SV Tuberculose 2005

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Por que a Aids e a Tuberculose, juntas, são tão perigosas
Saber Viver
Edição Especial Tuberculose
MAIO/2005 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
PREVENÇÃO NA HORA CERTA
Mara fez o tratamento preventivo da tuberculose
em 1999 e não desenvolveu a doença
Detalhes sobre o tratamento preventivo da tuberculose
Saber Viver
Edição Especial Tuberculose - Maio.2005
Correspondências à redação: Caixa Postal 15.088 - Rio de Janeiro (RJ) - Cep 20.031-971
[email protected]
Coordenação, edição e
reportagem:
Adriana Gomez e Silvia Chalub
Secretária de redação:
Alessandra Lírio
Consultoria lingüística:
Leonor Werneck
Ilustrações: Bia Salgueiro
Foto: Alex Ferro, agência Pedra Viva
Conselho editorial deste número:
Betina Durovni - Coordenadora da
2
PATROCÍNIO:
Coordenação de Doenças
Transmissíveis da SMS/RJ
Valéria Saraceni - Assistente da
Coordenação de Doenças
Transmissíveis da SMS/RJ
Solange Cavalcante - Gerente do
Programa de Controle da Tuberculose
da SMS/RJ
Vitória Vellozo - Técnica do Programa
de DST/Aids da SMS/RJ
Elizabeth Soares - Técnica do
Programa de Controle da Tuberculose
da SMS/RJ
Colaboradores:
Ely Cortes (Clínica Geral)
Jorge Eduardo Pio (Pneumologista)
Ademildes Navarini (Pneumologista)
Editoração eletrônica:
A 4 Mãos Comunicação e Design
([email protected])
Tiragem: 10.000 exemplares
Agradecimentos especiais: A todas
as pessoas que colaboraram dando
seus depoimentos para as matérias
O
Brasil apresenta o maior número de casos de tuberculose (TB) em toda a
região da América Latina e Caribe, ocupando, segundo a Organização
Mundial de Saúde, a 15a posição no ranking dos 22 países com os maiores
números de casos da doença. De 1998 a 2000, o Ministério da Saúde identificou,
em média, 96.000 casos de TB a cada ano. A taxa de tuberculose no Estado do
Rio de Janeiro é a maior do país. O município do Rio de Janeiro (MRJ) ocupa a
12ª posição no ranking de incidência do Estado com cerca de 6.500 casos novos
notificados anualmente.
A tuberculose pode afetar qualquer pessoa, mas algumas populações são mais
vulneráveis. Dentre as populações com maior risco à tuberculose, estão as pessoas
vivendo com HIV/Aids.
O risco de um portador do HIV desenvolver TB é muito maior do que o de uma
pessoa não portadora. Por isto, o controle da tuberculose requer a implementação
de várias estratégias integrando a prevenção e o tratamento desenvolvidas de forma
conjunta pelos Programas de TB e de HIV/Aids. Uma dessas estratégias é reduzir
o risco de TB em pacientes HIV+, através do uso do medicamento isoniazida,
pode-se prevenir o desenvolvimento da tuberculose naqueles que tiveram contato
com o bacilo da TB.
Com esta finalidade, a Secretaria Municipal de Saúde está desenvolvendo um
projeto para capacitação dos profissionais de saúde, cujo objetivo é integração dos
programas de TB e HIV, melhorando a assistência aos pacientes. Uma das principais atividades será intensificar a realização do teste de detecção da tuberculose
latente, chamado PPD, em portadores do HIV. Este teste permite identificar pessoas com maior risco de adoecer e que, portanto, se beneficiariam do tratamento
preventivo. Outra atividade importante será a promoção do diagnóstico precoce da
infecção pelo HIV através da oferta do teste anti-HIV para as pessoas com TB.
