Cenário Econômico: Depuração Maio 2016 Economia Internacional No mês passado, a novidade relevante entre os 3 Cs que comandam o cenário internacional atual - China, commodities e “central banks” – foi a melhora da atividade chinesa vis-à-vis as expectativas de mercado e a redução (momentaneamente, a nosso ver) dos riscos de downside contidos nas projeções de crescimento. Podemos ver abaixo a “zeragem” de seu índice de surpresa – sinalizando que os dados obervados estavam consistentemente abaixo das expectativas de mercado (esquerda) – e a estabilização das projeções para o PIB das principais casas internacionais (direita). 100 Índice de surpresa econômica 50 7.5 7.0 0 6.5 -50 6.0 PIB China - 2016 10 casas internacionais -100 -150 jan-15 5.5 out-15 abr-15 China jul-15 o ut-15 Mediana jan-16 no v-15 dez-15 jan-16 fev-16 mar-16 abr-16 +/- DP Máxima / Mínima Média Fontes: Diversos ; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Sendo a melhora o resultado do acúmulo de estímulos creditícios, nós entendemos que o alívio relacionado à economia chinesa será temporário. Os desafios econômicos seguem os mesmos – alavancagem pública, inadimplência e excesso de capacidade instalada – e ainda sugerem um crescimento entre 5,5% - 6,5%. Nada alarmante, mas próximo do intervalo inferior apontado acima. A nossa visão ficará mais clara a partir do 2S16. Para finalizar, é interessante destacar estudo recente1 que aponta o aumento na correlação entre diversos ativos de países emergentes (EM) e ativos chineses mais ligados ao seu crescimento vis-à-vis drivers como os juros norte-americanos, o preço do petróleo e os riscos de nova desvalorização do CNY. É verdade que o viés dovish do FOMC (sem pressa para subir os juros novamente) dá suporte à tomada de riscos. No entanto, fora os dias de grande surpresa de Yellen e cia., a relação entre as Treasuries e moedas emergentes, renda variável, juros e CDS EM se tornou positiva, diferente, por exemplo, do período de tapering até a primeira alta dos Fed Funds. Sendo assim, podemos concluir que a evolução do mercado doméstico, além das questões internas, mostra maior resiliência aos movimentos dos juros norte-americanos e está mais vulnerável ao noticiário chinês. O curto prazo segue mais positivo que o médio prazo. Setor Externo Sem novidade nas contas externas. O déficit em transações correntes no acumulado em 12 meses até março/16 é o menor desde 2010 para o intervalo em questão; a balança comercial 1 “Identifying the causes of the EM rally, one day at a time”, Goldman Sachs, 28/04/2016 1 abr-16 1.40 tem seu maior superávit desde 2008 – sempre para o intervalo em questão – com o déficit na balança de serviços em seu menor patamar desde 2011. Proporcionalmente, dos US$ 61 bilhões de redução no déficit em conta corrente em comparação com 2015, aproximadamente 60% vieram da virada na balança comercial, 25% da redução do déficit de serviços (ie, viagens internacionais) e 15% da redução no déficit de rendas (ie, lucros e dividendos). Como vemos abaixo, os termos de troca parecem ter estabilizado, enquanto o quantum exportado/importado continua recuperando. 1.30 1.20 1.30 1.10 1.20 1.00 0.90 1.10 0.80 1.00 0.70 0.60 0.90 0.80 1995 0.50 2000 2005 2010 Preço s Exportações / Importações 2015 MM12m 0.40 1995 2000 2005 2010 Quantum Exportações / Importações 2015 MM12m Fonte: BCB; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Dentro da conta financeira, os investimentos diretos no país seguem próximos a US$ 80 bilhões no acumulado em 12 meses, contra uma saída acumulada de estrangeiros via investimentos em carteira de US$ 4,8 bilhões. Contudo, na “ponta”, mesmo os investimentos em renda fixa e variável mostraram melhora em março. Para 2016, mantemos a expectativa de déficit em transações corrente próxima a 1,0% do PIB, com superávit comercial em US$ 55 bilhões (3,2% do PIB) e investimento direto no país em 4,0% do PIB. Tem sido recorrente a dúvida sobre a perenidade do processo de ajuste das contas externas em um cenário de valorização do real na esteira do otimismo com a provável mudança de governo. Alguns pontos devem ser