ATIVIDADE ANTIFÚNGICA E MECANISMO DE AÇÃO DA DEFENSINA PvD1 ISOLADA DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L. ÉRICA DE OLIVEIRA MELLO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO – 2010 ATIVIDADE ANTIFÚNGICA E MECANISMO DE AÇÃO DA DEFENSINA PvD1 ISOLADA DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L. ÉRICA DE OLIVEIRA MELLO Dissertação apresentada ao Centro de Biociências Universidade e Biotecnologia, Estadual do da Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Biociências Biotecnologia ORIENTADORA: PROF ª VALDIRENE MOREIRA GOMES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO – 2010 e ATIVIDADE ANTIFÚNGICA E MECANISMO DE AÇÃO DA DEFENSINA PvD1 ISOLADA DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L. Dissertação apresentada ao Centro de Biociências Universidade e Biotecnologia, Estadual do da Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Biociências Biotecnologia Aprovada em 22 de fevereiro de 2010. Comissão examinadora: Profª Michelle Frazão Muzitano (Drª em Química – UFRJ) Profª Claudete Santa Catarina (Drª em Biotecnologia – UENF) Profª Maura da Cunha (Drª em Ciências – UENF) Profª Valdirene Moreira Gomes (Drª em Ciências – UENF) Orientadora e DEDICO... A minha mãe Nádia, ao meu pai José Aurélio e aos meus irmãos Rômulo, Milla e Thaís por todo o incentivo e apoio, por acreditarem em mim, investirem nos meus sonhos e por compreenderem, há tanto tempo, a minha ausência. Essa vitória é nossa!!!! Muito obrigada por tudo!!!! AGRADECIMENTOS À prof ª Valdirene Moreira Gomes não só pela orientação e pelo aprendizado, mas também pela experiência de vida passada a mim durante todo esse tempo. Obrigada por toda força, paciência e pela confiança depositada em mim para que hoje eu pudesse enfim alcançar mais essa vitória!! Ao prof ° André de Oliveira Carvalho por ter aceitado revisar essa dissertação, por todos os ensinamentos desde a minha graduação, por todas as dicas, pela paciência e sabedoria, pelo companheirismo. Grande parte do que sou hoje devo a você!! À prof ª Rosana Rodrigues por ter me cedido as sementes de feijão comum para que eu pudesse dar continuidade ao desenvolvimento deste trabalho. Ao prof ° Wilmar Dias da Silva e à técnica Claudia Letícia que com toda a experiência e sabedoria colaboraram na produção do anticorpo. À prof ª Maura Da Cunha e a Germana pela colaboração e pela ajuda durante os experimentos de microscopia. Aos meus companheiros de bancada: Izabella (agora Drª, né?) pela colaboração nos ensaios antifúngicos, Gabriela, Umberto, Nádia, Júlia, Marcielle e Layrana por toda a ajuda prestada durante todo esse tempo e em especial aos meus amigos Mariângela, Suzanna, Luana e Gabriel que além de toda a ajuda prestada, sempre me proporcionaram momentos de descontração, fazendo meu dia-a-dia muito melhor!!! À Suzanna por toda ajuda, ensinamentos passados e colaboração com os ensaios de inibição do crescimento e inibição da acidificação. Valeu Su!! Ao Luis pela dedicação e manutenção do nosso laboratório. A todos os alunos, professores e funcionários do LFBM. A amiga de república Géssika pela amizade, pelas risadas até altas horas da noite e também por aguentar meu mau humor no dia-a-dia (rsrsrs). Não posso deixar de agradecer também as ex integrantes da eterna República Blush: Xxxxúúú, Priscilla, Paty (tenso), Lidy (dinda) e também as meninas do Caju, valeu pela força e amizade de sempre!!!!! Aos meus cunhados Fábio, Carla e Reginaldo por todo o incentivo! E a minha sobrinha Anita, por ser a minha alegria de viver e principal fonte para recarregar minhas energias! Titia te ama muito!!!! À minha família campista e em especial ao meu namorado e anjo da guarda Raphael Santiago. Obrigada por toda a paciência, dedicação, cuidado, amizade, pelas palavras de conforto nos momentos mais difíceis e por toda atenção e carinho a mim dedicados! Te amo!! ÍNDICE AGRADECIMENTOS................................................................................................ I ÍNDICE ..................................................................................................................... III LISTA DE FIGURAS................................................................................................. VII ABREVIATURAS...................................................................................................... IX RESUMO.................................................................................................................. XI ABSTRACT.............................................................................................................. XII 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1 1.1. PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS................................................................. 1 1.2. PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS DE PLANTAS.......................................... 2 1.3. DEFENSINAS................................................................................................. 3 1.3.1. ASPECTOS ESTRUTURAIS................................................................... 4 1.3.2. ATIVIDADES DESCRITAS IN VITRO PARA AS DEFENSINAS DE PLANTAS ................................................................................................................. 1.3.3. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DAS DEFENSINAS 5 DE PLANTAS.................................................................................................................. 6 1.3.4. MECANISMO DE AÇÃO DAS DEFENSINAS DE PLANTAS................. 9 1.4. LEVEDURAS.................................................................................................. 11 1.5. FUNGOS FILAMENTOSOS........................................................................... 15 1.6. FEIJÃO COMUM Phaseolus vulgaris ............................................................. 12 2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 14 2.1. OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 14 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................ 14 3. MATERIAIS ........................................................................................................ 15 3.1. MATERIAL BIOLÓGICO................................................................................. 15 3.1.1. SEMENTES............................................................................................. 15 3.1. 2. MICRORGANISMOS.............................................................................. 15 3.1.3. COELHOS............................................................................................... 15 3.2. REAGENTES E OUTROS MATERIAIS.......................................................... 15 3.3. INSTRUMENTAL............................................................................................. 17 4. MÉTODOS............................................................................................................ 18 4.1. EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA DEFENSINA PvD1 DE Phaseolus vulgaris...................................................................................................................... 18 4.1.1. EXTRAÇÃO PROTÉICA DAS SEMENTES.............................................. 18 4.1.2. CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA DEAE-SEPHAROSE............... 20 4.1.3. CROMATOGRAFIA DE FASE REVERSA EM COLUNA C2C18 EM HPLC......................................................................................................................... 4.2. QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS .......................................................... 4.3.ELETROFORESE EM GEL DE TRICINA NA PRESENÇA 20 21 DE SDS........................................................................................................................... 21 4.3.1. CORAMENTO E DESCORAMENTO DO GEL ........................................ 21 4.4. PRODUÇÃO DE ANTICORPO E WESTERN BLOTTING............................... 21 4.4.1. OBTENÇÃO DO SORO PRÉ-IMUNE E IMUNIZAÇÃO............................ 21 4.4. 2. PURIFICAÇÃO DE IgG DO SORO.......................................................... 22 4.4.3.ELETROTRANSFERÊNCIA DE PROTEÍNAS PARA WESTERN BLOTTING................................................................................................................ 23 4.4.4. IMUNODETECÇÃO DE PROTEÍNAS .................................................... 23 4.5. ENSAIO DE INIBIÇÃO DA GERMINAÇÃO DOS ESPOROS FÚNGICOS EM MEIO LÍQUIDO.......................................................................................................... 24 4.5.1. OBTENÇÃO DE ESPOROS DE FUNGOS FILAMENTOSOS.................. 24 4.5.2. ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO DOS ESPOROS FÚNGICOS............................................................................................................... 24 4.6. AVALIAÇÃO DO MECANISMO DE AÇÃO DA PvD1 SOBRE FUNGOS.......... 24 4.6.1. EFEITOS DA DEFENSINA PvD1 SOBRE A PERMEABILIZAÇÃO DE MEMBRANA DE FUNGOS FILAMENTOSOS E LEVEDURAS................................ 24 4.6.2. ANÁLISE DO EFEITO DA DEFENSINA PvD1 SOBRE A INIBIÇÃO DA ACIDIFICAÇÃO DO MEIO INDUZIDO POR GLICOSE POR CÉLULAS DE LEVEDURAS............................................................................................................ 25 4.6.2.1. MANUTENÇÃO E PREPARO DAS CÉLULAS................................... 25 4.6.2.2. ENSAIO DE ACIDIFICAÇÃO............................................................. 25 4.6.3. EFEITOS DA DEFENSINA ISOLADA PvD1 SOBRE A INDUÇÃO DA A PRODUÇÃO ENDÓGENA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO (ROS) EM)) CÉLULAS DE C. albicans.......................................................................................... 26 5. RESULTADOS..................................................................................................... 27 5.1. PURIFICAÇÃO DA DEFENSINA.................................................................... 27 5.2. ELETROFORESE EM GEL DE TRICINA NA PRESENÇA DE SDS.............. 29 5.3. WESTERN BLOTTING.................................................................................... 30 5.4. ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO DE ESPOROS FÚNGICOS EM MEIO LÍQUIDO................................................................................................... 31 5.5. EFEITOS DA DEFENSINA PvD1 SOBRE A PERMEABILIZAÇÃO DE MEMBRANA DE FUNGOS FILAMENTOSOS E LEVEDURAS................................ 32 5.6. ENSAIO DE ACIDIFICAÇÃO DO MEIO INDUZIDO POR GLICOSE EM CÉLULAS DE LEVEDURAS..................................................................................... 41 5.7. EFEITOS DA DEFENSINA ISOLADA PvD1 SOBRE A INDUÇÃO DA PRODUÇÃO ENDÓGENA DE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO (ROS) EM CÉLULAS DE C. albicans......................................................................................... 45 6. DISCUSSÃO......................................................................................................... 47 7. CONCLUSÕES..................................................................................................... 53 8. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 54 LISTA DE ESQUEMAS, FIGURAS E TABELAS FIGURA 1. Comparação entre estruturas elucidadas de diferentes defensinas de plantas....................................................................................................................... 5 TABELA 1. Atividade antifúngica de defensinas contra fungos, leveduras, oomicetos e bactérias................................................................................................ 9 ESQUEMA 1. Fracionamento com sulfato de amônio do homogeneizado obtido a partir da extração da farinha das sementes de feijão comum.................................. 19 FIGURA 2. Cromatograma da F/0-70 de sementes de feijão comum obtido após cromatografia em coluna DEAE–Sepharose............................................................ 27 FIGURA 3. Cromatograma obtido após cromatografia de fase reversa em coluna C2/C18 em HPLC do pico D1 obtido após cromatografia em DEAE-Sepharose..... FIGURA 4. Visualização eletroforética em gel de tricina na presença de SDS da F/0-70 e dos picos obtidos após cromatografia de troca iônica DEAE-Sepharose e 28 cromatografia em coluna de fase reversa C2C18.................................................. 