A1 HEMICHORDATA Os hemicordados são um pequeno grupo de animais marinhos vermiformes que já foram considerados como um subfilo dos cordados. Compõem-se de duas classes – os Enteropneuta e os Pterobranchia. ENTEROPNEUSTA Os enteropneustos são habitantes de águas rasas. Alguns vivem sob rochas e conchas, mas muitas espécies cavam no lodo e na areia. Superfícies expostas pelas marés estão freqüentemente salpicadas por cordões enrolados resultantes da deposição de fezes por estes animais. O corpo cilíndrico e bastante flácido é composto por uma probóscide anterior, um colarinho e um longo tronco. Essas regiões correspondem às típicas divisões do corpo dos deuterostômios – protossomo, mesossomo e metassomo. A probóscide é usualmente curta e cônica estando conectada ao colarinho por um curto pedúnculo. O colarinho é um cilindro curto que se sobrepõe na parte anterior ao pedúnculo da probóscide e contém, ventralmente, a boca. O tronco constitui a maior parte do corpo. Atrás do colarinho, o tronco exibe uma fileira longitudinal de poros branquiais de cada lado de uma crista mediana dorsal. Mais lateralmente, a primeira metade do tronco contém as gônadas. LOCOMOÇÃO E HABITAÇÃO Os enteropneustos têm limitados poderes de locomoção, sendo animais bastante vagarosos. NUTRIÇÃO Muitos enteropneustos cavadores consomem areia e lodo a partir dos quais materiais orgânicos são ingeridos. TROCAS GASOSAS E TRANSPORTE INTERNO Os enteropneustos possuem um sistema vascular sanguínea aberto composto de dois vasos contráteis principais e um sistema de canais sinusóides. O sangue incolor e bastante carente de elementos celulares é carregado para frente em um vaso dorsal localizado no mesentério que suspende o trato digestivo. As fendas branquiais faríngeas localizadas na região anterior do tronco são os órgãos de trocas gasosas dos enteropneustos. Cada fenda abre-se em um saco branquial, o qual, por seu turno, abrese para o exterior através de um poro branquial dorsolateral. Todos os poros de um lado estão usualmente localizados em um sulco longitudinal. Os batimentos ciliares produzem uma corrente de água que passa para o interior da boca e sai pelas fendas branquiais. Os enteropneustos são todos dióicos, as gônadas ssaculares pares estão localizadas no celoma do tronco começando na região branquial ou logo atrás das fendas branquiais. O desenvolvimento pode ser direto ou indireto. PTEROBRANCHIA Os Pterobranchias consistem num pequeno número de espécies pertencentes a três gêneros. São animais raramente encontrados. A maioria deles é habitante de águas relativamente profundas e o maior número de espécies é encontrado no Hemisfério Sul. Com raras exceções, os pterobrânquios vivem em tubos secretados, os quais são organizados em agregados ou colônias sobre o substrato. Algumas espécies são fixadas por pedúnculos, mas alguns são mantidos juntos por um estolão. A probóscide tem forma de escudo e funciona na movimentação do animal pelo lado interno do tubo, bem como na secreção do tubo. A característica mais notável desses vermes é a presença dos braços e tentáculos sobre o lado dorsal do colarinho. Os braços exibem numerosos tentáculos pequenos e bastante ciliados. Não existem fendas branquiais na maioria, mas em alguns podem ser encontrado apenas um par. O tubo digestivo tem a forma de U e o ânus abre-se na frente, no lado dorsal do colarinho. Os sexos são separados, a colônia ou o agregado são formados por brotamento do pedúnculo ou do estolão. UROCHORDATA Os urocordados são animais filtradores que apresentam notocorda na cauda, pelo menos na fase larval. O termo tunicado refere-se ao fato de todos os representantes deste táxon terem o corpo recoberto por uma túnica composta essencialmente por tunicina, um isômero da celulose. Os membros do subfilo Urochordata, mais conhecida os como tunicados ou ascídias, constituem o maior grupo de cordados invertebrados. A maioria desses tunicados é séssil, vivendo fixos a rochas, conchas, pilares e cascos de navios. A larva planctônica dos urocordados mede cerca de 0,7mm de comprimento. Elas possuem fibras musculares longitudinais, um