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Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2011;3(2):45-53
Jane Ribeiro Barreto1
Naira Dutra Lemos2
Arteterapia e humanização em
saúde: uma prática no tratamento de
idosos com vestibulopatias
Maria Rita Aprile2
Art Therapy and humanization in health
care: a clinical practice in the treatment of
elderly people with vestibular disorders
1 Pedagoga, Mestranda
do
Programa de Mestrado
Profissional em Reabilitação do
Equilíbrio Corporal e Inclusão
Social da Universidade
Bandeirante de São Paulo
(UNIBAN – Brasil).
Assistente Social, Professora
Mestre do Programa de Mestrado
Profissional em Reabilitação do
Equilíbrio Corporal e Inclusão
Social da Universidade
Bandeirante de São Paulo
(UNIBAN - Brasil).
2
3 Educadora,
Professora Doutora e
Coordenadora do Programa de
Mestrado Profissional em
Reabilitação do Equilíbrio
Corporal e Inclusão Social da
Universidade Bandeirante de São
Paulo (UNIBAN – Brasil).
Resumo
Este artigo apresenta um exercício analítico sobre o tema "Arteterapia e
humanização em saúde" enquanto uma prática efetiva no tratamento de
idosos com vestibulopatias. Na "Introdução", é destacado o conceito de
arteterapia e suas possibilidades nos contextos terapêuticos. Em
seguida, o artigo se estrutura em quatro itens. No primeiro, denominado
"Trajetória da Arteterapia", é feito um breve resgate do caminho
percorrido pela relação entre arte e saúde, ao longo do tempo. Na
sequência, o item "Arteterapia no Brasil" sistematiza as principais
experiências desenvolvidas, no país, sob responsabilidade dos médicos
psiquiatras Osório César e Nise da Silveira. Na continuidade, o item
"Arteterapia e Humanização em Saúde" sintetiza um conjunto de
reflexões realizadas sobre as novas proposições para efetivação de
práticas de humanização em saúde e os possíveis vínculos com os
objetivos da arteterapia. O item final " Arteterapia no tratamento de
idosos com vestibulopatias" reflete sobre as possibilidades da utilização
da arteterapia como uma das práticas a ser utilizada no tratamento
desses pacientes. O artigo conclui que a arteterapia somada as demais
práticas clínicas, de avaliação e de reabilitação, concorre para ampliar o
diagnóstico do paciente e para a adoção de medidas mais adequadas de
intervenção.
Palavras-chave: Arteterapia.
Idoso. Vestibulopatias.
Humanização em Saúde.
Saúde do
Introdução
Autor para correspondência:
Jane Ribeiro Barreto
Rua Maria Cândida, 1813
São Paulo, CEP: 02.071-022
E-mail:
A expressão arteterapia vem sendo amplamente utilizada, tanto nos
meios acadêmicos, quanto nos meios de comunicação. Contudo, o seu
conteúdo nem sempre assume o mesmo significado, podendo, algumas
vezes, gerar uma conotação diminutiva ou, até mesmo, uma visão
preconceituosa. Essa situação nos leva a questionar: o que é arteterapia?
[email protected]
F
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A American Art Therapy Association AATA (1993), instituição norteamericana fundada em finais da década de 1960, com a finalidade de nortear
e regulamentar as atividades da arteterapia, assim a descreve:
[...] oportunidade de exploração de problemas e de
potencialidades pessoais por meio da expressão
verbal e não verbal e do desenvolvimento dos
recursos físicos, cognitivos e emocionais, bem
como a aprendizagem de habilidades, por meio de
experiências terapêuticas com linguagens artísticas
variadas. Ainda que as formas visuais de
expressão tenham sido básicas nas sociedades
desde que existe história registrada, a Arteterapia
por meio de expressões artísticas reconhece tanto
os processos artísticos como as formas, os
conteúdos e as associações, como reflexos de
desenvolvimento, habilidades, personalidade,
interesses e preocupações do paciente. O uso da
arte como terapia implica que o processo criativo
pode ser um meio tanto de reconciliar conflitos
emocionais, como de facilitar a autopercepção e o
desenvolvimento pessoal1.
Sob a perspectiva da AATA, a arteterapia utiliza diversos recursos e
linguagens artísticas (música, pintura, escultura, dança, literatura etc.) como
prática terapêutica. Por meio de experiências concretas, deve permitir ao
sujeito participante entrar em contato com seu universo simbólico e
imaginário e, a partir, desse contato, permitir-lhe elaborar e expressar o seu
“acervo” interno de emoções.