A associação da TB com a Aids é perigosa para a saúde. Portanto, quanto mais
cedo se descobrir que uma pessoa tem o bacilo da TB e o vírus HIV, mais cedo
será possível intervir e impedir o adoecimento.
t u b e rc u l o s e
A Tuberculose no Município do Rio de Janeiro
Betina Durovni e Valéria Saraceni, coordenadora e assistente
da Coord. de Doenças Sexualmente Transmissíveis da SMS/RJ e Solange
Cavalcante, gerente do Programa de Controle da Tuberculose da SMS/RJ
Leia neste número
Aids e tuberculose: uma combinação perigosa
O tratamento de prevenção à tuberculose
Isoniazida + medicamentos contra a Aids
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6/7
8/9
Dúvidas mais freqüentes na hora da prevenção 10
Capa: a história de Mara Moreira
Especial Tuberculose - Maio.2005 Saber Viver
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3
especial
Tuberculose
e
Aids
Uma doença incomoda
muita gente. Duas doenças
incomodam muito mais.
Esta é a lógica para
explicar o estrago que a
Aids e a tuberculose juntas
podem causar no organismo
HIV e tuberculose atacam as defesas
do corpo
A tuberculose é uma doença muito antiga. A Aids
é uma epidemia moderna. Surgiu há cerca de 20 anos.
Apesar de terem aparecido em épocas distintas, essas
doenças possuem características em comum que as
tornam muito perigosas para as pessoas. A principal
delas é que ambas atingem o sistema imunológico dos
seres humanos. Ou seja, uma pode favorecer o aparecimento da outra. Não é à toa que a tuberculose já é
considerada a doença oportunista mais freqüente em
pessoas infectadas pelo HIV/Aids e responsável por
um número considerável de mortes. Além disso, a
pneumologista Ademildes Navarini, que trabalha há
15 anos com infectados pelo HIV, explica que a tuberculose acelera o adoecimento por Aids porque, quando o bacilo da tuberculose (chamado bacilo de Koch)
se reproduz, ele também ataca as células de defesa do
corpo. “Com isso, a pessoa fica com a imunidade
baixa, propensa a ter outras doenças”, alerta
Ademildes.
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NÚMEROS DA
TUBERCULOSE
10 milhões de pessoas no
mundo podem ter o HIV e o
bacilo da tuberculose juntos (OMS)
100
mil pessoas têm
tuberculose no Brasil
17 mil casos de tuberculose foram tratados, em
2000, no estado do Rio
1º lugar é a colocação do
estado do Rio na taxa de
incidência da doença no
Brasil
12º lugar ocupa a cidade do
Rio, entre todos os municípios
do estado do Rio, com 6 mil
novos casos por ano
Saber Viver Especial Tuberculose - Maio.2005
1) Através do contato com portadores da tuberculose pulmonar que eliminam bacilos pela tosse,
espirro ou fala; ou
2) Pela reativação de um foco de bacilos.
Geralmente, esse foco é adquirido em idade escolar,
mas não chega a causar a doença tuberculose
porque o próprio organismo se encarrega de isolá-lo
dentro do corpo. A doença surge quando o sistema
imunológico fica debilitado, propiciando a reativação desse foco.
Baixa imunidade pode reativar um foco
de bacilos
A pneumologista Ademildes Navarini esclarece
que as pessoas com Aids podem reativar um foco
de bacilos por causa da queda do sistema
imunológico: “Quando uma pessoa está com o sistema imunológico normal, o seu organismo pode
criar uma cápsula para isolar esse foco. Assim, os
bacilos ficam inativos no organismo por muitos
anos. Como eles não se proliferam, não causam a
tuberculose. O problema é quando o sistema
imunológico do nosso corpo enfraquece, facilitando a reativação desse foco de bacilos, causando a
doença. Logo, quanto mais baixa a imunidade da
pessoa, mais chances ela terá de desenvolver a
doença”, explica a médica.