comentados: (1) considerando a relativa escassez de poupança doméstica bruta em comparação aos investimentos, o país tende a conviver com déficits em conta corrente; a questão é seu nível necessário x seu nível sustentável; (2) em geral, os movimentos das contas externas são lentos, de forma que um certo patamar de câmbio demora para refletir no balanço de pagamentos; em outras palavras, eventual patamar longe daquele correspondente ao equilíbrio das contas causa problemas com defasagem longa (algo a partir de 12 a 18 meses). Sendo assim, (3) o câmbio pode ficar um bom tempo longe desse nível de equilíbrio, isto é, sua estimativa não é boa previsão para o câmbio de curto prazo. Dito isso, no exercício abaixo calculamos o câmbio nominal resultante do nosso cenário de necessidade de financiamento externo (NFE) que, de forma simplificada, seria a diferença entre os investimentos (formação bruta de capital) e a poupança bruta doméstica. Vale perceber que essa diferença tem relação direta com o déficit em conta corrente, a qual nos sugere o influxo de divisas. O primeiro gráfico abaixo mostra a relação positiva entre a variação do câmbio e a NFE defasada em um ano, enquanto o segundo traz uma comparação entre o câmbio observado e aquele resultante na necessidade de poupança externa. Olhando para frente e considerando nossas estimativas para investimentos e poupança, concluímos (1) que um câmbio nominal ao redor de R$ 3,50/US$ é consistente com níveis equilibrados de 2 déficit em conta corrente2 e – conclusão clássica para a economia brasileira – que (2) o país poderá incorrer em restrições externas ao crescimento se não incrementar a poupança doméstica: o crescimento dos investimentos pedirá, tudo mais constante, mais poupança externa; déficits em conta corrente (e consequente aumento no passivo externo) pedem um câmbio mais desvalorizado em um segundo momento que, enfim, termina em redução dos investimentos via, por exemplo, a necessidade de políticas anticíclicas para conter seus efeitos inflacionários (como vemos, mais uma vez a solução consistente dos nossos desafios passa pela elevação da poupança pública, o chamado superávit primário). 50% 4.0 ∆ BRL R$ / US$ 40% R² = 0.7186 3.5 30% 3.0 20% 2.5 10% NFE / PIB [t-1] 0% 2.0 -10% 1.5 2000 -20% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 2004 2008 BRL 2012 2016 Mo delo NFE(-1) Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Política Fiscal Para 2016, mantemos a nossa expectativa de que o déficit primário fique próximo a -1,5% do PIB. Da mesma forma, a relação dívida bruta/PIB deve seguir sua trajetória de alta e atingir 75% no final do ano. Do lado da receita, o único componente que ainda apresenta crescimento real anual são as provenientes de operações financeiras; os destaques negativos vêm da produção, salários e lucros. Já entre as despesas, fora a conta da equalização dos passivos do Tesouro no final de 2015, os benefícios do Regime Geral de Previdência Social seguem expandindo acima do IPCA; PAC/PPI e outro investimento, diferentemente, recuam expressivos 15% a/a real. Contudo, em um provável governo Temer importará a construção de um cenário de inflexão do endividamento público em período razoavelmente longo para não sabotar a retomada a atividade, porém curto o suficiente para ser crível. Não se deve exigir para os próximos dois anos o cumprimento de superávits que já estabilizem a relação dívida/PIB, mas sim o seu encaminhamento; deve-se exigir medidas que desenhem primários crescentes a cada ano e em velocidade suficiente para atingirmos esses dois objetivos. As medidas expressivas não fugirão das seguintes frentes: (a) elevação da receita via (a.1) elevação de impostos, tanto via maior crescimento da atividade (algo que não se controla) quanto via elevação de tributos, (a.2) via venda de ativos (concessões), (a.3) por redução das desonerações tributárias e (b) limitação das despesas. Alguns comentários sobre esses pontos sem no estendermos muito. (1) Segundo as nossas estimativas, apenas taxas de crescimento do PIB acima de 2% ajudariam as receitas de forma significativa, algo ainda fora do radar. (2) Entre as concessões, destacamos a retomada do Programa de Investimentos em Logística (PIL), cuja 2ª etapa previa a concessão de R$ 198 2 O exercício correto trabalharia com o câmbio real, mas preferimos apontar o câmbio nominal correspondente por ser um preço mais conhecido pelo público geral. 