Artigo original Correntes monofásicas e bifásicas na promoção da analgesia Single-phase and two-phase chains in the promotion of the analgesia Ralph Fernando Rosas*, Cecília Machado da Silva** *Fisioterapeuta, especialista em pela, professor da Universidade do Sul de Santa Catarina/UNISUL – Campus Tubarão, ** Acadêmica do oitavo semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palavras-Chave: lombalgia, estimulação elétrica transcutânea do nervo (TENS), terapia por estimulação elétrica, exame físico. Resumo O objetivo deste estudo foi comparar correntes bifásicas e monofásicas em mulheres lombálgicas, sendo constituída por dois grupos (compostos por cinco indivíduos em cada, com idade entre 40 e 60 anos, que não faziam uso de fármacos para controle da dor lombar), onde fez-se a associação da TENS com os pólos negativo e positivo da corrente galvânica. No grupo experimental 1 foi realizada a associação da TENS sendo aplicado previamente o pólo negativo da corrente galvânica, e no grupo experimental 2, o pólo positivo. Tomaram-se como parâmetros de comparação, a avaliação no pré e pós-teste da percepção subjetiva da dor, da percepção subjetiva da dificuldade de realização das atividades da vida diária. Foram utilizados o Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry, a Escala Visual Analógica de Dor de Mcgill modificada de 10 cm e realizados testes de flexibilidade para a coluna vertebral. Após 10 sessões de tratamento, os dados obtidos foram analisados e comparados utilizando-se análise estatística, podendo-se verificar que, na comparação entre a avaliação e a reavaliação no grupo experimental 1, houve melhora significativa para o teste de Finger-Floor, no score do Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry, o que não foi observado no grupo experimental 2, havendo igualdade entre os grupos apenas para a Escala Visual Analógica de McGill modificada de 10 cm, porém com menor variação no segundo grupo. Não foi observada efetividade para os outros parâmetros de comparação em ambos os grupos. Na análise realizada entre os grupos, não foi observada diferença estatística na intervenção fisioterapêutica. Abstract Key-Words: low back pain, transcutaneou s eletric nerve stimulation (TENS), electric stimulation therapy, physical examination. The aim of this study was to compare current two-phase and single-phase in low back pain women, being constituted of two groups (composites for five individuals in each, with age between 40 and 60 years, that did not make use of analgesics for control of lumbar pain), where it became association of HAS with the polar regions negative and positive of the galvanic chain. In experimental group 1 the association was carried through of is being previously applied the negative polar region of the galvanic chain, and in experimental group 2, the positive polar region. They had been overcome as comparison parameters, the evaluation in the daily pay and after-test of the subjective perception of pain, the subjective perception of the difficulty of accomplishment of the activities of the daily life. They had been used the Oswestry Disability Questionnaire, Visual Analogic Scale of Pain of Mcgill modified of 10 cm, and carried through tests of flexibility for the vertebral column. After 10 sessions of treatment, the gotten data had been analyzed and compared using analysis statistics, being able itself to verify that, in the comparison between the evaluation and the reevaluation in experimental group 1, it had significant improvement for the test of Finger-Floor, in score of the Oswestry Disability Questionnaire, what was not observed in experimental group 2, having equality it enters the groups only for Visual Analogic Scale of Pain of Mcgill modified of 10 cm, however with lesser variation in as the group. It was not observed effectiveness for the other parameters of comparison in both the groups. In the analysis carried