29 FIGURA 5. Western Blotting do anticorpo produzido em coelhos contra a defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris................................................ 30 FIGURA 6. Curva de crescimento mostrando a alteração do crescimento dos fungos filamentosos (A) F. oxysporum, (B) F. solani e (C) F. laterithium na ausência (controle) e na presença da defensina isolada PvD1, obtida após cromatografia em coluna de DEAE-Sepharose........................................................ 31 TABELA 2. Atividade antifúngica da defensina PvD1 para fungos filamentosos.... 32 TABELA 3. Atividade antifúngica da defensina PvD1 para leveduras..................... 32 FIGURA 7. Microscopia dos fungos filamentosos Fusarium oxysporum (A-D), Fusarium solani (E-H), Fusarium laterithium (I-L) tratados com Sytox Green.......... 35 FIGURA 8. Microscopia das células das leveduras C. parapsilosis (A-D), P. membranifaciens (E-H), C. tropicalis (I-L) tratadas com Sytox Green...................... 38 FIGURA 9. Microscopia das células das leveduras C. albicans (A-D), K. marxiannus (E-H) e S. cerevisiae (I-L) tratadas com Sytox Green........................... 41 FIGURA 10. Porcentagem de acidificação do meio por células da levedura S. cerevisiae, na presença da defensina PvD1 de sementes de feijão comum obtida após cromatografia em coluna DEAE-Sepharose, nas várias concentrações testadas. (A) 1 h de pré-incubação; (B) 2 h de pré-incubação; (C) 4 h de préincubação.................................................................................................................. 43 FIGURA 11. Porcentagem de acidificação do meio por células da levedura C. albicans, na presença da defensina PvD1 isolada de sementes de feijão comum obtida após cromatografia em coluna DEAE-Sepharose, nas várias concentrações testadas. (A) 1 h de pré-incubação; (B) 2 h de pré-incubação e (C) 4 h de pré-incubação................................................................................................ 45 FIGURA 12. Microscopia das células da levedura C. albicans tratadas com o corante 2’,7’ diclorofluoresceína diacetato............................................................. 46 ABREVIATURAS ACN – Acetonitrila AMP – Peptídeo antimicrobiano BSA – Albumina bovina sérica D1 – Pico não retido na cromatografia em coluna DEAE- Sepharose D2 – Pico retido na cromatografia em coluna DEAE- Sepharose Da – Dalton DAD – Detector de arranjo de diodo DAB – Diaminobenzidina DAPI – 4,6 diamidino 2 fenilindol DEAE – Dietilaminoetil EDTA – Ácido etilenodiaminotetracético ELISA – Ensaio imunosorvente ligado à enzima FITC – Isotiocianato fluoresceína F/0-70 – Fração 0-70 obtida após fracionamento com sulfato de amônio 0-70% H1 – Pico obtido em coluna de fase reversa HPLC – Cromatografia líquida de alto desempenho IC50 – Concentração de proteína necessária para de obter 50% de inibição do crescimento da levedura IgG – Imunoglobulina G kDa – Quilodaltons M – Marcador de massa molecular nm – Nanômetro PvD1 – Defensina 1 de Phaseolus vulgaris TEMED – N, N, N’ ,N’ -tetrametiletilenodiamina TFA – Ácido trifluoroacético Tris – Tris-hidroximetil-aminometano SDS – Dodecil sulfato de sódio VrD1 – Defensina 1 de Vigna radiata PhD1 e PhD2 – Defensinas 1 e 2 de Petunia hybrida, PsD1 – Defensina de Pisum sativum Rs-AFP2 – Defensina 2 de Raphanus sativus NaD1 – Defensina 1 de Nicotiana alata alfAFP – Defensina de Medicago sativa Hs-AFP1 – Defensina 1 de Heuchera sanguinea ROS – Espécies reativas de oxigênio Bisacrilamida – N,N’-metileno bisacrilamida PBS – Tampão fosfato salino RESUMO Nos últimos anos muitos trabalhos vêm demonstrando a função de algumas proteínas e peptídeos com atividade antimicrobiana isolados de diferentes espécies de plantas contra um vasto número de microrganismos, os quais vêm sendo utilizados como modelo no estudo dos diferentes processos celulares relacionados à ação destes peptídeos antimicrobianos. Em 2008, nosso grupo isolou e caracterizou uma defensina de sementes de Phaseolus vulgaris (L.), denominada PvD1. O objetivo deste trabalho estudar o mecanismo de ação e atividade antifúngica desta defensina contra diferentes espécies de fungos filamentosos e leveduras. Inicialmente, proteínas foram extraídas da farinha da semente em tampão fosfato pH 5,4 na proporção de 1:5 por duas horas sob constante agitação a 4 °C. O sobrenadante obtido foi submetido a precipitação com sulfato de amônio (0-70%). Este precipitado foi ressuspenso em água destilada e aquecido a 80 °C por 15 min. A solução resultante foi centrifugada e o sobrenadante dialisado contra água destilada e liofilizado. Uma cromatografia de troca iônica em coluna DEAESepharose foi empregada inicialmente para a purificação da PvD1 a qual resultou em dois diferentes picos denominados D1 e D2. O pico D1 contendo a PvD1, foi submetido a uma cromatografia de fase reversa em coluna C2C18 em HPLC confirmando sua pureza. Então, a fração D1 foi utilizada para a produção do anticorpo contra PvD1 e também foram feitos testes antifúngicos com os fungos filamentosos Fusarium oxysporum, F. solani e F. laterithium e foi possível observar que a inibição foi mais acentuada na presença de 100 µg.mL-1 da PvD1. Foi mostrado também que PvD1 é capaz de causar permeabilização de membrana tanto nos fungos filamentosos testados quanto nas células das leveduras Candida parapsilosis, Pichia membranifaciens, marxiannus C. tropicalis, C. albicans, Kluyveromyces e Saccharomyces cerevisiae. PvD1 também foi capaz de inibir a acidificação do meio, estimulada por glicose por células das leveduras S. cerevisiae e C. albicans bem como induzir também a produção de espécies reativas de oxigênio em células de C. albicans. ABSTRACT In the last years studies have demonstrated the function of some proteins and peptides with antimicrobial activity isolated from different plant species against an extensive number of microorganisms, which have been used as a model in the study of different cellular processes connected with the action of these antimicrobial peptides. In 2008, our group isolated and characterized an defensin from Phaseolus vulgaris seeds (L.), named PvD1. The aim of this study was to study the mechanism of the action and the antifungal activity of the defensins against different species of filamentous fungi and yeasts. Initially, the proteins from seed flour were extracted in phosphate buffer pH 5.4 in the ratio 1:5, for two hours under constant agitation at 4 °C. The supernatant obtained was submitted to precipitation with ammonium sulfate (0-70%). This precipitate was resuspended in distilled water and heated at 80 °C for 15 min. The resulting solution was centrifuged and the supernatant dialyzed against distilled water and freeze dried. An ion exchange chromatography on a column of DEAE-Sepharose was initially employed for the purification of the PvD1 which resulting in two different peaks named D1 and D2. The peak D1 containing the PvD1, was submitted to a C2C18 HPLC reverse phase column to assure its purity. Then, D1 fraction used for production of the antibody against the defensin PvD1 and also for antifungal tests were made with the filamentous fungi Fusarium oxysporum, F. solani e F. laterithium and was possible to observe that the inhibition was more accentuated in the presence of 100 µg.mL-1 of the PvD1. It was also shown that the defensin PvD1 is capable of causing membrane permeabilization in filamentous fungi and in yeast cells Candida parapsilosis, Pichia membranifaciens, C. tropicalis, C. albicans, Kluyveromyces marxiannus e Saccharomyces cerevisiae. PvD1 was also able to inhibit the acidification of the medium, stimulated with glucose by yeast cells of S. cerevisiae e C. albicans, as well as to induce too production the reactive oxygen species in the cells of C. albicans. 1. INTRODUÇÃO 1.1. Peptídeos antimicrobianos Peptídeos antimicrobianos (AMPs) são moléculas de baixa massa molecular com uma vasta atividade inibitória contra vírus, bactérias e fungos (Izadpanah e Gallo, 2005). Estes peptídeos pertencem a um grupo diverso e abundante de moléculas que são produzidas por diversas células tanto em plantas quanto em animais e, que são agrupados de acordo com a sua atividade antimicrobiana intrínseca (Gallo et al., 2002; Brodgen, 2005). Grande parte desses AMPs consistem em aproximadamente 50 resíduos de aminoácidos, são anfipáticos e carregam uma carga líquida positiva em pH fisiológico (Van’t Hof et al., 2001). Os AMPs foram agrupados em cinco classes baseando-se em suas estruturas tridimensionais e sequências. O primeiro grupo é constituído por AMPs que adotam conformação de α-hélice em ambientes hidrofóbicos tais como a cecropina e a magainina. O segundo grupo encerra peptídeos que tem estrutura secundária formada por folhas β como exemplificado pela taquiplesina, tanatina e polifemusina. O terceiro grupo é rico no aminoácido cisteína o qual está ligado entre si formando pontes dissulfeto e são representados por vários peptídeos de plantas como as defensinas, tioninas, proteínas transportadoras de lipídeos e quinotinas. O quarto grupo engloba peptídeos ricos em aminoácidos regulares como a histidina (histatinas) e triptofano (indolicidinas). A última classe é representada pelos peptídeos ricos em aminoácidos raros tais como gramicidinas (Broekaert et al., 1997; Reddy et al., 2004). Os AMPs são componentes importantes do sistema de defesa das plantas, animais e humanos (Hancock e Scott, 2000; Thevissen et al., 2003a). Evidências indicam que eles atuam na permeabilização da membrana celular dos microrganismos (Huang et al., 2000). Devido à capacidade que os AMPs possuem de interagir com determinadas membranas celulares e, dessa forma, conferir uma eficiente atividade antimicrobiana contra determinados agentes patogênicos, tem-se observado nos últimos anos um grande interesse biológico em estudar esse grupo de proteínas (Gallo et al., 2002). A seleção de um número cada vez maior de microrganismos resistentes a antibióticos e a outros agentes antimicrobianos tem despertado a atenção de muitos pesquisadores na tentativa de se desenvolver novos agentes terapêuticos (Gallo et al., 2002). O potencial terapêutico dos AMPs é valorizado graças à capacidade destes compostos de matar rapidamente um grande número de microrganismos incluindo bactérias, vírus e fungos que são multiresistentes a drogas. 1.2. Peptídeos antimicrobianos de plantas As plantas, por serem organismos sésseis, estão constantemente expostas a uma grande variedade de organismos potencialmente patogênicos, como vírus, bactérias, micoplasmas, fungos, protozoários e nematódeos, e podem ainda ser afetadas por diversos animais herbívoros e por condições ambientais adversas. Sendo assim, sua sobrevivência nessas condições exige uma rápida resposta de defesa (Castro e Fontes, 2005). Evolutivamente, todas as plantas desenvolveram eficientes sistemas de defesa com a capacidade de reconhecer patógenos invasores e agressores herbívoros e acionar o sistema de defesa (Castro e Fontes, 2005). As defesas empregadas pela planta para sua proteção contra herbívoros e patógenos são de múltipla ordem e de diversos tipos e, embora as plantas possam sofrer danos de maior ou menor extensão, a enorme maioria sobrevive (Nürnberger e Lipka, 2005). Diversos mecanismos estão envolvidos na defesa de plantas contra seus agressores seja pelo acúmulo de componentes fenólicos, de alcalóides, de aminoácidos não protéicos, de glicosídeos ou de proteínas e peptídeos com atividade antimicrobianas e inseticidas (Wittstock e Gershenzon, 2002; Castro e Fontes, 2005). Várias classes de proteínas de plantas têm sido implicadas nos mecanismos de defesa de plantas contra patógenos e insetos, sejam estas induzidas ou constitutivas. Dependendo de sua função durante a resposta de defesa, proteínas envolvidas nesses processos podem atuar fortalecendo ou reparando a parede celular ou modificando as propriedades da matriz extracelular. A grande maioria, porém, atua diretamente sobre o patógeno ou herbívoro agressor (Shewry e Lucas, 1997; Carline e Grossi-de-Sá, 2002). Muitos AMPs têm sido isolados de plantas, especialmente de sementes, local em que podemos encontrá-los em nível elevado se comparado a outros órgãos da planta (Broekaert et al., 1997; Wang et al., 2001; Sels et al., 2008). Nos últimos anos nosso grupo, por exemplo, vem isolando e caracterizando diferentes proteínas e AMPs presentes em sementes, os quais estão envolvidos nos mecanismos de defesa de plantas. Até o momento Foram purificadas e caracterizadas uma defensina e uma proteína transportadora de lipídeos (LTP) de sementes de feijãode-corda (Vigna. unguiculata) (Carvalho et al., 2001; Carvalho et al., 2004), uma albumina 2S de sementes de maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa) (Agizzio et al., 2003), uma LTP exsudada de sementes de feijão-de-corda (Diz et al., 2003), um peptídeo com alta homologia à LTP isolado de sementes de pimenta (Capsicumm annuum) (Diz et al., 2006) e um inibidor de proteinase isolado também de sementes de pimenta (Ribeiro et al., 2007). A expressão dos AMPs em plantas transgênicas pode ter aplicações na proteção das plantas contra doenças (Kanzaki et al., 2002) e alguns AMPs estão sendo desenvolvidos como novos antibióticos potenciais com aplicações médicas (Hancock e Scott, 2000). No momento existe um forte interesse em se identificar os processos celulares que determinam a susceptibilidade dos microrganismos aos AMPs, devido à sua função no sistema de defesa natural e sua potencial aplicação (Stephens et al., 2005). Nos últimos anos, os pesquisadores vêm aumentando o interesse no estudo das proteínas e dos peptídeos presentes em sementes de plantas, devido ao seu forte papel antimicrobiano, dentre eles podemos citar: as tioninas, as heveínas, as knotinas, as LTPs e as defensinas (Broekaert et al., 1997; Carvalho e Gomes, 2007, Carvalho e Gomes, 2009). 