1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM - FFOE MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Andréa Bessa Teixeira Avaliação das atividades antimicrobiana e antioxidante dos óleos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown Fortaleza 2009 2 ANDRÉA BESSA TEIXEIRA Avaliação das atividades antimicrobiana e antioxidante dos óleos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Ceará para a obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira Co-Orientadora: Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal Fortaleza 2009 3 ANDRÉA BESSA TEIXEIRA Avaliação das atividades antimicrobiana e antioxidante dos óleos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Ceará, para a obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Aprovada em ____/____/____ Banca Examinadora: ___________________________________________________________ Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira (orientadora) Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (UFC) ___________________________________________________________ Prof. Dr. Thalles Barbosa Grangeiro Departamento de Biologia (UFC) ___________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Goretti Rodrigues de Queiroz Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (UFC) 4 DEDICATÓRIA A Deus, meus pais e irmãs até o último instante. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, minha fonte inesgotável de fé e força maior, que proporcionou estes momentos de felicidade, amor e ciência a minha pequena sabedoria. Aos meus pais, Francisco José Tavares Teixeira e Maria Aparecida Bessa Teixeira, e irmãs, Luciana Bessa Teixeira e Janaína Bessa Teixeira, pelo amor incondicional, que sempre me fortaleceu para realização de todos os sonhos. Vocês são os maiores exemplos de conduta que seguirei até o fim dos meus dias e primordiais em todas as minhas vitórias e assim, em tudo que tenho e sou. Eu amo muito vocês. As Tias Joseni Bessa e Tereza Bessa, que com seu tão imenso amor e dedicação me fazem sentir como uma filha. Obrigada por sempre torcerem pelo meu sucesso. À minha orientadora Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira, pelo imprescindível e valioso apoio, pelos ensinamentos, tanto profissionais como pessoais, pela confiança, dedicação e paciência, principalmente nos momentos mais delicados da minha vida. Minha sincera gratidão e profundo reconhecimento. À Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal, a quem coube a co-orientação desta dissertação, desejo manifestar os meus agradecimentos pela pronta disponibilidade, sempre que precisei de ajuda, e pelo encorajamento que naturalmente me foi transmitido. À Dânya Bandeira Lima, minha excelente estagiária, pela ajuda, força, incentivo e total dedicação. Trabalhamos, aprendemos, rimos, conversamos, choramos enfim, tantos momentos que serviram para o nosso crescimento. Continue sempre assim. Você será um exemplo de profissional. À minha amiga Cecília Câmara por todo apoio, carinho, atenção, ajuda, conselho e pela grande amizade que se conserva e fortalece a cada dia que passa. É muito bom saber que existem pessoas como você, que se preocupam com minha felicidade. Você é mesmo uma pessoa especial e que eu adoro muito! 6 À minha amiga Maria Mirele, que apesar de um pouco distante, sei que posso contar sempre com você e que o seu pensamento de energia me deu forças para mais essa conquista. Nas amizades verdadeiras o tempo nunca passa e as distâncias nunca existem. Eu te agradeço de todo coração e também te adoro muito! Às minhas amigas Suzana Bezerra e Maria Cristina que juntas trilhamos o mesmo caminho de luta e vitória. A companhia de vocês foi um diferencial que me motivou, principalmente nesta fase final. Obrigada pela paciência, pelas horas agradáveis de estudo e debate, pelos ótimos momentos de desabafo e lógico, pelos grandes eventos de descontração. Continuaremos em frente. À família “de Souza Cavalcante” a qual me deram a oportunidade de conhecer, fazer parte e proporcionar momentos felizes. Vocês me ajudaram muito. Não deixaram de me apoiar, de torcer por mim e de me incentivar a seguir em frente com ânimo, mesmo em momentos difíceis. Guardarei para sempre vocês no meu coração. As minhas amigas do “Clube da Luluzinha”, Sarah Rachel, Danielle Oliveira e Lyanna Ferreira, pelas tão boas risadas, brincadeiras, pelos planos e confidencias, pela partilha, crescimento enfim, pelos vários momentos alegres. Adoro fazer parte deste “Clube”. A toda família do LabMicro (Lívia, Mirlayne, Elieyde, Cássia, Larissa, Eric, Felipe) que sempre esteve disposta a colaborar e pelos momentos de alegria e amizade. Sentirei saudades. Aos meus queridos funcionários de trabalho em Canindé, especialmente a Mayra Cavalcante, que tanto ajudou quando precisei me ausentar. Obrigada amiga, pela sua dedicação, força, torcida e pela paciência e disponibilidade em me auxiliar nos resultados. Aos parceiros de trabalho, Eduardo Ribeiro, Jean Guilherme, Mailson e Anderson Souza, pela fundamental colaboração e empenho na realização da atividade antioxidante. A Profa. Dra. Maria Goretti de Vasconcelos Silva que gentilmente colaborou na realização da cromatografia dos óleos essenciais e na análise dos resultados. 7 A secretária Raimundinha pelo valioso auxílio, paciência e amizade. Aos meus amigos do mestrado pela agradável parceria concedida durante este período. Aos membros da banca: Profa. Dra. Goretti Rodrigues e Prof. Dr. Thalles Barbosa por terem assumido a difícil tarefa de avaliar e contribuírem na importante fase de conclusão do meu trabalho. Enfim, a todos que contribuíram de alguma forma para a execução deste trabalho, impulsionando minha vida profissional para caminhos cada vez maiores, O MEU MUITO OBRIGADO! 8 “Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar. Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer!” Mahatma Gandhi 9 RESUMO AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMICROBIANA E ANTIOXIDANTE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DAS FOLHAS DOS QUIMIOTIPOS I, II E III DE Lippia alba (Mill.) N. E. Brown. Aluna: Andréa Bessa Teixeira. Orientadora: Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira. Co-Orientadora: Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Em Ciências Farmacêuticas. Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas e Departamento de Farmácia. Universidade Federal do Ceará. A espécie Lippia alba (erva-cidreira) é muito usada na medicina popular. A composição de seu óleo essencial apresenta variações quantitativas e qualitativas, levando à classificação de diferentes quimiotipos. Um rico potencial farmacológico está relacionado à ampla variação na composição química desses óleos, o que desperta o interesse de pesquisadores em estabelecer explicações científicas para tais atividades. O objetivo do trabalho foi avaliar as atividades antimicrobiana e antioxidante dos óleos essenciais dos quimiotipo I, II e III, de folhas, de L. alba, bem como investigar suas possíveis relações com a composição química de seus óleos essenciais. A caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais foi realizada utilizando a CG-MS, determinando-se a porcentagem dos constituintes presentes nas amostras. O potencial antimicrobiano dos óleos foi determinado pelo método de difusão em ágar, e as CIM e CLM pelos métodos da microdiluição em caldo de cultura e do plaqueamento em ágar, respectivamente. A atividade antioxidante foi avaliada pela dosagem de TBARS e pela determinação da atividade de remoção de radicais livres pelo DPPH. Os óleos essenciais das folhas de L. alba foram reconhecidos pela presença de seus constituintes majoritários em quimiotipo I (citral-mirceno); quimiotipo II (citral-limoneno) e quimiotipo III (carvona-limoneno). Os três óleos essenciais apresentaram atividade sobre S. aureus, mesmo as multirresistentes, e C. albicans. Para as bactérias Gram-negativas, os três quimiotipos apresentaram ação sobre o A. lwoffi; os quimiotipos II e III inibiram o crescimento do A. baumannii; e apenas o quimiotipo II foi que teve ação sobre E. coli ATCC 10536. As mais baixas CIM e CLM obtidas para os óleos essenciais dos quimiotipos I, II e III, foram de 0,312 e 0,625mg/mL, 0,312 e 0,312mg/mL e 0,625 e 0,625mg/mL, respectivamente. A técnica de difusão em ágar serviu como uma etapa preliminar na determinação do potencial antimicrobiano e a determinação da CIM por diluição em caldo acompanhada de leitura das densidades óticas das culturas, mostrou valores de absorbâncias semelhantes ao grupo controle positivo até uma determinada concentração e então aumentaram, indicando um maior crescimento microbiano. Os três quimiotipos do OELA reduziram a peroxidação lipídica induzida no hipocampo e cérebro de ratos, contudo não apresentaram atividade seqüestradora de radicais livres mensuradas através do teste do DPPH. Assim, os resultados sugerem que os óleos essenciais dos quimiotipo I, II e III de L. alba, possuem excelente atividade antimicrobiana, principalmente sobre S.aureus e C. albicans; que o método de difusão é um excelente método de triagem; que o método da diluição, por inspeção visual e leitura de absorbância, permite determinar alem da CIM, a CLM e avaliar a cinética de inibição de crescimento microbiano; o potencial antioxidante mostrado pelo OELA no hipocampo e córtex de rato, torna esses produtos uma ferramenta farmacológica em potencial no tratamento de doenças neurodegenerativas, contudo, para isso estudos adicionais são necessários; e que as diferenças na composição do óleo é um fator que deve ser considerado importante nos estudos farmacológicos. Palavras-chave: Lippia, óleo essencial, atividade antimicrobiana, atividade antioxidante. 10 ABSTRACT EVALUATION OF ANTIOXIDANT AND ANTIMICROBIAL ACTIVITIES OF ESSENTIAL OILS OF LEAVES OF CHEMOTYPE I, II AND III OF Lippia alba (Mill.) N. E. Brown. Author: Andréa Bessa Teixeira. Advisor: Prof. Dr. Nádia Accioly Pinto Nogueira. Co-Advisor: Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal. Dissertation. PostGraduate in Pharmaceutical Sciences. Department of Clinical and Toxicological Analysis and Department of Pharmacy. Federal University of Ceará. The species Lippia alba (erva cidreira) is widely used in folk medicine. The composition of essential oil varies quantitative and qualitative, leading to the classification of different chemotypes. A rich pharmacological potential is related to the wide variation in chemical composition of these oils, which arouses the interest of researchers in establishing scientific explanations for such activities. The objective of this study was to evaluate the antimicrobial and antioxidant activities of essential oils of chemotype I, II and III, leaves of L. alba, and to investigate their possible relationships with the chemical composition of their essential oils. The chemical characterization of constituents of essential oils was performed using GC-MS by determining the percentage of constituents present in the samples. The antimicrobial activity of oils was determined by agar diffusion, and MIC and CLM methods by microdilution broth culture and plated on agar, respectively. The antioxidant activity was assessed by measurement of TBARS and by determining the activity of removal of free radicals by DPPH. Essential oils from leaves of L. alba were recognized by the presence of its major constituents in chemotype I (citral-myrcene), chemotype II (citral-limonene) and chemotype III (carvone-limonene). The three essential oils showed activity against S. aureus, even resistant, and C. albicans. For Gram-negative bacteria, the three chemotypes present action on the A. lwoffi; the chemotypes II and III inhibited the growth of A. baumannii, and only the chemotype II was that acted on E. coli ATCC 10536. The lowest MIC obtained for CLM and essential oils of chemotypes I, II and III were 0,312 and 0,625mg/mL, 0,312 and 0,312mg/mL and 0,625 and 0,625mg/mL, respectively. The diffusion technique in agar served as a preliminary step in determining the antimicrobial activity and MIC determination by broth dilution accompanied by reading of optical densities of cultures showed absorbance values similar to the positive control group by a certain concentration and then increased indicating a higher microbial growth. Three chemotypes of OELA reduced lipid peroxidation induced in the hippocampus and brain of rats, but showed no scavenging activity of free radicals measured by the DPPH test. Thus, the results suggest that essential oils of chemotype I, II and III of L. alba, have excellent antimicrobial activity, especially on S. aureus and C. albicans, whereas the diffusion method is an excellent screening method, the dilution method, by visual inspection and reading of absorbance, in addition to determine the MIC, the CLM and evaluate the kinetics of inhibition of microbial growth, the antioxidant potential shown OELA by the hippocampus and cortex of rats makes these products a potential pharmacological tool in the treatment of neurodegenerative diseases, however, for that additional studies are needed, and that differences in the composition of the oil is a factor to be considered important in studies pharmacological. Key-words: Lippia, essential oil, activity antimicrobial, antioxidant activity. 11 LISTA DE ABREVIATURAS ATCC American Type Culture Collection BHI Brain Heart Infusion CIM Concentração Inibitória Mínima CLM Concentração Letal Mínima CLSI Clinical and a Laboratory Standards Institute CG-MS Cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas DPPH 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl EPM Erro Padrão Médio HI Halo de inibição MDA Malonildialdeído OELA Óleo essencial de Lippia alba N.E.Brown TBARS Substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico ANOVA Análise de Variação 12 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Fluxograma da técnica de difusão em poço. 55 Figura 02: Fluxograma da técnica de microdiluição em caldo para a determinação da CIM. 61 Figura 03: Fluxograma da técnica de Pour-Plate para a determinação da CLM. 63 Figura 04: Fluxograma da dosagem das substâncias reativas de ácido tiobarbitúrico. 65 Figura 05: Fluxograma da dosagem das substâncias reativas de ácido tiobarbitúrico (continuação). 66 Figura 06: Fluxograma do ensaio do radical livre DPPH 68 Figura 07: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo I, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). 73 Figura 08: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo II, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). 74 Figura 09: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo III, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). 75 Figura 10: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus ATCC 6538P determinados pelo método de difusão em ágar. Figura 11: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre C. albicans ATCC 82 13 10231 determinados pelo método de difusão em ágar. 82 Figura 12: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre E. coli ATCC 10536 determinados pelo método de difusão em ágar. 83 Figura 13: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. lwoffi determinados pelo método de difusão em ágar. 85 Figura 14: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. baumannii determinados pelo método de difusão em ágar. 85 Figura 15: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 1 determinados pelo método de difusão em ágar. 86 Figura 16: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 2 determinados pelo método de difusão em ágar. 86 Figura 17: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus ATCC 6538P. 91 Figura 18: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre C. albicans ATCC 10231. 91 Figura 19: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre de S. aureus 1. 92 Figura 20: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus 2. 92 14 Figura 21: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre A. lwoffi. 93 Figura 22: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus. 94 Figura 23: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre C. albicans. 94 Figura 24: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de E. coli. 95 Figura 25: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de A. lwoffi. 95 Figura 26: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre A. baumannii. 96 Figura 27: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 1. 96 Figura 28: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 2. 97 Figura 29: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus. 98 Figura 30: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre C. albicans. 98 Figura 31: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 1. 99 15 Figura 32: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 2. 99 Figura 33: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. lwoffi. 100 Figura 34: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. baumannii. 100 Figura 35: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo I, II e III determinado através da dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AGAR et al., 1999). 102 Figura 36: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo I, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). 103 Figura 37: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo II, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). 104 Figura 38: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo III, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). 104 16 LISTA DE FOTOS Foto 01: Espécie Lippia alba N.E. Brown cultivada no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará: a: L. alba quimiotipo I; b: L. alba quimiotipo II e c: L. alba quimiotipo III 49 Foto 02: Semeadura das suspensões bacterianas na superfície de ágar Mueller-Hinton. 56 Foto 03: Confecções de poços de 5mm de diâmetro interno no ágar com auxílio de um perfurador. 56 Foto 04: Remoção do ágar com auxílio de uma pinça para a formação dos poços. 57 Foto 05: Aplicação de volumes de 25µL dos óleos essenciais de folhas de L. alba em diferentes concentrações. 57 Foto 06: Leitura das placas e interpretação dos resultados. 58 Foto 07: Ensaio de difusão em ágar do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre a cepa de S. aureus. 78 Foto 08: Ensaio de difusão em ágar do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre a cepa de P.aeruginosa. 78 Foto 09: Ensaio de microdiluição em caldo mostrando a CIM detectado a “olho nu” (ausência de turvação visível). 88 17 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Perfil de resistência aos antibióticos das cepas de origem hospitalar obtidas de diferentes sítios anatômicos. 52 Tabela 02: Rendimento médio dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E. Brown, quimiotipos I, II e III, extraído pela técnica de destilação com arraste de vapor 71 d’água. Tabela 03: Porcentagens dos componentes químicos dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipos I, II e III realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS). 76 Tabela 04: Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais de folhas da Lippia alba N.E. Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas originárias da ATCC, determinado pela técnica de difusão em ágar (CLSI 2003). 79 Tabela 05: Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais de folhas da Lippia alba N.E. Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar, determinado pela técnica de difusão em ágar (CLSI 2003). 80 Tabela 06: Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais de folhas de Lippia alba N.E. Brown, quimiotipos I, II e III da sobre cepas microbianas originárias da ATCC e cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar, determinado pela técnica da microdiluição em caldo de cultura (CLSI, 2003) e de plaqueamento em meio sólido (BARON et al., 1994). 89 Tabela 07: Atividade antioxidante pelo método de DPPH expresso em percentagem de inibição dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III. 105 18 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Gerais 22 1.2 Óleos essenciais 24 1.3 Antimicrobianos e resistência bacteriana 26 1.4 Antimicrobianos de origem vegetal 29 1.5 Espécies Reativas de Oxigênio e Estresse Oxidativo 32 1.6 Estresse Oxidativo e Doenças Neurodegenerativas 34 1.7 A Família Verbanaceae e o gênero Lippia 36 1.8 A espécie Lippia alba (Mill) N. E. Brown e seus quimiotipos 38 1.9 Aplicações e propriedades biológicas da Lippia alba 41 1.10 Plantas medicinais: a importância e necessidade de estudos multidisciplinares 44 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral 47 2.2 Objetivos Específicos 47 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Material botânico 49 3.2 Óleo essencial 50 3.2.1 Extração do óleo essencial de folhas de L. alba 50 3.2.2. Análise do óleo essencial 50 3.2.3 Preparação das diluições seriadas dos óleos essenciais de folhas de L. alba 50 3.3 Cepas Microbianas 51 3.3.1 Cepas microbianas ATCC 51 3.3.2 Cepas microbianas multirresistentes isoladas de espécimes clínicos 51 3.3.3 Manutenção das cepas microbianas 51 3.4 Determinação do Potencial Antimicrobiano dos Óleos Essenciais de Folhas da L. alba 53 3.4.1 Determinação da atividade antimicrobiana 53 3.4.2 Determinação da concentração inibitória mínima – CIM 59 3.4.2.1 Confirmação do tamanho do inoculo microbiano. 