Em ação Boletim ActionAid :: Abril 2008 :: Edição n 0I © Casa da Cultura/ActionAid/Brasil • Do picadeiro para a telinha: O Circo Social da Casa da Cultura da Baixada Fluminense, no Rio, vai virar um DVD com entrevistas, trechos das aulas e do espetáculo pg2 • Solidariedade tamanho família Apostando na construção de um futuro melhor para o país, casal e filha apadrinham três crianças pobres do Norte de Minas Gerais pela ActionAid. pg3 • Congresso Nacional recebe mais de 300 cartas da França pg4 • Enchentes em Moçambique: ActionAid se destaca no trabalho de emergência • ActionAid em novo endereço Rua Morais e Vale, 111/5º andar, CEP 20.021-260 - Centro - Rio de Janeiro. Telefones (55 21) 2507-1543 e (55 21) 2189-4600 Fax (55 21) 2507-0332 w w w. ac tiona id.or g.br pg4 pg4 Do picadeiro para a telinha A peça foi montada após quatro anos utilizando a linguagem circense como instrumento de arte-educação para desenvolver aspectos como criação, expressão e a cidadania entre crianças e adolescentes. A estréia aconteceu em outubro no Teatro Municipal Raul Cortez, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e esteve em cartaz durante um mês na sede da organização. C riança “O DVD é um panorama deste trabalho educativo que mostra desde as oficinas até a concepção do espetáculo em si”, conta Diestéfano Sant’Anna, coordenador da Casa da Cultura. © Casa da Cultura/ActionAid/Brasil O espetáculo Criança não trabalha, dá trabalho! vai virar um DVD de 35 minutos com a peça de mesmo nome encenada em 2007, entrevistas e um making of dos bastidores da produção. O vídeo é um dos resultados da atividade do Circo Social da Casa da Cultura da Baixada, organização parceira da ActionAid em São João de Meriti, no Rio de Janeiro. A peça é encenada por 20 jovens e crianças da Trupe de Brinquedos, uma companhia teatral especializada nas artes circenses, formada na própria Casa da Cultura. Há quatro anos, as aulas do Circo Social atendem cerca de 150 alunos por semestre. As aulas acontecem de manhã e de tarde, complementando os turnos escolares. O DVD ficará pronto no começo de abril e será distribuído entre organizações parceiras e escolas da rede pública do município. não trabalha , dá trabalho ! O espetáculo, que trata do tema trabalho infantil, é fruto da união de educadores e alunos e partiu da idéia de reunir técnicas circenses com temas relacionados aos direitos das crianças. A discussão de textos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente se complementou com uma pesquisa sobre o assunto na internet, feita pelas próprias crianças durante as aulas de informática. A música de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes, Criança não trabalha, inspirou o nome da peça. O enredo conta a história de duas crianças que vivem em um lugar mágico, o País do Tindolelelalá, habitado somente por crianças de todas as cores. Surgem quatro guardiões gigantes (atores em pernas de pau que representam a família, a escola, a sociedade e uma bruxa) que decidem cuidar delas para protegêlas dos riscos que envolviam suas brincadeiras. Com “Mais do que mostrar técnicas circenses, o principal objetivo do espetáculo é mostrar a importância da brincadeira e a relação com as outras crianças para o pleno desenvolvimento de cada uma delas, para que cresçam como cidadãs, conscientes de seus direitos”, diz William Botelho, coordenador da atividade e formado pela Escola Nacional de Circo. O Circo Social é uma das atividades da Casa da Cultura, organização que recebe apoio da ActionAid desde 1999. A Lei de Incentivo à Cultura, por meio do Conselho de Defesa dos Direitos da Infância e do Adolescente, contribui para que este projeto seja possível. infantil não é brincadeira Trocar a brincadeira por responsabilidades é uma realidade para muitas crianças. Débora Miranda (na foto, à esquerda), 10 anos, ao lado de Aline Silva, 9 anos, duas atrizes no espetáculo, não perdem as aulas da escola nem do circo, que freqüentam há dois anos, mas quando não estão na Casa da Cultura é comum assumirem algumas tarefas domésticas. “Tenho quatro irmãos mais velhos, mas sou eu que arrumo a casa, lavo banheiro e cozinha”, conta Débora. A rotina da amiga não é muito diferente. “Às vezes lavo a louça e arrumo a sala. Quando minha mãe não está em casa, eu tenho que esquentar comida para minha irmã”, conta. “A criança que não aprende a cooperar na família, não irá aprender a cooperar na sociedade nem a ter responsabilidades. Mas é preciso que as tarefas e responsabilidades sejam adequadas à idade”, avalia Sant’Anna. A lei brasileira não permite o trabalho de menores de 16 anos. O trabalho infantil se caracteriza quando a criança é impedida de freqüentar a escola e de se desenvolver por realizar atividades para terceiros, dentro ou fora ou do ambiente familiar, em troca de alguma coisa. No Brasil, cerca de 5 milhões de crianças de 5 a 17 anos são obrigadas a trabalhar. O combate a este problema é uma prioridade para o governo e um compromisso firmado internacionalmente. 