Evitar a tuberculose é possível com um
único remédio
Existe uma forma de tratamento preventivo da
tuberculose que evita que um foco inativo se
transforme em doença. O remédio usado para este
tratamento é a isoniazida, que deve ser tomada
por 6 meses sem interrupções. Este tratamento é
bem simples, além de ser um recurso importante
principalmente para as pessoas infectadas pelo
HIV. Enquanto uma pessoa sem o HIV pode permanecer a vida toda com o bacilo da tuberculose
inativo, sem desenvolver a doença, um soropositivo infectado por este bacilo tem mais chance, por
ano, de ter tuberculose.
Especial Tuberculose - Maio.2005 Saber Viver
O QUE É AIDS?
• A Aids é causada por um
vírus – o HIV – que pode
ser transmitido de uma
pessoa infectada para a
outra através de relações
sexuais, de agulhas infectadas e durante a gestação, o parto e amamentação.
t u b e rc u l o s e
A doença tuberculose pode ser
contraída de duas formas:
• Dentro da corrente sanguínea, o HIV inicia, sem
que a pessoa infectada
perceba, um lento e progressivo ataque às células
de defesa do organismo,
enfraquecendo-o e possibilitando o surgimento de
diversas doenças.
O QUE É TUBERCULOSE?
• A tuberculose é uma
doença causada pelo
bacilo de Koch que é
transmitido através do ar
que respiramos. O doente
de tuberculose pode liberar bacilos quando a
doença atinge os pulmões, através de tosse,
espirro ou fala. Quem
estiver por perto corre o
risco de ser contaminado.
• O bacilo da tuberculose
pode atingir várias partes
do corpo, como pulmão,
rins, pele, fígado, ossos,
gânglios etc, manifestando-se de formas diferentes.
5
especial
Ter o bacilo da
tuberculose não
significa ter a
doença. Basta
saber como evitar
Previna-se
contra a Tuberculose
bacilo de Koch (agente causador
da tuberculose) pode ficar anos
em uma pessoa, sem fazer com
que ela adoeça. Mas, quando as defesas
do organismo estão enfraquecidas, como
no caso dos portadores do HIV/Aids, o
risco de adoecer aumenta muito. Se você
tem indicação para fazer o tratamento de
prevenção da tuberculose, comece o
quanto antes. Ele é fácil, eficiente e evita
que você fique doente de tuberculose.
O
Quem é HIV positivo deve fazer
a prevenção da tuberculose
quando...
• Convive ou já conviveu em casa
com pessoas que estão ou estiveram com
tuberculose
• Tem resultado positivo para o teste
da tuberculose latente (chamado PPD) e
negativo para a radiografia de pulmão
• Na radiografia de tórax apareceu
uma cicatriz de tuberculose, mas o
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teste de escarro deu negativo. Isso significa que você teve tuberculose e não
notou, pois se curou sem fazer tratamento. Mas o bacilo ainda deve estar
presente.
• Fez, no passado, um teste PPD
que deu positivo e nunca fez a prevenção da tuberculose.
Saiba como evitar a doença
tuberculose
A profilaxia da tuberculose (ou tratamento de prevenção) é feita com um
medicamento chamado isoniazida, que é
distribuído gratuitamente nos postos de
saúde. Durante seis meses, devem ser
tomados comprimidos de isoniazida uma
vez ao dia. É importante que o tratamento seja seguido sem interrupções. Só a
prevenção bem feita evita a tuberculose.
A isoniazida ingerida de forma irregular
faz com que o medicamento deixe de
surtir o efeito desejado.
Saber Viver Especial Tuberculose - Maio.2005
É muito importante que
as pessoas soropositivas façam o PPD,
teste que detecta a presença do bacilo da tuberculose no organismo. Se o teste der
positivo, será necessário fazer uma radiografia de pulmão, para
investigar se a tuberculose já está instalada no
organismo. Se não tiver
indicação da doença,
apenas a presença do
bacilo, o tratamento de
prevenção da tuberculose deve ser iniciado
imediatamente.
