UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS PREVALÊNCIA DE FEBRE POR ALFAVÍRUS ARTRITOGÊNICO (CHIKUNGUNYA), ENTRE PACIENTES SUBMETIDOS À ABORDAGEM SINDRÔMICA DE DOENÇAS FEBRIS, EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS NO ESTADO DO AMAZONAS MARIA CYNTIA KERLE CALADO LIMA MANAUS 2016 i MARIA CYNTIA KERLE CALADO LIMA PREVALÊNCIA DE FEBRE POR ALFAVÍRUS ARTRITOGÊNICO (CHIKUNGUNYA), ENTRE PACIENTES SUBMETIDOS À ABORDAGEM SINDRÔMICA DE DOENÇAS FEBRIS, EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS NO ESTADO DO AMAZONAS Dissertação Apresentado ao Programa de Pós Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador (a): Prof Dr. Maurício Lacerda Nogueira Co-Orientador (a): Profª. Dra. Maria Paula Gomes Mourão MANAUS 2016 ii Ficha Catalográfica L732p Lima, Maria Cyntia Kerle Calado. Prevalência de febre por Alfavírus artritogênico (chikungunya), entre pacientes submetidos à abordagem sindrômica de doenças febris, em um serviço de referência para doenças infecciosas no estado do Amazonas ./Maria Cyntia Kerle Calado Lima. -- Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2016. xviii, 78 f. : il. Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas – UEA/FMT, 2016. Orientador: Prof. Dr. Maurício Lacerda Nogueira 1.Arbovíroses 2 Vigilância . 3.Chikungunya I.Título Título. CDU: 616.9(811.3)(043) iii PREVALÊNCIA DE FEBRE POR ALFAVÍRUS ARTRITOGÊNICO (CHIKUNGUNYA), ENTRE PACIENTES SUBMETIDOS À ABORDAGEM SINDRÔMICA DE DOENÇAS FEBRIS, EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS NO ESTADO DO AMAZONAS MARIA CYNTIA KERLE CALADO LIMA “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”. Banca Julgadora: ______________________________________ Presidente ______________________________________ Membro ______________________________________ Membro iv DEDICATÓRIA A minha mãe, Maria Celeste Calado Lima, por todo esforço e dedicação, a fim de me proporcionar condições necessárias de estudar, diante de suas possibilidades, desde a infância até a minha graduação. Ao meu filho, Felipe que desde que soube de sua concepção, aprendi que o amor é a forma mais sublime da existência humana. Agradeço a Deus por ter me presenteado esta criança, que transborda alegria e que deu um sentido especial a minha vida. v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, da perseverança e pela força concedida para que eu pudesse avançar passo a passo e superar cada obstáculo vivenciado nesta pósgraduação. Ao meu filho Felipe, meu porto seguro e minha fortaleza. Ao meu esposo Fabio, pelo amigo e companheiro durante toda nossa caminhada juntos, e que vivenciou e suportou comigo as alegrias e aflições em cada etapa desse mestrado. Aos meus pais, a minha irmã Cynara e ao meu irmão Edvaldo Júnior, por serem minha base, e por estarem sempre me apoiando em todos os momentos da minha vida. A Universidade do Estado do Amazonas e em especial a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, pela oportunidade de realizar o mestrado nesta instituição. A meu orientador, Dr. Maurício Nogueira pela oportunidade de tê-lo à frente desse estudo desde a concepção, pelas contribuições científicas e pessoais relevantes para o meu crescimento profissional. A minha amiga e companheira de turma, doutoranda Bárbara Chaves. Agradeço por todas as horas que a mim foram disponibilizadas, pelas enriquecedoras sugestões e observações pertinentes contribuindo para o desenvolvimento desse trabalho, e sobretudo, pelo apoio emocional, o carinho e amizade construída durante o período acadêmico. A todos os amigos de turma conquistados durante o período de mestrado, pelos conhecimentos construídos, pelas mútuas trocas de saberes, pelas dificuldades enfrentadas, pelos momentos de descontração, por todo companheirismo, incentivo e ajuda. Todos eles foram essenciais para a solidez da nossa amizade e para seguir firme na caminhada acadêmica. A todos os professores que passaram pela minha vida desde a infância, pelos valiosos ensinamentos que graças a eles venho trilhando um caminho de conquistas. Aos colegas que compõem a equipe do Laboratório de Pesquisa em Virologia da FAMERP, que disponibilizaram um pouco do seu tempo, para ajudar-me na parte técnica laboratorial desse estudo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida durante o mestrado. Aos membros da banca pelo interesse e disponibilidade em estar presente nesta apresentação de defesa, a fim de fazerem suas colocações e possíveis contribuições. vi DECLARAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por financiar a pesquisa na instituição e PPGMT, possibilitando o desenvolvimento científico e tecnológico local. vii “Paz não é aquilo que encontramos em um lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas o que permite manter a calma em nosso coração, mesmo no meio das situações mais adversas. Este é o seu verdadeiro e único significado”. Paulo Freire viii RESUMO As arboviroses são doenças transmitidas por artrópodes, que acomete grande parte da populaçao mundial. O vírus Chikungunya é transmitido por mosquitos do genêro Aedes e é emergente no Brasil, onde teve seu primeiro registro em Setembro de 2014. Além disso, essa arbovirose apresenta manifestações clínicas semelhantes a outras doenças, principalmente o estado febril do paciente, o que dificulta o diagnóstico etiológico e a definição da conduta mais adequada. A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) implementou em 1998, o sistema de monitoramento de doenças febris agudas, a fim de identificar os agentes etiológicos causadores de febre aguda sem causa definida. Dessa forma o objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência de infecção por CHIKV em pacientes apresentando doença febril assistidos em uma unidade de referência no atendimento de doenças infecciosas no estado do Amazonas. Para isso foram feitos testes moleculares em amostras de soros de 171 pacientes febris, negativos para Malária e Dengue, atendidos na referida unidade de saúde entre 2014 e 2015. Os sintomas que mais se destacaram entre os pacientes febris foram: cefaleia (100%), mialgia (100%), calafrios (100%), artralgia (98%), dor retro ocular (97,9%) e dor nas costas (96,5%). Seis amostras apresentaram-se positivas para CHIKV, sendo mais frequente em homens (60%) com média de idade de 24 anos, e dos seis, 4 (66,7%) não residiam em Manaus. A partir do resultado positivo para CHIKV em nossas amostras, pudemos observar a prevalência de 3,5%, referente a nossa população de pacientes febris, apontando para uma subnotificação desse agravo. O presente trabalho também mostra a circulação do CHIKV no Amazonas desde Março de 2014, antes dos principais órgãos de saúde no Brasil, notificarem os primeiros casos da infecção, ou seja, contrariando a cronologia da introdução do vírus no país e no estado do amazonense. Portanto, esse trabalho contribuiu para a vigilância epidemiológica e rastreamento de infecções por esse vírus no estado e a forma como se manifestou clinicamente, caracterizando um perfil de comportamento da infecção na população amazonense. Devido ao risco de emergência do CHIKV no Amazonas, a grande extensão territorial do estado e as vias de acesso predominante fluviais podem estar dificultando o diagnóstico nas regiões mais afastadas. A circulação nessa região de um grande contingente de turistas nacionais e internacionais, também indica a necessidade de vigilância já que facilita a propagação das infecções em território amazonense, assim como a exportação do vírus para outras regiões do mundo. Palavras chaves: Arboviroses, prevalência, vigilância, chikungunya, Amazônia. ix ABSTRACT Arboviruses are diseases transmitted by arthropods, which affects a large part of the world population. The Chikungunya virus is transmitted by mosquitoes of the genus Aedes and is emerging in Brazil, where it had its first registry in September 2014. In addition, this arbovirose presents clinical manifestations similar to other diseases, mainly the febrile state of the patient, which makes difficult the Etiological diagnosis and the definition of the most appropriate conduct. In 1998, the Dr. Heitor Vieira Dourado Tropical Medicine Foundation (FMT-HVD) implemented the monitoring system for acute febrile diseases in order to identify the causative agents of acute fever without definite cause. Thus, the objective of the present study was to estimate the prevalence of CHIKV infection in patients with febrile disease treated in a reference unit in the treatment of infectious diseases in the state of Amazonas. Molecular tests were performed on samples of 171 malaria and Dengue negative febrile patients attended at the aforementioned health unit between 2014 and 2015. The most prominent symptoms among febrile patients were headache (100%), Myalgia (100%), chills (100%), arthralgia (98%), retro eye pain (97.9%) and back pain (96.5%). Six samples were positive for CHIKV, being more frequent in men (60%) with a mean age of 24 years, and of the six, 4 (66.7%) did not live in Manaus. From the positive result for CHIKV in our samples, we could observe the prevalence of 3.5%, referring to our population of febrile patients, pointing to an underreporting of this disease. The present work also shows the circulation of CHIKV in Amazonas from March 2014, before the main health agencies in Brazil, to notify the first cases of the infection, that is, contrary to the chronology of the introduction of the virus in the country and in the state of Amazonas. Therefore, this work contributed to the epidemiological surveillance and tracking of infections by this virus in the state and the way it manifested clinically, characterizing a profile of infection behavior in the Amazonian population. Due to the CHIKV emergency risk in Amazonas, the large territorial extension of the state and the predominant fluvial access roads may be making diagnosis in the most remote regions difficult. The circulation in this region of a large contingent of national and international tourists also indicates the need for surveillance since it facilitates the spread of the infections in Amazonian territory, as well as the export of the virus to other regions of the world. Keywords: Arboviroses, prevalence, surveillance, chikungunya, Amazon. x RESUMO LEIGO O Chikungunya é uma doença transmitida por mosquitos Aedes, popularmente conhecido como “mosquito da dengue” e os primeiros casos da doença em território brasileiro, foram registrados em Setembro de 2014. Além disso, essa infecção apresenta sintomas muito parecidos com outras doenças como a Dengue, principalmente a febre inicial do paciente, dificultando a identificação e o tratamento da doença pelos profissionais de saúde. Foi realizado um estudo em 171 pacientes febris, a fim de identificar a presença de infecção por CHIKV. Esses mesmos pacientes já haviam sido testados previamente para Malária e para Dengue e tiveram diagnóstico negativo. Assim foi possível observar os principais sintomas apresentados por estes pacientes: cefaleia (100%), mialgia (100%), calafrios (100%), artralgia (98%), dor retro ocular (97,9%) e dor nas costas (96,5%). Dentre os 171 pacientes, seis amostras apresentaram-se positivas para CHIKV, sendo que mais homens foram atingidos (60%) com média de idade de 24 anos, e 4 (66,7%) não residiam em Manaus. O presente trabalho também mostra que através dos registros de atendimento dos pacientes que o CHIKV já estava no Amazonas desde Março de 2014, antes dos principais órgãos de saúde no Brasil, identificarem os primeiros casos dessa infecção. Portanto, esse trabalho contribuiu para identificar os primeiros casos da infecção no estado