2 Rua Morais e Vale, 111/5º andar, CEP 20.021-260 - Centro - Rio de Janeiro. Telefones (55 21) 2507-1543 e (55 21) 2189-4600 Fax (55 21) 2507-0332 © Casa da Cultura/ActionAid/Brasil Trabalho a intervenção dos “adultos”, as crianças perdem seu poder de imaginação e acabam sendo oprimidas por uma realidade estranha ao universo infantil. tamanho família Mônica Prado, 52 anos, seu marido John Gualberto, e a filha Manoela Duarte, 23 anos, estão unidos com um mesmo propósito: ajudar a transformar a realidade daqueles que vivem em comunidades pobres do Brasil. Cada membro da família, que mora em um bairro de classe média de São Paulo, decidiu apadrinhar por meio da ActionAid uma criança de áreas pobres do Norte de Minas Gerais. “Vi o anúncio na televisão e liguei na hora. É maravilhoso poder ajudar uma criança a ter um futuro melhor”, conta Mônica (na foto, à esquerda). Acervo pessoal S olidariedade As crianças que estão vinculadas à família são do município São João das Missões, no Sertão do rio São Francisco e pertencem à tribo indígena Xakriabá. Nesta região semiárida, 75% dos municípios estão abaixo da linha da pobreza. É lá que estão os índices de desenvolvimento humano mais baixos do país (IDH 0,54), comparáveis aos países extremamente pobres como a Mongólia e a Nigéria. “As crianças Gilmar, Eva e Wallysson e os doadores que lhes apadrinham: Mônica, John e Manoela” Diversos povos tradicionais, como os índios Xakriabá, remanescentes de quilombolas e os geraizeiros (agricultores familiares estabelecidos na Serra Geral há mais de 200 anos) lutam pelos seus direitos básicos. “Nunca tinha ouvido falar dessas comunidades antes, dos quilombolas e dessa tribo indígena”, conta Mônica. Outro momento emocionante foi a mensagem de final de ano que cada um recebeu de sua criança.“Eu só tenho uma filha, sempre quis ter mais, mas como não foi possível, fico feliz em saber que estou ajudando o meu pequerrucho, o Gilmar (na foto à esquerda)”, conta Mônica. ©André Telles/ActionAid/Brasil Para Manoela e Mônica, quem nunca experimentou a sensação de doar algo de si para os outros nunca vai poder saber o quanto é gratificante. “Não dá para explicar, é uma sensação muito gostosa, a gente passa a viver melhor”, conta Mônica. Ela mesma doou um de seus rins para salvar a vida do marido e defende que a solidariedade é um caminho para transformar o mundo. “As cidades grandes estão uma loucura. Se pararmos um minuto para pensar nas outras pessoas, aí sim, poderemos ter um futuro!”, diz. Quando as fotos das crianças chegaram na casa dos doadores foi uma comoção. “Recebi a fotos e vi a carinha da Eva, a criança que apadrinho, e vi que realmente é preciso ajudar”, conta Manoela, que é formada em jornalismo, trabalha como gerente de contas de uma empresa de meteorologia e ainda estuda publicidade à noite. “O mundo e o nosso país estão assim porque as pessoas só pensam no seu próprio umbigo. Se começarmos a olhar para o lado, veremos que há muito ainda o que fazer pelos outros. Se eu posso dar um pouco, que não vai me fazer falta, por que não?”, questiona a jovem. Uma em cada 10 crianças em países em desenvolvimento morre antes de completar 5 anos. No Brasil, são 15 milhões de crianças desnutridas. A causa das diversas dificuldades que enfrentam é sempre a mesma: a pobreza. A ActionAid trabalha nos lugares mais pobres do mundo para romper com este ciclo cruel. Ao apadrinhar uma criança, você ajuda as comunidades pobres do Brasil a aprenderem a reivindicar seus direitos básicos como alimentação, educação, moradia, saúde e saneamento. APADRINHE AGORA! Ligue 0300 100 0300 Com menos de R$1,00 por dia, você ajuda uma criança e toda sua comunidade a ter uma vida melhor. Você verá o impacto positivo de sua ajuda por meio de fotos, relatórios e mensagens. INDIQUE UM AMIGO! Fale com