through between the groups, difference was not observed statistics in the fisioterapêutica intervention. Introdução Composta por cinco vértebras articuladas entre si pelo disco intervertebral e por dois pares de articulações interpofisárias, a coluna lombar tem como função a sustentação da cabeça, membros superiores e tronco, movimento, além de proteção da medula espinhal [1]. A região lombopélvica é chave de extraordinária estabilidade, já que as forças do tronco e do solo convergem para esta integridade da unidade lombopélvica [2]. Moreira e Carvalho [3] definem a função da coluna lombar como de proteção da cauda eqüina, oferecimento de mobilidade ao dorso, suporte à parte superior do corpo e transferência de peso à pelve e membros inferiores, sendo considerado pelos autores o segmento mais móvel da coluna vertebral, apresentando movimentos de flexão/extensão e inclinação lateral. A coluna lombar é a principal região do corpo responsável pela sustentação de cargas, a posição corporal afeta a magnitude das cargas que atuam sobre a coluna vertebral [4]. Assim, a harmonia neuromusculoesquelética é importantíssima para o funcionamento ideal do complexo lombar, pélvico e quadril [5]. A maioria das disfunções da coluna lombar ocorrem na presença de instabilidade dessa região [6], as causas mais freqüentes das lombalgias e lombociatalgias são de natureza mecânicodegenerativa. Sua modulação tem origem nas desordens estruturais, desvios biomecânicos e modificações vasculares, ou na interação desses três fatores[7]. Classicamente, a experiência dolorosa pode surgir por compressão direta das raízes nervosas, mas é importante lembrar ainda que nem toda dor no território da coluna lombar tem aí sua origem, pois as doenças viscerais podem ser acompanhadas de dor referida na região da coluna lombar. As principais causas de queixas lombares são as espondiloartropatias, espondilite anquilosante, artrite psoríaca, síndrome de Reiter, artrite enteropática, síndrome de Dish, osteoartrose, síndrome dolorosa miofascial da região lombar, músculo quadrado lombar, músculo glúteo máximo, músculo glúteo médio, músculo glúteo mínimo, músculo piriforme, tensor da fáscia lata, músculo iliopsoas [8]. A dor lombar é geralmente acompanhada por uma dor irradiada para as nádegas, coxa ou perna, comumente em um lado e ocasionalmente em ambos. Essa dor é comumente chamada de ciática, embora o termo devesse ser usado exclusivamente para a dor referida no trajeto do nervo ciático, pois é preciso considerar que a ciática freqüentemente é um sintoma muito mais perturbador e persistente dos distúrbios lombares que a dor lombar em si, qual pode ser moderada ou temporária [9]. Tem sido estimado que 80% de adultos, pelo menos uma vez em suas vidas, irão sofrer um ou mais episódios de dor na coluna lombar severamente suficiente para que parem de trabalhar temporariamente. Existem várias causas de dor aguda ou crônica na coluna lombar baixa, incluindo fatores mecânicos – fraqueza da musculatura do tronco; fatores químicos – investigações epidemiológicas tem revelado que a incidência de dor lombar baixa aguda e crônica é três vezes maior em fumantes do que em nãofumantes; traumas; espondilolistese; infecção e neoplasma [10]. Devido à ampla possibilidade diagnóstica para as disfunções da coluna lombar, é necessário, para a reabilitação, considerar a afirmação feita por Vilar e Kaziyama [8] que relatam que a abordagem terapêutica e reabilitacional do portador de lombalgia é especialmente difícil, devido à gama diagnósticos diferenciais possíveis, bem como pelos múltiplos fatores constitucionais, ambientais, psicológicos e socioeconômicos envolvidos. Embora a dor nas costas seja uma queixa comum, em 80 a 90% dos casos não pode ser determinada uma etiologia patológica. Estudos epidemiológicos determinaram que os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da dor nas costas são: insatisfação com o