
desta droga, melhorando assim a adesão ao tratamento com anticoagulante oral.
RESULTADOS: Pretendemos ter como desfecho desta pesquisa aumentar de
60% para 80% a taxa de pacientes dentro do alvo terapêutico e reduzir a
ocorrência
dos
eventos
adversos
tromboembólicos
e
hemorrágicos.
CONCLUSÃO: Conclui-se que os fatores de risco inerentes aos eventos adversos
tromboembólicos e hemorrágicos e as flutuações do INR são dependentes do
próprio paciente, do tipo de doença, outras medicações em uso e das
comorbidades associadas, onde através da intensificação das orientações de
enfermagem de forma aberta e contínua. Temos notado que pacientes que são
fornecidas informações com maior intensidade e freqüência têm se mantido
dentro do alvo terapêutico por maior tempo.
DESCRITORES:
Tromboembolia.
Anticoagulantes.
Educação
em
saúde.
Enfermagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CLAYTON,B.D, STOCK Y.N. Farmacologia na prática de enfermagem. 13ª
edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
LOURENÇO, D. M.; ALVES, E. C. Controle laboratorial da anticoagulação oral.
Arq Bras Cardiol, volume 68 (nº 5), 353-356, 1997.
LOURENÇO D.M, MORELLI VM, VIGNAL CV. Tratamento da superdosagem de
anticoagulantes orais. Arq. Bras. Cardiol. 1998;70(1):9-13.
TURPIE AGG, CHIN BSP, LIP GYH. Tromboembolismo venosos: estratégias de
tratamento. Revista ABC da Terapia Antitrombótica; 2003. (Pt 1):14-6.
SMELTZER, S.C; BARE,B.G. Tratado de enfermagem médico –cirúrgico. Rio
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de Janeiro: Guanabara koogan, Vol 1, 10 Ed. 2005.
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