O.Caeiro, Lda Especialista elD Instrumentos Musicais de Sopro , " ASSISTENCIA TECNICA , ACESSORIOS INSTRUMENTOS Fornecedor: Bandas Militares e Militarizadas Conservatórios de Música, Escolas Orquestras, Colectividades Musicais, Autarquias e Câmaras Municipais Av. Júlio Dinis, 14 (Ao Campo Pequeno) Centro Comercial Columbia, Loja 2 - 1050-131 LISBOA - PORTUGAL Tel: 21 795 15 26 Fax: 21 795 15 27 www.dcaeiro.pt e-mail: [email protected][email protected] Sumário 3 Boletim da Banda do Exército N.O 9 - I Série - Março General Artur Neves Pina Monteiro 2012 Propriedade Exército Português 4 Design Gráfico e Edição de Fotografia João Pedro Lopes Rafael Azevedo Sargento-Ajudante Músico Impressão Manuel Barbosa e Filhos, Lda Cabeço de Montachique Tel. 219 855 606 Fax. 219 855 774 Tm. 969 524 331 [email protected] do Diretor da DSP Aníbal Alves Flambó 5 Prefácio 7 Identificação dos fatores de risco determinantes Coordenadores Óscar Manuel Borges de Oliveira 1° Sargento Músico Ana Sofia Mateus Francisco 2° Sargento Músico Redação e Administração Banda do Exército Largo do Palácio 2745-191 QUELUZ Tel. 214343480 Fax: 214343483 Site: www.exercito.pt e-mail: revista.euridice@gmai!.com Testemunho Major-General Diretor Direção de Serviços de Pessoal Aníbal Alves Flambó Major-General Diretor Executivo Chefe Titular da Banda do Exército João Maurílio de Caires Basílio Major Chefe de Banda de Música Editorial do CEME da prevalência de lesões músculo-esqueléticas nos músicos profissionais em Portugal 13 Música em Reabilitação 22 A Música como Arma Politica 29 Ciclo das Bandas Militares e Militarizadas em Portugal- 34 Entrevista Banda Sitifónica da PSP com o Chefe da Banda da PSP Maestro Comissário Ferreira Brito ISSN 1646-9518 Tiragem 3000 Exemplares 38 Maestro Silva Dionísio Um olhar sobre a sua vida e obra Periodicidade Anual Capa Luso Pirotecnia 45 Notícias 51 Cursos de Música ministrados Direção de Serviços de Pessoal Os artigos da presente publicação foram escritos ao abrigo do novo Acordo Ortográfrico e exprimem a opinião dos seus autores e não necessariamente o ponto de vista oficial da Banda do Exército, da DSP e do Estado-Maior do Exército. Banda do Exército pela Editorial , E comparticular satisfação que o Comandante do Exército testemunha a edição de mais um número da revista Eurídice, associando-se a todos os militares músicos da Banda do Exército que, com enorme empenho e profissionalismo, transformaram esta revista num reconhecido meio de informação, não só para o pessoal do Exército, como também para o dos outros Ramos e para o meio civil. Ao longo da minha carreira militar, sempre testemunhei o extraordinário contributo que a Banda do Exército tem dado para a afirmação do Exército prestando relevantes serviços, expressos nos elevados padrões musicais a que nos habituou. Este é um objetivo, diariamente perseguido, resultante da busca do aperfeiçoamento e da formação que estes militares constan--------temente procuram, resultando num extraordinário virtuosismo e brio, quer nas paradas militares, quer nas salas de Concertos. A importância da Banda do Exército, como instituição, transcende o aspeto músico-cultural, pois a música é um fator de união. A Banda tem contribuído, de forma exemplar, para a coesão e espírito de corpo do capital mais importante do Exército: todos os seus militares e civis, incluindo aqueles que já não estão ao serviço. Contamos com a Banda do Exército, a quem continuaremos a exigir a qualidade musical a que nos habituou, quer nas atividades militares, quer em apoio de entidades civis. Esta não é uma Banda onde pode servir qualquer músico pois, a par de uma elevada educação musical, é preciso ter perfil militar e partilhar os valores de uma Instituição secular. O Comandante do Exército expressa o seu orgulho e satisfação pela competência, determinação, espírito de sacrifício e de servir, demonstrados a nível interno e externo, por todos os militares da Banda, ao serviço do Exército e de Portugal, que a todos enobrece e dignifica e que têm merecido rasgados elogios e reiteradas manifestações de apreço de entidades políticas e militares nacionais. Gostaria de terminar com uma mensagem de estímulo e de confiança, exortando-vos a continuarem os vossos relevantes e distintíssimos serviços e a manterem-se assim como muito dignos representantes da imagem e do espírito do Exército. Lisboa, 25 de Março de 2012 o CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ARTUR NEVES PINA MONTEIRO GENERAL ------- Março 2012 -- _ 3 (; LI r- í d i Cg Testernunho A 4 o longo dos demais séculos da história militar, a função da música na instituição tem desempenhado um papel muito crucial. Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, recorreu-se à música dos tambores e clarins para desempenhar uma verdadeira função operacional e no século XVIII, a estética do absolutismo influenciou também a constituição e a função dos agrupamentos musicais militares. Em pleno século XIX, com o liberalismo, a música militar estabeleceu um contacto mais próximo com a sociedade civil. No âmbito deste estreitamento, projetos que visem a aproximação da família militar ao cidadão comum, promovendo o gosto pela cultura musical e que constituam uma linha de ação e divulgação do trabalho realizado, como é o caso desta Revista Eurídice, são sempre um elemento fundamental para reforçar a imagem de um órgão como a Banda do Exército. Este é um exemplo simples mas que demonstra que os desafios e os objetivos colocados a esta Banda obtêm sempre uma resposta célere, pronta e eficaz, que testemunha a exuberância, o ânimo e vigor da Banda, que se tem constatado ao longo dos anos. Apesar de ter assumido as funções de Diretor da Direção de Serviços de Pessoal muito recentemente, e por isso passar a superintender Is, atividades dos vários órgãos musicais, sempre fui um atento espetador das ações dos vários órgãos musicais (Banda do Exército, Banda Militar do Porto, Orquestra Ligeira do Exército e Fanfarra do Exército) relativamente aos quais tenho ouvido sempre referências elogiosas, quer na vertente miliar, quer na vertente sinfónica. Desta forma, gostaria de prestar publicamente o justo reconhecimento à competência, excecional dedicação e elevado espirito de missão, demonstrado por todos quantos servem e serviram ao longo dos anos nos vários órgãos musicais, de reconhecida importância para o Exército e para Portugal. Por último, deixo um agradecimento muito especial aos nossos patrocinadores, como forma de reconhecimento e gratidão, por continuarem a acreditar neste projeto. Termino, exortando para que continuem a demonstrar a vossa total disponibilidade para bem servir por muitos mais anos, desejando a todos as maiores venturas pessoais. Lisboa, 25 de Março de 2012 o DIRETOR DA DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE PESSOAL /4",.j.fllt~ ~Wljd' l!_C4. ANÍBAL ALVES FLAMBÓ MAJOR-GENERAL ---- Boletim da Banda do Exército _ (; LI ~ídjce. Prefácio N a publicação de mais um número da Eurídice, saúdo todos os leitores que se mantêm fiéis ao longo destes nove anos de existência, assim como todos os que a descobriram há menos tempo e estabeleceram com ela um compromisso de leitura e consulta. No início deste pequeno texto, quero sublinhar, com grande enfoque, a importância dos nossos patrocinadores, os que nos acompanham desde o primeiro momento e todos os outros que se têm juntado a nós, cientes de que o nosso desígnio editorial é de valor, honra e gratidão para com a mais nobre das artes - a Música. Num clima de grandes constrangimentos financeiros e de restrições orçamentais que marcam a atualidade no nosso país, seria muito mais fácil suspender a publicação da Eurídice ou, simplesmente, optar por um modelo Newsletter. Não o fizemos. Apelámos, convictamente, à generosidade dos nossos patrocinadores que, reconhecendo a sua qualidade, o seu cariz; o público-alvo e a sua importância sócio-cultural, responderam afirmativamente, continuando a alimentar-nos o sonho de dar continuidade à revista em que fomos pioneiros. Para todos, os nossos votos de grande sucesso e o nosso bem-haja. Na presente edição, damos continuidade ao Cicio das Bandas Militares eMilitarizadas de Portugal, inserindo um artigo histórico sobre a Banda Sinfónica da PSP, complementado com uma entrevista ao seu maestro. Na sequência de um estudo, objeto de tese de mestrado, versando a temática Fatores de Risco e Lesões nos Músicos Profissionais em Portugal, a Banda do Exército foi convidada a dar o seu contributo, associando-se a outros agrupamentos artísticos do país. Pela oportunidade e pertinência do assunto, convidámos o seu autor a publicar uma síntese desse trabalho na nossa revista. O artigo Música em Reabilitação aponta-nos algumas perspetivas de como desenvolver competências psicomotoras e cognitivas, através da expressividade e linguagem musical. O tema A Música comoArma Política focaliza a importância da música, do seu carácter, da força da mensagem passada através da letra e dos objetivos políticos e sociológicos obtidos. O artigo Um Olhar Sobre a Vida e Obra do Maestro Silva Dionísio retrata-nos o percurso daquele que é considerado, por muitos, o expoente máximo no âmbito da história da música para sopros do séc. XX, em Portugal. Terminamos com a habitual rubrica Notícias, sublinhando alguns dos momentos marcantes vividos ao longo do ano e mantemos informação atualizada sobre os Cursos de Música administrados na Banda do Exército. A Eurídice é, para todos os efetivos da BE, motivo de regozijo e satisfação. Idealizar e concretizar este projeto implica um esforço de criatividade e imaginação de todos os que estão diretamente ligados a este desafio. Neste contexto, considero de inteira justiça agradecer todos os contributos que nos têm chegado, destacando com especial relevo os autores dos conteúdos e a equipa editorial pelo empenho e motivação expressos em todo o momento. Com as Bodas de Prata a aproximarem-se, sublinho as inadequadas infraestruturas físicas que a BE utiliza na preparação diária da sua missão, assim como a inexistência de uma viatura de transporte de material instrumental adequada, que acondicione e proteja um património de elevado valor, pertença da nossa Instituição. Os militares músicos da BE continuarão empenhados, apelando ao brio e à competência profissional que lhes é particular, fazendo justiça à dicotomia expressa no OURO-NEGRO do seu escudo de armas: A liberdade no apeio ao espírito exercido na riqueza dos sons e a sabedoria essencialdo sentimento do Homem-artista. Quartel em Queluz, 25 de Março de 2012 o CHEFE DA BANDA SINFÓNICA DO EXÉRCITO _ ~)A03MAÂ <J. ~~ . JOAO MAURILIO DE CAIRES BASILIO MAJOR CHEFE DE BANDA DE MÚSICA -------- Março 2012 ---- _ _5__ .... Rigor Eficácia Solidez ANOS LUSITANIA Grupo Montepio Identificação dosfatores de risco determinantes da prevalência de lesões músculo-esqueléticas nos músicos profissionais em Portugal' Carnide, F2 & Marques, R3 Artigo elaborado por Rui Marques Mestrado pela Faculdade de Motricidade Humana/UTL RESUMO Objetivos: Identificar os fatores de risco associados à prevalência de lesões músculo-esqueléticas nos membros superiores e coluna vertebral nos músicos profissionais em Portugal. Métodos: Foi aplicado o questionário Nordic Musculoskeletal Questionnaire-NMQ a todas as Orquestras Profissionais que demonstraram a sua disponibilidade para participar neste estudo, ~38% (6/16), para sintomas músculo-esqueléticos, sendo utilizados os testes de qui quadrado, mann-wbitney e a análise regressão logística bivariada e multifatorial, sendo admitido o nível de significância em p:S.05 em todas as análises, com exceção para a regressão logística bivariada com um p:S.20. Resultados: Dos 175 músicos da amostra, 148 (84,57%) reportaram sintomas de dor ou desconforto em pelo menos um ou mais segmentos corporais, nos últimos 12 meses. Verificou-se uma prevalência elevada de sintomas de dor, especialmente no pescoço, ombros, punho e coluna vertebral, nos últimos 12 meses, bem como a prevalência de impedimentos de realizar atividades quotidianas, na sua generalidade foi superior à prevalência de dor, nos últimos 7 dias. As principais associações entre os fatores de risco que podem explicar a prevalência de sintomas foram o status profissional militar e como fatores protetores o género masculino, a antiguidade e a idade. Conclusões: Os valores de prevalência obtidos têm a sua origem em fatores com características individuais e exigências físicas, como resultado da natureza biomecânica do trabalho no domínio da atividade profissional de músico. Palavras-chave: Músicos Profissionais; Lesões músculo-esqueléticas, Prevalência; Fatores de Risco. INTRODUÇÃO A musica sempre foi associada ao bem-estar, equilibrio emocional e recreação. Ser músico transmite a impressão de uma perfeita harmonia entre o ser humano e o instrumento, a combinação perfeita entre o prazer de tocar e o dia a dia do profissional. No entanto, existe um trabalho de bastidores que passa despercebido da maioria do público que assiste a um concerto, em termos de concentração, processamento multissensorial de informações e memória. A partir de 1980 diferentes populações de músicos foram estudadas, estudantes e profissionais. Atualmente parece que a sua origem é multifatorial, resultante dos desequilibrios entre as solicitações biomecânicas e as capacidades individuais dos músicos. Os encargos com as LME (lesões músculo-esqueléticas) dos membros superiores relacionadas com o trabalho são de 0,5% a 2% do Produto acional Bruto (Uva, Carnide, Serranheira, Miranda, & Lopes, 2008). Os fatores de risco podem ser organizados em fatores ambi- entais, exigências físicas e caractensncas pessoais (Robinson, Zander, & Research, 2002). Um estudo de caráter nacional envolvendo 48 Orquestras Sinfónicas da Federação Americana de Músicos (n = 2212), encontrou na sua amostra uma prevalência de LME de ~82% nos músicos inquiridos, havendo uma elevada percentagem (76%) (Fishbein & Middlestadt, 1988). Outro estudo realizado na Orquestra Sinfónica da Universidade Estadual de Londrina do Brasil com 45 músicos estudados , através da aplicação do Questionário Nórdico apresentou uma prevalência de 77,8% de sintomas músculo-esqueléticos nos últimos 12 meses e 71,1 % nos últimos 7 dias (Trelha, et al., 2004). Nesta sequência, a prevalência de sintomas de dor por parte dos músicos situou-se predominantemente ao nível do pescoço, costas e ombros, estando relacionadas com a combinação de uma sobrecarga física (estática ou dinâmica) e mental (de Greef, Wijck, Reynders, Toussaint, & Hesseling, 2003). I () 1 XIOagora publicado tem como base as conclusões prmclp:us d .• lese de mestrado, ldcntlficação dos fatores de risco determinantes da prevalência de lesões músculo-esqueléticas nos membros superiores c coluna vertebral n08 músicos profissionais cm Portugal, elaborada pela minha pessoa sobre a orientação da Professora Doutora Filomena Carnide na Faculdade de Motricidade IlumanaI: ruvcrsidadc Técni a de J Jsboa, sendc) drscucda pubhcamcruc } Projúlom 3 Professor Doutora .\fllna /'lIo",'nll ·lmN/o da COlltl CI"II'.\, Carmdr. cm Dezembro J>rojwor Mestre Rur t\lIgucl Marçalo Marques, Licenciado e Mestre pela _________ de 2011, 1/1.vi/iar fJlIl'dlHldfldf l,tI.llldlldt dI' dr MOlnátlatlr víotrmdade IIIOHtIIlfI / 1IIIHltlfJa / (rf'l (rl'l., Lisboa, Por/I~~ttl. ....I jS/;(M. POrll~~(/1. Março 2012 ----- _ 7 ~LJ,..ídicº A conclusões semelhantes chegaram Roset-Llobet, Rosinés-Cubells, & Saló-Orfila (2000) indicando as áreas mais afetadas com LME as extremidades superiores e a coluna cervical. Para Fishbein & Middlestadt (1988), a localização da prevalência de sintomas de LME parece ir de encontro àquilo que foi anteriormente referido, com uma prevalência nas costas de 22%, no pescoço de 22% e na região ombro-braço-mão de 20%,8%, 10%, respetivamente. Valores semelhantes foram encontrados no estudo de Zetterberg, Backlund, Karlsson, Werner, & Olsson (1998) em estudantes de música, onde as áreas mais afetadas com LME eram o pescoço, ombros, punho/ mão, e zona dorsal e lombar. Os estudos relativos ao género são os mais comuns entre os fatores de risco, onde se verifica uma prevalência de queixas entre 67% a 76% para o género feminino e entre 52% a 63% no género masculino. Aparentemente, o risco de LME é superior nas mulheres do que nos homens (Middkstadt & Fishbein, 1989; Zaza & Farewell, 1997; Hagberg, Thiringer, & Brandstron, 2005). Segundo Bejjani, Kaye, & Benham (1996), os músicos são propensos a LME, podendo ser originadas ou agravadas ao tocarem um instrumento musical. Sendo claro que os padrões de ocorrência de lesões nos músicos profissionais são únicos, como o impacto no seu dia a dia e vida profissional. O âmbito deste trabalho visa determinar quais os fatores de risco mais determinantes da prevalência de lesões músculo-esqueléticas nos membros superiores e coluna vertebral nos músicos profissionais em Portugal. MÉTODOS Amostra 8 De modo a saber quantas e quais as Orquestras Profissionais a nível nacional foi contactado o Ministério da Cultura, mais especificamente a Direção Geral das Artes, perfazendo um total de 14 Orquestras Continentais (incluindo uma do Arquipélago da Madeira). Mediante a disponibilidade das mesmas e com a possibilidade de integração de mais duas Bandas Militares (Banda Sinfónica do Exército e Banda Militar de Évora), foi possível chegar a uma taxa de adesão de ;::::38%(6/16). Instrumento - Questionário Foi utilizado o nórdico estandardizado de queixas músculo-esqueléticas (Nordic Musculoskeletal Questionnaire-NMQ), concebido e validado por um grupo de investigadores nórdicos Kuirinka, et al. (1987). Foram prestados os esclarecimentos necessários, relativamente aos objetivos do estudo, --------- modo de preenchimento do questionário, a confidencialidade das suas respostas e o termo de responsabilidade. O modo de administração foi por autopreenchimento, constituindo-se assim a amostra por (N=175) músicos profissionais em Portugal Continental. Tratamento dos dados Os métodos estatísticos utilizados neste estudo foram os descritivos, os testes qui quadrado e mann-whitney e a análise regressão logística bivariada e multifatorial. O nível de significância foi mantido em p:S.05 em todas as análises, com exceção para a regressão logística bivariada com um p:S.20, tendo sido realizado com o software SPSS® versão 19.0 (www.spss.com). RESULTADOS Dos 175 músicos, 22,9% (40) foram do género feminino e 77,1 % (135) do género masculino. A idade média dos músicos foi de 32,39 anos e a média do número de meses de trabalho (antiguidade) dos músicos foi de 149,82 meses, correspondendo a cerca de 12,5 anos de trabalho. No que se refere à distribuição de horas na prática instrumental em média por semana, cada músico dedica 24,59 horas, sendo das quais 12,76 horas em ensaio, 8,67 horas em casa e 3,17 horas em concerto. A frequência de pausas por prática instrumental foi de 2,09 pausas, com uma duração média de 21 minutos. Dos músicos que praticam atividade física, em média por semana estes realizam 2,33 vezes atividade física. No que diz respeito ao Status Profissional na distribuição entre Civil e Militar, a maioria dos músicos são Civis com 53,7% (94), em detrimento dos músicos Militares com 46,3% (81). No que diz respeito ao grupo instrumental, o mais representado foi o dos Sopros com 60,6% (106), seguido das Cordas 30,3% (53), Percussão 8% (14) e Outros 1,1% (2). O gráfico seguinte reporta para a descrição da prevalência de sintomas nos membros superiores, inferiores e coluna vertebral, nos últimos 12 meses e 7 dias, bem como a prevalência no impedimento de realizar atividades quotidianas devido aos sintomas de dor, nos últimos 12 meses. Destacamos uma prevalência de sintomas de dor, nos últimos 12 meses, no pescoço 53,1 %, zona lombar 49,7%, ombros 45,7%, zona dorsal 42,3% e punho 34,3%. Relativamente à prevalência de sintomas de dor nos últimos 7 dias, destacamos o pescoço e zona lombar com 10,9%, ombros 10,3% e zona dorsal 9,1%. No que se refere aos impedimentos, nos últimos 12 meses, destaca-se ombros e zona lombar com 12,6%, pescoço 12%, punho 