CONHECENDO A ELETRICIDADE A eletricidade é o resultado da existência de carga elétrica nos átomos que constituem a matéria. Como se sabe, um átomo é composto por prótons (cargas positivas), elétrons (cargas negativas) e nêutrons, que não possuem carga. Os prótons e os nêutrons ficam no interior do núcleo do átomo, os elétrons ficam na eletrosfera (ao redor do núcleo). Atualmente há muitas formas de se utilizar a eletricidade, pois o homem já tem bastante conhecimento a seu respeito. Há muitos termos utilizados quando se fala sobre conexão com a eletricidade. Contudo, os mais importantes, são os chamados positivo e negativo. Na eletricidade os opostos realmente se atraem, uma vez que tudo aquilo que possui carga negativa atrai tudo o que possui a carga positiva; entretanto, sabe-se que quando existem duas cargas carregadas de igual modo, elas se repelem. Os elétrons buscam constantemente passar de um ponto negativo para outro positivo. No caso de alguns materiais, como, por exemplo, o cobre e outros metais, é possível que os elétrons circulem facilmente entre as cargas negativas e positivas. Estes metais são conhecidos como condutores. O movimento dos elétrons ao longo de um condutor é chamado de corrente elétrica. A corrente contínua ocorre quando a um fluxo constante de elétrons pelo condutor. Enquanto que a corrente alternada tem um fluxo de média zero, embora este valor nulo não ocorra todo tempo. Neste último caso, o fluxo de elétrons muda de direção continuamente. Há certos materiais, como a borracha, a porcelana e vários tipos de plásticos, que impedem a passagem dos elétrons, estes tipos de materiais são chamadas isolantes. A DESCORBETA DA ELETRICIDADE Embora a descoberta da eletricidade tenha se desenvolvido apenas no século XX, o estudo dos fenômenos elétricos tem uma longa história. Em geral, atribuem-se aos gregos antigos as primeiras observações desses fenômenos. Eles notaram que o âmbar (espécie de resina) depois de atritado atraía pequenos corpos, como fragmentos de palha ou de penas. Daí surgiu a palavra elétrico, que provém do termo eléktron (âmbar, em grego) . No entanto o estudo mais aprofundado dos fenômenos elétricos só se iniciou em 1762, quando Otto Von Guericke uma maquina capaz de produzir eletricidade. Já em 1729, Stephen Gray descobriu a transmissão de eletricidade de um corpo para outro, e propôs uma separação dos materiais existentes na natureza em dois grandes grupos: condutores e isolantes mencionados anteriormente. A distinção entre condutores e isolantes fez com que a eletricidade fosse comparada a um fluido contido nos corpos, capaz de escorrer de um corpo para outro. Mas nem todos concordavam com essa idéia de fluido. Charles François Du Fay, em 1773, dizia que existia uma eletricidade “vítrea”, obtida por fricção do vidro, o qual após ser friccionado, atraía corpos; e a eletricidade “resinosa”, obtida por fricção de âmbar ou de resina. Hoje se sabe que a eletrização se dá por falta ou excesso de elétrons em corpos. Fay afirmava que os corpos dotados de eletricidade do mesmo tipo (dois vidros, por exemplo) se repeliam entre si, ao contrario daqueles dotados de eletricidade de diferentes tipos, que, por sua vez, se atraíam. O cientista e político norte-americano Benjamin Franklin, em 1747, afirmou que na natureza existe apenas um tipo de fluido elétrico, presente em todos os corpos, que jamais é criado ou destruído ao passar de um corpo para outro. Para ele, os dois tipos de eletricidade propostos por Du Fay podiam ser explicados pela falta ou excesso desse fluido único. A eletricidade vítrea era aquela em havia excesso de fluido, por isso era apresentada com um sinal positivo (+), enquanto a eletricidade resinosa era aquela em que faltava esse fluido, sendo representada pelo sinal negativo (-). Assim, segundo Franklin, o fluido ia da parte positiva (em excesso) para a parte negativa (em falta). Vem daí os famosos “sinais de cargas”. Essas descobertas sobre os fenômenos elétricos despertaram não somente o interesse dos cientistas, mas também o entusiasmo da população. Surgiram ate brincadeiras inspiradas na eletricidade, como um jogo de salão em que as pessoas formavam uma cadeia humana, dando se as mãos. As duas pessoas que se encontravam nas extremidades da cadeia tocavam dois corpos eletricamente carregados com excesso de fluido, como a garrafa de Leyden, ou falta de fluido, por exemplo, um metal qualquer. Quando o “fluido” passava pelas pessoas havia um choque, as pessoas estremeciam