CORREIO POPULAR Ciência, tecnologia e inovação A13 Campinas, sexta-feira, 18 de maio de 2012 Cenário XXI Sugestões e contato: [email protected] PESQUISA ||| RECICLAGEM E ECONOMIA Barreira sustentável contra a elevação do nível do mar Quebra-mar de PET garante eficiência de 98% na dissipação da força das ondas Fotos: Divulgação Patrícia Azevedo em resumo EM MOVIMENTO Tetraplégica mexe braço-robô com controle da mente DA AGÊNCIA ANHANGUERA I I Cathy Hutchinson, de 59 anos, gosta de beber café todo dia. Mas, numa manhã de abril de 2011, esse ritual teve um sabor especial: 15 anos após ficar tetraplégica, ela conseguiu erguer uma garrafa e levá-la à boca sozinha. Com um chip implantado em seu cérebro, ela usou apenas o pensamento para controlar um braço robótico conectado ao dispositivo. Foi a primeira vez que uma pessoa conseguiu manipular um aparelho mecânico usando esse tipo de interface. O dispositivo usado para ler os sinais dos neurônios foi o Braingate, criado na Universidade Brown, nos EUA. A pesquisa está na edição de ontem da revista Nature. Um outro paciente, de 66 anos, também fez o experimento, com sucesso. Grupo do brasileiro Miguel Nicolelis havia anunciado ano passado experimento similar, no qual macacos movimentaram braços mecânicos. (Folhapress) [email protected] A engenheira da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luana Kann Kelch Vieira desenvolveu um quebra-mar flutuante feito com garrafas PET. O modelo dissipou em mais de 98% a energia da onda gerada artificialmente em um canal durante testes em laboratório. Segundo Luana, é a primeira vez que se desenvolve um modelo com o material. Estudo identifica perda mundial de áreas costeiras Esse tipo de barreira é utilizado para a proteção da costa contra a erosão provocada pela força das ondas ou para proteger áreas para a construção de píeres, portos e marinas. O sistema tradicional usa pedras e material de construção civil e é bem mais caro que o desenvolvido por Luana. “Ainda não calculamos a economia, mas podemos afirmar que será grande, uma vez que o PET pode ser facilmente encontrado em depósitos de reciclagem”, afirma a pesquisadora. Estudos realizados em todos os continentes têm verificado uma forte tendência erosiva das linhas de costa atuais em razão do efeito da subida do nível do mar como consequência do aquecimento global. Segundo o orientador do projeto, professor Tiago Zenker Gireli, do Departamento de Recursos Hídricos, todos os anos, faixas de praia, áreas urbanizadas, ruas e residências inteiras são perdidas para o mar e isso gera grandes prejuízos às economias SAIBA MAIS O projeto do quebra-mar de PET faz parte de tese de mestrado da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e os resultados foram tão positivos que a pesquisa terá continuidade em trabalho de doutorado, a ser realizado em campo. Os novos estudos visam substituir materiais para que o quebra-mar tenha uma durabilidade maior. “Precisamos estudar quais devemos escolher para os testes em campo”, diz a pesquisadora Luana Kann Kelch Vieira. PERIGO POTENCIAL Nasa estima risco de choque com 4,7 mil asteroides Acima, quebra-mar tradicional com pedras na foz do Rio Pontengi, em Natal (RN); ao lado, experimento do modelo com garrafas PET em laboratório da USP Protótipo usou mais de 1,2 mil garrafas pesquisadora Luana Kann Kelch Vieira construiu um modelo do quebra-mar em escala reduzida com 1.260 garrafas PET de 500 mililitros. Os recipientes foram vedados e presos com fita adesiva para depois serem agrupados em 21 blocos amarrados com arame e compactados com barras de aço de construção. A extensão dos blocos chegou a quatro metros e meio de altura e noventa centímetros de largura. Os testes foram feitos no canal do Centro Tecnológico de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Em escala real, o modelo teria 112 metros de extensão. A ancoragem foi feita com cordas de PET reciclado. O dispositivo precisa ser preso para ficar parcialmente submerso e, assim, oferecer resistência às ondas. “Se a estrutura flutuasse, a onda passaria por ela, sem resistência. Dessa forma, o quebra-mar fica tensionado, criando um obstáculo físico”, explica Luana. O ensaio com cada onda no canal durou dez minutos. Foram programadas ondas de 0,5 metro até 3 metros de altura (de 20 a 120 milímetros no modelo reduzido) e período real de 4,5 até 8,5 segundos (0,9 até 1,7 segundo na escala reduzida). O melhor resultado, quando a energia da