Na mesma direção da AATA, Barreto e Cunha (2009, p.23) consideram
arteterapia:
[...] uma prática terapêutica que se utiliza de
diferentes recursos expressivos, presentes nas
diversas linguagens da arte, facilitando aos
participantes, um contato com seu próprio
universo imaginário e simbólico, possibilitando,
dessa forma, novas descobertas e o auto
conhecimento2.
A utilização de diferentes recursos expressivos configura o “produto
artístico” como um símbolo carregado de sentimentos, bem como a
concretização de pensamentos e imagens internas3 que podem se tornar
conhecidas por meio de sua expressão.
A utilização da arteterapia se verifica em diferentes contextos terapêuticos e
em diferentes áreas do conhecimento, sendo mais comum na Psicologia e na
Medicina, especialmente, no campo da Psiquiatria. Trata-se, portanto, de
uma prática terapêutica que comporta diferentes linhas teóricas e áreas de
atuação4-6. A sua utilização tem possibilitado diferentes formas de acesso à
saúde física e mental, ao bem estar, à reintegração e inclusão social dos
pacientes e à melhoria de sua qualidade de vida.
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As atividades desenvolvidas em oficinas arteterapêuticas constituem
instrumentos que possibilitam a prevenção e o tratamento de doenças, a
percepção de emoções, o resgate da autoestima, o estabelecimento de
relações interpessoais e o amadurecimento harmônico e profundo de seus
participantes7.
Nas oficinas arteterapêuticas, o pensamento criador ocorre sem
discriminação de gênero, idade, escolaridade e histórico de vida. Considerase que todo participante é capaz de criar e reinventar o novo.
É importante esclarecer que a novidade, por si só, não torna uma idéia
criativa. Um ato pode ser considerado criativo sem ser totalmente novo, mas
sim, porque responde adequadamente a uma nova situação, a um novo
estímulo. Assim, desde que uma pessoa faz, inventa ou pensa algo que é
novo para si, pode-se dizer que realizou um ato criador8. O que qualifica um
ato de novo e criativo é forma como o indivíduo utiliza aquilo que inventa8.
Utilizando as várias linguagens artísticas, os pacientes poderão expressar
pensamentos, emoções e sentimentos que, por vezes, influenciam
negativamente em seu tratamento, recuperação e conquista de bem estar e
de melhoria da qualidade de vida. O exercício cerebral implícito à ação de
criar, utilizando as várias possibilidades de linguagens, promove a melhoria
das condições física, afetiva e mental do indivíduo, levando-o à obtenção da
harmonia do todo3,8.
Trajetória da arteterapia
As primeiras pesquisas sobre a relação entre saúde e arte ocorreram na área
da Psiquiatria. Em 1876, estudos sobre o tema foram publicados pelo
médico psiquiatra Max Simon. Suas pesquisas sobre expressões artísticas de
pacientes com distúrbios mentais, levaram-no a classificar um conjunto de
doenças1.
Em 1888, o advogado criminalista Lombroso analisou desenhos de doentes
mentais e, a partir deles, classificou traços psicopatológicos de pacientes
com distúrbios psicóticos. Outros autores europeus, como Morselli, em
1894, Júlio Dantas, em 1900, e Fursac, em 1906, também realizaram
pesquisas sobre produções artísticas de doentes psiquiátricos1.
No final do século XIX e, início do século XX, Ferri, discípulo de
Lombroso, Charcot e Richet, também se dedicou ao estudo da arte
produzida por pacientes com doenças mentais1. Em 1906, Mohr analisou e
comparou trabalhos produzidos por indivíduos considerados “normais”; por
portadores de doenças psiquiátricas e por artistas, considerando nelas as
manifestações de seus históricos de vida, de suas angústias e de seus
conflitos pessoais1.
Mohr sugeriu a aplicação de desenhos como testes destinados a estudar
diferentes aspectos da personalidade humana. Seus estudos influenciaram
testes psicológicos como Murray - TAT, Szondi e Rorschach e testes
motores e de inteligência, como Binet-Simon, Bender e Goodenough1.
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Em 1910, Phinzhon realizou e publicou estudo comparativo entre desenhos
produzidos por doentes mentais e integrantes das escolas de arte:
impressionista, expressionista, surrealista e primitivista. Anos mais tarde,
em 1922, o autor analisou manifestações patológicas e patologias em
expressões artísticas de indivíduos considerados “normais”1.
Entre as décadas de 1920 e 1930, a arte passou a ser cada vez mais utilizada
como recurso no processo psicoterapêutico, predominando as explicações
baseadas nas teorias de Freud ou Jung e se diversificando em relação às
linguagens e técnicas por eles empregadas1.