e riam bastante. Em 1750, o físico inglês John Mitchell tentou calcular a intensidade da atração entre um corpo positivo e um negativo, formulando uma lei de atração semelhante à lei da gravitação universal de Isaac Newton. Mitchell afirmava que a intensidade da forca diminuía com o quadrado da distancia. Mas não seguiu adiante em seus cálculos. Em 1785, Augustin de Coulomb postulou a existência de uma lei semelhante para a atração e repulsão entre os “fluidos elétricos”. Essa lei tem formula análoga à lei da gravitação de Newton, diferindo basicamente no agente causador dessa lei: para Newton, a força de atração da gravidade resultava da massa de um objeto, que era sempre atrativa ( a Terra, por exemplo, sempre nos atrai). Para Coulomb, a força de atração elétrica resultava dos “fluidos” e poderia ser atrativa ou repulsiva, uma vez que para ele, havia dois tipos de “fluidos” como mostra o esquema abaixo: F Q1 + Q2 F + Q2 d F -Q2 d Mesmo sinal: repulsão Sinais opostos: atração A lei de Coulomb foi aceita pela maioria dos cientistas por um período. Mas, em 1780, um professor italiano de anatomia, Luigi Galvani, descobriu a corrente elétrica. Ele observou que, quando se encostavam duas placas de metal, carregadas com sinais diferentes, ao corpo de uma rã utilizada como cobaia, suas patas se contraiam fortemente. Algumas pessoas, ao saber disso, acharam que a eletricidade era uma característica dos organismos vivos, capaz de permanecer mesmo após a morte! Alessandro Volta, porem, ao estudar mais detalhadamente o fenômeno, compreendeu que o fato de a rã contrair as patas não se devia à própria rã, mas às placas metálicas. As cargas negativas passavam por entre as patas, fazendo-as movimentarem-se. Na verdade, não era a rã, mas, sim, os impulsos elétricos os responsáveis pelos movimentos. Segundo Volta, aliás, dependendo da intensidade da contração das patas da rã, era possível calcular a corrente elétrica que passava pelo seu corpo. Volta construiu um dispositivo sobrepondo um grande número de placas de zinco, de cobre e de papelão, embebidas em ácido, que conduziam a eletricidade mais fortemente do que a rã. Surgiu assim a pilha de Volta, o primeiro tipo de pilha de que se tem noticia. Ainda sobre a eletricidade é importante ressaltar que a mesma está dividida em três partes: • Eletrostática – estuda as cargas elétricas em repouso; • Eletrodinâmica – é o estudo das cargas elétricas em movimentação, ou seja, o estudo de corrente elétrica e das propriedades dos circuitos que são percorridos por ela. • Eletromagnetismo – nessa parte são estudadas as relações entre a eletricidade e o magnetismo, bem como a ligação entre os fenômenos magnéticos e elétricos. PRIMEIRAS IDÉIAS SOBRE O MAGNETISMO Assim como os fenômenos elétricos, os gregos já tinham observado fenômenos magnéticos. Quando os mesmos iam para uma cidade chamada Magnésia, eles encontravam uma pedra chamada, em grego, de “mangnês”, que possuía a propriedade de atrair alguns metais (na época, somente conheciam o ferro). No século XI, o sábio chinês Chen Koua fez uma experiência com uma agulha imantada flutuando sobre um liquido. Ele propôs que a mesma fosse utilizada para a navegação, uma vez que sempre apontava para o norte. Daí nasceu à bússola. Já no século XIII, o francês Pierre Pélerin de Maricourt descobriu que a forca atrativa do imã concentravase em dois pontos, chamados de pólos, sempre orientados, aproximadamente, no sentido norte-sul da esfera terrestre. Também foi verificado que os pedaços de ferro eram atraídos com maior intensidade pelos pólos do imã. Para você compreender melhor, imagine um imã em forma de barra. Se fossem distribuídos pequenos pedaços de ferro- chamados de limalha- sobre ele, eles se acumularão nas extremidades da barra, o que significa que a limalha é atraída mais fortemente para essas extremidades, ou pólos. Há uma convenção utilizada para se denominar “pólo sul magnético” e “pólo norte magnético”: quando um imã gira livremente, a extremidade que apontar para o norte geográfico da Terra é chamada “pólo norte magnético” do imã. A extremidade que apontar para o sul é chamada “pólo sul magnético”. Em 1600, William Gilbert publicou um livro contendo um estudo aprofundado e unificado dos fenômenos magnéticos. No livro, propunha, entre outras coisas, que os pólos opostos de dois imãs se atraíam, enquanto os pólos iguais se repeliam. Gilbert apresentava, também, a idéia revolucionária de ação a distancia, segundo a qual os imãs atraíam