e a forma como a doença se apresentou clinicamente, caracterizando um perfil de comportamento da infecção na população amazonense. Atualmente como o diagnóstico laboratorial do CHIKV no estado somente é realizado na FMT-HVD, em Manaus, as regiões mais afastadas da capital ficam praticamente inviabilizadas de confirmar a doença, uma vez que as vias de acesso são predominantemente fluviais, dificultando o diagnóstico nas regiões mais afastadas e apontando para um sub-registro dessa doença. Devido ao risco de acontecer surtos do CHIKV no Amazonas, os profissionais de saúde e a população, devem permanecer em alerta para os sinais dessa doença principalmente pela grande circulação de turistas nacionais e internacionais nessa região, já que os mesmos podem facilitar a distribuição dessa infecção em território amazonense, assim como, para outras regiões do mundo. xi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Ilustração do RNA viral e suas três proteínas estruturais (C, E1, E2) e quatro proteínas não estruturais (nsP1, nsP2, nsP3, nsP4).............................................2 FIGURA 2: Reconstrução filogenética das CHIKV incluindo genomas brasileiros...........4 FIGURA 3: Ciclos de transmissão do CHIKV...................................................................6 FIGURA 4: Introdução e distribuição dos genótipos Asiático e o ECSA do CHIKV nas Américas............................................................................................................................9 FIGURA 5: Casos notificados e confirmados de febre de chikungunya por município de notificação, até a Semana Epidemiológica 27, Brasil, 2016............................................10 FIGURA 6: Fluxo e triagem das amostras dos pacientes febris da FMT-HVD entre 20142015, e diagnóstico molecular em 171 amostras realizado na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto FAMERP.....................................................................................19 FIGURA 7: Curvas de amplificação qRT/PCR para detecção do vírus Chikungunya ...23 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Primers que foram utilizados na detecção de CHIKV RT-PCR...................15 Tabela 2: Principais sintomas apresentados pelos pacientes febris..........................21 Tabela 3: Relação das variáveis entre pacientes CHIKV negativos e CHIKV positivos...........................................................................................................................21 Tabela 4: Parâmetros laboratoriais entre pacientes CHIKV negativos e CHIKV positivos...........................................................................................................................22 xiii LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA CHIKV- Vírus Chikungunya MAYV- Vírus Mayaro ECSA- genótipo Suldeste-Centro-Sul africano do vírus Chikungunya Ae- Aedes RT- PCR- Transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase ELISA- Sorologia por testes imunoenzimáticos IgG- Imunoglogulina G IgM- Imunoglobulina M SE- Semana Epidemiológica FC- Febre por Chikungunya FMT- HVD- Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado AM-Amazonas IDoctor- Prontuário eletrônico LVP- Laboratório de Pesquisa em Virologia FAMERP- Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto PA- Pronto Atendimento AM- Amazonas µl- Microlitros ml- mililitros xiv º C- Graus Celsius AVE- solução tampão de eluição (200 mM Tris-HCl, pH 8,4, 500 mM KCl) RT- Transcriptase Reversa CHIK F- oligonucleotídeo específico F CHIK R- oligonucleotídeo específico R PCR- Reação em Cadeia da Polimerase CXR- corante fluóforo utilizado na marcação de sondas EUA- Estados Unidos da América nM- nanômetros HCl- ácido clorídrico NaCl- Cloreto de Sódio MgCl2- Cloreto de Magnésio DTT- Dithiothreitol dNTP- Deoxynucleoside Triphosphate CHIKV WEA R- primer CHIKV WEA F- primer RNase OUT-Invitrogen- enzima inibidora de ribonuclease USA- United States of America U/mL- Unidade por mililitro M- MLV RT- enzima transcriptase reversa RT- Trancriptase Reversa KCl- Cloreto de Potássio Taq DNA- Enzima da polimerase xv %- sinal de porcentagem pb- pares de base TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido n- número DENV- vírus da Dengue ZIKV- Vírus da Zika CDC- Centro de Controle e Prevenção de Doenças µL- Microlitro U- Unidade µM- Micromicrometro mM- milimol UNAV- Una vírus xvi SUMÁRIO 1. 1.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1 Histórico e epidemiologia ................................................................................................. 1 1.2. Vírus Chikungunya ............................................................................................................... 2 1.3. Aspectos clínicos ................................................................................................................ 5 1.4. Transmissão ........................................................................................................................ 6 1.5. Diagnóstico e tratamento ..................................................................................................... 7 1.6. Dispersão do CHIKV ............................................................................................................ 8 2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 13 2.1 Objetivo geral...................................................................................................................... 13 2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 13 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 14 3.1. Modelo de estudo .............................................................................................................. 14 3.2. Local e população de estudo ............................................................................................. 14 3.3. Procedimentos ................................................................................................................... 14 3.3.1. Coleta de amostras ............................................................................................................... 14 3.3.2 Extração de RNA .................................................................................................................... 15 3.3.2.1Primers utilizados qRT-PCR .......................................................................................... 15 3.3.3. qRT-PCR ....................................................................................................................... 16 3.3.3.1Primers utilizados na RT-PCR........................................................................................ 16 3.3.4 RT-PCR para detecção de CHIKV............................................................................................. 16 3.3.5 Eletroforese em gel de agarose.............................................................................................. 17 3.4. Aspectos éticos .................................................................................................................. 17 3.5. Análise de dados ............................................................................................................... 18 4. RESULTADOS.........................................................................................................................19 5. DISCUSÃO..............................................................................................................................24 6. CONCLUSÃO..........................................................................................................................34 7. REFERÊNCIAS........................................................................................................................35 8. ANEXOS..................................................................................................................................43 ANEXO I.......................................................................................................................................43 ANEXO II .................................................................................................................................. 46 ANEXO III ................................................................................................................................. 47 ANEXO IV ................................................................................................................................ 48 ANEXO V ................................................................................................................................. 50 xvii ANEXO VI....................................................................................................................................51 ANEXO VII...................................................................................................................................52 ANEXOVIII...................................................................................................................................53 ANEXO IX....................................................................................................................................54 ANEXO X.....................................................................................................................................56 ANEXO XI....................................................................................................................................58 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Histórico e epidemiologia O nome Chikungunya é derivado de uma palavra na língua Makondes (falada por uma população que vive na região de Moçambique), que significa: “tornar-se contorcido” ou “aqueles que se dobram”, e é usada para descrever tanto o vírus como a doença1. Esta descrição refere-se a postura curvada que se desenvolve como um resultado dos sintomas artríticos desta doença2. Entre 1952 e 1953, no leste do continente africano, aconteceu o primeiro registro dessa doença na província de Tanganyika, na Tanzânia1. Em 1955, o primeiro relatório a notificar a maioria dos casos de infecção por CHIKV, descrevia a África e a Índia como foco primário da infecção no mundo. A partir de então, nos últimos 60 anos, vários países da África, na região do Oceano Índico, Sudeste Asiático e Índia, tem-se relatados casos isolados ou surtos epidêmicos da infecção3. Em 2004, uma grande epidemia de CHIKV, começou na costa do Quênia, seguido em 2005 por sequenciais surtos em Comoros, Ilha da Reunião, e outros ilhas no sudoeste do Oceano Índico. As Ilhas da Reunião foram massivamente afetadas com cerca de 266 000 casos da infecção4, 5,6. Nos anos seguintes, uma epidemia devastou o subcontinente indiano, entre 2005- 2006, causando mais de um milhão e meio de casos7. Em meados dos anos 2000, casos da doença foram registrados em países da Europa, demonstrando que essa região também é suceptível as arboviroses8, 9. A infecção foi confirmada nas Américas em 2013, chegando ao Brasil no ano seguinte, e desde então, 45 países ou territórios já apresentaram transmissão local na América do Norte, Central, Sul e Caribe10. 