Prevenir a tuberculose é bem mais fácil do
que tratar a doença
• Para prevenir a tuberculose é necessário tomar
apenas um remédio, a isoniazida. Para tratar a tuberculose, são necessários três medicamentos.
• A isoniazida é muito bem tolerada. Apenas algumas
pessoas relatam sentir dormência nas mãos e pés, o que
pode ser controlado tomando a vitamina B6 (piridoxina),
uma vez ao dia. Já os remédios usados para tratar a tuberculose podem ter mais efeitos colaterais.
• A isoniazida não interfere na função dos antiretrovirais (os medicamentos contra Aids), ao contrário
de um dos remédios usados para tratar a tuberculose, a
rifampicina. Este medicamento pode interferir muito
na terapia contra a aids, sendo necessário, muitas
vezes, mudar os anti-retrovirais usados.
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TESTE DA
TUBERCULOSE E
RADIOGRAFIA DE
PULMÃO
Atenção a esses sintomas
Se, durante o tratamento de prevenção da tuberculose,
surgir algum sinal de tuberculose ativa (tosse por mais de
três semanas, febre, emagrecimento ou desânimo), procure
seu médico. Só ele poderá avaliar se a profilaxia deve ser
suspensa e o tratamento para a tuberculose, iniciado.
Nova exposição ao bacilo
Depois de fazer corretamente a profilaxia da tuberculose, você está prevenido contra a doença. Caso, no
futuro, você tenha contato com pessoas com tuberculose, procure seu médico. Pode ser necessário fazer
uma nova profilaxia.
Pedro fez a prevenção da tuberculose antes do tratamento da Aids
Pedro é professor, tem 46 anos e
descobriu que é portador do HIV há um
ano. Logo em uma de suas primeiras
consultas, sua médica pediu que
fizesse o teste PPD para investigar se
ele tinha sido infectado pelo bacilo da
tuberculose. “O resultado foi positivo”,
conta Pedro. “Durante seis meses, fiz o
tratamento de prevenção da tuberculose e foi bem simples. Não tive efeito
colateral e nunca esqueci de tomar os
remédios. Acho que é importante que a
pessoa se informe sobre o que tem,
que pergunte ao médico e que tenha
vontade de se cuidar. É bem melhor
prevenir do que ter a tuberculose ma-
Especial Tuberculose - Maio.2005 Saber Viver
nifestada. Ainda não precisei começar
o tratamento contra a Aids, mas já
estou livre da tuberculose”.
A médica de Pedro, Iná Meireles de
Sousa, recomenda o teste PPD a todos
os seus pacientes soropositivos. “A
profilaxia impede que o paciente
adoeça de tuberculose, causa da
morte de muitas pessoas portadoras
do HIV/Aids” diz a médica, acrescentando que, quando a prevenção é feita
antes do início do tratamento antiretroviral, como no caso de Pedro, é
ainda melhor. “Isso evita ter que
tomar muitos comprimidos ao mesmo
tempo”.
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especial
Incluindo o tratamento preventivo
da tuberculose
no seu dia a dia
Poucas mudanças acontecem na vida de uma pessoa que está
tomando os medicamentos contra a Aids e inicia o tratamento
preventivo para a tuberculose
QUALQUER
SINTOMA
DIFERENTE,
AVISE AO SEU
MÉDICO
O tratamento com a
isoniazida é feito exclusivamente para a prevenção da tuberculose.
Se a pessoa, ao longo
desse tratamento, pegar a doença, deve
mudar de tratamento
imediatamente. A isoniazida, sozinha, não
trata a tuberculose.
