UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

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EDUCAÇÃO PERMANENTE NO APRIMORAMENTO DAS
MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA
*
Laíse Maiara Santos Santana
Ana Márcia Chiarada Mendes Castilho
**
RESUMO
As práticas de Educação Permanente em Suporte Básico de Vida garantem uma
assistência de Enfermagem mais segura, considerando que a simulação de
situações cotidianas em saúde propicia uma atuação mais ágil, já que as etapas do
suporte são absorvidas mais facilmente pelos profissionais ao longo das
capacitações. Este estudo consiste numa revisão de literatura que descreve o
impacto das estratégias de Educação Permanente nas ações de Suporte Básico de
Vida desempenhadas pela equipe de Enfermagem. As informações foram obtidas
através de uma busca minuciosa em base de dados eletrônicos e artigos impressos,
onde observou-se que a Educação Permanente influencia de maneira positiva nas
práticas de Suporte Básico de Vida, pois prepara o profissional de Enfermagem para
agir rapidamente nas emergências, garantindo suporte inicial até a chegada de
suporte definitivo. Conclui-se, portanto, que é importante reconhecer a Educação
Permanente como parte necessária do processo de aprendizagem contínuo do
profissional de Enfermagem, como garantia de ações seguras destinadas ao
paciente, e – mesmo que ainda pouco difundida nas instituições brasileiras – como
mecanismo de satisfação pessoal, melhorando a eficiência do trabalho
multiprofissional.
Palavras-chave: Educação. Permanente. Suporte. Vida. Enfermagem.
* Enfermeira. Pós graduanda em Enfermagem em Emergência pela Atualiza Pós Graduação.
[email protected]
** Enfermeira. Especialista em Doação de Órgãos e Tecidos. Mestre em Enfermagem.
[email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
O Suporte Básico de Vida (SBV) pode ser definido como o conjunto de
procedimentos de emergência que visam manter as funções vitais e evitar o
agravamento da vítima que sofre um mal súbito ou encontra-se inconsciente, até
que a vítima receba assistência qualificada, devendo a avaliação da vítima e seu
atendimento serem eficazes, aumentando a sobrevida e reduzindo seqüelas (IESSP,
2010).
Prestar o Suporte Básico de Vida consiste em iniciar imediatamente manobras que
restituam a oxigenação e a circulação em órgãos nobres, seguindo uma seqüência,
o algoritmo primário (HSL, 2006).
Decorrente da tendência crescente da oferta de trabalho atual na área da
Enfermagem, percebe-se a intensificação da profissionalização nesse segmento.
Existe a necessidade de uma formação global do futuro profissional, que não apenas
satisfaça as rigorosas exigências do mercado de trabalho, mas instigue o
aprimoramento, a criticidade, e o desenvolvimento de uma visão da realidade, a
considerar as conseqüências sociais que terão os seus atos (TOBASE E
TAKAHASHI, 2004).
Sendo assim, é importante que a educação na Enfermagem esteja fundamentada
nos pressupostos geradores de consciência crítica e de compromisso com a
sociedade (RIBEIRO E PEDRÃO, 2005).
Para manter a equipe de Enfermagem preparada para atuar numa situação de risco
eminente de morte, é necessária a realização de treinamentos periódicos e
simulações, bem como a distribuição coordenada das tarefas, rapidez e calma.
Reconhecer a seqüência do atendimento, manter um certo nível de tranqüilidade
para promover as manobras de ventilação e circulação artificiais, e reunir materiais e
equipamentos necessários são condições imprescindíveis para a reanimação, sendo
3
crucial a reciclagem das equipes na execução de manobras de SBV (OVALLE, 2005
APUD ZANINI, NASCIMENTO E BARRA, 2006).
De acordo com Brasil (2010), Educação Permanente aborda os problemas
cotidianos
das
práticas
das
equipes
de
saúde,
inserindo-se
de
forma
institucionalizada no processo de trabalho, gerando compromisso entre os
trabalhadores, gestores, instituições de ensino e usuários, para o desenvolvimento
institucional e individualizado, além disso, utiliza práticas pedagógicas centradas na
resolução de problemas, geradas por meio de supervisão dialogada e oficinas de
trabalho realizadas, preferencialmente, no próprio ambiente de trabalho.