1.3. Defensinas As defensinas de plantas são peptídeos pequenos (45-54 resíduos de aminoácidos), que apresentam peso molecular entre 5 e 8 kDa, altamente básicos, ricos em cisteínas (oito resíduos) e que possuem atividade antifúngica e/ou antimicrobiana em concentrações micromolares (Thevissen et al., 2003a; Carvalho e Gomes, 2009). Estes peptídeos foram primeiramente isolados a partir de sementes de trigo e cevada em 1990 (Colilla et al., 1990). Estes são ativos contra várias classes de fungos fitopatogênicos e patógenos humanos, como por exemplo, Candida albicans (Thevissen et al., 2003a). Inicialmente, estas defensinas foram consideradas como um novo subgrupo das tioninas, sendo então chamadas γ-tioninas (Terras et al., 1995) por apresentarem a mesma massa molecular, mas sua conformação estrutural disposta em três folhas β antiparalelas e uma α-hélice estabilizada por quatro pontes dissulfeto, as diferenciavam das tioninas estruturalmente (Broekaert et al., 1997; Fant et al., 1998; Almeida et al., 2002); Thevissen et al., 2003a; Thevissen et al., 2004. Alguns anos depois, devido a sua similaridade estrutural com defensinas de insetos e mamíferos, γ-tinionas foram renomeadas como defensinas de plantas (Terras et al., 1995). 1.3.1. Aspectos estruturais Estudos da estrutura tridimensional de defensinas encontradas em diferentes espécies de plantas revelaram que estas moléculas são bastante semelhantes entre si (Almeida et al., 2002). De um modo geral, a estrutura das defensinas de plantas é composta por três folhas β e uma α-hélice, sendo estes elementos da estrutura secundária, conectados através de três alças. A estrutura das defensinas de plantas é estabilizada por quatro pontes dissulfeto (Fant et al., 1998; Almeida et al., 2002; Carvalho e Gomes, 2009) (Figura 1A). Duas dessas pontes são formadas entre as Cys21 da α-hélice e Cys45 da última folha β e entre a Cys25 da α-hélice e Cys47 da última folha β formando um arranjo estrutural denominado de domínio αβ estabilizado por cisteínas, característico de peptídeos com atividade antimicrobiana (Cornet et al., 1995; Fant et al., 1998; Thomma et al., 2002). Embora exista uma grande similaridade entre as estruturas das defensinas de plantas, recentemente foram descritas algumas defensinas que possuem estruturas diferenciadas. A defensina 1 de feijão (Vigna radiata),VrD1 (Liu et al., 2006), apresenta em sua estrutura uma hélice extra denominada hélice 310 (Figura 1B). Além desta, as defensinas isoladas de flores de Petunia hybrida, PhD1 e PhD2, apresentam em sua estrutura 5 pontes dissulfeto (Janssen et al., 2003; Lay et al., 2003a; Lay et al., 2003b) (Figura 1C). Mesmo com estas diferenças estruturais, estas defensinas continuam apresentando o domínio αβ estabilizado por Cys. A Figura 1 mostra os três tipos de estrutura descritos para as defensinas de plantas. A C B α1 β2 β3 β1 Figura 1. Comparação entre estruturas elucidadas de diferentes defensinas de plantas. A Estrutura da defensina PsD1 de ervilha (Pisum sativum) (Almeida et al., 2002); B - Estrutura da defensina VrD1 de feijão (Vigna radiata) (Liu et al., 2006); C - Estrutura da defensina PhD1 de Petunia hybrida (Janssen et al., 2003). (N) Região N-terminal; (C) região Cterminal; (α1) α-hélice; (β1) folha β 1; (β2) folha β 2; (β3) folha β 3; (310) α-hélice 310. 1.3.2. Atividades descritas in vitro para as defensinas de planta As defensinas de planta apresentam diversas funções biológicas que incluem atividade antifúngica (Broekaert et al., 1997; García-Olmedo et al., 1998; Carvalho et al., 2001; Thomma et al., 2002; Thevissen et al., 2003b; Games et al., 2008), inibição de amilases do intestino de insetos (Bloch e Richardson, 1991; Liu et al., 2006; Pelegrini et al., 2008;) e tripsina bovina (Wijaya et al., 2000), inibição de síntese de proteínas (Colilla et al., 1990; Chen et al., 2002; Wong et al., 2006), atividade antibacteriana (Moreno et al., 1994; Osborn et al., 1995;) e bloqueio de canais de sódio (Kushmerick et al., 1998; Spelbrink et al., 2004). Na literatura, foi visto que defensinas encontradas em plantas desempenham um papel importante na proteção dos tecidos de plantas jovens durante os primeiros estágios de emergência (Terras et al., 1995). A expressão das defensinas nos vários tecidos das diferentes espécies de plantas, como nabo (Brassica campestris) (Park et al., 2002), ervilha (P. sativum) (Almeida et al., 2002), fumo de jardim (Nicotiana alata) (Lay et al., 2003a), rabanete (Raphanus sativus) (Terras et al., 1995), tomate (Lycopersicon esculentum) (Brandstadter et al., 1996) e Arabidopsis thaliana (Penninckx et al., 1996; Thomma et al., 2002) tem sido estudada e, observa-se que não estão presentes somente nas sementes mas também nas camadas celulares periféricas das frutas e dos órgãos florais. Esta localização periférica está relacionada com a função de proteção dos órgãos contra os ataques microbianos (Thevissen et al., 2003a). Estudos de imunomarcação revelaram que defensinas estavam localizadas na parede celular, nos espaços extracelulares do cotilédone e no tegumento deste órgão. Essa localização seria adequada a um componente do sistema de defesa que estaria presente nas regiões onde ocorrem os primeiros contatos entre fungos e a semente e com a velocidade necessária para que esta proteína fosse exsudada. Isto sugere que estes peptídeos possam contribuir para o controle de doenças fúngicas do solo (Terras et al., 1995). Algumas defensinas são sistemicamente induzidas sob infecção fúngica ou ferimentos de tecidos vegetativos em diferentes espécies de plantas, como por exemplo, ervilha (P. sativum), batata (Solanum tuberosum), rabanete (R. sativum), Arabidopsis thaliana entre outras (Thevissen et al., 2003a). Confirmando definitivamente a participação das defensinas na defesa de plantas, Terras et al. (1995) introduziram o gene que codifica a defensina de R. sativum, Rs-AFP2, em plantas de tabaco (Nicotiana tabacum). Por comparação do número e da área das lesões causadas pelo fungo Alternaria longipes, verificou-se que nas plantas transformadas, as áreas de lesão foram de sete a oito vezes menores que nas plantas controles. Este estudo, além de confirmar a participação das defensinas na defesa de plantas, forneceu indícios do possível potencial biotecnológico destas moléculas. 1.3.3. Atividade antimicrobiana das defensinas de planta A atividade antimicrobiana das defensinas de planta é principalmente observada contra fungos. Diversas espécies de fungos têm o crescimento inibido e entre eles estão vários patógenos de plantas (Tabela 1) (Terras et al., 1992; Terras et al., 1993; Osborn et al., 1995). A concentração inibitória varia muito e é dependente do fungo testado; por exemplo, Fusarium culmorum é inibido pela defensina de castanheiro-da-Índia (Aesculus hippocastanum), Ah-AMP1, com 12 µg.mL-1 (IC50) e por RS AFP2 com 1,5 µg.mL-1 (IC50) (Tabela 1). A atividade inibitória contra bactérias é bem menos pronunciada e é observada de um modo geral apenas contra bactérias Gram-positivas (Carvalho e Gomes, 2009). No entanto, alguns autores têm demonstrado a atividade das defensinas de plantas sobre bactérias Gram- negativas, sendo descrito por Terras et al. (1993). Mais recentemente, Franco et al. (2006) isolaram a partir de sementes de feijão (V. unguiculata) a Cp-tionina II, uma defensina (γ-tionina) que possui atividade contra bactérias Gram-positivas e negativas. Estudos também foram realizados mostrando a atividade antimicrobiana de uma defensina isolada de fumo de jardim (N. alata), denominada NaD1, sobre o crescimento de fungos filamentosos como Fusarium oxysporum, Thielaviopsis basicola, Verticillium dahliae, Leptosphaeria maculans e Aspergillus nidulans. Na concentração de 1 µM de NaD1, foi observada a inibição de 50% do crescimento dos fungos F. oxysporum e L. maculans e 65% dos fungos V. dahliae, T. basicola e A. nidulans. Já na concentração de 5 µM de NaD1, o crescimento de todos os fungos filamentosos testados, apresentou mais do que 90% de inibição (Van der Weerden et al., 2008). Foi demonstrado também que defensina isolada de sementes de alfafa (Medicago sativa), denominada alfAFP, possui uma forte atividade contra o patógeno fúngico de grande importância agronômica V. dahliae. Esta defensina, alfAFP, foi capaz de inibir o crescimento de esporos pré-germinados em 50% numa concentração de 5 µg.mL-1 e 100% para 15 µg.mL-1. Além deste fungo, esta também foi capaz de inibir outros patógenos fúngicos como Alternaria solani e F. culmorum (Gao et al., 2000). Em 2001, Carvalho et al. relataram a presença de uma defensina em sementes de feijão-de-corda que, atuando em sinergismo com uma LTP, inibia o crescimento de fitopatógenos fúngicos de importância econômica. Mais recentemente, nosso grupo de pesquisa mostrou que uma defensina isolada de sementes de Phaseolus vulgaris, inibiu fortemente o crescimento das leveduras C. albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis, Pichia membranifaciens, Kluyveromyces marxiannus e Saccharomyces cerevisiae. PvD1 também apresentou uma atividade inibitória contra o crescimento de fungos fitopatogênicos como Fusarium solani, F. laterithium e F. oxysporum. 25* 0,5* * 12 0,5* 6* >*1 * 0,5 6* - 20* 6* * 10 * 6 20* >*1* * 2 2* - Ct 1 Dm1 Dm2 12* 3* * 5 1,5* 2* >*1* * 1 4* - 10* 3* * 3 1* 2* >*1* * 1 2* - DEFENSINAS µg.mL-1 (IC50) Hs1 Rs1 Rs2 Br1 6* 1* * 1 25* 1* 15* * 0,5 12* - 8# # 5 # 15 30# # 0,3 # 5 3+ # sa 10* 3* * 1,5 * 12 1,5* 30* * 1,5 12* # 2 2# # 0,4 1,5# 25+ # sa 1,5# # 1,2 # 3 1,8# # 0,25 # 0,8 # sa 100* sa# # sa sa# 15* sa# # sa sa# 150* sa# # sa sa# - >*2# >*2# # >*2 >*2# sa sa# - # >*2# >*2# # >*2 >*2# sa sa# - # sa sa# # sa sa# # sa sa# - # >*2 - sa# # sa sa # # sa sa# - sa# - - MICRORGANISMOS Fungos Botrytis cinerea Cladosporium sphaerospermum Fusarium culmorum Leptosphaeria maculans Penicillium digitatum Trichoderma viride Septoria tritici Verticilium albo-atrum Alternaria brassicola Fusarium oxysporum lycorpesici Pericularia oryzae Verticilium dahlae Phythophtora infestans Saccharomyces cerevisiae Bactérias Gram + Bacilus megaterium Sarcina lutea Bacillus subtilis Staphylococcus aureus Microcous luteus Streptococcus faaecalis Bactérias Gram Agrobacterium tumefaciens Alcalignes eutrophus Azospirillum brasilenses Escherichia coli Erwinia carotovora Pseudomonas solanacearum Proteus vulgaris Ah1 sa# # Br2 At1 >*1# 3,9# # # 38 3 # # 75 10 # # 42 3 # # 3 0,25 # # 15 1,5 # # sa sa # Bn1 2# # 2,8 # 0,6 1,3# # 0,35 # 1,2 # sa Bn2 2# # 2,1 # 1,2 1,5# # 0,25 # 1 # sa # - 52 sa# - sa sa# - sa # # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa sa# # sa - - - - Tabela 1. Atividade antifúngica de defensinas contra fungos, leveduras, oomicetos e bactérias. Os valores são mostrados em concentrações expressas em µg.mL-1 necessárias para se obter 50% da inibição do crescimento do fungo (IC50). (-), atividade não determinada; sa, atividade inibitória acima de 500 µg.mL-1; >*1, atividade acima de 100 µg.mL-1; >*2, atividade acima de 200 µg.mL-1; Ah, Aesculus hippocastanum; At, Arabidopsis thaliana; Bn, Brassica napus; Br, Brassica rapa; Ct, Clitorea ternatea; Dm, Dahlia merckii; Hs, Heuchera sanguinea; Rs, Raphanus sativus; +, dados obtidos de Terras et al. (1992); #, de Terras et al. (1993); *, de Osborn et al. (1995). Fonte: Adaptado de Carvalho, 2005. 