3 bilhões (0,8% do PIB). (3) Já a CPMF nos moldes de 2007 agregaria algo entre 1 e 1,5 ponto percentual do PIB de receita por ano. (4) Fechamos 2015 com pouco mais de R$ 100 bilhões em desonerações tributárias; apenas de “reoneração” da folha de pagamentos podemos esperar um resultado primário extra de R$ 20 bilhões. (5) A aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) aumentaria o espaço de manobra para limitar do crescimento das despesas em relação ao crescimento do PIB. Hoje, as despesas discricionárias – passíveis de cortes – representam pouco mais de 20% das despesas totais do governo central, enquanto a proposta atual prorroga por 8 anos a DRU e eleva o percentual desvinculado de receita para 30%. Não agrega em nada afirmar que o ajuste será difícil e que as medidas são impopulares. Isso já está bem claro. O que vale perceber é a “menor dificuldade”, com o perdão da impressão, que Temer poderá enfrentar. Segundo levantamento do DIAP, Temer enfrentará a menor oposição desde o governo Itamar (abaixo). Sendo assim, há ambiente para uma relação cooperativa entre Executivo/Legislativo, o que abriria espaço para a construção de maiorias qualificadas para a aprovação de emendas constitucionais. 21% Oposição na Câmara (% de postos) % PIB 20% 37.0% 36.4% 19% 31.3% 18% 26.5% 25.3% 17% 21.6% 20.0% 16% 17.5% 15% 10.0% 14% 98 00 02 04 RECEITA LÍQUIDA 06 08 10 12 14 16 DESPESA TOTAL ex-"despedaladas" Co llor Itamar FHC I FHC II Lula I Lula II Dilma I Dilma II Temer Fontes: BCB e DIAP; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Câmbio A tramitação do impeachment na Câmara dos Deputados ao longo do mês de abril seguiu conforme descrevemos no último Relatório Mensal “Purgatório”3. Mês passado afirmamos que “passou a preponderar o cenário de troca de governo, em um processo que, no entanto, seguirá não linear. O desembarque ainda parcial do PMDB, com as negociações entre o governo e os demais partidos do chamado “centrão”, além das interferências (dentro do script) do STF, atuam neste sentido. Em momento algum ficará claro que 2/3 do Congresso é favorável ao impeachment. Contudo, os custos percebidos de permanecer no governo são crescentes (...) Além disso, as negociações de cargos perdem eficiência quando um ente externo como a Lava Jato segue minando capital político e interferindo na lógica política”. De fato, apenas na última semana vimos o desembarque em massa de deputados do famigerado “centrão”, tendo como ápice a saída do PP. Também ficou clara a fraqueza política de Lula, cuja atuação trouxe poucos votos além dos aliados históricos. Também não vemos motivos para alterar o nosso comentário anterior. Repetindo: “em nosso cenário base, que contempla a troca de governo, o primeiro estágio do câmbio seria, de fato, ao redor de R$ 3,50/US$ (...) onde, no entanto, o BC mostraria apetite para acelerar a saída dos swaps, refreando a convergência. (...) Uma queda consistente do BRL em direção a R$ 3,20/US$ - correspondente a um desconto frente ao CDS consistente com nossa nota demandaria (i) a normalização da política e (ii) o endereçamento apropriado das nossas 3 https://www.pine.com/Download.aspx?Arquivo=FF4oNGG9YHfxXv+A1vEMaQ== 4 questões fiscais”. De fato, vimos um câmbio médio ao redor de R$ 3,55/US$ sustentando justamente, segundo nossos modelos, pelas atuações massivas do Banco Central: saímos de março com um estoque total de swaps de aproximadamente US$ 100 bilhões e terminamos o mês em US$ 70 bilhões. Sem as atuações, nossas estimativas sugerem um câmbio médio de R$ 3,45/US$ em abril. Ao atualizarmos as projeções para o 2T16 com os números observados em abril, passamos a nossa projeção média para R$ 3,45/US$ no 2T16. Consideramos um CDS de 5 anos médio ao redor de 330, valorização de 5% do CRB até o junho e elevação