A Educação Permanente em Saúde vem para aprimorar o método educacional em
saúde, tendo o processo de trabalho como seu objeto de transformação, com o
intuito de melhorar a qualidade dos serviços, visando alcançar eqüidade no cuidado,
tornando-os mais qualificados para o atendimento das necessidades da população,
partindo da reflexão sobre a realidade do serviço e das necessidades existentes,
para então formular estratégias que ajudem a solucionar estes problemas
(MASSAROLI E SAUPE, 2008).
Justifica-se este estudo pelo fato de a maior parte dos funcionários prestadores de
serviço de uma Instituição de Saúde ser composta de profissionais de Enfermagem,
sendo, muitas vezes, estes que primeiro chegam junto ao paciente para prestar-lhe
socorro até a chegada do profissional médico. Por vezes, muitas ações, quando
pouco usuais à equipe, são negligenciadas ou executadas de forma incorreta,
prejudicando a assistência e contribuindo para agravar o quadro do doente.
É devido a tal fato que percebeu-se a necessidade de se desenvolver esse estudo
com o objetivo de descrever o impacto das estratégias de educação permanente nas
ações de suporte básico de vida desempenhadas pela equipe de Enfermagem.
4
1.2 METODOLOGIA
1.2.1 Tipo de estudo
Este estudo consiste numa pesquisa do tipo bibliográfica, que, segundo Marconi e
Lakatos (2007), trata-se de um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados, de considerável importância, por serem capazes de fornecer dados atuais
e relevantes que estejam relacionados ao tema escolhido.
“A revisão sistemática sintetiza qualitativamente os resultados de múltiplos estudos
originais” (MARCOPITO E SANTOS, p. 125, 2006).
Vieira e Hossne (2003) complementam que a revisão bibliográfica traz um resumo da
literatura especializada sobre determinado tema. Dando, portanto, uma visão
abrangente de achados relevantes, coisa que os estudos empíricos não fazem.
1.2.2 Coleta de dados
A identificação e seleção dos artigos foram feitas consultando-se a base de dados
eletrônicos SciELO (Scientific Electronic Library Online) e o site de busca Google
Acadêmico, utilizando-se as seguintes palavras chave: Suporte Vida; Educação
Permanente; Enfermagem; além de artigos publicados impressos.
Foram selecionados apenas artigos em português, publicados na última década;
frisa-se que para os artigos que abordavam o Suporte Básico de Vida e suas
manobras utilizou-se o critério de seleção a partir de 2005 – ano em que a American
Heart Association publicou as mais atuais considerações em relação às manobras de
Suporte Básico de Vida. Foram excluídos os que não estavam escritos em língua
portuguesa, ou cujo foco de abordagem não correspondia ao objetivo desta pesquisa.
Foram encontrados, durante a fase inicial, 24 artigos. Após análise mais criteriosa,
foram selecionados 10 artigos que fizeram parte desta pesquisa.
5
Seguinte a esta seleção, foi confeccionado um quadro para melhor apresentar as
categorias que surgiram ao longo do agrupamento de informações.
CATEGORIAS
O SUCESSO DAS MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA QUANDO ASSOCIADAS AO
TREINAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO MECANISMO DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO DESAFIO INSTITUCIONAL E PARA O
PROFISSIONAL
1.2.3 Aspectos éticos da pesquisa
Os aspectos éticos deste trabalho são contemplados segundo o COFEN (2007) no
seu Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), nos art. 92:
“Disponibilizar os resultados da pesquisa à comunidade científica e sociedade geral”;
art. 99: “Onde as proibições expressas como publicar em seu nome trabalho
científico do qual não tenha participação ou omitir nome de colaboradores e/ou
orientadores”; e art.100: “Utilizar sem referência ao autor ou sem autorização
expressa de dados, informações ou opiniões ainda não publicados”.