62 3.4.3 Determinação da concentração letal mínima – CLM 62 19 3.5 Avaliação da atividade antioxidante, in vitro, dos óleos essenciais de folhas da L. alba 64 3.5.1 Avaliação do efeito dos óleos essências das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III, sobre a peroxidação lipídica induzida pelo choque térmico em cérebro de ratos: dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico 64 3.5.2 Ensaio do radical livre DPPH 67 3.6 Análise Estatística 69 3.7 Comitê de Ética 69 4 RESULTADOS 4.1 Avaliação do rendimento médio e caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipos I, II e III. 71 4.1.1 Rendimento médio dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimitipos I, II e III. 71 4.1.2 Composição química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimitipos I, II e III. 72 4.2 Avaliação do potencial antimicrobiano, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 77 4.2.1 Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimitipos I, II e III determinado pelo método de difusão em ágar (CLSI, 2003). 77 4.2.2 Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinadas pelos métodos de microdiluição em caldo de cultura (CLSI, 2003) e plaqueamento em meio sólido (BARON et al., 1994). 87 4.3 Avaliação da atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 101 4.3.1 Atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado através da dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AGAR et al., 1999). 101 4.3.2 Atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). 103 20 5 DISCUSSÃO 5.1 Avaliação do rendimento médio e caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipos I, II e III. 107 5.2 Avaliação do potencial antimicrobiano, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 110 5.3 Avaliação da atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 121 6 CONCLUSÃO 124 7 REFERÊNCIAS 127 21 INTRODUÇÃO 22 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Gerais “A busca de novos medicamentos em plantas é hoje a esperança mais concreta para pacientes que possuem doenças graves. A alternativa mais rápida e barata são as plantas que produzem substâncias químicas que podem ser usadas como medicamentos. Partindo de vegetais, as chances de acertos são de uma para cinco mil tentativas” (FERESIN et al, 2001). A utilização da fitoterapia não é nova, se tem demonstrado “factos” que indicam que desde o ano de 2100 A.C. a civilização mesopotâmica utilizava as plantas medicinais. Hoje em dia, não existe dúvida sobre a importância das plantas e apesar do desenvolvimento alcançado pela síntese química, estas constituem um arsenal de substâncias biologicamente ativas. As plantas medicinais têm um papel importante no cuidado da saúde das pessoas no mundo. A sociedade humana, em todas as épocas, tem acumulado um vasto arsenal e conhecimento tradicional sobre o uso das plantas para fins medicinais. O homem moderno pode ser compreendido e diferenciado das demais épocas por seu elevado consumo de medicamentos e conseqüentemente, a procura do mercado mundial por produtos de origem natural, em substituição aos sintéticos, aumenta consideravelmente. O uso de produtos naturais como matéria-prima para a síntese de substâncias bioativas, especialmente fármacos, tem sido amplamente relatada ao longo dos tempos (SIMÕES, 2004). Essa importância dos produtos naturais nas formulações de medicamentos pode ser vista quando se considera que, mesmo nos países industrializados, 45% dos produtos farmacêuticos provêm de produtos naturais e essa proporção é ainda maior nos países subdesenvolvidos (HOLTEZ et al, 2002). Nos últimos anos, inúmeras pesquisas científicas vêm sendo desenvolvidas nos laboratórios de universidades e indústrias, em busca de explicações para usos populares de plantas, assim como na esperança de encontrar novos compostos com potenciais biológicos que possam ser utilizados na produção de novos medicamentos (BOTELHO et al, 2007; BARBOSA-FILHO et al, 2006; CAVALCANTI, 2006; ANDREGHTTI-FROHNER et al, 2005; DUARTE, et al, 2005; PEREIRA, et al, 2004). A indústria farmacêutica tem buscado 23 incessantemente a descoberta de novas formulações à base de extratos, óleos ou mesmo produtos sintéticos. O Brasil é um país com grande diversidade em sua flora, por isso constitui um grande campo de estudo e pesquisa, facilitando assim a descoberta de princípios ativos vegetais. Muitas espécies de vegetais são extensamente utilizadas na medicina popular, com diferentes finalidades terapêuticas, levando-as a serem alvos constantes e crescentes de inúmeros estudos, para o conhecimento de suas propriedades químicas e farmacológicas, bem como para a comprovação de sua segurança e do seu uso popular (BARBOSA-FILHO et al, 2006; ROCHA et al, 2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% da humanidade não têm acesso ao atendimento primário de saúde, por estarem muitos distantes dos centros de saúde ou por não possuírem recursos para adquirir os medicamentos prescritos. Para essa população, as terapias alternativas são as principais formas de tratamento, e as plantas medicinais os principais medicamentos (AKERELE, 1993). Em muitas comunidades e grupos étnicos, o conhecimento sobre plantas medicinais simboliza geralmente o único recurso terapêutico. Nos dias atuais, nas regiões mais pobres do País e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais. MARTINS et al (1995) relatam um aumento acentuado do uso de plantas medicinais pela população mundial e a tendência é de contínuo crescimento. Segundo estudos de SOUSA et al (1991) e MATOS (1998) o principal uso de plantas medicinais é no tratamento das doenças respiratórias, seguido das inflamações em geral e das diversas formas de doenças intestinais. Quanto a efetividades terapêuticas dessas plantas documentadas por esses autores, muitas já possuem informações farmacológicas que podem justificar o seu uso popular. Assim, esse tipo de cultura medicinal desperta o interesse de pesquisadores em estudos para terapia natural envolvendo componentes de plantas na área farmacêutica e as pesquisas com esses produtos naturais assumem papel importante para a saúde humana. No entanto, embora a Organização Mundial de Saúde reconheça que as plantas medicinais deveriam ser as melhores fontes para a obtenção de uma variedade de drogas, para a utilização de uma planta com finalidade terapêutica, em nível de saúde pública, é fundamental o estabelecimento da segurança, eficácia e garantia de qualidade das preparações (RATES, 2001). 24 1.2 Óleos essenciais Desde muitos séculos atrás, os óleos essenciais são relatados e explorados. Embora ainda hoje não se tenha documentado completamente o início exato, sabe-se que as referências históricas de obtenção e utilização desses óleos estão ligadas, originalmente, aos países orientais, com destaque para o Egito, Japão, China e Índia. Acredita-se que os primeiros usos dos óleos essenciais tenham sido através de bálsamos, ervas aromáticas e resinas que eram usadas para embalsamar cadáveres em cerimônias religiosas a milhares de anos atrás (SILVA-SANTOS, 2002; LAVABRE, 1992; BRAGA, 1971). Aqui no Brasil, sua produção teve início em 1927, tendo como base o puro e simples extrativismo de essências nativas, como o pau-rosa (Aniba rosaeodora). Sua exploração foi tamanha que atualmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) colocou essa planta na lista de espécies em perigo de extinção. No entanto, como atividade verdadeiramente organizada, a produção de óleos essenciais no Brasil só foi consolidada basicamente na sua venda voltada ao mercado externo, com a obtenção dos óleos de menta, laranja, canela, eucalipto, capim-limão e outros. Isto ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, devido à grande demanda imposta pelas indústrias do ocidente, que se viram privadas de suas tradicionais fontes de suprimento, em virtude da desorganização do transporte e do comércio (BRAGA, 1971). O mercado internacional de óleos essenciais corresponde atualmente a US$ 1,8 bilhões, sendo que a participação do Brasil neste momento é estimada em apenas 1%, principalmente em resposta à exportação de óleos de laranja, limão, eucalipto, pau-rosa, lima e alecrim-pimenta. As comunidades científicas estão cada vez mais organizadas e diversos novos óleos podem vir a contribuir para o quadro de exportação (SILVA-SANTOS, 2002). As denominações óleos essenciais ou óleos etéreos derivam de algumas de suas características físico-químicas, como por exemplo, a de serem geralmente líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente, advindo daí, a designação de óleo; por serem solúveis em solventes orgânicos apolares, como éter, sendo por isso, chamado de óleos etéreos (SIMÕES, 2004). No entanto, a principal característica é a sua natureza volátil, por evaporarem rapidamente quando expostos ao ar à temperatura ambiente e diferenciando, assim, dos óleos graxos ou fixos, que são misturas de substâncias lipídicas (LAVABRE, 1992). Outra importante característica é o aroma agradável e intenso da maioria dos óleos voláteis, por isso, são chamados, também, de essências (SIMÕES, 2004). 25 Os óleos essenciais apresentam composições complexas, algumas vezes, de centenas de diferentes compostos químicos, com ação sinérgica ou complementar entre si. De forma geral, são misturas complexas contidas em diversos órgãos vegetais e constituídas principalmente de terpenos, sesquiterpenos, ésteres, alcoois, fenóis, aldeídos, óxidos, peróxidos, cetonas e ácidos orgânicos. Em sua composição também são encontrados antibióticos, vitaminas, hormônios e anti-sépticos (SIANI et al, 2000). Nessa mistura, tais compostos apresentam-se em diferentes concentrações, normalmente, um deles é o composto majoritário, existindo outros em menores teores e alguns em baixíssimas quantidades (traços). Os estudos relatam que a constituição química do óleo essencial nem sempre é constante, podendo variar significativamente, de acordo com o processamento de colheita e pós-colheita (parte da planta coletada, hora da coleta, época do ano), do material genético da planta (variedade do vegetal), bem como das condições de cultura e desenvolvimento do vegetal (tipo de solo e clima) (SIMÕES, 2004; LAVABRE, 1992), tendo como conseqüência, influencia diretamente no potencial farmacológico dessas plantas (MATOS, 2001). A ampla variação química do óleo essencial permite a separação das espécies em quimiotipos (QT) ou raças químicas. A ocorrência de quimiotipos é freqüente em plantas ricas em óleos voláteis e é um termo aplicado a plantas da mesma espécie, com a mesma aparência externa (botanicamente idênticas), mas que diferem, às vezes consideravelmente, na composição química dos óleos essenciais (SIMÕES, 2004; CASTRO, 2001). Por exemplo, para Chrysanthemum vulgare (L.) Berhn, popularmente conhecida como catinga-de-mulata, apenas na Hungria, foram caracterizados 26 quimiotipos, com diferenças significativas na composição de seus óleos (TEUSCHER, 1990). Atualmente é grande o número de plantas conhecidas para a produção de óleos essenciais, representando, assim, uma importância econômica crescente. Os diversos efeitos de compostos extraídos de óleos essenciais de plantas levam sua aplicação em várias áreas comerciais. Tradicionalmente são empregados como matérias-primas nas indústrias farmacêuticas, de alimentos, de cosméticos, perfumes e de higiene pessoal, bem como na aromatização de alimentos e bebidas (SILVA-SANTOS, 2002). Embora a utilização maior ocorra nas áreas de alimentos (condimentos e aromatizantes de alimentos e bebidas) e cosméticos (perfumes e produtos de higiene), também em farmácias as drogas vegetais ricas em óleos voláteis são empregadas in natura para a preparação de infusões e/ou sob a forma de preparações galênicas simples (SIMÕES, 2004). 26 Muitos estudos têm comprovado as propriedades farmacológicas de compostos extraídos de óleos essenciais de plantas. Pode ser citada como propriedades farmacológicas relativamente bem estabelecidas a ação carminativa do óleo de funcho, erva-doce, camomila, menta; a ação sobre o Sistema Nervoso Central, como estimulante (óleos voláteis contendo cânfora), depressor (melissa, capim-limão) ou mesmo provocando convulsões em doses elevadas (sálvia, canela); a ação anestésica local do óleo do cravo-da-índia pelo seu alto teor em eugenol e a ação antiinflamatória do óleo de camomila, que contém azulenos (SIMÕES, 2004). 1.3 Antimicrobianos e resistência bacteriana As primeiras descrições sobre o uso de antimicrobianos datam de 3.000 anos atrás, quando médicos chineses usavam bolores para tratar edemas inflamatórios e feridas infeccionadas, e os sumérios recomendavam um emplasto com uma mistura de vinho, cerveja, zimbro e ameixas (TAVARES, 2001). No início do século XX, surgiram os primeiro quimioterápicos de ação sistêmica. Os esforços do cientista alemão Paulo Ehrlich, considerado pai da quimioterapia, que descobriu o salvarsan (sal do arsênico) usado no tratamento da sífilis e da febre recorrente, revolucionaram a terapêutica das infecções e provocaram o desenvolvimento da pesquisa, objetivando a obtenção de novas substâncias medicamentosa sintetizadas em laboratórios (TORTORA, 2003). Outro marco importante na história dos antimicrobianos foi a descoberta por Alexander Fleming em 1928 da penicilina, o primeiro antibiótico de utilidade clínica. Fleming estudando culturas de Staphylococcus aureus observou que uma das culturas tinha sido contaminada por bolores e em volta dessas colônias não havia mais crescimento bacteriano. Então Fleming e seu colega, Dr. Pryce, descobriram que a substância responsável pela inibição do crescimento do S.aureus era produzida pelo fungo Penicillium nonatum, a qual foi denominada de penicilina (KONEMAN et al, 2001). Várias substâncias de origem vegetal, animal e mineral foram utilizadas na Antiguidade e na Idade Média para o tratamento das conhecidas “pestes”, que eram diversas epidemias de origem microbiana. Esses produtos, usados de forma empírica, sabe-se hoje que apresentam propriedades terapêuticas antiinfecciosas devido a determinadas substâncias presentes em sua composição (TAVARES, 2001). 27 O advento dos antibióticos e dos quimioterápicos permitiu o controle e cura das doenças infecciosas, mudando a evolução natural dessas doenças de forma marcante. No entanto, o uso indiscriminado de antimicrobianos, provocou a partir da década de 70, um processo de aceleração do aparecimento de cepas bacterianas resistentes aos antimicrobianos, principalmente nos ambientes hospitalares (LINARES-RODRIGUES et al, 2005; WAGENLEHNER et al, 2005). O termo “resistência” se refere aqueles microrganismos que tem a capacidade de crescer in vitro em presença das concentrações que esta droga atinge no sangue. A resistência pode ser de dois tipos: natural ou intrínseca e adquirida (TORTORA, 2003; KONEMAN et al, 2001; TAVARES, 2001;). A resistência natural ou intrínseca faz parte das características biológicas primitivas dos microrganismos e é observada regularmente em uma determinada espécie bacteriana em relação a diferentes antimicrobianos. Resulta de genes cromossômicos que codificam a existência, na célula, de estruturas ou mecanismos que impedem o antibiótico de agir em seu receptor ou que codificam a falta do sitio de ação da droga ou que determinam a existência de receptores inadequados para a ligação com uma substancia especifica (TORTORA, 2003; KONEMAN et al, 2001; TAVARES, 2001). A resistência adquirida a uma determinado antimicrobiano é aquela que surge em uma bactéria primitivamente sensível a este mesmo antimicrobiano. Essa resistência acontece devido a mutações que ocorrem no microrganismo durante seu processo reprodutivo e resulta de erros de cópia na seqüência de bases que formam o DNA ou por meio de transferências do material genético, em que consiste na importação de genes causadores da resistência, pelos mecanismos de transdução, transformação e conjugação, que, freqüentemente, envolve genes situados em plasmídios e transposons (TORTORA, 2003; KONEMAN et al, 2001; TAVARES, 2001). Os diferentes mecanismos de resistência podem tornar a cepa microbiana capaz de resistir parcial ou totalmente à ação, não apenas de um antibiótico, mas de vários, pertencentes a uma mesma classe e às vezes a classes diferentes (OTAIZA, 2002). A resistência das diversas espécies de microrganismos aos antimicrobianos é extremamente variável entre os países, regiões e origem hospitalar ou comunitária das estirpes. Algumas espécies apresentam resistência amplamente difundida em todo o mundo, como é o caso do Staphylococcus aureus (CARSON et al, 1995). 28 Os estafilococos vêm mostrando crescente resistência a beta-lactâmicos betalactamase-resistentes, como é o caso dos S. aureus resistente a meticilina - MRSA (Methicilin Resistant Staphylococcus aureus) ou a oxacilina (Oxacilin Resistant Staphylococcus aureus) – ORSA, principalmente em hospitais de grande porte, com serviços de emergência abertos ao público e centros de referencias para pacientes infectados. É reconhecido como um dos mais importantes patógenos causadores de infecções nosocomiais em todo o mundo e o surgimento e disseminação de cepas cada vez mais virulentas e multirresistentes é um fator preocupante (TAVARES, 2001). Um exemplo, dessa preocupação, é que em 2002 já foram confirmados nos Estados Unidos da América (EUA) tanto em laboratório como em clínica, linhagens mutantes com sensibilidade reduzida à vancomicina (FRIDKIN, 2002), como também, nesse mesmo ano, descreve o primeiro caso documentado de infecção causada por S. aureus com resistência completa a vancomicina (VRSA) (Vancomicina MIC > 32mcg/mL) (SIEVERT et al, 2002). Além do S. aureus, dentre os microrganismos que sofrem grandes modificações na sensibilidade aos antimicrobianos com o correr dos anos, destacam-se as enterobactérias, como a Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, a Pseudomona aeruginosa, o Acinetobacter baumannii, os fungos e as leveduras do gênero Candida, especialmente a Candida albicans (KONEMAN et al, 2001, TAVARES, 2001 CHARTONE-SOUZA et al, 1998). Esses patógenos representam cada vez mais um desafio emergente ao tratamento das infecções causadas por eles. Em um estudo feito por MENEZES e colaboradores em 2004, determinando o perfil de resistência de A.baumannii a antimicrobianos nas unidades de terapia intensiva e semi-intensiva do Hospital Geral de Fortaleza, verificaram que 62 (14%) das 437 amostras analisadas foram positivas para essa bactéria, sendo o maior número de isolados do aspirado traqueal e sangue. Quanto ao perfil de resistência observaram que as cepas isoladas de cateteres foram resistentes a quase todos os antimicrobianos, com exceção das quinolonas e imipenen (MENEZES et al, 2004). Atualmente, o problema de resistência tornou-se mais grave devido às dificuldades para a descoberta e o lançamento de novos antimicrobianos no mercado, pois são necessários muitos anos e um custo altíssimo para que um antimicrobiano esteja á disposição no mercado, o que leva a esses produtos estarem cada vez mais escassos e mais caros. BAQUERO e BLÁZQUEZ (1997) relatam o perigo do retorno a uma era préantibiótico, particularmente considerando que nenhuma nova classe de antibiótico foi 29 descoberta nos últimos anos, apesar das intensas pesquisas das indústrias farmacêuticas e CHARTONE-SOUZA (1998) confirma que uma das alternativas usadas pelas indústrias farmacêuticas tem sido a modificação química da estrutura dos antimicrobianos já existentes, na tentativa de torná-los mais eficientes ou de recuperar a atividade prejudicada pelos mecanismos bacterianos de resistência. Dessa forma, esses dados antecipam os gravíssimos problemas que poderão trazer essas cepas microbianas resistentes, caso não surjam novos antimicrobianos ou terapias alternativas para combatê-las. 1.4 Antimicrobianos de origem vegetal “O problema da resistência microbiana é crescente e a perspectiva futura do uso de drogas antimicrobianas, é incerta”. (NASCIMENTO et al, 2000). Como descrito anteriormente, um dos maiores problemas de saúde pública enfrentados nas últimas décadas consiste no agravamento da resistência a antimicrobianos em populações bacterianas e fúngicas, principalmente em cepas de origem hospitalar e que o Brasil é um rico ambiente para estudos com produtos naturais, os quais constituem uma importante fonte de novos compostos para serem utilizados na terapêutica. Nestes dois aspectos, a busca por novas substâncias antimicrobianas a partir de fontes naturais vem ganhando importância e está cada vez mais intensificada. Acredita-se que as plantas medicinais sejam as melhores fontes de obtenção dessas novas drogas e muitos estudos têm sido conduzidos, em diferentes partes do mundo para comprovar sua eficiência. Muitas plantas são usadas por sua atividade antimicrobiana, a qual se deve a compostos sintetizados em seu metabolismo secundário (NASCIMENTO et al, 2000). A atividade antimicrobiana de plantas medicinais tem sido pesquisada em diversas espécies e relatada em muitos países como no Cuba, Índia, México e Malásia que possuem uma flora diversificada e uma rica tradição na sua utilização (DUARTE et al, 2005, STASI et al, 2002, NASCIMENTO et al, 2000). No Brasil, essa realidade não é diferente. É especialmente um país com uma rica biodiversidade e conhecimentos tradicionais abundantes, com cultura comum do uso de 30 plantas medicinais, o que resulta no interesse da realização de importantes pesquisas sobre atividade antimicrobiana de vegetais e o uso de componentes de plantas nessa área tem aumentado gradualmente. O uso de extratos vegetais e fitoquímicos com conhecida atividade antimicrobiana assume importante significado nos tratamentos terapêuticos. Muitas espécies vegetais são reconhecidas por suas substâncias ativas que apresentam atividade antimicrobiana contra um grande número de microrganismos, incluindo espécies resistentes a antibióticos e antifúngicos (NASCIMENTO et al, 2000). Em estudo realizado por SOUZA et al em 2004, foi avaliada a atividade biológica de 49 plantas em farmácias comunitárias caseiras no Rio Grande do Sul. De dezoito espécies analisadas quanto a sua atividade antimicrobiana, onze (Chaptalia mutans, Cordia monosperma, Echinodorus grandiflorus, Eugenia uniflora, Leonurus sibiricus, Luehea divaricata, Malva sylvestris, Ocotea odorifera, Parapiptadenia rigida, Pluchea sagittalis, Psidium cattleyanum e Senna neglecta) inibiram no mínimo um dos microrganismos testados. Em outra pesquisa, foi analisada a atividade antimicrobiana do extrato de 120 espécies de plantas de 28 diferentes famílias botânicas. Oitenta e um desses extratos, obtidos de 58 plantas, mostraram-se ativos contra S. aureus, enquanto cinco extratos, de quatro plantas, inibiram o crescimento de Pseudomonas aeruginosa (SANTOS-FILHO et al, 1990). BASTOS em 2007, estudando o uso de preparações caseiras de plantas medicinais utilizadas no tratamento de doenças infecciosas, verificou que das quarenta e cinco amostras analisadas, 25 (55,6%) apresentaram atividade inibitória sobre o crescimento de pelo menos um dos microrganismos testados. Duas dessas amostras (romã e cebolinha + pepaconha + cumaru + beterraba + alho + mel de abelha) foram capazes de inibir todas as cepas testadas; as amostras de alfavaca + eucalipto e cebolinha branca + eucalipto + aroeira + pepaconha foram ativas contra Pseudomonas aeruginosa, microrganismo bastante conhecido por sua múltipla resistência a drogas. De um modo geral, um dos produtos vegetais que mais se destaca e que se apresenta como potencial fonte de compostos antimicrobianos são os óleos essenciais. Já se tem estabelecido cientificamente que 60% dos óleos essenciais possuem propriedades antifúngicas e 35% exibem propriedades antibacterianas (DAFERERA et al, 2003). Neste contexto, vários estudos vêm sendo conduzidos para avaliar e comprovar cientificamente o uso empírico para tal atividade, bem como para o desenvolvimento de novos fármacos. 