11,4% e zona dorsal 10,9%. Boletim da Banda do Exército _ ~LI~ídic~ Prevalência de Sintomas nos membros superiores, Inferiores e coluna 50 30 10 Gráfico 1 - Prevalência de sintomas nos membros superiores, inferiores e coluna vertebral As tabelas seguintes demonstram os resultados referentes à aplicação do método de regressão logística multifatorial (backward method), tendo por base os membros corporais cuja prevalência de dor ou impedimentos foi evidenciada com mais relevo a partir das associações estatisticamente significativas no método de regressão logística bivariada. O valor de nível de significância utilizado na análise multifatorial foi o de p:S.05. Tabela 1 - Identificação das variáveis que mais contribuíram para a prevalência de sintomas de dor no pescoço, ombros, punho, zona dorsal e zona lombar, nos últimos 12 meses Exp p @ ~ Exp (~) P IC95% Exp P (~) Zona Dorsal IC95% Exp (~) P Zona Lombar Exp lC95% P IC 95% ,005 1,2974,412 (~) Civil+ Status ." IC 95% (~) Punho Ombros Pescoço Profissional '.s' Militar 3,085 ,001 1,5406,179 ,272 ,002 ,120,618 2,392 'a ~ 'o 'oB u Feminino+ Género Masculino ,471 ,048 ,223,994 ,427 ,027 ,201,907 u ~ ,807 Idade ,997 Antiguidade + ,018 ,046 ,654,996 ,994999 Categoria de referência Tabela 2 - Identificação das variáveis que mais contribuíram para a prevalência de impedimentos no pescoço, punho e zona lombar, nos últimos 12 meses Punho Pescoço Exp (~) P IC95% ,032 ,117-,906 9 Zona Lombar Exp (~) P IC95% 1,106 ,042 1,004-1,218 ,700 ,049 ,492-998 Exp (~) P IC95% 1,151 ,041 1,006-1,317 Feminino" Características Género Masculino Individuais ,326 IMC Exigências Físicas + Casa Concerto Categoria de referência ATELIER DOS SOPROS Tabela 3 - Identificação das variáveis que mais contribuíram para a prevalência de sintomas de dor no pescoço e zona lombar, nos últimos 7 dias Pescoço Exp Características Individuais Exigências Físicas o» P ,350 ,050 Zona Lombar IC 95% Exp P IC95% ,237 ,014 ,075-,749 ,944 ,046 ,892·,999 (~) Feminino+ Género Masculino ,122-1,002 Prática lnstrumental Semanal "Categ ona de referência 10 No que se refere à Tabela 1, a prevalência de sintomas de dor no pescoço, indicou que os homens estão mais protegidos (Exp(~)=0,471) em relação às mulheres, para uma probabilidade de significância p:S.05. Em relação aos ombros, parece que a antiguidade promove um efeito protetor (Exp(~)=0,997) juntamente com o género masculino (Exp(~)=0,427), na prevalência de experiência de dor, para uma probabilidade de significância p:S.05. Relativamente ao punho, destacou-se somente a idade, apresentando um efeito protetor (Exp(~)=0,807) na prevalência de sintomas de dor, para uma probabilidade de significância p:S.05. No que diz respeito à zona dorsal, parece que os militares apresentam um fator de risco de ;::::3vezes superior (Exp(~)= 3,085) aos músicos civis e os do género masculino um fator de proteção (Exp(~)=0,272), na prevalência de experiência de dor neste segmento corporal, para uma probabilidade de significância p:S.01. Finalmente, na zona lombar os músicos militares apresentam um fator de risco ;::::2,4vezes superior (Exp(~)=2,392) em relação aos músicos civis, para uma probabilidade de significância p:S.01. Relativamente à Tabela 2, na prevalência de impedimentos no pescoço, os homens parecem estar mais protegidos (Exp(~)=0,326) em comparação com as mulheres, para uma probabilidade de significância p:S.05. Relativamente ao segmento corporal punho, a prática instrumental - concerto confere um fator de proteção (Exp(~)=0,700), mas em contrapartida a prática instrumental - casa contribui para um fator de risco ;::::1,1vezes superior (Exp(~)=1,106) na prevalência de impedimentos, para uma probabilidade de significância p:S.05. Finalmente na zona lombar o Índice de Massa Corporal (IMC) apresentou um fator de risco ;:::: 1,1 vezes superior (Exp(~)=1,151), na prevalência de impedimentos, para uma probabilidade de significância p:S.05. Na Tabela 3 constatou-se que a prevalência de sintomas de dor no pescoço, mais uma vez os homens estão mais protegidos (Exp(~)=0,350) em relação Tabela 4 - Comportamento às mulheres, para uma probabilidade de significância p:S.05. Relativamente à zona lombar, parece que a prática instrumental semanal promove um efeito protetor (Exp(~)=0,944) juntamente com o género masculino (Exp(~)=0,237), na prevalência de experiência de dor, para uma probabilidade de significância p:S.05. Contudo, é de ressalvar que o fator de proteção conferido pela prática instrumental se.manal é muito pouco significativo por apresentar valores muito próximos de Exp(~)=1. DISCUSSÃO Dos 175 músicos da amostra, 148 (84,57%) indicaram algum sintoma de dor ou desconforto em pelo menos um ou mais segmentos corporais, nos últimos 12 meses. Comparando com outros estudos, esta elevada prevalência vai de encontro aos resultados obtidos por Trelha, et al., (2004); Fishbein & Middlestadt, (1988). Especificando agora na prevalência de sintomas de dor nos diferentes segmentos corporais, destacam-se o pescoço (53,1%), zona lombar (49,7%), ombros (45,7%), zona dorsal (42,3%) e punho (34,3%), nos últimos 12 meses. Confrontando os resultados, segundo Trelha, et al. (2004); Roset-Llobet, Rosinés-Cubells, & Saló-Orfila, (2000); Fishbein & Middlestadt (1988), a maioria dos sintomas de dor nestes estudos situa-se na região ombro-braço-mão, pescoço e coluna vertebral, indo assim de encontro aos nossos resultados. Outro aspeto relevante foram os constrangimentos nas atividades da vida diária provenientes desses mesmos sintomas, durante os últimos 12 meses. Estes apresentaram uma frequência com maior expressão na coluna vertebral, ombros, punho e pescoço. Por último, na prevalência de sintoma de dor nos últimos 7 dias, nos mesmos segmentos corporais, pescoço, ombros e zona lombar, poderão indicar alguma cronicidade, uma vez comparados com a prevalência de impedimentos nas atividades da vida diária, nos últimos 12 meses nestes segmentos corporais. das variáveis em fatores de risco ou de proteção que foram estatisticamente significativas a partir da associação com a prevalência de sintomas de dor nos últimos 12 meses Fator de Risco Pescoço Fator de Proteçâo Género masculino Género masculino Ombros Antiguidadc Punho __ Idade Zona dorsal Srarus profissional militar Zona lombar Starus profissional militar --..------_ Boletim da Banda do Exército Género masculino _ ~LI~ídjc~ Tabela 5 - Comportamento das variáveis em fatores de risco ou de proteção que foram estatisticamente significativas a partir da associação com a prevalência de impedimentos nos últimos 12 meses Fator de Risco Pescoço Punho Casa Zona Lombar IMC Tabela 6 - Comportamento Fator de Proteçâo Género masculino Concerto das variáveis em fatores de risco ou de proteção que foram estatisticamente significativas a partir da associação com a prevalência de sintomas de dor nos últimos 7 dias Faror de Risco Fator de Proreção Género masculino Pescoço Género masculino Zona Lombar Prática instrumental semanal Ao analisar a Tabela 4, o género masculino foi o que mais contribuiu para um efeito protetor nos segmentos corporais pescoço, ombros e zona dorsal, na prevalência de sintomas de dor, nos últimos 12 meses. Este risco acrescido por parte das mulheres sobre os homens mais uma vez é comprovado em outros estudos como os de Zaza & Farewell (1997); Middkstadt & Fishbein (1989), estando assim amplamente documentado na literatura. Uma possível explicação para este fenómeno é descrita no estudo de Middkstadt & Fishbein (1989), onde os autores presumem que a causa possa ser encontrada em três fatores: menor força muscular, menor amplitude da mão e maior ocorrência de hiperrnobilidade articular entre mulheres. Podemos assim concluir que os homens têm menor predisposição de LME nestes segmentos corporais em comparação com as mulheres. Em relação à antiguidade, esta destaca-se como tendo sido a que mais contribui como fator para os ombros, na prevalência de experiência de dor, nos últimos 12 meses, juntamente com o género masculino como já foi referido anteriormente. Apesar dos valores estarem perto de (Exp(~)=l) conferindo um fator de proteção reduzido, podemos inferir que quanto maior a antiguidade do músico associada a uma maior perícia, maior será a tendência de utilizar estratégias protetoras. No que diz respeito ao punho, foi a idade que mais promoveu um efeito protetor, na prevalência de sintomas de dor, nos últimos 12 meses. As evidências obtidas por Hagberg, Thiringer, & Brandstron (2005), reforçam os nossos resultados, no sentido em que a idade pode conferir um fator relativo de proteção. Para finalizar, o status profissional na categoria militar foi o que mais contribuiu para a prevalência de experiência de dor, tanto na zona dorsal como na zona lombar, nos últimos 12 meses. Apesar de não ter encontrado estudos que abordassem estas duas classes profissionais, parece ser plausível que a população militar pode estar mais exposta a fatores de risco, como a realização de paradas militares, onde têm de permanecer por vezes horas na mesma postura em formatura, aumentando assim o stress muscular na coluna vertebral. a Tabela 5, mais uma vez o género masculino destaca-se como fator de proteção, neste caso na ~r~valência de impedimentos no pe coço para ,os ultlmo 12 meses. este sentido, as mulheres alem _________ de terem maior prevalência de sintomas de dor no pescoço, este parece atuar negativamente também no impedimento em realizar atividades quotidianas envolvendo o mesmo segmento corporal. Em relação ao IMC, este foi o que mais contribuiu para um fato r de risco na zona lombar, para a prevalência de impedimentos, nos últimos 12 meses. Segundo Zaza & Farewell (1997), o aumento do IMC está associado a um maior risco de LME. Atendendo a esta evidência, podemos inferir que um aumento do IMC poderá aumentar a exposição de risco em atividades extraprofissionais, como atividades domésticas, de lazer ou desportivas que podem condicionar a sintomatologia apresentada, ou seja, um maior risco na prevalência de impedimentos destas atividades na zona lombar. Para finalizar, na Tabela 6, novamente o género masculino destaca-se na maior contribuição preventiva na prevalência de sintomas de dor, nos últimos 7 dias, neste caso no pescoço e zona lombar. A constatação de associações estatisticamente significativas tanto na prevalência de sintomas de dor, nos últimos 12 meses e últimos 7 dias, através da aplicação do método de regressão logística multifatorial, parecem indicar alguma cronicidade no pescoço por parte das mulheres na nossa amostra. CONCLUSÕES As LME são a consequência de uma exposição cumulativa a comportamentos e condições de trabalho desfavoráveis, revelando situações clínicas de extrema importância, contudo só a partir dos anos 80 se revelou um interesse crescente nesta área profissional. Estas lesões podem tornar-se problemáticas prejudicando a prestação musical do músico ou mesmo levando à incapacitação total do mesmo. A heterogeneidade de quadros clínicos nem sempre bem acompanhada por um corpo médico especializado e sensível para esta realidade leva à necessidade de se perceber a associação existente entre os vários fatores de risco, ambientais, exigências físicas e características pessoais. A partir da compreensão destes fatores de risco é possível, em primeira instancia, adotar estratégias preventivas a nível individual e institucional e só se não for possível, então adotar estratégias de tratamento das LME já existentes. O presente trabalho foi realizado na tentativa de Março 2012 --------- 11 ~Llr-ídicª sensibilizar todos os intervenientes da indústria musical para este problema, muitas vezes desvalorizado até pelos próprios músicos, visando assim contribuir para uma reflexão sobre esta problemática. O nosso estudo debruçou-se sobre a questão de identificar quais os fatores de risco que mais contribuem e expliquem a prevalência de LME nos membros superiores e coluna vertebral nos músicos profissionais, facilitando assim a compreensão para a génese das lesões, percebendo o seu impacto no desempenho profissional e implementação de estratégias preventivas. Concluímos que, dos 175 músicos da amostra, 148 (84,57%) relataram algum sintoma de dor ou desconforto em pelo menos um ou mais segmentos corporais. Existe uma prevalência elevada de sintomas de dor, especialmente no pescoço, ombros, punho e coluna vertebral, nos últimos 12 meses, assim como a prevalência de impedimentos de realizar atividades quotidianas, na sua generalidade ser superior à prevalência de dor nos últimos 7 dias. A prevalência de sintomas de dor nos últimos 7 dias, nos segmentos corporais pescoço, ombros e zona lombar, poderá indicar alguma cronicidade, quando comparada com a prevalência de impedimentos nas atividades da vida diária, nos últimos 12 meses. Os valores de prevalência obtidos têm a sua origem em fatores de risco de natureza individual, exigências físicas e ambientais, que foram objeto de estudo neste trabalho. No que se refere à associação entre os diferentes fatores de risco obtidos pelo método de regressão logística multifatorial e a prevalência de sintomas de dor, nos últimos 12 meses, o status profissional na categoria militar foi o que mais contribuiu como fator de risco na zona dorsal e lombar. As mulheres têm um fator de risco superior em relação aos homens nos segmentos corporais, pescoço, ombros e zona dorsal. Parece que quanto maior a idade e a antiguidade, maiores são os modos de com12 portamentos protetores para o punho e ombros, respetivamente. Em relação à prevalência no impedimento de realização das atividades da vida diária, nos últimos 12 meses, foi o género masculino que mais contribuiu para um fator protetor no pescoço. Quanto maior for o 1MC, maior será o fator de risco no impedimento de realização das atividades da vida diária para a zona lombar. Finalmente, na associação entre os fatores de risco e a prevalência de sintomas de dor, nos últimos 7 dias, o género masculino goza de uma maior proteção no pescoço e zona lombar em comparação com as mulheres, esta prevalência tanto nos últimos 12 meses como nos últimos 7 dias parece indicar alguma cronicidade no pescoço por parte das mulheres. Em associação com o género masculino, a prática instrumental semanal contribuiu também como fator de prevenção na prevalência de experiência de dor, nos últimos 7 dias, para a zona lombar. A presente investigação parece-nos ter dado o primeiro passo, nomeadamente em Portugal, por não ter sido possível encontrar nenhum estudo sobre esta área de investigação, contribuindo de forma positiva para um problema atual, em constante evolução mas que parece passar despercebido ou conscientemente desvalorizado por parte de alguns intervenientes neste processo. Existe a necessidade de no futuro serem feitas novas investigações nesta área em Portugal, de forma a criar uma base de dados mais consistente sobre a prevalência de LME nos músicos portugueses, para que se possa atingir um estado de conhecimento mais maduro, concreto e objetivo sobre as questões relacionadas com esta problemática. AGRADECIMENTOS O meu simples, mas sincero oportunidade prestada de publicar Revista Eurídice, através do convite Basilio, Maestro da Banda Sinfónica obrigado pela este artigo na do Major João do Exército. BIBLIOGRAFIA: Bejjani, E, Kaye, G., & Benham, M. (1996). Musculoskeletal and Neuromuscular Conditions of Instrumental Musicians. .Artbires of Pbysical Medic;'le fuhabililation, 77 (4), 406-413. de Greef, M., Wijck, R., Reynders, K., Toussaint,]., & Hesseling, R. (2003). Impact of the Groningen Exercise Therapy for Symphony Orchestra Musicians Program on Perceived Physical Competence and Playing-Related Musculoskeletal Disorders of Professional Musicians. Medira! Problems of PerforlJ/ing .Artists , 18 (4),156-160. Fishbein, M., & Middlesradr, S. (1988). Medical Problems Among ICSOM Musicians: Overview of a National Survey. Medical Problena of PerforJJlingArtisls ,3 (1), 1-8. Hagberg, M., Thiringer, G., & Brandstron, L. (2005). 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Assim, o papel das artes, mais especificamente da música, neste c~mtexto, revela-se de grande importância, na medida em que possibilita, a partir do trabalho com populações específicas, uma efetiva inclusão dos Indivíduos portadores de deficiência nos diversos COntextos sociais (Martin, 2001). . Desta forma, a intervenção musical a realizar Junto de populações específicas pretende, sobretudo, valorizar o público-alvo e ainda sensibilizá-lo para a partilha de uma experiência musical, desenvolvendo as capacidades psicomotoras, cognitivas, soclo-afetivas, um gost mu ical e também competências de trabalho em equipa. ________ A música é um código estabelecido universaln:ente, e por esta razão, torna-se um aspeto social, que se transforma ou integra de acordo com funções estabelecidas através da construção social. Os grupos que adotam os mesmos parâmetros de composição musical traduzem-na em significados co~uns. Porém, e~ste o fator pessoal de interpretaçao, que se relaciona ao momento, à vivência e principalmente, ao aspeto emocional de cada indi~ víduo. A Música tem algumas funções como, por exe~plo, simbolizar ideias e comportamentos, comurucar, expressar emoções, educar, recrear, unir pessoas de crenças, e impor conformidade às regras e condutas sociais. Todas as formas de arte favorecem um descarregar de inseguranças, medos, paixões e tantos outros sentimentos indefiníveis e reprimidos por falta de espaço para expressão. A música revela a expressividade de quem a compõe, de quem a interpreta e de quem a ouve (por empatia e interação); e para haver interação não é necessário entender música, nem saber ler partituras, nem cantar, nem ter cultura geral, basta ouvir e expressar-se. A reabilitação do indivíduo portador de deficiência é feita com a intenção de minimizar os efeit.os da sua. deficiência, contribuindo para a melhoria da sua integração social e qualidade de vida. Março 2012 --------- 13 ~Llr-ídjCB Em 1992, segundo a American Association of Mental Retardation, a deficiência mental refere-se a limitações substanciais no funcionamento intelectual. Caracteriza-se por um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, existindo em simultâneo limitações relacionadas, em duas ou mais das seguintes áreas aplicáveis de competências adaptativas: comunicação, auto cuidado, vida em casa, competências sociais, auto-direção, saúde e segurança, conhecimentos académicos funcionais, lazer e trabalho (AAMR, 1992). Causas da Deficiência Mental Deficiência Mental - Conceito Para uma melhor compreensão de todo o processo de intervenção musical a realizar junto de uma população tão específica quanto esta, pessoas portadoras de Deficiência Mental, será melhor conhecer esta problemática, nomeadamente, falar sobre alguns conceitos, graus de deficiência, possíveis causas e algumas características gerais sobre a população em questão. Segundo Amiralian (1986), a preocupaç~o com as pessoas que não apresenta~ o desenvol,Vl~ento cognitivo esperado para a sua Idade cronológica, ou seja, as pessoas com deficiência mental, data dos primórdios da educação especial, no entanto, com o passar dos anos o conceito de deficiência mental tem sofrido várias alterações. Uma das razões para estas alterações é o progresso da civilização, que tornou a capacidade intelect~al cada vez mais valorizada, e uma valorização negativa relaciona-se muito com a terminologia utilizada para designar as limitações cognitivas, surgindo assim uma constante procura de novos termos (Amiralian, 1986). 