contida dos juros do Treasury Notes de 2 anos para uma média de 0,8% no período em questão. A perda de momentum dos dados de atividade dos EUA sugere nova manutenção dos Fed Funds em junho. Para o final do ano, mesmo contemplando uma redução relevante do prêmio de risco Brasil, passamos a nossa projeção média para R$ 3,70/US$ no 4T16 considerando uma atuação mais proeminente do BC no desmonte dos swaps cambiais - ferramenta de exceção desnecessária em ambiente de descompressão de prêmios – e até duas novas elevações dos juros nos EUA. Atividade econômica Um conjunto maior de dados antecedentes ao PIB sugere que o fundo do posso foi atingido. Em termos anuais, deveremos observar a sua maior queda no 1T16 e iniciar uma redução do seu ritmo de queda que, no entanto, não será capaz de evitar uma queda de 4% em 2016. Para o 1T16, mantemos a estimativa de retração de 1,2%. Em exercícios simples mostramos no mês passado que a normalização da confiança ao final de 2017 sugeriria um crescimento de 2,2% do PIB em 2017, enquanto que se a normalização se desse ao final de 2018 o crescimento do PIB poderia ser de 0,8%. Já o exercício abaixo mostra como “estatisticamente” o cenário de 2017 está em aberto. Supondo estarmos corretos sobre o caminho do PIB em 2016 (primeiras 4 linhas), quanto seria o PIB de 2017 (últimas 4 linhas, coluna a direita) para diferentes crescimentos trimestrais médios (últimas 4 linhas, coluna da esquerda)? Como vemos, o carrego estatístico das nossas projeções – quanto cresceríamos em 2017 se o nível do PIB permanecesse estável no nível final de 2016 – é praticamente zero. Isso acontece em decorrência (1) de 2,5 pontos percentuais da queda de 4,0% de 2016 virem do carrego de 2015 (e, portanto, é algo que “sai dos números” conforme os trimestres passam) e (2) da perspectiva do 2S16 ser melhor que o 1S16, o que mantém seus efeitos por mais tempo nos números acumulados em quatro trimestres de 2017. PIB t/t dessaz. 1T16 -1.2% 2T16 -0.5% 3T16 -0.2% 4T16 0.2% PIB 2016 -4.0% Média tri 2017 PIB 2017 -1.00% -2.6% -0.50% -1.4% 0.00% -0.2% 0.50% 1.1% 1.00% 2.4% 100% 75% 50% 25% 0% 2011 2012 2013 Difusão dados atividades 2014 2015 MM3m 2016 MM12m Fontes: Diversos; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Assim, considerando (1) a descompressão já observada no risco país, (2) a redução do juro real (discutida abaixo), (3) a continuidade da retomada da confiança industrial, pontos que 5 atuarão sobre a formação bruta de capital fixo, e (4) a sucessiva contribuição das exportações líquidas (que, em verdade, pouco mudou em nossas estimativas desde março), nós revisamos o crescimento do PIB de 2017 de 0,0% para +1,0%. Nosso número já contempla uma nova queda do consumo da família na esteira da defasagem entre a melhora do PIB e da massa salarial. Inflação Mudanças metodológicas em itens importantes e novos reajustes pontuais devem manter pressionada a inflação de curtíssimo prazo. Se antes a melhora da perspectiva inflacionária que comentamos anteriormente aqui – já levava o Boletim Focus a testar a nossa projeção para 2016, com números abaixo dos nossos 7,0%, agora a tendência deve arrefecer. Mantemos a nossa estimativa para este ano. Nossos cálculos para 2017 também não mudaram. Contudo, nós entendemos que o viés é positivo (em termos de menor inflação); é maior a chance observarmos um IPCA abaixo de 5,5% em 2017. Os riscos estão diretamente atrelados ao cenário político, o qual, como discutido acima, melhorou. Está claro que apenas a perspectiva de mudança para uma condução mais austera da política econômica já tem ajudado a “desentupir” alguns canais de transmissão da política monetária para a inflação, tanto pela via cambial quanto pelas expectativas. Em nossos cálculos os efeitos cumulativos e defasados da política fiscal seguirão inflacionário até 2018. No entanto, é relevante a perspectiva de redução dos déficits primários ano após ano. Sendo assim, o enorme excesso de capacidade da economia já prepondera sobre os preços, que cederão de forma mais clara a partir da virada do semestre. 