31 Em 2004, FARAGO e colaboradores analisaram a atividade antibacteriana de óleos essenciais de Ocimum selloi Benth, conhecida popularmente como alfavaca, pertencentes às variedades estragol e eugenol. Os resultados in vitro demonstraram que tanto a variedade estragol como a eugenol inibiram o crescimento das cepas de S.aureus ATCC 25923 e de E.coli ATCC 25922, mas que nenhuma teve ação contra P.aeruginosa ATCC 27853. PEREIRA e colaboradores (2004) analisaram a atividade antibacteriana de óleos essenciais de Ocimum gratissimum L., Cybopogum citratus (DC) Stapf. e Salvia officinalis L. sobre 100 cepas de bactérias isoladas de indivíduos da comunidade com diagnóstico de infecção urinária. Os resultados mostraram ser a ação inibitória do óleo essencial de Salvia officinalis L., superior as apresentadas pelos óleos essenciais extraídos das outras ervas, tendo eficácia de 100% sobre espécies dos gêneros Klebsiella e Enterobacter, 96% sobre Escherichia coli, 83% sobre Proteus mirabilis e 75% sobre Morganella morganii. Foi verificado que os óleos essenciais das outras duas espécies, embora menos potentes que o óleo essencial de Salvia officinalis L., foram capazes de inibir o crescimento de 16% das cepas estudadas. LIMA et al, 2006, avaliaram a atividade antifúngica de óleos essenciais sobre espécies de Candida (C. albicans, C. guilliermondii, C. krusei, C. parapsilosis, C. stellatoidea e C. tropicalis) e observaram que todos os óleos essenciais extraídos de Cinnamomum zeylanicum Blume, Citrus limon Risso, Eucalyptus citriodora HK, Eugenia uniflora L., Peumus boldus Benth e Rosmarinus officinallis L. foram capazes de inibir o crescimento de pelo menos uma das cepas fúngicas testadas e que os óleos essenciais de C. zeylanicum e P. boldus inibiram o crescimento da maioria das cepas. Muitos óleos essenciais extraídos apresentam atividade antimicrobiana contra um grande número de bactérias, incluindo espécies resistentes a antibióticos e antifúngicos, podendo inibir tanto bactérias Gram-positivas quanto bactérias Gram-negativas e ainda leveduras e fungos filamentosos (CARSON et al, 1995). Segundo DAFERERA et al (2003) o uso de óleos essenciais, como agentes antimicrobianos, oferece um baixo risco de desenvolvimento de resistência microbiana, pois sendo misturas de diferentes compostos, sua atividade microbiana pode estar relacionada a diferentes mecanismos de ação, o que dificulta a adaptação dos microrganismos. 32 Nesse sentido, os óleos essenciais assumem um importante papel no combate ao desenvolvimento de resistência microbiana, levando a oportunidade de serem encontrados compostos com propriedades antimicrobianas, muitas vezes superiores aos fármacos atuais. 1.5 Espécies Reativas de Oxigênio e Estresse Oxidativo O oxigênio é um composto essencial para os seres vivos. As moléculas de oxigênio diatômico na atmosfera terrestre são as maiores promotoras de reações nas células vivas. Exceto aqueles organismos que são especialmente adaptados para viver em condições anaeróbias, todos os animais e plantas requerem oxigênio para uma eficiente produção de energia (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Cerca de 2% a 5 % do oxigênio consumido, dá origem a intermediários altamente reativos, denominados Espécies Reativas de Oxigênios (EROs). Estas espécies incluem o oxigênio singlete (1O2), o radical ânion superóxido (O2--), o peróxido de hidrogênio (H2O2), radical hidroxila (OH •) entre outros (SALVADOR & HENRIQUES, 2004). O Radical Livre é qualquer átomo, molécula ou íon que possui um ou mais elétron livre na sua orbita externa, o que caracteriza uma grande instabilidade elétrica e capacidade reativa, podendo reagir com qualquer composto que esteja próximo, a fim de captar um elétron desse composto para sua estabilização. A maioria desses radicais livres é derivada do metabolismo do O2 pelo organismo, pois em condições normais é inevitável a produção das EROs durante o processo de respiração celular que ocorre nas mitocôndrias das células, a fim de gerar ATP. A mitocôndria, que consome mais de 90% de oxigênio, é a principal fonte de espécies reativas de oxigênio e de radicais livres (LEE et al, 2002). Além da respiração celular, as EROs também podem ser geradas pela ativação dos leucócitos, como parte da resposta imune, usadas contra bactérias e fungos invasores do organismo, produzindo ação lesiva a estes microrganismos, ou pela oxidação exógena, causada pela poluição, fumo, solventes orgânicos, pesticidas e radiações, por exemplo (HALLIWELL, 2001; NISSEN et al, 2001). Em concentrações fisiológicas as EROs tem funções biológicas definidas, atuando como mensageiros secundários de sinalização em mecanismos celulares. Entretanto, concentrações supra-fisiológicas devem ser evitadas pelo organismo, considerando que sua reatividade traz conseqüências celulares deletérias, causando oxidação de lipídios e proteínas, 33 alterações no DNA e a modificação nas bases e na modulação da expressão gênica (SIES, 1991). Para se defender da toxidade das EROs, as nossas células saudáveis apresentam mecanismos específico, que constituem o potencial biológico antioxidante. A condição fisiológica da célula exige equilíbrio entre os sistemas pró-oxidante e antioxidante. O desequilíbrio do estado estacionário em favor do sistema pró-oxidante promove injurias celulares, sendo a condição denominada de estresse oxidativo (SALVADOR & HENRIQUES, 2004). O estresse oxidativo pode ser definido como o acumulo intracelular de níveis tóxicos de espécies reativas de oxigênio por meio de saturação do sistema antioxidante, causando danos moleculares às estruturas celulares, com conseqüente alteração funcional e prejuízo das funções vitais (DROGE, 2002). Da ação das EROs sobre ácidos nucléicos, decorrem modificações estruturais da molécula do DNA, implicando alterações tais como mutações mutagênicas; sobre carboidratos (principalmente em glicosaminoglicanos) são capazes de provocar quebra nas cadeias dos carboidratos resultando em alterações no metabolismo energético celular e em perda do reconhecimento do contato celular, podendo levar a divisões celulares não limitadas pelo contato de células vizinhas; em proteínas causam fenômeno conhecido com peroxidação protéica, responsável por quebra de cadeias polipeptídicas, perda ou alteração de atividade enzimática, levando em alterações funcionais e estruturais nas células; sobre lipídeos resulta em peroxidação lipídica, que é principalmente responsáveis por alterações da permeabilidade da membrana celular. Desta forma, o resultado do estresse oxidativo é, com freqüência, a morte celular (AUDDY et al, 2003, DROGE, 2002). Dessa forma, o sistema de defesa antioxidante, mesmo presente em baixas concentrações em relação ao substrato oxidante, é necessário e capaz de inibir ou retardar as taxas de oxidação. Esse sistema antioxidante pode ser não enzimático ou enzimático e não se tornam radicais livres pela doação de elétrons, pois eles são estáveis em ambas as formas (SIES, 1991). Os antioxidantes enzimáticos são compostos pelas seguintes enzimas: superóxidodismutase (SOD), catalase e glutationa-peroxidase (GSH-Px). A catalase, que é uma enzima bastante abundante encontrada no sangue, medula óssea, rim e fígado, tem a função de reduzir o H2O2 em H2O e O2 (HALLIWELL, 2001). A enzima superóxido-dismutase acelera a dismutação do íon superóxido O2- em peróxido de hidrogênio (H2O2) na presença do próton 34 H+. E o sistema glutationa, atua no combate da redução do peróxido de hidrogênio (H2O2), convertendo a glutationa reduzida (GSH) em oxidada (GSSG). Essa reação é catalisada pela enzima glutationa-peroxidase (GSH-Px). A recuperação da glutationa reduzida é feita pela enzima glutationa-redutase (GSH-Rd) (DROGE, 2002). Quanto ao sistema de defesa antioxidante não-enzimáticos, os principais são o βcaroteno (vitamina A), ácido ascórbico (vitamina C), α-tocoferol (vitamina E), glutationa, ácido úrico, bilirrubina, zinco, cobre e os bioflavonóides, derivados de plantas (HALLIWELL, 2001). O estresse oxidativo tem sido implicado como mediadores de várias patologias tais como doenças cardiovasculares, câncer, artrite reumatóide, a distrofia muscular, desordens neurológicas e processos de envelhecimento (NORDBERG & ARNÉR, 2001). Os radicais livres correlacionados com essas doenças atuam, não como agentes etiológicos e sim como fatores que participam diretamente dos mecanismos fisiopatológicos, os quais determinam a continuidade e as complicações de diversos estados patológicos (ROVER JUNIOR et al., 2001). 1.6 Estresse Oxidativo e Doenças Neurodegenerativas O estresse oxidativo é um importante processo que vem sendo relatado na patogênese de algumas condições que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC), contribuindo para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas tais como epilepsia, esclerose múltipla, demências e doenças de Alzheimer e de Parkinson (SALVADOR & HENRIQUES, 2004) que estão entre as doenças neurodegenerativas mais comuns. Com a tendência de aumento do tempo de vida médio da população, a prevalência dessas doenças também tem aumentado. As causas das desordens neurodegenerativas não estão totalmente esclarecidas, e, com exceção da doença de Parkinson, não existem tratamentos que alterem significativamente a progressão dessas patologias. As chances de apresentar Alzheimer aumentam significativamente após os 60 anos, com uma prevalência de 47% em pacientes com mais de 85 anos (EVANS et al, 1989). Dessa forma, além da idade as disfunções mitocondriais e o estresse oxidativo possuem um papel importante na morte neuronal característica dessas doenças (ESPOSITO et al, 2002). De fato, isso se torna facilmente compreensível, visto que o Sistema Nervoso Central é altamente sensível ao estresse oxidativo. O cérebro é altamente dependente de 35 energia para seu funcionamento normal e a mitocôndria é a estrutura intracelular responsável pela produção dessa energia. Para a produção eficiente de energia na forma de ATP, a mitocôndria possui uma alta demanda por oxigênio, já que utiliza uma grande quantidade de O2 em uma massa de tecido relativamente pequena, o que torna esse tecido altamente susceptível à ação das espécies reativas (HALLIWELL, 2001; HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Outros fatores também contribuem para essa susceptibilidade como o alto conteúdo lipídico, principalmente de ácidos graxos poliinsaturados, os quais servem de substratos para a peroxidação lipídica; os altos níveis de ferro presentes no cérebro, os quais favorecem a lipoperoxidação; o baixo potencial antioxidante, sendo os níveis de catalase particularmente baixos em muitas regiões cerebrais; e a presença de neurotransmissores autooxidáveis, entre outros fatores (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Entre as evidencias que mostram o envolvimento de espécies reativas em doenças neurodegenerativas estão o aumento dos parâmetros do estresse oxidativo no cérebro, incluindo níveis aumentado de ácido malonildialdeído (MDA), 4-hidroxinonenal (HME) e a oxidação protéica de grupos carbonil e 3-nitrotirosina, assim como concentrações reduzidas de antioxidantes não enzimáticas GSH e ascorbato, e das enzimas antioxidantes catalase e glutationa peroxidase (GSH-PX) (JENNER & OLANOW, 1996; PERRY et al, 1982). Na doença de Alzheimer, a mais comum dentre as doenças neurodegenerativas, é possível que o estresse oxidativo tenha um papel chave na morte neuronal. Estudos clínicos mostraram níveis elevados de peroxidação lipídica e das enzimas catalase, SOD e GSH-Px em várias regiões do cérebro de pacientes com Alzheimer. Por outro lado, as concentrações intracelulares de glutationa (GSH), apresentaram-se diminuída. Níveis altos de nitrotirosina, um aminoácido oxidado, têm sido encontrados em neurônios de pacientes com Alzheimer (SALVADOR & HENRIQUES, 2004). Na doença de Parkinson, foram observadas evidências do aumento do estresse oxidativo em autópsias da substância nigra do cérebro, indicando que esse tem papel importante na degeneração de neurônios (PARASKEVAS et al, 2003). Levantou-se a possibilidade de que um estresse oxidativo induzido pela dopamina possa ser à base da vulnerabilidade dos neurônios dopaminérgicos na Doença de Parkinson. Na degradação da dopamina, ocorre a produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), que na presença de Fe2+, abundante nos gânglios da base, pode gerar radicais livres hidroxil (OH-). Caso, os mecanismos protetores fossem inadequados, esses radicais livres poderiam levar a 36 degeneração de neurônios dopaminérgicos (GOODMAN & GILMAN, 1996). Já RIOBO e colaboradores (2002) propõem um papel direto de óxido nítrico, e de seu produto, peroxinitrito, na fisiopatologia da Doença de Parkinson. Assim, devemos salientar que as EROs podem ser causa ou conseqüência de doenças humanas associadas ao estresse oxidativo. Por isso, antioxidantes sintéticos e naturais tem sido recomendados para o alívio dos sinais e sintomas destas doenças e, mesmo, para bloquear sua evolução. No entanto, muito deve ser investigado acerca do benefício desses antioxidantes exógenos, para garantir a dose, a via de administração e qual o antioxidante ideal para cada doença. Neste contexto, a biodiversidade brasileira, em particular a flora do Nordeste, tem sido amplamente investigada quanto ao seu potencial terapêutico nas doenças neurológicas. De fato, os produtos naturais parecem ser uma fonte promissora de substancias com atividade antioxidante e pesquisas realizadas nos últimos anos evidenciam que o enriquecimento dos sistemas orgânicos com antioxidantes naturais 1.7 A família Verbenaceae e o gênero Lippia As Verbenaceae constituem uma família de plantas presentes em praticamente todos os ecossistemas terrestres, sendo uma das cinco mais importantes entre as eudicotiledôneas dos campos rupestres (CASTRO, 2001; LORENZI & MATOS, 2002). A família Verbenaceae, subfamília Verbenoideae, apresenta aproximadamente 36 gêneros e 1.305 espécies. Os gêneros mais representativos são: Verbena (200 spp.), Lippia (150), Citharexylum (70), Stachytarpheta (70), Glandularia (60) e Duranta (30) (TRONCOSO, 1974). O gênero Lippia, o segundo maior da família, foi primeiramente descrito em 1.753 por Linnaeu (BRANDÃO, 2003) e reúne um grande número de espécies. Para TRONCOSO (1974) e SALIMENA (2000), o número de espécies estimado é de 160, estando a maior parte no Brasil, no México, no Paraguai e na Argentina, com poucas espécies endêmicas na África. O Brasil apresenta a maior diversidade em espécies do gênero Lippia, 111 espécies. Sendo os principais centros de diversidade específica do gênero Lippia localizados na Cadeia do Espinhaço, em Minas Gerais e na Chapada Diamantina, na Bahia (SALIMENA, 2000). Além de se destacar pela grande diversidade botânica e ampla distribuição este gênero vem recebendo importante atenção por apresentar espécies que podem ser utilizadas 37 para os mais diversos fins. Tradicionalmente, usadas no tratamento de infecções gastrintestinais, respiratórias e cutâneas. Em geral, as espécies do gênero Lippia apresentam na composição química de seus tecidos, alguns compostos em comuns, encontrados em várias espécies diferentes, com atividades farmacológicas antimalárica, antiviral e citostática. Em muitos casos, as partes usadas são as folhas e as flores, as quais são comumente preparadas em infusão ou decocção, mas também utilizadas oralmente ou através de emplastos e lavagens para ferimentos (LORENZI & MATOS, 2002; PASCUAL et al, 2001). Alguns constituintes químicos presentes em L. alba (Mill.) N. E. Br. tem ação sedativa, antiespasmódica e estomáquica (GOMES et al, 1993). O extrato aquoso de L. sidoides é dotado de acentuado efeito antisséptico, antiinflamatório e cicatrizante (PASCUAL et al, 2001). FERNANDES-FILHO et al (1998) realizaram a preparação e a análise clínica de um anti-séptico bucal à base de óleo essencial de L. sidoides Cham (alecrim-pimenta). O estudo que foi conduzido em 20 voluntários demonstrou que o anti-séptico bucal à base de óleo essencial de L. sidoides reduziu em 6% a placa bacteriana nos indivíduos que fizeram seu uso exclusivo por 7 dias, não sendo permitido durante este período realizar a escovação ou qualquer outro tipo de higienização bucal. O óleo essencial de L. sidoides é rico em timol e carvacrol, apresentando atividade bactericida e fungicida. Em virtude destas propriedades, esse vegetal é cultivado em horto de plantas medicinais e faz parte do elenco de plantas selecionadas pelo Governo do Estado o Ceará como fitoterápico. Na Faculdade de Farmácia – UFC foi desenvolvido um anti-séptico bucal à base de óleo essencial de L. sidoides (alecrim-pimenta) elaborado pelo setor de Farmacotécnica com o objetivo de validar seu uso em programas alternativos na prevenção de cárie dental (BOTELHO, 2005). MALLIE & BASTIDE (1995) mostram que o óleo essencial de L. multiflora Moldenk preparado por hidrodestilação das folhas e caules, apresentou atividade in vitro sobre a cultura de Plasmodium falciparum, sendo dessa forma eficaz contra malária. Esse óleo essencial inibiu o crescimento principalmente no passo trofozoíta - esquizonte, indicando um potencial efeito sobre a primeira divisão nuclear do parasito. Também foi mostrado o efeito de L. multiflora no tratamento da hipertensão (NOAMESI, 1977) e sua eficácia no combate à sarna (OLADIMEJI et al, 2000). 38 A L. dulcis Trevir é principalmente usada no tratamento da tosse e bronquite (COMPADRE et al, 1986). Além de suas propriedades medicinais, suas folhas são também utilizadas na preparação de alimentos e apresenta como componente principal a hernandulcina, que é um constituinte sesquiterpeno do óleo essencial extraído de flores e folhas e que tem como característica de ser bem mais doce que a sacarose (KANEDA et al, 1992; COMPADRE et al, 1986) L. citriodora e L. graveolens são utilizadas em preparações alimentar e também como estimulador de apetite (PASCUAL, 2001; MORTON, 1981). CAVALCANTI em 2006 mostrou que o óleo essencial da L. gracillis Shauer apresentou atividade tuberculostática sobre treze cepas de Mycobacterium tuberculosis, inclusive àquelas que resistentes à isoniazida. Em várias regiões, algumas espécies do gênero Lippia também têm sido utilizadas como condimento culinário e na produção de aromatizantes, cosméticos e perfumes. Apesar de muitas espécies apresentarem atividades biológicas comprovadas, várias outras ainda não foram estudadas, sendo provavelmente bastante promissoras para o isolamento de novas substâncias químicas com diferentes potenciais farmacológicos. 