trabalho, levantamento repetido de peso, vibração da baixa freqüência, baixo nível educacional, fumo e problemas sociais. Por este motivo, segundo Hart [12] o tratamento dos pacientes com alterações que produzem dor na região lombar continua sendo um dos mais dispendiosos enigmas na medicina. Já que a maioria dos pacientes com lombalgia não apresentam um diagnóstico definitivo com consistente evidência corroborativa, os objetivos do tratamento geralmente enfatizam a diminuição da sintomatologia, e não a resolução da patologia. Para este fim, dentro do âmbito da fisioterapia, o estímulo do nervo transcutâneo é atualmente bastante utilizado no tratamento da dor intratável e crônica[9]. A utilização da TENS como forma de estímulo para que ocorra excitação das fibras, é tem como objetivo é estimular as fibras de classe A exteroceptivas. É necessário, portanto, fazer nascer uma frente de despolarização ao nível de sua membrana, que no repouso é positiva no exterior[13]. A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS), é o nome genérico para um método de estimulação da fibra nervosa aferente a controlar a dor[14]. Fibras nervosas aferentes A-δ podem ser recrutadas por impulsos de baixa amplitude, alta freqüência e breve duração [15], o que caracterizam a estimulação convencional, de alta freqüência [que] pode ser definida como cadeia contínua ininterrupta, de impulsos de alta freqüência gerados com curta duração e baixa amplitude[16]. TENS é uma estimulação sensitiva transcutânea diferencial das fibras proprioceptivas do tato, à grande velocidade de condução[1]. O tratamento convencional com TENS, aplicada com uma freqüência de pulso elevada (60 a 100 pps), pulso de curta duração (menor que 100 s) e intensidade no nível sensorial, ativa o portão modulador da dor no nível da medula espinhal. Os impulsos dolorosos são transmitidos ao longo dos nervos de pequeno diâmetro, amielinizados, de transmissão lenta, ao passo que a informação sensorial não-dolorosa percorre mais rapidamente os neurônios de diâmetro maior. Em virtude da curta duração da fase e da elevada freqüência de pulsos utilizadas na TENS convencional, as fibras nervosas A-delta, de grande diâmetro, são estimuladas seletivamente. A ativação das fibras A-beta e C provoca a inibição pré-sináptica na substância gelatinosa, bloqueando a transmissão dos impulsos dolorosos para as células T. Em outras palavras, o portão é fechado para a transmissão de informação sensorial[17]. A eletricidade é uma força criada por um desequilíbrio no numero de elétrons entre dois pontos. Essa força, conhecida como força eletromagnética, diferencial ou voltagem, cria uma situação na qual os elétrons se movimentam, numa tentativa de equilibrar as cargas, criando uma corrente elétrica. Em sua forma mais simples, a corrente elétrica flui de um pólo negativo (cátodo), área de elevada concentração de elétrons, para um pólo positivo (ânodo), área de baixa concentração de elétrons, por um caminho de menor resistência. A maioria das formas de estimulação elétrica são aplicadas por via transcutânea. Quando a corrente passa pela pele, ela tem o potencial para perturbar o potencial de repouso dos axônios periféricos. Sob o cátodo, ocorre despolarização do nervo, ao passo que a estimulação sob o ânodo causa a hiperpolarização. Quando uma corrente elétrica terapêutica entra no corpo, o movimento de íons substitui o fluxo de elétrons. Conforme descrito pela lei de Coulomb, os íons se movem para longe do pólo que tem a mesma carga e migram em direção ao pólo que tem carga oposta. Quando se utiliza uma corrente alternada (CA) ou uma corrente de pulso bifásica, os íons vão e vêm entre os eletrodos, de acordo com um número de ciclos por segundo. Quando se aplica uma corrente direta (CD) ou uma corrente de pulso monofásica essa migração ocorre em apenas uma direção.O padrão básico da CD é o quadrado da onda, sendo reconhecido pelo fluxo contínuo