2 1.2. Vírus Chikungunya O Chinkungunya vírus pertence à família Togaviridae e ao gênero Alphavirus, apresenta-se na forma esférica envelopada, com 60 a 70 nm de diâmetro11, 12,13. Tem envelope fosfolipídico e é sensível a dessecação e a temperaturas acima de 58⁰C7. Como todos os Alphavirus, CHIKV apresenta um genoma constituído por uma molécula de RNA de cadeia simples linear e sentido positivo, que codifica quatro proteínas não estruturais (ns1-4), e três proteínas estruturais14,13 (C,E1,E2) necessárias para as replicações virais (Figura 1). As proteínas E2 e E1 apresentam-se como heterodímeros em pH neutro. A proteína E1 encontra-se abaixo de E2 e tem a função de unir o vírus com a membrana celular durante sua entrada na célula. Já a proteína E2 forma picos na superfície do vírus para interagir com receptores celulares14, 16. Figura1: Ilustração do RNA viral e suas três proteínas estruturais (C, E1, E2) e quatro proteínas 15 não estruturais (nsP1, nsP2, nsP3, nsP4). Adaptada de Khan A H et al. J Gen Virol 2002 . Os Alphavirus apresentam uma variedade de espécies de vírus, que se subdividem em quatro complexos de acordo com a proximidade de suas características genéticas. O Chikungunya é membro do subgrupo Semliki Forest complexo, juntamente com, Mayaro vírus (MAYV), Semliki Forest, O'nyong-nyong e Ross River vírus12, 13 . São amplamente distribuídos por todo o mundo, podendo ser encontrados em todos os continentes, exceto na região da Antártida. As distribuições geográficas das espécies 3 individuais são restritas por causa de condições ecológicas, hospedeiro-reservatório e restrições vetoriais17, 18. Além da proximidade genética entre o MAYV e CHIKV, o que também os tornam intimamente relacionados é a semelhança na apresentação clínica dos sintomas, porém19, enquanto o Chikungunya é amplamente distribuído no mundo, o MAYV está limitado geograficamente a América Central e a América do Sul10, 20. O CHIKV teve sua origem da África, onde circula em complexos ciclos silvestres envolvendo artrópodes como vetores e primatas não humanos. A adaptação do vírus RNA em uma nova espécie hospedeira ou vetor resulta muitas vezes no surgimento de novas linhagens virais. As cepas do CHIKV estão agrupadas em três genótipos distintos: África Ocidental, Leste - Central – Sul da África (ECSA) e Asiático21. Depois do isolamento do CHIKV na Tanzânia, em 1952, a primeira emergência registrada do CHIKV ocorreu com sua introdução no sudeste asiático e na Índia, instalando-se em um ciclo de transmissão urbano que continua até hoje, onde o Ae. aegypti é o principal vetor22. A segunda emergência do CHIKV ocorreu em 2004, no Quênia que se disseminou pelos anos seguintes por diversas ilhas do Oceano Índico, atingindo a Índia e sudeste asiático. Em 2006, nas Ilhas da Reunião, aconteceu a terceira emergência relacionada ao CHIKV, onde mutações virais no genótipo ECSA levaram a uma transmissibilidade mais eficaz pelo mosquito Ae. albopictus durante uma grande epidemia16 Os genótipos susceptíveis indicam evolução independente do vírus em áreas isoladas historicamente. Diferenças fenotípicas foram descritas entre genótipos e entre as cepas individuais, mais notavelmente uma mutação na região E1 entre algumas linhagens ECSA, parece facilitar a replicação do vírus no vetor Aedes albopictus16. Um recente estudo verificou que o CHIKV detectado na ilha Caribenha de St. Martin em 2013, corresponde ao genótipo asiático, pois está intimamente relacionado com cepas isoladas na China e nas Filipinas. Esta descoberta apóia a idéia de que uma 4 única cepa CHIKV, a do genótipo asiático, recentemente introduzido no Caribe é a que atualmente está sendo disseminada em toda a região caribenha23. No Brasil, com a introdução do CHIKVem 2014, uma análise de sequênciamento genético demonstrou que duas linhagens distintas foram identificadas. Na Bahia (Feira de Santana), o genótipo ECSA foi identificado em Junho de 2014, já a cepa Asiática foi observada no Amapá(Oiapoque) em Setembro do mesmo ano(Figura 4) e tem similaridade com as mesmas linhagens asiáticas circunlantes no Caribe24(Figura 2). Figura 2: Reconstrução filogenética das CHIKV incluindo genomas brasileiros. As linhagens envolvidos na transmissão autóctone do Brasil em Oiapoque e Feira de Santana são destacadas 24 em azul (A) e vermelho (B), respectivamente. Adaptado de Nunes MR et al, BMC Med 2015 . 5 1.3. Aspectos clínicos Após a picada do mosquito, o CHIKV apresenta um período de incubação que varia de 2 a 12 dias, porém na maioria dos casos o vírus permanece em incubação por 3 a 7 dias, quando aparecem os primeiros sinais e sintomas da doença25. Clinicamente a doença apresenta uma fase aguda caracterizada por febre alta (acima de 38,9 ° C), com início súbito e duração de vários dias, que pode vir acompanhada de dor de cabeça, dor nas costas, calafrios, mialgia, náuseas e vômitos1. A artralgia é uma característica da doença que juntamente com as manifestações clínicas, permite o diagnóstico diferencial com outras infecções por Alphavirus26. Passada a fase aguda, a maioria dos sintomas desaparecerem, mas alguns pacientes costumam apresentar dor nas articulações, que podem perdurar e ser tão grave a ponto dos mesmos adotarem uma postura curvada por anos1. Raramente a doença evolui para um quadro grave apresentando como principais complicações meningoencefalite e morte. A transmissão vertical foi documentada durante a grande epidemia nas Ilhas da Reunião, entre 2005 e 2006, em mulheres grávidas infectadas próximo ao parto27. A infecção pelo CHIKV pode apresentar-se também na forma assintomática que pode contribuir para propagação da doença na presença do vetor25. A clínica de pacientes febris, em regiões onde há a co-circulação da tríplice epidemia por CHIKV, DENV e ZIKV como no Brasil, têm sido um desafio para os profissionais, devido à similaridade sintomatológica apresentados por essas arboviroses28. O mesmo também pode ser observado entre os sinais e sintomas causados por MAYV a algumas arboviroses, e principalmente ao CHIKV, por serem filogeneticamente semelhantes e fazerem parte do mesmo subgrupo, Semliki forest complexo dos Alphavirus19. Em áreas endêmicas de MAYV, o diagnóstico sorológico não é o mais recomendado. Portanto, o diagnóstico com foco no agente etiológico (biologia molecular e o isolamento viral) é o método de escolha para diferenciar estas infecções28, 19. 6 1.4. Transmissão O mosquito do gênero Aedes, é o principal vetor do CHIKV, sendo o mais comum o Aedes aegypti, largamente conhecido pela transmissão de dengue. O Ae. albopictus é a outra espécie de mosquito de grande importância na disseminação de CHIKV, ele pode ser encontrado em ambientes, rurais e periurbanos, agravando a transmissão da doença3. No Brasil, a presença e disseminação dos mosquitos vetores são intensas por todo território nacional já que, são comumente encontrados em regiões tropicais e subtropicais29. A transmissão do vírus acontece pela picada de fêmeas de mosquitos infectadas, obedecendo a um ciclo humano-mosquito-humano30 (Figura 2). Essas fêmeas possuem o hábito de fazer repasto sanguíneo durante todo o dia, embora seus picos de atividades sejam pela manhã e no final da tarde21. 31 Figura 3: Ciclos de transmissão do CHIKV. Adaptada de Petersen L., 2010 . Um ciclo enzoótico de CHIKV pode se estabelecer com esporádicas epidemias humanas. Este padrão tem sido observado na África32 e, no sudeste da Ásia33, onde há alguma evidência de um ciclo de transmissão CHIKV silvestre, envolvendo primatas não 7 humanos e mosquitos que habitam a floresta, semelhante ao observado para o vírus da febre amarela silvestre34. 1.5. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico para CHIKV é baseado na sintomatologia, epidemiologia e testes laboratoriais. No entanto, a confirmação laboratorial é crucial, a fim de se descartar doenças que apresentam sintomatologia semelhantes35, 36. Dessa forma, o diagnóstico laboratorial específico pode ser realizado basicamente de três formas: o isolamento viral, teste molecular por transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR), e por sorologia pelos testes imunoenzimáticos (ELISA). O isolamento viral pode ser realizado a partir do soro de pacientes ou de insetos infectados usando células de mamíferos. A técnica de isolamento viral é de difícil realização pois mostra-se efetiva apenas no período de viremia, quando as amostras ainda são negativas para anticorpos36. Já os ensaios moleculares, como a RT-PCR são usados por serem métodos sensíveis e rápidos para detectar alfaviroses. Essta técnica amplifica os genes nsP1, nsP2 e E1, pois utilizam primers genéricos de Alphavirus ou primers específicos do vírus37. O método de diagnóstico molecular, assim como o isolamento viral, é dependente do período de viremia. Para o CHIKV essa técnica é eficaz durante a fase inicial de 1 a 8 dias da doença, antes de uma resposta imunológica efetiva38,39. Em contra partida, os ensaios sorológicos são amplamente realizados, pois não dependem do período de viremia, já que identificam anticorpos contra o vírus e detecta tanto uma infecção recente, dosagem de imunoglobulina IgM como uma infecção ocorrida no passado, dosagem de IgG. Na infecção por CHIKV a IgM torna-se positiva de 5-7 dias após o início da infecção, persistindo por vários meses11, 25,7 . Entretanto, não se recomenda fazer unicamente a sorologia como diagnóstico , quando se quer identificar um vírus específico, pois pode ocorrer reação cruzada entre os anticorpos 8 produzidos por infecções por CHIKV e MAYV (Semliki forest complexo), que podem circular cocomitantemente numa mesma região21. Atualmente a terapia para infecção por CHIKV, é administrada apenas para tratar os sintomas, pois ainda não há um tratamento antiviral específico disponível. Para os primeiros sinais primários, característicos da infecção, que incluem febre e dores nas articulações, são utilizados analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios 40 . Nos casos de artrite crônica que geralmente se instala após a fase aguda na infecção por CHIKV, é utilizado fosfato de Cloroquina que demostrou-se eficiênte ao proporcionar alívio da dor nos doentes que não obtiveram uma boa resposta aos fármacos anti-inflamatórios não hormonais. Além dessas drogas, ações como repouso e ingestão de líquidos são recomendadas41. Uma resposta imunitária vigorosa limita a doença produzida por CHIKV e confere proteção contra uma re-infecção42.Embora ainda estejam sendo estudadas, a vacina para CHIKV podem ser uma opção preventiva e terapêutica para o futuro43. 1.6. Dispersão do CHIKV Nas regiões onde a doença é endêmica, pacientes em estágio inicial da infecção, que se deslocam para áreas onde não há circulação viral, podem carrear o vírus e serem responsáveis por disseminar o CHIKV em locais onde há a presença do vetor8,44. Em 2007, o CHIKV foi encontrado em transmissão autóctone (humano-paramosquito-para-humano) no norte da Itália após ter sido introduzido por um viajante infectado pelo vírus, advindo da Índia (caso importado)45. Na França 808 casos importados foram registrados entre 2005 e 2006, assim como relato de casos na Alemanha e Noruega9 e nos seguintes países: Albânia (1979)46, Itália (1990)47, França (1999)48, Suíça (2003)49, Grécia (2003)50, Espanha (2004)51, Bélgica (2004)52. Com a identificação do Ae. albopictus, demostrou-se, a grande vulnerabilidade da Europa às arboviroses9, 53,54. A partir de então, a preocupação com a propagação do vírus atingiu seu pico em todo o mundo. Casos importados também foram identificados no ano de 2010 em Taiwan, na França, nos Estados Unidos e no Brasil, trazidos por viajantes advindos da Ásia45. 9 No Brasil, registrou-se o primeiro caso importado da doença na cidade do Rio de Janeiro em Agosto de 2010, por um paciente do sexo masculino que havia viajado para Sumatra, na Indonésia55. O primeiro surto documentado de Chikungunya com transmissão autóctone nas Américas, aconteceu em dezembro de 2013, onde foram registrados casos autóctones da doença, em países mais próximos do Brasil, como os do Caribe, como pode ser visto na Figura 4. Na parte francesa da ilha caribenha de St Martin, foram confirmados laboratorialmente dois casos de CHIKV. Desde então, a transmissão local foi confirmada na parte holandesa da ilha (St Maarten)57. Figura 4: Introdução e distribuição dos genótipos asiáticos e o ECSA do CHIKV nas Américas. 