cordão nervoso, um notocórdio e uma cauda afilada, que é o seu órgão locomotor. Ao final da existência planctônica, a larva fixa-se ao substrato, através da papila adesiva anterior. CEPHALOCHORDATA Os cefalocordados, vulgarmente denominados anfioxos, são representados por cerca de 25 espécies. Os anfioxos ocorrem em todos os oceanos, próximo a praias arenosas. São organismos alongados, comprimidos lateralmente, livrenatantes, que medem cerca de 5cm de comprimento. São mais ativos à noite, e passam a maior parte do tempo com a região caudas do corpo enterrada no substrato, mantendo, desse modo, o corpo em posição vertical em relação ao fundo, e a região rostral exposta à coluna d’água. Nessa posição, podem filtrar a água ao seu redor e capturar as partículas alimentícias em suspensão. Os anfioxos são dióicos e as gônadas, saculiformes, não apresentam ductos genitais. Os gametas são liberados no interior da cavidade atrial pela ruptura da parede interna do átrio e, a seguir, para o meio externo, via atrióporo. Possuem: sistema nervoso, sistema muscular, sistema circulatório, respiratório, reprodutor, excretor e digestivo. A2 PEIXES: AGNATHA A classe Agnatha inclui os vertebrados fósseis mais antigos, que parecem ter sido os ancestrais dos demais grupos de peixes. A maioria está extinta, mas a classe é representada, hoje em dia, por cerca de 50 espécies de lampreias e peixes-bruxa. Embora as origens dos Agnatha sejam obscuras, é provável que tenham evoluído de um grupo de cordados inferior. Os peixes agnatos logo invadiram a água doce e passaram a sofrer enorme diversidade adaptativa. Denominam-se ostracodermos, a maioria dos ostracodermos era composta por pequenos peixes que se alimentavam de sedimentos, com o corpo achatado no sentido dorsoventral. Suas escamas eram muito semelhantes às escamas de alguns peixes primitivos. Abaixo da fina camada esmaltada de ganína, havia uma espessa de cosmina, semelhante à dentina. O restante da escama consistia em uma camada de osso esponjoso, contendo vários espaços vasculares e uma camada a mais de osso lamelar compacto. Os ostracodermos possuíam nadadeiras medianas e alguma nadadeira par, mas essas não eram bem desenvolvidas na maioria dos grupos. A maior parte tinha nadadeira caudal heterocerca, o que é uma característica de peixes primitivos. LAMPRÉIAS As lampreias e peixes-bruxa são remanescentes e especializados da classe Agnatha. Eles não possuem mandíbulas nem apêndices pares, têm mais aberturas branquiais do que os demais peixes existentes continuam com o olho pineal e apresentam uma narina mediana. Ao contrário dos ostracodermos, os ciclostomados possuem a forma de enguia, sendo sua pele viscosa e sem escamas; eles são hematófagos ou necrófagos. A maioria das lampreias é dulcícola, mas algumas passam sua vida adulta no mar, retomando a água doce apenas para reproduzirse. O eixo principal que sustenta o corpo, o notocórdio, persiste durante toda a vida e nunca é substituído por vértebras. A boca fica num grande funil bucal, que atua por um mecanismo de sucção para as lampreias atacarem outros peixes. Não existe estômago nem baço. O fígado está presente, mas o pâncreas é representado apenas por células embutidas na parede do intestino e do fígado. O sistema respiratório consiste em sete pares de bolsas branquiais, que estão conectadas à faringe modificada, conhecida como tubo respiratório. O desenvolvimento das lampreias marinhas passa por um estágio de larva, que leva de cinco a seis anos. CHONDRICHTHYES A classe Chondrichthyes inclui cerca de 700 espécies contemporâneas de tubarões, raias e peixes semelhantes, com o esqueleto composto apenas por cartilagem. Os condrictes são muito antigos e surgiram no Devoniano inferior. Se eles evoluíram dos placodermos ou diretamente dos ostracodermos ainda é incerto. As espécies mais primitivas conhecidas eram marinhas. O grupo permaneceu primitivamente marinho desde então, embora espécies extintas e várias outras contemporâneas tenham se adaptado secundariamente à água doce. O esqueleto interno de todos os vertebrados é cartilaginoso durante a vida embrionária e