1.3.4. Mecanismos de ação das defensinas de plantas Diferentes estudos têm sido feitos no sentido de se desvendar o mecanismo de ação das defensinas de plantas, porém este ainda não foi totalmente elucidado. Em relação ao seu modo de ação, foi mostrado que a defensina 1 de D. merckii, DmAMP1, e Rs-AFP2 induzem uma variedade de rápidas respostas na membrana fúngica como alterações na permeabilização da membrana plasmática resultando na entrada de Ca+2 e no efluxo de K+ e mudanças no potencial de membrana. Estes resultados sugerem a interação das defensinas de plantas com a membrana fúngica (Thevissen et al., 1996; Thevissen et al., 1999; Thevissen et al., 2003b). A membrana plasmática dos fungos apresenta fosfoglicerolipídeos principalmente no seu lado interno e esteróis e esfingolipídeos no lado externo. Tem sido mostrado que os esfingolipídeos e os esteróis são enriquecidos em domínios específicos, os chamados “rafts lipídicos”. A interação de Dm-AMP1 com estes “rafts” resultam na ação dessa defensina, ligada a estes componentes de membrana (Schneiter et al., 1999). Thevissen et al. (2004) estudando mais especificamente os sítios de ligação das defensinas de plantas Dm-AMP1 e Rs-AFP2 na membrana de fungos, identificaram e caracterizaram certos grupos de esfingolipídeos. Eles descobriram que a sensibilidade antifúngica a Dm-AMP1 está relacionada ao nível de manosildiinositolfosforilceramida na membrana da levedura, mostrando o papel do complexo de esfingolipídeos/defensina na atividade antifúngica de Dm-AMP1 (Thevissen et al., 2004). Assim, sugere-se que as defensinas de plantas têm, além de um receptor, um sítio específico de interação com a membrana. Estudos semelhantes também foram realizados utilizando a defensina RsAFP2. Em 2003a, Thevissen et al. mostraram que Rs-AFP2 interage com glicosilceramidas presentes na membrana fúngica e que esta defensina não é capaz de se ligar às glicosilceramidas presentes nas células de humanos e soja. Segundo estes autores, isto acontece devido ao fato da ceramida encontrada nestas células serem estruturalmente diferentes. Os dados acima relatados nos dão indícios de que as defensinas de plantas podem atuar sobre microrganismos também de uma maneira específica. Além da estrutura dos lipídeos que constituem a membrana, a composição lipídica da mesma parece determinar a susceptibilidade e/ou resistência às defensinas de plantas. Ferket et al. (2003) demonstraram que mutantes do fungo Neurospora crassa com maiores quantidades de esteril-glicosil (ergosterol-β-Dglicopiranosideo) em sua membrana eram resistente às defensinas Rs-AFP2, Dm- AMP1 e Hs-AFP1 (defensina de H. sanguinea). Adicionalmente, Thevissen et al. (2007) mostraram que as defensinas Hs-AFP1 e Rs-AFP2 eram capazes de inibir o crescimento de Candida albicans e C. krusei, mas não de C. glabrata e atribuem estes dados ao fato de que C. glabrata não sintetiza glicosilceramidas (possível receptor para Rs-AFP2). Da mesma forma, Medeiros et al. (2009) mostraram que cepas de C. albicans mutantes (∆GCS1), que também eram incapazes de sintetizar glicosilceramidas, eram mais resistentes à Psd1. Recentemente, Aerts et al. (2007) demonstraram que Rs-AFP2 induz a produção endógena de espécies reativas de oxigênio (ROS) em células de C. albicans e que tanto esta produção de ROS quanto a atividade antifúngica desaparece na presença do antioxidante ácido ascórbico, o que sugere uma ligação causal entre a atividade antifúngica de Rs-AFP2 e a produção de ROS por ela mediada. Estes autores sugerem ainda que, a permeabilização da membrana é consequência de uma sinalização intracelular gerada pela ligação de Rs-AFP2 com as glicosilceramidas da membrana e não simplesmente a ação direta deste peptídeo na membrana através de sua interação com este esfingolipídeo. Até agora, não está claro se as defensinas de plantas acima citadas são internalizadas pelas células fúngicas através de sua interação com os esfingolipídeos de membrana, ou se elas se mantêm do lado de fora da célula e modulam processos que levam a morte celular, como por exemplo, produção de ROS e apoptose, via interação com os esfingolipídeos de membrana. Porém recentes estudos têm investigado um novo mecanismo de ação intracelular das defensinas, usando Psd1. Um sistema duplo híbrido foi usado para identificar interações proteína-proteína entre Psd1 e as proteínas fúngicas. Proteínas alvo foram analisadas dentro do cDNA do fungo N. crassa. Um clone apresentou sequência similar à da ciclina F, que é uma proteína que está envolvida no ciclo celular. Análises por microscopia de fluorescência de Psd1 conjugado com Isotiocianato fluoresceína (FITC) e do coramento do fungo com 4,6 diamidino 2 fenilindol (DAPI) mostraram a colocalização, in vivo, do peptídeo de planta Psd1 no núcleo. Estes resultados sugerem que o mecanismo de ação da defensina de planta Psd1, pode envolver também alvos nucleares (Lobo et al., 2007). 1.4. Leveduras As leveduras são fungos que se diferenciam por apresentarem predominantemente sob a forma unicelular, se reproduzem comumente por brotamento e não possuem hifas ascogênicas e ascocarpos. Algumas podem ser encontradas no solo, água, esgoto e até no trato digestivo de mamíferos (Alexopoulos et al., 1996). Sua parede é composta predominantemente por polissacarídeos, mas especificamente mananos, β-1,3 e β-1,6-glucanos e quantidades menores de quitina, sendo esta encontrada principalmente nas cicatrizes do broto (Baladrón et al., 2002). Dentre os eucariotos, as leveduras foram os primeiros organismos a terem seu mapa genético completamente seqüenciado (Goffeau et al., 1996). Diversas espécies de leveduras, como por exemplo, as pertencentes ao gênero Candida, podem causar severas infecções sistêmicas em pacientes imunocomprometidos, incluindo aqueles que são submetidos à quimioterapia no tratamento de câncer, em pessoas diabéticas e em crianças prematuras (Isola et al., 2009). Além disso, podem também provocar infecções localizadas ou disseminadas como candidíase, meningite, infecções no sangue, entre outras (Alexopoulos et al., 1996). Algumas leveduras são consideradas patógenos facultativos como, por exemplo, C. tropicalis, C. parapsilosis e C. glabrata (Kwon-Chung e Bennett, 1992). Quanto à forma destas leveduras podemos destacar as várias espécies patogênicas dimórficas existentes. Estas possuem uma capacidade reversível de transição entre as formas leveduriforme e filamentosa, uma importante característica que está diretamente relacionada à virulência destas leveduras durante o processo de invasão do hospedeiro (Gow et al., 2002). 1.5. Fungos filamentosos Os fungos filamentosos são organismos eucarióticos, heterotróficos possuindo uma parede celular predominantemente constituída de quitina e glucanos, os quais encontram-se embebidos numa matriz de polissacarídeos e glicoproteínas. São organismos multinucleares possuindo como elemento constituinte básico a hifa, que pode ser septada ou não septada e é a partir da hifa que serão formados os esporos, para que haja a propagação das espécies (Alexopoulos et al., 1996). Alguns fungos filamentosos podem ser saprofíticos obtendo sua nutrição por absorção de nutrientes de organismos mortos, atuando como importantes decompositores, além do grupo dos fitopatogênicos que são redutores de enzimas que atacam polímeros das paredes de plantas (Agrios, 2005). Os fungos filamentosos são importantes agentes fitopatogênicos, podendo ser os principais causadores de doenças de plantas, agindo como parasitas obrigatórios ou facultativos (Gurgel et al., 2005) Na tentativa de colonizar as plantas, os fungos desenvolveram diferentes mecanismos para invadir o tecido, aperfeiçoar o crescimento e se propagar. Alguns microrganismos oportunistas precisam de alguma abertura natural ou ferimento para que ocorra o processo de infecção e colonização de plantas, no entanto os fungos patogênicos possuem mecanismos e estruturas capazes de romper as células da planta e assim penetram as suas estruturas externas como, por exemplo, a cutícula (Agrios, 2005). 1.6. Feijão Comum (Phaseolus vulgaris) O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) foi originalmente cultivado no Novo Mundo, mas é agora cultivado extensivamente em todas as maiores áreas continentais (Graham et al., 1997). É um componente principal na dieta, e consequentemente, a fonte de proteína de mais de 300 milhões de pessoas na América Latina e África Ocidental e do Sul (Kaschuk et al., 2005). O feijão comum é membro da família Leguminosae, tribo Phaseoleae, subfamília Papilionoideae (Debouck et al., 1991; Graham et al., 1997). Existem cerca de 55 espécies conhecidas do gênero Phaseolus, porém as quatro espécies mais cultivadas são: P. vulgaris L., P. coccineus L., P. lunatus L. e P. polyanthus. O feijão comum (P. vulgaris L.) é o mais importante, por ser a espécie cultivada mais antiga e mais utilizada nos cinco continentes (Aidar et al., 2003). Este é um dos principais componentes da dieta alimentar brasileira, constituindo uma das mais importantes fontes de proteína. Além do seu conteúdo protéico, o elevado teor de ferro e fibra alimentar, com seus reconhecidos efeitos hipocolesterolêmico e hipoglicêmico, aliado às vitaminas, especialmente do complexo B, e aos carboidratos, tornam o seu consumo altamente vantajoso como alimento funcional (Aidar et al., 2003). É também rico em vitaminas, carboidratos e minerais. O consumo das sementes secas tem reduzido o risco de diabetes, obesidade (Geil et al., 1994), doenças do coração e câncer de cólon (Anderson et al., 1984). O feijoeiro comum é hospedeiro de inúmeras doenças causadas por vírus, bactérias, fungos e nematóides. Entre as principais doenças fúngicas, encontram-se a antracnose, a mancha-angular, a ferrugem, o oídio e a mancha-de-alternária, além de outra recentemente identificada nessa cultura e denominada de sarna. Todas são determinadas como doenças da parte aérea do feijoeiro comum (Sartorato et al., 2006). Já entre as doenças do solo, encontram-se o mofo-branco, a mela, a podridão-radicular-de-rizoctonia, podridão-radicular-seca, a murcha-de-fusário e a podridão-cinzenta-do-caule (Graham, 1997; Sartorato et al., 2006). De um modo geral, essas doenças podem ser disseminadas à longa distância pelas sementes infectadas e por correntes aéreas. À curta distância, essas doenças são disseminadas pelas sementes infectadas, vento, chuvas, insetos, animais, partículas de solo aderidas aos implementos agrícolas, água de irrigação e pelo movimento do homem (Sartorato et al., 2006). Ainda não se conhecem os mecanismos de resistência de plantas a várias doenças fúngicas. O esclarecimento desses mecanismos é uma etapa fundamental para o desenvolvimento de métodos de controle adequados, bem como para a compreensão da interação entre patógeno e hospedeiro 2. OBJETIVOS 2.1 – Objetivo geral Este trabalho teve como objetivo geral estudar o mecanismo de ação e a atividade antifúngica da defensina PvD1 isolada a partir de sementes de feijão comum (Phaseolus vulgaris – cultivar Pérola). 2.2 – Objetivos específicos 1- Isolar em grande quantidade a defensina PvD1 de sementes de feijão comum; 2- Estabelecer uma metodologia para a produção de anticorpos policlonais contra a defensina isolada; 3- Estudar o efeito da defensina isolada PvD1 sobre a inibição do crescimento de fungos filamentosos em meio líquido; 4- Analisar o efeito da defensina PvD1 isolada de sementes de feijão comum sobre a permeabilização de membranas de fungos filamentosos e leveduras; 5- Analisar o efeito da defensina PvD1 sobre a inibição da acidificação do meio estimulado por glicose, em células de leveduras; 6- Analisar o efeito da defensina isolada PvD1 sobre a indução da produção endógena de espécies reativas de oxigênio (ROS) em células de C. albicans. 3. MATERIAIS 3.1 - Material biológico 3.1.1 - Sementes Sementes de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) cultivar Pérola foram cedidas pela Profa. Rosana Rodrigues do Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. 3.1.2 - Microrganismos As espécies de leveduras Candida parapsilosis (CE002), Pichia membranifaciens (CE015), Candida tropicalis (CE017), Candida albicans (CE022), Kluyveromyces marxiannus (CE025) e Saccharomyces cerevisiae (1038) foram cedidas pela Profª. Vânia Maria Maciel de Melo do Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil e os fungos filamentosos Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Fusarium laterithium foram cultivados e conservados juntamente com as cepas de leveduras no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Microrganismos, do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. 