os metais mesmo a distancia (seria o mesmo que dizer que uma pessoa consegue mover um objeto que esteja fora de seu alcance!). Para tanto, os imãs emitiram correntes fechadas invisíveis, chamadas por ele de effluvias que, ao retornarem, arrastariam os objetos em direção aos imãs. Essa idéia, apesar de criativa, foi substituída mais adiante. Como, desde Newton, os cientistas queriam unificar todas as teorias, houve tentativas de unificar fenômenos elétricos e magnéticos. Em 1820, Hans Christian Oersted descobriu que a passagem de uma corrente elétrica por um fio condutor desvia uma agulha imantada que esteja próxima. No entanto ao contrário do que o modelo de força de Coulomb sugeria, a força que movimenta agulha não era paralela, mas perpendicular ao fio condutor. E, além disso, quando colocada acima do fio, a agulha tomava uma direção contrária àquela observada quando estava sob o fio, sem que, nesse caso houvesse qualquer tipo de modificação na corrente do fio! Assim, Oersted teve a impressão de que a linha de força (linha ligando dois corpos que aponta a direção da força) de origem magnética era um circulo em torno do fio. E, por isso, a lei de Coulomb não poderia explicar o fenômeno. A observação feita por Oersterd, mais do que nunca, deveria unificar eletricidade e magnetismo e foi isso que procurou fazer o francês André Marie Ampère. Ao efetuar medidas precisas, ele descobriu que uma corrente elétrica não só cria um magnetismo que desvia uma agulha imantada, mas também é influenciada pela presença de outra corrente elétrica. Por exemplo, dois fios que conduzem corrente elétricas exercem, um sobre o outro, forças atrativas ou repulsivas resultantes do magnetismo criado em cada corrente. Com isso Ampère deduziu, após longos estudos, que o magnetismo não é um fenômeno separado da eletricidade. Na verdade, o magnetismo resulta da presença de uma corrente elétrica. Ampère foi mais longe: propôs que a ação de um imã comum ocorre por causa de correntes elétricas permanentes, existentes dentro desse imã, que exerceriam forças atrativas ou repulsivas sobre as correntes existentes em um segundo imã. Correntes elétricas com sentido igual nos dois imãs faziam surgir uma atração entre eles; quando essas correntes tinham sentido oposto, havia repulsão entre as extremidades dos imãs. Assim, sendo o imã um conjunto de correntes, bastava calcular as forças entre essas correntes. UMA REVOLUÇAO: O CONCEITO DE CAMPO (LEI DE GAUSS) As dificuldades em calcular a força magnética somente foram eliminadas graças ao conceito de campo, proposto pelo inglês Michael Faraday. Ao propor a idéia de campo, Faraday imaginou a seguinte situação: quando se salpica limalha de ferro em torno de um imã (observe a figura), a limalha se deposita seguindo a orientação de curvas que ligam os dois pólos do imã. Assim, concluiu ele, a causa desse fenômeno seriam as “linhas de força” formadas em torno do imã, saindo de seu pólo norte e convergindo no pólo sul (conforme figura). Ao salpicar limalha de ferro próximo a um imã, podemos observar as linhas do campo magnético. A partir dessa explicação, a atração e a repulsão entre pólos de imãs diferentes se explicavam por uma “disputa” entre a convergência e a divergência das linhas de força. Em outras palavras, se as linhas de força eram iguais (com o mesmo sentido), somavamse e provocavam uma atração; se não fossem iguais (de sentidos contrários), repeliam-se. Faraday, então, chamou o conjunto de linhas de força de campo magnético. O modelo das linhas de campo foi utilizado por Faraday para explicar a força elétrica de Coulomb. Para ele, a atração e a repulsão entre cargas elétricas ocorriam por causa da ação de um campo elétrico, composto por linhas de força que saíam de uma carga elétrica positiva para uma carga negativa. As linhas do campo elétrico das cargas espalham-se por todas as direções do espaço de maneira equivalente (direção radial). No entanto, por convenção, se as cargas forem positivas (a), o sentido do campo será para fora das cargas; se forem negativas (b), o sentido será para dentro das cargas. O campo difere da força na medida em que somente haverá força quando ocorrer interação entre duas cargas ou entre duas correntes, ao contrário do campo elétrico, que sempre existirá se houver uma carga, ou do campo magnético, que sempre existirá se houver uma corrente. Ambos os campos (elétrico e magnético) são os mecanismos para explicar a ação a uma distancia, uma vez que não se entendia, na época, como um objeto pode atrair o outro sem precisar “tocar” nele. Os seres humanos, por exemplo, na maioria das vezes, utilizam as mãos para empurrar ou atrair um objeto. Já as cargas as cargas elétricas podem atrair ou repelir objetos utilizando os campos elétricos e magnéticos. A intensidade desses campos elétricos em um ponto foi calculada por Cal Friedrich Gauss e pode ser obtida por: 𝐸= 𝐾.