1.8 A espécie Lippia alba (Mill) N. E. Brown e seus quimiotipos L. alba (Mill.) N. E. Brown, umas das principais espécies do gênero Lippia, é um arbusto com até dois metros de altura, bastante rústico e vigoroso, perene, muito ramificado e de morfologia variável (BRAGA et al, 2005; MATOS et al, 2001). São plantas que apresenta ramos finos, esbranquiçados, arqueados e quebradiços. Folhas opostas, elípticas, de largura variável, com bordos serreados e ápice agudo. Flores reunidas em inflorescências capituliformes de eixo curto (MATOS, 1998). Podem ser encontradas em solos arenosos e nas margens dos rios, açudes, lagos e lagoas, em regiões com clima tropical e temperado, porém preferencialmente em regiões de clima tropical (BRAGA et al, 2005). Muito usada como planta medicinal é popularmente conhecida como ervacidreira de arbusto, erva-cidreira do campo, alecrim do campo, chá-do-tabuleiro, cidreira brava, erva cidreira brasileira, cidró, cidrão, falsa melissa, salsa limão entre outros (MATOS, 1996; MARTINS et al, 1995; BRAGA, 1976). É comumente confundida com a verdadeira erva cidreira ou melissa, Melissa officinalis (JULIÃO et al, 2003), devido à 39 presença de substância como o citral e o citronelal, os quais conferem o odor cítrico característico da planta (PASCUAL et al, 2001). Na comunidade científica, as diversas sinonímias que são conferidas a Lippia alba (Mill.) N. E. Brown também causam confusão e segundo a revisão de PASCUAL et al (2001), ela pode receber o nome de L. germinata, L. microphylla Griseb, L. germinata H. B. K., L. globiflora Kuntze, L. lantanoides Coult, Lantana alba Mill e Phyla germinata H. B. K. A L. alba possui um rico potencial farmacológico que está relacionado à ampla variação na composição química de seu óleo essencial. Essa variação leva a classificação desta espécie em quimiotipos, que são denominados de acordo com o componente químico majoritário presente em seus óleos essenciais (JULIÃO et al, 2003; MATOS, 1996; BRAGA, 1976). Além da variação química em seus óleos essenciais, os exemplares de diferentes quimiotipos de L. alba também apresentam variações morfológicas, principalmente devido à sua grande plasticidade fenotípica (CORREA, 1992), ou seja, o ambiente em que a planta se encontra pode determinar seu hábito de crescimento, constituição fitoquímica, forma e coloração das folhas (TAVARES et al, 2003). Esta variação morfológica, muitas vezes, leva a problemas e complexidades na taxonomia do gênero, gerando dificuldades na correta identificação da espécie. Estudos da composição química do óleo essencial da L. alba em diferentes regiões vem apresentando variações quantitativa e qualitativa dos constituintes, o que realmente comprova a existência de muitos quimiotipos nesta espécie (CASTRO et al, 2001). No entanto, as pesquisas relatam que os principais constituintes da composição química do óleo dessa planta, são os monoterpenóides (borneol, cânfora, 1,8-cineol, citronelol, geranial, linalol, mirceno, neral, piperetona, sabineno, 2-undecanona) e os sesquiterpenóides (amuuroleno, b-cariofileno, b-cubebeno, b-elemeno, gcadieno, alo-aromadendreno, óxido de cariofileno) (PASCUAL et al, 2001). Na Argentina, por exemplo, são conhecidos cinco quimiotipos de L. alba: citral/linalol, d-limoneno/lippiona, d-piperitona, citral e piperitona/limoneno+1,8 cineol, encontrados em diversas regiões com diferentes características climáticas, tipos de solos e variado grau de umidade (PINO & ORTEGA, 1996) Análise da composição química do óleo essencial de L. alba originada de Cuba, revelou a presença de quarenta e dois componentes e os principais constituintes encontrados 40 foram: limoneno (6,5%), carvona (28,95%), piperitenona (6,35%) e b-guaieno (11,53%) (PINO & ORTEGA, 1996). No Nordeste do Brasil, foi verificada a ocorrência de quimiotipos que diferenciam seus óleos essenciais principalmente em relação à predominância de monoterpenos tais como citral (55,1%), mirceno (10,5%) e limoneno (1,5%) (JULIÃO et al, 2003; MATOS, 1996). No estado do Pará, o estudo dos óleos essenciais das partes aéreas da L. alba coletadas em três municípios, permitiram a divisão desta espécie em três grupos segundo os seus componentes: grupo A, caracterizado por alto teor de 1,8 cineol (34,9%) e carvona (31,8%); grupo B, com 32,1% de limoneno e 31,8% de carvona e o grupo C, caracterizado com grandes quantidades de geranial (22,5%) e germacreno-D (25,4%) (ZOGHBI et al, 1998). Um estudo fitoquímico feito por MENDES (2001) classificou os exemplares de L. alba em oito formas, de acordo com os diferentes locais de coleta: formas 1 e 4 – Mato Grosso do Sul, forma 2 – Rio Grande do Sul, formas 3, 5 e 6 – Acre, forma 7 – Paraná e forma 8 – Goiás. A análise dos componentes principais dos óleos essenciais permitiu o agrupamento das formas em quatro grupos distintos: nas formas de 1 e 7 foram encontrados o linalol e 1,8 cineol; na forma 2, a cânfora, o óxido de cariofileno, o B-mirceno, o transcariofileno, o linalol, o cafeno, e o p-cimeno; nas formas 4, 6 e 8, o citral; e nas formas 3 e 5, o D-limoneno, germacreno-D e a carvona. No Ceará, foi verificado a ocorrência de três quimiotipos de cidreiras, que apresentam diferenças quanto à composição química de seus óleos essenciais e de seus componentes majoritários em relação aos teores de citral, carvona, mirceno e limoneno. Os quimiotipos receberam as designações de acordo com os constituintes majoritários encontrados: o quimiotipo I, com teores elevados de mirceno e citral, mais raro no Ceará; o quimiotipo II, com teores elevados de limoneno e citral e o quimiotipo III, com limoneno e carvona e ausência de citral (MATOS et al, 2001). Diferentes do quimiotipo I, os quimiotipos II e III são morfologicamente semelhantes. Assim, a variabilidade na constituição química dos óleos essenciais deverá ser considerada em futuros estudos, para que se possa determinar que influência essa variabilidade exerce sobre as diferentes atividades farmacológicas, com o objetivo de potencializar determinada atividade e conseqüentemente aumentar a eficácia de um fitoterápico preparado a partir desta espécie vegetal. 41 1.9 Aplicações e propriedades biológicas da Lippia alba A Organização Mundial de Saúde estima que grande parte da população mundial continue a depender de plantas medicinais para os cuidados primários da saúde, sobretudo nas regiões mais desfavoráveis. De fato, o consumo de produtos caseiros à base de plantas já é uma realidade assimilada não só pela indústria farmacêutica, mas também pelo poder público (LORENZI & MATOS, 2002; STASI et al, 2002; AKERELE, 1993). Tanto assim, que prefeituras de vários capitais, inclusive de Fortaleza, além de inúmeras cidades do interior, já distribuem gratuitamente estes medicamentos à população, nos postos de saúde (MATOS, 1998). Segundo MING (1992), uma espécie muito promissora para as indústrias farmacêutica, de aromas e perfumaria, é a Lippia alba. De acordo com a lista de espécies elaboradas e publicadas pela Central de Medicamentos (CEME) para o Programa de Pesquisas em Plantas Medicinais (PPPM) do Ministério da Saúde, a L. alba é dita como uma das espécies medicinais mais utilizadas pela população brasileira (SANTOS & INNECCO, 2004) e foi incluída em projetos como “Farmácias Vivas”, da Universidade Federal do Ceará (MATOS, 1998), que visa oferecer sem fins lucrativos, assistência farmacêutica fitoterápica às comunidades carentes. Preparados a base de L. alba (erva-cidreira) são utilizados na medicina popular para o tratamento de diversos males. No Brasil, existem vários estudos que avaliam o uso de plantas medicinais para fins terapêuticos, os quais comprovam ser a espécie L. alba bastante mencionada pela população. Na cidade de Fortaleza, em um estudo realizado sobre o uso de preparações caseiras de plantas medicinais, BASTOS (2007) mostrou que das 32 espécies utilizadas pelos entrevistados, uma das plantas mais citadas para fins medicinais é a espécie Lippia alba (ervacidreira) (7,7%). De acordo com esse estudo, suas folhas são usadas na forma de chá para dor de barriga, calmante, gripe, febre, dor e diarréia. De acordo com OLIVEIRA & ARAÚJO (2007), a erva-cidreira (Lippia alba N. E. Brow) foi a segunda (14,6%) espécie de planta mais utilizada pelos idosos na prevenção ou controle da elevação da pressão arterial. Um levantamento sobre as plantas medicinais cultivadas e usadas pelos idosos na Estratégia Saúde da Família Santo Antônio do Município de Pedras de Fogo – Paraíba (PB) indicou as 10 plantas medicinais mais usadas. A erva-cidreira foi a terceira planta mais citada 42 dentre os nove (45%) dos 20 entrevistados que usavam plantas para fins terapêuticos. Eram usadas as folhas frescas, após decocção, para dor de barriga, dor, gases, hipertensão, ou como calmante (SILVA et al, 2008) Quanto ao órgão da planta utilizada e o modo de preparo como fonte terapêutica dessa espécie, destacam-se as folhas e as raízes sob a forma de infusão, decocção, maceração, compressas, banhos ou extratos alcoólicos (JULIÃO et al, 2003). Popularmente, suas folhas são empregadas como infusão ou decocção no tratamento de doenças gástricas, diarréia, febre, asma, tosse e tranqüilizantes ou calmantes (TAVARES et al, 2005; JULIÃO et al, 2003 MATOS, 1996). Também podem ser usadas na forma de compressas para combater hemorróidas, macerada para uso local contra dor de dentes, e em forma de banhos, como febrífuga (CORREA, 1992). Seu uso também é relatado em casos de resfriado (STASI et al, 2002), no combate a hipertensão (GAZOLA et al, 2004; STASI et al, 2002), como sedativo (STASI et al, 2002), analgésico (VALE et al, 2002), em distúrbios hepáticos, gripe, bronquite, sífilis (BRAGA et al, 2005), no tratamento de dores de cabeça (DUARTE et al, 2005) e para malária (VIGNERON et al, 2005). Algumas pesquisas confirmam o potencial farmacológico da espécie Lippia alba, o que podem explicar, pelo menos em parte, alguns de seus usos terapêuticos na medicina popular, o que também leva ao interesse de estudos, visando o isolamento de compostos responsáveis por tais atividades. CORRE (1992) comprovou a atividade analgésica, espasmolítica, antibacteriana e peitoral a partir de suas folhas, sem que nenhum efeito tóxico tenha sido verificado em animais tratados com extratos das plantas. Misturas de óleos essenciais obtidas das folhas e flores, com cremes biológicos, comprovaram ser excelente para o tratamento de peles envelhecidas e secas, contribuindo para a coesão da célula da pele e promovendo a formação de uma barreira que regula a perda de umidade transepidérmica (ELDER et al, 1997). PASCUAL et al, 2001 demonstraram a atividade antiulcerogênica em ratos tratados por via oral com infusão das folhas de L. alba. A infusão foi efetiva na prevenção da ulceração induzida por indometacina e, na dose testada, não causou lesão gástrica, nem modificou o pH gástrico e a acidez total. VALE (1999) realizou um estudo comparativo entre os óleos essenciais dos três quimiotipos de L. alba e conclui que seus óleos essenciais apresentaram atividade analgésica, ansiolítica, depressor central, relaxante muscular e diminuidoras da temperatura retal. Dentre os componentes químicos dos óleos essenciais, o citral, mirceno e limoneno parecem atuar de 43 maneira sinérgica, sendo responsáveis pelos principais efeitos desses óleos. Já em 2002, esses mesmos autores estudando as substâncias citral, mirceno e limoneno isoladamente, demonstraram seu efeito sedativo e miorrelaxante, porém essas substâncias não apresentaram ação ansiolítica, indicando que esta atividade deve ser de responsabilidade de outros componentes do óleo essencial da planta. Quanto a atividade antioxidante in vitro, o óleo essencial obtido por hidrodestilação exibiu um efeito similar à vitamina E e ao 2-(ter-butil)-4-methoxifenol (BHA), pelo método da oxidação do ácido linoléico em compostos carbonílicos (STASHENKO et al, 2004). Em relação à atividade antimicrobiana, o óleo essencial extraído de toda a planta foi testado em bactérias de interesse clínico por ALEA (1997). O óleo essencial apresentou atividade principalmente sobre bactérias Gram-positivas com Concentração Inibitória Mínima (CIM) variando entre 0,3 e 0,63 mg/mL. De todas as bactérias testadas apenas a Pseudomona aeruginosa mostrou-se resistente às diferentes concentrações testadas, enquanto a espécie Gram-positiva Staphylococcus aureus teve seu crescimento inibido pela a menor dose do agente antibacteriano testada. Um screening de 68 plantas foi realizado para verificação de atividade antimicrobiana sobre três bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae) que causam infecções respiratórias. Dessas 68 plantas, usadas na Guatemala no tratamento de doenças respiratórias, destacaram-se as espécies Lippia alba e Lippia dulcis pela elevada atividade antibacteriana. A L. alba inibiu principalmente o crescimento do S. aureus e S. pneumoniae e moderadamente o S. pyogenes (CACERES, 1991). Quanto sua ação antifúngica de L. alba, utilizando-se o método de microdiluição em caldo, o óleo essencial e o extrato hidroalcóolico obtido por maceração inibiram moderadamente o crescimento da Candida albicans e da C. krusei, quando nas CIM de 0,6 µg/mL e 125 µg/mL, respectivamente. No entanto, somente o extrato hidroalcóolico apresentou atividade inibitória sobre C. parapsiolisis (100 µg/mL) (HOLTEZ et al, 2002). Em relação ao seu efeito antiviral, a fração butanólica e acetato de etila, provenientes da extração líquido-líquido do macerado etanólico da L.alba, apresentou ação contra o vírus Herpes simples tipo 1 resistente ao aciclovir e contra o vírus da pólio tipo 2, respectivamente. O screening fitoquímico realizado com o macerado etanólico detectou a presença de compostos fenólicos e flavonóides (ANDREGHETTI-FROHNER et al, 2005) 44 Ensaios da atividade citotóxica da espécie L.alba também foram alvos de pesquisas. COSTA e colaboradores (2004) avaliaram o efeito citotóxico de extratos brutos e concluíram que o extrato etanólico da folha mostrou maior citotoxidade frente às células HEp2 e o extrato clorofórmio das raízes teve um efeito maior para as células NCl-H292. Essas células foram obtidas de carcinoma epidermóide de laringe e mucoepidermóide de pulmão de humano, respectivamente. O uso adequado da espécie Lippia alba sugere ser muito promissor e seu extensivo uso empírico vem despertando o interesse de pesquisadores em estabelecer explicações científicas para tais atividades farmacológicas, o que tem resultado na confirmação dessas atividades, bem como na detecção de outras propriedades importantes. 1.10 Plantas medicinais: a importância e necessidade de estudos multidisciplinares É sabido que o Brasil, pais de maior biodiversidade do planeta, possui uma imensa flora medicinal nativa ainda desconhecida ou pouco estudada. Também se sabe que apesar de nossas condições privilegiadas de biodiversidade, utilizamos, e muito, as plantas medicinais exóticas (LORENZI & MATOS, 2002). Isso torna mais do que necessário que se invista em pesquisas em nossa flora nativa, pois o Brasil é um enorme potencial nesse campo. É fundamental que a comunidade médica bem como outros profissionais da área da saúde ligados às universidades atente para esse potencial, para que possamos lançar mão dele. É um momento de voltarmos nossos esforços para construir um conhecimento médico baseado em nossos valores e adequado às nossas necessidades, em vez de ficarmos atrelados a um modelo científico exclusivamente internacional. Para tanto devemos valorizar, estudar, validar e utilizar terapeuticamente nossas espécies, antes que outros o façam. No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas, propagadas por usuários ou comerciantes. Muitas vezes, entretanto, as supostas propriedades farmacológicas anunciadas não possuem validade científica, por não terem sido investigadas, ou por não terem tido suas ações farmacológicas comprovadas em testes científicos pré-clínicos ou clínicos (SOUZA et al, 2004). Comparada com as dos medicamentos usados nos tratamentos convencionais, a toxicidade de plantas medicinais e fitoterápicos pode parecer trivial. É comum ouvir de pessoas referirem o uso de preparados a base de plantas por meio de expressões como: “se é 45 natural, é bom; se não fizer bem, mal não fará”. Isto, entretanto, não é verdade. A toxicidade de plantas medicinais é um problema sério de saúde pública e as pesquisas realizadas para a avaliação do uso seguro de plantas medicinais ainda são incipientes. De maneira indireta, este tipo de cultura medicinal desperta o interesse e a necessidade de pesquisadores em estudos envolvendo áreas multidisciplinares, como por exemplo, investigações da medicina tradicional e popular (etnobotânica); isolamento, purificação e caracterização dos princípios ativos (química e orgânica: fitoquímica); investigação farmacológica de extratos e dos constituintes químicos isolados (farmacologia), estudo da relação estrutura/atividade e dos mecanismos de ação dos princípios ativos (química medicinal e farmacologia), bem como a preparação de formulações para a produção de fitoterápicos (RATES, 2001). A integração dessas áreas na pesquisa de plantas medicinais conduz a um caminho promissor e eficaz para a descoberta de novos medicamentos. Estudos farmacológicos realizados com espécies do gênero Lippia fornecem claras evidencias de seus potenciais farmacológicos, incentivando a realização de pesquisas que esclareçam novos aspectos, o que justifica o interesse pelo potencial valor medicinal da Lippia alba. As excelentes características agronômicas da L. alba reforçam sua aplicabilidade como produtora de óleos essenciais, tornando-a uma espécie de grande potencial industrial. É um vegetal com rápido desenvolvimento, que floresce o ano todo, com inflorescências que geram inúmeros frutos, de elevada rusticidade, sendo capaz de se desenvolver em condições de solo pouco fértil e com escassez de água, além de apresentar facilidade de propagação vegetativa por estaquia. A constatação do fácil enraizamento da L.alba sugere a possibilidade de seu cultivo em larga escala, para produção de óleo essencial (BIASI & COSTA, 2003). Assim, o óleo essencial de L. alba, produzidos principalmente em suas folhas, apresenta composição química variada, a qual é influenciada pelo genótipo da planta e fatores ambientais. Também não podemos esquecer que na produção comercial de óleos essenciais, fatores como o rendimento do óleo e sua composição química, são características essenciais, mas bastante variáveis, dificultando a obtenção de produtos com atividades farmacológicas definidas, o que representa um grande desafio às tentativas de produção de insumos farmacêuticos de alta qualidade. Para que o óleo essencial de L. alba possa representar um insumo valioso a indústria farmacêutica e a outras atividades, é necessário ter um amplo conhecimento e traçar um perfil químico, farmacológico e toxicológico 46 OBJETIVOS 47 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar as atividades antimicrobiana e antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, quimiotipo I, II e III, bem como investigar possível relação entre essas atividades biológicas e composição química dos óleos essenciais 2.2 Objetivos Específicos • Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro sobre cepas de bactérias e levedura provenientes da ATCC; • Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro sobre cepas de bactérias multirresistentes isoladas de espécimes clínicos; • Determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Letal Mínima (CLM) in vitro sobre cepas de bactérias multirresistentes isoladas de espécimes clínicos; • Determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Letal Mínima (CLM) in vitro sobre cepas de bactérias e levedura provenientes da ATCC; • Avaliar o efeito do OELA I, II e III sobre a peroxidação lipídica induzida pelo choque térmico em homogenato de cérebro (córtex e hipocampo) de rato; • Avaliar a atividade antioxidante através do teste do DPPH; • Estabelecer relações entre composição química e potencial biológico dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III. 48 MATERIAIS E MÉTODOS 49 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Material Botânico As amostras de folhas da espécie Lippia alba (Mill.) N.E. Brown, quimiotipos I, II e III, foram coletadas do Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará (Foto 01: a, b, c). Exsicatas da espécie encontram-se depositadas no Herbário Prisco Bezerra, Departamento de Biologia-UFC, sob os números 24151 (L. alba quimiotipo I), 24150 (L. alba quimiotipo II) e 24149 (L. alba quimiotipo III). a b c Foto 01: Espécie Lippia alba N.E. Brown cultivada no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará: a: L. alba quimiotipo I; b: L. alba quimiotipo II e c: L. alba quimiotipo III. Fonte própria. 50 3.2 Óleo Essencial 3.2.1 Extração do óleo essencial de folhas de L. alba Os óleos essenciais dos três quimiotipos de L. alba foram extraídos nos Laboratórios de Farmacognosia e de Produtos Naturais- LPN/UFC sob a Coordenação dos Profs. Luzia Kalyne A. M. Leal e F. J. A. Matos (in memorian). Os óleos essenciais foram obtidos das folhas frescas da planta com auxílio de um sistema de extração por arraste de vapor em parelho convencional de vidro, com capacidade para 1 Kg de planta, e o tempo médio de extração foi de 1 hora (CRAVEIRO, 1976). Os óleos essenciais obtidos foram separados da água residual por tratamento com sulfato de sódio (Na2SO4) anidro. 3.2.2. Análise do óleo essencial Os OELA foram analisados num sistema CG/EM QP 5000/QP5050A da SHIMADZU, sob as seguintes condições: coluna capilar DB-5-dimetilpolisiloxano (30 m x 0,25 mm x 0,30 mm), fluxo de 1mL/min. de Hélio como gás de arraste, e gradiente de temperatura, de 10ºC/min (40-180ºC) e de 40ºC/min (180-300ºC), com a temperatura do injetor de 250ºC (ADAMS, 2001). As análises foram realizadas pela Profa. Maria Goretti de Vasconcelos Silva – LPN/UFC. 3.2.3 Preparação das diluições seriadas dos óleos essenciais de folhas de L. alba Para a determinação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) pelo método de microdiluição em caldo e da Concentração Letal Mínima (CLM) pelo método de PourPlate (técnica do plaqueamento), de acordo com as normas da Clinical and a Laboratory Standards Institute (CLSI, 2003), foram preparadas diluições seriadas binárias dos óleos essenciais de folhas de L. alba a partir de uma concentração inicial de 200mg/mL diluídas em solução de Tween 80 a 1%. 51 3.3 Cepas Microbianas 3.3.1 Cepas microbianas ATCC Foram utilizadas cinco cepas microbianas provenientes da “American Type Culture Collection” (ATCC) doadas pelo Laboratório de Materiais de Referência da Fiocruz: Staphylococcus aureus ATCC 6538P, Escherichia coli ATCC 10536, Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027, Salmonella cholerae-suis ATCC 10708 e Candida albicans ATCC 10231. 3.3.2 Cepas microbianas multirresistentes isoladas de espécimes clínicos As cepas microbianas multirresistentes foram obtidas do Laboratório de Microbiologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (Tabela 01). Essas cepas isoladas de espécimes clínicos de ambiente hospitalar foram fornecidas já identificadas através da coloração e provas bioquímicas e com o perfil de sensibilidade in vitro aos antibióticos conhecido. 3.3.3 Manutenção das cepas microbianas Todas as cepas foram estocadas no LabMicro em ágar estoque sob refrigeração, de forma a conservarem inalterados todas as suas características bioquímicas e perfil de sensibilidade a antimicrobianos. Periodicamente foram realizados repiques para meios de cultura esterilizados e a pureza de cada cultura confirmada por microscopia, provas bioquímicas e antibiogramas. 