14 Com o aparecimento dos testes de inteligência, no princípio do séc. XX, a definição de deficiência mental passou a basear-se nos resultados obtidos nos mesmos. O Quociente de Inteligência tornou-se um ponto de referência para a classificação e seleção de indivíduos. Segundo a American Association of Mental Retardation (Grossman, 1977), a deficiência mental refere-se ao funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, a par de deficiências no comportamento adaptativo, e manifesta-se durante o período de desenvolvimento. Relativamente ,à etiologia, Grossman identifica as seguintes causas: infeciosas, tóxicas, traumáticas, físicas, metabólicas, deficiências de nutrição, doença cerebral, influência pré-natal desconhecida, alterações genéticas cromossómicas, perturbações durante o período de gestação, perturbações psiquiátricas e influências ambientais. --------- A forma mais usual de classificar a deficiência mental refere-se ao momento em que ocorreu a lesão, sendo assim, as lesões podem ocorrer de acordo com: fatores biológicos passados (genéticos, pré-natais, perinatais, pós-natais), fatores biológicos atuais (drogas ou fármacos, cansaço ou stress), condições ambientais presentes, história de interação com o meio ou outras situações atuais (Bautista, 1997). =-= Graus de Deficiência Mental Existem diferentes correntes para determinar o grau da deficiência mental, mas as técnicas psicométricas são as mais utilizadas na medição do Quociente de Inteligência (Q.I.). É impossível definir com exatidão a classificação do grau de deficiência, pois ele varia de pessoa para pessoa. No entanto, de acordo com a American Association of Mental Retardation (AAMR) e com a Organização Mundial de Saúde (cit. por Bautista, 1997), atendendo ao te~te de Q.I. existem cinco níveis ou graus de deficiência mental: Limite ou Boderline, Ligeira, Média ou Moderada, Severa ou Grave e Profunda. O quadro seguinte mostra-nos como é feita essa classificação do grau de deficiência: Deficiência Mental Q.I. Limite ou Bordeline 68 - 85 Ligeira 52 - 68 Méclia ou Moderada 36 - 51 Severa ou Grave 20 - 35 Profunda Inferior a 20 Quadro 1 - Classificação dos graus de deficiência Boletim da Banda do Exército _ ~LI~ídjce. • Deficiência Mental Limite ou Bordeline Pode-se verificar um atraso nas aprendizagens ou dificuldades concretas. A maioria dos indivíduos inseridos nesta classificação da deficiência provém de ambientes socioculturais desfavorecidos. • Deficiência Mental Ligeira - As pessoas inseridas neste contexto não são claramente deficientes mentais, mas sim pessoas com problemas de origem cultural, familiar ou ambiental, apresentando um atraso mínimo nas áreas percetivas e motoras, normalmente não apresentam problemas de adaptação. • Deficiência Mental Moderada ou Média - Não dominam técnicas de leitura, escrita e cálculo. Têm hábitos de autonomia pessoal e social, comunicam através da linguagem verbal, embora apresentem dificuldades na expressão oral. Podem apresentar algum desenvolvimento motor e adquirir conhecimentos pré-tecnológicos para realizar algum trabalho. • Deficiência Mental Grave - As pessoas incluídas neste contexto necessitam de ajuda, pois o nível de autonomia (social e pessoal) é reduzido. Podem aprender algum sistema de comunicação, sendo a linguagem verbal muito deficitária. ~~dem ser treinadas para realizarem algumas atrvidades da vida diária e aprendizagens pré- tecnológicas muito simples. • Deficiência Mental Profunda - Apresentam que os fatores ambientais são determinantes para a intervenção. Este modelo focaliza a intervenção nas barreiras sociais partindo do princípio que as necessidades do indivíduo advêm da fraca capacidade de resposta da sociedade face à diversidade (Ramos, 2009). Citado por Ramos (2009), o modelo Biopsicossocial surge na defesa da utilização dos serviços gerais, havendo um complemento de recursos específicos que o indivíduo necessite. Nesta conceção, o indivíduo é visto como um todo, dando ênfase ao problema no conjunto dos modelos anteriores, ou seja na relação pessoa/contexto social. A intervenção deve basear-se numa avaliação adequada do indivíduo, contemplando as diferentes áreas do desenvolvimento humano, promovendo assim uma intervenção que promova a igualdade de direitos (McAnaney, 2007). Assim, em 2001, de acordo com este último modelo surge a CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, que constitui também parte integrante da Classificação Internacional de Doenças (CID), possibilitando assim uma articulação de diagnósticos entre estas Classificações (Ramos, 2009). Segundo Ramos (2009), este modelo traça um perfil do indivíduo analisado através de dois componentes: Funcionalidade e Incapacidade e Fatores Contextuais. No primeiro, contemplam-se as Funções e Estruturas do Corpo e a Atividade e Participação; no segundo, os Fatores Ambientais e os Fatores Pessoais. O que se pretende com a utilização da CIF é traçar um perfil de funcionalidade de um indivíduo (descrever as suas dificuldades e capacidades, referindo barreiras e facilitadores do seu contexto social) (OMS, 2001; McAnaney, 2007). grandes problemas sensoriomotores e comunicativos, são dependentes dos outros em quase todas as funções e atividades físicas e intelectuais que exerçam. 15 Contributo da CIF - Classificação Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e Saúde A reabilitação do indivíduo portador de deficiência é feita com a intenção de minimizar os efeitos da sua deficiência. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), a intervenção junto do indivíduo é determinada exclusivamente por fat~res biológicos, tendo por base o con~ibuto de ~m diagnóstico médico, que fornece estas illforma!oes. Este contributo centra-se no indivíduo, na sua incapacidade e dependência tendo como obje~vo .trat~r, curar e minimizar os efeitos da sua defiClenCla (cit. por Ramos, 2009). Após a década de 80, o modelo social começa a ganhar relevo, baseando-se este na perspetiva de _________ Expressão musical adaptada e a Reabilitação O processo de Reabilitação que envolve a música e o individuo portador de deficiência baseia-se na expressão musical adaptada e assenta num trabalho Março 2012 --------- (;ur-ídicB de sons e ritmos, onde os intervenientes podem produzir e explorar espontaneamente e aprender a identificar e a produzir sons. O ambiente de desconcentração e de prazer em que os participantes se irão envolver, irá contrariar todo o sentimento de obrigação, seriedade e responsabilidade existente no quotidiano. Por outro lado, os níveis de comunicação de que normalmente estes processos são dotados: reflexão, apreciação, juizo, crítica, interpretação e criação, irão revelar-se inestimáveis para a atividade mental de qualquer indivíduo. Inventar e produzir novas formas, novos sons é uma forma de expressão, mas também uma forma de produção autónoma de um sujeito que realizando, se realiza (Moran, 1998). Segundo Cabacés (2003), os elementos musicais: som, ritmo, melodia e harmonia promovem a aprendizagem, mobilizam a expressão motora, auditiva, visual, verbal e não-verbal e fomentam a capacidade de satisfação das necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas de cada um. Mais, a música contribui para uma melhor organização intra ou interpessoal, já que a linguagem musical possibilita a expressão do mundo subjetivo das pessoas e liberta funções comunicativas sem necessidade de usar a linguagem verbal. O ritmo é uma das bases do método de Dalcroze implementando uma forma ativa e participativa de trabalho musical, recorrendo ao corpo, aos ritmo: corporais e aos ritmos da movimentação corporal como forma de vivenciar a dimensão temporal d: música (Sousa, 2003). O método de Dalcroze ba seia-se no estudo articulado e coordenado de trê: elementos: o ritmo, a movimentação e a improvi sação. A prática rítmica articula o estudo do ritmo musi cal com o ritmo natural do corpo, fortalece o sense métrico e o rítmico, ordena as funções sensoriais ( nervosas e harmoniza a imaginação das faculdade: espirituais com as corporais. Paralelamente a tude isto, decorre a educação das funções auditivas e das faculdades analíticas, possibilitando a promoção de desenvolvimento da audição interior (Sousa, 2003). Esta metodologia dalcroziana, voltada tambérr para a improvisação, desenvolve capacidades de concentração, a memória, as estruturas temporais e espaciais e a coordenação motora, através da criaçãc de um sistema educacional voltado para o quotidiano (Sousa, 2003). Desta forma, as atividades a realizar baseiam-Sé em acompanhamentos rítmicos, exploração rítmico-corporal, atividades de improvisação, realização de ostinatos e cânones rítmicos utilizando instrumentos, percussão corporal e instrumentos não convencionais. Assim, contribui-se para o desenvolvimento da atenção, da memória, da criatividade e da sensibilidade sempre num ambiente lúdico e coletivo, assim como para o desenvolvimento de capacidades rítmicas em todos os participantes. Exploração tímbrica através da utilização de instrumentos convencionais e não convencionais 16 As quatro grandes áreas de destaque que contribuirão para um maior enriquecimento das atividades a desenvolver na área da expressão musical adaptada são as atividades rítmicas, a exploração tímbrica, através da utilização de instrumentos convencionais e não convencionais, os jogos musicais e de expressão corporal e ainda, o movimento e a dança. Atividades Rítmicas Ao longo de vários anos deparámo-nos com a existência de uma problemática, uma educação musical com recurso a métodos de ensino desprovidos de significado, baseados na repetição quase mecânica de exercícios de solfejo sem qualquer fundamento. Dalcroze contesta esta realidade, criando uma didática musical voltada para as atividades de ritmo, formação do ouvido e improvisação (Sousa, 2003). --------- Relativamente à relação que se estabelece entre a música e as outras expressões artísticas, nomeadamente a expressão plástica, podem ser utilizados materiais do quotidiano em prol da criação de instrumentos musicais não convencionais abordando um conjunto de domínios técnicos pertencentes àquela expressão. Desta forma, com recurso a materiais recicláveis do quotidiano (jornais, revistas, caixotes de cartão, pedaços de madeira, latas de tinta, bidons, tintas, plásticos, etc.), os intervenientes no processo de reabilitação poderão recriar instrumentos não convencionais. A preocupação estética e a qualidade sonora serão sempre uma constante na adaptação das latas, baldes, caixotes de papelão, bidons, caixas de plástico, cabos de vassoura, de forma a constituir uma "orquestra" de instrumentos não convencionais. Na produção artística cria-se um sentimento de compromisso, um sentimento de afetividade com o Boletim da Banda do Exército _ fruto da sua produção e o agir surge apenas pelo prazer de ver surgir algo que é fruto da sua criatividade. Mas, na obra conseguida, o sujeito também se revela a si próprio, a sua personalidade, as suas emoções. Assim, a música acaba por constituir uma forma de valorização sociocultural da pessoa com Deficiência Mental e de ajudar a criar um espaço facilitador da comunicação e de emoções. Jogos Musicais e de Expressão Corporal Nos Jogos de Música e de Expressão Corporal o elemento lúdico (o jogo) é muito importante para que a pessoa portadora de deficiência se entregue de forma espontânea ao seu próprio processo de ~eabilitação. Segundo Trias e Pérez (2002), o a~blente descontraído existente nos jogos proporclOna e favorece a expressão e a comunicação, ao mesmo tempo que permite reforçar os hábitos adquiridos e assimilar a realidade. Para isso, existem jogos de diferentes tipos e cada um tem uma finalidade específica: • Os Jogos de Reação provocam respostas rápidas perante ações combinadas prevla~ente, n? momento em que o participante identifica o S1nal como ação e responde ao mesmo; • Os Jogos Individuais permitem ao participante desenvolver a sua personalidade através do próprio jogo, uma vez que estabelece um vínculo entre a realidade interna e a realidade externa; • Os Jogos Coletivos favorecem a c~~~nicação entre os participantes e permitem 1n1C1arrelações emocionais importantes para o desenvolvimento das relações sociais. ~~~ _... ________ Por outro lado, a música exige um esforço duplo, que obriga os participantes a adaptar-se ao espaço e ao tempo imposto pelo ritmo. Em 1960, Juliette Alvin, uma pioneira em musico terapia, afirma que «a música tem opoder de afetar o ânimo) porque contém elementos sugestivos} persuasivos e também compulsivos) e que ((O ritmo relaciona-se simbolicamente com a vontade e o automatismo. Atua como uma ordem fisicamente forte e tem um efeito vigorizante sobre o ouvido e o executante). (cit. por Sousa, 2003). As atividades que compõem estes jogos musicais continuam a inspirar-se nas ideias de Émile Jacques-Dalcroze, criador do método rítmico que aplica o movimento e a expressão corporal como meio de sensibilização na arte da expressão. Cada indivíduo desenvolve as suas capacidades físicas, psíquicas e cognitivas a ritmos distintos e sempre em função das suas características, experiências e motivações. Assim, as atividades a desenvolver podem basear-se num trabalho de conjunto sobre o conhecimento do esquema corporal e da educação auditiva. A partir das experiências pessoais, os participantes irão adquirir o controlo das diferentes partes do seu corpo, explorando de forma gradual as suas possibilidades. Com isso, pretende-se passar dos movimentos típicos e estereotipados aos movimentos criativos e intencionados e perceber cada parte do corpo, de forma serena, para exercer um controlo progressivo dos movimentos. As experiências vivenciadas nestes jogos provocam novas situações que, por sua vez, sugerem novos desafios. o Movimento e a Dança As canções tradicionais, nomeadamente da Música Tradicional Portuguesa (MTP), são um espectro de informação oriundo de uma cultura e fazem uma ligação entre o presente e o passado. A língua materna surge como um veículo privilegiado de comunicação, para dar a conhecer os comportamentos fundamentais dessa mesma cultura, ou seja, a língua materna e as canções tradicionais estão interligadas, a acentuação natural, a melodia e o ritmo duma determinada língua está implícito nas próprias canções tradicionais. Assim, a pessoa portadora de deficiência cria e desenvolve canais de comunicação, desenvolve a sua audição e memória, bem como o desenvolvimento da sociabilização e da coordenação motora (se aplicarmos esta realidade ao movimento e à dança) (R. Torres, 1998). Segundo Sousa (2003), a dança consiste numa manifestação de movimento natural, vulgar e espontâneo do ser humano. Considera-se dança todos os movimentos, mais ou menos estéticos, com maior ou menor relevância, com ou sem música, cuja finalidade reside no prazer da sua execução e nas suas características expressivas e criativas. Março 2012 -------- 17 ~LI~ídjce. Deste modo, a dança educativa surge num contexto de expressão musical adaptada, constituída por propostas de movimento lúdico, expressivo e criativo, não com o objetivo de ensinar a dançar, mas de promover o desenvolvimento integral do indivíduo portador de deficiência. Assim, a movimentação rítmica espontânea do corpo no espaço ultrapassa a dimensão cinética, para tomar como objeto o desenvolvimento da personalidade numa perspetiva bio-psico-socio motora. Com a realização de atividades de movimento e dança, «não é a perfeição artística ou a criação e performance de danças sensacionais que se pretende, mas um efeito benéfico da atividade criadora sobre a personalidade» do indivíduo portador de deficiência (Laban, 1973). Desta forma, as atividades a desenvolver recorrem à Música Tradicional Portuguesa e visam criar oportunidades de experimentação das capacidades práxicas e cinéticas do seu corpo, deslocamentos pelo espaço em diferentes direções, velocidades e ritmos relacionando-se com objetos, desenvolvendo a sua noção de corpo e as suas capacidades e potencialidades. o contributo de Snoezelen Numa perspetiva mais individualizada da Reabilitação, surge a terapia da Sala de Snoezelen, uma VIsIte ue uz sala multissensorial que tem como objetivo a estimulação sensorial e/ou a diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão. Este conceito proporciona conforto, através do uso de estímulos controlados, e oferece uma grande quantidade de estímulos sensoriais, que podem ser usados de forma individual ou combinada com os efeitos da música, notas, sons, luz, estimulação tátil e aromas. A utilização deste conceito promove o auto controlo, autonomia, descoberta e exploração, bem como efeitos terapêuticos e pedagógicos positivos. O ambiente multissensorial permite estimular os sentidos primários tais como o toque, o paladar, a visão, o som, o cheiro, sem existir necessidade de recorrer às capacidades intelectuais mas sim às capacidades sensoriais dos indivíduos. A confiança e o relaxamento são incentivados através de terapias não diretivas. O uso de um ambiente multissensorial permite que as terapias sejam únicas para cada utente. Benefícios da Sala de Snoezelen • Promove o relaxamento, lazer e diversão; • Estimula os sentidos primários; • Permite a exploração, descoberta, escolha e a oportunidade de controlar o ambiente envolvente; .U8IUZ urna autarquia presente conheça os nossos monumentos -_ . .~' .... '" (; LI r-ídicB • Aumenta a compreensão ao gosta/não gosta; • A variedade necessidades • Permite o trabalho individual ou em grupo, servindo para o controlo da ansiedade; • Incentiva o movimento • Motiva para a aprendizagem; • Facilita a libertação de stress; do utente em relação de atividades permite explorar as bem como as preferências; e a motivação; Referências Bibliográficas Amiralian, M. (1986). ln Psicologia do Excepcional. Colecção: Temas Básicos de Psicologia, Volume 8, São Paulo; Bautista, R. (org) (1997). ln Necessidades Educativas Especiais. 1a Edição, Lisboa: Dinalivro; Cabacés, R; Vilaplana, E. (2003). ln "Vivamos a música". Setúbal: Marina Editores' , Gro~sm.an,. H. (1977). ln Manualon terminology and classification ln mental retardation. Washington: AAMD; MacAnaney, D. (2008). ln O Contributo da CIP (Versão para criança ejovens) para a Educação Especial Trans.) ln DGIDC (Ed.), Educação Especia!.· Manual de Apoio à prática. Lisboa: DGIDC (DGIDC, • Promove a consciência da equipa técnica sobre a importância dos sentidos primários; • o uso • Estimula o surgir de emoções positivas tais como o bem-estar, relaxamento, satisfação e alegria. de equipamento sensorial pode ser benéfico para todas as idades e diagnósticos; . O equipamento que constitui a sala estimula a lIlteração do indivíduo com o que o rodeia, bem como a construção e estruturação de imagens do seu mundo. Conclusão A Reabilitação pretende, sobretudo, valorizar o público-alvo e, ainda, sensibilizá-lo para a partilha de uma experiência musical, desenvolvendo competêncIas psicomotoras, cognitivas, sócio-afetivas, de tr~balho em equipa de todos os intervenientes, para alem de estimular o gosto pela prática musical. Relativamente a objetivos mais específicos, qualquer experiência musical pretende desenvolver a sociabilidade e a dinâmica de grupo. Estimular e valorizar competências musicais como forma de Contribuir para o crescimento da autoestima, autoc_onfiança e qualidade de vida, estimular a memória musical, desenvolver a criatividade e promover espontaneidade são sempre objetivos muito importantes quando a população alvo são pessoas portadoras de deficiência. Assim, a Música assume-se como um elo de ligação, porque está diretamente relacionada com as e~oções; A música ajuda o individuo a tomar COllSclencia da sua própria identidade, a melhorar a sua autoestima e o seu autocontrolo, sendo estas ferra~entas essenciais para enfrentar os desafios do quoudiano. q ~. . c: .. érgio Filipe Antunes Sobral nasceu na Carrcguclra, de lnstrução c Recreio Carrcguclrense - "Victoria" Ministério da Educação. Martin, S. (2001). ln Music and lnclusion: A Performance Partnership. Biennial Conference of the International Association of Special Education [Iuly 22 - 26, 2001]: Poland; Montenegro, A. (1988). ln Actividades Musicais na Reabilitação de Crianças com Deficiência Mental, Colecção Textos de Apoio. Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra; Moran, J. (1998). ln Mudanças na Comunicação Pesso- al: gerenciamento integrado da Comunicação pessoal, social e tecnológica (Colecção: comunicação e estudos). São Paulo: Paulinas Prina, F. ; Padovan, M. (1995). ln A dança no ensino obrigatârio. Lisboa: Serviço Educativo da Fundação Calouste Gulbenkian; Ramos, R. (2009). ln Representações epráticas dosprolfossoresde Educação Musical do 2° CEB face à inclusão de alunos com NEE: Primeira Abordagem teórica. Universidade de Aveiro; Sabatella, P.