de corrente em apenas um lado do valo de referência, à medida que os elétrons caminham do cátodo para o ânodo. Apesar das flutuações de voltagem ou de amperagem, o fluxo da corrente permanece em uma direção e fica em um dos lados do valor de referência. Nas aplicações médicas, o termo “galvânico” é utilizado para descrever uma corrente direta ininterrupta. Em uma terceira classificação, a corrente em pulso representa uma corrente que já foi modificada a fim de produzir efeitos biofísicos específicos. Nela, o fluxo de elétrons é periodicamente interrompido. A corrente galvânica é uma corrente de baixa freqüência, polar, com fluxo constante de elétrons em uma só direção. O fluxo da corrente não sofre interrupção e nem varia sua intensidade na unidade de tempo [18]. Esta se define como aquela em que o movimento das cargas de mesmo sinal se deslocam no mesmo sentido, com uma intensidade fixa. O termo contínua indica que a intensidade da corrente é constante em valor e sentido, podendo ser utilizado também o termo corrente direta[19]. A estimulação galvânica consiste na aplicação de corrente direta de baixa voltagem no corpo, com polaridade conhecida sob cada eletrodo. Controlando-se a polaridade dos eletrodos, certas respostas celulares e bioquímicas involuntárias podem ser estimuladas [17]. Estímulos nervosos abaixo do limiar não causam um potencial de ação, porém afetam o potencial de membrana, pelo potencial despolarizante produzido pelo cátodo, sendo que o ânodo causa o inverso – hiperpolarização. Esses são potenciais eletrônicos que ocorrem porque, ao alterar a carga através da membrana nervosa, se altera o limiar. Tornar a superfície externa da membrana nervosa menos positiva reduz o limiar, o que aumenta a excitabilidade do nervo, enquanto torná-la mais positiva produz o efeito inverso[20]. Quando a corrente galvânica é aplicada sobre a pele, com intensidade elevada, provoca dissociação das moléculas de suor e posterior transporte dos íons Na+ e Cl para os pólos negativo e positivo, respectivamente. Se o axônio for estimulado, ocorrendo um impulso conduzido, vai ser registrada uma série característica de variações do potencial, conhecida como potencial de ação, à medida que o impulso passa para o eletródio externo[1]. Materiais e métodos Durante o período de março a outubro de 2004 foram avaliados e tratados com aplicação de correntes elétrica dez indivíduos portadores de lombalgia, do sexo feminino, idade entre 40 e 60 anos, que não fizessem uso de fármacos para controle da dor lombar, não realizassem terapias alternativas para controle da dor lombar. Foram excluídos da pesquisa os participantes que não comparecer a qualquer sessão, isso inclui avaliação, reavaliação e a qualquer sessão para aplicação do tratamento e que iniciaram durante o período de tratamento, o uso de fármacos e/ ou outras terapias alternativas para controle da dor lombar. A amostra, composta por dois grupos, cada grupo contendo cinco participantes, sendo que os grupos ficaram dispostos de acordo com o tratamento aplicado, da seguinte forma: grupo experimental 1 - realizada a aplicação de corrente galvânica e depois aplicada TENS sobre o pólo negativo da corrente galvânica; realizada a aplicação de corrente galvânica e depois aplicada TENS sobre o pólo positivo da corrente galvânica. Para coleta dos dados foi utilizada a ficha de avaliação utilizada na Clínica Escola de Fisioterapia da Unisul, Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry questionário utilizado para avaliação subjetiva da coluna lombar, e AVD’s. Escala Visual Analógica de Dor de McGill, modificada, medindo 10 cm, fita métrica, utilizada para realização dos testes de flexibilidade descritos segundo Buckup [ 25]: (Finger-floor) – para aferição da mobilidade de toda coluna vertebral em inclinação frontal, Sinal de Ott – determinação da flexibilidade das vértebras torácicas, Sinal de Schober – determinação da