13% 8.0 7.5 IPCA - Mediana Focus 12% 11% 7.0 6.5 10% Efeito austeridade Levy 6.0 9% 5.5 8% 5.0 7% 4.5 6% 4.0 jan-15 Acum. 12 m 5% abr-15 2016 jul-15 2017 o ut-15 jan-16 abr-16 2018 2019 2020 2011 2012 Serviços - total Serviços diversos 2013 2014 2015 2016 Intensivos em trabalho Alimentação fora do domicílio Fontes: BCB e IBGE; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Política Monetária O COPOM prossegue na sinalização de que não há espaço para corte de juros no curto prazo, em linha com a nossa visão. A inflação corrente elevada e as expectativas inflacionárias ainda longe do centro da meta são as principais justificativas para a cautela. Duas mudanças de postura foram importantes na ata de sua última reunião: (1) o BC finalmente admite que a política fiscal é expansionista e, mais alinhados com o mercado, trabalha com déficit primário de 1,6% esse ano e de 0,9% em 2017; (2) o cenário do BC que mantém câmbio em R$ 3,55/US$ e Selic em 14,25% até 2018 já sinaliza IPCA ao redor de 4,5%. Quando juntamos o ponto 2 e a afirmativa do BC de que “o cenário central não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”, percebemos o quanto esse COPOM mudou sua postura: em outros tempos, o mercado leria a convergência dos seus modelos de IPCA para 4,5% como sinal de corte iminente. Não é mais o caso. 6 De qualquer forma, mesmo com um tom mais duro, nós entendemos que a nossa visão de estabilidade da Selic ao longo de todo ano de 2016 começa a enfraquecer: a mudança de política econômica com Temer reduzirá ainda mais as expectativas de inflação futura e melhorará a trajetória fiscal, o que, somados com a (surpreendente) convergência citada no ponto 2 acima, deverá abrir espaço para cortes de juros ainda este ano. Por exercícios de regras de política monetária à la Taylor há espaço para cortes a partir do segundo semestre. Mais interessante, concluímos que as reuniões de outubro e novembro são as mais relevantes para uma discussão sobre corte: quanto maior a postergação, dada a meta de 4,5% para o IPCA, maior seria o orçamento total de queda. Ou seja, poderíamos terminar o ano com 100 a 150 pontos base de corte. Cortes já em junho/julho limitariam o ajuste total a algo próximo a 200 pontos base; já retardar a queda abriria espaço para um ciclo de 300 a 400 pontos. Para tanto, os eventos a serem monitorados são a capacidade do governo de endereçar a questão fiscal e a intensidade da redução das expectativas de inflação. Em resumo, esperamos que a Selic feche 2016 em 13,25% ao ano e em 11,25% ao final de 2017, o que levaria o juro real para níveis expansionistas e daria suporte ao fechamento do hiato do produto em um contexto de redução da expectativa de inflação em direção à meta. Juro real equilíbrio → 4.50% 5.00% 5.50% 6.00% 6.50% 7.00% 4.00% 8.50% 9.00% 9.50% 10.00% 10.50% 11.00% 4.50% 9.25% 9.75% 10.25% 10.75% 11.25% 11.75% 5.00% 10.00% 10.50% 11.00% 11.50% 12.00% 12.50% 5.50% 10.75% 11.25% 11.75% 12.25% 12.75% 13.25% 6.00% 11.50% 12.00% 12.50% 13.00% 13.50% 14.00% 6.50% 12.25% 12.75% 13.25% 13.75% 14.25% 14.75% ↓ Expectativa IPCA Fontes: Diversos; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Marco Caruso Economista Brasil: Principais Indicadores Econômicos - Banco Pine INDICADORES ECONOMICOS 2011 2012 2013 2014 2015 2016E 2017E Crescimento do PIB Real (%) 3.9% 1.9% 3.0% 0.1% -3.9% -4.0% 1.0% R$/US$ (final de período) 1.83 2.08 2.35 2.65 3.87 3.70 3.25 R$/US$ (média) 1.67 1.95 2.16 2.35 3.33 3.70 3.49 IPCA 6.5% 5.8% 5.9% 6.4% 10.7% 7.0% 5.5% IGP-M 5.1% 7.8% 5.5% 3.5% 10.5% 6.7% 5.9% Selic (fim de período) 11.00% 7.25% 10.00% 11.75% 14.25% 13.25% 11.25% Selic (média) 11.71% 8.46% 8.44% 11.02% 13.58% 14.04% 11.63% 29.8 19.4 2.6 -3.9 19.7 55.3 40.0 Saldo comercial (US$bn) Conta corrente (US$bn)¹ -73.2 -78.4 -83.0 -103.6 -58.9 -14.4 -10.0 Conta corrente (% do PIB)¹ -2.8% -3.5% -3.8% -4.8% -3.3% -0.8% -0.5% Investimento direto no país (US$bn)¹ Superávit primário (% do PIB) Dívida bruta/PIB 101 87 69 97 75 70.0 60.0 3.1% 2.4% 1.9% -0.5% -2.0% -1.5% -1.0% 51.3% 54.8% 53.3% 58.9% 66.4% 75.6% 80.4% 7 Disclaimers Informações relevantes 1. 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