56. Adaptada de PAHO-WHO, 2015 Em 12 de Setembro de 2014 o Brasil registrou o primeiro caso de Chikungunya por transmissão autóctone no estado do Amapá , e na semana seguinte, uma segunda 10 introdução do vírus também foi registrada na Bahia (Figura 4). Ainda em 2014, desde a introdução do vírus, na semana epidemiológica (SE) 37 até a SE 53, foram registrados 3655 casos suspeitos de Febre por Chikungunya (FC) no Brasil, sendo 140 confirmados por critério laboratorial; 2.628 por critério clínico-epidemiológico; 479 continuavam sob investigação e 408 foram descartados. Já em 2016, foram notificados 169.656 casos prováveis de Chikungunya no país (até a SE 27) e cerca de 63.000 casos foram confirmados. No cenário atual, todos os estados da Federação já apresentaram casos confirmados da doença, totalizando cerca de 2.154 municípios acometidos (Figura 5). O Nordeste tem apresentado a maior taxa de incidência entre as demais regiões do país (267,8 casos por 100 mil habitantes), seguida pela região Norte (27,5), em que o estado do Amazonas registra uma taxa de incidência de 14,4 casos por 100 mil habitantes. Em geral, foram confirmados laboratorialmente 38 óbitos, e a média de idade entre eles foi de aproximadamente 71 anos: Pernambuco (25); Paraíba (2); Rio de Janeiro (2); Rio Grande do Norte (5); Ceará (2); Maranhão (1) e Alagoas (1)58. Figura 5: Casos notificados e confirmados de febre de chikungunya por município de notificação, 58. até a Semana Epidemiológica 27, Brasil, 2016 11 No Brasil, o MAYV é considerado endêmico e responsável por surtos esporádicos na região Amazônica e afeta principalmente pessoas que habitem e trabalhem em ambiente rural, em contato com a floresta59. Com a introdução do CHIKV nesta região, tornou-se mais um fator de confusão para o diagnóstico diferencial, já que as apresentações clínicas do MAYV e CHIKV se sobrepõem, pois ambas se caracterizam por febre alta com comprometimento articular. Além disso, a reatividade cruzada entre o MAYV e CHIKV tem sido relatada, devido a suas relações antigênicas, mas não se sabe se a exposição prévia ao MAYV fornece proteção contra CHIKV60, 61. Outro fator preocupante para a saúde pública é a distribuição geográfica dos Alphavirus que tem se expandido acompanhado do aumento das viagens em todo o mundo62, 8. Nos últimos anos o crescente processo de globalização tem favorecido a alta mobilidade de pessoas entre as diversas regiões do mundo. Concomitante a isso, mudanças climáticas e a alta infestação por Ae. Aegypti e Ae. Albopictus em áreas urbanas e periurbanas, favorecem a propagação e amplia o risco de transmissão de doenças. Dessa forma, o interesse em estudar a prevalência do CHIKV, foi despertado pelo risco de emergência de epidemias desse vírus no Brasil e no estado do Amazonas. O clima é favorável, há a presença dos vetores competentes, além do seu estratégico posicionamento geográfico, atrelados a grande circulação de turistas que podem ser possíveis carreadores ou disseminadores dessas infecções, potencializando o risco de ocorrência de surtos de infecções por esse vírus. A semelhança do quadro clínico entre algumas arboviroses, principalmente o estado febril apresentado pelo paciente, dificulta fazer a diferenciação dos agravos e direcionar para o correto diagnóstico e para a conduta mais adequada. Dessa forma fazem-se necessárias ações de vigilância em saúde com direcionamento na abordagem sindrômica, para distinguir as infecções febris, com foco principal nos vírus CHIKV. 12 Portanto a vigilância epidemiológica para Chikungunya, conduzida pela abordagem sindrômica das doenças febris aguda, pode ser um método eficiente para monitorar uma possível epidemia dessas infecções e observar o comportamento clínico da mesma, na população no período de estudo. 13 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Estimar a prevalência de infecção por CHIKV em pacientes apresentando síndrome febril assistidos na Fundação de Medicina Tropical- Heitor Vieira Dourado/AM (FMT- HVD). 2.2 Objetivos específicos Avaliar a positividade para CHIKV em amostras de pacientes febris oriundos de abordagem sindrômica com diagnóstico negativo para dengue e malária. Descrever as características demográficas, clínicas e laboratoriais da infecção por Chikungunya na população estudada. 14 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Modelo de estudo O desenho de estudo proposto é do tipo exploratório descritivo de delineamento transversal, baseado em dados oriundos dos resultados dos exames laboratoriais de testes moleculares para CHIKV da análise de dados provenientes dos prontuários dos participantes da pesquisa, através do sistema de prontuário eletrônico IDoctor, atualmente em funcionamento na FMT-HVD. 3.2. Local e população de estudo Esse projeto foi desenvolvido na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) na cidade de Manaus-AM, e os ensaios moleculares para análises das amostras foram realizados no Laboratório de Pesquisa em Virologia (LPV) da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). A população do estudo foi constituída por pacientes que apresentarem até cinco dias de doença febril aguda sem causa definida, que deram entrada no ambulatório de doenças febris e no Pronto Atendimento (PA) da FMT-HVD entre 2014 e 2015, que tiveram no seu diagnóstico resultados negativos para Dengue e Malária e que aceitaram participar do presente estudo. 3.3. Procedimentos 3.3.1. Coleta de amostras A coleta do material biológico foi realizada por técnicos em laboratório, onde foram coletados 5 mL de sangue em tubo sem anticoagulante para o diagnóstico de 15 malária e dengue (Anexos VIII, IX, X). Nos casos negativos para tais infecções, a partir da referida amostra foi retirada alíquotas de 500 - 1000µL em microtubos de 1,5 mL. Tais microtubos foram armazenados na soroteca do laboratório de virologia da FMTHVD/AM a -80º C. Ao fim do período estabelecido para a coleta, todas as amostras foram preparadas e enviadas ao laboratório onde foram analisadas, sendo, portanto, armazenadas em suportes e embaladas em plásticos, colocadas em isopor contendo gelo seco para manter temperatura de -80º C, seguindo o protocolo da empresa de transporte aéreo e encaminhado ao Laboratório de Pesquisa em virologia da FAMERP, local onde foram realizados os testes moleculares para o diagnóstico dos vírus Chikungunya. 3.3.2 Extração de RNA A extração de RNA de 171 amostras de soro negativas para dengue, o RNA viral foi extraído a partir de 140 µl de soro, utilizando o Qiamp Viral RNA Kit (Qiagen®), de acordo com as recomendações do fabricante. O RNA foi eluído em 60µl de tampão AVE e conservado a – 80º C até o momento do uso. 3.3.2.1Primers utilizados qRT-PCR Os primers específicos que foram utilizados na detecção de CHIKV se ligam a região do gene do capsídeo (Tabela 1). Tabela 1. Primers que foram utilizados na detecção de CHIKV63 Primers CHIKV 874 CHIKV 961 CHIKV 899 FAM Posição no genoma 874-894 961-942 899-923 Sequência (5’ - 3') AAAGGGCAAACTCAGCTTCAC GCCTGGGCTCATCGTTATTC Referência Lanciotti et CGCTGTGATACAGTGGTTTCGTGTG al., 2008 16 3.3.3. qRT-PCR A qRT-PCR segundo a metodologia descrita por Lanciotti et al., 200863. 3.3.3.1Primers utilizados na RT-PCR Os primers específicos que foram utilizados na detecção de CHIKV se ligam a regiões do gene do capsídeo (Tabela 2). Tabela 2. Primers que foram utilizados na detecção de CHIKV64 Primers CHIKV WEA R CHIKV WEA F Sequência (5'-3') Amplicon (pb*) Referência 500 Plante et al., 2011 TGGCCTTTAAGCGGTC TATGGTCTTGTGGCTTTATAGAC * pb: pares de base. 3.3.4 RT-PCR para detecção de CHIKV A reação de PCR para a detecção de CHIKV, em que foi realizada uma etapa de Transcriptase Reversa utilizando oligonucleotídeos específicos CHKF e CHKR, bem como sondas específicas marcadas com corante de fluoróforo CXR64 (Plante K, et al., 2011). A reação de transcrição reversa (RT) foi realizada pela adição de 8 µl de RNA em uma mistura contendo 4 µl de solução tampão (Quiagen) cinco vezes concentrada (20 mM Tris-HCl, pH 7,5, 100 mM NaCl, 15 mM MgCl2), 1,0 mM de DTT (Dithiothreitol), 1,0 µl da mistura contendo 10 mM de dNTP (Deoxynucleoside Triphosphate), 1 µl do primer CHIKV WEA R (15 µM), 1 µl do primer CHIKV WEA F (15 µM), 1,0 µL (40 U/ µL) do inibidor de ribonuclease (RNaseOUT-Invitrogen, USA), 1 µl (200 U/µl) de enzima 17 transcriptase reversa (M-MLV RT-Invitrogen, USA) e água suficiente para completar 20 µl. A reação ocorreu seguindo as recomendações do fabricante. A reação em cadeia da polimerase (PCR) consiste em 8 µl do produto da RT, 5 µl da solução tampão (qiagen) 10 vezes concentrada (200 mM Tris-HCl, pH 8,4, 500 mM KCl), 4 µl de MgCl2 a 25 Mm, 1 µl da mistura contendo 10 mM de dNTP, 1µl do primer WEA R (15 µM), 1 µl do primer CHIKV WEA F (15 µM), 1 U da enzima polimerase (Taq DNA polymerase recombinant-Invitrogen, USA) e água suficiente para completar 50 µl. A mistura foi submetida a um passo de desnaturação inicial a 95ºC por 1 minuto, seguida por 35 ciclos de 95ºC por 1 minuto, 50ºC por 1 minuto e 72ºC por 2 minutos, finalizando com um ciclo de 72ºC por 5 minutos. As reações de RT-PCR foram realizadas em termociclador Veriti Thermal Cycler (Applied Biosystem, USA). 3.3.5 Eletroforese em gel de agarose Em todas as amostras foi realizada a eletroforese em gel de agarose a 1,5% (peso/volume) com coloração de brometo de etídio, para se observar os amplicons à luz ultravioleta. Precauções para se evitar contaminações foram seguidas, e controles positivos e negativos foram utilizados em todas as reações. 3.4. Aspectos éticos Toda pesquisa na ciência humana é uma interferência direta ou individual na vida humana, por isso, independente da sua metodologia e objetivo, precisamos estar atentos e críticos para avaliar os danos que elas podem causar à vida, nas suas diferentes dimensões. As amostras biológicas selecionadas para este estudo compõem um banco de amostras (biorrepositório) da Gerência de Virologia, formado a partir de um projeto guarda-chuva intitulado “DOENÇAS FEBRIS AGUDAS EM UMA UNIDADE TERCIÁRIA DE SAÚDE DA AMAZÔNIA OCIDENTAL BRASILEIRA: ESTUDOS DE 18 EPIDEMIOLOGIA, CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICA”, aprovado pelo CEP local (Aprovação N° 2015/2010 - Processo N° 2337/2010), para o qual os participantes consentiram em participar por meio da assinatura de um TCLE. Nos casos de confirmação de diagnóstico para CHIKV, foi realizada a busca ativa dos participantes e seguimento ambulatorial integral, conforme necessidade, além da notificação dos casos à Vigilância Epidemiológica da FMT-HVD e para as instâncias municipais de saúde dos casos confirmados. 3.5. Análise de dados As informações clínicas e laboratoriais dos pacientes resgatadas no IDoctor, assim como os dados referentes aos testes moleculares, foram armazenadas no Microsoft Office Excel 2007 e após sua consolidação a análise foi realizada no Software Stata 13.0. A prevalência da infecção por CHIKV foi estimada e a relação com dados sócioepidemiológicos, foi feita aplicando o teste Qui-quadrado (Teste Exato de Fisher’s). Na análise das variáveis contínuas (ou numéricas), foi realizado um teste de normalidade (Shapiro wilk) e para dados paramétricos foi aplicado o teste t Student e dados não paramétrico o teste Mann-Whitney. Para os testes acima citados, a significância estatística foi considerada quando p<0.05. 