PREVENÇÃO DA FEBRE AMARELA GERA MAIS CIÊNCIA

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“O governo estadual
vem investindo pesado na
infra-estrutura
das universidades
e faculdades públicas.
Sem laboratórios e equipamentos
não há como avançar
na pesquisa científica”,
afirma a secretária
Lygia Pupatto.
Programa de Formação de Pesquisadores
2006
2007
2008
UEL
3,6
4,5
5,1
5,8
19,0
UEM
3,1
3,9
4,4
5,0
16,4
UEPG
2,0
2,5
2,8
3,1
10,4
UNIOESTE
2,1
2,7
3,1
3,4
11,3
UNICENTRO
UENP
Fac. Estaduais
Total das IEES
1,1
1,4
1,6
1,8
5,8
0,9
1,2
1,1
1,4
1,3
1,7
1,5
1,9
4,8
6,2
14,0
17,5
20,0
22,5
74,0
INSTITUIÇÕES
R$
Milhões
Bolsas de Iniciação Científica
Fundo Paraná
Fundação Araucária - 2007
Bolsas de Inclusão Social
Apoio à CPG stricto sensu
Bolsa Produtividade em Pesquisa
2009 TOTAL
7,04
Apoio ao Professor Visitante
Apoio à Pós-Graduação stricto sensu
Interinstitucional MINTER(2) / DINTER(1)
Investimentos 2003 a 2006:
Agroambiental e
Industrial
36,7%
Ensino
Superior
24,1%
R$ 113,5 milhões
32,3%
Saúde
4,8%
Capacitação e
EXPEDIENTE
Boletim Informativo do Sistema SETI. Produzido pela Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Endereço: Av.
Prefeito Lothário Meissner, 350 – Jardim Botânico – CEP 80210-170 – Curitiba/PR – Fone (41) 3281-7300. www.seti.pr.gov.br
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Foto: Arquivo Italmar Navarro
Universidades e institutos de pesquisa públicos
têm prioridade na aplicação dos recursos
do Fundo Paraná
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PREVENÇÃO DA FEBRE AMARELA
GERA MAIS CIÊNCIA PARA O PAÍS
Pesquisadores de universidades e técnicos
de organismos de saúde pública
partem em expedição pelas ilhas do Rio Paraná
Regina Rocha
D
urante dois anos, entre 2004
e 2006, na região de Porto
Rico, noroeste do Paraná, e a
sudeste do Mato Grosso do Sul,
médicos veterinários, biólogos e
entomologistas capturaram e
pesquisaram 140 macacos-prego
(das espécies Cebus nigritus e Cebus
cay) e bugios (da espécie Alouatta
caraya) com o objetivo inicial de
estudar a circulação do vírus da
febre amarela nestes primatas. “Era
preciso considerar a hipótese,
felizmente não comprovada, da
febre amarela silvestre no Paraná”,
afirma o coordenador da pesquisa, o
professor e pesquisador Italmar
Navarro, do Departamento de
Medicina Preventiva da Universidade
Estadual de Londrina.
Ele conta que este trabalho de
campo teve vários outros
desdobramentos importantes para a
ciência, como a descoberta, já
confirmada pelo Instituto Evandro
Chagas, de Belém - referência
internacional no diagnóstico de
doenças em animais - da circulação
do vírus da Encefalite Saint Louis nos
primatas pesquisados. “A doença é
endêmica nos Estados Unidos,
Pesquisa científica
financiada pela
Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Ensino
Superior para o plano
estadual contra a febre
amarela impulsiona
formação de
massa crítica
nas universidades
públicas do
Paraná
Canadá e Argentina, onde já foram
constatados vários casos de mortes
em humanos”, afirma Navarro. No
Brasil, e de acordo com os
pesquisadores, a doença não
representa riscos para a saúde
pública.
Os artigos científicos sobre o
trabalho realizado no Paraná foram
publicados em revistas de renome
como a American Journal of
Primatology, International Journal
of Primatology e Veterinary
Parasitology.
Massa crítica
Durante a pesquisa, o professor e
pesquisador da área de Medicina
Veterinária da UFPR – Campus de
Palotina, Walfrido Kühl Svoboda,
desenvolveu tese de doutorado
propondo a criação de um “modelo
de vigilância para o controle e
prevenção da febre amarela silvestre
e outras enfermidades de interesse à
saúde pública” a partir do
monitoramento sanitário de
populações de primatas. Sua tese foi
aprovada com louvor e o modelo
proposto deverá ser utilizado
rotineiramente no Paraná e também
em toda a região de transição da
doença no Brasil (Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e
Goiás).