3.1.3 – Coelho Coelhos da linhagem Nova Zelândia foram adquiridos comercialmente e mantidos em biotério na UENF. 3.2 – Reagentes e outros materiais - Reagentes para extração de proteínas de sementes NaH2PO4, Na2HPO4, KCl, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e (NH4)2SO4 foram obtidos da Merck S/A e Sigma Co, St Louis, U.S.A. - Proteínas Albumina sérica bovina (BSA) foi obtida da Sigma Co, St Louis, U.S.A. - Materiais e reagentes para cromatografias A resina de DEAE-Sepharose e a coluna C2C18 foram adquiridas da GE Healthcare e Shimadzu Co., respectivamente. O Tris-hidroximetil-aminometano (Tris) e o NaCl utilizados foram obtidos da Sigma Co, St Louis, U.S.A. e para C2/18 foram utilizados ácido trifluoroacético (TFA) obtidos da Sigma Co, St Louis, U. S. A. e acetonitrila (ACN) obtida da Merck S/A. - Material para diálise Membranas de celulose que retém moléculas de massa molecular acima de 1.000 Da foram adquiridas da Sigma Co, St Louis, U.S.A. - Materiais para eletroforese Acrilamida, N,N’ metileno bisacrilamida (bisacrilamida), dodecil sulfato de sódio (SDS), β-mercaptoetanol, azul de bromofenol, persulfato de amônio, Tris-base, N, N, N’ ,N’ -tetrametiletilenodiamina (TEMED), tricina, glicerol e marcadores de peso molecular foram adquiridos da Sigma Co, St Louis, U.S.A. Foram utilizados os seguintes marcadores de massa molecular: mioglobina (16.950 Da), mioglobina I + II (14.400 Da), mioglobina I + III (10.600 Da), mioglobina I (8.160 Da), mioglobina II (6.200 Da), glucagon (3.400 Da) e mioglobina III (2.500 Da). - Materiais para eletrotransferência e Western Blotting Anticorpos anti-IgG de coelho conjugado com peroxidade, diaminobenzidina (DAB) foram adquiridos da Sigma Co, St Louis, U.S.A e membranas de nitrocelulose foram adquiridas da MFS (Micro Filtration System). - Reagentes para a purificação de IgG Acetato de sódio, ácido caprílico e (NH4)2SO4 foram obtidos da Merck S/A e Sigma Co, St Louis, U.S.A. - Reagentes para quantificação de proteínas O “Comassie brilliant blue G” foi obtido da Sigma Co, St Louis, U.S.A. O ácido orto-fosfórico e o etanol foram obtidos da Merck S/A indústrias químicas. O ácido bicinconínico foi adquirido da Sigma Co, St Louis, U.S.A. - Meios de cultura Caldo Sabouraud e Agar Sabouraud foram adquiridos da Merck S/A Indústrias Químicas. - Reagentes usados para ensaios antifúngicos e acidificação Glicose, NaH2PO4 e NaCl foram adquiridos da Sigma Co, St. Louis, U. S. A. e da Merck S/A indústrias químicas. - Corante usado para ensaios de permeabilização de membranas de fungos filamentosos e leveduras SYTOX Green foi adquirido da Molecular Probes Invitrogen - Corante usado para ensaio de produção de ROS em células de levedura 2’ 7’- Diclorofluoresceína Diacetato foi adquirido da Calbiochem - Outros reagentes Todos os demais reagentes utilizados foram de grau analítico e adquiridos comercialmente. 3.3 - INSTRUMENTAL EQUIPAMENTOS MARCA MODELO Autoclave Fabre Primar 103.02 Balança Sartorius 2100 Balança Sartorius 110S Banho Maria FANEM 102 Bomba Peristáltica Pharmacia P1 Coletor de Frações Pharmacia RediFrac lâmpada germicida VECO VLFS 12 Célula de transferência Bio-Rad Trans-blot SD, Semi-dry Capela de Fluxo laminar vertical com Blotting System Centrífuga Hitachi Himac CR 21 Environ Shaker Lab-line 3527 Estufa QUIMIS Q316.14 Espectrofotômetro SHIMADZU UV VIS 1230 HPLC SHIMADSU Prominence Leitor de ELISA DYNATECH MR 500 Liofilizador Labconco Freeze dry system/freezon 4.5 Microcentrífuga não refrigerada Eppendorf 5415C Microscópio óptico ausJENA JENAMED2 Microscópio óptico Zeiss Axioplan pHmetro QUIMIS 400-A Placa agitadora/aquecedora CORNING PC 220 Sistema para eletroforese Biorad 150A - gel Eletrophoresis cell 4. MÉTODOS 4.1 - Extração e purificação da defensina PvD1 de Phaseolus vulgaris 4.1.1 - Extração protéica das sementes As sementes de feijão comum foram descascadas e trituradas com um processador de alimentos até a formação de uma farinha bem fina. A farinha obtida foi extraída em tampão fosfato (Na2HPO4 10 mM, NaH2PO4 15 mM, KCl 100 mM, EDTA 1,5%) pH 5,4 na proporção de 1:5 (farinha:tampão de extração) sob agitação constante por 2 h a 4 ºC, segundo a metodologia desenvolvida por Games et al. (2008) (Esquema 1). Após homogeneização, o extrato bruto foi submetido à centrifugação a 15.000 x g por 20 min a 4 ºC e o sobrenadante resultante foi submetido à precipitação com sulfato de amônio a 70% de saturação e deixado a 4 ºC por 16 h. O precipitado resultante, obtido após nova centrifugação a 15.000 x g por 20 min a 4 ºC, foi ressuspenso em 10 mL de água destilada e aquecido a 80 ºC por 15 min e em seguida centrifugado a 10.000 x g por 8 min a 4 ºC. O precipitado resultante desta última centrifugação foi descartado e o sobrenadante dialisado durante três dias, contra água destilada e em seguida liofilizado para posterior purificação dos peptídeos. Esta amostra, chamada ao final do processo de fração 070 (F/0-70), foi armazenada a -20 ºC e usada posteriormente para a purificação dos peptídeos. Homogeneizado - 2 h a 4 °C sob agitação em tampão fosfato pH 5,4 - centrifugação 15.000 x g – 20 min resíduo sobrenadante - adicionado sulfato de amônio a 70% de saturação - 16 h a 4 ºC - centrifugação (15.000 x g – 20 min) precipitado sobrenadante (ressuspendido em água destilada) aquecimento a 80 ºC por 15 min - centrifugação (10.000 x g – 8 min) precipitado sobrenadante diálise e liofilização (F/0-70) Esquema 1 – Fracionamento com sulfato de amônio do homogeneizado obtido a partir da extração da farinha das sementes de feijão comum (Games et al., 2008). 4.1.2- Cromatografia de troca iônica (DEAE–Sepharose) Para a purificação da PvD1 foi inicialmente usada uma coluna de troca iônica, DEAE-Sepharose, com 100 mL de resina. Esta foi montada sob a ação da gravidade e depois da resina estar devidamente empacotada e foi lavada com 350 mL de água. Em seguida passado aproximadamente 250 mL de hidróxido de sódio 0,1 M, novamente foi passado 350 mL água e depois 250 mL de ácido clorídrico 0,1 M. Posteriormente com a resina devidamente ativada foi passado o tampão de equilíbrio, Tris-HCl 20 mM, pH 8,0, deixando a coluna preparada para o uso. A amostra aplicada na coluna foi preparada da seguinte forma: 50 mg da F/0-70 foram pesados e dissolvidos em 5 mL de tampão de equilíbrio e depois centrifugado a 16.000 x g por 3 min à temperatura ambiente e o sobrenadante aplicado sobre a resina. A amostra foi eluída primeiramente no tampão de equilíbrio e em seguida em um tampão Tris-HCl adicionado de NaCl na concentração de 1 M. Foram coletados frações de 3 mL em 50 tubos em um fluxo de 60 mL.h-1. As absorbâncias das frações foram lidas em um espectrofotômetro a 280 nm. O pico D1 obtido nesta cromatografia foi submetido à cromatografia de fase reversa em coluna C2/C18 em HPLC (Games et al., 2008). 4.1.3 - Cromatografia de fase reversa em coluna C2C18 em HLPC Uma coluna de fase reversa C2C18 equilibrada com 0,1% de ácido trifluoroacético (TFA) foi empregada sequencialmente no processo de isolamento da defensina de sementes de feijão comum. O pico D1 não retido, oriundo da cromatografia de troca iônica em coluna de DEAE-Sepharose, foi solubilizado em TFA 0,1% e 500 µL desta mistura foram injetados na coluna de fase reversa. A cromatografia foi desenvolvida utilizando-se um fluxo de 0,5 mL.min-1, a temperatura de 32 oC em sistema de HPLC. Para a eluição das proteínas da coluna foi utilizado um gradiente de acetonitrila (ACN) de 0 a 80%. Inicialmente (10 primeiros minutos) a coluna foi lavada com TFA 0,1% em água ultrapura (solvente A), e em seguida um gradiente foi sendo formado através da mistura do solvente A e 80% de acetonitrila em TFA 0,1 % (solvente B) por cerca de 48 min. Após esse período a coluna foi lavada com 100% do solvente B totalizando 60 min. A eluição da coluna foi acompanhada por um detector de arranjo de diodo (DAD), sendo as absorbâncias lidas a 220 nm (Games et al., 2008). 4.2 - Quantificação de proteínas As determinações quantitativas de proteínas foram feitas pelo método de Bradford (1976) sendo a BSA utilizada como padrão. 4.3 - Eletroforese em gel de Tricina na presença de SDS A eletroforese em gel de tricina foi feita segundo metodologia de Schägger e Von Jagow (1987). Foram usadas placas de vidro de 7 x 10 cm e 8 x 10 cm e espaçadores de 0,5 mm. O gel de separação foi preparado numa concentração de 16,4% de acrilamida/bis-acrilamida e o gel de concentração numa concentração de 3,9%. A F/0-70 e as frações protéicas obtidas na cromatografia de troca iônica, DEAE-Sepharose, foram concentradas por liofilização e, em seguida, pesadas e ressuspensas em tampão de amostra (Tris 0,125 M, SDS 2,5%, azul de bromofenol 0,25%, β-mercaptoetanol 5% e sacarose 15%). Estas foram aquecidas por 5 min a 100 ºC e centrifugadas a 16.000 x g por 2 min. Após este tratamento 20 µL das amostras foram aplicadas no gel de concentração. A corrida foi feita a uma voltagem constante de 20 V por um período de aproximadamente 16 h. 4.3.1 - Coramento e descoramento do gel Após o término da corrida, o gel foi cuidadosamente retirado das placas e colocado na solução corante (Comassie Blue R 0,05%, ácido acético 70% e metanol 40%) por duas horas e após esse período, o gel foi transferido para uma solução descorante (metanol 40% e ácido acético 7%) e mantido até a visualização das bandas de proteína. 4.4 - Produção de anticorpo e Western blotting 4.4.1 – Obtenção do soro pré-imune e imunização Primeiramente, foi obtido soro pré-imune a partir da sangria do coelho antes da inoculação do peptídeo de interesse. Esta sangria consiste de um corte na extremidade da orelha do animal com o auxílio de uma lâmina. Foram, então coletados 4 mL de sangue em um béquer, deixados por 30 min em temperatura ambiente, e posteriormente, por aproximadamente 16 h a 4 ºC para coagular. Após formação do coágulo, o soro foi recolhido e submetido à centrifugação a 255 x g por 15 min a 4 ºC. Este procedimento permitiu a clarificação do soro deixando-o livre de hemácias e este foi, então, armazenado a -20 ºC até o uso. À defensina isolada PvD1 foi adicionado o adjuvante de Freud para emulsificação na proporção de 2:1 e, posteriormente, aplicado no coelho. A primeira imunização foi intramuscular e subcutânea (1 mL em cada local de inoculação) e após um período de 30 dias foi feita a segunda imunização apenas subcutânea (500 µL em diferentes locais no dorso do coelho). Após sete dias foi feita uma nova inoculação repetida no dorso. Quatro dias depois, foi feita a primeira sangria e, em seguida, foi feita mais uma imunização subcutânea. E assim, o processo foi feito por mais duas semanas com mais duas sangrias e duas aplicações subcutâneas. A obtenção e estocagem do soro contendo o anticorpo de interesse foram feitas nas mesmas condições que para o soro pré-imune (Steinbuch e Audran et al., 1969). 4.4.2 - Purificação de IgG do soro O soro obtido como descrito no item acima foi centrifugado a 790 x g por 10 min. O sobrenadante do soro foi então diluído 1:3 em tampão acetato de sódio 60 mM, pH 4,0, sob baixa agitação, em temperatura ambiente. Após esta diluição, foi adicionado ácido caprílico 100% numa proporção de 0,4 mL para cada 10 mL de volume original de soro. O ácido caprílico foi adicionado gota a gota à mistura, sob agitação e permanecendo assim por mais 30 min. Em seguida, essa mistura foi centrifugada a 5.000 x g por 10 min, em temperatura ambiente. O sobrenadante obtido foi colhido e o pH ajustado para pH 7,2, com adição de Tris 3 M. Neste momento, a etapa de centrifugação foi repetida, o sobrenadante resultante foi concentrado com adição de sal de sulfato de amônio até 45% de saturação (peso/volume), sob agitação, a temperatura ambiente, permanecendo em agitação por mais 2 h. O material foi centrifugado a 5.000 x g, durante 15 min, em temperatura entre 4 e 8 ºC. O precipitado foi ressuspendido em salina (NaCl 0,9%) e dialisado contra salina, com duas trocas por dia, durante 3 dias. A concentração da IgG purificada foi determinada, através de uma curva utilizando ácido bicinconínico, de acordo com as instruções fornecidas pelo fabricante do reagente (Steinbuch e Audran et al., 1969). 