Portanto, se você sentir algum sintoma estranho durante o tratamento preventivo da
tuberculose, como
tosse, febre, cansaço
excessivo, dores em
qualquer parte do corpo etc, fale com o seu
médico para que ele
investigue a causa.
ara evitar que o bacilo da tuberculose se espalhe
pelo seu corpo e você fique doente, a saída é não
abrir mão dos comprimidos de isoniazida (de 100
mg cada) diariamente, durante 6 meses, quando indicado por seu médico. “É muito importante que a pessoa
não perca nenhuma dose desse medicamento, por isso eu
sempre sugiro aos meus pacientes que tomem a isoniazida junto ao café da manhã, para criar um hábito”,
conta a clínica geral Ely Cortes. Mas, quando se esquece
alguma dose, o ideal é tentar identificar o motivo do
esquecimento: “Se ele esqueceu de tomar porque dormiu
na casa de amigos, a dica é ter sempre alguns comprimidos de reserva na bolsa ou na carteira. O importante é
não esquecer de tomar os remédios novamente para não
prejudicar o tratamento”. A médica alerta que a isoniazida, tomada de forma irregular, não previne a doença
tuberculose, pois o medicamento pode perder o
seu efeito.
P
Efeitos colaterais da isoniazida
O efeito colateral mais comum provocado pela isoniazida é a neuropatia periférica, ou seja, alteração de
sensibilidade principalmente nos pés. “Mas isso pode
ser evitado se, junto à isoniazida, for prescrito um comprimido de vitamina B6 (piridoxina), que não é distribuída no serviço público, como é o caso da isoniazida,
mas o seu custo é baixo”, explica a médica Ely Cortes.
Isoniazida e remédios contra a aids
Pessoas que tomam estavudina – anti-retroviral
que também pode causar neuropatia periférica – têm
mais chances de desenvolver este efeito colateral. Outro
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Saber Viver Especial Tuberculose - Maio.2005
carregar o fígado. Quando tomada junto
com a isoniazida, ela pode aumentar os
riscos de uma hepatite ou de outros problemas de toxicidade hepática. “Este
paciente deve ser monitorado de perto por
seu médico, realizando exames de função
de fígado regularmente”, alerta a médica.
NO café da manhã
t u b e rc u l o s e
efeito colateral da isoniazida é a toxicidade hepática. Porém, o risco é muito
maior quando a pessoa está fazendo tratamento da tuberculose (quando, além da
isoniazida, são prescritos mais dois remédios). A nevirapina é um dos medicamentos contra a Aids que podem sobre-
Carlos está fazendo o tratamento preventivo da tuberculose. Na
hora do café da manhã, ele toma
os comprimidos de isoniazida
100 mg e um comprimido de vitamina B6, além dos remédios
que compõem o tratamento contra a Aids.
Quando
esquece
As doses de isoniazida devem ser tomadas diariamente. Quando Carlos
esquece de tomá-las de manhã, ele as ingere no almoço ou no jantar.
Como precaução, ele sempre carrega alguns comprimidos do medicamento na bolsa ou na carteira. Mas quando se lembra só no dia seguinte,
toma apenas a dose normal e tenta identificar o motivo que o fez esquecer
dos remédios, para que isso não se repita
mais. Se você toma a isoniazida, único
medicamento de prevenção à tuberculose, de forma irregular, o remédio não
será efetivo.
Especial Tuberculose - Maio.2005 Saber Viver
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especial
Esclarecendo
dúvidas
O pneumologista Jorge Eduardo Pio responde às dúvidas mais
comuns que surgem durante o tratamento preventivo da tuberculose
Por que eu não posso beber
enquanto estiver tomando
a isoniazida?
MODERAÇÃO. Uma pessoa que está fazendo tratamento com a isoniazida não
deve ingerir bebida alcoólica porque este
medicamento é metabolizado no fígado. A
bebida alcoólica também sobrecarrega o
fígado. Logo, neste caso, a palavra é moderação. Beber socialmente, apenas nos finais
de semana, não causa problemas. Qualquer
dúvida, pergunte ao seu médico.
Eu preciso ter um cuidado especial
com a alimentação enquanto
estou tomando a isoniazida?