52 Tabela 01: Perfil de resistência aos antibióticos das cepas de origem hospitalar obtidas de diferentes sítios anatômicos. Microrganismo Acinetobacter lwoffi Acinetobacter baumannii Origem da amostra Sensibilidade Resistência Líquido AMI, ATM, CPM, CAZ, GEN, cefalorraquidiano (LCR) POL, TAC, TOB. Aspirado traqueal AMI, ATM, CPM, CAZ, GEN, CIP, NOR, PIT % de Resistência 72,72 POLI, TAC, TOB 78,57 VAN 88,89 VAN, OXA 77,78 IPM, MPM 87,50 AMP, CIP, GEN, NIT, NOR, TAC, AMI, CFL, CFZ, CPM, CFO, 41,18 SUT CRO, CRX, IPM, MPM, PIT IPM, MPM, CIP, LEV, GAT, PIT Staphylococcus aureus (1) Urina CLI, ERI, LNZ, NIT, NOR, OXA, PEN, SUT Staphylococcus aureus (2) Secreção cística CLI, ERI, LNZ, NIT, NOR, PEN, SUT Klebsiella pneumoniae Aspirado traqueal AMI, AMP, CFL, CFZ, CPM, CFO, CRO, CRX, CIP, NIT, NOR, PIT, TAC, SUT Escherichia coli Urina AMI: amicacina; AMP: ampicilina; ATM: aztreonam; CAZ: ceftazidima; CFL: cefalotina; CFO: cefoxitina; CFZ: cefazolina; CIP: ciprofloxacino; CLI: clindamicina ; CPM: cefepime; CRO: ceftriaxona; CRX: cefuroxima sódica; ERI: eritromicina; GAT: gatifloxacino; GEN: gentamicina; IPM: imipenem; LEV: levofloxacina; LNZ: linezolida; MPM: meropenem; NIT: nitrofurantoína; NOR: norfloxacino; OXA: oxacilina; PEN: penicilina; PIT: piperacilina; POLI: polimixina; SUT: sulfametoxazol/Trimetoprim; TAC: ticarcilina; TOB: tobramicina; VAN: vancomicina. 53 3.4 Determinação do Potencial Antimicrobiano dos Óleos Essenciais de Folhas da L. alba O potencial antimicrobiano do óleo essencial dos três quimiotipos da Lippia alba foram realizados no Laboratório de Pesquisa em Microbiologia Aplicada - LabMicro do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (DACT) da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) da Universidade Federal do Ceará. 3.4.1 Determinação da atividade antimicrobiana A determinação da atividade antimicrobiana das amostras foi realizada segundo o método de difusão em ágar (Norma M2-A8, Vol. 23 Nº 1 do Clinical and a Laboratory Standards Institute (CLSI, 2003), que padroniza os testes de sensibilidade a antimicrobianos por disco-difusão, modificado. Essa técnica foi adaptada, pois ao invés de utilizar discos de papel impregnados com as amostras, foram confeccionados poços para aplicação das diferentes concentrações binárias dos óleos essenciais. Culturas microbianas puras mantidas em ágar estoque sob refrigeração, foram repicadas para caldo de infusão de cérebro e coração (BHI) e incubadas a 35ºC até atingirem fase exponencial de crescimento (4-6h). Após esse período, as culturas tiveram sua densidade celular ajustada em solução salina 0,85% estéril, de modo a se obter uma turbidez comparável à da solução padrão de McFarland 0,5, o que resulta em uma suspensão microbiana contendo aproximadamente 1 x 108 UFC/mL. Para a realização correta dessa etapa, foi utilizado um cartão de fundo branco com linhas contrastantes pretas ao fundo. Com o auxílio de swabs estéreis, essas suspensões foram semeadas na superfície do ágar Mueller-Hinton (para cepas bacterianas) (Foto 02) ou ágar Sabouraud-dextrose (para cepas de leveduras). De acordo com a metodologia e para evitar resultados incorretos, a camada de ágar na placa de Petri deverá ter de 3 a 4 mm de espessura e ser semeada em três direções, para que seja obtido um crescimento confluente e homogêneo. Após 5 minutos, foram feitos poços de 5mm de diâmetro interno no ágar, utilizando-se para isso um perfurador estéril (Fotos 03 e 04). Nesses poços foram aplicados volumes de 25 µl das diferentes concentrações dos óleos essenciais (Foto 05). Antibióticos comerciais foram usados como controles positivos (inibição do crescimento microbiano na superfície do ágar) e solução aquosa de Tween 80 a 1% (diluente dos óleos essenciais) como controle negativo (não inibição do crescimento microbiano na superfície do ágar). Após 16-18h de incubação a 35ºC, 54 cada placa foi analisada para verificar se foi satisfatoriamente semeada e se os halos de inibição (HI) foram uniformemente circulares. Caso contrário, o teste seria repetido. Os halos de inibição de crescimento foram medidos em milímetros com auxílio de um paquímetro (Foto 06). Os diâmetros dos halos de inibição total foram mensurados, incluindo o diâmetro do poço. Esses ensaios foram feitos em duplicata. Os valores dos halos de inibição foram as médias das medidas dos dois resultados e nos forneceu informação sobre o potencial inibitório dos óleos essenciais de L. alba sobre as cepas testadas (Figura 01). 55 Suspensão/ Escala 0,5 McFarland ≈ Cepas em ágar estoque sob refrigeração Caldo BHI 35 C 4-6h Incubação a 35 C/18h Leitura dos halos de inibição Figura 01: Fluxograma da técnica de difusão em poço. Solução salina ~108UFC/mL Cepas microbianas ATCC Cepas multirresistentes 56 Foto 02: Semeadura das suspensões bacterianas na superfície de ágar Mueller-Hinton. Foto 03: Confecções de poços de 5mm de diâmetro interno no ágar com auxílio de um perfurador. 57 Foto 04: Remoção do ágar com auxílio de uma pinça para a formação dos poços. Foto 05: Aplicação de volumes de 25µL dos óleos essenciais de folhas de L. alba em diferentes concentrações. 58 Foto 06: Leitura das placas e interpretação dos resultados. 59 3.4.2 Determinação da concentração inibitória mínima – CIM As amostras de óleos essenciais que apresentaram potencial antimicrobiano sobre as cepas testadas pelo método de difusão em meio sólido, como descritas anteriormente no item 3.4.1 foram submetidas à determinação da CIM pelo método de microdiluição em caldo. Foram utilizadas microplacas esterilizadas com 96 poços de fundo redondo estéreis próprias para microdiluição. A determinação da CIM foi realizada através da técnica de microdiluição em placas de acordo com a Norma M7-A6, Vol. 23 Nº 2, CLSI, 2003. Esse método envolve o uso de pequenos volumes de reagentes e a avaliação de grande número de bactérias, fornecendo informações quantitativas indisponíveis quando utilizado o método de difusão em ágar. Culturas microbianas puras mantidas em ágar estoque sob refrigeração, foram repicadas em caldo de infusão de cérebro e coração (BHI) e incubadas a 35ºC até atingirem fase exponencial de crescimento (4-6h). Após esse período, as culturas tiveram sua densidade celular ajustada em meio BHI estéril, de modo a se obter uma turbidez equivalente à da solução padrão de McFarland 0,5, o que resulta em uma suspensão microbiana contendo aproximadamente 1 x 108 UFC/mL. Para a realização correta dessa etapa, foi utilizado um cartão de fundo branco com linhas contrastantes pretas ao fundo. Essa suspensão foi diluída 100 vezes, em meio BHI estéril, o que corresponde aproximadamente a uma suspensão contendo 106 UFC/mL, da qual foi retirada 80µL e adicionada em cada poço da placa. Em cada poço da placa, tinha 100 µL de caldo BHI + 20 µL de óleo essencial ou antimicrobiano + 80 µL de suspensão de microorganismo. As amostras de óleos essenciais foram avaliadas em diversas diluições binárias, como descritas no item 3.2.3. Para os controles positivos (inibição do crescimento microbiano) foi utilizado o meio de cultura, o agente antimicrobiano e o inoculo do microorganismo. Já para o controle negativo (não inibição do crescimento microbiano) foi usado meio de cultura, o diluente (solução aquosa de Tween 80 a 1%) estéril e o inoculo do microorganismo. As placas foram incubadas a 35ºC por 24 horas com no máximo quatro placas em cada pilha, a fim de manter a mesma temperatura de incubação para todas as culturas. Após esse período foi realizada a leitura. A inibição do crescimento microbiano foi determinada através da mensuração da absorbância a 490nm em leitor de Elisa Bio-Tek (Figura 02). 60 A Concentração Inibitória Mínima foi considerada a menor concentração de óleo essencial capaz de inibir completamente o crescimento microbiano, mediante inspeção a olho nu (ausência de turvação visível). 61 Suspensão/ Escala 0,5 McFarland ≈ Cepas em ágar estoque sob refrigeração Caldo BHI 35 C 4-6h ~108UFC/mL Caldo BHI Diluição 100 x + ~106UFC/mL CIM: a menor concentração capaz de inibir o crescimento microbiano a olho nu (ausência de turvação visível) Incubação a 35 C/24h LEITURA Leitor de Elisa: 490nm Meio BHI/Saboraund Figura 02: Fluxograma da técnica de microdiluição em caldo para a determinação da CIM. 62 3.4.2.1 Confirmação do tamanho do inoculo microbiano. Após o preparo e incubação das placas, as suspensões microbianas utilizadas para determinação da CIM, como descrito anteriormente, foram semeadas na superfície do ágar Plate-Count com o objetivo de determinar o número de UFC/mL que realmente continha no inoculo utilizado. Para isso, foi adicionado, assepticamente, 120µL da suspensão (~106 UFC/mL) a 12mL de meio BHI estéril, de forma a se obter uma suspensão de aproximadamente de 1x104UFC/mL. Desta suspensão, foram retirados, assepticamente, 120µL, os quais foram adicionados a 12mL de meio BHI estéril, o que corresponde a aproximadamente 100 UFC/mL. Por último, inoculos de 1,0 mL dessa suspensão foram semeados na superfície de ágar Plate-Count, que foi incubado a 35° por 24 horas. Após esse período, as colônias crescidas na superfície do ágar foram contadas e o valor obtido multiplicado pelo valor da diluição, para confirmar se as suspensões microbianas usadas continham realmente o número de UFC/mL desejado, ou seja, aproximadamente 106 UFC/mL. Esse experimento foi realizado em triplicata e resultado foi a média dos valores obtidos. 3.4.3 Determinação da concentração letal mínima – CLM A Concentração Letal Mínima (CLM), em contraste com a CIM, é a menor concentração de uma droga, expressa em mg/mL, que produz a morte de 99,9% das células microbianas avaliadas. A determinação da CLM foi realizada pelo método de Pour-Plate (BARON et al, 1994). Essa técnica consiste na semeadura de inoculos microbianos na superfície de ágar Plate-Count. De forma asséptica, foram semeados inóculos obtidos dos poços das placas de microdiluição usadas para determinação da CIM (item 3.4.2), que não apresentarem turvação visível na superfície de ágar Plate-Count. O inóculo foi espalhado em toda a superfície do meio com o auxílio da alça de Drigauski. Após incubação a 35°C durante 24h, foi feita a contagem das colônias crescidas na superfície do ágar (Figura 03). A concentração de óleo essencial que determina um crescimento microbiano na superfície do ágar ≤ 0,1% do inóculo adicionado, mensurado como descrito no item 3.4.2.1, foi considerada a CLM, ou seja, a menor concentração do óleo essencial capaz de matar a cepa microbiana testada. 63 Placa de Elisa 96 poços ágar Plate-Count alça de Drigauski Incubação a 35 /24h LEITURA CLM: menor concentração capaz de matar 99,9% das cepas microbianas testadas Figura 03: Fluxograma da técnica de Pour-Plate para a determinação da CLM. 64 3.5 Avaliação da atividade antioxidante, in vitro, dos óleos essenciais de folhas da L. alba Os ensaios para a avaliação da atividade antioxidante foram realizados no Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. A atividade antioxidante foi avaliada por dois métodos in vitro - pela dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) e pelo ensaio do radical livre DPPH. 3.5.1 Avaliação do efeito dos óleos essências das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III, sobre a peroxidação lipídica induzida pelo choque térmico em cérebro de ratos: dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) Ratos Wistar (150-200g) foram decapitados e removidos o córtex e hipocampo, que foram homogeneizados em 50 nM (pH 7,4) de tampão fosfato a 20% (AUDDY et al, 2003). Alíquotas do homogenato após a adição dos OELA (50 e 100 µg/mL) ou veículo (Tween 80 1%) foram mantidas a -20°C durante 24 horas. Decorrido esse período o homogenato foi exposto à temperatura de 37°C, adicionado 100 µL de ácido perclórico 35 % e centrifugado a 5.000 rpm por 10 min a 4°C. Ao sobrenadante foi adicionado 50µL de ácido tiobarbitúrico 1,2% e mantido em banho maria durante 30 min a 95°-100°C. Após resfriamento com auxílio de um banho de gelo, foi realizada a dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (marcadores de peroxidação lipídica) através da análise espectrofotométrica (535nm) (AGAR et al, 1999). 65 Remoção do córtex e hipocampo homogeneização ratos macho peso ~ 180-200g Adição de água e tampão fosfato Homogeneizador elétrico Incubação -20 C/24h Após 24 horas banho-maria +/- 37 C 1h sobrenadante Adição da droga teste Adição de ácido tiobarbitúrico 1,2% 5.000 rpm / 10 min/4 C sobrenadante Adição de ácido 5.000 rpm / perclórico 35% 10 min/4 C banho-maria +/- 95 C 30min Figura 04: Fluxograma da dosagem das substâncias reativas de ácido tiobarbitúrico. 66 após 30’ LEITURA temperatura ambiente placa de elisa 96 poços Os dados serão calculados a partir de uma curva padrão de malonildialdeído (MDA). leitor de elisa: 535nm Figura 05: Fluxograma da dosagem das substâncias reativas de ácido tiobarbitúrico (continuação). 67 3.5.2 Ensaio do radical livre DPPH Este método baseia-se na capacidade de remoção do radical livre DPPH (2,2diphenyl-1-picrylhydrazyl) do meio de reação pela ação dos antioxidantes presentes na amostra. Uma alíquota (0.1 mL) dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III, nas concentrações 1, 10, 50, 100 e 150µg/mL, foram misturadas com 3,9 mL de solução de DPPH (1:1 de metanol: etanol). Como controle positivo foi usado a vitamina E (αtocopherol) 50 µg/mL. Após 30 minutos de incubação em temperatura ambiente, o grau de descoloração do radical DPPH foi medido através da leitura da absorbância em um espectrofotômetro (Beckman Instruments Inc.) no comprimento de onda de 517 nm (Figura 06). A porcentagem de inibição do radical DPPH foi calculada de acordo com a seguinte equação: % de inibição de DPPH = [(A1 – A2/A1] X 100 Onde A1 é a absorbância do controle e A2 é a absorbância da amostra testada (óleo essencial de L.alba, quimiotipo I, II e III). Todos os testes foram realizados em triplicata e os gráficos construídos a partir das médias desses valores (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al, 1999). 68 3,9mL de solução de DPPH + 0,1mL da droga teste 0,1mL α-tocopherol LEITURA Incubação em temperatura ambiente 30min % INIBIÇÃO = [(Ao – Ac/ Ao] X 100 $ Ao é a absorbância do controle $ Ac é a absorbância da droga testada Figura 06: Fluxograma do ensaio do radical livre DPPH Leitor de Elisa: 517nm 69 3.6 Análise Estatística A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Graph Pad Prism 5.0 (USA). Os resultados foram expressos como Média ± Erro Padrão da Média (EPM). Para a verificação das diferenças estatísticas entre os grupos foi realizada análise de variância (Anova) e teste de Tukey. As diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando p<0,05. 3.7 Comitê de Ética O projeto de pesquisa “Estudo das atividades antimicrobiana e antioxidante do óleo essencial de L. alba (Mill.) N. E. Brown” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais (CEPA) da Universidade Federal do Ceará, sob o número de protocolo 46/09. 70 RESULTADOS 71 4. RESULTADOS Os resultados do presente estudo foram divididos em três partes: 1) Avaliação do rendimento médio e caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown (OELa), quimiotipos I, II e III; 2) Avaliação do potencial antimicrobiano, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Letal Mínima (CLM) dos OELa; 3) Avaliação da atividade antioxidante do OELa. 4.1 Avaliação do rendimento médio e caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipos I, II e III. 4.1.1 Rendimento médio dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. A quantidade de óleo essencial de folhas, extraída pela técnica de destilação com arraste de vapor d’água (MATOS, 1996) e medido em mL/g de peso da planta fresca, variou de acordo com os quimiotipos I, II e III de Lippia alba (Tabela 02). O menor rendimento foi observado no quimiotipo I (0,08%), seguido dos quimiotipos III (0,25%) e II (0,40%). Tabela 02: Rendimento médio dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E. Brown, quimiotipos I, II e III extraído pela técnica de destilação com arraste de vapor d’água. Quimiotipos Rendimento médio (mL/g de peso fresco) I 0,08% II 0,40% III 0,25% 72 4.1.2 Composição química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. Os resultados das análises de composição química dos óleos essenciais das folhas de L. alba estão apresentados na Tabela 03 e nas Figuras 07, 08 e 09. Para a L. alba, quimiotipo I, foram identificados 18 componentes, dos quais o geranial (31,69%), neral (21,61%) e mirceno (12,15%), apresentam-se como os constituintes majoritários. Já no óleo essencial do quimiotipo II, foram identificados 10 componentes, sendo a geranial (46,31%) e neral (32,67%) os componentes majoritários. E para o quimiotipo III, foram encontrados 12 componentes, com teores elevados de carvona (64,5%) e limoneno (16,67%) e ausência de citral (mistura de geranial e neral). 73 Figura 07: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo I, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CGMS) (ADAMS, 2001). Geranial 500 450 14 16 18 20 22 24 Tempo de Retenção (min) 26 28 30 Oxido de cariofileno δ-Cadineno Elemol α-Cubebeno β-Elemeno Nerol Citronelol 50 Linalol 100 β-Ocimeno γ-Terpineno 150 ρ-Cimeno 200 α-Humuleno Allo-aromadendreno Germacreno D 250 β-Cariofileno 300 Mirceno Milivolts 350 Neral 400 32 74 Figura 08: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo II, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). 900 800 Geranial 700 Neral 500 Elemol E-Nerolidol Germacreno D 100 trans Geraniol 200 β-Citronelol 300 γ-Terpineno 400 ρ-Cimeno Limoneno Milivolts 600 0 14 16 18 20 22 24 Tempo de Retenção (min) 26 28 30 32 75 Figura 09: Cromatograma do óleo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipo III, realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). Carvona 2000 1800 1600 12 14 16 18 20 22 24 Tempo de Retenção (min) 26 28 Elemol 200 Germacreno D 400 Timol 600 Sabineno 800 Linalol 1000 Β-Mirceno ρ-Cimeno Milivolts 1200 Limoneno γ-Terpineno trans Hidrato de sabineno cis Hidrato de sabineno 1400 30 32 76 Tabela 03: Porcentagens dos componentes químicos dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N. E. Br., quimiotipos I, II e III realizado através da cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001). Componentes químicos Mirceno ρ-Cimeno β-Ocimeno γ-Terpineno Linalol Citronelol Neral Nerol Geranial α-Cubebeno β-Elemeno β-Cariofileno α-Humuleno Allo-aromadendreno Germacreno D δ-Cadineno Elemol Oxido de cariofileno Limoneno β-Citronelol trans Geraniol E-Nerolidol Sabineno β-Mirceno trans Hidratato de sabineno cis Hidratato de sabineno Carvona Timol I 12,15 2,71 0,50 1,96 1,01 1,19 21,61 0,89 31,69 5,26 1,06 7,25 0,74 0,45 3,85 0,95 1,90 2,98 - Quimiotipo II % 1,40 1,19 32,67 46,31 5,67 3,22 4,35 0,91 0,81 0,66 - III 0,64 2,38 1,38 5,92 1,57 16,67 3,54 0,55 1,40 0,68 64,25 1,04 77 4.2 Avaliação do potencial antimicrobiano, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 4.2.1 Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado pelo método de difusão em ágar (CLSI, 2003). Os resultados mostram que houve diferença de potencial antimicrobiano entre os óleos essenciais de L. alba, quimiotipos I, II e III, determinados pelo método de difusão em ágar. Os resultados foram baseados na presença ou ausência do halo de inibição de crescimento microbiano (Foto 07 e 08). Para as cepas microbianas ATCC, os três quimiotipos de L. alba apresentaram potencial inibitório sobre S. aureus e C. albicans, enquanto apenas o quimiotipo II inibiu o crescimento da cepa E. coli (Tabela 04). Nenhum dos três quimiotipos inibiu o crescimento de P. aeruginosa e S. choleraesuis. Já para as cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar (Tabela 05), os três quimiotipos foram capazes de inibir o crescimento de A. lwoffi, S. aureus 1 e S. aureus 2 e apenas os quimiotipos II e III, apresentaram atividade contra o A. baumannii. As cepas bacterianas K. pneumoniae e E. coli não foram inibidas por nenhum dos óleos essenciais de L. alba utilizados, pelo método de difusão em ágar. 78 S. aureus 200mg/mL 100mg/mL C+ 25mg/mL C- 50mg/mL Foto 07: Ensaio de difusão em ágar do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre a cepa de S. aureus. C+: controle positivo. C-: controle negativo. Em todas as concentrações testadas houve inibição de crescimento bacteriano. P. aeruginosa 200mg/mL 1,56mg/mL 3,12mg/mL 100mg/mL C+ 50mg/mL C6,25mg/mL 25mg/mL 12,5mg/mL Foto 08: Ensaio de difusão em ágar do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre a cepa de P.aeruginosa. C+: controle positivo. C-: controle negativo. Em todas as concentrações testadas não houve inibição de crescimento bacteriano. 79 Tabela 04: Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais de folhas da Lippia alba N.E. Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas originárias da ATCC, determinado pela técnica de difusão em ágar (CLSI 2003). S. aureus ATCC 6538P Quimiotipos I II III Controle Controle Concentração (mg/mL) 200 100 50 25 12,5 6,25 3,12 1,56 200 100 50 25 12,5 6,25 3,12 1,56 200 100 50 25 12,5 6,25 3,12 1,56 Positivo Negativo 21±1,00 15,5±1,50 11±1,00 8,5±0,50 7,0±0,50 29±1,00 20,5±0,50 13,5±0,50 10,5±0,50 8,5±0,50 7±0,00 7±0,00 7±0,00 21±0,50 - E. coli ATCC 10536 Cepas Microbianas P. aeruginosa Salmonella ATCC 9027 ATCC 10708 Diâmetro dos halos de inibição de crescimento (mm*) 11,5±0,50 8±1,00 7±0,00 7±0,00 7±0,00 22±0,50 25±1,00 22±0,50 - C. albicans ATCC 10231 35±1,00 27±2,00 18±2,00 10±1,00 7±0,00 43±2,00 34±1,00 20,5±0,50 14±0,00 9,5±0,50 7±0,00 8,5±0,50 7±0,00 16±0,50 - (*) - Média ± EPM dos halos de inibição de crescimento (mm) de dois ensaios; Volume de óleo essencial aplicado em cada poço: 25µl (-) - Sem atividade; (+) - Controles positivos: Amicacina 1,2mg/mL e Cetoconazol 2,0mg/mL; Controle negativo: Tween 80 1%; Diâmetro do poço: 5mm 80 Tabela 05: Potencial antimicrobiano dos óleos essenciais de folhas da Lippia alba N.E. Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar, determinado pela técnica de difusão em ágar (CLSI 2003). A.lwoffi Cepas microbianas S. aureus 1 S. aureus 2 K. pneumoniae E. coli Concentração (mg/mL) Diâmetro dos halos de inibição de crescimento (mm*) 200 9,5±0,50 16±1,00 22±1,00 I 100 8,5±0,50 14±0,00 18,5±0,50 50 7±0,00 11,5±0,50 12±2,00 25 7±0,00 8,5±0,50 8,5±0,50 12,5 7±0,00 7±0,00 6,25 3,12 1,56 200 14±0,00 9,5±0,50 22,5±0,50 27,5±0,50 II 100 12,5±0,50 8±0,00 17±0,00 25,5±0,50 50 10±0,00 7±0,00 13±1,00 15,5±0,50 25 8,5±0,50 7±0,00 10,5±0,50 9±0,00 12,5 7±0,00 7,5±0,50 6,25 3,12 1,56 200 9±0,00 8,5±0,50 17,5±0,50 9,5±0,50 III 100 8±0,50 7±0,00 13,5±0,50 7,5±0,50 50 7±0,00 8±0,00 25 12,5 6,25 3,12 1,56 Positivo 21±0,50 12±0,50 22±1,50 24±0,50 20±1,00 17±1,00 Controle Negativo Controle (*) - Média± EPM dos halos de inibição de crescimento (mm) de dois ensaios; (-) - Sem atividade; (+) - Controles positivos: Vancomicina 1,2mg/mL, Ciprofloxacina 0,2mg/mL, Polimixina B 1200UI/mL, Meropenen 0,4mg/mL e Amicacina 1,2mg/mL; Diâmetro do poço: 5mm; Controle negativo: Tween 80 1%; Volume de óleo essencial aplicado em cada poço: 25µl Quimiotipos A. baumannii 81 Considerando os halos de inibição de crescimento microbiano produzido pelos óleos essenciais das folhas de L. alba sobre as cepas microbianas provenientes da American Type Culture Collection (ATCC), os resultados indicam que a C. albicans foi o microrganismo que apresentou os maiores halos de inibição, variando entre 7 a 43mm (Figura 11), seguida do S. aureus (7 a 29mm) (Figura 10) e da E. coli (7 a 11,5mm) (Figura 12). Comparando os valores dos halos determinados pela ação dos diferentes óleos essenciais dos três quimiotipos de L. alba, sobre essas cepas, o quimiotipo II foi o mais ativo, pois diferente do quimiotipo I e III, que apresentaram atividade antimicrobiana apenas para S. aureus (Figura 10) e C. albicans (Figura 11), o quimiotipo II inibiu também o crescimento da E. coli, até na concentração de 12,5mg/mL (Figura 12). Além disso, o quimiotipo II determinou os maiores halos de inibição de crescimento para as cepas de S. aureus e C. albicans. Entre os três óleos essenciais de L. alba utilizados, aquele obtido de folhas do quimiotipo II foi o que apresentou a menor concentração capaz de determinar a formação de halo de inibição (≥ 7mm) para as cepas de S. aureus e C. albicans, 6,25mg/mL, seguido do quimiotipo I, 12,5mg/mL e do quimiotipo III, 100mg/mL (Tabela 04). As Figuras 10, 11 e 12 comparam os resultados das médias dos halos de inibição de crescimento microbiano, obtidos pelo método de difusão em ágar, para diferentes concentrações dos óleos essenciais de folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III, sobre as cepas provenientes da ATCC. 82 H a lo d e in ib içã o d e c res cim en t o m icro b i a n o ( m m ) 40 30 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 20 10 5 2 56 1, 12 3, 25 6, ,5 12 25 50 0 10 20 0 0 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 10: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus ATCC 6538P determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. Halo de inibição de crescimento microbiano (mm) 50 40 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 30 20 10 1, 56 2 3, 12 5 6, 25 12 ,5 25 50 10 0 20 0 0 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 11: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre C. albicans ATCC 10231 determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. 15 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimotipo III 10 5 2 5 12 56 1, ,5 25 3, 6, 12 25 0 50 20 0 0 10 H a lo d e in ib içã o d e cres cim en t o m icro b ian o ( m m ) 83 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 12: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre E. coli ATCC 10536 determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. 84 Em relação aos halos de inibição de crescimento microbiano produzido pelo óleo essencial das folhas de L. alba sobre as cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar, os dados obtidos indicam que a S. aureus 2 foi o microrganismo que apresentou o maior halo de inibição, variando entre 7 a 27,5mm (Figura 16), seguida do S. aureus 1 (7 a 22,5mm) (Figura 15), do A. lwoffi (7 a 14mm) (Figura 13) e do A. baumannii (7 a 9,5) (Figura 14). As cepas K. pneumoniae e E. coli não foram inibidas por nenhum dos óleos essenciais testados. Considerando os resultados obtidos para os diferentes óleos essenciais de folhas dos três quimiotipos de L.alba sobre essas cepas, os quimiotipos II e III apresentaram o mesmo espectro de atividade antimicrobiana, inibindo o crescimento das cepas A. lwoffi, A. baumannii, S. aureus 1 e S. aureus 2, embora o quimiotipo II apresentou maiores halos de inibição do que o quimiotipo III (Tabela 05). Apenas o quimiotipo I não apresentou atividade antimicrobiana contra o A. baumannii (Figura 14). Assim como foi observado para as atividades dos óleos essenciais sobre as cepas ATCC, o óleo essencial do quimiotipo II foi o que apresentou o maior potencial antimicrobiano, seguido dos quimiotipos I e II (Tabela 05). Em relação as mais baixas concentrações de óleo essencial capazes de determinar a formação de halos de inibição (≥ 7mm) para essas cepas, os quimiotipos I e II mostraram resultados semelhantes, com concentrações de 25 e 12,5mg/mL, enquanto que para o óleo essencial do quimiotipo III as menores concentrações foram de 100 e 50mg/mL (Tabela 05), dependendo do microrganismo testado. As Figuras 13, 14, 15 e 16 comparam os resultados das médias dos halos de inibição de crescimento microbiano, obtidos pelo método de difusão em ágar, para diferentes concentrações dos óleos essenciais de folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III, sobre as cepas multirresistentes de origem hospitalar. 15 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 10 5 ,5 6 ,2 5 3 ,1 25 1 ,5 62 12 25 50 10 20 0 0 0 H a lo d e in ib içã o d e cres cim en to m icro b ian o ( m m ) 85 Concentração de óleo essencial (mg/mL) 15 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 10 5 2 56 1, 5 12 3, 25 6, ,5 12 25 50 10 20 0 0 0 H a lo d e in ib içã o d e cres cim en t o m icrob ian o ( m m ) Figura 13: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. lwoffi determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 14: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. baumannii determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. 25 20 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 15 10 5 56 2 5 1, 12 3, 25 6, ,5 12 25 50 10 20 0 0 0 H a lo d e in ib içã o d e cres cim en t o m icrob iano ( m m ) 86 Concentração de óleo essencial (mg/mL) 30 Quimiotipo I Quimiotipo II Quimiotipo III 20 10 2 56 1, 5 12 3, 25 6, ,5 12 25 50 10 20 0 0 0 H a lo d e in ib içã o d e cres cim en t o m icrob ian o ( m m ) Figura 15: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 1 determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 16: Diâmetro dos halos de inibição de crescimento microbiano pelos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 2 determinados pelo método de difusão em ágar. Os valores representam média ± EPM de dois ensaios. Os halos de inibição de crescimento são representados em milímetros, incluindo o 5mm de diâmetro do poço, após 18h de incubação. 87 4.2.2 Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinadas pelos métodos de microdiluição em caldo de cultura (CLSI, 2003) e plaqueamento em meio sólido (BARON et al., 1994). Na Tabela 06 estão os resultados da CIM e CLM dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III. De acordo com os dados obtidos, pode-se observar que houve diferença no comportamento entre os três óleos essenciais. Os resultados da CIM foram detectados a “olho nu” (ausência de turvação visível) (Foto 09) e através de leituras ópticas, por meio da mensuração da absorbância a 490nm em leitor de Elisa Bio-Tek. Nas concentrações estudadas, o efeito inibitório mais significativo, foi verificado nos quimiotipos I e II, já que apresentaram os menores valores para CIM e CLM, variando entre 0,312 a 20 mg/mL, respectivamente, para os diferentes microrganismos testados. Já o quimiotipo III, apresentou CIM e CLM maiores, variando entre 0,625 a 20 mg/mL. Considerando separadamente o efeito inibitório dos quimiotipos sobre cada microrganismo testado, observa-se que na maioria dos casos a CIM foi próxima da CLM, indicando uma ação antibacteriana e/ou antifúngica considerável dos óleos essenciais de L. alba. Na maioria das vezes, principalmente para os quimiotipos II e III, a CIM era a mesma da CLM, o que torna ainda melhor o seu efeito antimicrobiano. 88 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A B C D E F G H Foto 09: Ensaio de microdiluição em caldo mostrando a CIM detectado a “olho nu” (ausência de turvação visível). Poços A, B e C colunas 1 até 8: ausência de crescimento microbiano; colunas 9 até 12: crescimento bacteriano; CIM: coluna 8. Poços D, E e F colunas 1 até 6: ausência de crescimento microbiano; colunas 7 até 12: crescimento microbiano. CIM: coluna 6. 89 Tabela 06: Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E. Brown, quimiotipos I, II e III sobre cepas microbianas originárias da ATCC e cepas microbianas multirresistentes de origem hospitalar, determinada pela técnica da microdiluição em caldo de cultura (CLSI, 2003) e de plaqueamento em meio sólido (BARON et al., 1994). Quimiotipos CIM* (mg/mL) CLM** (mg/mL) I II III I II III S. aureus ATCC 6538 0,312 0,312 1,25 0,625 0,625 2,5 E. coli ATCC 10536 > 20 0,625 > 20 > 20 0,625 > 20 Salmonella ATCC 10708 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 P. aeruginosa ATCC 9027 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 C. albicans ATCC10231 0,312 0,312 0,625 0,625 0,312 2,5 A. lwoffi 0,625 0,625 1,25 0,625 0,625 1,25 >20 2,5 1,25 >20 2,5 1,25 S.aureus 1 0,625 0,312 0,625 0,625 0,625 0,625 S.aureus 2 0,312 0,625 >20 0,625 1,25 >20 K. pneumoniae > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 E. coli > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 > 20 Cepas Microbianas A. baumannii *Menor concentração de óleo essencial capaz de inibir completamente o crescimento microbiano visível ao olho nu. ** Menor concentração de óleo essencial que determinou um crescimento microbiano na superfície do ágar ≤ 0,1% de inoculo adicionado Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL, Ciprofloxacina 0,2mg/mL, Polimixina B 1200UI/mL, Meropenen 0,4mg/mL, Amicacina 1,2mg/mL e Cetoconazol 2,0mg/mL. Controle negativo: Tween 80 1% Volume aplicado em cada poço de óleo essencial: 20µL 90 Em relação aos resultados da cinética de inibição do crescimento microbiano, através da análise espectrofotométrica, observa-se que numa determinada concentração do óleo essencial, a absorbância vai aumentando, o que indica um aumento no crescimento microbiano. As Figuras 17 a 34 mostram os resultados significativos comparados com o correspondente grupo controle. Também estão mencionadas a Concentração Inibitória Mínima através da determinação a “olho nu” e a Concentração Letal Mínima para cada cepa microbiana. 91 p<0.05 1.500 Absorbâncias * * * * * * 1.000 CIM * CLM 0.500 * 5 2, 5 1, 25 0, 62 5 0, 31 2 0, 15 6 0, 07 8 0, 03 9 0, 01 9 0, 00 9 (+ ) () M + I 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 17: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus ATCC 6538P. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Amicacina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 0.500 p<0.05 Absorbâncias 0.400 * * * 0.300 * * 0.200 CIM * * CLM 0.100 * (+ ) () M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 5 0, 31 2 0, 15 6 0, 07 8 0, 03 9 0, 01 9 0, 00 9 10 20 0.000 Concentração do ól eo essenci al (mg/mL) Figura 18: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre C. albicans ATCC 10231. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Cetoconazol 2,0mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 92 Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 * * * * * * CLM 0.500 CIM * * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 19: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre de S. aureus 1. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Ciprofloxacino 0,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 0.500 CIM * * * * * * CLM * * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 20: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus 2. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 93 Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 * * * * * CLM * 0.500 CIM * * * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 21: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre A. loffi. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Ciprofloxacino 0,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. 94 1.500 p<0.05 * Absorbâncias * * 1.000 0.500 * * * * CIM * CLM * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 22: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Amicacina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 * * * * CLM 0.500 CIM * * * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 23: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre C. albicans. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Cetoconazol 2,0mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 95 p<0.05 2.000 Absorbâncias 1.500 * * * * 1.000 * CLM * * * 0.500 CIM * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 24: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de E. coli. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Amicacina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 2.000 p<0.05 Absorbâncias 1.500 * 1.000 * CLM * * * * * 0.500 CIM * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 25: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de A. lwoffi. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Ciprofloxacino 0,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. 96 1.500 p<0.05 Absorbâncias * * 1.000 * * * CLM * * 0.500 CIM * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 26: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre A. baumannii. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Polimixina B 1200UI/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 * * * * * CIM * 0.500 * CLM * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração de óleo essencial (mg/mL) Figura 27: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 1. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 97 Absorbâncias 1.500 p<0.05 * 1.000 * * * * * * * CIM 0.500 * CLM * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 10 20 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 28: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 2. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 98 Absorbâncias 1.500 p<0.05 1.000 * * * * * * * * * CIM 0.500 CLM * (M ) + I (+ ) 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 29: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Amicacina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. Absorbâncias 1.500 p<0.05 1.000 * * * * * * * * 0.500 CLM CIM * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 20 10 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 30: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre C. albicans. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Cetoconazol 2,0mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 99 p<0.05 Absorbâncias 1.500 1.000 * * * * * * * 0.500 CLM CIM * (M ) + I 20 10 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 31: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 1. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 1.500 p<0.05 Absorbâncias * 1.000 * * * * * * * * * 0.500 * * (M ) + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 (+ ) 20 10 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 32: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 2. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Vancomicina 1,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) - Meio + Inóculo. 100 2.000 p<0.05 * * Absorbâncias 1.500 * 1.000 * CLM * * * 0.500 CIM * * * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 33: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. lwoffi. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Ciprofloxacino 0,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. 2.000 p<0.05 Absorbâncias 1.500 * 1.000 * CLM * 0.500 CIM * * * * * * * (+ ) (-) M + I 5 2, 5 1, 25 0, 62 0, 5 31 0, 2 15 0, 6 07 0, 8 03 0, 9 01 0, 9 00 9 10 20 0.000 Concentração do óleo essencial (mg/mL) Figura 34: Cinética da inibição do crescimento microbiano do óleo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. baumannii. Após incubação a 35ºC, por 24 horas, foram realizadas as leituras de Absorbância a 490nm, em leitora de ELISA (Bio-Tek). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) - Controle positivo: Ciprofloxacino 0,2mg/mL; (-) - Controle negativo: Tween 80 1%; (M+I) Meio + Inóculo. 101 4.3 Avaliação da atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 4.3.1 Atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado através da dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AGAR et al., 1999). Na figura 35 pode ser observado o efeito dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III, sobre a formação de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS); parâmetro empregado para mensurar a peroxidação lipídica induzida pela variação abrupta de temperatura em homogenato de cérebro de ratos. Nos homogenatos de hipocampo e córtex incubados apenas com veículo (controle) o choque térmico causou um aumento significativo de concentração de TBARS em relação ao grupo normal, ou seja, não submetido ao choque térmico. Na presença dos óleos essenciais (50 e 100µg/mL), os resultados mostram que o quimiotipo II foi o que apresentou o melhor resultado, tanto na concentração 50µg/mL e 100µg/mL. Este quimiotipo reduziu significativamente a concentração de TBARS quando comparada ao grupo controle. Já o quimiotipo III, apenas na concentração 100µg/mL é que mostrou resultado significativo de redução de TBARS. Quanto ao quimiotipo I, este apresentou efeito antioxidante apenas na concentração de 50µg/mL. 102 1.5 TBARS (abs.) a 1.0 b b 0.5 b b no r m co al nt ro le Q I5 0 Q I1 00 Q II 5 Q 0 II 10 Q 0 II I Q 50 II I1 00 0.0 Figura 35: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado através da dosagem de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AGAR et al., 1999). O nível de TBARS, expresso pela concentração de MDA, um dos produtos da peroxidação lipídica foi determinado após o estresse oxidativo. O grupo normal não passou pelo estresse oxidativo. Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. Controle: veículo Tween 80 1%. a vs normal; b vs controle (p < 0.05 – ANOVA e teste de Tukey) 103 4.3.2 Atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). Nas Figuras 36, 37 e 38, mostra os resultados da avaliação do potencial antioxidante dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III (1-150µg/mL) e da vitamina E (droga padrão), determinado pelo teste DPPH. Ao contrário da vitamina E, nenhum dos óleos testados apresentou atividade seqüestradora de radicais livres. Na Tabela 07 estão apresentados os valores em porcentagem de inibição que foram obtidos a partir dos resultados das absorbâncias. As porcentagens de inibição dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III, foram muito baixas em relação ao grupo controle (88,7% de Absorbância inibição). 4 p<0.05 3 * * * * * * 2 1 * 0 (-) 1 10 50 100 150 (+) Concentrações (µg/mL) Figura 36: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo I, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). Os óleos essenciais foram adicionados à solução de DPPH e em 30min foi realizada a leitura espectrofotométrica (517nm). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) – Controle positivo: vitamina E (50µg/mL); (-) – Controle negativo: Tween 80 1%. Absorbância 104 4 p<0.05 3 * * * * * * 2 1 * 0 (-) 1 10 50 100 150 (+) Concentrações (µg/mL) Figura 37: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo II, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). Os óleos essenciais foram adicionados à solução de DPPH e em 30min foi realizada a leitura espectrofotométrica (517nm). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) – Controle positivo: vitamina E (50µg/mL); (-) – Controle negativo: Tween 80 1%. Absorbância 4 3 p<0.05 * * * * * * 2 1 * 0 (-) 1 10 50 100 150 (+) Concentrações (µg/mL) Figura 38: Atividade antioxidante do óleo essencial das folhas de Lippia alba, quimiotipo III, determinado pelo método de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). Os óleos essenciais foram adicionados à solução de DPPH e em 30min foi realizada a leitura espectrofotométrica (517nm). Os valores representam a média ± EPM de dois ensaios. * p < 0.05 comparado com o correspondente grupo controle. (+) – Controle positivo: vitamina E (50µg/mL); (-) – Controle negativo: Tween 80 1%. 105 Tabela 07: Atividade antioxidante pelo método de DPPH expresso em percentagem de inibição dos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1999). Quimiotipo Controle positivo* Concentração (µg/mL) 1 10 50 100 150 50 % de Inibição do oxidante I 0,6 1,67 1,9 2,0 2,6 88,7 II 2,1 0,25 1,34 1,36 1,69 88,7 III 0,7 0,7 0,9 1,0 1,3 88,7 *Controle positivo: vitamina E (50µg/mL). 