(2008). ln A inclusão de alunos com neces- sidades educativas especiais na sala de educaçãomusical um diálogo entre musicoterapia educativa e a edNcaçãomusica. Revista de Educação Musical n0130 - APEM. Sousa, A. (2003). ln Educação pela arte e artes na educação. 2° Volume - Drama e Dança. Lisboa: Editora Horizontes Pedagógicos; Sousa, A. 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Nesse mesmo infómca do Exército, como Soldado cm Regime de Contrato. frequenta o (,0 grau no Conservatório ________ Filarmónica de Música de Coimbra na classe de de Música Jaime Chuvinha Minde, na Classe de Clarinete do Professor Março 2012 -------- Hélder Gonçalves. 19 --- ALESIS INSPIRE PlAY CR[AT[ HAADC~ - ~ K&M .OHIO • lU"'" ,;oJJM\\!l(}. SEIMER ~ §~ THOMASTIK·INFElD VIENNA W OIUMS ~ (;LI~ídicª A Música como Arma Política Artigo elaborado pelo SCh MUS Francisco Manuel Relva Pereira INTRODUÇÃO E 22 A MÚSICA PRÓ REPÚBLICA ste trabalho tem como objetivo efetuar uma pesquisa histórica e descritiva de como a musica funcionou e funciona como Arma Política, um pouco por toda a Europa e não só, evidenciando especialmente Portugal. O nosso País, com cerca de 900 anos de história, tem contribuído na dimensão do seu território, para um conhecimento mais lato e uma evolução qualitativa da produção da Música Ocidental, e a mesma tem vindo a contribuir e a acompanhar as várias revoluções a que o mundo contemporâneo vai assistindo, fazendo-se por isso um enquadramento histórico do nosso século e do anterior. Assim, far-se-á uma análise desde a queda da Monarquia, passando pelo Estado Novo até ao encontro de novas sonoridades que o mundo irá ouvir através de Glenn Miller e dos Blues. A música pop e rock também irão ser visitadas neste estudo. A revolução Russa e a censura que é efetuada à música serão alvo de estudo analítico, bem como as rádios na clandestinidade que operaram contra o Estado Novo em Portugal e o movimento dos Hippies serão temas também tratados e analisados. Os longos e famosos anos 60 e a (r)evolução provocada pelos Beatles, a importância da música e dos cantores de intervenção na revolução de Abril em Portugal, até às canções que deram o arranque para a movimentação e revolução militar que instaurou a liberdade no nosso País serão alvo de análise. Efetivamente, pretende-se estar ao alcance deste projeto, para de uma forma cabal fazer uma observação científica e analítica, e assim percorrermos desde o início do século passado até aos nossos dias, a fim de ficarmos com a informação de como a música foi, é e será sempre um ícone muito útil nestes contextos revolucionários e uma afirmação como símbolo e arma de arremesso político. --------- Neste preâmbulo inicial, abordar-se-à o nosso País Pró Republicano e a forma de governação em vigor, com a mudança que se vai operar no País em que a componente musical tem um papel deveras importante neste puzzle político-social. À época, o Hino Nacional Português, de que todos os cidadãos muito se orgulhavam, tinha como título Hino da Carta Constitucional (Hymno da Carta na grafia antiga), em homenagem à Carta Constitucional que o próprio Rei outorgou em 1826, e cuja letra também foi concebida pelo próprio Rei D. Pedro IV; sendo a melodia escrita pelo nosso compositor João Domingos Bontempo. Entre Maio de 1834 e 5 de Outubro de 1910 foi oficialmente este o Hino de Portugal, cuja letra e música continuam em bom estado, e é reproduzido em partitura para piano e Orquestra de Sopros, como já era hábito na altura. A MONARQUIA Um sistema que tradicionalmente governou este velho continente, a Europa, durante séculos foi a Monarquia, onde Portugal também durante cerca de oito séculos manteve o seu sistema monárquico. A Monarquia é um tipo de regime político que reconhece um monarca (rei de forma hereditária ou abdicada) como chefe do Estado. A ele, o ofício real é sobretudo o de reger e coordenar a administração da república (coisa pública, do latim) em vista do bem comum monárquico e em harmonia social. A MARCHA HERÓICA Segundo Leite, após o regicídio do Rei D. Carlos, começou a circular pelas vias mais inAuent s da época um panfleto contendo a marcha heróica que exaltava a raça Portuguesa à rebelião. Assim, foram impressos e distribuídos numa primeira fase doze mil exemplares, e 1 go depois foram efetuadas mais duas, elevando-se a um total de vinte e dois Boletim da Banda do Exército _ mil, o que foi notável para a época. O acolhimento do povo foi tanto que este tema era cantado e executado nas diversas Associações Culturais e Recreativas, nos Teatros e em outras salas de espetáculo e de concertos. Entre outras, as cores da bandeira, propósito patriótico de Henriques Lopes de Mendonça, representado no teatro antigo da Rua dos Condes, com música de Alfredo Keil, que o público em delírio escutou de pé, foram realmente uma afronta ao regime vigente. A Portuguesa, no entanto era considerada revolucionária, o que veio a acontecer através do Governo da Monarquia em Janeiro de 1891, que proibiu a sua execução e difusão, considerada prejudicial ao governo de então. A PORTUGUESA "HINO NACIONAL" Segundo Leite, após a proclamação da República, o Ministro da Guerra do Governo Provisório na sua nota de 17 de Novembro de 1910 determina peremtoriamente: "Que sempre se execute o hino nacional, A Portuguesa!" Ainda proferindo um pouco da história de A Portuguesa bem como a influência que a música detém nas revoluções contemporâneas, o decreto da Assembleia constituinte, que hoje é um dos símbolos nacionais de Portugal (o seu hino nacional), nasceu como uma canção de cariz patriótico em resposta ao ultimato britânico para que as tropas portuguesas abandonassem as suas posições em África, no denominado "Mapa cor-de-rosa". A Portuguesa, proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações) - onde hoje se diz "contra os canhõei', dizia-se "contra os bretões", ou seja, os ingleses - veio substituir o Hymno da Carta, então o Hino acional desde Maio de 1834. A Portuguesa foi designada como um dos símbolos nacionais de Portugal na constituição de 1976, constando no artigo 11. 0, N.0 2 da Constituição da República Portuguesa (Símbolos nacionais e língua oficial): "2. O Hino acional é A Portuguesa." GLENN MIllER E AS NOVAS SONORIDADES Alton Glenn Miller nasceu em Clarinda a 1 de Março de 1904 e faleceu a 15 de Dezembro de 1944. Foi um músico de jazz americano e líder de banda na era do swing. Foi um dos artistas com mais vendas entre 1939 e 1942, liderando uma das mais fam sa big band americana . Dep is do seu e tudos na Univer idade de Colorad , em 1926 Miller torna-se num trombo________ nista profissional na Banda de Ben Pollack. Por volta de 1930 já era um reconhecido músico independente de Nova Iorque. Mais tarde transformou-se num organizador de orquestras ligeiras masculinas, sobretudo das dos irmãos Dorsey iniciada em 1934, e de Ray Noble organizada em 1935. Depois de t~r tentado, infrutiferamente, formar a sua própria orquestra em 1937, acabou por consegui-lo no ano seguinte e em finais de 1939 era já um famoso Maestro de Orquestra Ligeira. Posteriormente, ingressou no Exército Americano durante a 2.a Guerra Mundial, tendo-lhe sido dado o posto de Capitão. Mais tarde foi promovido a Major e a Maestro da Banda da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos na Europa. Ao voar de Inglaterra para Paris desapareceu, não tendo os corpos nem os destroços dos ocupantes do avião em que viajavam sido avistados ou recuperados. Os triunfos de Miller nos salões de dança basearam-se em orquestrações doces executadas meticulosamente. O som do trombone de Miller, imediatamente reconhecível e muito copiado, baseava-se em princípios musicais muito simples, como foram todos os seus grandes sucessos incluindo a sua própria composição, "Moonlight Serenade" que nasceu de um exercício que tinha escrito para Joseph Schillinger. Os seus dois filmes realizados em Hollywood, Sun Vallry Serenade de 1941 e Orchestra Wives no ano seguinte, não deixaram de contribuir para aumentar a sua reputação, mas o fator mais importante para a continuação do seu reconhecimento foi a estreia em 1953 do filme biográfico, um pouco aligeirado, The Glenn Miller S tory. Após a morte de Miller, a "Glenn Miller Orchestra" foi reorganizada sob a direção de Tex Beneke, saxofonista, cantor e um dos amigos mais próxi- Março 2012 -------- 23 ~ LI r- í d j Ce. mos de Miller. Anos depois, a família de Miller, tendo seguido caminhos distintos de Beneke, contratou Ray McKinley (baterista da Banda da Força Aérea do Exército Americano liderada por Miller) para organizar uma nova "bandafantasma" em 1956, banda essa que continua a apresentar-se até aos dias de hoje. que realmente constituiu um enorme êxito. Nesse dia, o desfile Regimental parecia outro, muito mais jovem, alegre e garboso, aquando da execução da Marcha "St. Louis Blues", que tornou Glenn Miller também bastante famoso dentro do puzzle militar Americano. No caso presente, a música não funcionou como arma política, mas sim como arma transformante de novidade, de interligação entre uma marcha normal e uma adaptação de estilo, que estava em voga à época. Essa fusão entre o tradicional e a introdução do Blues resultou de tal forma, que ainda hoje se recorda o episódio descrito anteriormente. Alguns críticos afirmam que o contributo do jazz para a música da sua orquestra foi insignificante, mas outros consideram que o seu som representa o paradigma da música popular do seu tempo, bem como a novidade do desfile de blues em marchas e desfiles de cariz militar. OSBLUES A MÚSICA REVOLUCIONA ESTILOS Uma pequena história real, algumas vezes omitida tem a ver com o fato dos desfiles militares onde a Banda da Força Aérea participava, serem efectuados sem chama nem brilho, transmitindo um completo desalento para o Regimento. Apercebendo-se disso, o Comandante desse mesmo Regimento colocou um desafio a Glenn Miller no sentido deste mandar executar uma peça no desfile que desse ânimo e alento às forças em parada. Assim, perante tal desafio, o Maestro transformou uma peça monótona numa brilhante marcha em estilo de Blues, para que as tropas marchassem com essa dinâmica e com essa novidade sonora, o No final do Séc. XIX, a música europeia explodia em todas as direções, libertando-se das velhas amarras, absorvendo cada vez mais influências de outras culturas e de outros países vizinhos, acompanhando as seduções que provinham de variados lugares, etnias e estilos. Neste século de viragem vão surgir várias modificações estruturais, onde a música até vai rumar ao cinema, ao teatro e à guerra. É neste contexto de mudança que surgem vários estilos, dos quais se irá abordar o Blues, visto que se tornou um estilo musical que revolucionou a América, contagiando posteriormente outros Países. A legião de negros que trabalhava de forma desgastante nas plantações do delta do Mississipi ia-se embalando através de cantos 24 A Companhia reporaçOo os melhores dos Sopros de Instrumentos Marcos do é uma de Mercado empresa Sopro de vendo e PercussOo. exclusivo e de comercializando ~Vlw.sopros.co~ no sector. No seu Atelier de ReporaçOes. o Companhia dos Sopros tem 00 seu dispor uma equipo especializado que realiza serviços de monutençOo recorrendo e reporoçOo. sempre 6$ soluçOes mais adequadas. Visite a nossa loja online e descubra Rua 10 Dezembro malsl I Edifrclo ADAV I Bloco B I Lojo O I 3850-002 Albergaria - o - Velho I Telefone: +351234 --------- Boletim da Banda do Exército 190 191 I amall: [email protected] _ (; LI r-ídicB e espirituais negros e sobretudo dos "Blues". Apesar de a sua origem ser Africana, essa tradição é passada de pais para filhos e inteiramente ligada à escravatura, que assim ia com o seu ritmo sensual e vigoroso ajudar a tornar mais fácil, a difícil tarefa de ser serviçal. Segundo a lenda, foi em 1903 que o auto proclamado pai do ''Blue'', WC. Handy ouviu este estilo pela primeira vez, quando clandestinamente viajava num vagão de um comboio e observava um homem que tocava violão com um canivete. Segundo consta, foi aí que surgiu o primeiro Blues da história, cujo título é St. Louis Blues. Há, no entanto, quem afirme que o blues surgiu de uma forma mais ambiental e progressiva do que de uma única canção. De facto, a instrumentação das work songs (canções de trabalho) foi o marco inicial para o surgimento do blues como estilo de música, cujos primeiros protagonistas foram Charley Patton, Son House, Willie Brown Leroy Carr, Bo Carter, entre outros, os quais se encarregaram de tornar este estilo musical incómodo politicamente para muitos cidadãos, em virtude de constituir um grito de revolta Contra a escravatura. A MÚSICA POP E ROCK A partir da década de sessenta, surgiu também na América a chamada música pop, que era uma mistura de White Blues , Rock e Canções , muitas vezes com mensagens politicas e sociais, tipo canções de protesto, canções de trabalhadores, tal como um outro tipo de música chamado Pop-Art, que se baseava no efeito que tinha sobre as massas. Também a musica Rock surgiu a partir do RocknRoll, do Boogie-Woogie e do Rhythm'n'Blues negro. Essas emoções musicais populares foram desencadeadas principalmente por Bill Haley e Elvis Presley pois, através da música que produziam, criavam autênticas explosões frenéticas nas multidões , através das suas atitudes antiautoritárias bem como dos violentos ritmos que impunham à batida musical, criando assim graves problemas às autoridades do Estado. Essas manifestações tiveram o seu grande apogeu nas imensas agitações estudantis nessa mesma década, cujos grandes concertos eram frequentados por massas imensas de juventude, que queriam também ver e ouvir as inovações musicais e electroacústicas que eram executadas, bem como as inovações musicais que constantemente eram estreadas em 1a audição. DMITRI SHOSTAKOVITCH SOVIÉTICA E A CENSURA Dmítrí Shostakovitch foi um compositor de música clássica ru s , nascido em ão Petersburgo ________ na União Soviética a 25 de Setembro de 1906 , falecendo a 9 de Agosto de 1975 em Moscovo. O clima cultural da União Soviética nos finais da década de 1920 caracterizava-se por uma relativa liberdade. No campo musical, isso significava a possibilidade de conhecer as obras de músicos que, como Stravinsky ou Schônberg, estayam a realizar experiências muito importantes na linguagem musical. Por exemplo, Bartók e Hindemith conseguiram visitar a URSS e apresentar as suas próprias obras. Shostakovitch absorveu essas influências e integrou-as nas suas diversas composições. Como resultado dessa investigação na linguagem musical, compôs em 1928 a ópera "O Nariz", que motivou uma forte crítica por parte da Associação Proletária de Compositores Russos na qual esta obra era qualificada de burguesa. Em 1932, o jornal Pravda opinou sobre uma nova ópera, intitulada "Lady Macbeth do Distrito de Mzensk". As duas óperas criadas até aquela data, somadas à sua Sinfonia n.? 4, foram censuradas e proibidas de serem apresentadas publicamente até 1937. AS RÁDIOS CLANDESTINAS Segundo Rosas, uma vez que em Portugal tudo era alvo de apertado controle, foi necessário haver rádios clandestinas que operavam de uma forma revolucionária contra a ditadura do Estado Novo. Durante a década que durou o regime militar saído do golpe de 28 de Maio de 1926, houve em Portugal três estações clandestinas que se chamavam: primeira a Rádio Fantasma, mas que se designava por Rádio Revolução, que emitia a partir de Barcelona. A segunda era a Rádio Voz da Liberdade, que foi criada a partir da Frente Portuguesa Março 2012 -------- 25 ~ LI r-ídice. de Libertação Nacional (FPLN) em Argel, em que a voz de referência era a de Manuel Alegre, que após ter sido detido pela PIDE em Angola e depois libertado, fugiu de Portugal e fixou residência em Argel. A terceira rádio clandestina foi a Rádio Portugal Livre, sendo esta uma emissora dependente do PCP, que emitia a partir das instalações da Rádio de Bucareste na Roménia. Dentro do Território Nacional granjeou bastante popularidade e audiência, tanto através das mensagens de voz como também da música que utilizava como arma de arremesso ao regime de então. Não houve apenas estas três estações de rádio a emitir clandestinamente em Portugal, houve mais, tendo inclusivamente a Emissora Nacional chegado a difundir notícias na década de 60, que procuravam combater as influências e a dinâmica de fiscalização que o Governo mandava efetuar, passando as bandas sonoras que não eram muito convenientes ao regime fascista que detinha o poder em Portugal, e que pouco a pouco iam proliferando através da mensagem de voz, da música e dos novos ideais políticos para o nosso Portugal, constituindo por isso uma bela arma de arremesso na difusão de novos estilos musicais e de novas tendências melodiosas que ocorriam um pouco por todo o lado. o MOVIMENTO 26 HIPPIE Um novo movimento, que surgiu na América na década de 60, teve como principal ideologia acreditar na paz como forma de resolver diferenças entre povos, ideologias e religiões. Para se conseguir a paz é como o amor e a tolerância. Amar significa a aceitação de outra pessoa, dar-lhe a liberdade para se expressar e não a julgar baseado em aparências. Este é o núcleo da filosofia do hippie, que também se traduziu em música. Começaram a surgir jovens rebeldes, delinquentes e desajustados, que tinham um enorme potencial criativo com os seus próprios ideais, o rock psicadélico, as drogas e as contradições dos antigos valores dados pela sociedade, marcando esse período "mágico". Nos anos 50, começaram a surgir movimentos com esses pensamentos, como por exemplo: Os Beatniks. No pós-guerra, os jovens começaram a ter um .sentimento de insatisfação, apesar de ainda seguirem os antigos dogmas da sociedade. Na América nos anos 50, os jovens não queriam aquilo que consideravam uma vida medíocre e superficial onde viviam, pois queriam alcançar a liberdade, novas aventuras e sobretudo algo tipo emoções um pouco diferentes. --------_ Pela rejeição da sociedade onde viviam, entram no mundo das drogas e do álcool e vão para a estrada em busca de aventuras, surgindo assim a geração "beat". Possuíam uma linguagem própria e, sem o uso de regras, escreviam as suas próprias literaturas. Nesse período surgem escritores que vão ter uma grande influência na juventude devido às suas teorias de erotismo e obscenidade, que fizeram de Allen Ginsberg um símbolo mundial de depravação sexual. O Livro de Jack Kerouac, "Pé na Estrada", conta as aventuras pela estrada, sendo considerada "a bíblia dos beatniks". Outro movimento surgiu em S. Francisco (1965), sendo responsável pela organização do 10 baile de rock na cidade, cujo nome era "The Family Dog". Os blues eram as suas músicas preferidas, cujas letras davam aso às suas frustrações, acompanhadas por ideais religiosos, crenças diversas e filosofias de âmbito hippies. Eles exigiam das autoridades, casa, alimentação e assistência médica. Envolvendo os Beatles, foi o acontecimento que ocorreu quando foi transmitida diretamente para 200 milhões de pessoas em vários países, a canção ''Ali You Need is Love " , onde eles nessa letra cantaram, proferindo que tudo era possível desde que existisse amor. Mais tarde, na famosa marcha sobre o Pentágono, ocorreu um dos maiores confrontos entre os estudantes e as forças policiais, sendo esse facto puramente político. Esta gente, que acreditou ser capaz de acabar uma guerra e modificar o mundo, deixou um gérmen que acabaria por ser lançado à humanidade, refletindo-se nas partes mais longínquas do planeta. Uma nova doutrina, uma nova moral e novos valores foram semeados na mente das populações, graças à juventude dos anos 60. Essa semente está atual e ainda hoje está dentro de cada um de nós, permitindo-nos sonhar e acreditar na sua realização, "aliás o sonho dificilmente acabará". Boletim da Banda do Exército _ ~ur-ídicB THEBEATLES Segundo Pugialli, musicalmente a década de 60 ficou conhecida pelo aparecimento da banda de rock britânica formada em Liverpool, que foi um dos grupos mais