NÃO. Em relação à isoniazida, não há nenhuma
restrição alimentar. Porém,
manter hábitos saudáveis é
fundamental para qualquer pessoa, principalmente aquela que está com
uma infecção (como a do HIV) que ataca o
sistema imunológico. Portanto a dica é
fazer, pelo menos, 5 refeições diárias: além
do café da manhã, almoço e jantar, tome
sucos ou coma frutas entre as principais
refeições. No almoço e jantar, monte um
prato bem colorido e não dispense os
legumes, verduras e carnes (de preferência,
branca e sem gordura).
Por que eu não posso tomar a
BCG e me prevenir de outros
casos de tuberculose?
PORQUE ELA NÃO
PREVINE NESSE CASO.
A vacina BCG protege contra
formas de tuberculose disseminada
mais comuns na infância e geralmente o
seu efeito dura cerca de 10 anos. Ela não
previne a tuberculose pulmonar em
adultos e pode causar efeitos colaterais
graves em pacientes com deficiência
imunológica, porque a vacina é feita com
bacilos vivos que foram atenuados.
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Se eu vomitar logo após tomar
a isoniazida, preciso repetir a
dose do remédio?
SIM, porque a dose total
necessária para que o
remédio faça efeito não foi
absorvida.
Eu corro o risco de contaminar alguém enquanto
eu tenho o bacilo inativo no meu corpo?
NÃO. Exatamente como você disse, este
bacilo está inativo.
Logo, você não é uma pessoa doente de
tuberculose. Portanto, não existe possibilidade alguma de transmissão. Uma
pessoa só transmite tuberculose quando
está doente e libera bacilos através de
tosse, espirro e fala.
Como devo evitar um novo
contato com o bacilo da
tuberculose depois de
concluir o meu
tratamento de
prevenção?
EVITE LOCAIS
FECHADOS.
A fonte de infecção
da doença é sempre
uma pessoa doente de tuberculose, principalmente se tosse,
espirra ou fala muito próximo de outra
pessoa. Ambientes fechados, sem luz
solar e pouco arejados são muito propensos à transmissão do bacilo. Se você
está em um ambulatório, aguardando a
sua consulta, tente ficar próximo às
janelas ou pátios abertos. O bacilo da
tuberculose não sobrevive à luz solar. Se
alguém da sua família está com tosse há
mais de três semanas, leve-a ao posto
de saúde mais próximo. Se ela estiver
com tuberculose, avise imediatamente
ao seu médico.
Saber Viver Especial Tuberculose - Maio.2005
Tratamento
preventivo
afasta a tuberculose
Mara tomou a isoniazida por
6 meses em 1999 e não
desenvolveu a tuberculose
J
ucimara Moreira, 28 anos, descobriu que
estava infectada pelo HIV há 10 anos. Em
1999, fez o tratamento preventivo da
tuberculose e não desenvolveu a doença. Ela
foi encaminhada ao tratamento porque estava
com o CD 4 muito baixo e seu exame PPD deu
reativo. Ou seja, ela já tinha tido contato com
o bacilo da tuberculose que formou um foco
inativo de bacilos no seu corpo. Com o CD4
baixo, ela corria sério risco de desenvolver a
tuberculose a partir da reativação desse foco.
Por isso, ela fez, durante 6 meses, o tratamento preventivo da doença com a isoniazida.“Fiquei muito satisfeita de ter dado tudo
certo. Mas senti falta de informação durante
o meu tratamento. Na época, eu não sabia
que estava correndo o risco de ter tuberculose
porque a minha imunidade estava baixa. A
minha sorte é que tenho o hábito de aderir
aos tratamentos que faço. Por isso, tomei
todas as doses da isoniazida”.