2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Seguem a análise e discussão das opiniões dos autores sobre o tema, de acordo
com a primeira categoria estabelecida:
2.1 O SUCESSO DAS MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA QUANDO
ASSOCIADAS AO TREINAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Dentro desta categoria, foram encontrados quatro autores, que expressam a
influência positiva da Educação Permanente no desenvolvimento das estratégias e
manobras de Suporte Básico de Vida.
6
A reanimação cardiopulmonar e cerebral tem sido alvo de várias discussões e
publicações na área médica, já que cada vez mais pode-se superar a fase aguda de
uma parada cardiorrespiratória, e garantir sobrevida sem seqüelas e danos,
preservando-se a qualidade de vida (MELO ET AL, 2008).
Uma reanimação cardiopulmonar de alta qualidade pode dobrar ou triplicar as taxas
de sobrevivência após uma parada cardíaca (AHA, 2005).
Pérgola e Araújo (2009) trazem que a capacitação profissional de Enfermagem, bem
como a renovação continuada de seus conhecimentos para que atue precocemente
em situações de emergência, instituindo o Suporte Básico de Vida, é fundamental
para salvar vidas e prevenir seqüelas.
Ferreira (2001) apud Pérgola e Araújo (2009) já defende que, a simples atuação de
um socorrista, que rapidamente reconhece uma parada cardiorrespiratória (PCR) e
chama por auxílio especializado, previne a deterioração miocárdica e cerebral,
existindo evidências sobre a redução da mortalidade em vítimas de PCR que
receberam, de maneira correta e imediata, as manobras de reanimação
cardiopulmonar e cerebral (RCPC).
É devido a tal fato que Ferreira et al (2001) apud Pérgola e Araújo (2009) explicam
como é fundamental o esclarecimento e a capacitação dos profissionais de
Enfermagem no atendimento à PCR, favorecendo a memorização das etapas do
SBV, de forma a tornar o processo mecânico, evitando a perda de tempo ao tentar
relembrar a próxima ação a ser executada, ou a paralisia pelas emoções que uma
situação de emergência desencadeia.
Lino (2006) também aborda esta questão quando traz que, para aumentar a chance
de
sucesso
da
reanimação
cardiopulmonar
e
cerebral,
numa
parada
cardiorrespiratória, é necessária a constatação precoce, a solicitação por ajuda e o
início imediato das manobras de Suporte Básico de Vida, para tanto, o enfermeiro,
componente da equipe multiprofissional, deve buscar treinamento permanente para
7
que haja a atuação de profissionais devidamente capacitados para atender nessas
situações.
A autora ainda diz que o enfermeiro tem por dever fornecer educação permanente
ao pessoal de Enfermagem, visando otimizar a execução dos procedimentos
emergenciais como compressões torácicas, ventilação pulmonar e desfibrilação.
De acordo com a NAEMT (2007), a vítima é a pessoa mais importante numa
emergência, não havendo tempo para pensar sobre a seqüência em que deve ser
feita a avaliação da vítima, nem para treinar uma técnica para então utilizá-la num
paciente. Todas as informações devem estar memorizadas, e equipamentos e
suprimentos à disposição, pois sem conhecimento, treinamento e equipamentos
adequados, o socorrista pode deixar de fazer procedimentos que poderiam
aumentar a chance de sobrevivência do paciente.
Cintra, Nishide e Nunes (2005) apud Lino (2006) concordam com a idéia acima, e
defendem a necessidade de se reciclar a equipe de Enfermagem na execução das
manobras de Suporte Básico de Vida, para que esta conheça a seqüência do
atendimento, mantenha tranqüilidade para organizar as manobras de ventilação e
circulação artificiais, e reúna materiais e equipamentos necessários, principalmente
porque é esta equipe que permanece o maior tempo com o paciente e, na maioria
das vezes, é quem detecta a PCR.