106 DISCUSSÃO 107 5 DISCUSSÃO Apesar de possuir a maior diversidade do mundo, o Brasil conhece muito pouco acerca da flora nativa e, em especial, das propriedades medicinais que essas plantas possam apresentar. Neste caso, é imprescindível a importância de pesquisas multidisciplinares com essas plantas medicinais, envolvendo estudos etnobotânico, químico e a farmacológico, conduzindo a um caminho promissor e eficaz para a descoberta de novos medicamentos (SIMOES et al., 2004). A espécie Lippia alba apresenta uma série de estudos pré-clínicos evidenciando várias atividades relacionadas ao seu uso popular. No entanto, apesar do futuro promissor, essa espécie necessita de um maior número de estudos para poder gerar um fitomedicamento ou fitoterápico com eficácia, segurança e qualidade. 5.1 Avaliação do rendimento médio e caracterização química dos constituintes dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipo I, II e III. Alguns trabalhos comprovam a existência da variabilidade na composição química do óleo essencial da espécie L. alba, chamados de quimiotipos, o que deve ser levado como um fator importante para se determinar que influência esta variabilidade exerce sobre as diferentes atividades farmacológicas. Esses quimiotipos são separados de acordo com as variações quantitativas e qualitativas da composição de seus óleos essenciais (JULIÃO et al, 2003; CASTRO et al, 2001; MATOS, 1996; GOMES et al, 1993). No presente trabalho, a quantidade de óleo essencial de folhas, extraída pela técnica de destilação com arraste de vapor d’água (MATOS, 1996) e medido em mL/g de peso da planta fresca, variou de acordo com os quimiotipos I, II e III de Lippia alba. Como mostrado na Tabela 02 o menor rendimento foi observado no quimiotipo I (0,08%), seguido dos quimiotipos III (0,25%) e II (0,40%). Alguns trabalhos mostram que a quantidade de óleo essencial varia de acordo com a época do ano na qual foi extraído. TAVARES et al (2005), analisando o óleo essencial de folhas de três quimiotipos de L. alba, cultivadas em condições semelhantes, a fim de verificar se as diferenças na composição do óleo essencial devem-se a fatores ambientais ou a variação genética, observou que o menor rendimento do óleo essencial foi na época em que as plantas encontravam-se em floração. Na época da floração, de agosto a novembro, o rendimento foi 108 de 0,15%, 0,40% e 0,40%, respectivamente para os quimiotipos I, II e III. Já durante o crescimento vegetativo, dezembro a março, o rendimento foi de 0,30% para o quimiotipo I, 0,50% para o quimiotipo II e 0,60% para o quimiotipo III. Da mesma forma, ATTI et al (2002) concluíram que para a espécie L. alba, a maior produção de óleo essencial ocorre na fase de crescimento (dezembro a março). Embora no nosso trabalho não tenha sido feito um estudo comparativo entre épocas do ano, pois as plantas foram cultivadas no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos do Laboratório de Plantas Medicinais da UFC, em condições semelhantes, e coletadas, para a extração de óleo essencial, no período de agosto a dezembro, sempre no mesmo horário (entre 8:00 às 9:00h), observa-se que quando comparada com outros estudos, o rendimento dos óleos essenciais de L. alba, pode ser considerado baixo, principalmente para o quimiotipo I (0,08%), seguido do quimiotipo III (0,25%) e do II (0,40%). De acordo com TAVARES et al (2005) e ATTI et al (2002) isso pode ser explicado, pela época do ano na qual foram coletadas as plantas e extraído os óleos essenciais. Já em relação à composição do óleo essencial analisado por cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massa (CG-MS), foi confirmado que realmente existem diferenças nos constituintes químicos dos óleos essenciais das folhas de L. alba. Para o quimiotipo I, os componentes majoritários foram o geranial, neral e o mirceno, o que correspondem, respectivamente, a 31,69%, 21,61% e 12,15% do total de teor do óleo essencial (Figura 07). Já para o quimiotipo II, os principais componentes foram o geranial (46,31%) e neral (32,67%) (Figura 08) e para o quimiotipo III com teores elevados de carvona (64,5%) e limoneno (16,67%) e ausência de citral (Figura 09). Outros constituintes também foram encontrado nos óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III, porém em menores porcentagens (Tabela 03). Verifica que alguns compostos foram produzidos exclusivamente no quimiotipo I como o Mirceno, βOcimeno, Citronelol, Nerol, α-Cubebeno, β-Elemeno, β-Cariofileno, α-Humuleno, Alloaromadendreno, δ-Cadineno e Oxido de cariofileno; no quimiotipo II como o β-Citronelol, trans Geraniol e E-Nerolidol; e no quimiotipo III como o Sabineno, β-Mirceno, trans e cis Hidratato de sabineno, Carvona e Timol. TAVARES et al (2005), analisando a composição dos óleos essenciais de L. alba, observou que para o quimiotipo I foram identificados 29 componentes, dos quais o geranial e o neral foram os constituintes majoritários. Já o quimiotipo II, dos 26 componentes 109 identificados, os principais foram o limoneno, a carvona e o germacreno D, e para o quimiotipo III, o linalol foi o majoritário dos 42 constituintes identificados. Esses autores, concluíram que a diversidade na composição do óleo essencial dos quimiotipos da L. alba não se deve a fatores ambientais, já que as plantas analisadas cultivadas lado a lado, em um mesmo canteiro, por mais de um ano, mantiveram a composição original. Observaram também que não ocorreu variação qualitativa dos componentes majoritários nos dois períodos de vida da espécie L. alba, no crescimento vegetativo e no período da floração. Por outro lado, a análise quantitativa desses elementos, mostrou que a porcentagem de citral, carvona e linalol sofreu uma ligeira diminuição durante a época de floração ao passo que houve aumento na porcentagem do limoneno. NOGUEIRA et al (2007), relacionando a caracterização química e atividade biológica do óleo essencial de L. alba cultivada no Paraná, considerando as diferentes estações do ano (primavera, verão, outono e inverno), observaram que os melhores rendimentos de óleo essencial foram das folhas coletadas na primavera (novembro) e verão (fevereiro), apresentando teores de 0,54% e 0,38%, respectivamente, e que também, nessa época, foi maior a produção do constituinte químico majoritário, o composto transdihidrocarvona. Dos 15 compostos identificados, o trans-dihidrocarvona, não foi produzido nas outras épocas do ano (inverno e outono). SILVA et al (2006) relatam que quanto à caracterização química do óleo essencial da L. alba cultivada em Ilhéus-Ba, considerando as diferentes estações do ano, durante a primavera (outubro), outono (abril) e verão (janeiro) foram obtidos rendimentos similares de óleos essenciais, variando de 0,19% a 0,17%, sendo observado o menor rendimento no inverno (julho), 0,12%. Neste estudo, foram identificados 24 compostos, sendo o componente majoritário o citral, que variou de 70 a 79%. Esses dois autores, SILVA (2006) e NOGUEIRA (2007), concluíram que tanto a constituição química como as porcentagens relativas das diferentes amostras do óleo essencial foram alteradas nas diferentes estações do ano (primavera, outono, verão e inverno). Em 2001, LORENZO analisando a composição do óleo essencial da L. alba, identificaram 27 componentes e referiram o linalol como o constituinte majoritário (55%). RAO et al (2000) identificaram 50 componentes e os principais constituintes foram o geranial (15,57%), seguido por uma mistura de mirteno e mirtenal (9,89%), neral (9,44%), e geraniol (7,36%). ZOGHBI et al (1998), estudando os óleos essenciais dessa mesma espécie, propuseram a divisão em três grupos segundo seus componentes: grupo A, caracterizado por 110 1,8 cineol (34,9%), limoneno (18,4%), carvona (31,8%) e sabineno (8,2%); grupo B, caracterizado por limoneno (32,1%), carvona (31,8%) e mirceno (11%); e grupo C, caracterizado por neral (13,7%), geranial (22,5%), germacreno-D (25,4%) e α-cariofileno (10,2%). Aqui no Ceará, alguns estudos mostram a variação na composição dos óleos essenciais das folhas de L. alba. VALE (1999), fez estudos comparativos dos óleos essenciais de três quimiotipos de L. alba, os quais foram definidos segundo a predominância de monoterpenos em seus óleos essenciais: tipo I – com citral e mirceno; tipo II – com citral e limoneno e tipo III – com carvona e limoneno. Já MATTOS (1996) caracterizou em grupos a espécie L. alba de acordo com os teores elevados dos óleos essenciais em: tipo I, com teores elevados de mirceno e citral; tipo II com teores elevados de limoneno e citral; tipo III com limoneno e carvona e ausência de citral. A classificação proposta por estes dois autores VALE (1999) e MATTOS (1996), está semelhante aos dados encontrados no presente estudo, no qual os óleos essenciais das folhas de L. alba podem ser classificados quanto aos seus componente majoritários em quimiotipo I – com geranial, neral e mirceno (Figura 07); quimiotipo II – com geranial e neral (Figura 08); e quimiotipo III – com carvona e limoneno e ausência de citral (mistura de geranial e neral) (Figura 09). Assim, os dados obtidos neste trabalho juntamente com os encontrados na literatura, reforçam a idéia de que as plantas de diferentes regiões podem apresentar variações na composição química dos óleos essenciais, mesmo sendo de plantas da mesma espécie, como no caso da L. alba; que a variação nos componentes dos óleos essenciais de L. alba leva a separação em quimiotipos; que essa variação é um fator importante em estudos de atividades biológicas do óleo essencial da L. alba N. E. Brwon; e que no geral, os constituintes carvona, mirceno, neral, geranial, limoneno, germacreno estão presentes no óleo essencial das folhas de L. alba. Apesar de não ter sido feito neste trabalho, também vale ressaltar que fatores ambientais, genético e de técnicas de cultivo devem ser fatores que influenciam e que refletem na composição química do óleo essencial da L. alba. 5.2 Avaliação do potencial antimicrobiano, determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Letal Mínima (CLM) dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. 111 É consenso a necessidade de introdução de novos compostos bioativos no arsenal terapêutico com efeito antimicrobiano, devido principalmente ao aparecimento de cepas microbianas resistentes, decorrente, sobretudo, do uso indiscriminado de antimicrobianos. Óleos essenciais e extratos de plantas há muito tempo tem sido usado em diversas aplicações na medicina popular, entre elas, podemos citar o uso de anti-sépticos tópicos. Tal realidade serve de base para várias investigações científicas com a finalidade de confirmar a atividade antimicrobiana desses óleos essenciais (FERESIN et al, 2001). Alguns estudos realizados com as espécies do gênero Lippia fornecem importantes evidencias de seus potenciais efeitos farmacológicos, incentivando a realização de pesquisas que esclareçam novos aspectos. Alguns estudos confirmam o potencial farmacológico dos óleos essenciais da Lippia alba: atividade analgésica (VIANA et al, 1998); atividade antiinflamatória (SLOWING BARRILAS, 1992; DO VALE et al, 2002); atividade anticonvulsivante (VIANA et al, 2000); atividade antiviral (ABAD et al, 1997); e atividade calmante (VALE et al, 2002). No entanto, embora muitas pesquisas anteriores demonstrem diversas atividades biológicas, trabalhos que relacionem a composição dos diferentes quimiotipos da espécie L. alba com suas atividades biológicas ainda são muito escassos ou quase inexistentes. Atualmente existem diversas técnicas usadas em pesquisas para definir se uma determinada substância possui atividade antimicrobiana. No entanto um dos grandes problemas encontrado nestas pesquisas é justamente a falta de uniformidade nos critérios selecionados para estudar tal atividade (TORTORA et al, 2000). RIOS et al, na tentativa de solucionar a falta de uniformidade nos critérios de seleção para o estudo da atividade antimicrobiana, propuseram os métodos de difusão em ágar e de diluição em caldo de cultura como métodos padrões para o estudo de extratos de plantas e de óleos essenciais, bem como de seus compostos. Na realidade, para se obter resultados mais confiáveis, a realização de pesquisas que utilizam mais de um método para se avaliar a atividade antimicrobiana, é uma excelente alternativa. Os óleos essenciais são misturas complexas de compostos com possíveis atividades biológicas. Sua atividade antimicrobiana pode ser determinada pela atividade de seus constituintes individuais, que podem interagir resultando em efeitos sinérgicos vantajosos (ABOUL et al, 1996; PATTNAIK et al, 1995), mas também em efeitos antagonistas desvantajosos, enfraquecendo a ação do óleo quando comparada com seus constituintes (CARSON et al, 1995). 112 A maioria dos óleos essenciais é constituído de derivados fenilpropanoídes ou de terpenos, sendo os compostos terpênicos predominantes (SIMÕES et al, 2002) e um dos principais responsáveis pela atividade antimicrobiana dos óleos. Comparando a composição dos óleos essenciais de folhas dos três quimiotipos de L. alba (Tabela 03) podemos observar relevantes diferenças quantitativa e qualitativa entre eles. Os constituintes majoritários dos quimiotipos I, II e III, aos quais podemos atribuir o potencial antimicrobiano de cada óleo foram: citral-mirceno (53,30-12,15%), citral-limoneno (78,98-4,35%) e carvona-limoneno (64,25-16,67%) respectivamente. Foram observadas também variações quantitativas e qualitativas para os constituintes minoritários presentes nos três óleos essenciais. Como mostrado nas Tabelas 04 e 05, os óleos essenciais dos três quimiotipos de L. alba apresentam um amplo espectro de ação antimicrobiana, sendo capazes de inibir o crescimento de bactérias Gram-positivas, bactérias Gram-negativas e C. albicans, o que pode ser atribuído a alta concentração de terpenos em sua composição. Estudos anteriores têm demonstrado a ampla atividade antimicrobiana dos terpenos, por um mecanismo de ação não totalmente elucidado, que parece estar associado ao seu caráter lipofílico, determinando um acúmulo em membranas e perda de energia pelas células (CONNER, 1993; SIKKEMA et al, 1995). Acredita-se que esse acúmulo ative e/ou inative compostos, rompendo e/ou desestruturando as membranas, agindo sobre compostos lipofílicos e causando a perda de enzimas e nutrientes presentes na membrana celular (COWAN, 1999; DORMAN E DEANS, 2000; WILKENS, 2002). As diferenças nos potenciais antimicrobianos constatados para os óleos essenciais dos três quimiotipos (Tabelas 04 e 05) podem estar associadas às suas diferentes composições químicas (Tabela 03), especialmente em relação aos constituintes majoritários presentes em cada um dos óleos. O óleo essencial do quimiotipo III, o único entre os três óleos estudados a não apresentar citral (uma mistura de neral e geranial) em sua composição, constituintes majoritários dos óleos dos quimiotipos I e II, também demonstrou a menor atividade antimicrobiana sobre todas as cepas testadas. O menor potencial antimicrobiano constatado para o óleo essencial de folhas do quimiotipo III, sobre todas as cepas testadas, pode estar relacionado à sua composição e especialmente à ausência de citral (neral e geranial). Os constituintes majoritários desse óleo essencial são carvona (64,25%) e limoneno (16,67%). Embora CARVALHO & FONSECA (2006) considerem a carvona um importante agente antimicrobiano, estudos realizados por 113 SCHUCK et al (2001) demonstraram uma reduzida atividade antimicrobiana para limoneno sobre S. aureus ATCC 6358, E. coli ATCC 25922 e C. albicans ATCC 10231 quando comparado ao citral. ONAWUNMI et al (1984) fizeram constatações semelhantes, ao verificarem que a atividade antibacteriana do óleo essencial de Cymbopogon citratus (DC.) Stapf é devida, principalmente, à presença de citral, seu componente majoritário e que outros componentes como limoneno e a heptanona não demonstraram atividade frente aos microrganismos ensaiados. Essas diferenças ressaltam o efeito da estrutura do terpeno sobre sua atividade antimicrobiana, mas devemos também considerar a influencia da possível ação sinérgica dos vários componente do óleo essencial, mesmo que em baixas concentrações, e da presença de substâncias inibidoras da atividade antimicrobiana. O elevado potencial antimicrobiano do citral, relatados nos trabalhos de ONAWUNMI et al (1944) e SCHUCK et al (2001), também foi constatado em nosso estudo, em que os óleos essenciais de folhas dos quimiotipos I e II de L. alba, ricos em citral (53,30 e 78,98%, respectivamente), determinaram grande inibição no crescimento de bactérias Grampositivas e de C. albicans. O óleo essencial de folhas do quimiotipo II, com teor de citral 25,68% superior ao encontrado no quimiotipo I, apresentou os mais elevados potenciais antimicrobianos e o maior espectro de ação, sendo capaz de inibir o crescimento de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, provenientes da ATCC e de origem hospitalar, e de C. albicans, em um total de 63,63% das cepas microbianas testadas. A maior atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de L. alba sobre a cepa Gram-positiva S. aureus e a levedura C. albicans, do que sobre bactérias Gram-negativas, estão de acordo com os resultados de ALEA et al (1997), ao testarem seu potencial inibitório sobre B. subitilis e E. faecalis e RAO et al (2000) que comprovaram sua ação antifúngica. Em nosso estudo foi testado um total de sete cepas de bactérias Gram-negativas, das quais, menos da metade (42,86%), tiveram seu crescimento inibido quando expostas aos óleos essenciais de L. alba. As maiores atividades antimicrobiana sobre bactérias Gramnegativas foram observadas para os óleos essenciais do quimiotipo II, com CIM e CLM de 0,625 mg/mL para E. coli e A. lwoffi e do quimiotipo I para A. lwoffi (Tabela 06). O mecanismo de ação de alguns óleos essenciais, como exemplo, o óleo de Melaleuca alternifolia, usado contra E. coli, causa a desnaturação de proteínas de membrana, o que resulta no rompimento de sua membrana externa e subsequente perda de potássio, inibição da respiração e lise celular (COX et al, 1998). 114 A ação de óleos essenciais sobre bactérias Gram-positivas e fungos parece ocorrer através do mesmo mecanismo. Os compostos do óleo destroem a parede celular e a membrana citoplasmática dos microrganismos resultando assim na liberação e coagulação dos compostos do citoplasma (MANN et al, 2000) Nossos resultados, em concordância com os de muitos pesquisadores, constatam a menor suscetibilidade das bactérias Gram-negativas, aos óleos essenciais testados, o que pode ser atribuído à presença de uma camada externa de natureza lipopolissacarídeo. As drogas que conseguem penetrar facilmente em bactérias Gram-negativas, utilizam as porinas, devendo ser relativamente pequenas e preferencialmente hidrofílicas. Compostos terpênicos, constituintes majoritários dos óleos essenciais de L. alba, são especialmente grandes e incapazes de penetrar prontamente em bactérias Gram-negativas (TORTORA et al., 2000; KONEMAN et al., 2001; TAVARES, 2001). A atividade antimicrobiana dos óleos de L. alba mostrou-se do tipo dosedependente, para todas as cepas testadas. Os maiores halos de inibição foram determinados pela ação do óleo essencial do quimiotipo II sobre C. albicans (43 mm), que também apresentou a menor concentração capaz de determinar a formação de halo de inibição de crescimento pelo método de difusão em ágar (6,25mg/mL). Quando testados pelo método da microdiluição em microplacas, a CIM desse óleo sobre C. albicans foi de 3,12mg/mL, o que pode ser atribuído à baixa capacidade de difusão dos óleos essenciais em meio sólido. Resultados semelhantes foram obtidos para a maioria das cepas testadas. Esses achados reforçam a importância de que compostos com potencial antimicrobiano, determinado previamente pelo método de difusão em ágar, devem ser testados pelos métodos da diluição em caldo de cultura, o qual fornece resultados mais precisos e possibilitam a determinação da CLM. Alguns fatores podem interferir nos resultados obtidos pelo método de difusão em ágar como a densidade do crescimento microbiano e a solubilidade da substância testada (LAMBERT et al, 2001; HOOD et al, 2003). Além disso, uma importante desvantagem desta técnica é que não possibilita determinar se uma droga é bactericida ou se é simplesmente bacteriostática (TORTORA et al, 2000), como no caso dos métodos de diluição. Embora a técnica de difusão em ágar apresente limitações e nem sempre forneça resultados compatíveis com as técnicas da diluição, nossos resultados indicam ser essa técnica de grande utilidade, quando realizada em uma etapa preliminar e em associação com outras, 115 na determinação do potencial antimicrobiano, para a seleção de drogas com possível eficácia, pois permite obter informações gerais sobre esse efeito. O método da diluição em caldo de cultura pode ser realizado em tubos de ensaio ou em placas de microdiluição e a CIM é determinada pela inspeção visual do crescimento microbiano após 24h de incubação. A CIM pode também ser obtida através da determinação da densidade ótica em leitor de ELISA, que alem de fornecer a CIM, possibilita entender a cinética de inibição do crescimento microbiano. Os métodos de diluição em caldo de cultura para determinação da CIM possibilitam a obtenção da CLM, o que é de grande importância clínica, pois torna possível evitar ou diminuir o uso excessivo ou errôneo de um determinado antibiótico, minimizando a ocorrência de reações adversas (NASCIMENTO et al, 2000) e a seleção de cepas microbianas resistentes. Nesse trabalho foram determinadas as CIM e CLM, pelos métodos da microdiluição e do plaqueamento em meio sólido, respectivamente, para todas as cepas testadas pela técnica de difusão em ágar, mesmo para aquelas que se mostraram resistentes. As mais baixas CIM e CLM obtidas para os óleos essenciais dos quimiotipos I, II e III, foram de 0,312 e 0,625mg/mL, 0,312 e 0,312mg/mL e 0,625 e 0,625mg/mL, respectivamente. Para as bactérias Gram-negativas que não apresentaram qualquer suscetibilidade aos óleos testados quando submetidas ao ensaio de difusão, também não foi possível encontrar as CIM e CLM, assim, consideramos essas concentrações superiores a 20mg/mL. Segundo TAVARES (2001), no tratamento de infecção bacteriana ou fúngica deve-se utilizar preferencialmente droga com ação letal sobre o agente etiológico, droga bactericida ou fungicida, respectivamente, pois a droga por si só é capaz de provocar a morte do germe, não havendo grande dependência das defesas orgânicas, principalmente em pacientes com deficiências em sua imunidade, incluindo os recém-nascidos, paciente idoso, gestante, pacientes com doença que alteram a imunidade ou que estão em uso de drogas imunossupressoras. Essa situação foi constatada para cinco das 11 (45,45%) cepas testadas: o óleo do quimiotipo I sobre A. lwoffi e S. aureus 1, do quimiotipo II sobre E. coli ATCCC 10536, C. albicans ATCC 10231 e A. lwoffi e A. baumannii e, do quimiotipo III sobre A. lwoffi, A. baumannii e S. aureus 1. As cepas A. lwoffi, S. aureus 1 e A. baumannii são de origem hospitalar e apresentam perfil de multirresistência. 