Embora se considerasse leigo e limitado no entendimento da arte, Freud
admitia sua admiração pela arte, especialmente, pelas esculturas. Sob a ótica
da teoria psicanalítica, recém criada por ele, analisou as obras de alguns
artistas, motivado a pesquisar a subjetividade tanto dos autores, quanto de
seus apreciadores, com o propósito de entender a relação entre o efeito (a
emoção) provocado pelas obras de arte sobre o sujeito1.
Mesmo nunca tendo usado a arte no processo terapêutico, os fundamentos
da arteterapia já estavam definidos por Freud. Foi a partir de seus estudos,
que a arte começa a ser utilizada como mediadora nos processos
terapêuticos. O autor considerava a criação artística uma forma de
comunicação do inconsciente que se manifestaria por meio de imagens que
fugiriam do controle do superego (censura da mente), revelando-se com
maior fluência e naturalidade que as palavras, além de assumirem uma
função catártica e sublimadora de instintos sexuais, quando fossem
liberadas1,3.
Se pela ótica psicanalítica, a arte é considerada uma linguagem simbólica,
catártica e livre da censura do consciente o apreciador da obra de um artista,
enquanto parte de um público, seria atingido por uma comunicação no plano
da emoção1,3.
Em meados da década de 1920, Jung utiliza a linguagem artística ou
expressiva em tratamentos psicoterápicos. Ao analisar diversas civilizações
e culturas, o autor observou os seus símbolos culturais com o propósito de
identificar os seus aspectos comuns. Acreditava que a criatividade era uma
função psíquica natural e não contribuía para sublimação dos instintos
sexuais, conforme pensava Freud1.
Nas sessões de análises, realizadas com os pacientes, Jung lhes propunha a
realização de desenhos livres e espontâneos de imagens e de sonhos
referentes aos seus sentimentos e conflitos. As imagens desenhadas pelos
pacientes constituíam uma representação simbólica do inconsciente
individual e subjetivo de cada um1,3 e, ao mesmo tempo, complementavam a
linguagem verbal e possibilitavam ao paciente reorganizar seus sentimentos
mais profundos e seu caos interior1,3. Assim, a atividade plástica acompanhada pela interpretação e compreensão do trabalho emocional - se
constituiria em uma função curadora para os pacientes1,3.
Nos anos de 1940, Margareth Naumburg sistematiza a arteterapia como
processo terapêutico1. Nas décadas seguintes, as linhas humanistas sistêmica
e construtivista, as teorias da Psicologia, como o Psicodrama de Moreno e, a
Gestalt, de Perls, tem direcionado e embasado teoricamente a arteterapia1.
Em 1973, Janie Rhyne utilizou recursos e materiais artísticos diversos para
investigar sentimentos, muitas vezes obscuros, de seus pacientes1.
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Estabelece uma conexão entre a Psicologia e os pressupostos básicos da
Gestalt - terapia para estudar as relações entre o objeto (sua forma) e a
percepção do observador (seu insight), ou seja, o processo repentino em que
ocorre a percepção entre a figura e o fundo em que se localiza. Ao
estabelecer relações com o objeto observado, o indivíduo não se constituía
em um mero receptor passivo das características de sua forma.
Rhyne considerava o aumento da percepção um traço positivo no
desenvolvimento das potencialidades humanas e da autonomia na vida. Em
sua metodologia de investigação, promovia o desenvolvimento de trabalhos
individuais e grupais em diferentes faixas etárias e etnias. A utilização
desses materiais deveria possibilitar redescobertas e invocar o
desenvolvimento de potencialidades e qualidades pessoais de cada
indivíduo, que passa a se conhecer a partir de seus insigths, reconhecendo
seu passado e o trazendo ao presente, integrando ambos na projeção de seu
futuro 1.
Ao longo do tempo, a aplicação individual e/ou coletiva da arteterapia se
consolida como método terapêutico eficaz em instituições de saúde,
consultórios e clínicas, bem como em terapias breves ou de longa duração
destinadas ao atendimento de famílias, casais, crianças, adolescentes,
jovens, adultos e idosos.
Arteterapia no Brasil
Vários autores utilizaram a arte aliada à terapia, no Brasil. Entre eles, os
médicos psiquiatras: Osório César, de abordagem freudiana e, Nise da
Silveira, junguiana.
Osório César (1895-1980) iniciou seus estudos sobre alienação e arte, em
1925, ainda estudante interno do Hospital Juqueri, em Franco da Rocha, no
estado de São Paulo, onde por 40 anos se dedicou a pesquisar e documentar
a expressão artística de pacientes mentais9. Criou a Escola Livre de Artes
Plásticas, no Hospital, e publicou seu primeiro trabalho: “A Arte primitiva
nos alienados”. Logo, após, publicou “Contribuições para o estudo místico
dos alienados” e, mais dois casos de grafia com estereótipos gráficos de
simbolismo, em 1927. Seu trabalho mais importante - “A expressão artística
dos alienados” - foi publicado em 1929.