flexibilidade das vértebras lombares, aparelho de eletroestimulação para aplicação da TENS: Tensmed IV da marca Carci; aparelho para aplicação da corrente galvânica – Nemesys-941, da marca Quark, sendo que serão utilizados dois aparelhos; Eletrodos – quatro eletrodos, com área de 8 cm2 , contendo uma chapa de alumínio e esponja, para aplicação da corrente galvânica e oito eletrodos de área de 4 cm2 , de silicone, para aplicação da TENS. A coleta dos dados, realizada na Clínica Escola de Fisioterapia da Unisul, seguiu um protocolo que consta de avaliação e reavaliação na avaliação, realizada no primeiro dia de comparecimento do indivíduo participante da pesquisa, constituiu-se de anamnese (onde foram aplicados o Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry, e a Escala Visual Analógica de Dor de McGill modificada de 10 cm) e exame físico: onde foram coletados dados através da palpação, testes de flexibilidade e testes funcionais do quadril. O tratamento, realizado em doze sessões, teve cada sessão com duração de 50 minutos (10 minutos para preparo do indivíduo no inicio da sessão e retirada dos eletrodos ao final da sessão; 10 minutos para aplicação da corrente galvânica; 30 minutos para aplicação da TENS). A aplicação das correntes, realizada com o indivíduo em decúbito ventral, em uma maca, sendo que e corrente galvânica foi aplicada com dois eletrodos com área de 8 cm2, contendo uma chapa de alumínio e esponja. Os eletrodos, conectados ao fio transmissor de eletricidade do aparelho - Nemesys, estando dispostos de forma bilateral, sendo que foram utilizados dois aparelhos, serão posicionados na altura do processo espinhoso lombar de L5 e na altura do processo espinhoso torácico de T12. Para aplicação da TENS foi utilizada a aplicação convencional, modulada a freqüência em 50 Hz e o tempo de pulso a 150 µs, com oito eletrodos de área de 8 cm2 , de silicone, onde foi aplicado um gel condutor de eletricidade. Os eletrodos, dispostos bilateralmente, foram posicionados sobre o local de aplicação da corrente galvânica. A intensidade oferecida na aplicação das correntes foi determinada pela sensação referida pelo paciente. Resultados Para melhor entendimento, os grupos ficaram identificados como positivo e negativo para designar o tipo de tratamento recebido, sendo que o grupo onde foi realizada a associação da TENS com o pólo negativo da corrente galvânica ficou identificado como grupo negativo, e o grupo onde foi realizada a associação com o pólo positivo foi identificado como grupo positivo. Os testes estatísticos foram realizados de acordo com o Teste de Wilcoxon para Amostras Independentes, com α= 10%. Na tabela I é possível observar que houve diminuição da distância entre a ponta dos dedos o solo, em ambos os grupos, contudo, no grupo negativo não houveram valores negativos, o que representa que a diminuição desta distância ocorreu em todos os pacientes. No grupo positivo, apesar de existirem resultados positivos, observase também que em três pacientes houve aumento da distância. Realizado o teste estatístico, obteve-se a aceitação da hipótese alternativa, significando que houve diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes no grupo negativo. Portanto, para este grupo, a intervenção fisioterapêutica foi efetiva. Para avaliação dos dados entre os pacientes do grupo positivo, obteve-se aceitação da hipótese nula, o que significa que não existiu diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes deste grupo. Portanto, para este teste a intervenção fisioterapêutica não foi efetiva. Quando analisado o teste de Ott, na tabela II, pode ser observado que as diferenças no pré e pós-teste entre os grupos apresentaram pequena variação nos valores, obtendo-se um aumento da flexibilidade da coluna torácica em no máximo +1cm no grupo negativo e +5cm no grupo positivo. A média de variação foi de +1,0cm. Para melhor visualização os dados estão exemplificados