Melo et al (2008) acrescentam que as ações sistematizadas por meio de
treinamentos da equipe e organização do serviço minimizam seqüelas e influenciam
nos resultados, existindo inclusive indicações de que a qualidade da performance
nas manobras influencia na sobrevida.
O treinamento da equipe deve ter como prioridade a redução do tempo de
atendimento com medidas que permitam a atuação rápida, eficiente e sistematizada.
Para tanto, não basta fornecer orientações à equipe, e sim um treinamento
atualizado e contínuo que abranja toda a assistência, pois o profissional que cuida
8
de pacientes com maior complexidade deve estar capacitado para atuar com
competência e segurança (SILVA, 1999 APUD LINO, 2006).
A sistematização das técnicas de SBV e sua difusão possibilitam o salvamento de
muitas vidas ameaçadas, potencializando a qualidade de vida de pessoas que
sofrem de emergências cardiovasculares. O atendimento e o tratamento de
situações emergenciais fazem parte de um sistema de cuidados especializados,
onde a participação da equipe de Enfermagem é fundamental para o sucesso na
restauração de vidas ou na diminuição de seqüelas (ALVES E NAKAMURA, 2008).
2.2 A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO MECANISMO DE APRIMORAMENTO
PROFISSIONAL
Esta categoria, por sua vez, traz cinco autores que mostram que a Educação
Permanente, quando presente, ajuda a alcançar os objetivos organizacionais, bem
como melhora a interação entre a equipe multiprofissional.
Atualmente, as organizações vivenciam momentos de grandes mudanças e avanços
crescentes no conhecimento, que levam os profissionais a necessitarem de revisões
e atualizações constantes, no sentido de exercer a profissão de forma a atender às
demandas sociais (LUCON E MARIN, 2001).
É inquestionável, nos dias de hoje, para a maioria das organizações, a necessidade
de capacitar seus profissionais, por meio de uma educação reflexiva e participativa,
o que há alguns anos não era possível se afirmar, pois as organizações limitavam-se
a práticas simplistas de admitir e demitir pessoas (PERES, LEITE E GONÇALVES,
2005).
Oguisso (2000) corrobora com o apresentado acima ao afirmar que, a educação
permanente
é
componente
essencial
dos
programas
de
formação
e
desenvolvimento de recursos humanos e, por ser o capital humano elemento mais
importante no funcionamento de qualquer empresa, deve ser objeto de análise
9
continuada, e de adequação de funções para melhorar a eficiência no trabalho, a
competência profissional e o nível de satisfação pessoal.
Esta idéia é compartilhada por Pereira Garcia (1999) apud Peres, Leite e Gonçalves
(2005) que destaca que a base do trabalho está no homem, pois é este que produz
os recursos materiais e os métodos de trabalho, ficando estes, portanto,
subordinados ao seu desempenho.
A prática educativa em saúde que se refere tanto às atividades de educação em
saúde – voltadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas,
visando à melhoria da qualidade de vida e saúde – quanto às atividades de
educação permanente – dirigidas aos trabalhadores da área de saúde através da
formação profissional contínua – é imprescindível, devido à acumulação de
conhecimentos e, à necessidade de atualização constante do profissional de saúde,
visando não somente à aquisição de habilidades técnicas, mas também o
desenvolvimento integral do ser humano (PEREIRA, 2003 APUD TORRES,
TORRES E VIANA, 2005).
Silva e Peduzzi (2009) entendem que as atividades educativas em serviço
promovem reflexões sobre a prática quando ancoradas no exercício cotidiano do
trabalho, e em uma visão crítica baseada na realização das ações, devendo estes
exercícios ser permanentes na instituição.
Kozum et al (1998) apud Torres, Torres e Viana (2005) ainda trazem que a
educação permanente deve ser um processo que propicie conhecimentos, tornando
o
profissional capaz de executar adequadamente o trabalho, e preparado para
futuras oportunidades, devido ao crescimento técnico-científico, de forma a
acompanhar as mudanças que ocorrem na profissão, mantendo-o atualizado e
pronto para aplicar as mudanças em seu trabalho.