4.4.3 - Eletrotransferência de proteínas para Western Blotting Após o término da eletroforese, o gel foi retirado das placas e imerso em tampão de transferência (glicina 182 mM, Tris 25 mM e metanol 20%) por 20 min. Uma membrana de nitrocelulose (Hybond ECL, Amersham Biosciences), cortada nas mesmas dimensões do gel, foi também imersa no tampão de transferência por 20 min. Após esse período foi montado, sobre uma célula de transferência, um “sanduíche” com quatro folhas de papel de filtro Whatman 3 MM, previamente embebidas em tampão de transferência. Sobre essa camada de papel foi colocada a membrana e acima da membrana o gel, sendo então o “sanduíche” finalizado com mais uma camada de quatro folhas de papel de filtro Whatman 3 MM, já embebidas no tampão de transferência. Durante a montagem desse “sanduíche” as bolhas de ar foram evitadas e/ou removidas entre as camadas, para não interferirem com a transferência das proteínas. Após esse procedimento, a célula de transferência foi fechada e foi aplicada uma corrente constante de 1mA/cm2 por 2 h no sentido gelmembrana. Após a transferência o “sanduíche” foi cuidadosamente desfeito e a membrana submetida à coloração com Ponceau S (0,1%) (Amersham Biosciences) para determinação do sucesso da transferência (Towbin et al., 1979). 4.4.4 - Imunodetecção de Proteínas Após coloração com Ponceau S 0,1%, para a marcação com os anticorpos, inicialmente a membrana foi bloqueada com tampão bloqueador (tampão fosfato salino (PBS) contendo 5% de leite em pó) e foi deixada por 16 h a 4 ºC. Em seguida, a membrana foi incubada com o anticorpo primário contra a defensina isolada de sementes de P. vulgaris (1:500), diluído em tampão (PBS contendo 5% de leite em pó e 0,1% de Tween 20) por 1 h, sob agitação e em temperatura ambiente. Após esta incubação com o anticorpo primário, foram feitas 5 lavagens de 5 min cada, com tampão de lavagem (PBS contendo 0,1% de Tween 20). Ao término desta lavagem a membrana foi incubada com o anticorpo secundário (1:2.000), conjugado com peroxidase, diluído em PBS contendo 5% de leite em pó e 0,1% de Tween 20 por 1 h, sob agitação e em temperatura ambiente. Após esta incubação foram feitas mais 5 lavagens de 5 min cada em tampão de lavagem. Ao término destas lavagens, foi feita a revelação com diaminobenzidina (DAB) imergindo a membrana na solução reveladora (Tris-HCl 40 mM, pH 7,5, DAB 1 mg.mL -1, imidazol 100 mM e peróxido de hidrogênio 0,03%) até a visualização das bandas marcadas. 4.5 - Ensaio de inibição da germinação de esporos fúngicos em meio líquido 4.5.1 - Obtenção de esporos de fungos filamentosos Os fungos F. oxysporum, F. solani, F. laterithium foram transferidos do estoque e colocados para crescer em uma placa de Petri contendo ágar Sabouraud por aproximadamente 15 dias a 30 ºC. Após esse período, 10 mL de caldo Sabouraud foram vertidos sobre a placa contendo os fungos e os esporos foram liberados com o auxílio de uma alça de Drigalsky. Essa suspensão foi devidamente filtrada em gase para evitar a passagem de restos miceliais que pudessem estar em solução juntamente com os esporos. Esses esporos foram então quantificados em câmara de Newbauer, na presença de um microscópio óptico (Gomes et al., 1998). 4.5.2 - Análise da inibição do crescimento dos esporos fúngicos Em placas de cultura de células (96 poços), contendo 200 µL de meio de cultura caldo Sabouraud, foi adicionada PvD1 em concentrações de 25, 50 e 100 µg.mL-1 (D1 da DEAE) e 1 x 104 esporos.mL-1 dos fungos filamentosos F. oxysporum, F. solani e F. laterithium. Para a observação da inibição do crescimento dos fungos, foi determinada a densidade ótica calculada a partir de leituras em “um leitor de ELISA” a 670 nm a cada 6 h, por um período de 60 h. Todo o ensaio foi feito em triplicata e sob condições de assepsia em capela de fluxo laminar, segundo metodologia adaptada de Broekaert et al. (1990). 4.6 - Avaliação do mecanismo de ação da PvD1 sobre fungos 4.6.1 - Efeitos da defensina isolada PvD1 sobre a permeabilização de membranas de fungos filamentosos e leveduras A permeabilização da membrana das células tratadas com PvD1 foi avaliada através da utilização do corante fluorescente SYTOX Green, segundo metodologia descrita por Thevissen et al. (1999) com algumas modificações. SYTOX Green é um corante que possui alta afinidade para ácidos nucléicos e penetra em células apenas quando sua membrana está comprometida. Imediatamente após 24 h de crescimento, na ausência e presença de PvD1, uma alíquota das diferentes células de leveduras foi incubada sob constante agitação por duas horas com o corante fluorescente SYTOX Green a uma concentração final de 0,2 µM, de acordo com instruções fornecidas pelo fabricante. Após este período, estas células foram transferidas para lâminas, cobertas com lamínulas e analisadas por fluorescência em microscópio óptico (Zeiss; Axioplan). As imagens foram obtidas através do microscópio Axioplan acoplado à câmera “Cannon Power Shot A640”. 4.6.2 - Análise do efeito da defensina isolada PvD1 sobre a inibição da acidificação do meio induzido por glicose por células de levedura 4.6.2.1 - Manutenção e preparo das células Células das leveduras C. albicans e S. cerevisiae foram transferidas do ágar inclinado (estoque) para placas de Petri contendo ágar Sabouraud, onde cresceram por três dias a 30 °C. Após este período, 4 mL de meio de cultura líquido foram vertidos sobre as colônias e as células ressuspensas e homogeneizadas com o auxílio de uma pipeta. Posteriormente, 5 µL dessa suspensão celular foram adicionados em 200 mL de meio de cultura (caldo Sabouraud) e mantidas sob intensa agitação a 30 °C por aproximadamente 16 h. Após este período de crescimento, o material foi centrifugado a 3.000 x g por 5 min a 4 °C. As células precipitadas foram lavadas com água ultra pura e centrifugadas a 3.000 x g por 5 min a 4 °C, sendo este procedimento repetido três vezes, para que todo o meio de cultura fosse retirado. Ao final das lavagens, as células precipitadas foram ressuspensas em 3 mL de água ultra pura e utilizadas no ensaio de inibição da acidificação do meio por células de leveduras (Gomes et al., 1998). 4.6.2.2 - Ensaio de acidificação Células de C. albicans e S. cerevisiae (107 células.mL-1) foram pré-incubadas em diferentes tempos (1, 2 e 4 h) em meio contendo tampão Tris-HCl 10 mM pH 6,0 na presença e na ausência da PvD1 em duas diferentes concentrações (100 e 200 µg.mL-1). Após os períodos de pré-incubação, foram adicionados 200 µL de glicose 0,5 M e em seguida foram feitas leituras do pH a cada minuto por um tempo de 30 min. Este ensaio foi feito em triplicata e os cálculos de ∆pH foram feitos para determinar a porcentagem de inibição obtida com o experimento. O volume final do ensaio foi de 1 mL. Todo o ensaio foi feito segundo metodologia adaptada de Gomes et al. (1998). 4.6.3 - Efeitos da defensina isolada PvD1 sobre a indução da produção endógena de espécies reativas de oxigênio (ROS) em células de C. albicans A indução da produção endógena de ROS em células da levedura C. albicans, tratadas com a defensina PvD1 após ensaio de inibição do crescimento, foi avaliada através da utilização do corante fluorescente 2’,7’ diclorofluoresceína diacetato, segundo metodologia descrita por Aerts et al. (2007) com algumas modificações. Imediatamente após 24 h de crescimento, na ausência e presença da PvD1, uma alíquota foi incubada sob constante agitação por 2 h com o corante fluorescente a uma concentração final de 20 µM, de acordo com instruções fornecidas pelo fabricante. Após este período, estas células foram transferidas para lâminas, cobertas com lamínulas e analisadas por fluorescência em microscópio óptico (Zeiss; Axioplan). As imagens foram obtidas através do microscópio Axioplan acoplado à câmera “Cannon Power Shot A640”. 5. RESULTADOS 5.1 - Purificação da defensina A cromatografia em coluna de troca iônica DEAE-Sepharose da F/0-70 obtida por extração protéica das sementes de P. vulgaris, apresentou dois diferentes picos denominados D1, que foi eluído com o tampão de equilíbrio da coluna, e D2, que foi eluído com o tampão de equilíbrio da coluna acrescido com 1 M de NaCl (Figura 2). No pico D1, encontra-se presente a defensina PvD1 previamente isolada de sementes de feijão comum como descrita por Games et al. (2008). Este pico foi então dialisado, liofilizado e utilizado para eletroforese, ensaios de inibição de crescimento de fungos filamentosos e ensaios de acidificação induzido por glicose por células de leveduras. 1,6 D2 1,4 Absorbância, 280nm 1,2 1 0,8 0,6 NaCl 1 M 0,4 0,2 D1 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tubos Figura 2 – Cromatograma da F/0-70 de sementes de feijão comum obtido após cromatografia em coluna DEAE–Sepharose. A coluna foi previamente equilibrada com tampão Tris-HCl 20 mM pH 8,0. D1 foi eluído da coluna com tampão de equilíbrio, D2 foi eluído com tampão Tris-HCl 20 mM contendo 1 M de NaCl. O fluxo foi de 60 mL.h-1 e foram coletadas frações de 3 mL em cada tubo, em um total de 50 tubos. Para confirmar se realmente o pico D1 continha apenas a defensina PvD1, o pico D1 obtido na cromatografia de DEAE-Sepharose, foi submetido a uma cromatografia de fase reversa em coluna C2C18. Esta mostrou a presença de apenas um único pico majoritário denominado H1 (Figura 3). Este pico foi então dialisado, liofilizado e utilizado para a produção de anticorpos policlonais contra a defensina isolada. H1 Gradiente de acetonitrila 100% 0% Tempo, min Figura 3 – Cromatograma obtido após cromatografia de fase reversa em coluna C2C18 em HPLC do pico D1 obtido após cromatografia em DEAE-Sepharose. A coluna foi equilibrada com uma solução de TFA 0,1% e a amostra foi eluída utilizando-se um gradiente de acetonitrila 80%-TFA 0,1% de 0 a 100%, a um fluxo de 0,5 mL.min-1. O padrão de eluição dos peptídeos foi monitorado a 220 nm. 5.2 - Eletroforese em gel de tricina na presença de SDS As proteínas presentes na F/0-70 e também nos picos obtidos após cromatografia de troca iônica DEAE-Sepharose e cromatografia em coluna de fase reversa C2/C18 foram inicialmente analisados em gel de tricina, como pode ser observado na figura 4. A F/0-70, representada na raia 2 apresenta diversas bandas de peptídeos com diferentes massas moleculares, na raia 3 foi observada a presença de apenas um único peptídeo (defensina PvD1 previamente isolada por Games et al., 2008), na raia 4 foi observada a predominância de proteínas de alto peso molecular e na raia 5 está o perfil eletroforético da defensina isolada após cromatografia em coluna C2/C18. Foi observada a presença única da defensina de aproximadamente 6 kDa. As amostras foram tratadas com β-mercaptoetanol. BkDa M M F F D1 D1 D2 D2 H1 PvD1 16.9 14.4 10.6 8.1 6.2 Figura 4 – Visualização eletroforética em gel de tricina na presença de SDS da F/0-70 e dos picos obtidos após cromatografia de troca iônica DEAE-Sepharose e cromatografia em coluna de fase reversa C2C18. Todas as amostras foram tratadas com β-mercaptoetanol. M - marcador de massa molecular (kDa); F – fração 0-70 obtida de sementes de feijão comum; D1 – pico não retido obtido em DEAE-Sepharose; D2 – pico retido em DEAE-Sepharose,; H1 – pico obtido após cromatografia em coluna C2C18 em HPLC. 5.3 - Western Blotting Várias estratégias e metodologias com uso de diferentes animais (camundongo, porco-da-índia e galinha) foram utilizadas para se obter um anticorpo que reconhecesse a PvD1. Através da metodologia descrita por Steinbuch e Audran, 1969, utilizando coelhos, foi possível obter um anticorpo que reconhecesse a PvD1. O pico H1 obtido na cromatografia de fase reversa em coluna de HPLC foi utilizado na imunização de coelho para a produção de anticorpos contra a defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris. Através da técnica de Western Blotting, foi observado na figura 5, o reconhecimento da defensina isolada PvD1 pelo anticorpo produzido, tanto no soro imune quanto na IgG purificada, enquanto que no soro préimune e no soro controle não houve qualquer reação imunológica. 1 2 3 4 Figura 5 – Western Blotting do anticorpo produzido em coelhos contra a defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris. 1 – Soro imune; 2 – Soro pré-imune; 3 – IgG purificada e 4 – Soro controle. Foi utilizada uma concentração de 1:500 com todos os soros testados. 