bem sucedidos e aclamados na história da música popular, cujo nome é de todos . te conhecido: The Beatles. partir 62, o grupo era por John Lennon (guitarra rítmica e vocal), Paul McCartney (baixo e vocal), George Harrison (guitarra solo e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal). Referenciada do skiffle e do rock and roli da década de 1950, a banda veio mais tarde a assumir diversos géneros que vão do folk rock ao rock psicadélico, muitas vezes incorporando elementos da música clássica e outros em formas inovadoras e criativas. A crescente popularidade que a imprensa britânica chamava de "Beatlemania", fez com que eles crescessem em sofisticação. Os Beatles vieram a ser conhecidos como a encarnação de ideais progressistas e a sua influência estendeu-se até às revoluções sociais e culturais da década de 1960. Com a formação inicial de Lennon, McCartney, Harrison, Stqart Sutcliffe (baixo) e Pete Best (bateria), os Beatles construíram a sua reputação nos pubs de Liverpool e Hamburgo durante um período de três anos a partir de 1960. Sutcliffe deixou o grupo em 61, e Best foi substituído por Starr no ano seguinte. Com equipamentos profissionais adaptados por Brian Epstein, que depois se ofereceu para gerir a banda, e com o seu potencial reforçado pela criatividade do produtor George Martin, os Beatles alcançaram um sucesso imediato no Reino Unido com o seu primeiro single "Love Me Do". Ganhando popularidade internacional a partir do ano seguinte, viajaram intensivamente até 1966, quando se retiraram para trabalhar em estúdio até à sua dissolução definitiva em 1970. Cada músico seguiu então para uma carreira independente. McCartney e Starr continuam ativos; Lennon foi baleado e morto em 1980 e Harrison morreu de cancro em 2001. (R)EVOLUÇÃO MUSICAL Ainda egundo Pugialli, considera-se o hit She Laves You (1963), compo to pela dupla Lennon/ Mc artney e ba ead na ideia original de Paul, a primeira grande re lução musical protagoniza________ da pela banda. Se até então, o rock era composto basicamente por 3 acordes simples, batida forte, insistente e uma melodia de fácil memorização, nesta canção são utilizados acordes dissonantes de sexta maior e sétima maior, até então possíveis apenas no jazz: Mi menor ---+ Lá Maior com r ---+ Do Maior ---+ Sol Maior (adicionando à 6°). A incorporação da dissonância ao rock foi o primeiro grande legado do grupo à música popular do século XX. Ainda no campo musical versus revolução social, não existe sombra de dúvida que este agrupamento musical preconizou a todos os níveis uma revolução política, social, moral, mental e cultural, como não deve ter havido memória no mundo contemporâneo. o 25 DE ABRIL EM PORTUGAL Portugal, um país à beira mar plantado, continuava a ser um Estado onde a pobreza e o analfabetismo, associados à miséria e à ditadura , infelizmente fazia parte do grupo de Países referenciados, que mais cedo ou mais tarde teria de mudar de atitude e de política. O povo estava saturado da forma de governação a que o País assistia há algumas dezenas de anos, tornando-se eminente uma mudança político-social que estaria a ser planeada. OS MÚSICOS DE INTERVENÇÃO Na clandestinidade, os nossos músicos, compositores e cantores lá iam compondo as letras e músicas que, depois de passarem pela peneira da censura, algumas eram autorizadas a serem executadas e gravadas para depois irem para a rádio. Neste contexto, referencia-se o nome de alguns intérpretes e autores de muitas músicas e letras que contribuíram de forma eficiente para a libertação do nosso País, sendo essa a forma encontrada para poderem dar aso ao seu descontentamento político, de uma forma algo subversiva e politicamente eficaz. António Pedro Braga, Fausto Bordalo Dias, Francisco Fanhais, Francisco Naia, GAC - vozes da luta, Zeca Afonso, José Mario Branco, Luis Cilia, Manuel Freire, Pedro Barroso, Quartetto 1111, Sergio Godinho, Sergio o. Sá, Tino Flores, Vieira da Silva, Vitorino, Atahualpa Yupanqui, Patxi Andión, Victor Jara, entre outros, são alguns dos cantores que durante alguns anos, através da sua música foram corroendo o poder. Obviamente que tiveram alguns dissabores como era de prever, no entanto as suas músicas, os seus textos e as suas letras, fizeram eco contra a governação, onde se aplica o velho ditado: «água mole em pedra dura, tanto bate até que fura ... » Março 2012 --------- 27 Sérgio Godinho é um poeta, compositor e intérprete português que nasceu no Porto em 31 de Agosto de 1945. Como compositor, autor e cantor personifica perfeitamente a sua música "O Homem dos 7 Instrumentos". Multifacetado, também já representou em filmes, séries televisivas e peças teatrais. A dramaturgia surge com a assinatura de algumas peças de teatro assumindo-se também como realizador e cantor de intervenção. José Manuel Cerqueira Monso dos Santos nasceu em Aveiro a 2 de Agosto de 1929 vindo a falecer em 23 de Fevereiro de 1987 em Setúbal. Mais conhecido por Zeca Monso ou José Monso, foi um cantor e compositor português. Proveniente do fado de Coimbra, foi uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa que se desenvolveu na década de 60 do século XX. Zeca Afonso ficou indelevelmente associado ao derrube do Estado Novo, regime de ditadura vigente em Portugal entre 1933 e 1974, uma vez que uma das suas composições, "Grândola, Vila Morena" foi utilizada como senha pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) que instaurou a democracia, em 25 de Abril de 1974. A SENHA DO 25 DE ABRIL EM MÚSICA 28 Após várias tentativas de golpes de Estado que foram surgindo inopinadamente no País e que foram todas fracassadas, os Governantes admitiam que o seu reinado estava perto do fim, mas para espanto histórico, a canção que fez marchar a revolução na madrugada de 25 de Abril de 1974 não foi censurada. Esta canção tornar-se-á famosa ao ser escolhida como senha para a revolução do 25 de Abril. Houve duas senhas. A primeira, às 23h, foi a música "E depois do adeus" de Paulo de Carvalho. Grândola foi a segunda e passou no programa "Limite" da Rádio Renascença às 00.20h do dia 25. Foi o sinal para o arranque das tropas mais afastadas de Lisboa e a confirmação de que a revolução ganhava terreno e estava em marcha, para Portugal poder assistir a este golpe militar que derrubou o Regime Ditatorial, que foi posto em marcha através das senhas musicais. CONCLUSÃO Para enquadrar o tema '54 Música como Arma Política", viajámos cerca de cento e tal anos de história do nosso País e efectuou-se uma síntese dos vários acontecimentos em que a música, conclusivamente desempenha um papel preponderante na sociedade da época. A viagem ao mundo da monarquia, com o Hino Nacional da "Carta" e a forma como a música ti------- __ nha impacto nos revoltosos, até à audição e forma de propaganda da Marcha Heróica ''A Portuguesa", foi fascinante e elucidativa para se concluir como uma simples letra e posterior melodia pode ser tão poderosa nos panoramas político-culturais, motivando os diversos grupos revolucionários contemporâneos. Passando depois para a América, para podermos verificar como os Blues e a música Pop Rock se implantaram nas diversas sociedades, bem como os novos sons que Glenn Miller transmitiu com a sua Orquestra e não só, contribuiram para uma nova forma e estilo musical, cuja importância dos novos géneros de música se impuseram naturalmente e como conclusivamente cumprem uma tarefa dinamizadora no campo musical, político e social. Na Rússia focou-se a personagem musical de Dmitri Shostakovitch, bem como a sua vida num determinado momento, quase sempre alvo de vigia pelo Regime Soviético, e uma vez mais se averigua quanto a mensagem musical por vezes se torna incómoda. No mundo contemporâneo e desde há bem pouco tempo, conclui-se que as rádios como meio difusor de notícias e de causar sensações musicais, foram utilizadas nas diversas intentonas, focalizando-se a sua parte analítica, bem como os movimentos Hippies e como as suas músicas foram utilizadas como armas reivindicativas politicamente, para posteriormente nos anos 60 podermos apreciar a explosão Beatlemania e as suas consequências no mundo moderno. O papel subversivo das canções e dos cantores de intervenção, a afronta e desgaste constante à política Portuguesa que culminou com a Revolução dos Cravos, o início da ação do M.F.A. através das senhas musicais do 25 de Abril, são fatos recentes em que a arte das musas uma vez mais está associada. Conclui-se que a forma encontrada para o arranque da revolução militar resultou em pleno através da música, sendo sem sombra de dúvida uma perfeita arma política para o derrube de um regime ditatorial de quatro décadas, sendo essa mesma revolução um belo exemplo para todo o Mundo e especialmente muito importante e relevante para os Portugueses. Fontes: GALWAY James - MÚSICA no Tempo, A - Fotocomposto em Times por Foto!C' M~rço~de 1983 por Gri Impressores/Cacém , LEITb, Teixeira - Como Nasceu a Portuguesa Composto e impresso nas Olicln ficas da S,E,C.S, para I,dições TERRA LlVRE em Junho de 1978 MlC] IELS, Ulrich - Atlas da Música II - Depósito I.egal "256010/2007 PUGIALLI, Ricardo - Beatlemania, ~S,I.I: Ediouro, 2008, ISBN 9788500019913 \ SOUSA, Manuel, Reis e Rainhas de 1 ortugal, Editora porPress 1.' edição Mcrn 2000, páginas 11 a 15, ISBN 972 97256-9 1 " RELKfOS c contactos pessoais.. diversos ". ' " , .. ( ROSAS, Fernando e I. M, Brandâo de Brito dicionário de história do hSTADO 1'< 2" volume Bertrand Editora, Ld' Depósito Legaln" 105498/96 ISBN: 972·25 Boletim da Banda do Exército _ (; LI r-íd i ce. Ciclo das Bandas Militares e Militarizadas em Portugal Artigo elaborado pelo Comissário Ferreira Brito Banda Sinfónica da Polícia de Segurança Pública 29 Sob o ponto de vista histórico, a Banda Sinfónica da PSP deverá ser a mais recente no contexto nacional. No entant , não deixa de ter um papel marcante no panorama musical português. ão é fácil encontrar documentação nde venham expressas referências à existência deste agrupament musical, talvez devido à ua juventude! Res altam apontamentos na Revista da P P, algumas notícias em jornais, algumas fotos perdidas n arquiv s de várias instituiçõe públicas e privadas. ________ PERSPETIVA HISTÓRICA . .. Era uma vez um pequeno grupo de policias que sabiam tocar um instrumento musical! No ano de 1925, o Coronel Ferreira do Amaral, então Comandante da Policia Cívica de Lisboa, por suge tão do 2° Comandante, Major António José Rodrigues, convidou o Maestro apitão Esteves Graça para fazer daquele agrupamento de policias-músicos, que se juntavam de vez em quand ,um grupo artisticamente desenvolvido de forma Março 2012 -------- a tomarem parte nas diversas cerimónias policiais da altura. António José Esteves Graça nasceu a 30 de Novembro de 1869. Assentou praça aos oito anos de idade como aprendiz de música; aos quinze foi promovido a músico de 1a classe. De posto em posto atingiu o posto de Capitão. Sob o seu uniforme borbulhava uma verdadeira alma de artista: mestre de charanga de cavalaria, professor de música na Escola Académica, maestro de orquestras, autor de imensas composições, colaborador em muitas operetas e revistas. No entanto, a sua maior glória foi a organização da Banda de Música e Banda de Corneteiros da Polícia, nos termos acima descritos. De forma empreendedora soube o Capitão Esteves Graça elevar o nivel artístico daquele grupo, atingindo uma determinada qualidade musical, apresentando-se publicamente pela primeira vez no ano de 1926. Decorria o ano de 1927 quando a Polícia Cívica de Lisboa se transforma na Polícia de Segurança Pública e sob a batuta do Capitão Graça o agrupamento de polícias-músicos tornou-se na primeira Banda de Música da PSP. Anos passaram, os Maestros que tomaram conta do aspeto artístico aperceberam-se que a qualidade musical continuava um pouco aquém das suas congéneres, pois mantinham uma atitude amadora, sem objetivos artísticos e organizativos bem definidos. Os seus efetivos continuavam a ser preenchidos por elementos oriundos das fileiras da Polícia que nas suas horas de folga se juntavam e "faziam" música. Em termos artísticos, a Banda de Música da PSP era considerada como parente pobre das Bandas profissionais portuguesas. Quantidade de Ingressos na Banda Sinfónica da psp desde a sua ofIclallzaçlo (Internos e externos) 20 15 10 5 .• 1 30 No dealbar dos anos 80 do Séc. XX, mais precisamente em Abril Entre 1927 e 1950, a Banda de de 1981, com o Decreto-Lei n°. 88, Música da PSP teve como Chefe o reforçado com a Portaria n°. 665 Capitão Armando Fernandes. Du(onde estão regulamentadas as conrante este período, mais precisamendições de recrutamento e ingresso te em 1936, a Banda atingiu um nído pessoal da Banda), de 03 de Juvel artístico considerável, espelhado no 1° Prémio obtido no concurso de lho, definidas pelas NEP de AgosMarchas Militares, organizado pela to de 1982 e sob a persistência e o Emissora Nacional de Radiodifusão. árduo trabalho do Major Silvério de Entre 1959 e 1969 o Alferes Álva- Campos, contando com a ajuda de ro Sousa tomou o leme da Banda, alguns Comandantes de Polícia, um sendo sucedido pelo Capitão Pinto novo agrupamento nascia: a BANRodrigues até 1979, sendosubstituído DA SINFÓNICA DA PSP, constipelo Major Silvério de Campos. tuída por 114 instrumentistas organizados em madeiras, metais, cordas e percussão! Embora, tal como hoje, se vivesse uma época de grande recessão económica, a aposta de vários Comandantes e do Governo de então constituiu um momento de modernização e arejamento de ideias e de ideais da PSP. Constituiu uma meta há muito desejada por in trurnentis- --- tas, maestros e alguns oficiais de Polícia. Foi um momento de regozijo! Porém, o número existente de instrumentistas não era suficiente para preencher o Quadro Orgânico de 114 elementos, conforme havia sido regulamentado. Tornara-se necessário transformar a agora Banda Sinfónica da PSP num grupo de músicos-polícias. Foram abertos concursos externos e internos de forma a colmatar as lacunas existentes. Através dos concursos externos entraram novos elementos oriundos de Conservatórios,Academias,Bandas Boletim da Banda do Exército II • Filarmónicas, Bandas Militares, etc ... depois de prestarem provas perante um Júri constituído para o efeito; através dos concursos internos, elementos que pertencendo já à corporação demonstraram ser possuidores de conhecimentos técnico-musicais para ingressarem na Banda Sinfónica. No quadro acima podemos constatar a quantidade de ingressos que se juntaram aos 22 elementos oriundos da Banda do Comando Distrital da PSP de Lisboa. Verifica-se uma grande quantidade de ingressos nos anos 80, atingindo-se a quase nulidade de admissões nos anos 90 e nenhuma entrada a partir de 2001, ressalvando-se apenas uma entrada em 2008, por concurso interno. Foram abertos c ncursos de promoção às diversas categorias de f rma a serem cativados instrumentistas a permanecerem no efectivo da Banda, espelhados n quadro dernonstrativo seguinte: _ 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 • Agente Principal - - • Comissário f- • Gualrda/Agente • Chefe de Esquadra/Subcomissário • Subchefe Ajudante ~ .Subchefe I=I-I--f-- ~ ~ 1---= F= ~ ~ ~ r--- O 5 10 15 Para trás mais alguns anos ficaram e todos aqueles que tinham ditado uma morte à nascença desta Banda (e não eram poucos!) enganaram-se, pois a Banda contin;lOu a crescer e a dar os seus frutos. Arduo trabalho e muito empenho de todos os envolvidos no processo. Limando arestas e remando contra marés e marinheiros, a Banda Sinfónica da PSP impôs-se no meio musical português de uma forma inequivoca. Tornara-se imperioso atrair novos públicos e para tal foi necessária uma criteriosa escolha de repertório direcionado para públicos-alvo. Aparecem convites para atuações na TV, Rádio e Cinema, a par dos normais concertos e paradas! Vindos do estrangeiro chegam convites para a participação em Festivais d~ Bandas Militares: Saumur e St. Etienne Contaram com a presença da Banda da PSP. Muitos outros foram declinados por questões financeiras. o entanto, daqueles fe tivais onde foi Possível estar presente chegaram os maiores elogios, quer pela sua apresentação em concerto, quer em patada e tatt . os finai dos ano 90 do éculo pa sad ,mai uma etapa começa a desenhar- e: a c nstrução de uma ala de Ensai! om a persistência do seu hefe d Banda de então, ________ 20 25 30 35 40 Subintendente Ernesto Esteves, esta etapa começou a tomar forma e no ano de 2003 a Banda mudou das parcas instalações da Ajuda para as novas de Belas! Um novo patamar foi atingido no desenvolvimento de uma Banda profissional. rr::====~=':=iiE:::!ijii:':;~•• PERSPETIVA ATUAL Todavia, nem tudo é um mar de rosas! A Banda Sinfónica da PSP continuou a apresentar-se publicamente em concertos sinfónicos, concertos de gala, concertos didáticos, concertos para crianças, concertos para idosos e paradas policiais, em atividades inseridas nos Programas "Escola Segura" e "Idoso em Segurança" e em concertos de solidariedade. Os primeiros tempos do Séc. XXI, etapa iniciada em 1995, representam início de um período conturbado na vida desta Banda. Mudanças das chefias da P P; alterações de legislação na Instituiçã sem que a Banda Març 2012 -------- 45 seja devidamente contextualizada; contingências financeiras; o surgimento de várias associações sócioprofissionais no seio da Instituição, que querendo algum protagonismo, tomam a Banda como alvo a abater, criando assim algum constrangimento nas decisões de quem teria alguma perspetiva de futuro para o agrupamento. Talvez se esqueçam que se a Banda for extinta os problemas da Polícia continuarão os mesmos! Aparecem reportagens na TV e nos jornais portugueses onde são feitos comentários depreciativos, fazendo da Banda a origem de algumas maleitas da Instituição! Ideólogos da PSP conseguem extinguir a FANFARRA DO COMETLIS, constituida por elementos policiais que se juntavam duas vezes por semana para ensaiar algum repertório, sobretudo marcial, tendo em vista apresentações públicas. Estes elementos mantinham as suas tarefas normais de Polícia. A Fanfarra extinguiu-se: os seus elementos continuaram a desempenhar as suas obrigações policiais, alguns passaram a fazer parte da Banda Sinfónica, os vencimentos continuaram a ser pagos! Resultado: um tiro no pé! Retomando o fio à meada, apesar das dificuldades, a Banda desenvolve a sua atividade, prestigiando a Instituição e o País, convidando solistas e maestros de renome mundial para se apresentarem publicamente com ela: Sir David Whittwell, Jan Jacobsen, 31 (;LI~ídicº Felix Hauswirth, Mitchel Fennell e Alain Crepin como Maestros. MariaJoão & Mário Laginha, LaliAsanashvili, Sofia de Castro, Yolanda Soares, Silvestre Fonseca, Agente Principal Pedro Tavares, Sara Belo, Saxofínia, Claude Delangle, Mário Marzi, Henk van Twillert, Sérgio Carolino, Carolino Carreira, Dimitri Kostopoulos, Raúl Mendes, entre outros, como solistas. Apresentam-se a solo vários Chefes e Agentes instrumentistas pertencentes à Banda Sinfónica da PSP. amaldiçoada e banida do contexto geral da PSP! A Banda Sinfónica da PSP passou a ser encarada como deveria, aliás como nos seus primórdios: prestigiar artisticamente a Corporação de tão nobres tradições; transmitir uma mensagem musical à população portuguesa de uma Polícia virada para a sociedade que tão intensamente reclama os seus serviços, querendo permanecer ao mesmo nível das melhores nações europeias. Quantidade de actividades Lisboa • Fora de Lisboa .Hotal 100 87 2003 32 2004 2005 No ano de 2005, o Maestro Comissário Ferreira Brito (na altura Chefe Adjunto e Maestro Assistente) encomenda ao compositor Carlos Marques (Balaú) uma obra que represente a vida de um polícia. Assim apareceu "lN MEMORIAM". Obra dedicada à PSP e, principalmente, a todos aqueles que pagaram com a própria vida a defesa da população. Estreada num concerto de gala que teve lugar no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, estando presentes diversas individualidades nacionais e estrangeiras, destacando-se S. Exa. o Presidente da República de então, Dr. Jorge Sampaio e Esposa. Obra marcante e sensível, que a dado momento (na secção de homenagem aos mortos) nos faz sacar do lenço e limpar as lágrimas que escorrem pela 'nossa face! Extremamente aplaudida pelo público presente, coincidiu com os assassinatos brutais de alguns agentes dias antes. Neste momento de dor e pesar, soube a Banda da PSP homenagear todos aqueles que tombaram ao serviço da Pátria, apesar de escorraçada, ------- 2007 2006 87 85 2008 2009 2010 O último concurso para entrada de novos elementos aconteceu em 2001. O último concurso de promoção a subchefe foi em 2000. Desde 2001 já passaram à aposentação cerca de 10 elementos! No próximo ano de 2012 mais 10 irão sair. Os argumentos da não renovação do quadro da Banda: contingências financeiras! Porém, nos outros ramos das forças de segurança e militares continuam a __ Boletim da Banda do Exército abrir todos os anos concursos de ingresso e de promoção. Contingências financeiras! Talvez ... Mas a Banda Sinfónica da PSP continua a sua saga gravando 5 CD' s, alguns para a editora Molenaar (sem qualquer dispêndio para a Instituição), colaborando com o Instituto Piaget de Almada no mestrado em Direção de Orquestra de Sopros. Retomam-se os concertos nos dias comemorativos dos Comandos de Polícia, até então postos de lado. Percorre-se o país de norte a sul, ilhas incluídas! São percorridos anualmente milhares de km. Foram criados uma "Big Band" e um "Grupo de Metais" que tomam parte em alguns eventos. Efetuaram-se concertos no CCB transmitidos em direto para todo o mundo pela RTP / Antena 2. Convém frisar que todas estas atividades são sem custos para a PSP. A entidade solicitante deverá suportar todas as despesas inerentes à deslocação da Banda. Já que se fala de estatística, pode referir-se que nos últimos 11 anos foram apresentadas publicamente mais de 200 obras musicais, muitas delas em estreia mundial! Foram oficiais Chefes da Banda Sinfónica da PSP: Major Silvério de Campos, Subintendente Ernesto Esteves, Subcomissário Alberto de Freitas. Atualmente, o Comissário Ferreira Brito desempenha as funções de Chefe da Banda em Exercício. Em exercícioporque ainda não houve nomeação do novo Chefe da Banda Sinfónica da PSP! _ I; Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus e a Comissão daquela efeméride atribuíram à Banda Sinfónica da PSP um Diploma no qual se declara ser esta: "Benemérita de Honra da Ordem Hospitaleira em Portugal e das celebrações culturais do V Centenário do Nascimento de S. João de Deus". No 1280 Aniversário da Cruz Vermelha Internacional, a Banda Sinfónica foi agraciada com o Diploma e Medalha de asradecimento pela "ESPONTANEA E VALIOSA COOPERAÇÃO" prestada àquela Instituição. Aquando das comemorações do "V Centenário do Nascimento de S. João de Deus", a Província SONIGt-\T:: REfRESHING LI ,..