Em 1948, organizou uma primeira exposição de trabalhos artísticos de
pacientes mentais, no Museu de Arte do Hospital. No ano seguinte, foi
premiado pelo trabalho “Misticismo e Loucura” e, em 1950, participou do
Congresso Internacional de Psiquiatria, em Paris, apresentando obras de
seus pacientes, que também incluíam o seu reconhecimento e contribuição
ao estudo da arte. É considerado o precursor da análise da expressão
artística psicopatológica dos pacientes com doenças mentais, no Brasil,
tendo sido referenciado na obra L’art psycopatologique, de Robert Volmat,
em 19561.
Em 1946, a psiquiatra Nise da Silveira apresentou um trabalho inovador no
Brasil, em que demonstrou como a atividade artística pode ser terapêutica.
A médica pesquisou formas de compreensão do universo mental de
pacientes e criou oficinas de terapia do Hospital Psiquiátrico “Dom Pedro
II”, no Rio de Janeiro. Considerava a arte um instrumento de exteriorização
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de conteúdos inconscientes que iria colaborar no tratamento dos internos,
oportunizando-lhes melhor qualidade de vida, respeito e dignidade 3, 10.
A proposta de Nise da Silveira consistia na realização de trabalhos com
desenho, pintura em argila, dança, música e dramatizações para dar forma
plástica e expressiva às emoções contidas no psiquismo. Buscava identificar
problemas existentes entre o psiquismo e a moral social introjetada pelos
indivíduos, estabelecendo analogia entre as obras desses pacientes–artistas e
a mitologia, à luz da teoria junguiana3, 10.
Em 1981, a psiquiatra publicou a obra “Imagens do Inconsciente” em que
descreve seu trabalho, participando ainda de um filme documentário em que
explica a teoria, o método e a didática que embasavam o atendimento de
seus pacientes, destacando a ética, o respeito e o cuidado com o ser humano
e sua inserção nos aspectos social, cultural e econômico da sociedade1.
Fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, de reconhecimento
internacional e único acervo no gênero existente, no Brasil.
Arteterapia e humanização em saúde
Muitas vezes, o termo humanização em saúde é empregado como se
houvesse um único e claro significado11. Trata-se na verdade de uma
expressão polissêmica, posto que o seu conteúdo admite múltiplas
interpretações, dando sustentação a diferentes práticas em saúde12,13.
Independente da conotação que se lhe atribua, a expressão se opõe à lógica
cartesiana que admite a possibilidade do indivíduo ser dividido entre
“humano” e “não-humano”, pressupondo uma nova abordagem do
“humano”14.
O novo paradigma preconiza relações mais humanas no ambiente hospitalar,
valorização da subjetividade do paciente, contato afetivo entre profissionais
e pacientes e utilização de métodos e técnicas que permitam a ambos dar um
novo significado à vida, ao adoecer e à morte, bem como priorizar o
saudável em todo o contexto da hospitalização3. Trata-se, na verdade, de
uma abordagem que privilegia a ética entre profissionais e pacientes a partir
do estabelecimento do contato, da abertura e do acolhimento ao outro11.
Uma ética ancorada no princípio da linguagem e da ação comunicativa15.
Esse contato estreito entre o profissional e os pacientes implica saber ouvir.
Um ato que vai além do saber escutar. Pressupõe saber compartilhar
emoções subjacentes ao que está sendo dito. Inclui a compreensão não
apenas das frases, mas da entonação e velocidade das palavras; da mímica;
dos gestos e do olhar16. Inclui inclusive a compreensão do não verbal e dos
silêncios presentes no processo de comunicação16.
Sob essa perspectiva, a arteterapia se articula aos princípios de humanização
em saúde, ao considerar que a sua proposição maior é a promoção da saúde
mediante o resgate do diálogo intersubjetivo e da interlocução entre
profissional e paciente, revelados por meio de expressões artísticas.
É importante destacar que esse diálogo que não se limita ao levantamento
situacional, que constitui o primeiro e importante passo na relação entre
profissional e paciente. Trata-se de um diálogo que não se reduz à fala ou
conversação, mas em uma atitude para com o outro11. Um diálogo que
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exige, sobretudo, atitudes de abertura e receptividade do profissional em
relação ao paciente, que deve ser considerado diferente, heterogêneo e
singular 17.