abaixo. O teste estatístico revelou aceitação da hipótese nula, em ambos os grupos, o que significa que não existiu diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes do grupo. Portanto, para este teste a intervenção fisioterapêutica não foi efetiva. Os valores do teste de Schober, expressos na tabela III, pode-se observar que o aumento da flexibilidade da coluna vertebral ocorreu com os valores variando entre +0,5 e +2 cm, com um ganho máximo de 1 cm no grupo negativo e de 2 cm no grupo positivo, podendo-se observar que o grupo positivo apresentou maior aumento da flexibilidade em comparação com o grupo negativo, com média de variação de +1,25cm. Na análise estatística pode-se aceitar a hipótese nula, o que significa que não existiu diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes em ambos os grupos. Portanto, para este teste a intervenção fisioterapêutica não foi efetiva. Os resultados do pré e pós-teste e resultados da análise estatística do Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry e da Escala Visual Analógica de Dor de McGill modificada de 10 cm serão estão ilustrados conforme tabelas 4 e 5, respectivamente. O Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry, formulado por dez itens fornece dados concernentes à dor – percepção e tolerância; interferência nas atividades da vida diária, vida social, vida sexual e viagens. O questionário é interpretado enumerando-se (de 0 a 5) os sub-itens de cada seção, somando-os ao final. A pontuação indica o grau de acometimento do paciente da seguinte maneira de 0 a 10 minimamente incapacitado; de 11 a 20 moderadamente incapacitado; de 21 a 30 severamente incapacitado; de 31 a 40: aleijado; maior que 41: acamado ou exagerando. De acordo com os dados da tabela IV, pode-se observar que no grupo negativo todas as pacientes apresentaram melhora significativa, sendo que as pacientes 1, 5 passaram de severamente incapacitada para minimamente e moderadamente incapacitada respectivamente, a paciente 2 de aleijada para minimamente incapacitada e as pacientes 3 e 4 de moderadamente incapacitada para minimamente incapacitada, conforme ilustrado na tabela IV. No grupo positivo, os resultados obtidos apresentaram variação quanto a graduação da incapacidade, porém apresentaram menor variação de resultado em relação ao grupo negativo, sendo que a paciente 3 não apresentou alterações. As pacientes 1, 2, 4 e 5 passaram de moderadamente incapacitado para minimamente incapacitado. Os valores máximos dos resultados na reavaliação variaram entre 0 e 22, tendo como média de variação de +11,9. Realizado o teste estatístico, no grupo negativo, obteve-se a aceitação da hipótese alternativa, significando que houve diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes neste grupo. Portanto, para este grupo a intervenção fisioterapêutica foi efetiva. Para avaliação dos dados entre os pacientes do grupo positivo, na análise estatística obteve-se aceitação da hipótese nula, o que significa que não existiu diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes deste grupo. Portanto, para este grupo a intervenção fisioterapêutica não foi efetiva. A Escala Visual Analógica de Dor de McGill modificada de 10 cm confere ao avaliador a percepção subjetiva da sensação de dor apresentada pelo paciente. Na tabela VI é possível observar a melhora do quadro álgico referido pelos pacientes em ambos os grupos, porém com menor variação no grupo positivo. Os valores obtidos na reavaliação tiveram uma variação entre 1cm e 8,0 cm, com média de variação de 4,39. Realizado o Teste de Wilcoxon para Amostras Dependentes, obteve-se a aceitação da hipótese alternativa, significando que houve diferença estatística entre a avaliação e a reavaliação dos pacientes em ambos os grupos. Portanto, para ambos os grupos a intervenção fisioterapêutica foi efetiva em relação a dor. Tabela I – Resultados do teste de Finger-floor. P GN GP A R