UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA A FRAGMENTAÇÃO DE GOIÁS E A CRIAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS ESTADO DE GOIÁS: DIVISÃO REGIONAL - (IBGE-1970) 48ºOeste 52ºOeste MOVIMENTOS SEPARATISTAS PAR Á Os trabalhadores das minas do norte goiano se levantaram contra a discriminação tributária do centro-sul e ameaçaram ligar-se ao Maranhão caso os impostos não baixassem. Esses mineiros ficaram dois anos sem pagar impostos e só voltaram quando obtiveram igualdade nos pagamentos (PALACIN, 1979). Baixo Araguaia Goiano 1809 - A Criação da Comarca do Norte UÍ P IA 10ºSul A r a g u a i a 1821 a 1824 - Movimeto Separatista do Norte de Goiás Serra Geral de Goiás Alto Tocantins 14ºSul Mato MA TO DF Grosso de Goiás Alto Araguaia Goiano AIS i o R 14ºSul Planalto Goiano Rio Vermelho O ano foi 1987. As lideranças souberam aproveitar o momento oportuno para mobilizar a população em torno de um projeto de existência quase que secular e pelo qual lutaram muitas gerações: a autonomia política do norte goiano já batizado “Tocantins”. Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da Subcomissão dos Estados da Assembléia Nacional Constituinte, redige e entrega ao presidente desta Assembléia, o deputado Ulisses Guimarães. A fusão de emendas criando o estado do Tocantins Vão do Paranã Chapada dos Veadeiros Meia Ponte Serra do Caiapó 18ºSul M SO OS GR L O SU AT DO > Elaborar uma leitura, de caráter geográfico, sobre a f r a g m e n t a ç ã o d o E s t a d o d e G o i á s ocorrida em 1988. Médio Tocantins - Araguaia BAHIA Após uma tentativa frustrada de derrubada do Capitão-general Manoel Sampaio instalou-se o governo independencista do norte com capital provisória em Cavalcante tendo como ouvidor Theotônio Segurado até janeiro de 1822. Após um período de crise política, onde foram organizados novos governos provisórios, o governo do norte se enfraquecia . Com instalação do governo provisório do sul o poder naquela Comarca é assumido pelo Pe. Camargo Fleury, sua missão era de restabelecer a unidade política da Província. Assim, o movimento teve no pulso forte de Fleury e no não reconhecimento por parte de D.Pedro I do governo instalado no norte os principais estímulos de fracasso (CAVALCANTE, 1999). 10ºSul GE R Denominada de São João da Barra, a Comarca do Norte foi criada para facilitar a administração, a aplicação da justiça e incentivar o povoamento da região. O Alvará que dividiu a Comarca em duas foi o de 18 de março de 1809 (CAVALCANTE, 1999). Tocantínea de Pedro Afonso 1988 - Criação do Estado de Tocantins OBJETIVO MAR ANHÃO Extremo Norte Goiano 1736 - A Primeira Cisão SSO A abordagem da “criação” do Estado do Tocantins na Constituição de 1988 pode ser compreendida como resultado de uma tradição separatista nascida e alimentada durante os séculos XIX e XX no antigo norte goiano. Nesse período, a Capitania de Goiás tornou-se palco de iniciante processo de fragmentação estimulado pela gritante desigualdade sócio-econômica entre o sul e o norte goianos. A partir daí várias lutas políticas foram travadas em torno do objetivo de criação do novo Estado. Essa temática foi objeto de discussão em seminário conduzido na disciplina Geografia de Goiás. O presente painel é parte do resultado dessas discussões. 6ºSul 6ºSul GRO APRESENTAÇÃO Ri o Sudeste Goiano Vertente Goiana do Paranaíba Ap or N MI é 18ºSul 48ºOeste AS ESCALA GRÁFICA 100 0 100 200 300 km 52ºOeste PALMAS - A NOVA CAPITAL A FRAGMENTAÇÃO 50ºWGr. (São João do Araguaia) A R A PA AN G U R AI Á A PIT IA Ri Vila-sede da Comarca do Norte A NI T O C A N T I N S Co co Arraiais desaparecidos ou em ruínas Pontal* Ilha do Bananal Rio Conceição (do Tocantins) Príncipe o Maranhã A R A G UA I A 13º S Morro do Chapéo (Monte Alegre de Goiás) Pa São Domingos nã ra da a lm Pa A Arrayas Rio M T (Paranã) São Félix* Cavalcante Amaro Leite* Rio Forte* Trayras* São José do Tocantins (Niquelândia) Crixás Água Quente* Santa Rita* Pillar Flores (de Goiás) Muquem São Miguel das Tezouras* Cocal* Goarinos* s Mato Grosso(vila Boa) Lavrinhas* Ve Maranhão* rm elho Santa Rosa Santa Rita* Anta* Meya Ponte Couros (Formosa) Ferreiro*Jaraguá (Pirenópolis) (Buenolândia)Barra Montes Claros (Sto. Antônio do Descoberto) VILA