onda foi dissipada em 98%, foi na altura de 60 e 80 milímetros e período de 0,9 segundo. Se os valores fossem transportados para a natureza, seria o equivalente a uma onda que chegou ao quebra-mar com 2 metros de altura e, depois de atravessá-lo, não passou de 4 centímetros. Ela enfatiza que o canal é diferente da natureza, onde as ondas são irregulares e o corpo d’água, seja de um rio ou do mar, é bem menos estreito. O tamanho será redefinido para um novo modelo a ser aplicado em pesquisas de campo, a próxima fase do projeto. (PA/AAN) dos municípios litorâneos. O quebra-mar mais conhecido é do tipo “talude”, feito com concreto ou pedras natu- rais e fixado no solo. Houve um experimento norte-americano com pneus, mas que não obteve os mesmos resul- tados devido à baixa percolação, que é a passagem de água através de meio poroso. “O mais relevante neste A SATÉLITE RUSSO ||| EM UM CLIQUE A maior fotografia da Terra Imagem registrada a 36 mil quilômetros de distância da superfície tem 121 megapixels O satélite meteorológico russo Elektro-L fez a maior fotografia do planeta Terra em apenas um clique. A foto é o registro com maior resolução disponível do globo terrestre e também o primeiro capturado com um único O globo terrestre na imagem capturada em alta definição projeto é o fato de termos conseguido a redução de altura da onda por meio da percolação”, afirma a pesquisadora. No modelo construído por Luana, a onda passa pelo espaço entre as garrafas. Com o atrito entre a água e as paredes da garrafa PET, a energia da onda diminui. No quebra-mar comum, a força é reduzida por arrebentação ou reflexão. Vantagens Além dos benefícios ao meio ambiente — as garrafas de politereftalato de etileno (PET) demoram até 400 anos para se degradar na natureza —, o custo do material é muito acessível. Outro atrativo da garrafa PET é o elemento flutuante. Quando cheia de ar, gera o empuxo, que é a força que vai resistir à passagem da onda. A inovação está em processo de patenteamento junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), por intermédio da Agência de Inovação Inova Unicamp. disparo pelos sensores de um satélite. A imagem foi registrada a 36 mil quilômetros da superfície, com 121 megapixels. Cada pixel corresponde a aproximadamente um quilômetro de distância real. As cores estão diferentes dos registros tradicionais porque a foto é criada com a combinação de luz em quatro comprimentos de onda diferentes, três visíveis e uma infravermelha. De acordo com a agência espacial russa Roscosmos, dessa forma, a vegetação aparece em vermelho em vez de verde, como é mais comum. O satélite Elektro-L foi lançado no espaço pela Agência Espacial Russa em janeiro do ano passado e faz uma foto dessa a cada meia hora para monitorar mudanças climáticas. Imagens similares são divulgadas pela Nasa e outras agências espaciais, mas, geralmente, são feitas usando uma composição de várias imagens. (Da Agência Anhanguera) I I Existem cerca de 4,7 mil asteroides com potencial para atingir a Terra, estimou a Nasa com base em dados coletados pela sonda Wise. São considerados perigosos asteroides com 100 metros ou mais de diâmetro, grandes o suficiente para resistir à passagem pela atmosfera e ter órbitas próximas à Terra, a uma distância de no máximo vinte vezes a que separa o nosso planeta da Lua. O astrônomo Amy Mainzer disse que a informação não deve provocar pânico e que os asteroides oferecem oportunidades para a exploração espacial, já que esses corpos celestes estariam ao alcance de uma missão tripulada. A Nasa calcula que entre 20% e 30% dos asteroides potencialmente perigosos já foram localizados e monitorados. (AAN) PRÉ-HISTÓRIA Dinossauros do período jurássico sofriam de artrite I I Os dinossauros do período jurássico também tinham artrite, assim como os humanos de hoje. A descoberta, feita por paleontólogos da universidade inglesa de Bristol, foi publicada na última quarta-feira na revista Paleontologia. Os estudos foram realizados a partir do fóssil de um crânio de um réptil marinho de 150 milhões de anos. Com 1,7 metro de comprimento, os ossos do animal, uma fêmea, foram encontrados na Inglaterra. Os cientistas identificaram sinais claros de artrite na mandíbula e concluíram que a doença, que é degenerativa e atinge as articulações, provocou sua morte. Os pliossauros eram predadores e podiam medir mais de oito metros. A cabeça era parecida com a dos crocodilos e o corpo, com o de uma baleia. (AAN)