íd icº PERSPETIVA FUTURA Estamos no ano de 2012. Como foi dito, este ano mais alguns elementos terminam a sua prestação nas fileiras da PSP! Estas saídas ir-se-âo refletir ainda mais em certos. naipes! Pela Chefia da Banda são apresentados os avisos e as propostas para se ultrapassarem as lacunas. Há pelo menos 10 anos que a Banda Sinfónica espera uma solução. Fazem parte da Banda Sinfónica da PSP um conjunto de instrumentistas de craveira internacional, muitos deles licenciados e mestres em diversos instrumentos e direção. Que futuro podem esperar os jovens agentes?! Que futuro poderemos esperar de um agrupamento, ainda jovem, que já deu um enorme contributo para a cultura do seu país? Cultura que não tem preço. Morrem os governantes e os governados, mas permanece eternamente a cultura de uma nação. E é esta cultura que identifica um povo para a eternidade ... Melhores dias virão! A ver vamos ... • LEIRITRÓNICA A maior loja de música do país, os melhores preços da Europa! Sonigate Leiritronica, Lda Rua Marco da Légua. Barosa . 2400-016 Leiria Tel. +351244880270 Fax +351244812614 (; LI r-ídicª ENTREVISTA Ferreira Brito Maestro Comissário, Chefe da Banda Sinfónica da PSP, em Exercício "A Banda Sinfónica da PSP tem um papel muito importante no meio musical nacional" TEXTO lSarg MUS Óscar Oliveira SAj MUS João Azevedo FOTO 34 Eurídice: Como surgiu o seu interesse pela direção? Comissário Ferreira Brito: Quando entrei para o Exército faltava-me uma disciplina para completar o 12° ano. Depois de concluir o 15° Curso de Formação de Sargentos quis prosseguir os estudos ao nível superior, sendo necessário concluir o 12° ano, o que veio a acontecer. O meu gosto e interesse pela música eram de âmbito geral e o Curso Superior de Direção de Orquestra surgiu nesse mesmo ano na Academia Nacional Superior de Orquestra. Realizei as provas obrigatórias comuns a todos os candidatos ao ensino superior (pGA e Prova Específica), candidatei-me à ANSO, fiz as provas que eram exigidas (Análise e Direção de Orquestra), fiquei aprovado e fui o aluno n°. 1 daquela instituição. Foi todo um processo natural, sem nenhum "chamamento" vocacional. Apenas a vontade de aprender mais ... Qual o motivo que o levou a enveredar pelo curso de direção no meio académico civil, uma vez que já tinha um percurso militar na Banda do Exército, podendo assim fazê-lo no Exército? Nunca foi minha ambição ser Oficial Chefe de Banda! Não fazia parte dos meus planos ... Prossegui os meus estudos musicais porque entendo que os músicos (instrumentistas e maestros) militares/ militarizados não devem ficar parados depois de passarem ao QP, como infelizmente acontece na maioria dos casos! Pensam que já sabem a "música" toda! O ordenado é certo ao fim do mês! Por --------- mero acaso. Que aconteceu depois do Curso Superior de Direção de Orquestra? Bem, depois continuei como instrumentista de Saxofone na Banda do Exército, já que em Portugal não existia mais nenhum grau académico, após a licenciatura, no curso de direção. Fui convidado para ser o Maestro das Orquestras do Conservatório Metropolitano e para lecionar Saxofone e História da Música. Continuei a ser professor de Saxofone no Conservatório Regional do Baixo Alentejo ... Mas fui sempre trabalhando e estudando as obras. Ouvi e vi muitos concertos de maestros de renome internacional, uns muito bons, outros nem por isso, participei como formando e como formador em alguns cursos/projetos um pouco por todo o pais. Considera que o Maestro Jean Marc Burfin, que já tivemos o prazer de entrevistar, foi e continua a ser o grande pilar do curso de direção? Sim, sem dúvida, ele é a referência a nível nacional r;o ensino da direção de orquestra. E um professor e maestro muito sofisticad , exrgente e competente. Boletim da Banda do Exército _ ~LI,.ídjcg Que matérias abordou no seu curso e em qual! quais teve mais dificuldades? As matérias que abordei foram a Direção de Orquestra (Teoria e Prática), Análise, Sociologia da Música, Estética e História da Linguagem Musical, Acústica, Piano, Redução de Partituras ao Piano, Orquestração, Gestão e Produção de Orquestras, entre outras. Onde tive mais dificuldades foi, sem dúvida, na Redução de Partituras ao Piano. Um indivíduo que, como eu tem pouca formação em Piano, é confrontado com composições orquestrais para serem tocadas naquele instrumento, torna-se muito difícil: falta-nos a técnica. Que maestro/maestros é para si uma referência a nível nacional? Sinceramente, não posso dizer que haja um maestro que sirva como referência nacional! Existem maestros bons, mas servirem como referência? Não vejo algum ... E estrangeiros? Leonard Bernstein, Simon Ratle, Mariss ]ansons ... Quais são as suas referências contemporâneas para Banda? E já agora, se as houver clássicas, quais são e por quê? Nas do passado é sem dúvida Gustav Holst a figura fulcral, uma vez que foi dos primeiros compositores a escrever obras originais para banda tendo em conta os aspetos tímbricos ao seu dispor. Antes de Holst já se compunha para Banda é claro, mas de uma forma "tudo ao molho"! Mas há um fator muito importante neste arranque: a revolução industrial! Novos instrumentos, novas técnicas aplicadas aos antigos, aparecimento de Bandas em todo o lado, pois havia dinheiro e era necessário dar entretenimento aos operários que trabalhavam longas horas, etc ... Em termos atuais existem vários compositores/ maestros e instrumentistas que são referências mundiais ao nível das Bandas: ]ohan de Meij, Douglas Bostock, Philip Sparke, Carlos Marques, Carlos Marques (Balaú), tantos outros ... Como foi o seu início na música, onde realizou a sua aprendizagem e quando ingressa no Exército? Iniciei a minha aprendizagem musical quando tinha onze anos. O meu pai perguntou-me se não gostava de aprender música. u disse que sim e levou-me à Academia de Música de Paços Brandão (Santa Maria da Feira), onde me apresentaram vários in trumento , escolhi o saxofone. O meu primeir profe sor D i Antóni Gomes, mas vim a terminar o cur naquela academia com o professor Domingo Freitas, bem como todas as outras _________ disciplinas obrigatórias. A minha ida para a Banda da Região Militar do Norte aconteceu , também , por mero acaso: reprovei a matemática no 12° ano; uma vez que ia estar praticamente parado um ano só para fazer aquela disciplina, o meu professor de saxofone aconselhou-me a ir para a Banda Militar do Porto, nem que fosse só para "despachar" o cumprimento do serviço militar obrigatório, ficando esta fase da minha vida arrumada. Não achei que fosse uma má ideia e concorri. Fui aprovado e fiquei colocado na Banda do Porto. Estando quase a terminar o tempo de tropa para voluntários, que na altura eram 16 meses, e fazendo eu vontade de sair para a vida civil, o então Alferes Gonçalves teve uma conversa comigo aconselhando-me a permanecer no Exército, pois a vida profissional cá fora estava complicada e por aquilo que conhecia de mim profissionalmente, teria fortes possibilidades de fazer carreira como músico profissional! E lá meti o contrato, permanecendo na Banda da RMN até concorrer ao 15° Curso de Formação de Sargentos. Terminado este fui colocado na Banda do Exército em Queluz ... Como surgiu a oportunidade de ingressar na Banda da PSP como Maestro e Chefe de Banda? No início do ano 2000 surge a possibilidade de concorrer para uma vaga de Maestro Assistente da Banda Sinfónica da Polícia de Segurança Pública. Nunca me tinha passado pela cabeça que seria possível alguém do QP de um ramo das Forças Armadas poder concorrer e transitar para outra força, neste caso de segurança e pertencendo a outro ministério. Mas pelos vistos era possível! Ainda levei uns dias a pensar no assunto, pois nunca foi minha intenção ser Oficial Chefe de Banda! Na minha perspetiva, iria desempenhar função de Maestro, pois tomaria a mesma decisão se o posto atribuído fosse o de agente!! Decidi e propus-me a concurso, ficando aprovado após ter prestado provas públicas, ocupando a vaga com o posto de Subcomissário em Maio desse mesmo ano. Quais os desafios mais marcantes com que se deparou nesta nova instituição? De uma forma rápida e concisa: Mudança de mentalidades! Mudança de hábitos de trabalho! Mudança de repertório! Numa instituição sem o cariz militar como é a Banda da PSP, quais as diferenças mais vincadas que gostaria de salientar entre esta e a Banda do Exército? Bem, embora sejam duas bandas pertencentes a instituições de matriz diferente, pelo facto de terem na sua génese diferentes missões e atribuições, no que toca aos seus papéis perante a sociedade que Março 2012 --------- 35 ~ LI r-íd i ce. servem, as diferenças entre as duas bandas, ao contrário do que se possa pensar, não são assim tão significativas. Todos nós usamos um uniforme e temos um regulamento de conduta e postura similares. As duas bandas são órgãos que assentam numa estrutura hierarquizada em que todos, desde o chefe da banda ao músico mais moderno, deverão saber qual o seu papel e responsabilidades a desempenhar, decorrentes do seu posto e função na banda. 36 Sabemos que, de há uns anos para cá, a Banda da PSP se depara com uma situação de falta de renovação dos seus quadros. Como encara esta situação? De facto, esta é uma realidade que vejo com muita preocupação e à qual me mantenho permanente e particularmente atento, recorrendo de todos os métodos possíveis para lembrar a situação aos meus superlores. Desde o ano de 2001 que não existem concursos para preenchimento de vagas existentes no quadro orgânico desta banda, apesar de continuarem a haver, ao longo destes 10-11 anos, concursos para agentes e concursos para subchefes da PSP. Esta situação, por ser já muito prolongada no tempo, e associada ao facto de alguns elementos terem saído da banda, ou porque atingiram o tempo de reforma ou por terem optado por outra vida profissional, levou a que, nalguns naipes o efetivo não garanta o cumprimento das missões atribuídas à banda, quer na sua vertente marcial quer na sua vertente sinfónica. As minhas responsabilidades como Chefe da Banda da PSP em Exercício (ao fim destes três anos após a saída do Subintendente Esteves, ainda ninguém foi nomeado Chefe da Banda PSP!) são, entre outras, também as de garantir que a banda se mantenha com o grau de operacionalidade que lhe é exigido superiormente para o cumprimento das missões que lhe são atribuídas. Como tal, tenho por diversas vezes apresentado superiormente, pela via hierárquica este problema, apresentando soluções nos meus relatórios, pois não podemos dizer apenas que as coisas estão mal, isso todos sabem, deveremos apresentar soluções. Continuam a existir solicitações para atuações da Banda da PSP em todo o território português? Sim, felizmente. De todo o país surgem solicitações para realizarmos concertos: câmaras municipais, salas de concerto, casas de cultura, sociedades filarmónicas, escolas, associações culturais, etc ... Para si, que importância institucional e social tem a Banda da PSP no meio musical nacional? A Banda Sinfónica da PSP tem um papel muito importante no meio musical nacional, como veículo cultural, de acesso a qualquer cidadão, em qualquer ponto do nosso país. É também um meio de combater o desemprego dos Jovens instrumentistas que saem das nossas escolas, isto se tudo estiver a funcionar na instituição ... Esta banda é um meio de dar a conhecer o trabalho de muitos compositores portugueses e também uma forma de levar e promover a imagem da PSP na sociedade à qual pre ta serviço. "Vejo com muita preocupação a falta de renovação dos quadros da Banda" "Desde o ano de 2001 que não existem concursos para preenchimento de vagas existentes" --------_ Boletim da Banda d Exército E entre as suas congéneres? _ (;ur-ídic~ Que opinião tem sobre a qualidade artística das nossas Bandas Militares e Militarizadas? Penso que a qualidade artística das bandas é muito boa e tem vindo a melhorar. Isto deve-se ao fato de os quadros das bandas terem, cada vez mais, aproveitamento dos nossos jovens com outro tipo de formação, frequentando e concluindo graus académicos nas diversas escolas da especialidade do nosso país. Existiu também uma evolução ao nivel de repertório, o que potenciou a qualidade de execução das bandas. O facto de haver maior abertura ao meio civil também tem contribuído para a boa qualidade e reconhecimento das bandas. Refiro-me às parcerias com escolas superiores na formação dos seus alunos, em masterclasses com maestros e professores nacionais e estrangeiros de renome internacional. Na Banda da PSP, temos vindo a convidar conceituados maestros para, esporadicamente, trabalharem e realizarem concertos connosco. Como perspetiva o futuro das nossas Bandas a médio/longo prazo? Penso que as nossas bandas têm um papel muito importante, não só como meio de divulgação cultural, mas também porque têm como função entre outras, aumentar os niveis animicos e de motivação das forças a que pertencem, através da arte que é a música. Apesar dos tempos que correm e da permanente reestruturação a que as bandas vêm sendo sujeitas, considero que as bandas vão continuar o seu trabalho, servindo as populações e as instituições onde se inserem. Que recordações guarda dos tempos em que serviu a Banda do Exército? Guardo muito boas recordações, afinal foram vários anos de convivênvia com camaradas que se tornaram amigos para toda a vida .. , Desenvolve-se uma boa camaradagem e estreitam-se relações entre os pares, da qual tenho boas memórias. A vivência própria duma Instituição como o Exército fortalece os laços entre as pessoas, começando na recruta, que quer queiram quer não é o fator decisivo no espírito de corpo de uma instituição, é nesta altura em que todos são iguais, todos têm que saltar, rastejar na lama, correr. .. As dificuldades são comuns a todos e todos se ajudam mutuamente a ultrapassar os obstáculos. Mas o que me deixou mais saudade foi o espírito de camaradagem existente! ão sei se hoje ainda se mantém! E ficam sempre histórias inesquecíveis para o resto da vida. Para finalizar, quais os projetos para o futuro com a Banda da PSP? Os projeto principais são o da atualização da legislação que regulamenta a Banda, pois os que existem tão desatualizado e continuar o nosso trabalh em pr Ida música e da cultura do nosso país. _________ Março 2012 --------_ ~ LI r-- í d i ce. Maestro Silva Dionísio Um olhar sobre a sua vida e obra Artigo elaborado pelo 1Sarg Bruno Madureira da Banda da Força Aérea Portuguesa, Doutorando em Estudos Artísticos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 38 Manuel da Silva Dionísio nasceu no concelho de Abrantes no dia 11 de Maio de 1912. Filho de José Dionísio, Sargento-Ajudante músico do Exército e de Genoveva Augusta da Silva Dionísio, cedo recebeu os primeiros ensinamentos musicais através do seu ~~t-. pai e posteriormente com Pires da Cruz e Lourenço Alves Ribeiro. Considerado uma das personalidades mais relevantes e influentes do século XX no âmbito da história da música para sopros em Portugal, foi maestro, compositor, promotor, professor e clarinetista. Foi sob a sua direção (1960-1973) que a Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana atingiu um dos seus períodos mais áureos, tendo obtido inúmeros êxitos, não só em Portugal, mas também na Holanda, na França, em Espanha e no Brasil. Pertenceu também aos quadros da Fnat/Inatel e foi durante a sua passagem por este organismo, que o mesmo teve a sua fase mais profícua e relevante no âmbito do apoio à música amadora, particularmente às bandas filarmónicas. Silva Dionísio foi uma personagem multifacetada. Além da sua carreira de mUSICO militar e do seu percurso no Inatel, colaborou com a Fundação Calouste Gulbenkian, com o Conselho Português da Música, com a Orquestra Filarmónica de Lisboa e Orquestra do Instituto de Angola, com o Departamento de Orquestras da RDP, com a Academia dos Amadores de Música, com a Academia de Música de Luanda, com o Montepio Filarmónico, com a Secretaria de Estado da Cultura, com a Associação Portuguesa de Educação Musical e com várias bandas filarmónicas. A carreira de músico militar N o dia 15 de Junho de 1927, Silva Dionísio foi incorporado no Exército Português. Após prestar o Juramento de Fidelidade, ficou colocado na Banda do Regimento de Infantaria n° 2 (RI2), em Abrantes. Posteriormente, passou pelas bandas dos Regimentos de Infantaria de Évora (Maio de 1928 a Junho de 1931 e novamente de Julho de 1933 a Julho de 1935), de Leiria (lunho de 1931 a Maio de 1932), de Lamego (Maio de 1932 a Julho de 1933) e pela Banda do Regimento de Sapadores dos Caminhos de Ferro (de Agosto de 1935 a Julho de 1937). Passou ainda pela Banda do RI de ------ __ Lagos 0ulho de 1937 a Julho de 1938) e pela Banda do Batalhão de Caçadores n" 5 (Iulho a Novembro de 1938). Em Novembro de 1938 ingressou na Banda da GNR onde permaneceu até à sua retirada em Dezembro de 1973. Em virtude da sua promoção a Oficial Chefe de Banda, em Dezembro de 1956, foi nomeado para chefiar a Banda do RI 16 de Evora (Dezembro de 1956 a Abril de 1958) e a Banda Militar de Luanda (Abril de 1958 a Abril de 1960). Sob a sua direção, a Banda Sinfónica da GNR conseguiu inúmeros êxitos, não só musicais mas também militares, tanto em Portugal como nas digressões feitas ao estrangeiro. Prova disso foi a participação e o êxito alcançado, em Junho de 1963, num evento de craveira mundial, o NATOTAPTOE, realizado na