MENINAS DA VILA: POR UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA

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MENINAS DA VILA: POR UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA
Edgar Antônio Nery Alves Camelo¹, Carla Conti Freitas ²
¹ UEG, Câmpus Inhumas * [email protected]
² UEG, Câmpus Inhumas
Resumo: Este trabalho apresenta como objetivo analisar o projeto Meninas da Vila, desenvolvido
pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Inhumas, a partir dos conceitos de Gramsci (2001)
acerca dos intelectuais orgânicos. Esse projeto, que ocorre há um ano, executa ações educativas
voltadas para a formação de meninas entre 12 a 15 anos. Esse estudo se justifica pela necessidade
de avaliar o projeto depois de um ano de implantação em relação ao objetivo e a execução,
visualizando, ainda, nas análises realizadas, se ele considera a questão de gênero, bem como a
atuação dos intelectuais orgânicos nesse processo. A metodologia utilizada para realização desta
pesquisa está fundamentada no estudo de caso. Trata-se de uma análise qualitativa e, como
instrumentos de coleta de dados, a observação das atividades, a atuação e discurso dos voluntários
que atuam no projeto.
Palavras-chave: Educação. Práxis. Cidadania.
Introdução
Neste trabalho, apresentamos como objetivo analisar o projeto Meninas da
Vila, desenvolvido pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Inhumas, a partir
dos conceitos de Gramsci (2001) acerca dos intelectuais orgânicos, sobre os quais
apresentamos maiores esclarecimentos ao longo do texto. Esse projeto, que ocorre
há um ano e executa ações educativas voltadas para a formação de meninas entre
12 a 15 anos.
Sendo assim, esse estudo se justifica pela necessidade de avaliar o projeto
depois de um ano de implantação em relação ao objetivo e a execução,
visualizando, ainda, conforme nossas análises, se ele considera a questão de
gênero, bem como a atuação dos intelectuais orgânicos nesse processo.
A metodologia utilizada para realização desta pesquisa está fundamentada
no estudo de caso. Trata-se de uma análise qualitativa e, como instrumentos de
coleta de dados, a observação das atividades, a atuação e discurso dos voluntários
que atuam no projeto.
Em nossas considerações, acreditamos que a ação educativa desenvolvida
pelo projeto Meninas da Vila está relacionada ao conceito de práxis, no qual
Lefebvre (1994, p.150) afirma que, “a essência do ser humano é social e a essência
da sociedade é a práxis: Ato, ação, interação”.
As considerações deste autor nos mostram o papel da educação na
elaboração de estratégias, para a mudança das condições objetivas de reprodução.
Assim, como o projeto Meninas da Vila traça estratégias que visam uma formação
complementar, utilizando-se da interação dos alunos da graduação em oficinas de
língua inglesa, design sustentável, aulas de violão, noções de cidadania, gênero e
direitos humanos, acreditamos que ele atua no sentido de ato, ação, interação.
Material e Métodos
Para a realização desse estudo utilizamos a metodologia, na abordagem
qualitativa, uma vez que este estudo baseia-se nos aspectos subjetivos observados
e analisados. Dessa forma, partindo dos conceitos apresentados por Minayo (2000,
p. 15), em que autora diz que “o objeto das Ciências socais é essencialmente qualitativo” e, tendo em vista o caráter social desta pesquisa, teremos como eixo norteador de nosso trabalho essa abordagem que, para a autora “trabalha, com o universo
de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes” (p. 21). Desse
modo, para consolidarmos a abordagem qualitativa, temos a pretenção de partir futuramente em um estudo de caso.
Nesse sentido, segundo as considerações de Lüdke e André (1986, p.17)
“quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo devemos
escolher o estudo de caso”. Portanto, utilizaremos a categoria de análise de conteú do. Sendo assim, observamos tais enunciados no campo de estudo, no qual engendraremos no universo de seus significados. No presente trabalho, partiremos
do conceito de educação na perspectiva de Mészáros (2005, p.65) que afirma,
O papel da educação é soberano, tanto para a elaboração de estratégias
apropriadas e adequadas para mudar as condições objetivas de
reprodução, como para a automudança consciente dos indivíduos
chamados a concretizar a criação de uma ordem social metabolicamente
diferente.
Nesse processo, trazemos as considerações de Gadotti (2012, p. 21) que
infere sobre a importância de teorizar prática, isto é, “teorizar prática para
transformá-la. A prática como base para gerar pensamento. Os sujeitos populares
como protagonistas do seu próprio aprendizado e atores de sua emancipação”.
É no sentido emancipatório que o Projeto Meninas da Vila apresenta-se
também sob a perspectiva da categoria de análise gênero. Sobre essa categoria,
Joan Scott (1995, p. 7) esclarece que:
O gênero é igualmente utilizado para designar as relações sociais entre os
sexos. [...] O gênero se torna, aliás, uma maneira de indicar as “construções
sociais” – a criação inteiramente social das ideias sobre os papéis próprios
aos homens e às mulheres.