V A R V 1 41 16 -25 11 14 +3 2 20 7 -13 52,5 10 -42,5 3 24,5 20 -4,5 14,5 23 - 8,5 4 25,5 0 -25,5 14 13 -1 5 21 18 -3 28 18 -10 Tabela II – Resultados do Teste de Ott P GN GP A R V A R 1 32 32 0 31 32 2 32 32 0 31 36 3 32 32 0 31 30,5 4 33 34 +1 31 31 5 35 35,5 +0,5 30,5 32 P=paciente; GN= grupo negativo; GP = grupo positivo; A= avaliação; R= reavaliação; V= variação. P=paciente; GN= grupo negativo; GP = grupo positivo; A= avaliação; R= reavaliação; V= variação. Tabela III – Resultados do Teste de Schober P GN GP A R V A R 1 17 18 +1 15 16,5 2 15 16 +1 14 15,5 3 17,5 15,5 -2 16 14,5 4 16,5 16 -0,5 16 18 5 16,5 17,5 +1 15 15,5 Tabela IV – Resultados do Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry. P GN GP A R V A R V 1 22 0 -22 17 8 -9 2 36 6 -30 12 5 -7 3 15 2 -13 29 21 -8 4 13 1 -12 19 23 +4 5 23 14 -9 14 9 -5 V +1,5 +1,5 -1,5 +2 +0,5 P=paciente; GN= grupo negativo; GP = grupo positivo; A= avaliação; R= reavaliação; V= variação. V +1 +5 +0,5 0 +2 P=paciente; GN= grupo negativo; GP = grupo positivo; A= avaliação; R= reavaliação; V= variação. Tabela V– Resultados da Escala Visual Analógica de Dor de McGill modificada de 10 cm. P GP GP A R V A R 1 8,2 3,7 -4,5 9 6,5 2 9,3 2,8 -6,5 5 0,5 3 7,8 1,1 -6,7 10 8,7 4 8 0 -8,0 10 9 5 9,4 5,7 -3,7 6 0,75 V -2,5 -4,5 -1,3 -1 -5,25 P=paciente; GN= grupo negativo; GP = grupo positivo; A= avaliação; R= reavaliação; V= variação. Tabela VI – Resultados do Teste de Wilcoxon para Amostras negativo e positivo. DADOS PARA ANÁLISE Finger-floor Ott Schober Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry Escala Visual Analógica de Dor de McGill modificada de 10 cm Os resultados obtidos pela análise realizada no pós-teste, utilizando-se o Teste de Wilcoxon para Amostras Independentes, como ilustrados na tabela VI, permitiram observar que, embora tenham sido verificadas diferenças entre os grupos na avaliação e reavaliação, quando os resultados da reavaliação foram comparados, a intervenção fisioterapêutica não apresentou correlação estatística entre os grupos, o que significa que o resultado final do tratamento aplicado demonstrou ter a mesma efetividade em ambos os grupos. Discussão De acordo com o esperado nesta pesquisa, no grupo onde foi realizada a associação da TENS com o pólo negativo da corrente galvânica obteve melhores resultados na intervenção fisioterapêutica com correntes elétricas. Este efeito pode ser explicado de acordo com Ganong [21], que relata que a aplicação dessas correntes por meio de um catódio produz uma variação localizada do potencial, no sentido de despolarização, que aumenta de forma abrupta a decai exponencialmente em função do tempo. De modo inverso, uma corrente anódica produz potencial hiperpolarizante. Independentes na reavaliação dos grupos TESTE DE WILCOXON Aceita-se hipótese nula. Aceita-se hipótese nula Aceita-se hipótese nula. Aceita-se hipótese nula Aceita-se hipótese nula O potencial de despolarização da membrana possui um limiar, que para ser ultrapassado necessita ter intensidade maior que seu potencial de repouso, caracterizado pela permanência da estabilidade da bomba de sódio e potássio. Quando é oferecido à célula um estímulo através de um catódio, que é carregado positivamente, os canais de sódio se abrem, ocorrendo um influxo de sódio para dentro da membrana, tornando-a mais positiva. Para que haja regulação da bomba de sódio e potássio, os íons de potássio serão direcionados para fora da célula, pois estarão sendo atraídos pela positividade dos íons de sódio que estão fora da célula, tornando-a menos excitável, pois durante o repouso, o interior da membrana é negativamente carregado. Ao se aplicar um estímulo através de um ânodo, negativamente carregado, os canais de potássio da membrana se abrem e então ocorre um influxo do potássio, atraído pelos pólos positivos do interior da membrana, o que torna mais negativa e, portanto, mais excitável. Estímulos nervosos abaixo do