Outras pesquisas na área de
Primatologia foram desenvolvidas
sob orientação do professor e
pesquisador Fernando de Camargo
Passos, do Departamento de
Biologia da UFPR. Como exemplo,
estão duas teses de mestrado, já
defendidas, uma sobre populações
de primatas na região de Porto Rico,
do biólogo Lucas de Moraes Aguiar,
e outra sobre populações de bugios
nas ilhas do Rio Paraná, da bióloga
Gabriela Ludwig. Agentes
patogênicos de interesse em saúde
pública também foram pesquisados
pela equipe chefiada pelo professor
Italmar Navarro, entre os quais os
causadores da toxoplasmose,
leptospirose e leishmaniose.
Futuramente, é intenção dos
pesquisadores estudar as
possibilidades de circulação de vírus
em outros animais silvestres,
inclusive no litoral do Paraná.
“Era preciso
considerar a
hipótese,
felizmente não
comprovada, de
febre amarela
silvestre no
Paraná,
bem como a
necessidade de
monitoramento da
doença nas
áreas de bacias
hidrográficas,
fronteiras
e matas”.
Entre os estudiosos do assunto, é
sabido que a mortandade de
primatas opera como um alerta para
a saúde pública. Inclusive, a
Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Ministério da Saúde
classificam os primatas como
“animais sentinelas” contra uma
eventual entrada da febre amarela.
Quando é constatado que o vírus da
doença está circulando entre eles, é
preciso agir, e rápido.
Mesmo não se confirmando a
doença entre os macacos-prego e os
bugios que vivem nas ilhas do Rio
Paraná, os cientistas paranaenses
optaram por atuar preventivamente.
Iniciou-se, então, o estudo das
populações e do perfil sanitário
desses primatas a noroeste do
Estado e a sudeste do Mato Grosso
do Sul.
Monitoramento
“Atualmente, no Paraná, não
temos a doença nem em animais
nem em seres humanos”, assegura o
professor Navarro. Ele explica qual é
a estratégia: “Assim que aparece um
macaco doente ou morto, silvestre
ou não, a ordem é, no mesmo dia,
capturá-lo, examiná-lo, fazer o
diagnóstico e desencadear
imediatamente ações de vigilância”.
De acordo com a Secretaria da
Saúde, o último caso de febre
amarela, na forma silvestre, no
Paraná, foi em 1971.
R$ 219 milhões em C&T entre 2003 - 2006
Em 2007, a SETI aplicará mais R$ 74 milhões em projetos estratégicos,
da Fundação Araucária e do Instituto de Tecnologia do Paraná
O
projeto “Investigação e
monitoramento da
circulação do vírus da febre
amarela e outros arbovírus de
interesse visando a criação de um
modelo estadual de vigilância
epidemiológica”, desenvolvido sob
orientação do professor Italmar
Navarro, do Departamento de
Medicina Preventiva da Universidade
Estadual de Londrina, foi financiado
com recursos da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior/Fundo Paraná da ordem de
R$ 298 mil reais. Outros 328
projetos, de várias áreas do
conhecimento, também receberam
recursos do Fundo Paraná no
período 2003-2006, somando R$
219 milhões, dos quais R$ 113,5
milhões foram aplicados em saúde.
Os projetos apoiados pela
“Os estudos básicos e preventivos que vêm
sendo desenvolvidos nas instituições públicas
estão trazendo resultados significativos para a
população do Paraná”.
1 - Alouatta seniculus
2
Cenário da pesquisa
Além da necessidade permanente
de estudar novas doenças em
animais e em seres humanos, os
pesquisadores paranaenses tinham
como cenário para a sua pesquisa o
registro, no ano passado, da morte
de centenas de macacos na região
endêmica da febre amarela, que
compreende os estados das regiões
norte e centro-oeste do Brasil, onde
vivem cerca de 27 milhões de
pessoas. Segundo o professor, em
2001, no oeste do Rio Grande do Sul,
também foram detectados casos de
febre amarela silvestre em
populações de macacos. “Bandos
inteiros foram dizimados”, conta.
Paraná”, explica a secretária Lygia
Pupatto.