19 4. RESULTADOS Foram analisadas por qRT-PCR 171 amostras de soro de pacientes febris, sendo que seis amostras apresentaram-se positivas para CHIKV (Figura 5). Laboratório de Virologia FMT-HVD/AM 2014-2015 (n=1079) 2014 2015 Malária(+) Dengue(+) Malária(+) Dengue(+) 2018 156 725 62 Malária(-) e Dengue(-) 961 * P(+)Positivos * N(-) Negativos até 5 dias de febre IgM MAYV 171 N=128 Mayaro (-) 171 Prevalência 3,5% FAMERP qRT-PCR CHIKV (+) 6 Figura 6: Fluxo e triagem das amostras dos pacientes febris da FMT-HVD entre 2014-2015, e aplicação de diagnóstico molecular em 171 amostras realizado na FAMERP. 20 Dentre os pacientes que foram atendidos na FMT-HVD, que apresentaram síndrome febril e que eram considerados casos suspeitos de infecção por CHIKV, no período entre Janeiro de 2014 a Junho de 2015, aproximadamente 55% dos mesmos eram do gênero feminino. Porém, ao analisar a prevalência por sexo entre os pacientes com diagnóstico positivo, a maioria pertencia ao sexo masculino (60%). No instante da primeira consulta, realizada no ambulatório de doenças febris ou no PA da instituição, que é a porta de entrada para esses pacientes, além de relatarem febre (n=158) como sintomatologia mais frequente, também foram mencionados pelos mesmos, vários outros sintomas que estavam associados ao estado febril. Entretanto, alguns desses sintomas, destacaram-se por estarem em maior evidência de acordo com a ordem de prevalência, respectivamente: cefaleia (100%), mialgia (100%), calafrios (100%), artralgia (98%), dor retro ocular (97,9%) e dor nas costas (96,5%) (Tabela 1). Para o referido estudo foram selecionados os pacientes que estavam com até 5 dias de febre. Sendo assim, foi analisada a frequência em dias, em que o paciente apresentando febre, chegou ao seu primeiro atendimento na FMT-HVD. Dessa forma, foi observada uma maior intensidade na procura pelo atendimento por esses pacientes, entre o terceiro e o quinto dia no curso do seu estado febril (Tabela 1). Na realização da triagem após o procedimento de biologia molecular, dentre os 6 pacientes positivos para CHIKV (Figura 7), em apenas 5 possuíam informações pessoais dos prontuários no sistema IDoctor. Dessa forma, foi constatado que a média de idade entre os pacientes CHIKV positivos era de 24 anos, a média das idades não apresentaram diferença estatística quando comparamos o grupo de pacientes positivos e os negativos (p value 0,1950) (Tabela 2). Ainda analisando a positividade de CHIKV em 6 pacientes das nossas amostras, foi possível observar a prevalência, objetivo do nosso estudo. Assim, contatamos que a mesma foi de 3,5%, numa população de 171pacientes febris com até 5 dias de febre. 21 Tabela 2: Frequência dos principais sintomas apresentados pelos pacientes febris (N=171) da FMT-HVD entre 2014-2015. Principais Sintomas Febre (n=158) 1oDia 2oDia 3oDia 4oDia 5oDia Artralgia (n=50) Cefaleia (n=110) Mialgia (n=97) Dor nas costas (n=29) Prurido (n=25) Calafrios (n=55) Náuseas (n=16) Vômito (n=21) Diarreia (n=17) Dor retrocular (n=47) Dor abdominal (n=29) Frequência (%) 5,7 12,7 27,2 25,31 29,1 98 100 100 96,5 96,2 100 93,7 95,2 94,1 97,9 96,5 Em relação as variáveis demográficas, ao observarmos a média de idade entre os pacientes CHIKV negativos comparada aos pacientes CHIKV positivos, podemos inferir que não houve diferença estatística entre esses dois grupos, pois o p value foi 0,1950. A proporção na variável relacionada ao sexo entre CHIKV positivo e CHIKV negativo, também não se constatou significância estatística entre os mesmos, visto que o p value foi 0,520. Quando avaliada a variável que corresponde aos pacientes que residem na capital do estado do Amazonas, evidenciou-se que uma diferença estatisticamente significativa (p value 0.0019). Isso por que 95,2% dos pacientes CHIKV negativos residiam em Manaus, já entre os CHIKV positivos, 40% residiam também na capital, Manaus. 22 Tabela 3: Associação das variáveis demográficas entre pacientes CHIKV negativos e CHIKV positivos CHIKV negativos (n=165) CHIKV positivos p (n=5) Idade - média (DP) 34,2 anos (18,0) 24,3 anos (16,1) 0,1950* Sexo masculino - nº (%) 75 (45,5) 3 (60,0) 0,5200** Sexo feminino - nº (%) 90 (54,5) 2 (40,0) Residente em Manaus - nº (%) 157(95,2) 2 (40,0) Residentes outras localidades - nº (%) 8 (4,8) 3 (60,0) Variáveis * Teste t 0,0019** ** Teste exato de Fisher DP = Desvio padrão Obs.: houve mais um caso positivo em que não havia registro das características demográficas Quanto aos parâmetros laboratoriais, não foi observada diferenças estatísticas das variáveis hematológicas analisadas, entre pacientes CHIKV positivos e os CHIKV negativos (Tabela3). Tabela 4: Associação dos parâmetros laboratoriais entre pacientes CHIKV negativos e CHIKV positivos Parâmetros Laboratoriais Hematócrito (%) Leucócitos (mm³) Linfócitos (mm³) Trombócitos (mm³) *Teste T * Teste Mann-Whitney CHIKV negativos (n=145) CHIKV positivos (n=6) Média Desvio Padrão(SD) Média Desvio Padrão(SD) 40,6 04,5 41,2 06,5 6544,9 3247,5 7756 3202,4 2202,7 1280,7 2370.4 1294,6 243137,9 104961,7 221400 49792,6 p value 0,5780* 0,3250** 0,4936** 0,6715** 23 Figura 7: Curvas de amplificação qRT/PCR para detecção do vírus Chikungunya em amostras clínicas de pacientes febris do Ambulatório de Síndrome Febril da FMT-HVD, em Manaus/AM segundo a metodologia de Lanciotti et al., 2008. 24 5. DISCUSSÃO Entre os anos de 2014 e 2015, 171 amostras sorológicas de indivíduos febris com suspeita clínica para CHIKV e MAYV foram coletadas pelo Laboratório de Virologia da FMT-HVD. Antes de serem encaminhadas para São José do Rio Preto- SP a fim de se realizar diagnóstico molecular, cerca de 75% (n=128) das amostras foram previamente testadas IgM para MAYV (ANEXO XI). Embora não seja o método mais indicado para detecção do agente etiológico, uma vez que pode acontecer reação cruzada com outros vírus do complexo Semliki forest sorogroup19, principalmente Una vírus (UNAV), que é um subtipo de MAYV65, nenhuma das amostras apresentou resultado MAYV positivo. A avaliação realizada nos prontuários dos participantes da pesquisa, através do sistema de prontuário eletrônico, IDoctor, utilizado na FMT-HVD, foi insuficiente para traçar um perfil (quadro clínico, laboratorial e epidemiológico) mais detalhado, principalmente dos pacientes CHIKV positivos, devido a dados incompletos ou inexistentes. Ao tentarmos traçar um perfil geral dos sintomas referidos pelos pacientes febris durante a primeira consulta, constatamos que, a média da idade entre estes foi 34 anos e prevalência do sexo feminino. Quanto à sintomatologia, além da febre, cefaleia, mialgia, calafrios, artralgia e dor retro ocular, foram os que mais se destacaram por sua frequência. Esses mesmos sintomas, também foram característicos do quadro clínico de Chikungunya descrito pela OMS (2014), em que febre, artralgia e cefaleia, se destacam como alguns dos sintomas mais comuns característicos desta arbovirose66. Entre os positivos para CHIKV, o sexo masculino foi mais acometido e a faixa etária média entre foi de 24 anos. Dentre os pacientes acometidos, nenhuma criança foi diagnosticada para essa infecção. Um estudo realizado no Siri Lanka em 2007 caracterizou a infecção em pacientes com doença febril indiferenciada. Foi possível observar que dentre os pacientes febris avaliados, mais homens foram acometidos, contrastando com os 25 pacientes do nosso estudo. Já a faixa etária média entre estes mesmos pacientes foi aproximadamente 31 anos, apresentando características semelhantes a que encontramos. Ainda no Siri Lanka, pacientes positivos para CHIKV eram predominante masculinos, dados estes que reforçam a concordância com nosso estudo67. Em outro trabalho, Chakravarti et al. encontrou características diferentes. Diante do estudo realizado na região norte da Índia- Delhi em 2010, utilizando testes sorológicos em 324 pacientes febris, mulheres diagnosticadas com resultado positivo, foram mais afetadas comparadas aos homens (1: 1.34). Quando analisado o grupo de idade mais comum, foram mais acometidos os que tinham entre 31-41 anos. Já as crianças foi o grupo menos afetado, 3,3%68. Quanto a variável relacionada ao gênero, o mesmo aconteceu no estudo feito em Kerala 2007. Foram diagnosticados clinicamente 354 casos de CHIKV positivos, sendo, portanto, maiores de 35 anos e o gênero feminino os mais atingidos69. Ao observar os estudos descritos anteriormente, Não há consenso sobre o gênero mais acometido pelo CHIKV. Porém, ao avaliarmos a infecção entre as idades, os adultos parecem ser mais afetados quando comparados às crianças e a população acima de 60 anos. Quando analisarmos os sintomas que se destacam na apresentação deste agravo, um estudo que compara DENV e CHIKV entre viajantes, mostra as proporções em que sintomas como cefaléia, mialgia, prurido e características do exantema foram semelhantes em ambos os grupos, enquanto que artralgias foram significativamente mais frequentes no grupo CHIKV70. Nas Ilhas da Reunião, quando observado os sintomas mais frequentes em um surto de CHIKV, a artralgia e a febre foram os dois principais sintomas, respectivamente que mais se destacaram54. Em Kerala 2007, segundo um estudo realizado por Kannan et al., ao observar os sintomas que frequentemente caracterizavam pacientes positivos para CHIKV, além da febre (100%), a artralgia (99,4%), mialgia (99,4%) e dor de cabeça (97,5%) foram os que tiveram uma maior frequência69. 26 No estudo direcionado por Reller et al., quando observados os sintomas do grupo CHIKV positivo, dor muscular e articular se sobrepõem quando comparadas ao DENV e os dois grupos são igualmente propensos para cefaléia67. Apresentações sintomatológicas atípicas têm sido relatadas em casos de pacientes CHIKV positivos portadores de doenças subjacentes, como descritos no estudo realizado nas Antilhas francesas, no Caribe em 2014. Foi possível observar que além da febre e artralgia, síndrome de Guillain–Barré, encefalite e sepse severa pareciam ter uma maior associação com doenças autoimunes que com hipertensão arterial71. Características atípicas também foram encontradas em pacientes CHIKV positivos registradas por Economopoulou et al. O estudo desenvolvido nas Ilhas da Reunião observou em pacientes portadores de comorbidades, características clínicas que nunca tinham sido associadas à FC, como dermatose bolhosa, pneumonia e diabetes mellitus72. Os dados encontrados nos estudos citados acima, não apresentam concordância com o nosso estudo, pois não identificamos quaisquer manifestações clínicas indiferentes nos pacientes CHIKV positivos no Amazonas. Embora os sintomas mais comuns sejam frequentemente mencionados pelos pacientes acometidos por CHIKV, a apresentação clínica desta doença, pode ser confundida com consistentemente uma variedade encontrados de podem doenças ser infecciosas. considerados Poucos sintomas exclusivamente para Chikungunya. No entanto, a existência de dor articular incapacitante, parece ser específica de CHIKV7. No nosso estudo, também avaliamos a contagem dos elementos sanguíneos. No entanto, não foram observadas alterações hematológicas em pacientes CHIKV negativos e positivos, o que difere de achados de um grande surto de CHIKV nas Ilhas da Reunião que aconteceu entre 2005 e 2006, e que registraram a linfopenia seguida de trombocitopenia moderada como a anormalidade mais comum em pacientes positivos para CHIKV54. Essa mesma característica também é descrita pelo Centers for desease Control and Prevention (CDC)73. 