BOA Ouro Fino* s Rio Edição digital: Loçandra Borges de Moraes (2003) O s-Açu Crixá Pesquisa e concepção gráfica: Antônio TEIXEIRA NETO (2001) Barra da Palma (2) Chapada de São Félix* Rio Salvador e ir Palm Rio Rio 13º S Fonte: Luiz Antônio SILVA E SOUZA (1812/1967). O descobrimento da Capitania de Goyaz. Goiânia: Ed. da UFG (republicação). es Almas Alv Chapada Duro (Dianópolis) an oel Natividade M tes Ri o DA Esse Julgado (Desemboque) foi anexado a Minas Gerais em 1816 (atual Triângulo Mineiro) A Araxá Uberaba Rio Ri Desemboque (3) o Grande C ulo Pa Pa ra ná São rdo Pa Rio RA GE Uberabinha (Uberlândia) PI T A D E S Ã O PA ANI ULO 0 50 100 150 200 FONTE: www.asbandeiras.hpg.ig.com.br/ brasil.htm Acessada em 07/07/05 TA N I A FONTE: www.asbandeiras.hpg.ig.com.br/ brasil.htm Acessada em 07/07/05 é A MINAS bá Catalão DE Ri o Paracatu São Marco Rio s Mei a do m Ri o o ar or ru o eir an l xim Co Ap Co oi Po s nte R I O o o Santa Cruz FONTE: http://home.wxs.nl/~rolfpoll/palmaspic.html Acessado em 07/07/05 FONTE: http://home.wxs.nl/~rolfpoll/palmaspic.html Acessado em 07/07/05 Com a promulgação do Estado do Tocantins na Constituição de 1988, entendia -se que para um novo Estado era necessário uma nova capital que atendesse às perspectivas desenvolvimentistas da época. Em 20 de maio de 1989 foi lançada a pedra fundamental para a construção de Palmas. A área escolhida foi próximo à Porto Nacional à margem direita do Rio Tocantins. A sede provisória estabelecida até o término das construções da capital, foi a cidade de Miracema do Norte. Palmas teve seu nome escolhido em homenagem à primeira sede do movimento separatista, em 1809, que foi a Comarca de São João da Palma. A inauguração da capital se deu no dia 1º de Janeiro de 1990 quando as sedes dos poderes administrativos foram levadas para o plano diretor da nova cidade. Atualmente, Palmas possui 160 mil habitantes dentro de uma área de 2.752 Km2. Às margens da cidade foi construída uma represa no Rio Tocantins gerando um lago artificial. Os acessos terrestres se dão através das rodovias TO - 050 e TO - 060 com ligação para a BR - 153. (GOMES, 2004). eJ od Ri Ri s C Ri (Luziânia) Bomfim (Silvânia) Anicuns B Coxim Ri o Santa Luzia Corumbá CAPI ó iap Ca Curralinho (Itaberaí) Pilões* o o Ri (Goiás) Ri CUYABÁ IS o da s A l m Ri a o C A P I TA N I A (3) Carmo (Monte do Carmo) as Vila sede da Comarca do Norte a partir de 1814 S on o Porto Real (Porto Nacional) R IO (2) Javaés Primeira vila sede da Comarca do Norte (1809) G R O S S O Mo r (1) d o BAHIA do Território reivindicado por Mato Grosso Rio Pa CA rna PIA P. íba D UH O Y TA R I O Principais caminhos Rio CA Antigos limites da Capitania de Goyaz Rio PI Limite de Capitania C ANHÃO rande Limite de Julgado T A N I A P I AR Limite de Comarca Ri Alves G el no Ma Arraial subordinado a Julgado D O M o Cabeças de Julgado * DO DO Capital da capitania e cabeça da Comarca do Sul e do Julgado de Vila Boa FONTE: www.estudiologia.hpg.ig.com.br/ estado_26.htm Acessado em 06/07/05 CA Vila de São João de Duas Barras (1) FONTE: www.estudiologia.hpg.ig.com.br/estado_8.htm Acessado em 06/07/05 CAPITANIA DE GOYAZ (1809) DIVISÃO EM JULGADOS 250 km GOIÁS TOCANTINS Área: 277.620,914 Km2 População Total: 1.157.098 População Urbana: 859.961 População Rural: 297.137 Densidade Populacional: 4.17 hab / Km2 Área: 340.086.698 População Total: 5.003.228 População Urbana: 4.396.645 População Rural: 606.583 Densidade Populacional: 14.69 hab / Km2 FONTE: IBGE (2001) O início do povoamento do território goiano-tocantinense a partir da colonização, deu-se principalmente através de duas vertentes econômicas (mineração do ouro e pecuária), uma em sucessão à outra. A mineração do ouro e a pecuária foram os principais agentes de formação das cidades e influenciaram também na formação de identidades regionais na capitania de Goiás, fundamentais para o entendimento do processo de fragmentação do estado de Goiás e da criação do Tocantins. Antes da chegada do bandeirante, o território goiano-tocantinense era ocupado por inúmeros grupos indígenas, espalhados por toda a extensão territorial e mais concentrados nos vales dos rios e nas planícies. Grupos como os Carajás, Acroás, Xavantes, Xerentes, Canoeiros e outros. Com