A atualização dos conhecimentos técnicos, científicos e culturais pode ser
considerada como sinônimo de desenvolvimento profissional da carreira, trazendo
10
benefícios diretos para a assistência ao paciente e família e, indiretamente, para
toda a equipe de Enfermagem e para a instituição (OGUISSO, 2000).
Follador e Castilho (2007) ainda informam que, os serviços de Enfermagem, por
meio da educação permanente, vêm desenvolvendo inúmeros programas de
treinamento, para que sua equipe adquira novos conhecimentos, habilidades e
competências, na expectativa de que seus profissionais tenham desempenho
qualificado nos processos de trabalho e, conseqüentemente, colaborem na
consecução dos objetivos e metas organizacionais.
Gonçalves (1998) apud Peres, Leite e Gonçalves (2005) concorda com as autoras
acima quando afirma que as organizações investem no desenvolvimento dos
profissionais para um desempenho adequado da função, facilitando o alcance dos
objetivos e dos resultados pretendidos pela organização, além disso, o aumento da
qualificação implica maior competitividade profissional no mercado de trabalho, e
proporciona maior satisfação ao indivíduo, quando este percebe sua contribuição
nos resultados obtidos.
Torres, Torres e Viana (2005) reforçam a idéia anterior ao completar que, a
educação permanente permite a aquisição progressiva de conhecimentos e
competências, que poderá ser reconhecida à medida que a qualidade do cuidado
dispensado ao cliente seja demonstrada, a assistência sistematizada e planejada,
prestada por profissionais atualizados e capacitados frente às necessidades
técnicas, éticas e morais.
A educação permanente é ainda considerada como uma continuidade do processo
educativo escolar formal, pois propicia aos trabalhadores de saúde um processo
permanente de desenvolvimento e competências, no qual o trabalhador realiza suas
atividades, inserido em uma equipe multiprofissional (PEDUZZI ET AL, 2003 APUD
SILVA E PEDUZZI, 2009).
11
2.3 A PRÁTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO DESAFIO INSTITUCIONAL
E PARA O PROFISSIONAL
Esta categoria, por fim, mostra que quatro autores entendem que, mesmo diante da
importância da Educação Permanente para melhorar os resultados institucionais,
sua presença nas empresas ainda é pouco observada, havendo a necessidade de
divulgação dos efeitos positivos, para aumentar a possibilidade de sua implantação
rotineira.
O Conselho Federal de Enfermagem (2007), no Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem (CEPE), incluiu a educação permanente no capítulo dos direitos e das
responsabilidades dos profissionais. Dessa forma, o profissional de Enfermagem
tem o direito de atualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, mas
tem uma recíproca responsabilidade, porque ele deve preocupar-se em buscar
atualizações, ampliando seus conhecimentos, em benefício da clientela, da
coletividade, e do desenvolvimento da profissão.
A prestação de assistência ao paciente nas instituições hospitalares, nos últimos
anos, tem exigido da Enfermagem uma atuação complexa, evocando a necessidade
de capacitação científica e aprimoramento permanente, a fim de viabilizar a redução
de desfechos indesejados, bem como analisar o impacto sobre a qualidade
do
cuidado a eles oferecidos (VARGAS E LUZ, 2010).
Follador e Castilho (2007) concordam com essa idéia quando afirmam que as
crescentes e rápidas transformações econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e
culturais têm levado as organizações de saúde a buscarem modelos inovadores e
novas ferramentas de gestão; os serviços de Enfermagem também têm buscado a
aplicado novos modelos e ferramentas gerenciais que os auxiliem nas tomadas de
decisão, e garantam a qualidade da assistência de Enfermagem.
Não obstante ao apresentado acima, as autoras trazem que os programas de
treinamento representam um investimento em pessoal, por parte das organizações
12
hospitalares, uma vez que o processo de planejamento, execução e avaliação
consome inúmeros recursos e exige um tempo longo para sua realização.
Entretanto, poucos trabalhos foram desenvolvidos para avaliar sua qualidade em
relação à capacitação da equipe, mensurando seu impacto econômico ao serviço de
Enfermagem, e às organizações hospitalares.