𝑄 𝑑² Onde E = campo elétrico; K = constante do meio em que a carga está localizada; d = distância que separa a carga de um ponto qualquer. A expressão matemática anterior é um caso especifico da lei de Gauss- é necessário utilizarmos cálculo diferencial e integral para generalizá-la, o que não é o nosso objetivo. Interessa- nos, portanto, a sua principal idéia: a lei de Gauss estabelece uma relação inseparável entre carga e campo. Ou seja, é impossível haver carga sem campo elétrico ou, por outro lado, haver campo elétrico sem carga. Se há um campo, então, há carga. Se há carga, então há campo. A lei de Gauss é a primeira lei do eletromagnetismo, uma vez que a lei de Coulomb é considerada, hoje, uma consequência dessa lei, pois há uma relação entre força elétrica e campo elétrico dada pela expressão: 𝐹⃗ = 𝑞. 𝐸⃗⃗ Onde 𝐹⃗ = força elétrica; q = carga submetida a um campo; 𝐸⃗⃗ = campo gerado por uma carga fixa. Há uma lei equivalente à lei de Gauss para o magnetismo, que pode ser expressa matematicamente por: B . d² = 0 Onde B = campo magnético; d = distância. Se há uma equivalência entre a lei de Gauss do eletromagnetismo e a lei de Gauss da eletricidade, podemos comparar as expressões matemáticas de B e E e extrair mais informações. Você pode perceber que algo tem de ser nulo no segundo lado da equação de E par que B também seja nulo: K é uma constante que depende do meio e nunca pode ser nulo (no vácuo, onde não há matéria, seu valor é 9.109N.m/C²). A distância d, por sua vez, está dividindo e, como se sabe, segundo a matemática, não pode haver zero no denominador. Isso significa que, por exclusão, quem deve ser nula é a carga. Ou seja, não existe campo magnético ligado a uma única carga. Assim, essa lei, por vezes chamada de lei de Gauss do magnetismo, pode ser interpretada como: não é possível haver um monopólio magnético (uma única carga). É o caso dos imãs e do magnetismo de uma forma geral: sempre haverá dois pólos magnéticos (norte e sul) no magnetismo. Segundo o modelo que utilizamos hoje, as correntes elétricas são cargas que se locomovem. Tais cargas, em locomoção, geram campos magnéticos circulares que, por sua vez, exercem forças sobre outras cargas elétricas, que podem estar em movimento ou não. É por isso que é mais comum falarmos que o elemento fundamental do magnetismo é a cargacampo: todos os outros fenômenos advêm desse elemento. Uma vez que uma carga em movimento é uma corrente elétrica, se a outra carga que sente o efeito da força estiver também em movimento, a interação entre as duas cargas também pode ser imaginada como uma interação entre duas correntes. Com isso, explica-se teoricamente a atração entre correntes descoberta por Ampère. Mas também era necessário expressar matematicamente essa interação. Para entender como foi feita a interação, suponha- se que no ponto P (mostrado na figura) exista um campo magnético B com a direção e o sentido indicados. Supõe-se ainda que por esse ponto P passe uma carga q com uma determinada velocidade v. Conforme já previra Ampère, essa carga ficará sujeita a uma força magnética (Fm), perpendicular ao campo, dada por: Fm=q.v.B.senθ Onde Fm é a força magnética; q= carga; v= velocidade da carga; θ= ângulo entre B e v. Observe que a direção da força que um campo magnético exerce sobre uma carga em movimento é perpendicular ao plano determinado por v e B e o seu sentido pode ser dado pela “regra da mão direita”, que consiste no seguinte procedimento: apontar o dedo polegar da mão direita na direção da velocidade v e os demais dedos orientados na direção do campo magnético. O sentido da força F será aquele para onde ficará voltada a palma da mão, veja a figura: A unidade do campo magnético é o tesla (T). É sempre conveniente lembrarmos que o valor da força magnética, assim como o valor do campo, muda de um ponto para outro. Outra observação importante é que, se a carga q for negativa, o sentido da força magnética será contrário àquele que é observado para carga positiva. Portanto, será o contrário da direção apontada pela palma da mão direta, ao usarmos a regra da mão direita.