O estudo de gênero por sua vez é apresentado no projeto por uma
perspectiva histórica. Sobre este assunto, Piscitelli (2009) nos mostra a importância
de entendermos o contexto histórico das “diferenças de gênero” e as diferentes
abordagens que perpassam o fator biológico, bem como a cultura e o meio social.
Portanto, alterando-se as maneiras como as mulheres são percebidas, seria
possível mudar o espaço social por elas ocupado. Por esse motivo, o
pensamento feminista [...] colocou reivindicações voltadas para a igualdade
no exercício dos direitos, questionando, ao mesmo tempo, as raízes
culturais dessas desigualdades (PISCITELLI, 2009, p.133).
Diante das considerações sobre gênero e, tendo em vista o público alvo do
Projeto Meninas da Vila, consideramos a importância da atuação da Universidade
Estadual de Goiás, Câmpus Inhumas, sob a ótica da atuação dos intelectuais envolvidos no projeto. Para Gramsci (2001, p.15 e 16):
Todo grupo social, essencial no mundo da produção econômica, cria para si,
ao mesmo tempo, organicamente, uma ou mais camadas de intelectuais
que lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas
no campo econômico, mas também no social e político.[...] E todo grupo so cial “essencial”, emergido na história da estrutura econômica encontrou categorias de intelectuais as quais apareciam como representantes de uma
continuidade histórica que não foi interrompida nem pelas mais complicadas
e radicais das formas sociais e políticas.
Nesse sentido, acreditamos na relevância que as camadas de intelectuais
têm na formação educacional, na relação intrínseca entre educação e práxis. Para
esclarecer sobre tais intelectuais, Duriguetto (2014, p. 267) diz que:
A questão dos intelectuais ocupa uma posição estratégica nos escritos de
Gramsci, [...] os intelectuais e sua função no âmbito da vida social não são
conceituados como sujeitos e ações distantes das determinações do mundo
real, como um grupo “autônomo e independente”. Em contraposição às teorias que, na sua época, separavam a política da ciência (Weber, 1993) ou
que concebiam os intelectuais como uma camada social independente
(Mannheim, 1986), Gramsci desenvolve uma interpretação original da função dos intelectuais nos processos de formação de uma consciência crítica
por parte dos subalternos e na organização de suas lutas e ações políticas.
Diante das observações desta autora, a questão dos intelectuais na
perspectiva de Gramsci, exerce funções na vida social, isto é, exerce compromisso
ético-político na formação de uma consciência crítica em nossa sociabilidade.
Nesse sentido, no que se refere à atuação dos profissionais voluntários e
docentes diretamente envolvidos no projeto Meninas da Vila, consideramos que
esses profissionais têm apresentado uma prática educativa que visa uma construção
de uma nova consciência, crítica, humana, bem como, sobre uma aprendizagem
técnica dos direitos da mulher, da criança e do adolescente.
A UEG, Câmpus Inhumas, juntamente ao projeto Meninas da Vila, nas
funções intelectuais que lhe competem, enquanto dito, na perspectiva de Gramsci,
tem tornado a Universidade, um espaço de interação entre a sociedade e meio
acadêmico.
Resultados e Discussão
Observamos ao longo de um ano de desenvolvimento do projeto Meninas da
Vila que as ações possibilitaram um espaço de interação sociocultural, no qual
meninas provenientes de camadas menos favorecidas têm interagido com a
comunidade acadêmica.
Isso, por sua vez, proporciona de forma dialética, uma formação cidadã para
as meninas, bem como, um fazer docente humanizado. Ademais, as meninas tem
tido nesse espaço, oportunidades de aprendizagens inúmeras que perpassam os
cursos, de inglês, design, violão, e jiu-jítsu ofertados, mas também discussões
provenientes do espaço de interação que a UEG tem oferecido.
Esse espaço de convivência e interação tem levado os intelectuais orgânicos
do Campus Inhumas a resultados significativos uma vez que o discurso desses
intelectuais, docentes, os locan em uma perspectiva satisfatória. Nesse sentido,
entrevistaremos e registraremos em trabalhos futuros três docentes que estão
diretamente envolvidas nesse projeto acerca dos objetivos desse projeto de
extensão, bem como egendrar no campo de significação.
Considerações Finais
Acreditamos que o projeto Meninas da Vila tem tido papel importante na
realidade social das jovens da comunidade local, bem como dos estudantes em
formação docente. A UEG, Câmpus Inhumas possui in lócus, a interação, o afeto, a
informação e dedicação para o trabalho continuar avançando.
Notamos que as portas do conhecimento se fazem abertas para a
comunidade, apresentando-se de forma comprometida com uma formação voltada
para as questões sociais e, realizando tais ações com uma postura que corrobora
com a práxis social bem como com a postura do intelectual orgânico.
Agradecimentos
Universidade Estadual de Goiás.
Referências
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Soc., São Paulo, n. 118, p. 265-293, abr./jun. 2014. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n118/a04n118.pdf Acesso em: 10/05/2016.
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MÉSZÁROS, Istiván. Educação para alem do capital. São Paulo: Boi Tempo, 2005.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e
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PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, Heloísa e
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SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação &
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