Hoje, Mara (como é conhecida pelos amigos) sabe o quanto foi vantajoso realizar esse
tratamento: “Se eu desenvolvesse a doença
tuberculose, além de correr risco de vida,
provavelmente a minha opção de medicamentos contra a aids diminuiria porque os
remédios contra a tuberculose não podem ser
tomados com vários anti-retrovirais”, explica.
Atualmente, Mara toma certos cuidados
para não ter um novo contato com o bacilo:
“Evito locais fechados, principalmente quando
tem alguém tossindo perto de mim”.
Para quem está fazendo o tratamento preventivo da tuberculose, ela deixa um recado:
“A falta de prevenção hoje pode gerar a tuberculose amanhã. Portanto, tomar corretamente a isoniazida só lhe trará benefícios”.
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ONGS QUE OFERECEM INFORMAÇÕES
Atobá - Movimento de
Emancipação Homossexual
R: Professor Carvalho de
Melo, 471, Realengo.
Rio de Janeiro / RJ
Cep 21.735-110
Tel. (21) 3332-0787
AVIDHA – Assoc.
Valorização e Integração
dos Diagnosticados de
HIV/Aids
R: Fernandes Portugal, 18,
Engenho da Rainha.
Rio de Janeiro / RJ
Cep 20.761-150
Tel. (21) 3979-5240
Reuniões todas as 6ª feiras a
partir das 14:00 no PAM 13
de Maio – Av. 13 de Maio, 23
15º andar
RNP+ Núcleo RJ
R: Dr. Leal, 706, Engenho de
Dentro.
Rio de Janeiro / RJ
Cep 20 730 380
Tel. (21) 2599-8482
Assistência Jurídica e Sala de
Conversas
Pela Vidda Rio de Janeiro
Av. Rio Branco, 135/709,
Centro.
Rio de Janeiro / RJ
Cep 20.040-006
Tel. (21) 2518- 3993
2518-1997
GATAHI
R: Antonio Parreira, 67 térreo
Hospital de Ipanema.
Rio de Janeiro /RJ
Tel. (21) 3111-2333
Grupo de adesão:
3ª feira (manhã) e 4ª feira
(tarde)
Fisioterapia preventiva:
3ª feira e 5ª feira (tarde)
Orientação Psicológica:
4ª feira (tarde) e 5ª feira
(manhã e tarde)
Grupo Arco Íris
R: Mundo Novo, 62, Botafogo.
Rio de Janeiro - RJ
www.arco-iris.org.br
Tel. (21) 2552 5995
Orientação Psicológica:
2ª, 4ª e 6ª das 14h às 20h
Assessoria Jurídica:
2ª a 6ª das 16h às 20h
Agendar telefone
(21) 2552-5995
a partir das 11h
Instituto Brasileiro de
Inovações em Saúde
Social/IBISS
Av. Mal. Câmara, 350, 8º
andar, Castelo.
Rio de Janeiro / RJ
E-mail: [email protected]
Tel. (21) 2240-3215
Trabalho preventivo de DST/
Aids através de projetos sem
perder de vista as questões de
saúde sexual e reprodutiva,
auto-estima, defesa de direitos
e inclusão social
A S ABER V IVER
Fórum Estadual das
ONGs no Combate à
Tuberculose /RJ
Av. Marechal Câmara 350,
807, Centro.
Rio de Janeiro / RJ
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Tel. (21) 2240-1352 /
2240-3215
O Fórum é a instância representativa de organizações de base comunitária
não governamental e sem
fins lucrativos que desenvolvem atividades de prevenção e assistência à
tuberculose e à Aids no
estado do Rio de Janeiro.
Tem como objetivo sensibilizar, mobilizar, articular e
capacitar a sociedade civil
para o controle social da
tuberculose; trocar experiências, informações, habilidades e recursos entre
as organizações de base
comunitária; participar na
discussão e elaboração de
ações políticas e públicas
em prevenção e assistência à tuberculose nas instâncias de controle social
(conselhos, conferências e
comissões de saúde)
É DISTRIBUÍDA GRATUITAMENTE
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