5.4 - Análise da inibição do crescimento de esporos fúngicos em meio líquido Na figura 6 (A-C), foi observada o efeito da defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris sobre o crescimento dos fungos F. oxysporum, F. solani e F. laterithium. Notou-se que a PvD1 apresentou um efeito inibitório sobre o crescimento de todos os fungos filamentosos testados F. oxysporum, F. solani e F. laterithium especialmente nas duas concentrações maiores utilizadas (50 e 100 µg.mL-1), sendo que a inibição foi mais acentuada na presença de 100 µg.mL-1 da defensina PvD1 para os fungos F. oxysporum e F. solani quando comparada com as outras concentrações utilizadas. Pode-se notar também que, utilizando concentrações maiores que 100 µg.mL-1 da defensina PvD1 é que iremos atingir seu IC50 (tabela 2). A 10 0 0 B 10 0 0 800 800 600 600 400 400 200 200 0 0 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 0 60 6 12 18 30 36 42 48 54 60 T e m po ( h) T e m po ( h) C 24 10 0 0 800 600 400 200 0 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 T e m po ( h) Figura 6 – Curva de crescimento mostrando a alteração do crescimento dos fungos filamentosos (A) F. oxysporum, (B) F. solani e (C) F. laterithium na ausência (controle) e na presença da defensina isolada PvD1, obtida após cromatografia em coluna de DEAESepharose. O crescimento foi observado até 60 h. (-♦-) Controle; (-■-) 25 µg.mL-1, (-▲-) 50 µg.mL-1 e (-x-) 100 µg.mL-1. Os experimentos foram realizados em triplicata. Tabela 2. Atividade antifúngica da defensina PvD1 Fungos filamentosos µg.mL-1)* Valores de IC50 (µ Fusarium oxysporum > 100 F. solani > 100 F. laterithium > 100 * Concentração de proteína mínima necessária para se obter 50 % de inibição do crescimento após 60 h a 30 ºC. Em recente trabalho publicado por Games et al. (2008), foi visto que a defensina PvD1 inibiu significativamente o crescimento das leveduras C. parapsilosis, P. membranifaciens, C. tropicalis, C. albicans e K. marxiannus nas concentrações de 25, 50 e 100 µg.mL-1, enquanto que para as células da levedura S. cerevisiae, observou-se uma acentuada redução no crescimento quando foi utilizada a concentração de 100 µg.mL-1 de PvD1. A partir destes resultados obtidos, notouse que na presença de concentrações entre 50 e 100 µg.mL-1 a PvD1 foi capaz de inibir 50 % do crescimento das leveduras P. membranifaciens e S. cerevisiae. Podese notar também um efeito bem acentuado sobre a levedura K. marxiannus e C. albicans onde notamos que utilizando concentrações menores que 25 µg.mL-1 e iguais a 25 µg.mL-1, respectivamente, é que iremos atingir o seu IC50 (tabela 3). Tabela 3. Atividade antifúngica da defensina PvD1 -1 * Leveduras Valores de IC50 (µ µg.mL ) Candida parapsilosis (CE002) > 100 Pichia membranifaciens (CE015) 50 < 100 C. tropicalis (CE017) > 100 C. albicans(CE022) < 25 Kluyveromyces marxiannus (CE025) = 25 Saccharomyces cerevisiae (CE1038) 50 < 100 * Concentração de proteína mínima necessária para se obter 50 % de inibição do crescimento após 24 h a 30 ºC. 5.5 - Efeito da defensina isolada PvD1 sobre a permeabilização de membranas de fungos filamentosos e leveduras Na figura 7 foi observado o resultado obtido sobre a permeabilização de membranas dos fungos filamentosos F. oxysporum, F. solani, F. laterithium quando incubados na presença e na ausência da PvD1. Observou-se que nos controles de todos os fungos testados, (figura 7 B, F e J) nenhuma fluorescência foi observada, indicando que a membrana das células encontra-se íntrega não permitindo a entrada e consequente marcação do corante. Já nos testes (figura 7 D, H e L) foi observada a marcação nas células previamente tratadas com 100 µg.mL-1 da defensina PvD1 de todos os fungos testados, indicando, assim, que esta provocou danos nas células que permitiram a permeabilização e marcação do corante SYTOX Green. Figura 7 – Microscopia dos fungos filamentosos Fusarium oxysporum (A-D), Fusarium solani (E-H), Fusarium laterithium (I-L) tratados com Sytox Green após 24 h de incubação e visualizados em microscopia óptica de campo claro e de fluorescência. (A, E e I) células controle (crescidas na ausência da PvD1) visualizadas por campo claro; (B, F e J) células controle (crescidas na ausência da defensina PvD1) visualizadas por fluorescência; (C, G e K) células crescidas na presença da defensina PvD1 (100 µg.mL-1) visualizadas por campo claro e (D, H e L) células crescidas na presença da defensina PvD1 (100 µg.mL-1) visualizadas por fluorescência. Todas as células foram visualizadas com um aumento de 400X. D H F A B C D E F G H I J K L Na figura 8 foi observado o resultado obtido sobre a permeabilização de membranas de células das leveduras C. parapsilosis (A-D), P. membranifaciens (EH) e C. tropicalis (I-L) quando incubadas na presença e na ausência da PvD1. Verificou-se que nos controles das células das leveduras C. parapsilosis (B) e P. membranifaciens (F), nenhuma fluorescência foi observada, indicando que a membrana dessas células encontra-se íntrega não permitindo a entrada e consequente marcação do corante. Já nos testes (D, H e L), observou-se marcação nas células previamente tratadas com 100 µg.mL-1 da defensina isolada PvD1 , indicando, assim, que esta provocou danos nas membranas das células causando a permeabilização e marcação do corante SYTOX Green. Figura 8 – Microscopia das células das leveduras C. parapsilosis (A-D), P. membranifaciens (E-H), C. tropicalis (I-L) tratadas com Sytox Green após 24 h de incubação e visualizadas em microscopia óptica de campo claro e de fluorescência. (A, E e I) células controle (crescidas na ausência da defensina isolada PvD1) visualizadas por campo claro; (B, F e J) células controle (crescidas na ausência da defensina PvD1) visualizadas por fluorescência; (C, G e K) células crescidas na presença da defensina isolada PvD1(100 µg.mL-1) visualizadas por campo claro e (D, H e L) células crescidas na presença da defensina isolada PvD1(100 µg.mL-1) visualizadas por fluorescência. Todas as células foram visualizadas com um aumento de 400X. A B C D E F G H I J K L Conforme pode ser observado na figura 9, as células das leveduras C. albicans (A-D), K. marxiannus (E-H) e S. cerevisiae (I-L) previamente tratadas com a defensina PvD1, apresentaram-se marcadas pelo corante (D, H e L), sugerindo que a defensina PvD1 foi capaz de causar permeabilidade as membranas das células e permitindo a penetração do corante quando comparadas aos respectivos controles (B, F e J) os quais não apresentaram marcação. Figura 9 – Microscopia das células das leveduras C. albicans (A-D), K. marxiannus (E-H) e S. cerevisiae (I-L) tratadas com Sytox Green após 24 h de incubação visualizadas em microscopia óptica de campo claro e de fluorescência. (A, E e I) células controle (crescidas na ausência da defensina isolada PvD1) visualizadas por campo claro; (B, F e J) células controle (crescidas na ausência da defensina PvD1) visualizadas por fluorescência; (C, G e K) células crescidas na presença da defensina isolada PvD1(100 µg.mL-1) visualizadas por campo claro e (D, H e L) células crescidas na presença da defensina isolada PvD1 (100 µg.mL-1) visualizadas por fluorescência. Todas as células foram visualizadas com um aumento de 400X. A B C D E F G H I J K L 5.6 - Ensaio de acidificação do meio induzido por glicose em células de levedura Na figura 10 (A-C) observou-se a inibição da acidificação do meio por células de S. cerevisiae nas concentrações de 100 µg.mL-1 e 200 µg.mL-1 da PvD1 com tempos de pré-incubação de 1, 2 e 4 h respectivamente. A figura 10A mostra o grau de inibição da acidificação do meio por células de S. cerevisiae com 1 h de préincubação na presença da PvD1, sendo observada uma pequena atividade inibitória nas duas concentrações testadas. Na figura 10B, as células foram pré-incubadas por 2 h com a PvD1 e pode-se notar uma significativa inibição da acidificação em todas as concentrações testadas, assim como na figura 10C, onde as células foram préincubadas por 4 h com a PvD1, observou-se uma intensa inibição da acidificação onde se obteve 77% de inibição da acidificação na concentração de 100 µg.mL-1 . A 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 10 1002 3 200 -1 Concentração (µ µg.mL ) Concentrações (mg.mL-1) B 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 1 00 2 100 3 200 -1 Concentrações (mg.mL-1) Concentração (µ µg.mL ) C 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 100 2 01 -1 Concentração (mg.mL-1) Concentração (µ µg.mL ) Figura 10 – Porcentagem de acidificação do meio por células da levedura S. cerevisiae, na presença da defensina PvD1 de sementes de feijão comum obtida após cromatografia em coluna DEAE-Sepharose, nas várias concentrações testadas. Após (A) 1 h de pré incubação; (B) 2 h de pré-incubação; (C) 4 h de pré-incubação. Os experimentos foram realizados em triplicata. Na figura 11 estão ilustrados os gráficos da inibição da acidificação do meio por células da levedura C. albicans onde foram utilizadas as concentrações de 100 e 200 µg.mL-1 da PvD1, com tempos de pré-incubação de 1, 2 e 4 h respectivamente. A figura 11A mostra a porcentagem da acidificação do meio quando as células são pré-incubadas por 1 h com a defensina PvD1 e é possível verificar uma forte inibição da acidificação em todas as concentrações testadas, entretanto na maior concentração (200 µg.mL-1) a inibição atinge quase que 100% após esse tempo de pré-incubação. Na figura 11B quando as células foram pré-incubadas por 2 h com PvD1, foi observada também uma significativa inibição da acidificação nas duas concentrações testadas, especialmente na concentração de 200 µg.mL-1, onde aproximadamente 93% de inibição foi obtida. Na figura 11C notou-se que também houve uma significativa inibição da acidificação quando as células foram préincubadas com 100 µg.mL-1 por 4 h, porém foi observado que a inibição da acidificação foi menor, onde na concentração de 100 µg.mL-1 observou-se aproximadamente 77% de inibição. A 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 10 2 100 100 3 200 Concentrações (mg.mL-1) Concentração (µ µg.mL ) -1 B 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 10 2 100 3 200 -1 Concentração (mg.mL-1) Concentração (µ µg.mL ) C 100 % Acidificação 80 60 40 20 0 0 1 100 2 -1 Concentração (mg.mL-1) Concentração (µ µg.mL ) Figura 11 – Porcentagem de acidificação do meio por células da levedura C. albicans, na presença da defensina PvD1 isolada de sementes de feijão comum obtida após cromatografia em coluna DEAE-Sepharose, nas várias concentrações testadas. Após (A) 1 h de pré-incubação; (B) 2 h de pré-incubação e (C) 4 h de pré-incubação. Os experimentos foram realizados em triplicata. 5.7 - Efeitos da defensina isolada PvD1 sobre a indução da produção endógena de espécies reativas de oxigênio (ROS) em células de C. albicans Na figura 12 foi observado o resultado obtido sobre a indução da produção endógena de ROS em células de C. albicans quando incubadas na presença e na ausência da PvD1. Observou-se que no controle (A) as células aparecem bem separadas e nenhuma fluorescência pode ser observada (B). Diferentemente para as amostras tratadas com 100 µg.mL-1 da defensina foi observada uma aglomeração celular (C e E) e uma intensa marcação nas células de C. albicans (D e F), indicando assim, que a defensina provocou danos nas células induzindo a produção de ROS e a marcação pelo corante utilizado. A B C D E F Figura 12 – Microscopia das células da levedura C. albicans tratadas com o corante 2’,7’ diclorofluoresceína diacetato vistas por microscopia óptica de campo claro e de fluorescência. (A e B) células controle (crescidas na ausência da defensina isolada PvD1); (C, D, E e F) células crescidas na presença da defensina isolada PvD1(100 µg.mL-1) visualizadas em campo claro (C e E) e por fluorescência (D e F). Todas as células foram visualizadas com um aumento de 400X. 6. DISCUSSÃO As plantas, por serem organismos sésseis, estão constantemente expostas aos diversos tipos de fatores físicos e químicos desfavoráveis no ambiente, incluindo a presença de um grande número de organismos fitopatogênicos. Sendo assim, a sua sobrevivência nessas condições exige uma rápida resposta de defesa (Castro e Fontes, 2005). Em anos mais recentes, muitos AMPs têm sido caracterizados de diferentes tecidos de plantas, principalmente de sementes. Devido à capacidade que os AMPs possuem de interagir com determinadas membranas celulares e, dessa forma, conferir a eles uma eficiente atividade antimicrobiana contra determinados agentes patogênicos, é que tem-se observado nos últimos anos, um grande interesse biológico em estudar esse grupo de proteínas (Gallo et al., 2002). Em 2008, Games et al. conseguiram isolar e caracterizar uma nova defensina antifúngica de sementes de feijão comum P. vulgaris, denominada PvD1. Neste trabalho foi então estudado o mecanismo de ação e a atividade antifúngica desta defensina sobre diversas espécies de fungos filamentosos e leveduras. Este trabalho foi iniciado com a obtenção da PvD1 através da extração da farinha das sementes de feijão comum, seguindo metodologia descrita por Games et