Segundo a secretária, em 2007 a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, seguindo as
decisões do CCT-PR, aplicará R$ 74
milhões do Fundo Paraná em
projetos estratégicos (50%) e o
restante em projetos da Fundação
Araucária (30%) e do Instituto de
Tecnologia do Paraná (20%). Os
projetos estratégicos de governo
são os seguintes: Desenvolvimento
do Ensino Superior, incluindo infraestrutura, com a maior parcela de
recursos (38,9%); Ciência e
Tecnologia em Saúde Apoio à
Pecuária Leiteira; Pesca e
Aqüicultura; Difusão de Ciência e
Tecnologia; e Universidade Sem
Fronteiras.
“A transferência do conhecimento científico é
uma das principais metas da Seti”.
1
Italmar Navarro (UEL)
Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior são definidos
sempre no início de cada ano,
durante reunião do Conselho de
Ciência e Tecnologia do Paraná
(CCT-PR). O Conselho é presidido
pelo governador do Estado e
composto por representantes de
entidades empresariais, de
trabalhadores e sindicais. Seguindo
as orientações do CCT-PR, a
Secretaria aplica os recursos do
Fundo Paraná (lei 12.020) em
programas e projetos estratégicos
de governo e também em projetos
básicos e preventivos de interesse
da sociedade. Os projetos aprovados
são acompanhados periodicamente
através de relatórios semestrais e
anuais. “Universidades e institutos
de pesquisa públicos têm prioridade
na aplicação dos recursos do Fundo
2 - Alouatta belzebul
“As redes de pesquisa diminuem custos e
ampliam o conhecimento”.
3a - Alouatta caraya
(f)-PR
3b
3b - Alouatta caraya
(m)-PR
4 - Alouatta fusca - RS
3a
4
Fonte: AURICCHIO (1995)
Lygia Pupatto,
Secretária de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior
Trabalho do Paraná poderá servir de modelo
para outras doenças infecciosas
Na entrevista a seguir, Zouraide
Guerra Antunes Costa,
responsável pela Vigilância da
Febre Amarela no Ministério da
Saúde,
diz que a parceria entre instituições
é ideal para o avanço do
conhecimento científico.
Seti: Recentemente, o Ministério
da Saúde enviou técnicos de seis
estados brasileiros ao Paraná
para treinamento na área da
prevenção da febre amarela. Por
que o Paraná?
Zouraide Guerra: Porque o Paraná
vem desenvolvendo um trabalho
sério de pesquisa em primatas não
humanos, que partiu de uma
necessidade sentida pela Secretaria
de da Saúde do Paraná em se
organizar e estabelecer uma
vigilância de febre amarela no
Estado. A parceria entre instituições
de serviço e de pesquisa é vista como
uma situação ideal para produção e
avanço do conhecimento científico,
pois o resultado dos estudos
favorece o direcionamento de
recursos na prática dos serviços. O
Ministério da Saúde, através da
Secretaria de Vigilância em Saúde,
vem dando atenção especial ao
controle da febre amarela,
promovendo a capacitação de
profissionais de saúde de todos os
estados brasileiros para atuar na
vigilância de epizootias de primatas
não humanos uma vez que o
adoecimento ou morte desses
animais se constitui em sinais de
alerta da provável circulação do vírus
amarílico. Uma forma de viabilizar
esses treinamentos é estabelecer
parcerias com equipes organizadas,
como é o caso do Paraná e do Rio
Grande do Sul, os dois estados que
melhor se estruturaram neste
sentido.
“Atuar preventivamente,
antecipando-se à doença humana, é
uma das mais árduas tarefas, talvez
a mais difícil. E este é o foco do
trabalho que vem sendo realizado no
Paraná”.
Seti: Qual o significado do
trabalho de prevenção realizado
pelo Paraná para a saúde pública
brasileira?
Zouraide Guerra: No Brasil existe
uma grande diversidade de vírus do
grupo dos arbovírus em circulação
em várias regiões. Mais de 30 deles
são patogênicos para o homem,
causando doenças que variam de
gravidade conforme o tipo
responsável pela infecção. Quase
sempre são zoonoses mantidas em
ambiente silvestre e entre elas está a
febre amarela. A possibilidade de se
antecipar a um evento
epidemiológico que pode trazer
graves repercussões à saúde de uma
população é um dos objetivos da
epidemiologia, mas atuar
preventivamente, antecipando-se à
doença humana, é uma das mais
árduas tarefas, talvez a mais difícil. E
este é o foco do trabalho que vem
sendo realizado no Paraná. É
importante para a detecção da
presença ou circulação de arbovirus,
inclusive o vírus da febre amarela, na
população de primatas não
humanos. Isso possibilita aprimorar
as atividades de vigilância
epidemiológica e estabelecer
medidas preventivas na população
humana de forma oportuna.