Tal fato pode explicar os resultados do estudo realizado por Jericó (2001) apud
Peres, Leite e Gonçalves (2005), numa instituição de saúde brasileira, onde são
investidas 12,6 horas/ funcionário/ano em treinamento e desenvolvimento, enquanto
a média mundial no mesmo ano foi de 34,8 horas/funcionário/ano, mostrando o
interesse ainda tímido por esta prática educativa em algumas instituições brasileiras,
mesmo sendo fortes os motivos que defendem a educação permanente como
propulsora da qualidade do cuidar em Enfermagem nas instituições de saúde.
Lucon e Marin (2001) complementam a idéia ao afirmar que, é necessário motivação
e atenção dos profissionais quanto à sua atualização, bem como a instituição onde
esses profissionais se inserem deve proporcionar condições e incentivos para que
isso ocorra.
É importante ressaltar que o interesse para atualizar-se deve partir do profissional,
mas as instituições empregadoras devem estimular esses profissionais de forma a
subsidiá-los na continuidade das atualizações. Torres, Torres e Viana (2005) trazem
que
proporcionar
programas
de
educação
permanente
que
atendam
adequadamente às carências da equipe de Enfermagem, bem como o uso eficiente
de tecnologia avançada, torna-se um desafio tanto para os profissionais, quanto
para o setor de educação permanente.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O consenso em saúde de que as manobras de reanimação cardiopulmonar e
cerebral – quando instituídas o mais rápido possível e de forma correta – aumentam
a sobrevida de uma vítima em franca parada cardiorrespiratória, denota a
13
necessidade da difusão das práticas de Suporte Básico de Vida entre a equipe de
Enfermagem, presente em maior número nas instituições de saúde, e componente
da equipe multiprofissional.
Para tanto, não basta apenas a vontade deliberada do profissional de ajudar uma
vítima. As técnicas de suporte inicial à vida precisam estar consolidadas e bem
articuladas na atuação de Enfermagem, para que possam sem realmente efetivas na
recuperação do paciente.
A Educação Permanente é elemento-chave na busca do aperfeiçoamento contínuo
dessas práticas, pois promove simulação de situações reais, e a repetição das
manobras até que elas se tornem automáticas, familiarizando o profissional a
situações de estresse, agilizando a tomada de decisões e minimizando o tempo
dispensado entre uma manobra e outra.
As práticas de Educação Permanente ainda são pouco aplicadas nas instituições de
saúde brasileiras, havendo a necessidade de se difundir a importância de sua
implementação para uma melhor prestação de serviço.
É imprescindível que a instituição empregadora reconheça a necessidade do
treinamento contínuo de sua equipe como forma de garantir a qualidade da
assistência, bem como a equipe se reconheça instrumento principal da assistência,
dominadora e transformadora dos materiais e equipamentos, e co-responsável pelo
sucesso das ações nas situações de emergência.
14
PERMANENT EDUCATION IN IMPROVEMENT OF BASIC LIFE SUPPORT
MANEUVERS
ABSTRACT
The practice of continuing education in Basic Life Support ensure a safer nursing
care, whereas the simulated everyday situations in health provides a more agile,
since stages of support are more easily absorbed by professionals throughout the
training. This study was a review of literature describing the impact of strategies of
Continuing Education in the actions of basic life support performed by nursing staff.
The information was obtained through a thorough search on the basis of electronic
data and printed items, where it was noted that the Continuing Education of a
positive influence in the practice of Basic Life Support, it prepares the nursing
professionals to act quickly in emergencies, providing initial support until the arrival of
definitive support. We conclude, therefore, it is important to recognize the Continuing
Education as a necessary part of the ongoing learning process of professional
nursing as a guarantee of safe actions for the patient, and - although still not
widespread in Brazilian institutions - as a means of satisfaction personnel, improving
the efficiency of the multi.
Keywords: Education. Permanent. Support. Life. Nursing.
15
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