A viabilização dessa proximidade entre profissional e paciente supõe a
democratização das relações sociais que envolvem o atendimento, a
melhoria do processo de comunicação e o reconhecimento das expectativas
de ambos, ou seja, princípios essenciais às políticas e práticas relacionadas à
humanização em saúde15.
Arteterapia no tratamento de idosos com
vestibulopatias
Independente de seu histórico de vida, de sua situação econômica, credo,
raça e cor, os pacientes idosos com vestibulopatias são seres humanos
singulares e, portanto, devem ser tratados como seres únicos, dotados de
anseios, necessidades, sonhos, dores, queixas e experiências de vida
diferenciadas e, não, como meros números de um prontuário.
Nesse sentido, as práticas de arteterapia, sob a égide das diretrizes da
humanização em saúde, envolvem atitudes de acolhimento, respeito,
envolvimento, ética e apoio social aos idosos vestibulopatas. A sua
participação em oficinas de arteterapia permite aos profissionais estarem
sensíveis e abertos para acolhê-los como indivíduos que possuem voz,
fragilidades e vulnerabilidades manifestadas por meio dos trabalhos que
desenvolvem nas oficinas.
A arteterapia constitui uma possibilidade desses pacientes entrar em contato
com inúmeras técnicas corporais, linguagens plásticas e artísticas que, ao
descobri-las e experimentá-las, esses pacientes poderão identificar formas
criativas de conviver com a sua condição biopsíquica e social. Além disso,
poderão elevar sua autoestima; melhorar suas relações interpessoais e, em
decorrência, sentir-se motivado para a busca da melhoria significativa de
seu bem estar e sua qualidade de vida18.
Assim, a proposta de utilização da arteterapia como um recurso para a
viabilização dos princípios da humanização em saúde propicia aos idosos
vestibulopatas condições de expressar o seu “acervo interno” o qual, muitas
vezes, não se manifesta pela linguagem verbal. Em decorrência, permiti-lhes
vivenciar novas formas de ser e de estar diante de situações com que se
deparam no cotidiano, ampliando o seu autoconhecimento e as
possibilidades de lidar com as limitações impostas por sua condição de
paciente. Permiti-lhes ainda assumir uma atitude proativa em relação à
busca de um novo padrão de saúde, de bem estar e de qualidade de vida.
Considerações Finais
Em articulação aos pressupostos da humanização em saúde, são inúmeras as
possibilidades da arteterapia de viabilizar a manifestação de emoções,
sentimentos e pensamentos que poderão estar influenciando na recuperação
da saúde ou no tratamento dos pacientes.
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Os produtos obtidos por meio do emprego de inúmeras linguagens artísticas
poderá fornecer aos profissionais um conjunto de informações para a
obtenção de um diagnóstico mais amplo e profundo dos pacientes.
No caso específico de idosos vestibulopatas, as atividades desenvolvidas em
oficinas arteterapêuticas lhes permitem entrar em contato com seus pares,
trocar experiências, interagir durante a realização das atividades o que
certamente concorre para o resgate e/ou aumento de sua autoestima,
formação de vínculos sociais, além de constituir uma oportunidade efetiva
para o aumento do autoconhecimento e das oportunidades de reintegração e
inclusão social.
A arteterapia somada as demais práticas clínicas, de avaliação e de
reabilitação concorre para ampliar o diagnóstico do paciente e para a adoção
de medidas mais adequadas de intervenção.
Abstract
This article presents an analytical exercise on the theme of “Art Therapy
and humanization in health care” as an effective experience in the treatment
of elderly people with vestibular disorders. In the “Introduction”, the
concept of art therapy and its potentialities in therapeutic contexts are
emphasized. After that, the article encompasses four items. In the first one,
labeled as “The History Art Therapy”, there is a brief mapping out of the
route taken by the relation between art and health as time goes by. In the
sequence, the item “Art Therapy in Brazil” systemizes the main experiences
developed in the country, under the responsibility of psychiatrists Osório
César and Nise da Silveira. Afterwards, the item “Art Therapy and
humanization in health care” summarizes a set of reflections on new
proposals to the accomplishment of practices related to humanization in
health care and its possible bindings with the aims of art therapy. The final
item, entitled “Art therapy in the treatment of elderly people with vestibular
disorders” , ponders over the possible applications of art therapy as one of
the practices to be used in the treatment of those patients. The article draws
the conclusion that art therapy, added to the other clinical practices of
assessment and rehabilitation, cooperate to increasing the diagnosis of
patients as well as to the adoption of more appropriate intervention
measures.
Key Words: Art Therapy. Humanization in Health Care. Elderly People’s
Health. Vestibular Disorders.
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