Esperamos que possa servir de
modelo para outras doenças
infecciosas.
“A arma mais eficaz é a vacina,
disponível gratuitamente na rede de
saúde”.
Seti: Qual a situação da febre
amarela hoje no país? O sul do
Brasil está "livre" da doença?
Zouraide Guerra: A febre amarela
foi um dos problemas que
historicamente mais influenciou a
política de saúde e saneamento em
nosso país desde a segunda metade
do século XIX. Os grandes
investimentos realizados em infraestrutura urbana nas primeiras
décadas do século XX e as medidas
de combate ao vetor foram
responsáveis pela erradicação da
febre amarela urbana em 1942.
Entretanto, a forma silvestre da
doença, que não pode ser
erradicada, permanece como uma
ameaça à saúde da população e tem
sido objeto de intervenções visando
ao seu controle. A arma mais eficaz é
a vacina, disponível gratuitamente
na rede de saúde, que deve ser
aplicada em indivíduos acima de
nove meses de idade. A partir de
1998 observou-se uma expansão da
área de circulação do vírus amarílico
para além das regiões norte e centro
oeste, consideradas endêmicas. Essa
tendência de deslocamento para o
sul e para o leste do Brasil reativou
ou ativou novos focos da doença em
áreas até então consideradas
indenes. Esse deslocamento viral foi
marcado por surtos de grandes
proporções em alguns estados,
como Minas Gerais, Goiás e Bahia. A
presença do vírus foi confirmada
laboratorialmente em mosquitos
silvestres e em primatas não
humanos capturados durante uma
epizootia destes animais no Rio
Grande do Sul, em 2001 e 2003.
Assim, embora nos últimos quatro
anos os casos humanos só tenham
sido registrados na região endêmica,
não se pode garantir que o sul esteja
“livre” da doença. É importante a
manutenção de ações de vigilância
capazes de detectar precocemente a
presença do vírus em animais antes
que acometa seres humanos.
Italmar Navarro:
“Todos os
cuidados com a
segurança e o
bem-estar dos
animais foram
tomados pelos
pesquisadores
durante o
trabalho de
campo”.
médica, de uma doença de
notificação internacional, cuja
ocorrência pode implicar no
fechamento de portos, aeroportos e
fronteiras e até no bloqueio à
e x p o r t a ç ã o .
Por isto, diz ela, “é importante o
monitoramento da doença em
animais, humanos e outros vetores a
fim de evitar a sua reurbanização”.
Conforme ainda Ângela Mello,
existem duas formas de ocorrência
da doença, a silvestre e a urbana. “A
silvestre é endêmica em algumas
regiões do Brasil e até o final da
última década estava restrita à
Amazônia Legal. Mas o
comportamento do padrão silvestre
sofreu alterações, comprometendo
municípios do Maranhão, Piauí, s,
Walfrido Svoboda (UFPR),
Valmir Ortiz da Silva
(SESA/Porto Rico) e
Carmem Hilts (UEL)
A doença
Segundo a responsável pela
Seção de Biologia Médica Ambiental
do Centro de Produção e Pesquisa de
Imunobiológicos (CCPI), da
Secretaria de Estado da Saúde,
Ângela Maron de Mello, “a febre
amarela é uma zoonose impossível
de ser erradicada”. Trata-se, afirma a
Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina”,
relata ainda. Desde 1937 o país vem
utilizando a vacina antiamarílica
produzida no Brasil para o controle
da febre amarela”.
Ela lembra que no início do século
passado a doença provocou dezenas
de mortes em várias cidades do
Brasil, “gerando inclusive problemas
internacionais para o país”. O último
caso de febre amarela urbana foi
detectada em Boa Vista, em 1942,
conta ainda.
“Desde então os
registros de caso foram em área
silvestre”.
Estudantes
da UEL
constroem
conhecimento
nas ilhas do
Rio Paraná.
Últimos casos de febre amarela
no Paraná ocorreram em 1966
O plano estadual
compreende a
vigilância
epidemiológica de
casos humanos; a
vacinação de pessoas
em áreas de risco e
grupos de risco; o
monitoramento do
vírus silvestre em
primatas não
humanos de forma
ativa (captura de
animais) e passiva
(ocorrência de morte
ou doença em
animais de vida livre
ou em cativeiro); e o
levantamento de
vetores (pesquisa
entomológica em
área representativa
do estado para
identificação das
espécies potenciais
para a transmissão
da febre amarela
silvestre).