Holanda, a convite da Fundação NATO. Durante a sua permanência nas várias bandas ligadas ao Exército e à GNR foi promovido, por concurso, sucessivamente a 2° Cabo (1928), a 1° Cabo (1930), com a classificação de 18,8 valores, a Furriel (1930), com a classificação de 18 valores, a 2° Sargento (1932), com a classificação de 20 valores, a 1° Sargento (1933), com a classificação de 18,8 valores e Sargento-Ajudante (1937), com a classificação de 14,7 valores. Em 1956 foi aprovado no concurso para Oficial Chefe de Banda de Música com a classificação final de 14,3 valores. Em 1959 foi promovido a Tenente e em 1969 a Capitão, o seu último posto. o Maestro Silva Dionísio teve as suas primeiras experiências de direção em duas bandas filarmónicas. A primeira banda profissional que dirigiu como Oficial Chefe de Banda foi a Banda Militar do RI 16 de Évora, entre 1956 e 1958. Entre 1958 e 1960 dirigiu a Banda Militar de Luanda. Nesta cidade dirigiu também a Orquestra do Instituto de Angola, uma orquestra de formação clássica. No entanto, foi como chefe da Banda Sinfónica da GNR que Silva Dionísio se consagrou e atingiu o seu auge como maestro. Ele conseguiu levar frequentemente esta banda às melhores salas do país, tais como, o São Carlos, o Trindade, o Tivoli, o São Luí , a Aula Magna, o Coliseu dos Recreios, entre outro . Em 1963 gravou para a Radiotelevisão Francesa, em Paris, um concerto inteiramente preenchido com Boletim da Banda do Exército --------- ~Llr-ídicB obras de autores portugueses. Esse programa foi transmitido posteriormente pela Emissora Oficial Francesa com assinalável êxito. Em 1965 participou no "Festive Celebrations of the City of Badajoz" e no "IV Centenário da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro", no Brasil. Em 1968 deslocou-se novamente à Holanda, tendo-lhe sido conferida a honrosa missão de dirigir a Banda da NATO. Em 1969 dirigiu uma série de concertos integrados no "XIII Festival Gulbenkian". Nesse ano dirigiu também um concerto de música contemporânea integrado na "Semana da Música Americana" organizada pela Embaixada dos EUA e o concerto de encerramento do "Festival Internacional de Sintra", ao qual assistiu o Presidente da República. Paralelamente, em substituição do maestro Ivo Cruz, dirigiu concertos com a Orquestra Filarmónica de Lisboa no Tivoli, em 1968 e no Campo Municipal de Campismo, em 1969 e em 1970. Em 1969, na Argentina, dirigiu em dois concertos a Banda Sinfónica Municipal de Buenos Aires, a convite do seu amigo Maestro Mariano Drago, nos quais interpretou obras de A. Cassuto,]. A. Canongia, Alicia Terzian, L. F. Branco e R. Coelho e em 1970 dirigiu, no Rio de Janeiro, a Banda do Batalhão de Guardas do 1° Exército num concerto de música luso-brasileira com a colaboração do Coro Universitário Federal. Em 1984 e 1985 deslocou-se a Itália a fim de participar em dois festivais internacionais de bandas, nomeadamente em Bolonha e em Busseto, tendo sido escolhido para dirigir o concerto final no qual foram integradas 14 bandas de música com mais de mil executantes. Foi considerado pela imprensa italiana como "uma batuta de plena confiança". Claudio Alinovi intitulou-o de "Sumo Maestro"! As bandas filarmónicas Silva Dionísio colaborou também como maestro de bandas civis, nomeadamente com a Banda da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (BSFIA), entre 1946 e 1958 e com a Banda da Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela (BSFHP), entre 1938 e 1957. Com estas bandas conquistou êxitos assinaláveis, nomeadamente os concursos que venceu. A frente da BSFIA ganhou, em Dezembro de 1947, o 2° prémio do "Concurso de Bandas Civis" organizado pela Federação das Sociedades de Educação e Recreio. Nesse concurso interpretou obras de Sebastião Ribeiro, Simões Morais e Ruy Coelho. Com esta banda gravou para a Emissora Nacional no dia 26 de Outubro de 1951 obras de Júlio T. Branco, C. Friedemann, Rosseau, F. Mendelsshon, ]. Coelho Lima e Duarte Pestana. O primeiro prémio do concurso supracitado foi ganho pela outra banda dirigida por Silva Dionísio, nomeadamente a BSFHP. Também nas bandas filarmónicas Silva Dionísio foi alvo de várias homenagens. Em 1957, pouco tempo depois de ter abandonado a direção artística da BSFHP foi realizada uma festa de despedida ao maestro Dionísio e em Março de 1958, pouco antes ANOS " \ ü~ \\' TU 42 para participar como orador em colóquios, conferências e congressos sobre música. O primeiro concurso do qual Silva Dionísio fez parte do júri foi no concurso de eleição da "Rainha das Cantadeiras de Luanda", aquando da sua passagem por aquela cidade, em finais dos anos 50. Em Setembro de 1960 fez parte do júri da fase final do "I Grande Concurso Nacional de Bandas de Música Civis", juntamente com o maestro Silva Pereira, Marcos Romão e Duarte Pestana. Fez também parte do júri do "II Grande Concurso Nacional de Bandas de Música Civis", realizado entre os anos 1968 e 1971. Também integrou o júri da I, II, III, IV e V edição do "Concurso de Aprendizes de Música" realizado entre 1969 e 1973 e em 1976 participou no júri do "Concurso de Aprendizes de Música" organizado pela Sociedade Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora. Em 1973 foi membro do júri do "Concurso de Interpretação Guilhermina Suggia" e em 1986 fez parte do júri do "Festival de Bandas da EDP". Quanto à presença em congressos e colóquios como orador, Silva Dionísio participou no "10 Congresso de Bandas de Música e Filarmónicas Civis do Concelho de Loures" realizado entre Outubro de 1970 e Fevereiro de 1971 e participou também no "10 Colóquio de Bandas Civis e Filarmónicas" realizado em Santarém, em Junho de 1971. Em Dezembro de 1971 participou num "Colóquio sobre Bandas" na Sociedade Filarrnónica Incrível Almadense, dirigido por Humberto dAvila. Nos meses de Abril e Maio de 1973, Silva Dionísio colaborou, a convide de Humberto d'Ávila, numa mesa redonda sobre "As Filarmónicas e a Educação Musical- Presente e Futuro", organizada pela Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio. No Teatro da Trindade, em Setembro de 1979, participou no "Colóquio sobre Música Popular Portuguesa", integrado no "I Festival de Música Popular", promovido pelo Inatel. Acerca desta comunicação recebeu felicitações do compositor Frederico de Freitas, que lhe pediu uma cópia dessa comunicação. Em 1984 participou no "10 Colóquio Nacional de Música", organizado pela Comissão Permanente do Dia Mundial da Música em Abrantes. Finalmente, nos dias 30 e 31 de Outubro de 1993 participou no "Congresso Nacional das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto", na cidade de Almada. futura Musicoteca desta instituição, findo o qual elaborou um relatório relativo ao seu trabalho de invés tigação. E plausível que este seu interesse pela investigação tenha sido influenciado pelo seu amigo musicólogo e ex. Chefe de Banda Manuel Joaquim (1894-1986) e que tenha sido o trabalho de investigação realizado em Vila Viçosa a dar origem a um dicionário ao qual Silva Dionísio denominou "Dicionário de Compositores Portugueses, Espanhóis e Brasileiros (períodos trovadoresco, contrapontístico e operístico) até Viana da Mota", constituído por 328 folhas manuscritas de tamanho A6. Embora o trabalho seja manuscrito, é bastante crível que a ideia inicial de Silva Dionísio seria editar o referido dicionário. Com base em muitas obras que Silva Dionísio "recolheu" ao longo dessa investigação, fez imensos arranjos, não só para banda, mas também para outros agrupamentos de sopro, tais como, quarteto de saxofones, brass band, etc. Silva Dionísio chefiou o Departamento de Orquestras da RDP entre 1978 e 1979 e foi membro do Conselho Português da Música em representação do Inatel. Foi também consultor para a música da Secretaria de Estado da Cultura e colaborou com a Associação Portuguesa de Educação Musical na organização de cursos de regência em várias localidades do país. No triénio 1993 - 1995, exerceu funções de Presidente do Montepio Filarmónico e de Provedor da Irmandade de Santa Cecília. Louvores e condecorações Ao longo da sua vida, Silva Dionísio foi distinguido com inumeros louvores e condecorações, tanto dos comandantes dos quartéis onde prestou serviço como de vários dos comandantes gerais da GNR. Foi também louvado pelo Ministro do Interior. No dia 5 de Maio de 1967, no intervalo de um concerto no S. Carlos, o Presidente da República condecorou Silva Dionísio com o Grau de Cavaleiro da Ordem Outras atividades Silva Dionísio também se interessou pela investigação musicológica. Prova disso é a documentação existente no seu espólio relativa a questões ligadas à investigação. Durante o mês de Setembro de 1967, a convite da Fundação da Casa de Bragança, esteve a trabalhar na Biblioteca do Palácio de Vila Viçosa com o objetivo de organizar a ------- __ Boletim da Banda do Exército _ Militar de SantIago da Espada. Silva Dionísio foi também condecorado com a "Medalha de Louvor" da Cruz Vermelha Portuguesa, com a Medalha de Bronze, de Prata e de Ouro de Comportamento Exemplar, com a Medalha de Cobre de Filantropia e Caridade, com a Medalha de Assiduidade de Segurança Pública, com as Medalhas de Mérito Militar de 3a e 4a classe, com a Medalha de Ouro de Instrução e Arte atribuído pela FPCCR, entre muitas outras. Foi condecorado pela República da Argentina, do Brasil e do Grão Ducado do Luxemburgo. Em Março de 1984 foi-lhe ofertado, no Teatro da Trindade, o Escudete da Armada, por ter sido o pioneiro e o grande defensor dos concertos dominicais neste teatro pelas bandas militares e no dia 1 de Outubro de 1987, Dia Mundial da Música, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural pela Secretaria de Estado da Cultura. Manuel da Silva Dionísio faleceu no dia 5 de Agosto do ano 2000 no Hospital Principal do Exército vítima de Metastase Hepática, após passar os dois últimos anos de vida num lar em Lisboa. Em 2001, no âmbito das comemorações do 66° aniversário do Inatel, Silva Dionísio foi alvo de mais uma homenagem pública. Nessa homenagem, realizada no Estádio 1° de Maio, estiveram presentes várias bandas filarmónicas num total de cerca de 700 músicos. Antes das várias bandas executarem em conjunto a V Marcha do Inatel e a Fanfarra Solenepara a Universidade Nova, ambas de Silva Dionísio, a marcha Capitão Silva Dionísio de Raul Cardoso e Marchas de Lisboa de João Neves, o Presidente do Inatel, usou da palavra para assinalar o papel de Silva Dionísio na dinamização do movimento filarmónico português, quer através da organização de cursos de formação, quer no fomento da composição musical e, também, da promoção de festivais de música popular. Neste evento, o presidente do Inatel anunciou publicamente um concurso de composição para bandas designado "Concurso de Composição Maestro Silva Dionísio" com uma periodicidade bianual. Ainda nessa homenagem, foi lida uma mensagem do então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, o qual se associou à "merecida homenagem ao maestro Silva Dionísio", felicitando o Inatel pela "feliz iniciativa" e pela instituição de um prémio bianual de composição. "Este galardão - sublinhou Jorge Sampaio - assinala-com inteira justiça uma carreira ímpar de direção e composição, que tem direito ao reconhecimento público". Fontes e bibliografia: - Arquivo da Banda Sinfónica da GNR, Espólio Musical de Silva Dionísio; - Arquivo - Geral do Exército, Processo Individual de Silva Dionísio, PI 117/00, Cx. 68; - Dionísio, Silva (1962), Teoria Geral da Música, Instrumentação e Harmonia - Curso de ApeifeiçoaJJle1lfo para Regentes de Bandas Civis, Lisboa: FCG; - Dionísio, Silva (1972), Manual da »uisica, l " edição, Lisboa: FNAT; - Dionísio, Silva (1984), "Para uma nova política de projecção à música popular portuguesa" in Colóquio sobre mtÍsica pOPlllar portllgllesa (comunicações e conclusões). Lisboa: INATEL; - Dionísio, Silva (1984), "Actividades dos centros de recuperação de instrumentos musicais" in t " colóquio nacional de rmísica, comissão permanente do dia mundial da música, Abrantes: Câmara Municipal. Iniciou os estudos quela, tendo-os musicais na Banda de Tarou- prosseguido na Academia de Mú- sica de Castelo de Paiva, onde completou Complementar. Estudou rio da Metropolitana, o Curso também no Conservató- em Lisboa. Desde 2001 que faz parte da Banda de Música da Força Aérea. Participou em vários Master Class de Clarinete (com António Direcção Saiote, Luis Carvalho e Bruno Graça), de de Banda (Henrique Piloto e Fernando Marinho) e Coral (paulo Lourenço), Orquestração (Iacob de Haan), Pedagogia da música (Christophe Lazerges, Helena Rodrigues e Nuno Arrais). Já leccionou nos conservatórios de Felguei- ras, Fornos, Loures e no 1°, 2° e 3° ciclo do Ensino Básico. AtuaLnente é docente no Instituto Superior de Ciências Educativas. É licenciado em Ciências Musicais e Mestre em Ensino de Educação Faculdade da Universidade de Ciências Sociais e Humanas Lisboa (FCSH-UNL). Presentemente tísticos, área de Estudos sidade de Coimbra Estudante é Doutorando Musicais, na Faculdade (FLUC), sob a orientação (FLUC) e da Prof' Doutora Musical pela Nova de em Estudos do Prof. Doutor Fernanda É membro do Instituto de História Contemporânea Ar- de Letras da UniverPaulo Rollo (FCSH-UNL). da FCSH-UNL. 43 •I • mumaplO _________ Março 2012 --- _ ~Llr-ídjCB Militares Músicos da Banda do Exército Março 2012 POSTO NOME FUNÇÃO POSTO NOME FUNÇÃO =rsss- 44 Maj João Maurílio de Caires Basilio Chefe Titular 2Sarg Renato Filipe Silvério Tomás Bombardino SMor Óscar Manuel Gil Alves Sub-chefe 2Sarg Rui Miguel Salvador Pita Clarinete SMor Res Aurélio Rua Ribeiro Chefe da Sec. Cursos 2Sarg Ana Sofia Mateus Francisco Flauta SCh José Agante da Costa Ferreira Chefe de Naipe 2Sarg Marco Alexandre Pereira Barbosa Percussão SCh Joaquim Manuel Feliciano Correia Chefe de Naipe 2Sarg José Carlos Pereira Almeida Percussão SAj João Paulo Martins Santana Trompa 2Sarg Pedro Filipe Ramos Lopes dos Santos Tuba SAj Manuel Carvalho Fonseca Babo Percussão 2Sarg Tiago Daniel Matias Vila Violoncelo SAj António Claudino Silva Dias Trombone Furr César João Cardoso Baía Violoncelo SAj Fernando Jorge Magalhães Clarinete Sold João Manuel Arruda Costa Clarinete SAj DulcinioToni Pereira de Matos Trombone Sold Ana Margarida da Silva Guerreiro Clarinete SAj João António Viso Mota Trompa Sold Marta Faria Loureiro Trompete SAj Francisco José Pires Paixão Trompa Sold Artur Emanuel Teixeira Zé Senhor Contrabaixo SAj Luís Miguel Tomé Correia Fagote Sold Ricardo Daniel Santos Duarte Saxofone SAj Gustavo Jorge da Silva Dias Saxofone Sold Carlos Filipe Dias Teixeira Flauta SAj José António Alves Marques Trombone Sold Tiago Urbano Pires Clarinete SAi João Manuel Vasco André Saxofone Sold Ruben Carlos da Conceição A. Leiria Clarinete SAi SAj Joaquim Pereira das Neves Bombardino Sold Rui Miguel Nunes Sousa Percussão Alberto Cesar Carreira Lages Clarinete Sold Hélio Fernando Soares Ramalho Saxofone SAj Paulo Nuno Moço Belas Trompa Sold João Miguel Gouveia Gonçalves Percussão SAi SAj José Manuel Lino da Silva Clarinete Sold Miguel Brites Alves Tuba Luís Rafael F. O. Rodrigues Pinto Tuba Sold Ricardo Jorge Silva Cipriano Saxofone SAj João Manuel Martins Soares Clarinete Sold Dário Duarte Bento Trompete SAj Sérgio Alberto Ferreira Mendes Clarinete Sold Micael Narciso Núncio Toito Percussão SAj Fagote Contrabaixo Sold Vitor Hugo Ramalho Medinas Trompa SAj Fernando Jorge de Jesus Fernandes Luís Manuel F. Pereira Rodrigues Sold Leandro Filipe Horta Morais Silva Saxofone SAj Óscar Humberto Pereira Viana Oboé Sold Bernardo Piedade Venâncio Saxofone SAj Victor Manuel da Silva Mesquita Sold Luís António dos Santos Ferrão Clarinete Trompete SAj Francisco José de Jesus Marques Clarinete Flauta Sold André Filipe Morais San tinha SAj Manuel José Correia Pedras Sousa Trombone Sold Fábio Manuel Almeida Silva Matias Trombone SAj Luís Carlos Garcia Cascão Percussão Sold Sérgio Filipe Antunes Sobral Clarinete SAj Manuel Maria da Silva Nunes Trompete Sold João Ricardo Freire Bernardo SAj João Pedro Lopes Rafael Azevedo Fagote Sold Diogo André Monteiro do Nascimento Trompete Trombone SAj Luís Miguel Rosa Pedro Oboé Sold Cláudio José Correia Leitão Trompete SAj Luís Miguel do Rosário Balão Clarinete Sold Carlos André Pinto da Silva Clarinete lSarg João Miguel Rolão Lopes Bombardino Sold Fábio André Borrego Cachopas Trombone lSarg Daniel Rui Franco da Silva Batista Tuba Sold Vasco Miguel Duarte Gomes Trompete lSarg António Manuel Pereira Sousa Trompete Sold Fábio Manuel Caetano Serrano Saxofone lSarg João Jorge dos Santos Salvador Belo Flauta Sold Manuel Fernando Sousa Vieira Trompa lSarg Nélio José Fonseca Barreiro Saxofone lSarg Artur Jorge Saturnino Barrinha Trombone lSarg Óscar Manuel Borges de Oliveira Trompete lSarg Bruno Ricardo Ferreira Peixoto Saxofone lSarg Cláudio André V Panta Nunes Violoncelo lSarg Salvador António Santos Parola Oboé lSarg Bruno Miguel Caeiro Pascoal Bombardino lSarg Bruno Filipe Dias Moedas Praia Clarinete lSarg Miguel Silva Mota Percussão lSarg João Manuel Soares Lemos Clarinete 39° CFS 2Sarg Carlos Eduardo Dias Gradíssimo Violoncelo Furr Carla Mariscla Pestana Figueira Clarinete Furr Rui Alexandre da Silva Gil Trompete Furr Paulo Alexandre Graça de Sousa Fagore Furr Arturo Simões Figueiredo Trompete ,-. Boletim da Banda do Exército ~--- -_ -- I ~LI~ídic~ Notícias Artigo elaborado pelo 1Sarg MUS ÓSCAR OLIVEIRA Concerto no Pavilhão EDP do S. L. Benfica Decorreu no dia 8 de Abril de 2011, o já habitual Encontro de Coros dos Estabelecimentos Militares de Ensino no Pavilhão EDP do Estádio do Sport Lisboa e Benfica. A Banda do Exército associou-se a este encontro, executando um concerto conjunto com os coros do Colégio Militar, Instituto de Odivelas e Instituto Militar Pupilos do Exército. O espetáculo proporcionado a todos os presentes, onde se encontravam altas entidades civis e militares do Exército, foi muito apreciado pela natureza de variedade musical que este evidenciou. Concerto no Museu de Arte Antiga A Banda do Exército realizou um concerto na manhã do dia 15 de Maio de 2011, inserido no ciclo de Bandas Militares, organizado pelo Museu Nacional de Arte Antiga. Esta atuação decorreu no belo jardim deste museu, com uma maravilhosa vista para o Tejo, sendo aberto ao público em geral, com o desígnio de dar a conhecer o trabalho e a importância na difusão da música e cultura em geral, proporcionados pelas Bandas Militares. O concerto da Banda do Exército foi conduzido pelo SubChefe Mor Óscar Alves. culturais, sociais e desportivas, afetas ao projeto da Câmara Municipal de Sintra intitulado: Sintra Viva, que culminou com uma atuação da Banda do Exército, no dia 25 de Maio de 2011. Esta atuação, ocorreu perante uma alargada assistência e contou com a presença de entidades Civis e Militares, de que se destacam o Presidente da Câmara Municipal Sintra, Dr. Fernando Seara. Concerto nas Caldas da Rainha Inserido nas comemorações do 30° aniversário da Escola de Sargentos do Exército, teve lugar no dia 01 de Junho de 2011 pelas 21h30, um concerto realizado pela Banda do Exército. Este concerto decorreu, na magnífica sala de espetáculos do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, contando com a presença das altas entidades militares e civis desta cidade. O brilhante espetáculo proporcionado pela Banda do Exército, que foi correspondido pelos aplausos de uma sala cheia, teve ainda a particularidade de incluir a apresentação de mais uma edição da revista Eurídice, Foi apresentada em power-point, uma resenha histórica das anteriores edições deste órgão de informação e divulgação da Banda do Exército. Do programa de concerto que foi conduzido pelo Maestro Major CBMus João Basilio, constaram as seguintes obras: Atuação inserida no Sintra Viva Ao longo de 15 dias decorreu no Regimento de Artilharia Antiaérea ."1 uma série de atividades ________ Março 2012 Third Symphony Op. 89 Games Barnes) Shivaree (Robert Jager) Rapsódia Portuguesa (Victor Hussla) Elisabeth (Arr. Johan Meij) _ 45 ~ LI r- í d j Ce. Espetáculo musical e pirotécnico em Vila Nova da Barquinha A Banda do Exército realizou um magnífico espetáculo de música e pirotecnia no esplendoroso jardim municipal de Vila Nova da Barquinha. Este concerto decorreu na noite de 12 de Junho de 2011, integrando as comemorações do dia festivo da Escola Prática de Engenharia, e proporcionou aos milhares de presentes naquele jardim um brilhante e memorável espetáculo de impacto visual e musical. Esta atuação da Banda do Exército, dirigida pelo Major CBMus João Basilio, foi correspondida com os aplausos entusiastas da assistência, que vibrou com o magnífico fogo-de-artifício ao som da célebre composição de Tchaikovsky, intitulada "1812". Concerto no Palácio Porto Côvo Em parceria com a companhia de seguros Lusitânia, a BE efetuou um concerto promenade no jardim do Palácio Porto Côvo, situado em Lisboa. Este concerto realizou-se ao início da tarde do dia 18 de Junho de 2011, estando inserido no aniversário desta companhia de seguros. Durante o almoço festivo, a assistência composta por colaboradores e funcionários desta companhia teve oportunidade de usufruir de agradáveis momentos musicais, proporcionados pela Banda do Exército, que alternaram com a atribuição de prémios aos que mais se distinguiram ao longo do ano. Monte Abraão organizaram um espetáculo que foi muito apreciado pela sua qualidade, graças ao brio dos músicos da Banda do Exército e dos cantores dos coros do Grupo Coral de Queluz, Coral Allegro, Grupo Coral Encontro de Queluz e o Grupo Coral São Bento de Massamá. O espetáculo contou com a presença do vice- presidente da Câmara Municipal de Sintra, da vereadora de Ação Social e os presidentes das Juntas de Freguesia de Queluz e Monte Abraão, que manifestaram a sua satisfação pelo contributo importante da Banda do Exército na realização deste projeto, que visa incrementar nas pessoas o sentimento de pertença à mesma terra. Esta apresentação iniciou-se com uma atuação da Banda do Exército dirigida pelo Maestro Major CBMus João Basilio, seguindo-se a atuação dos vários coros. Para finalizar, e numa execução conjunta, a Banda do Exército e os coros executaram dois temas musicais, terminando com a tão esperada, primeira apresentação do Hino da cidade de Queluz. 