116 A excelente atividade antimicrobiana constatada para os óleos essenciais dos três quimiotipos de L. alba sobre cepas bacteriana Gram-positivas e Gram-negativas e C. albicans, inclusive sobre cepas multirresistentes de origem hospitalar, alem de reforçar a grande importância dos estudos das atividades biológicas de L. alba, especialmente da determinação do potencial antimicrobiano de seus óleos essenciais e explicar seu uso popular, sugere serem esses óleos possíveis candidatos ao desenvolvimento de fármacos úteis no tratamento de doenças infecciosas. Para determinação do potencial antimicrobiano dos óleos essenciais de L. alba sobre cepas microbianas com perfil de multirresistência (Tabela 01), foram utilizadas seis cepas pertencentes a quatro gêneros bacterianos: três Gram-negativos (Acinetobacter, Klebisiella e Escherichia) e um Gram-positivo (Staphylococcus). Todas as cepas foram isoladas de espécimes clínicos (líquidos corporais) de origem hospitalar e submetidas aos testes de sensibilidade a antimicrobianos. Com exceção da espécie E. coli, resistente a 41,18% dos antibióticos testados, as demais cepas foram resistentes mais de 72% dos antibióticos. Duas dessas cepas (33,33%), E. coli e K. pneumoniae, foram resistentes aos três óleos essenciais, nas concentrações testadas; A lwoffi e S. aureus 1 foram sensíveis aos três óleos; A. baumannii foi sensível aos óleos dos quimiotipos II e III; e S. aureus 2 aos quimiotipos I e II. Sendo o quimiotipo II o de maior atividade sobre a maioria dessas cepas, apresentando geralmente as menores CIM e CLM, quando comparadas às determinadas pelos quimiotipos I e III. As cepas de S. aureus, especialmente aquelas de origem hospitalar, são conhecidas por sua grande resistência a antibióticos (CARSON et al, 1995). As duas cepas de S. aureus testadas no nosso trabalho, S. aureus 1 e S. aureus 2 apresentam um forte perfil de resistência, sendo sensíveis apenas a Vancomicina e Oxacilina/vancomicina, respectivamente, mas foram sensíveis aos óleos essenciais de L. alba, em CIM e CLM tão baixas quanto 0,312mg/mL e 0,625mg/mL, respectivamente (Tabela 06). Esses resultados sugerem que a ação dos óleos essenciais de L. alba ocorram por mecanismos diferentes daqueles exercidos pela maioria dos antimicrobianos e destacam a importância desses óleos para o desenvolvimento de drogas antimicrobianas, para a resolução de infecções causadas por S. aureus meticilina resistentes. A determinação da CLM foi realizada através de plaqueamento em meio sólido de alíquotas obtidas das culturas, nos poços das placas de microdiluição, que não apresentaram turvação visível. Após incubação de por 24horas a 35ºC, foi realizada a contagem de colônias 117 crescidas no meio sólido e calculado o número de UFC/mL. A CLM foi considerada aquela concentração do óleo essencial que determinava um crescimento em meio sólido < 0,1% do inóculo inicial. Quatro cepas (36,36%) apresentaram CIM superiores as CLM apenas em uma diluição e para a levedura C. albicans ATCC 10231 (9,09% do total) a CIM do óleo essencial do quimiotipo III foi 2 vezes maior que a CLM. É importante observar que esse óleo essencial foi também o que apresentou as maiores CIM e CLM, exceto para a cepa multirresistente S. aureus 1. Segundo TAVARES (2001) é esperado que a CLM seja igual ou somente maior em uma ou duas diluições que a CIM, pois distância muito grande entre esses dois valores (CLM e CIM) podem indicar a ocorrência de tolerância do microrganismo à droga em questão. De acordo com as constatações desse autor, nossos resultados mostram que nenhuma das cepas microbianas testadas foi tolerante à ação dos óleos essenciais da L. alba. Embora na clínica exista a preferência pela utilização por drogas bactericida/fungicida, as drogas bacteriostáticas/fungistáticas, também exercem um papel importante nos casos de drogas tóxicas, evitando o uso de concentrações bactericidas. Dessa forma, seria usada uma concentração menor, suficiente para alcançar a CIM. A droga atuaria somente inibindo o crescimento do microrganismo, não havendo sua destruição, e a resolução do processo infeccioso dependeria da resistência orgânica, representada pela fagocitose e imunidade (TAVARES, 2001). De acordo com a metodologia descrita pelo CLSI, a determinação da CIM pelos testes de diluição em caldo de cultura é realizada através de inspeção visual. No entanto, podemos utilizar a leitura de densidade ótica das culturas para conhecer a cinética de inibição do crescimento microbiano e comprovar os valores obtidos para CIM. No presente trabalho pode ser observar, que a CIM detectada por inspeção a “olho nu”, na maioria das vezes, foi semelhante à CIM obtida através da determinação da densidade ótica, em leitora de ELISA. As leituras de densidade realizadas em um comprimento de onda de 490 mm, em leitora de ELISA (Bio-Tek) foram utilizadas para avaliar a cinética de inibição de crescimento microbiano. Analisando os gráficos da cinética de inibição do crescimento das cepas microbianas sob a ação dos óleos essenciais de L. alba, observamos que os valores das absorbâncias permanecem semelhantes ao do grupo controle positivo (inibição do crescimento microbiano pela ação de antimicrobianos comerciais e de comprovada eficácia) 118 até uma determinada concentração e então aumentam, indicando um maior crescimento microbiano (Figuras 17, 20, 21, 22, 24, 27, 28, 29, 30, 33 e 34). As metodologias descritas para determinação da CIM, realizadas em tubos ou em microplacas, preconizam como CIM a menor concentração capaz de inibir o crescimento microbiano em 24h de incubação, observada por inspeção visual, o que é fortemente influenciada pela acuidade visual do observador. Por outro lado, as leituras de absorbância são capazes de fornecer valores precisos que podem ser relacionados com a população microbiana na cultura. Observando os gráficos de cinética de inibição do crescimento das cepas microbianas testadas, podemos contatar que para alguns ensaios, os valores de CIM, determinados através de observação visual, são superiores, em uma ou quatro vezes, às menores concentrações da droga que determinam um crescimento microbiano que não difere significativamente (p<0,05) daquele determinado pela ação do controle positivo. Isso foi evidente quando testamos o óleo do quimiotipo I sobre C. albicans (0,156mg/mL) e S. aureus 1 (0,312mg/mL), para o óleo do quimiotipo II sobre A. lwoffi (0,312mg/mL) e A. baumannii (0,312mg/mL) e para o óleo do quimiotipo III sobre S. aureus 1 (0,312mg/mL). Esses resultados denotam uma excelente atividade antimicrobiana para os óleos essenciais de L. alba, se considerarmos que mesmo em concentrações menores que suas CIM ainda são capazes de inibir o crescimento microbiano de algumas das cepas testadas para níveis que não diferem significativamente daqueles determinados pelos controles positivos usados. Na figura 32 podemos observar a cinética de inibição do crescimento de S. aureus 2, determinada pela ação do óleo essencial do quimiotipo III. Pelo método da difusão foi possível observar um discreto halo de inibição de crescimento, até na concentração de 100mg/mL de óleo, e pelo método da diluição não foi possível determinar visualmente a CIM, quando testado nas concentrações binárias de 20 a 0,009 mg/mL. No entanto, a cinética de inibição mostra que a inibição de crescimento nas concentrações de 20, 10 e 2,5 mg/mL não diferem significativamente daquela determinada pela ação da vancomicina, usada como controle positivo. Esses resultados sugerem que as determinações de CIM por diluição em caldo de cultura sejam acompanhadas de leitura das densidades óticas das culturas, após incubação, evitando assim, a utilização de CIM, algumas vezes superiores a concentrações com eficiências comparáveis as dos controles. É importante também ressaltar que o fato de uma droga não ser capaz de inibir visivelmente o crescimento microbiano, não significa que sua 119 atividade seja inferior a do controle do experimento, como foi o caso da ação do óleo essencial do quimiotipo III sobre S. aureus 2, pois a turvação da cultura microbiana é determinada pela presença de células vivas e de células mortas. A realizarmos as leituras de densidade ótica das culturas a 490mm podemos observar que os valores obtidos para as maiores concentrações foram, muitas vezes, superiores àqueles obtidos para a CIM, chegando até a ser significativamente diferentes quando comparados com o grupo controle, o que poderia levar a um entendimento errôneo dos resultados. No entanto, quando feito o plaqueamento desta concentração, foi verificado que não houve nenhum crescimento microbiano e que a diferença nos resultados pode ser atribuída à turvação devido à alta concentração do óleo essencial presente no poço. Dessa forma, apesar dos métodos automatizados oferecerem rapidez, reduzirem a possibilidade de erros técnicos e permitirem a realização de grande número de testes simultâneos, facilitando o trabalho laboratorial, nem sempre expressam a real sensibilidade dos microrganismos identificados, podendo falhar na demonstração da resistência às drogas (TAVARES, 2001). O controle negativo usado para todos os testes foi Tween 80 1%, o qual não determinou qualquer inibição sobre crescimento das cepas testadas, para nenhum dos métodos realizados. Os resultados obtidos em nosso trabalho fornecem explicações cientificas que ajudam a explicar a utilização dessa planta pela população no combate de doenças infecciosas como gripe, bronquite (BRAGA et al, 2005), tosse e resfriados (STASI et al, 2002), dor de barriga (SILVA et al., 2008) e diarréia (JULIÃO, 2003). Alguns estudos têm demonstrado o efeito antimicrobiano de extratos brutos, óleos essenciais e néctar das flores da espécie da L. alba, principalmente sobre S. aurues e algumas espécies de Candida, mas são escassos ou inexistentes estudos que realizem comparação entre composição química dos óleos essenciais dos três quimiotipos e seus potenciais antimicrobianos, que determinem os valores de CIM e CLM e principalmente que avaliem a cinética de inibição de crescimento microbiano. Estudo feito por CÁCERES et al, 1991, destaca que entre as 68 plantas utilizadas na Guatemala no tratamento de doenças respiratórias, a espécie L. alba apresentou grande atividade antibacteriana, principalmente contra o S. aureus. BASTOS (2007) mostrou que a espécie Lippia alba (erva-cidreira), também foi uma das espécies mais citadas para fins medicinais e que suas folhas são usadas principalmente no combate da gripe. A atividade antimicrobiana de L. alba, principalmente para bactérias Gram-positivas, também foi 120 constatada para os extratos etanólicos das folhas e soluções extrativas hidroalcoólicas a 80% sobre S. aureus (SOARES, 2001). Atividade antibacteriana contra S. aureus e E. coli do mel produzido a partir das flores de L. alba foi mostrado por CAMARGO em 2001. O estudo foi realizado através da técnica de diluição da amostra de mel em meio de cultura líquido em concentrações variando de 5% a 80% (v/v). Os resultados mostraram que as CIM e CLM para S. aureus foi de 60% e 45%, respectivamente. Para E. coli verificou-se que o valor da CIM foi de 35% e de 60% para a ação bactericida. A ação antifúngica dos extratos etanólicos e dos óleos essenciais das folhas de L. alba sobre C. albicans foi avaliada por DUARTE et al, 2005, que mostraram uma moderada CIM com valor de 0,6mg/mL para os óleos essenciais e fraca CIM com valor maior de 2,0mg/mL para os extratos etanólicos das folhas. Também visando avaliar atividade antifúngica do óleo essencial das folhas de L. alba, RAO et al (2000), detectaram vapores de óleos com forte atividade antifúngica contra patógenos da cana de açúcar. OLIVEIRA (2000) testou óleos essenciais e exsudatos de L. alba sobre fungos isolados de frutas e verificaram a ocorrência de atividade antifúngica através do aumento do tempo de vida útil dessas frutas. Um screening de plantas usadas na medicina popular brasileira para tratamento de doenças infecciosas realizado por HOLETZ et al., 2002, mostrou que o extrato hidroalcoolico das folhas de L. alba apresentou uma concentração inibitória mínima moderada de 125µg/mL para a Candida krusei. Já para os outros microrganismos, S. aureus, Bacillus subtilis, E. coli, P. aeruginosa, C. albicans, C. parapsiolis e C. tropicalis, a CIM foi maior do que 1000µg/mL, considerado pelo autor, como inatividade dos extratos. NUNES et al (2008), avaliando a atividade antimicrobiana de L. alba quimiotipo linalol e limoneno, verificaram que o quimiotipo linalol apresentou efeito inibitório sobre B. megaterium, B. subtilis, B. cereus, Shiguella, E. coli, Salmonella sp, Acinetobacter sp e que o quimiotipo limoneno inibiu o crescimento de Aeromonas hydrophila, Listeria monocytogenes, C. guillermondii. Neste estudo, o autor constatou que a inibição do crescimento microbiano é dependente da composição do óleo essencial da planta analisada. Nossos resultados mostram que os óleos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III, contem substâncias com propriedades antimicrobianas. Semelhantes a estudos anteriores (CÁCERES et al, 1991; ALEA et al, 1997; SOARES, 2001; CAMARGO 2001; DUARTE et al, 2005; HOLETZ et al, 2002; NUNES et al, 2008), a atividade antimicrobiana foi principalmente sobre S. aureus, mesmo os multirresistentes e C. albicans. 121 Já em relação às bactérias Gram-negativas, os três quimiotipos apresentaram ação sobre o A. lwoffi, os quimiotipos II e III inibiram o crescimento do A. baumannii, e apenas o quimiotipo II teve ação sobre E. coli ATCC. 5.3 Avaliação da atividade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III. Têm sido cada vez mais crescente as recomendações para o consumo de alimentos ricos em moléculas antioxidantes, como carotenóides e polifenóis, isso devido aos benefícios destes produtos relacionados desde a prevenção ao tratamento de doenças neurodegenerativas, por exemplo. Assim, as pesquisas de novos produtos antioxidantes naturais são crescentes e têm levado a identificação do potencial antioxidante tanto de produtos derivados quanto de moléculas isoladas de plantas, incluindo Camellia sinensis (chá-verde), e moléculas como amburosídio A, epigalocatequina e curcumina isolados de Amburana ceraensis, Camellia sinensis e Curcuma longa, respectivamente (LEAL et al., 2006). O estresse oxidativo ocorre quando a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio tais como o radical superóxido, peróxido de hidrogênio, nitrito, peroxinitrito e outros supera o mecanismo antioxidante natural celular. Produtos do estresse oxidativo comprometem vários componentes celulares incluindo proteínas, ácidos nucléicos e lipídios. A membrana celular é uma das estruturas celulares mais afetadas em decorrência da peroxidação lipídica, que acarreta alterações na estrutura e na permeabilidade das membranas celulares (DROGE, 2002). Consequentemente há perda da seletividade na troca iônica e liberação do conteúdo de organelas, como as enzimas hidrolíticas dos lisossomas, e formação de produtos citotóxicos, como o malonildialdeído, culminando na morte celular. Existem evidências de que as espécies reativas do metabolismo do oxigênio e do nitrogênio estão envolvidas na fisiopatologia de inúmeras doenças neurodegenerativas tais como epilepsia, esclerose múltipla, demências e doenças de Alzheimer e de Parkinson (SALVADOR & HENRIQUES, 2004) que estão entre as doenças neurodegenerativas com maior prevalência. Estudos anteriores demonstraram alguns efeitos no sistema nervoso central do óleo e extrato hidroalcoólico das folhas de Lippia alba (VALE, 1999; ZÉTOLA et al., 2002; HENNEBELLE et al., 2008). Assim, o potencial antioxidante dos OELA-quimiotipos I, II e III foi investigado pela mensuração do seu efeito sobre a peroxidação lipídica induzida pelo choque térmico em córtex e hipotálamo de ratos. Os OELA-quimiotipo II e III reduziram 122 significativamente a concentração de TBARS, medida indireta do malonildialdeído, tanto no córtex quanto no hipotálamo, enquanto o OELA - quimiotipo I também interferiu na peroxidação lipídica, porém apresentou um efeito dual concentração-dependente no córtex. Por outro lado, nenhum dos quimiotipos do OELA apresentaram atividade seqüestradora de radicais livres avaliada através do teste do DPPH. STASHENKO et al (2004) observaram o efeito antioxidante dos óleos essenciais de L. alba obtido por hidrodestilação. O método utilizado foi da oxidação do ácido linoléico em compostos carbonílicos, e o efeito antioxidante do óleo essencial que foi comparável aos efeitos da vitamina E e do 2-(terc-butil)-4-methoxifenol (BHA), ambos usados como aditivos naturais e sintéticos. Além disso, o extrato hidroalcoólico e flavonóides obtidos de L. alba também possuem efeitos antioxidantes determinados através do teste do DPPH (HENEBELLE et al., 2008; STASHENKO et al., 2004). Dessa forma, a ausência da atividade antioxidante do OELA investigada através do teste do DPPH no presente estudo, que avalia a ação seqüestradora de radicais livres, pode está relacionada as características desse modelo experimental que requer uma estabilidade química do radical formado na reação para que se comprove seu potencial antioxidante. O córtex e o hipocampo são áreas cerebrais relacionadas ao comportamento e a memória, portanto tem um papel importante na fisiopatologia de várias desordens neurológicas e de doenças neurodegenerativas como Alzheimer’s (GUYTON & HALL, 2002). Portanto, o efeito antioxidante dos quimiotipos dos OELA, em particular a inibição da peroxidação lipídica nas referidas áreas cerebrais, tornam esse produtos derivados de L. alba uma ferramenta farmacológica em potencial no tratamento de desordens no sistema nervoso central que envolvem particularmente as funções cognitivas. No entanto, são necessários estudos adicionais, para determinar os mecanismos de ação antioxidante dos OELA. 123 CONCLUSÃO 124 6 CONCLUSÃO • A determinação da composição química dos quimiotipos de L. alba é de extrema importância nos estudos de atividades biológicas, pois possibilita estabelecer uma comparação entre composição química e atividade biológica; • Os óleos essenciais das folhas de L. alba, principalmente o quimiotipo II, apresentam elevada atividade antimicrobiana e amplo espectro de ação, sendo eficazes sobre bactérias Gram-positivas, bactérias Gram-negativas e C. albicans, sugerindo serem promissores candidatos ao desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento de doenças infecciosas; • As bactérias Gram-positivas e a levedura C. albicans são mais sensíveis à ação inibitória determinada pelos óleos essenciais de L. alba, que as bactérias Gram-negativas; • As diferenças, quantitativas e qualitativas, nas composições químicas dos óleos essenciais de folhas dos quimiotipos I, II e III de L. alba, influenciam fortemente em seus potenciais antimicrobianos; • A presença de elevados teores de citral nos óleos essenciais dos quimiotipos I e II de L. alba pode explicar a maior atividade antimicrobiana desses óleos quando comparados ao óleo essencial do quimiotipo III; • O método de difusão em meio sólido é um excelente método de triagem, por ser de fácil realização e fornecer resultados que orientam a realização dos métodos de diluição em caldo de cultura, no entanto não é suficiente para o conhecimento do potencial antimicrobiano dos óleos essenciais; • A determinação da CIM pelo método da diluição em caldo de cultura em microplacas, por inspeção visual e leitura de absorbância, permite determinar alem da CIM, a CLM e avaliar a cinética de inibição de crescimento microbiano; 125 • O conhecimento da cinética de inibição de crescimento possibilita a utilização de concentrações da droga, inferiores à CIM ou à CLM, mas que ainda apresentem um efeito semelhante à de antibióticos de uso comercial; • Para a maioria das cepas testadas, os valores de CIM e CLM dos óleos essenciais da folhas de L. alba, principalmente o quimiotipo II, são iguais, o que evita a ocorrência do fenômeno de tolerância pelos microrganismos expostos a eles; • Os óleos essenciais das folhas de L. alba quimiotipo I, II e III apresentaram efeito antioxidante que parece não está relacionado a uma ação seqüestradora de radicais livres, mas sim a um bloqueio da peroxidação lipídica; • O presente estudo mostrou que o óleo essencial L. alba possui um potencial farmacológico que poderá ser aproveitado no desenvolvimento de um fitoterápico, contudo estudos adicionais são necessários no sentido de comprovar a segurança, a eficácia e qualidade do produto. 126 REFERÊNCIAS 127 7 REFERÊNCIAS ABAD, M.J.; BERMEJO, P.; VILLAR, A.; SÁNCHEZ-PALOMINO, S.; CARRASCO, L. 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