Surtos de
febre amarela
no PR ocorridos
nas décadas
de 30, 50
e 60
O pesquisador
Italmar Navarro
em treinamento de
primeiros socorros
na mata
Bombeiro da região
ensina arvorismo
O
estudo realizado também levou em conta o histórico de casos de
febre amarela em seres humanos no território paranaense, bem
como a sua situação de fronteira com os Estados do Mato Grosso do
Sul e São Paulo. De acordo com as estatísticas oficiais, os últimos casos de
febre amarela no Paraná ocorreram nos anos de 1966, em Cascavel, Toledo e
Francisco Beltrão. Antes, nos anos 1952 e 1953, em Ponta Grossa, Tibagi,
Campo Mourão, Paranavaí, Lupionópolis, Rolândia, Bandeirantes, Andirá e
Ribeirão Claro. E, entre os anos de 1936 e 1937, em Londrina, Jacarezinho,
Cambará, Ibaiti, Tomazina, Jaguariaíva, Curitiba e Paranaguá.
Instituições envolvidas
Além das Secretarias de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior/Fundo Paraná e da Saúde também apoiaram esse
trabalho, que conta com recursos
da ordem de R$ 564 mil para o período 2007-2010, o
Ministério da Saúde;
a Fundação Nacional de Saúde (Funasa); o Instituto Evandro
Chagas,
de Belém; o Centro Nacional de Primatas, de Ananindeua,
Pará;
e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, que autorizou a
captura dos animais.
NOVAS TÉCNICAS DE CAPTURA POUPAM ANIMAIS
Antes do trabalho em laboratório,
a equipe do professor Italmar
Navarro recebeu treinamento de
primeiros-socorros, para casos de
acidentes na selva, de arvorismo,
para dar suporte à montagem das
armadilhas nas copas das árvores,
onde vivem os macacos, e de
utilização de GPS, para orientação
pessoal e marcação de pontos, entre
várias outras. Todos foram
vacinados e receberam
equipamentos de proteção
individual como luvas, máscaras e
óculos, bem como instruções sobre
como manipular amostras em
laboratório durante a realização dos
diagnósticos. Amostras de sangue,
soro, pêlos, fezes e urina foram
inclusive armazenadas em freezers e
botijões de nitrogênio líquido para
pesquisas científicas futuras.
Considerada pela equipe de
pesquisadores como uma das
tarefas mais difíceis, a captura dos
animais exigiu atenção redobrada. A
“ordem” era preservá-los ao máximo
contra eventuais quedas das árvores
e também contra um possível ataque
de onças, comuns na região.
Enquanto o macaco-prego é mais
fácil de capturar (ele possui o hábito
de descer ao solo), o bugio vive
basicamente na copa de árvores,
algumas com até trinta metros.
Equipe desenvolve
um novo protocolo
anestésico
“Geralmente, os pesquisadores
utilizam dardos com anestésicos
injetáveis para capturá-los.
Inclusive, a literatura científica
recomenda a utilização da
associação de três tipos de drogas,
mas a campo isso não funciona
muito bem já que a mistura dessas
drogas deve ser feita imediatamente
antes de sua utilização, dificultando
a manipulação das mesmas na selva.
Assim, tivemos, por questões de
segurança e bem-estar do animal,
que desenvolver um protocolo
anestésico mais simples”, explica a
professora Carmen Hilst, da
Universidade Estadual de Londrina.
Ela desenvolveu, em conjunto
com a equipe de pesquisadores, um
protocolo anestésico que utiliza
aplicação de doses mínimas de uma
única droga, facilitando assim a sua
manipulação em campo e
melhorando significativamente o
retorno anestésico dos animais,
evitando, ainda, problemas após a
soltura dos mesmos na natureza.
A criatividade da equipe também
foi um ponto alto da expedição às
ilhas do Rio Paraná. Além da
utilização de protocolo anestésico
mais moderno, também foi preciso
projetar e construir, com ajuda de
um serralheiro do município de
Porto Rico-PR, armadilhas especiais,
providas de sistemas de
acionamento manual e automático.
Artigos científicos sobre a
utilização e o sucesso de captura
com essa armadilha mereceram
publicação nos conceituadíssimos
American Journal of Primatology e
International Journal of
Primatology.
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