permanece nos peixes cartilaginosos. Embora a cartilagem não seja substituída por osso, às vezes sais de cálcio são depositados nela para reforço. A extensa armação dérmica ancestral foi reduzida a minúsculas escamas placóides inseridas na pele. Suas camadas superficiais esmaltadas e semelhantes à dentina assemelham-se às partes externas das escamas cosmóides. Os dentes triangulares dos tubarões são muito parecidos com as largas escamas placóides e, certamente, evoluíram a partir destas. A cavidade bucal é contínua, posteriormente, com uma longa faringe. Um espiráculo contendo uma brânquia vestigial e bolsas branquiais, contendo brânquias funcionais, abre-se da faringe para a superfície corporal. Um amplo esôfago liga a faringe ao estômago em forma de j. Um intestino valvular curto e reto, que recebe secreções do fígado e do pâncreas, continua para trás até a cloaca. Ele contém uma espiral dobrada complexa, conhecida como válvula espiral. Essa dobra helicoidal serve tanto para reduzir a velocidade da passagem do alimento, como para aumentar a superfície intestinal de digestão e absorção. O sistema circulatório é do tipo primitivo, com um coração indiviso, que se restringe a bombear sangue venoso para as brânquias. Os rins primitivos são drenados nas fêmeas por um ducto arquinéfrico. Nos machos, o ducto arquinéfrico transporta apenas os espermatozóides. TUBARÕES A maioria dos tubarões são peixes ativos com mandíbulas projetáveis, que se alimentam vorazmente, com seus dentes de forma triangular, de outros peixes, crustáceos e certos moluscos. Os tubarões-baleia, que podem atingir um comprimento de cerca de 12m, possuem minúsculos dentes e alimentam-se de pequenos crustáceos e de outros organismos que formam o plâncton. Eles engolem grandes quantidades de água pela boca e, à medida que a água passa pelas fendas branquiais, o alimento é retido na faringe pelo crivo branquial. Os tubarões-baleia são os maiores peixes existentes atualmente. RAIAS A maioria das raias é bentônica, com seu corpo achatado no sentido dorso-ventral. As ondulações de suas enormes nadadeiras peitorais impulsionam-nas pelo fundo. Sua boca costuma estar enterrada na areia ou lodo e a água para respiração entra na faringe por um par de amplos espiráculos. Uma válvula espiral em cada espiráculo fecha-se e a água é forçada a passar pelas típicas fendas branquiais. A maioria das raias possui dentes triturantes, com que se alimentam de mariscos. OSTEICHTHYES A maioria dos peixes atuais é óssea, membros da classe Osteichthyes. A classe inclui algumas espécies tais como o esturjão, salmão, percas e peixes pulmonados. Os vertebrados terrestres evoluíram dos crossopterígeos, que são primitivos membros do grupo. Os membros da subclasse Acanthodii caracterizavam-se por possuírem espinhos proeminentes na margem anterior das nadadeiras dorsal e anal. Os acantódios eram os peixes ósseos mais primitivos e é possível que outras linhagens de peixes ósseos tenham evoluído a partir deles. ACNOPTERÍGIOS Os actnopterígios são os conhecidos peixes de nadadeiras raiadas, tais como a perca. Suas nadadeiras pares apresentam forma de abanos. Elementos esqueléticos entram na sua formação, mas a maioria das nadadeiras é sustentada por meio de raios dérmicos que evoluíram a partir de fileiras de escamas ósseas. Seus sacos olfativos pares estão conectados apenas com o meio externo e não com a cavidade bucal. SARCOPTERÍGIOS Os sarcopterígios incluem os peixes pulmonados e os crossopterígios. Seus típicos apêndices pares são alongados, lobulados e sustentados internamente por um eixo carnoso e ósseo. Em muitas espécies, cada um dos sacos olfativos está conectado à superfície do corpo através de uma narina externa e a parte da frente do teto da cavidade bucal a uma narina interna. Em outras características, os peixes pulmonados e crossopterígios têm uma evolução paralela à dos actinopterígios. Eles desenvolveram caudas simétricas, tanto interna como externamente. Suas escamas ósseas primitivas, que se caracterizavam por possuírem uma espessa camada de cosmina semelhante à dentina, transformaram-se no tipo ciclóide.