46 Concerto no Montijo Hino da cidade de Queluz Teve lugar no largo fronteiro ao Regimento de Artilharia Antiaérea N.°l a apresentação do Hino da. cidade de Queluz, que decorreu na noite do dia 02 de Julho de 2011. Com letra de um filho desta cidade, Pedro Paulo, e composição musical de Eduardo Guerreiro, músico da Banda do Exército, nasceu neste espaço envolvente de inúmeras marcas históricas e com uma grande moldura humana, o Hino da cidade de Queluz. Para dignificar este momento, as Juntas de Freguesia de Queluz e -- Numa iniciativa que visa divulgar a cultura musical no nosso país, o Conservatório Regional de Artes do Montijo convidou a Banda do Exército a realizar um concerto na noite de 09 de Julho de 2011 na cidade do Montijo. A Praça da República desta localidade, repleta de uma grande assistência, foi palco nesta quente noite de Julho, de uma apresentação de elevado nível de execução técnica da Banda do Exército, atestada pela exuberante reação das pessoas que compunham a assistência deste concerto. Boletim da Banda do Exército _ r;; LI r-í d i CB Concerto na Embaixada da China Como vem sendo hábito e numa manifestação da excelente relação entre a Embaixada da China e a Banda do Exército, realizou-se mais um concerto no jardim desta embaixada, situada na Lapa, em Lisboa. Este concerto decorreu no final da tarde do dia 29 de Setembro de 2011, perante a presença do Senhor Embaixador da China e demais adidos militares acreditados em Portugal, que demonstraram o seu agrado e admiração pela qualidade artística da Banda do Exército, cujo programa apresentado teve por base a música chinesa. Comemorações dades deste ramo, bem como das altas entidades civis da cidade de Bragança. Neste concerto foi estreia absoluta, a obra Lusitânea, encomendada pela companhia de seguros Lusitânia para a Banda do Exército Português e escrita pelo compositor Jorge Salgueiro. do Dia do Exército A cidade transmontana de Bragança recebeu o Exército Português, onde decorreram as atividades comemorativas do Dia do Exército. Estas atividades tiveram lugar entre os dias 21 e 23 de Outubro de 2011 e foram de natureza militar, cultural, desportiva e religiosa. Vários locais desta cidade foram palco de atividades e exposições estáticas, em que a Banda do Exército teve um papel de destaque, pelas diversas ações desenvolveu ao longo das comemorações. Na tarde de 22 de Outubro, a Banda do Exército integrou-se numa demonstração de ----ii!! capacidades ao ar livre, executando marchas militares e temas populares portugueses. Nessa mesma noite, decorreu no Auditório Municipal de Bragança um concerto de Gala, dado pela Banda do Exército, que teve a presença na assistência do Chefe do Estado Maior do Exército e demais altas cnti- [!Ii----IIIIP----------------_ l;u~ídjCB Este autor, na criação desta obra, teve uma abordagem fora do comum. Ao contrário do que é normal, em que as obras são executadas em palco, Jorge Salgueiro optou por colocar os músicos em retângulo, em volta do público na plateia. Esta original disposição da banda originou uma nova envolvência e perceção dos sons produzidos pelos músicos, para quem assiste a esta composição. No final da brilhante execução desta obra, sob a direção do Maestro Major CBMus João Basilio, foi notório o estrondoso sucesso da mesma, confirmado pelos entusiásticos aplausos do público presente. N o final da manhã, teve lugar aquele que é o momento de maior impacto, para quem assiste a esta final e mais importante ação comemorativa do Dia do Exército, que tem o intuito de demonstrar e divulgar as capacidades do Exército à população e que se traduz na Parada Militar. Concerto no Instituto Superior Técnico Do programa tes obras: de concerto fizeram parte as seguin- Third Symphony, Op. 89 Games Barnes) Lusitânea, Op.176 (Iorge Salgueiro) Ride (Samuel Hazo) Uvas do Douro (Duarte Pestana) o 48 Grupo de Metais da Banda do Exército em conjunto com o coro da Academia Militar, dirigido pelo SAj Mus Fernando Fernandes, deu o seu contributo musical na Missa de Ação de Graças e Sufrágio, pela manhã do dia 23 de Outubro, que decorreu na Sé Catedral de Bragança, presidida por Sua Ex" Reverendíssima o Bispo das Forças Armadas e Segurança, D. Januário Torgal Ferreira. -------_ No passado dia 17 de Novembro de 2011, a Banda do Exército realizou um concerto no salão nobre do Instituto Superior Técnico, conjuntamente com a Tuna Académica do 1ST. Esta atuação inseriu-se numa exposição sobre a temática do papel da Engenharia Militar na construção das Linhas de Torres, e contou com a presença na plateia das mais altas figuras da direção do Instituto Superior Técnico, bem como de entidades militares pertencentes à Arma de Engenharia do Exército Português. O concerto dirigido pelo Major CBMus João Basilio, iniciou-se com uma atuação da Banda do Exército, juntando-se posteriormente a Tuna do 1ST. Foram então executados temas portugueses de cariz popular e académico, sendo que a singularidade deste conjunto, com timbres diferentes, criou uma sonoridade fora do comum e de riqueza tímbrica muito apreciada por todos quantos tiveram oportunidade de assistir a este concerto. Concerto de Natal na Igreja de São Domingos O já tradicional concerto natalício da Banda do Exército realizou-se uma vez mais no coração da baixa de Lisboa, pelas 18h30 do dia 16 de Dezembro de 2011 na Igreja de São Domingos, numa ação conjunta com a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião. Este concerto foi conduzido pelo Major CBMus João Basílio e teve a participação dos cantores Rita Biscoito e do Sold Mus João Costa, que foram acompanhados pela Banda do Exército nos tradicionais temas natalicios. Fizeram parte do programa as seguintes obras: Olympica (Ian Van der Roost); Saga Candida (Bert Appermont); Two-Part Invention (philip Sparke); White Christmas (Irving Berlin); O Holy Night (Adolphe Adam); Stille Nacht, Heilige Nacht (Arr. Hoshidc); A Christmas Carol Fantasy (Arr. Hoshide). Boletim da Banda do Exército _ fava Instrumentos Musicais Rua do Alecrim n029 / 1200-014 Lisboa www.otrovador.com Telf - 213431078 / 968901643/962837847 [email protected]/[email protected] Schagerl Alexander Miraphone Besson Stpeters burg Buffet Crampon Yamaha Cannonball Cannonball o Trovador Venus Instrumentos Musicais é uma empresa dedicada à venda e reparação de intrumentos de sopro, madeira e metais, com atelier próprio. Sala de exposição onde podem experimentar os instrumentos, boquilhas e restantes acessórios.Visitem-nos e tenham uma nova experiência. Obrigado (;_LI r- í d i ce. Concerto de Ano Novo na Figueira da Foz o Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz foi palco do Concerto de Ano Novo levado a cabo pela Banda do Exército. Realizou-se no dia 07 de Janeiro de 2012 pelas 16 horas e o auditório do CAE da Figueira da Foz foi pequeno para acolher a população que acorreu a assistir a esta interpretação da Banda do Exército. Sob a batuta do Maestro Major CBMus João Basilio, a Banda do Exército alcançou uma brilhante atuação, devidamente correspondida pelos aplausos de uma sala cheia, deixando em todos os presentes a memória de um concerto ímpar, que muito prestigia a Banda do Exército. Do programa de concerto fizeram parte várias obras, destacando-se as que são alusivas ao Ano Novo, como por exemplo: Perpetuum Mobile, Galope dos Bandidos e Thunder and Lightning, de Johann Strauss Jr .. Ensembles de Música de Câmara da BE Grupo de Música de Câmara 50 o Grupo de Música de Câmara da Banda do Exército é chamado com regularidade para atuar em todo o pais em concertos e atos oficiais. Fazem parte da sua formação principal, uma vez que se adapta quantitativamente em função da atividade desenvolvida ou do espaço onde atua, os seguintes músicos: Flauta -lSargJoão Belo, Oboés - SAj Óscar Viana e 1Sarg Salvador Parola, Clarinetes - SAj Alberto Lages e 1Sarg Bruno Praia, Fagotes - SAj Luis Correia e João Azevedo, Trompas - SAj João Santana e 1Cab Bruno Cruz, Contrabaixo - SAj Luis Rodrigues. Ao longo do ano de 2011 são de salientar as seguintes atuações: Santarém, Coimbra e Guarda, no âmbito da retirada do Exército Francês durante as guerras Napoleonicas, e no baile de gala da Academia Militar. As suas apresentações de altíssima qualidade têm recebido rasgados elogios das assistências, que muito prestigiam a Banda do Exército. tendo atuado mais tarde, em Dezembro, na Academia Militar. Grupo de Metais O Grupo de Metais da Banda do Exército desenvolveu uma atividade regular durante o ano de 2011, fruto de pedidos de várias entidades militares e civis, um pouco por todo o pais. Pela sua especificidade, de poder atuar em espaços mais reduzidos e ao ar livre, foi várias vezes chamado a representar a Banda do Exército em auditórios mars pequenos, como o concerto no pequeno auditório do AMAS, integrado no seu Dia de Unidade, bem como em atividades ao ar livre que mais se adequam à sua formação e repertório, sendo disto exemplo a atuação no Palácio de Queluz, numa recriação da corte da Rainha Maria Pia. A sua versatilidade permite-lhe também o acompanhamento de vozes como é o caso do coro da Academia Militar nos concertos de Reis, missa do Dia do Exército, inicio do ano letivo da Academia Militar, etc. São ainda de referir os concertos no Instituto de Odivelas e o baile de gala da Academia Militar. As atuações do grupo revelaram-se de alta qualidade e pedagogia, atestada pela felicitação e manifestação de elevado apreço das assistências. Fazem parte da sua formação: o SAj Dulcinio Matos - Trombone, 1Sarg Óscar Oliveira, 1Sarg Luis Sousa e Sold Marta Loureiro - trompetes, 1Cab Bruno Cruz Sold Mi Alves - Tuba. Quarteto de Saxofones Criado recentemente com vista a suprir o constante aumento das solicitações de atuações dos Ensembles de Música de Câmara, tem na sua formação o SAj João André - Saxofone Alto, 1Sarg Nélio Barreiro - Saxofone Barítono, Sold Ricardo Duarte - Saxofone Tenor e Sold Ricardo Cipriano - Saxofone Soprano. Este grupo teve a sua atuação de apresentação, a pedido do GabCEME, no dia 27 de Novembro de 2011 no Museu Nacional de Arte Antiga, demonstrando elevado desempenho, -------- Boletim da Banda do Exército _ ~Llr-ídjc~ I: Cursos de Música Ministrados pela Banda Sinfónica do Exército I Artigo elaborado pela 2Sarg MUS ANA FRANCISCO I. Curso de Promoção a Capitão (CPC) do Exércio brindou o público, maioritariamente constituído por alunos da academia, com um concerto dirigido pelo Tenente Coelho que assim terminou o curso. No final do concerto, bastante aclamado, a cerimónia encerrou com a entrega do diploma ao finalista do curso. De 26Abrll a 01Jull1, decorreu no Regimento de Artilharia Antiaérea N.°l/Banda do Exército, a Parte Específica do Curso de Promoção a Capitão Chefe de Banda de Música. Este curso foi frequentado pelo Tenente Chefe de Curso de Promoção a Sargento-Chefe Banda de Música Alexandre Lopes Coelho e tem (CPSCh) como objetivo a formação técnica específica musical do Chefe de Banda, incidindo nas disciplinas de De 18Mail1 a 29Ju111, realizou-se no Regimento de Artilharia Antiaérea N°l/Banda do Exército, Análise Musical, Direção de Banda Sinfónica/Ora 2a Parte correspondente à Formação Específica questra, História da Banda Sinfónica/Orquestra, História da Música, Instrumentação e Orquestra- Músicos e Clarins do 23° Curso de Promoção a ção, Redução de Partituras ao Piano, Teoria e Téc- Sargento-Chefe. nicas de Direção de Banda Sinfónica/ Orquestra Este curso foi frequentado pelo SAj Mus Joaquim e Transcrição de Obras de Orquestra para Banda Jorge Neto Campos, pelo SAj Mus António José Sinfónica e Pequena Banda. A cerimónia de encer- Baião Bravo, pelo SAj Mus Gustavo Jorge Silva ramento do curso realizou-se no auditório da Aca- Dias, pelo SAj Clar Pedro Jorge Silva Henriques e demia Militar, situada na Amadora, onde a Banda pelo SAj Clar Armando Jorge Trigo Ribeiro. O curso SONI<!AT:: REFRESHING • LEIRlTRÓNICA A maior loja de música do país, os melhores preços da Europa! Sonigate Leiritrónica, Rua Marco da Légua, Barosa Tel. +351244880270 . 2400-016 Lda Leiria Fax +351244812614 ~LJ~ídjc~ abrangeu, fundamentalmente, as componentes teóricas e práticas das disciplinas musicais, tais como Interpretação Musical, Acústica e Organologia, Prática Instrumental, Transcrições, História da Música, Harmonia e Formação Musical. Curso de Promoção a Sargento-Ajudante (CPSA) ° curso de promoção a Sargento-Ajudante, desti- 52 nado a I? Sargentos, tem como objetivo principal adquirir conhecimentos teóricos e práticos para o desempenho das funções do posto de Sargento-Ajudante. A primeira parte do curso (Formação Geral) realiza-se na Escola de Sargentos do Exército, onde são ministradas as seguintes disciplinas: Organização, Tática e Logística, Inglês, Ética e Comando, Informática, Gestão de Recursos Materiais, Gestão de Recursos Financeiros, Proteção Ambiental, Legislação Militar, Escrituração Militar e Educação Física Militar. A segunda parte do curso (Formação Específica) é realizada na Banda do Exército, onde são ministradas disciplinas de caráter teórico e prático musical. De .17Mar11 a 06Abr11 decorreu no Regimento de Artilharia Antiaérea N.°l/Banda do Exército a 2a Parte - Formacão Específica, do 1° Curso de Promoção a Sargento-Ajudante/2011. Foi frequentado pelos 1Sarg Mus Luís Miguel Rosa Pedro, 1Sarg Mus Luís Miguel do Rosário Balão, lSarg Mus Fernando Manuel da Cruz Magalhães, 1Sarg Mus António Maria Saldanha Busca Mourato e lSarg Mus João Miguel Rolão Lopes. De 11Jul11 a 29Ju111 decorreu no Regimento de Artilharia Antiaérea N.°1/Banda do exército a 2" Parte - Formação Específica, do 2° Curso de Promoção a Sargento-Ajudante/2011. Foi frequentado pelos lSarg Mus João Paulo Santos Rosado, 1Sarg Mus José de Oliveira Cardoso, lSarg Mus Daniel Rui Franco da Silva Batista e pelo clarim lSarg Clar João Constantino Máximo Marques. As audições finais dos cursos realizaram-se na sala de ensaio da Banda do Exército, nas quais participaram todos os alunos do CPSA. .Curso de Formação de Sargentos (CFS) Em OSSet11 deu-se início na Banda do Exército, sediada no Regimento de Artilharia Antiaérea N.°1, à 2a Parte - Parte Específica, do 39° Curso de Formação de Sargentos Músicos. A la Parte -------- Formação Geral foi realizada na Escola de Sargentos do Exército, situada nas Caldas da Rainha. Este curso é frequentado pelos Instruendos Alunos: Carlos Eduardo Dias Gradíssimo - Violoncelo, Carla Marisela Pestana Figueira - Clarinete, Rui Alexandre da Silva Gil - Trompete, Paulo Alexandre Graça de Sousa - Fagote, Arturo Simões Figueiredo - Trompete, e terá o seu terminus em 31Ju112.A formação dos alunos complementa-se com disciplinas nucleares como: Análise e Técnicas de Composição, Acústica e Organologia, Formação Musical, História da Música, Prática Instrumental e Educação Física Militar. No passado dia 01 de Outubro de 2011 ingressaram no Quadro Permanente do Exército, Especialidade Músico, por terem concluído a segunda parte do CFS com aproveitamento, na categoria de Sargento Músico, quatro mlitares: 2Sarg Frederico Azenha - Saxofone, 2Sarg Emanuel Neto - Clarinete, 2Sarg Ivo Nascimento - Flauta e 2Sarg Tiago Ferreira - Clarinete. Cursos de Formação Geral Comum de Praças do Exército (CFGCPE) Ao longo do ano, a Banda do Exército ministrou vários Cursos de Formação Geral Comum de Praças do Exército (CFGCPE/11 - ESP18 - MÚSICO) aos novos militares músicos do Exército Português. Esta formação técnicoprofissional decorre durante a sua Instrução Complementar, e tem por objetivo especializar as Praças na área da Música. '" De 17Jan11 a 18Fev11, realizou-se no Regimento de Artilharia Antiaérea N.°1/Banda do Exército, o 9° CFGCPE/10 - ESP18 - MÚSICO, frequentado pelo Sold RC Diogo André Monteiro do Nascimento e pelo Sold RC Leandro Jorge SaraivaLibânio. No período de 11Abr11 a 09Mai11, decorreu a Instrução Complementar - Parte Específica do 1° CFGCPE/11 - ESP18 - MÚSICO, frequentado pelo Sold RC Rui Pedro Saleiro da Cruz e pelo Sold RC CláudioJosé Correia Leitão. 3° CFGCPE/11 - ESP18 - MÚSICO, foi frequentado pelo Sold RC Carlos André Pinto da Silva, pelo Sold RC Celso Miguel Pascoal Bento e pelo Sold RV Fábio André Borrego Cachopas no período de 22Jun11 a 28Jul11. De 22Jul11 a 26Ago11, realizou-se a Instrução Complementar - Parte Específica do 4° CFGCPE/11 ESP18 - MÚSICO, frequentado pelo Sold RV Vasco Miguel Duarte Gomes, pelo Sold RC Fábio Manuel Caetano Serrano, pelo Sold RC Lionel Gomes da Eira e pelo Sold RV Manuel Fernando Sousa Vieira. ° Boletim da Banda do Exército _ A cultura como identidade ~~~ É com enorme gosto que-inscrevo o meu nome na "Eurídice", edição de 20.1.2. Pela.qualidade intrínseca desta publicação, bem c050 pela oportunidade de homenagear a Instituição que a torna possível - Banda Sinfónica do Exército - e as pessoas que a dirigem e integram..:! ' "I I' ,) A história de Eurídice é a do sacrifício, a da superação, também a do sonho e da/realidade. Na mitologia, como na vida, na cultura como na economia, devemos e podemos ter objetivos, fazer sacrificios para os atingir." sonhar para não desmorecer e não perder de vista a realidade para evitar a alienação. Portugal passa por momentos muito dificeis: as pessoas, as famílias, as instituições e a própria auto-estima da nação. Neste momento, esquecermos a cultura, negligenciarmos as raízes, desvalorizarmos o património imaterial seria um erro colossal. Equivaleria a deixarmos de ser quem somos por causa dos nossos problemas, Mantermos a nossa identidade é, pois, no presente, um dos grandes desafios de Portugal. A cultura é o instrumento privilegiado para o conseguirmos. E a música, permitam-me a opinião, é a sua mais bela demonstração. Obrigada pelos magníficos momentos musi com que nos presenteiam todos os anos. O Vosso sentido de serviço à comunidade, sempre renovado, é um exemplo encorajador. Aguardo, orgulhosa na minha participação, pela leitura da "Eurídice", certa da qualidade, conceito que atravessa toda a obra e serviço da Banda Sinfónica do Exército. Fátima Campos Presidente JF Monte Abraão