27 O contrário foi observado em pacientes de um concomitante surto de DENV e CHIKV ocorrido no Gabão em 2010. Os dados biológicos dos pacientes em estudo foram quantificados e a contagem de seus linfócitos mostrou-se inferior em pacientes com DENV. Hochedez et al., observou as características hematologicas entre viajantes apresentando CHIKV e DENV. Sendo assim, foram significativamente mais frequentes quando comparados com pacientes positivos para CHIKV74, 70. Estudos como esses mostram que embora o linfopenia pode ou não estar presente em pacientes CHIKV positivos, e dessa forma não pode ser considerada especifica do CHIKV, principalmente quando outras infecções de manifestações clínicas semelhantes se fazem presentes numa mesma região. Portanto exames laboratoriais não definem o diagnóstico dessas doenças, sendo apenas auxiliares neste processo. Embora alguns sinais e sintomas de indivíduos podem sugererir CHIKV ou DENV, não existe características clínicas exclusivas para diferenciar estas duas doenças. Portanto, alguns sintomas assim como algumas características laboratoriais, podem estar mais evidenciados em uma infecção que em outra. O problema do diagnóstico diferencial pode ser agravado durante surtos concomitantes de CHIKV e DENV em uma área endêmica de malária, como no Amazonas. As alterações hematológicas dessas infecções, também são semelhantes às observadas em outras viroses. Nesses casos, uma característica laboratorial importante dos pacientes com FC é a linfopenia, que em muitos casos, encontra-se mais acentuada que em outras infecções. Essas características podem ser observadas na tabela do CDC em que compara dados clínicos e hematológicos entre CHIKV e DENV73. No advento da imersão de novos vírus em território brasileiro, como tem acontecido nos últimos anos, o diagnóstico diferencial da FC deve ser realizado com o DENV e ZIKV, por apresentar similaridade entre as manifestações clínicas tornando-as, em muitos dos casos, praticamente indistinguíveis e podem ser confundidas particularmente em áreas onde elas circulam simultaneamente75, 76,7. Assim, podemosse dizer que essas doenças por serem clinicamente e laboratorialmente semelhantes, há a necessidade de confirmação laboratorial com foco no agente etiológico para a sua identificação. 28 Desde 1779, epidemias por CHIKV têm sido registradas, mas foram equivocadamente documentadas como surtos de DENV74. Um ponto a se ressaltar no nosso estudo, é que dentre todos os pacientes com febre (os dados febris foram relatados por 158 pacientes), nenhum deles teve em seus registros hipótese diagnóstica para CHIKV, sendo, portanto, DENV, a suspeita diagnóstica mais comum. O mesmo aconteceu em Sri Lanka em 2007, quando o diagnóstico presuntivo inicial, abordava outras doenças febris, discordando da infecção em questão67. O CHIKV chegou as Américas em 2013 e este fato causou uma grande expectativa da introdução do vírus no Brasil. Desde então, o sinal de alerta foi acionado, uma vez que se observa um cenário amplamente infestado pelo Ae. aegypti, que está presente em todas as regiões brasileiras. Já o Ae. albopictus é mais restritamente encontrado, porém altamente competente para a transmissão do genótipo ECSA, uma vez que mutações o tornaram possivelmente mais virulento e o mesmo já se encontra em circulação no país16, 24,77. Os primeiros casos autóctones de CHIKV no Brasil foram confirmados no Oiapoque, Estado do Amapá, em 13 de Setembro de 2014. Sete dias depois, casos autóctones foram também confirmados em Feira de Santana, Bahia78, 24. Análises epidemiológicas e filogenéticas foram realizadas a fim de possibilitar a identificação da introdução do genótipo ECSA, que teve sua origem de Angola para Feira de Santana, em Junho de 2014. Usando os mesmos métodos, casos autóctones do genótipo asiático, na região do Oiapoque, no Amapá, foram identificados em Setembro de 2014 e parece que o mesmo, foi introduzido múltiplas vezes, provenientes de áreas epidêmicas na América do Sul e no Caribe. O genótipo asiático que circula no Amapá foi importado da Guiana Francesa24. No Amazonas, em junho de 2014 foi registrado o primeiro caso de CHIKV importado de Porto Príncipe/Haiti no estado, neste ano foram notificados 31 casos suspeitos sendo confirmados 9 (nove), todos importados. Os quatro primeiros casos autóctones registrados da infecção na capital do estado, aconteceram em Julho de 2015. Em 2016, foram notificados 165 casos, sendo confirmados 12 casos, destes 07 eram importados e 05 da capital do estado79. 29 Ao contrário do que se sabia sobre o histórico de infecção pelo CHIKV no Amazonas, o presente trabalho mostra a circulação do CHIKV desde Março de 2014, antes dos principais órgãos de saúde no Brasil, notificarem os primeiros casos da infecção. Ao analisar os casos positivos quanto à periodicidade e a localidade em que aconteceram as infecções por CHIKV, nosso estudo identificou casos da doença na capital do Amazonas, Manaus (3), e em outros três municípios do interior do estado: Urucurituba (1), Iranduba (1) e Eirunepé (1). O que chama atenção é o registro nos prontuários dos pacientes, referindo o período em que deram entrada para a primeira consulta apresentando sintomas da infecção. Seguindo a ordem cronológica em que aconteceram os casos da doença no Amazonas, o primeiro registro do paciente de 48 anos, sexo masculino, na FMT-HVD, aconteceu em 10/03/2014. O mesmo era residente no distrito de Augusto Montenegro, no município de Urucurituba, no interior do estado, não era militar, assim como também, não esteve em outras regiões fora do estado do Amazonas. O segundo paciente, cujos dados da infecção podem ser considerados os mais remotos (25/03/2014), tinha 2 anos, sexo feminino e residente em Manaus, porém o bairro não estava descrito no prontuário. A partir da confirmação laboratorial da doença, pudemos analisar a prevalência de CHIKV em nossas amostras de 171 pacientes até o quinto dia de febre. Assim pudemos constatar uma prevalência de 3,5%. Quando comparamos com um estudo realizado na Tanzânia entre 2013-2014, que também avaliou a mesma taxa em pacientes agudos para CHIKV, pudemos observar uma prevalência de 4,2%. Dessa forma podemos inferir que a prevalência em pacientes agudos na Tanzânia foi superior, porém não tão divergente quando comparada com a mesma taxa de prevalência do nosso estudo80. Também analisamos a taxa de incidência de CHIKV no Amazonas (0,15 casos/100.000 habitantes), a partir do resultado das nossas amostras, relacionando com a mesma variável no estado da Bahia (22,6 casos/100.000 habitantes)58 durante o mesmo período do nosso estudo (Jan-2014 a Junho 2015), e podemos observar que a 30 taxa no Amazonas é bastante inferior. Porém, aspectos geográficos e ecológicos estão relacionados aos quadros epidemiológicos na região Amazônica brasileira. A extensão territorial do estado e as vias de acesso predominantemente fluviais, assim como também a distribuição geográfica populacional, dificultam o acesso das populações mais distantes da capital, do centro de referência para diagnóstico de doenças febris, FMT-HVD, que se encontra em Manaus. Assim podemos inferir que há uma subnotificação do agravo de interesse e por isso, há a necessidade de descentralizar e hierarquizar a rede de serviços de saúde. Manaus tem 1.802.014 habitantes, está situada à margem do rio Solimões e recebe um grande contingente de pessoas do Brasil e do mundo. Urucurituba está a 192 km da capital e encontra-se localizado na mesorregião central do Amazonas e microrregião de Itacoatiara. Tem um total de 21.140 habitantes e faz limite com o município de Parintins, próximo de região de fronteira com os estados do Pará e Roraima81. Assim como as demais cidades que se localizam na região amazônica, Manaus e Urucurituba apresentam grande umidade, altos índices pluviométricos, elevadas temperaturas, caracterizando o clima tropical71. A grande susceptibilidade da população a essa infecção e a alta infestação de mosquitos do gênero Aedes sp, que também podem ser comumente encontrados, favorecem a disseminação rápida do vírus82, 83 . Dessa forma, essas cidades, assim como o estado do Amazonas, são de potencial risco para epidemias por CHIKV. Outra característica que tem apontado para o risco dessa infecção no estado, é que o Amazonas tem recebido um constante fluxo de pessoas de todas as partes do mundo. O processo de globalização, que tem facilitado o grande fluxo de pessoas entre países e continentes, é o reflexo de estilo de vida moderno que pode ser o intermediador na introdução de novos agentes infecciosos, assim também como exportador de doenças para outras regiões do mundo, proporcionando a disseminação e amplificando a propagação de agravos, causadores de grandes epidemias. 31 Por ser o maior centro financeiro da Região Norte, a cidade de Manaus também é um dos maiores centros industriais do país. Empresas de grande porte estão situadas no polo industrial da cidade e isso favorece para que empreendedores do Brasil e do mundo desembarquem por lá. Outro fator importante que atrai turistas de diversos países e de outras regiões do país é a Floresta Amazônica brasileira, que concentra uma vasta biodiversidade natural e o grandioso festival folclórico na cidade de Parintins, que e é conhecido mundialmente. O fluxo contínuo entre pessoas para diferentes regiões e países, também pode ser observado em outras ocasiões no Amazonas. Desde 2004, tropas do exército brasileiro, inclusive militares amazonenses, são enviadas semestralmente em missão para o Haiti, a fim de restaurar a ordem e a paz no país84, 85. Logo após acontecer o terremoto em Porto Príncipe no Haiti em 2010, que devastou boa parte do país, a capital amazonense tem recebido um grande número de refugiados haitianos. Uma importante característica que favoreceu o acesso dos refugiados à capital amazonense, foi o posicionamento geográfico do estado do Amazonas em relação às ilhas Caribenhas. Também nos últimos anos, Manaus recebeu um grande contingente de turistas nacionais e internacionais, por ter sediado grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos 2016, colocando essas pessoas e a população local em risco para novos agravos86, 87. No entanto, as aglomerações que normalmente acontecem nesses eventos e em outras situações acima mencionadas, são de grande risco para a introdução de novos agentes etiológicos. Por isso, doenças transmitidas por vetor, como as arboviroses, tem sido um grande problema para a saúde pública, pois ainda parecem ser negligenciadas pelas autoridades de saúde e tem colocado em risco a vida de milhares de pessoas que participam de eventos em massa, principalmente em países tropicais86, 87,88. O CHIKV está circulando no Caribe desde 2013, e embora não se saiba a procedência deste arbovírus no Amazonas, não podemos descartar a possibilidade de o vírus ter emergido diretamente no estado proveniente dessa região. É importante destacar também que o estado faz fronteira com países como a Colômbia e a 32 Venezuela onde CHIKV é endêmica desde 201456 e que frequentemente recebem a visita dos amazonenses, seja por turismo ou por relações comerciais e esse fluxo pode ter facilitado a entrada da infecção por CHIKV nesta região. O CHIKV foi introduzido imperceptivelmente no estado, e as manifestações brandas da doença apresentadas pelos pacientes CHIKV positivos, somadas a sobreposição de outras infecções na região, confundindo o CHIKV com outros agravos, podem ter intimidado os profissionais em arriscar fazer os primeiros diagnósticos da infecção na região (hipótese diagnóstica), favorecendo a propagação da doença no Amazonas. Todas as situações e eventos mencionados anteriormente são de fundamental relevância para a saúde pública do país e especialmente do estado do Amazonas. A susceptibilidade da população relacionada aos elevados