o início da exploração do ouro na capitania de Goiás, grande parte desses grupos nativos foi dizimada, principalmente ao sul da capitania onde o extrativismo aurífero se deu com maior intensidade, como atesta a literatura que versa sobre o assunto. O povoamento do Tocantins, como outrora, apresenta-se bastante irregular. De acordo com o censo demográfico de 2000, as microrregiões mais povoadas são Araguaína, Porto Nacional e Bico do Papagaio (IBGE, 2001). O núcleo central do povoamento encontra-se na faixa que segue a BR-153, seja na médias cidades ou nas pequenas, que são maioria na rede urbana tocantinense. FONTE: IBGE (2001) INFRA-ESTRUTURA RESERVADA A CADA ESTADO NA ÉPOCA DA FRAGMENTAÇÃO: INFRA-ESTRUTURA Água Tratada GOIÁS - EM % 91,70 TOCANTINS - EM % 8,30 Esgoto Sanitário 99,70 0,30 Terminais Telefônicos 93,90 6,10 Leitos Hospitalares 92,90 7,10 Armazéns 90,10 9,90 Capacidade Armazenadora 92,00 8,00 Energia Gerada 97,30 2,70 Goiás e Tocantins – Um Cordel para os Irmãos Na qualidade de forasteiro, Que habita a região Faço aqui uma homenagem A uma dupla de irmãos. Que nasceram unidos Porém, não parecidos Em sua composição. Depois que se aparta Fica mais difícil de se juntar. E caminhos diferentes Começaram então a trilhar. Embora para a Federação, Através da constituição, Goiás era um só lugar. Em território sertanejo No meio do Brasil, Um sopro de vida Por aqui se abriu Provocando a Pindorama Abrigando a raça humana Nessa terra de “funil”. No centro-sul do Estado Já tinha quase tudo, Agropecuária e Ferrovia E gente com estudo. Já no Nordeste e Norte O que então era forte Se dava no chão bruto. É importante saber Que nos tempos vindouros, A Coroa portuguesa Em busca de muito ouro Se faz presente também em Goiás Já que Minas não é mais capaz De sozinha formar o tesouro. Os movimentos separatistas, Começaram desde cedo A lutar pela tal idéia Do Tocantins mais guerreiro. Até que no ano de 88 A recompensa do esforço Apresentou-se sem medo! E foi no século dezoito Logo no seu início Que as Minas dos Goyazes Se deram a princípio Das Minas do Tocantins Embora o mesmo fim Se dava em todo o sítio. Nos dias atuais Depois da oficialização, Da divisão dos Estados Que sempre serão irmãos. Nota-se o benefício Que se fez pelo suplício Do povo deste chão. Durante esse período, De povoamento disperso As Bandeiras avançaram. E os indígenas por perto, Foram, assim, dizimados E também catequizados Até mesmo à céu aberto! Hoje o Tocantins tem mais estrutura E caminha sem ter que depender Das decisões que Goiás toma E nem de seu parecer. Pois a capital Palmas Foi o divisor de águas Para o Estado se estabelecer. Tão grande foi, O nível de exploração Que as minas do Norte Chegaram a exaustão. Pagando ainda mais Os impostos tributais Determinados sem compaixão... Finalizo aqui O meu simples texto, Que pretendeu mostrar Um pouco do contexto Do coração do Brasil, Que abriga um povo gentil, Cujo tenho um grande apreço! E foi nesse momento Em que no Norte goiano O sentimento diferencial Apontou um desengano. Pois a dita aproximação Do Sudeste com o seu irmão Privilegiou Goyaz nesse plano. Leandro Caetano de Magalhães Geografia – UFG FONTE: MAIA (2005). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ACADÊMICOS: Fernando Henrique Ferreira Cardoso; Leandro Caitano de Magalhães; Suélen Alonso de Almeida; Thiago Aires Silva. ALENCASTRE, J. M. Pereira de. Anais da Província de Goiás. Goiânia: SUDECO/Governo de Goiás, 1979. CAVALCANTE, M. E. S. R. Tocantins: O Movimento Separatista do Norte de Goiás, 1821 - 1988 - S.P.: A. Garibaldi, Editora da UCG, 1999. GOMES, H.; NETO, A. T.; BARBOSA, A. S. Geografia: Goiás Tocantins. 2ª ed., Goiânia:Editora da UFG, 2004. IBGE. Censo demográfico. R.J. IBGE, 2001. MAIA, V. E. Desenvolvimento Econômico de Goiás. Goiânia: Kelps, 2005. PALACIN, Luís, MORAES, M. A. S. História de Goiás (1722 - 1972). 5ª edição - Goiânia: Ed. da UCG, 1989. PALACIN, Luís. O Século do Ouro em Goiás. 3ª edição. Goiânia: Oriente, Brasília: INL, 1979. PARENTE, T. G. Fundamentos Históricos do Estado do Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 1999. SILVA, O. Barros da. Breve História do Tocantins e de sua Gente: uma luta secular. Araguaína: Solo Editores, 1996.