al., (2008) ilustrado no esquema 1. A fração 0-70% obtida da extração foi submetida a uma cromatografia de troca iônica em coluna DEAE-Sepharose. O processo de purificação foi efetivo (Figuras 2 e 3) e pode-se observar no pico D1, a presença de apenas uma única banda protéica de aproximadamente 6 kDa (Figura 4), correspondente a defensina PvD1 isolada, como descrita por Games et al., (2008). Para a produção de anticorpo policlonal, à PvD1 isolada foi adicionado o adjuvante de Freud para emulsificação na proporção de 2:1 e aplicada de forma intramuscular e subcutânea em coelhos. Posteriormente, foi feita a purificação da IgG obtida e a concentração da IgG purificada foi determinada, através de uma curva utilizando ácido bicinconínico. Através da técnica de Western Blotting, podemos observar o reconhecimento da defensina isolada PvD1 pelo anticorpo produzido na concentração de 1:500, tanto no soro imune quanto na IgG purificada, enquanto que no soro pré-imune e no soro controle não houve marcação (Figura 5), segundo metodologia de Steinbuch e Audran, 1969. Vale ressaltar que várias estratégias e metodologias com uso de diferentes animais (camundongo, porco-da- índia e galinha) foram testados, porém apenas através desta ultima metodologia descrita utilizando coelhos, foi possível obter um anticorpo que reconhecesse a PvD1. A atividade antimicrobiana das defensinas de plantas é principalmente observada contra fungos. Diversas espécies de fungos têm o crescimento inibido e entre eles estão vários patógenos de plantas (Osborn et al., 1995, Carvalho e Gomes, 2009). Com o objetivo de analisar a atividade antimicrobiana da defensina PvD1, ensaios antifúngicos foram realizados para verificar a capacidade que a defensina PvD1 teria sobre a inibição do crescimento de diferentes espécies de fungos filamentosos. Os resultados obtidos mostraram que a defensina PvD1 apresentou um efeito inibitório no crescimento de todos os fungos filamentosos testados F. oxysporum, F. solani e F. laterithium, sendo que a inibição foi mais acentuada na presença de 100 µg.mL-1 da PvD1 quando comparada com as outras concentrações utilizadas, 25 e 50 µg.mL-1 (Figura 6). Quando usou-se concentrações maiores que 100 µg.mL-1 da PvD1, é que esses fungos filamentosos foram capazes de atingir 50 % do seu crescimento (tabela 2). Outros estudos já demonstraram que a concentração inibitória das defensinas varia muito e é dependente do fungo testado. Van der Weerden et al. (2008) mostraram que NaD1 na concentração de 1 µM inibiu 50% do crescimento dos fungos Fusarium oxysporum e Leptosphaeria maculans e 65% dos fungos Thielaviopsis basicola, Verticillium dahliae e Aspergillus nidulans. Já na concentração de 5 µM de NaD1, o crescimento de todos os fungos filamentosos testados, apresentou mais do que 90% de inibição. O completo mecanismo de ação de inibição do crescimento de microrganismos por defensinas, ainda não foi totalmente determinado. Foram realizados ensaios de permeabilização de membranas dos fungos filamentosos, provenientes do ensaio de inibição do crescimento e verificou-se que a defensina PvD1 era capaz de interagir com as membranas destes, provocando algum dano na célula, uma vez que este corante somente consegue penetrar as células que estejam com as suas membranas comprometidas. Nos controles de todos os fungos testados F. oxysporum, F. solani e F. laterithium, nenhuma fluorescência foi observada, indicando que a membrana das células encontra-se íntegra, não permitindo a permeabilização e marcação do corante. Já nos testes, observou-se marcação nas células previamente tratadas com 100 µg.mL1 da defensina PvD1 de todos os fungos testados, indicando, assim, que esta provocou danos nas células que permitiram a permeabilização e marcação do corante SYTOX Green (Figura 7). Estes resultados se assemelham aos resultados obtidos por Thevissen et al. (1999) que demonstraram que as defensinas de plantas são capazes de permeabilizar a membrana tanto de fungos filamentosos quanto de leveduras (Thevissen et al., 2007). Os resultados obtidos através de ensaio de inibição do crescimento, somados aos obtidos no ensaio de permeabilização de membranas através de captação do corante SYTOX Green sugerem que a defensina presente em sementes de feijão comum atua comprometendo o funcionamento da membrana plasmática destas células, alterando sua permeabilidade a íons e moléculas orgânicas como o SYTOX Green. Em recente trabalho publicado por Games et al. (2008), foi visto que a defensina PvD1 inibiu significativamente o crescimento das leveduras C. parapsilosis, P. membranifaciens, C. tropicalis, C. albicans e K. marxiannus nas concentrações de 25, 50 e 100 µg.mL-1, enquanto que para as células da levedura S. cerevisiae, observou-se uma acentuada redução no crescimento quando foi utilizada a concentração de 100 µg.mL-1 de PvD1. Notou-se que na presença de concentrações que variavam entre 50 e 100 µg.mL-1 da PvD1, as leveduras P. membranifaciens e S. cerevisiae atingiram seu IC50, enquanto que as leveduras K. marxiannus e C. albicans atingiram seu IC50 nas concentrações de 25 e menor que 25 µg.mL-1 de PvD1 respectivamente (tabela 3). Além disso, os autores analisaram através de microscopia eletrônica de varredura, possíveis alterações causadas pela defensina PvD1 em células de C. albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis e S. cerevisiae. Um crescimento normal foi observado nas células controle, no entanto as células de S. cerevisiae e C. albicans tratadas com a defensina PvD1, exibiram alterações na formação e liberação do broto e aglomerações de células, respectivamente. De posse destes resultados obtidos por Games et al. (2008), foram realizados ensaios de permeabilização de membranas das células das leveduras C. parapsilosis, P. membranifaciens, C. tropicalis, C. albicans, K. marxiannus e S. cerevisiae e foi observado que a defensina PvD1 na concentração de 100 µg.mL-1 foi capaz de interagir com as membranas destas leveduras. Nos controles das células das leveduras C. parapsilosis, P. membranifaciens, C. albicans, K. marxiannus e S. cerevisiae nenhuma fluorescência foi observada, indicando que a membrana dessas células encontra-se íntegra não permitindo a permeabilização e marcação do corante. Já nos testes, foi observada a marcação nas células previamente tratadas com 100 µg.mL-1 da defensina isolada PvD1, indicando, assim, que esta provocou danos nas células que permitiram também a permeabilização e marcação do corante SYTOX Green (Figuras 8 e 9). Nos últimos anos foi reportado que outras proteínas e peptídeos isolados de pimenta também apresentam essa propriedade de permeabilização. Proteínas como albuminas 2S presentes em sementes de maracujá amarelo, inibidores de proteinases e LTPs presentes em sementes de pimenta foram capazes de causar danos às membranas de fungos e, consequentemente, responder a ação do corante SYTOX Green (Agizzio et al., 2006; Diz et al., 2006; Ribeiro et al., 2007). Vários trabalhos sugerem que diferentes proteínas antimicrobianas desempenham sua atividade antifúngica através da permeabilização da membrana plasmática. No entanto, pouco se sabe sobre os possíveis sítios de ligação dessas proteínas às estruturas da parede celular e membrana plasmática de fungos e o que confere resistência ou susceptibilidade as diferentes proteínas de defesa (Thomma et al., 2002; Thevissen et al., 1999). Recentemente, foi demonstrado por Diz et al. (2006) que peptídeos presentes em sementes de pimenta inibem em até 100% a acidificação do meio de células da levedura S. cerevisiae utilizando-se uma concentração de 160 µg.mL-1 da fração F1 que em contato com as células da levedura mostrou-se responsável por promover a permeabilização através da membrana plasmática. Um ensaio de acidificação do meio por células de S. cerevisiae e C. albicans foi realizado para observar o grau de acidificação das células destas leveduras quando incubadas com a PvD1, nas diferentes concentrações e tempos de incubação testados. Os resultados mostraram que, na presença das células da levedura S. cerevisiae, a inibição da acidificação foi proporcional ao tempo de incubação com a PvD1, atingindo 76% de inibição quando incubadas com 200 µg.mL-1 da PvD1, por um período de 2 h (Figura 10). Ao observar a acidificação do meio na presença de células da levedura C. albicans verificou-se uma forte inibição da acidificação do meio atingindo aproximadamente 100% quando as células foram incubadas com a maior concentração da PvD1 por um período de 1 h de incubação (Figura 11). Verificou-se também que a variação do tempo de incubação dessas células na presença da PvD1, não apresentou uma alteração significativa. Este fato pode ser explicado primeiro por uma diferença nos mecanismos de resistência usados por ambas as leveduras bem como pela diferença de componentes da membrana plasmática. Os receptores de membranas para as defensinas são os esfingolipídeos nela presentes. Já foi visto que a membrana de muitas leveduras, tais como P. pastoris e C. albicans possui glicosilceramida, enquanto que a membrana das leveduras S. cerevisiae e S. pombe, por exemplo, não sintetizam glicosilceramida. (Thevissen et al., 1999; Thevissen et al., 2003a; Thevissen et al., 2003b; Thevissen et al., 2004). Estes resultados também sugerem que a inibição da acidificação na presença da PvD1 pode ser mediada tanto pela formação de um poro, devido a permeabilidade da membrana, como da alteração dos mecanismos de uma H+ATPase presente nas membranas das células da levedura. H+-ATPases são enzimas presentes na membrana plasmática de fungos que desempenham um importante papel na manutenção da homeostase . Resultados obtidos por Thevissen et al. (1999) mostraram que quando os fungos Neurospora Crassa e Fusarium culmorum foram incubados com defensinas de planta, Rs-AFP2 e Dm-AMP1, um fluxo de íons através da membrana plasmática foi observado. Recentemente, Aerts et al. (2007) demonstraram que a RsAFP2 , induz a produção endógena de ROS em células de C. albicans e que tanto esta produção de ROS quanto a atividade antifúngica desaparece na presença do antioxidante ácido ascórbico, o que sugere uma ligação causal entre a atividade antifúngica de RsAFP2 e a produção de ROS por ela mediada. Estes autores sugerem ainda que, a permeabilização da membrana é consequência de uma sinalização intracelular gerada pela ligação de Rs-AFP2 com as glicosilceramidas da membrana e não simplesmente a ação direta deste peptídeo na membrana através de sua interação com este esfingolipídeo. Ao analisar os efeitos da defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris sobre a indução da produção endógena de ROS em células de C. albicans utilizando para a marcação o corante 2’,7’ diclorofluoresceína diacetato, verificou-se que no controle, nenhuma fluorescência foi observada, indicando a não produção de ROS e consequentemente a não marcação pelo corante. Já nas células tratadas com 100 µg.mL-1 da PvD1, foi observada uma intensa marcação de ROS pelo corante 2’,7’ diclorofluoresceína diacetato indicando uma grande aumento deste após tratamento com a defensina PvD1 (Figura 12). Assim, o estudo da atividade antimicrobiana e das diferentes características moleculares presentes nos diferentes grupos de proteínas e peptídeos é de fundamental importância para que possamos compreender os mecanismos pelos quais estes agem sobre o desenvolvimento de patógenos. Dessa forma, será possível utilizá-los como agentes terapêuticos no tratamento de determinadas infecções causadas por certos agentes patogênicos. 7. CONCLUSÕES O sucesso da produção do anticorpo foi comprovado pelo reconhecimento da defensina PvD1 isolada de sementes de P. vulgaris pelo anticorpo produzido; PvD1 foi capaz de promover uma inibição sobre o crescimento dos fungos filamentosos sendo que a inibição foi mais acentuada na presença de 100 µg.mL-1 da defensina para os fungos F. oxysporum e F. solani quando comparada com as outras concentrações utilizadas; PvD1 mostrou-se capaz de causar permeabilização na membrana de todos os fungos filamentosos e leveduras testadas permitindo a penetração do corante SYTOX Green; PvD1 foi capaz de inibir a acidificação do meio estimulada por glicose, por células das leveduras S. cerevisiae e C. albicans. PvD1 foi capaz de induzir a produção endógena de espécies reativas de oxigênio (ROS) nas células de C. albicans. 8. BIBLIOGRAFIA Aerts, A. M., François, I. E. J. A., Meert, E. M. K., Li, Q.-T., Cammue, B. P. A. e Thevissen, K. (2007). 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