índices de infestação de vetores, atrelado a grande circulação de turistas internacionais, assim como de brasileiros que visitam regiões endêmicas de doenças ainda inexistentes no Brasil, concentram elementos que potencializam a vulnerabilidade para introdução de novos agravos e a disseminação de doenças transmitidas por mosquitos67. Não menos importante, doenças endêmicas na região amazônica como o MAYV e a Malária, também podem ser exportadas para outras regiões, sendo possíveis causadores de grandes epidemias89, 90,91. No Brasil, analisando o cenário epidemiológico atual, o que enxergamos são grandes epidemias por CHIKV. Uma vez que fatores importantes como a circulação do vírus, clima favorável, vetor competente e população imunologicamente virgem para a infecção, favorecem estabelecimento do CHIKV no país24. Dessa forma, faz-se necessário implementar mecanismos de ações de vigilância de doenças emergentes, como o principal objetivo de controle a futuras epidemias. Sabemos que será sempre um desafio manter uma vigilância efetiva, principalmente pela extensão territorial do país, e também do estado do Amazonas, que dificulta realizar adequadamente este processo. A efetividade da vigilância do CHIKV depende do diagnóstico rápido. Devido aos elevados custos no investimento de RT-PCR para toda população, disponibilizar testes 33 de diagnósticos rápidos, poderia ser um método eficiente, favorecendo o diagnóstico preciso e adequada abordagem terapêutica, principalmente para regiões isoladas e de difícil acesso, como no interior do Amazonas. Diante de todo o contexto, podemos inferir que o nosso estudo é relevante para a saúde pública, pois contribuiu para a vigilância epidemiológica e rastreamento de infecções por esse vírus, principalmente para o entendimento da introdução do CHIKV no estado do Amazonas e no Brasil. Uma vez que o CHIKV já se encontrava circulando em cidades do interior e da capital do Amazonas, contrariando outros estudos quanto à cronologia da introdução do vírus no Brasil. Sendo assim, observando os dados da infecção no paciente proveniente de Urucurituba, é possível que o mesmo possa ser o primeiro caso registrado da doença no Amazonas e no país, visto que, não foram relatados previamente outros casos com essas características. Dessa forma, ressaltamos a necessidade de intensificar as ações de vigilância entomoepidemiológicas para se evitar surtos explosivos na região e analisar as características filogenéticas do CHIKV no estado, comparando-as com os genótipos encontrados nas regiões de fronteira com o Amazonas, assim como também de outros estados e países, a fim de se compreender a origem e a procedência do CHIKV que circula nesta região. 34 6. Conclusão As análises realizadas durante o estudo demonstram que o CHIKV estava em circulação no Amazonas e até mesmo no Brasil, antes do que se conhecia pelos órgãos de saúde brasileiros. O estudo permitiu observar o momento em que o vírus estava em circulação no estado e a forma como se manifestou clinica e epidemiologicamente, caracterizando um perfil de comportamento da infecção na população amazonense. A prevalência do CHIKV foi baixa, possivelmente vinculada a questões de acesso a serviços de saúde. A grande extensão territorial do estado e as vias de acesso predominantemente fluviais tem dificultando o diagnóstico nas regiões mais afastadas, sugerindo a possibilidade de sub-notificação e disseminação desse agravo no Amazonas. Por isso, há a necessidade de hierarquizar e descentralizar a rede de serviços de saúde. A partir deste estudo será possível realizar outros trabalhos que ajudarão a identificar o(s) genótipo(s) que circula(m) na região através de análises filogenéticas, e compreender se a linhagem que circula no estado tem relações com outros isolados no Brasil ou de outras regiões, inclusive as que fazem fronteira com o estado do Amazonas. Além disso, as informações geradas pelo nosso trabalho serão encaminhadas para os gestores municipais em que foram confirmados casos da doença, assim como para a instância estadual e Ministério da Saúde, a fim de atualizarem o histórico da doença em suas áreas de abrangência, além de ser um retorno positivo, pois são úteis para que seus gestores e a população continuem atentos em viabilizar as ações de prevenção da Chikungunya. 35 7. REFERÊNCIAS 1. Robinson MC. An epidemic of virus disease in Southern Province, Tanganyika Territory, in 1952-53—1: Clinical features. Trans R Soc Trop Med Hyg 1955; 49: 28. 2. Cavrini F, Gaibani P., Pierro A., Rossini G., Landini M., Sambri V. Chikungunya: an emerging and spreading arthropod-borne viral disease. J Infect Dev C tries 2009 Dec 15; 3(10):744-52. 3. Sambri V, Cavrini F, Rossini G, Pierro A, Landini MP. 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Além disso, se os testes forem negativos para essas doenças, novos vírus serão pesquisados, como Saint Louis, Oeste do Nilo, Ilhéus, Bussuquara e Cacipacoré; II. Que a participação neste estudo é voluntária, e que a recusa em participar não provocará qualquer tratamento diferenciado ou perda de benefícios a que o paciente tenha direito; III. Que, havendo concordância para a participação no estudo, se procederão as seguintes condutas: 44 1 - Preenchimento da ficha clínica (constando de dados relativos ao paciente e à doença); 2 - Coleta de sangue da veia do braço (10mL para adultos e 3mL para crianças), com uso de agulhas e seringas descartáveis, por profissional qualificado; IV. Após os primeiros testes de laboratório, se houver necessidade e consentimento do participante e/ou seu responsável, o paciente poderá ser contactado para proceder a uma nova coleta de sangue; V. Que o médico assistente poderá pedir outros exames como sangue, fezes e urina, dependendo da necessidade e que não terão qualquer relação com a pesquisa; VI. Que, participando do estudo, o paciente ou a família não obterão quaisquer benefícios adicionais além dos já citados (diagnóstico da infecção e/ou doença), podendo desta forma beneficiar outros indivíduos; VII. Que a participação nessa pesquisa é voluntária e o indivíduo receberá todos os cuidados quanto ao diagnóstico e tratamento da sua doença. I. Que esse estudo incluirá pacientes que buscam espontaneamente a FMTAM para assistência médica e que todos os procedimentos a serem adotados fazem parte da rotina de investigação dessa instituição. II. Que para eventuais danos que forem devidamente comprovados em decorrência dos procedimentos realizados nesta pesquisa, a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas- FMTAM se propõe a atender, ressarcir e/ou indenizar os participantes deste estudo. III. Que o material retirado do paciente se destina apenas à definição da causa da doença febril. IV. Que o projeto poderá ser encerrado caso haja discordância por parte do paciente ou que possam prejudicar o sujeito da pesquisa. V. Que a participação neste estudo será confidencial e os registros ou resultados dos testes relacionados ao estudo serão mostrados apenas aos participantes e aos representantes da FMT-AM, bem como a autoridades normativas estaduais ou nacionais, com o objetivo de garantir informações de pesquisas clínicas ou para fins normativos. A identidade dos participantes permanecerá sempre em confiabilidade. 45 VI. Que o participante e seus familiares têm direitos aos esclarecimentos que julgarem necessários a qualquer período do desenvolvimento deste estudo e será notificado sobre qualquer nova informação relacionada. O Dr. Maurício Nogueira Lacerda, médico responsável por esta pesquisa, cujos números de telefone são (17)3201 5921 ou (17)98811 0550, terá plena disponibilidade para atender e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes; VII. Que o participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento, sem qualquer retaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada deste documento; VIII. Que, por estar devidamente esclarecido sobre o conteúdo deste termo, livremente expressa seu consentimento e/ou do seu responsável para inclusão como participante nesta pesquisa. Você autoriza que seu sangue seja guardado para outros estudos com vírus? ( ) Sim ( ) Não Data: ....../....../..... .............................................................................. Nome Assinatura do paciente ou responsável legal: ........................................................... Nome do entrevistador: ....................................................................................................... Assinatura do entrevistador: ............................................................................................... Impressão dactiloscópica 46 ANEXO II 47 ANEXO III Carta de Anuência Manaus, .... de .................de 2015. À Gerência do Laboratório de Pesquisa em Virologia Att.: Dr. Maurício Nogueira Solicitamos autorização institucional para realização da pesquisa intitulada “PREVALÊNCIA DE FEBRE POR ALFAVÍRUS ARTRITOGÊNICO (CHIKUNGUNYA ) ENTRE PACIENTES SUBMETIDOS À ABORDAGEM SINDRÔMICA DE DOENÇAS FEBRIS, NUM SERVIÇO DE REFERÊNCIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS NO ESTADO DO AMAZONAS” a ser realizada no ambulatório da Fundação Dr. Heitor Vieira Dourado e em parceria com o Laboratório de Pesquisa em Virologia-FAMERP, pela aluna de pós-graduação da Universidade Estadual do Amazonas, M aria Cyntia K erle Calado Lima sob orientação do Prof. Dr. Maurício Nogueira Lacerda . Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta instituição possa constar no relatório final bem como em futuras publicações na forma de artigo científico. Ressaltamos que os dados coletados serão mantidos em absoluto sigilo de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) 196/96 que trata da Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Salientamos ainda que tais dados sejam utilizados tão somente para realização deste estudo. Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta Gerência, agradecemos antecipadamente a atenção, ficando à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários. ________________________________ P rofa. Dra. M aria P aula M ourão Pesquisador(a) Co-responsável do Projeto (x ) Concordamos com a ( ) Não concordamos com a solicitação solicitação ____________________________ Dr. M aurício Nogueira Gerência do Laboratório de Pesquisa em Virologia- FAM ERP 48 ANEXO IV Número______________________ Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Universidade do Estado do Amazonas Questionário- Chikungunya 1. IDENTIFICAÇÃO Nome:__________________________________________________Prontuário____________ Data da internação_______________Idade___________anos Sexo ( )M ( )F Município___________________________________________________________ Endereço(bairro)__________________________________________________________ Telefone:______________________________________________________________ Co- Morbidade ( )Gestação______semanas ( )Diabetes ( )Hipertensão ( )Cardiopatia ( )HIV/Aids ( )Insuficiência renal ( )Neoplasia ( )Asma ( )Alcolismo ( )Anemia falciforme ( )Talassemia ( )Convulsão febril ( )doenças reumatológicas 2. História da doença Atual Febre (dias): 1D( ) Artralgia (dias): 2D( ) 3D( ) 4D( ) 5D( ) 1D( ) 2D( ) 3D( ) 4D( ) 5D( ) Cefaléia( ) Mialgia( ) Dor nas costas( ) edema( ) Prurido( ) Calafrios( ) ( )Náusea ( )Vômito ( )diarréia ( ) eritema nodoso ( )Dermatite esfoliativa ( )úlceras orais ( )dor retro-ocular ( )conjuntivite ( )dor abdominal ( )neurite ( ) tenossinovite 49 2.1 Principais articulações acometidas: ( )ombros cotovelos( ) Punho( ) Bacia( ) Falanges( ) joelhos( ) Tornozelos( ) 3. Alterações laboratoriais Hematócrito.............................. Leucócitos................................. Linfócitos..................................... Trombócitos.................................. Proteína C-Reativa............................ Velocidade de Hemossedimentação( eritrócito).......................... Bilirrubina total (mg/dL): .........................Bilirrubina direta(mg/dL): ................................. TGO........................................ TGP.......................................... Creatinina..................................... Creatinofosfoquinase (CPK)...................................... 4. Antecedente de viagens Tem história de viagem para área endêmica nos últimos 30 dias antes do aparecimento dos sintomas? ( )Sim ( )Não 5. Alguém do convívio com os mesmos sintomas: SIM ( ) NÃO ( ) * Se a resposta for SIM, qual o ambiente de convivência: Casa( ) Vizinhança( ) Trabalho( ) 5. Hipótese Diagnóstica ................................................................................................................................ 50 ANEXO V Protocolo extração RNA Extração de RNA – Kit Quiagem • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Ligar termobloco (˂80 ºC) Colocar AVL no termobloco sob agitação por pouco tempo (1 min) até descristalizar 560 µL pra cada amostra Colocar 5,6 µL de Carrier no tubo contendo AVL Adicionar 140 µL do soro (amostra)- Homogeneizado- no tubo contendo AVL e Carrier Misturar o vortex 15s Deixar a temperatura ambiente por 10 min (lise da partícula viral) Centrifugar: spin de 13.200 rpm Adicionar 560µL de Etanol 100% (Merk) e misturar o vortex Centrifugar: spin de 13.200 rpm Aplicar 630µL dessa solução na coluna 9Kit Qui Amp Mini Spin Colunm) Centrifugar: 8000 rpm por 1min Pegar a porte superior da coluna em um tubo novo (que será a nova parte inferior). Despreze a parte inferior com o filtrado Repetir procedimento anterior (Aplicar 630µL...) Abrir a coluna e adicionar 500µL de Buffer AW1- Homogeneiza-lo antes Centrifugar: 8000 rpm por 1min Colocar parte superior da coluna em outro tubo Adicionar 500µL de Buffer AW2- Homogeneiza-lo antes Centrifugar: 13.200 rpm por 3,5 min Colocar parte superior da coluna em outro novo tubo de 1,5 mL Abrir a coluna e adicionar 60µL de Buffer AVE- Homogeneiza-lo antes Deixe o AVE em contato com a membrana, trocando de ponteira a cada amostra Deixar 1min em temperatura ambiente Centrifugar: 8000 rpm por 1min RNA ficará no tubo de 1,5 mL (parte inferior), desprezando a parte superior Colocar imediatamente no gelo. Caso for fazer a PCR no mesmo dia: geladeira; se não, estocar no frezer a -80ºC. 51 ANEXO VI Protocolo para RT-PCR para Vírus Chikungunya Primer CHK F -TATGGTCTTGTGGCTTTATAGAC Primer CHK R -TGGCCTTTAAGCGGTC *F – Forward *R – Reverse Transcriptase Reversa – RT Reagente Buffer 5x Primer CHK F [10pmol] Primer CHK R [10pmol] dNTP [10mM] DTT RNaseOUT SuperScript III H2O TOTAL RNA μL Termociclagem 4,0 55°C – 1h 1,0 70°C – 15’ 1,0 4°C – ∞ 1,0 1,0 1,0 1,0 5,0 15,0 5,0 PCR Reagente μL Termociclagem GoTaq qPCR Master Mix 12,5 95º C 2’ Primer CHK F [10mM] 0,5 95º C 15’ 40 ciclos Primer CHK R [10mM] 0,5 62º C 1’ Fluoróforo CXR 0,25 H2O 1,25 Seguido de uma curva de Melt VOLUME DA REAÇÃO 15 De 60º C a 95º C cDNA 5,0 Volume final 20µl em uma reação. Utilizando o equipamento Veriti Thermal Cycler (Applied Biosystem, USA). 52 ANEXO VII Metodologia CHIKV (reações de PCR) O RNA foi extraído a partir de 140µl de amostras clínicas, utilizando o Qiamp Viral RNA Kit (QIAGEN Inc., USA), de acordo com as recomendações do fabricante. O volume final obtido foi de 60µl. Os RNAs foram submetidos a análise por PCR em tempo real (qPCR), segundo metodologia descrita por Lanciotti et al., 2007. Para tanto, foi utilizado primers e sonda que se ligam a região do gene da proteína NsP1 do CHIKV. Dessa forma, 5 µl do RNA extraído foi adicionado à reação de GoTaq Probe 1-step RT-qPCR system (Promega). Um total de 15 µL da reação contendo 0,3 µL de GoScript™ RT Mix for 1-Step RT-qPCR (50X), 0,5 µL de cada primer CHIKV 874 (5'- AAAGGGCAAACTCAGCTTCAC-3') e CHIKV 961 (5'- GCCTGGGCTCATCGTTATTC-3') a 10µM cada, 0,15 µL da sonda CHIKV 899FAM§ (5’ – CGCTGTGATACAGTGGTTTCGTGTG – 3’) a 10µM, 6,5 µL da mistura GoTaq® Probe qPCR Master Mix (2X), 0,125 µL de CXR Reference Dye para uma concentração final de 500 nM e água suficiente para completar 15 µl. A reação foi submetida a 45oC por 15 min e 95oC por 2 min, seguida de 40 ciclos: 95ºC por 15 seg, 60ºC por 1 min,. Os dados gerados foram plotados e analisados pelo programa StepOne Software v2.3 (Applied Biosystems). As reações foram realizadas em StepOne Tempo Real PCR System (Applied Biosystem) utilizando MicroAmp Fast Optical 48-Well Reaction Plate (Applied Biosystem). 53 ANEXO VIII Protocolo Gota Espessa - MALÁRIA Furar a ponta do dedo anelar esquerdo com uma lanceta,remover do dedo a primeira gota de sangue com gaze ou algodão secos. Comprimir suavemente o dedo para obter outra gota de sangue esférica. Segurar a lâmina firmemente pelas bordas e levá-la ao encontro com o dedo do paciente até tocar a gota de sangue evitando que toque a pele do dedo, depositar outra gota ao lado da primeira. Colocar a lâmina em cima de uma bancada,espalhar o sangue de modo a formar um retângulo aproximadamente 1,2cm. Secar a lâmina em temperatura ambiente ou em ar morno. Coloração da Gota espessa. Primeira fase: Desemoglobinização. Aplicar a solução de azul de metileno fosfatado sobre a gota espessa por dois segundos.Enxaguar a lâmina com agua tamponada (sem jato forte). segunda fase: coloração pelo Giemsa. Aplicar uma solução de Giemsa sobre a lâmina, deixar corar por 10 minutos. Enxaguar com agua tamponada(sem jato forte). Secar em calor suave ou sob ventilação. Aplicar uma solução de Giemsa sobre a lâmina, deixar corar por 20 a 30 minutos. Enxaguar com agua tamponada(sem jato forte). Secar em calor suave ou sob ventilação. 54 ANEXO IX FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL/INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS DEPECEN/ARBOVIROLOGIA TESTES DE ELISA -IgM- DENGUE Sensibilização da microplaca com “goat anti human IgM” Data / / Diluição: 1/500 Quantidade por poço 100 Incubar a 4ºC, em câmara úmida durante pelo menos 24 horas. TESTE No / 2016 Data do Teste: RESULTADO Diluição dos soros: 1:40 Realizado: 1 2 3 4 5 6 / 2016 7 8 9 10 11 A B C D E F G H • • • Preparação da placa: lavar a placa 5x com PBS pH7.4 e batê-la suavemente ate que seque. Sensibilização: cobrir cada well com 100µl de anti IgM humana diluída em tampão de carbonato pH9.6. Incubar overnight a 4ºC. Câmara úmida. Lavar a placa 5x. Secar. Bloqueio: colocar 150µl de PBS+BSA 4% em cada well. Incubar 30 min. Em temperatura ambiente (TA). Câmara úmida. Lavar a placa 5x. Secar. • Soros e controles: distribuir 50µl dos soros a testar e controles na diluição de 1:40 em PBS+BSA 0.5%. 12 55 Incubar 1 hora a 37ºC. Câmara úmida. Lavar a placa 5x. Secar. • Antígeno: colocar 50µl do antígeno diluído em PBS+SHN 20%. Incubar overnight a 4ºC. D1 = 1 / 10 F.A= 1/30 Câmara úmida. D2 = 1 / 20 Lavar a placa 5x. Secar. D3 = 1/ 25 • Conjugado: colocar 25µl de HRP conjugated 6B6C-1 monoclonal antibody/Jackson imuno research diluído em PBS+SHN 20%. Incubar 1 hora a 37ºC. 1/6000 Câmara úmida. Lavar a placa 7x. Secar. • Substrato: colocar 100µl de substrato ABTS (solução A+solução B a 50%). Incubar 1 hora a 37ºC. • Leitura: ler a placa em espectrofotômetro (multiskan) com filtro 405nm. Obs. A anti-IgM humana, o antígeno e o conjugado são previamente titulados para determinar diluição ótima a ser utilizada no teste. 56 ANEXO X Metodologia DENV (reações de PCR) Extração de RNA O RNA viral foi extraído a partir de 140 µl de soro, utilizando o Qiamp Viral RNA Kit (Qiagen®), de acordo com as recomendações do fabricante. Primers Os primers que foram utilizados na detecção de dengue se ligam a regiões do gene da proteína NS5 (Tabela 1). Tabela 1. Primers que foram utilizados na detecção dos Flavivirus (NS5). Primers FG1 (+) FG2 (-) Sequência (5'-3') Amplicon (pb) Primers gênero-específicos para Flavivirus TCAAGGAACTCCACACATGAGATGTACT GTGTCCCATCCTGCTGTGTCATCAGCATACA 1000 Primers espécie-específicos NDEN1 (-) CGTTTTGCTCTTGTGTGCGC 472 NDEN2 (-) GAACCAGTTTGGTTDRTTTCATCGCTGCC 316 NDEN3 (-) TTCCTCGTCCTCAACAGCAGCTCTCGCACT 659 NDEN4 (-) GCAATCGCTGAAGCCTTCTCCC 222 *Com o primer FG1. (+): sentido positivo. (-): sentido negativo. pb: pares de base. Referência Bronzoni et al 2005 Bronzoni et al 2005 RT-PCR para detecção de DENV De acordo com o protocolo descrito por Bronzoni et al (2005), a reação de transcrição reversa (RT) foi realizada pela adição de 8 µl de RNA em uma mistura contendo 4 µl de solução tampão cinco vezes concentrada (250 mM Tris-HCl, pH 8,3, 375 mM KCl, 15 mM MgCl2), 1,4 µl de DTT (Dithiothreitol) a 0,1 M, 1,6 µl da mistura contendo 2,5 mM de dNTP (Deoxynucleoside Triphosphate), 1 µl do primer FG2 (15 µM), 0,5 µL (40 U/ µL) do inibidor de ribonuclease (RNaseOUT-Invitrogen, USA), 1 µl (200 U/µl) de enzima transcriptase reversa (Superscript II-Invitrogen, USA) e água suficiente para completar 20 µl. A mistura foi incubada a 42ºC por 50 minutos e a 70ºC por 15 minutos. 57 A reação em cadeia da polimerase (PCR) consiste em 8 µl do produto da RT, 5 µl da solução tampão 10 vezes concentrada (200 mM Tris-HCl, pH 8,4, 500 mM KCl), 2 µl de MgCl2 a 50 Mm, 4 µl da mistura contendo 2,5 mM de dNTP, 1µl do primer FG1 (15 µM), 1 U da enzima polimerase (Taq DNA polymerase recombinant-Invitrogen, USA) e água suficiente para completar 50 µl. A mistura foi submetida a um passo de desnaturação inicial a 94ºC por 1 minuto, seguida por 30 ciclos de 94ºC por 1 minuto, 53ºC por 1 minuto e 72ºC por 2 minutos, finalizando com um ciclo de 72ºC por 5 minutos. As reações de RT-PCR foram realizadas em termociclador Veriti Thermal Cycler (Applied Biosystem, USA). Multiplex-Nested-PCR para identificação de DENV Segundo o estudo realizado por Bronzoni et al. (2005) foram utilizados os primers NDEN-1 (-), NDEN-2 (-), NDEN-3 (-), NDEN-4 (-), FG1 (+) (1 µl de cada primer a 15 µM). O ciclo de amplificação consiste em um passo de desnaturação inicial a 94ºC por 1 minuto, seguido por 25 ciclos de 94ºC por 1 minuto, 53ºC por 1 minuto e 72ºC por 2 minutos, finalizando com um ciclo de 72ºC por 5 minutos. Eletroforese em gel de agarose Em todas as amostras foi realizada a eletroforese em gel de agarose a 1,5% (peso/volume) com coloração de brometo de etídio, para se observar os amplicons à luz ultravioleta. Precauções para se evitar contaminações foram seguidas, e controles positivos e negativos foram utilizados em todas as reações. 58 ANEXO XI FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR.HEITOR VIEIRA DOURADO TESTES IMUNOENZIMÁTICO COM CELULAS INFECTADAS (EIA-ICC MICROPLACAS INFECTADAS COM MAYARO/OROPOUCHE PARA PESQUISA IgM e IgG TESTE No. / Data do resultado: Diluição dos soros: 1:500 C2 / / Realizado: C- C1 Data do Teste: C- C- C3 4 5 6 7 8 9 10 11 A B C D E F G H • Inicio do teste EIA-ICC • Bloqueio: adicionar 200µl de PBS+LPD a 5% em cada poço. Incubar 2 hora a 37ºC. Lavar a placa 3x com PBS+Tween-20 a 0,05% e secar. • Amostras: distribuir 100 µl das amostras diluídas 1:500 em solução PBST+LPD 5% nos poços pares e impares. Incubar 1 hora a 37ºC. Lavar a placa 4x em PBS+Tween-20 a 0,05% • Conjugado: colocar 100µl de imunoglobulina caprina (anti-IgG ou IgM) humana conjugada com peroxidase na diluição 1:2000 PBST+LPD 5% Lavar a placa 5x em PBS+Tween-20 a 0,05% • Substrato: colocar 100µl de substrato ABTS (solução A+solução B a 50%) em cada orifício. Incubar 15 a 20 min. a 37˚C, fazer a leitura. • Leitura: ler a placa em espectrofotômetro (multiskan) com filtro 405 12 59