limiar não causam um potencial de ação, porém afetam o potencial de membrana, pelo potencial despolarizante produzido pelo cátodo (que sobe rápido, caindo exponencialmente com o tempo), sendo que o ânodo causa o inverso – hiperpolarização. Esses são potenciais eletrônicos que ocorrem porque, ao alterar a carga através da membrana nervosa, se altera o limiar. Tornar a superfície externa da membrana nervosa menos positiva reduz o limiar, o que aumenta a excitabilidade do nervo enquanto torná-la mais positiva produz o efeito inverso [20]. As técnicas eletroterapêuticas utilizadas nesta pesquisa demonstraram ter, em sua avaliação final, a mesma eficácia em ambos os grupos, o que enfatiza a afirmação feita por Whiting e Zernicke [22],de que em qualquer meio de avaliação, a lombalgia é o distúrbio musculoesqueletico mais dispendioso nas sociedades industrializadas. Para algumas pessoas, a dor é apenas temporária, para outras, porém, a dor associada à disfunção lombossacra pode ser completamente debilitante. Em decorrência de 85% dos casos de lombalgia não serem diagnosticados especificamente, a eficácia das várias estratégias terapêuticas continuam controversas. Num estudo realizado por Marchand et al. [23], para verificação do efeito placebo da TENS, os autores constataram, na comparação da avaliação imediatamente antes e após cada sessão de tratamento, tanto o grupo em que foi aplicado TENS quanto o grupo TENS-placebo apresentaram significante redução da intensidade e desconforto da dor lombar crônica. Os autores puderam verificar que a TENS foi significantemente mais eficiente que o TENSplacebo na redução da intensidade da dor, mas não no desconforto da dor, relatando que a TENS produziu um efeito aditivo significante depois de repetidas sessões para a intensidade da dor e desconforto relativo, o que não foi observado no TENS-placebo. Embora tenha sido observada melhora nos aspectos funcionais e na dor entre as pacientes avaliadas, confere-se que ao serem comparadas, as terapias aplicadas não apresentaram diferenças significantes. Contudo, o efeito analgésico propiciado pela TENS pode ser observado, quando analisadas as diferenças encontradas nos resultados da avaliação e reavaliação destas pacientes, o que evidencia que as terapias por estimulação elétrica vêm contribuir para que o indivíduo conduza suas atividades pessoais e ocupacionais normais de maneira confortável [24]. Conclusão Após a análise e discussão dos dados foi possível observar que no grupo positivo, os resultados analisados estatisticamente, houve melhora significativa no teste de Finger-Floor e nos resultados do Questionário de Incapacidade por Lombalgia de Oswestry, o que não foi observado no grupo positivo. Em uma segunda análise dos dados, onde foi realizada a comparação entre os grupos, os resultados obtidos indicam que os tratamentos aplicados se equivalem, não demonstrando que a maior efetividade obteve-se em um único grupo apenas. Os resultados mostraram existir equilíbrio entre os dois recursos, o que nos possibilita verificar que os recursos eletroanalgésicos mostram-se eficazes no tratamento de lombalgias. Referências 1. Greve J M, Amatuzzi MM. Medicina de reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia. São Paulo: Roca, 1999. 2. Gould III JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 2.ed. São Paulo: Manole, 1993. 3. Moreira C, Carvalho MAP. Reumatologia diagnóstico e tratamento. São Paulo, Medsi, 2001. 4. Hall CM, Brody LT. Exercício terapêutico na busca da função. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 5. Lee D. A cintura pélvica abordagem para o exame e o tratamento da região lombar, pélvica e do quadril. São Paulo: Manole, 2001. 6. Loureiro MA, Martins DM, Ferreira PH. Relação entre curvatura lombar e ação de musculatura lombo-pélvica. Fisioterapia em Movimento. 1997; 10 (1):102-110. 7. Cecin HA. 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