seus amigos, familiares, vizinhos e colegas de trabalho. Quanto mais doadores, mais crianças e comunidades serão beneficiadas. Para indicar, ligue para o atendimento ao doador ActionAid: (21) 2189-4654 ou mande um e-mail para [email protected]. Rua Morais e Vale, 111/5º andar, CEP 20.021-260 - Centro - Rio de Janeiro. Telefones (55 21) 2507-1543 e (55 21) 2189-4600 Fax (55 21) 2507-0332 3 que salvam vidas ©ActionAid/Moçambique I nformações ActionAid se destaca no trabalho de prevenção durante as enchentes que assolaram Moçambique De dezembro de 2007 a fevereiro de 2008, a população rural de Moçambique passou por uma das piores inundações de sua história. Mais de 100 mil pessoas tiveram que ser evacuadas de áreas de risco e reassentadas. Foram perdidos mais de 37 mil hectares de plantações, comprometendo a produção de alimentos no país. A equipe da ActionAid, junto às organizações locais e às instituições governamentais, trabalharam provendo informação, apoio e suprimento para os desabrigados e na evacuação das pessoas de áreas perigosas. A atuação rendeu um reconhecimento público pela eficácia do trabalho de comunicação voltado para as vítimas. O teatro e as rádios comunitárias foram ferramentas de informação importantes para alertar os moradores sobre medidas simples para proteger a própria saúde e melhorar a higiene dos reassentamentos. “Latrinas, água tratada e sabão só evitam a propagação do cólera se a população entender a importância da higiene. É preciso que compreendam que há um tratamento simples que pode salvar vidas”, diz Paulino Timana, que coordena o trabalho de saúde e saneamento da ActionAid na área afetada pelas enchentes. Os programas de rádio eram veiculados em português e na língua local. O Grupo do Teatro do Oprimido, que viajava junto com as equipes de emergência, apresentava um espetáculo com música, humor e dança para alertar sobre as formas de contaminação do cólera, já que um surto da doença eclodiu no início de fevereiro vitimando centenas de pessoas. Congresso Nacional recebe mais de 300 cartas da frança ActionAid faz mobilização internacional pela causa das quebradeiras de coco de babaçu Entre janeiro e março deste ano, mais de 300 cartas chegaram da França, diretamente ao Congresso Nacional brasileiro, em apoio à luta do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), organização parceira da ActionAid. A mobilização, fruto de uma ação conjunta entre a ActionAid e a rede francesa Peuples Solidaires, é endereçada ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e demanda que o Congresso Nacional dê prioridade à discussão e à aprovação da Lei do Babaçu Livre. “A ActionAid quer dar visibilidade às lutas dos grupos de mulheres que buscam fazer valer seus direitos relativos ao acesso à terra e demais recursos naturais necessários para garantir meios de vida, segurança alimentar e nutricional. A rede Peuples Solidaires também quer que as autoridades brasileiras ouçam os pedidos das mulheres quebradeiras de coco, por isso, eles se uniram a nós nesta luta”, diz Rosana Heringer, coordenadora de Direitos das Mulheres da ActionAid no Brasil. Em âmbito federal, o projeto de lei já foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente. “Nossa preocupação é que agora inventaram que o projeto deve passar também pela nova Comissão de Agricultura, formada 4 por representantes do agronegócio, da UDR, ruralistas e latifundiários. Temos que garantir que nossos direitos sejam assegurados”, diz Benedita Freire, do MIQCB do Maranhão. Para as mulheres que vivem nos estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí, a lei pode garantir a única forma de sustentar a família. “A gente está lutando por uma lei que não está escrita em lugar nenhum: é a lei da sobrevivência”, resume Maria de Jesus Bringelo, a Dona Dijé, quebradeira de coco do município de Monte Alegre, no Maranhão. ActionAid em novo endereço A ActionAid está de casa nova! O escritório da ActionAid Brasil passou a funcionar na Rua Morais e Vale, 111/5º andar, CEP 20.021-260, localizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Os telefones de contato são (55 21) 2507-1543 e (55 21) 2189-4600 e o fax é (55 21) 2507 -0332. A Actionaid Américas também se mudou para o mesmo endereço, no 3º andar. Rua Morais e Vale, 111/5º andar, CEP 20.021-260 - Centro - Rio de Janeiro. Telefones (55 21) 2507-1543 e (55 21) 2189-4600 Fax (55 21) 2507-0332