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PROJETO BIODIVERSIDADE NA ESCOLA: PROMOVENDO A
INTERDISCIPLINARIEDADE NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Lisete M. Lorini¹; Ana Paula Potrich²;
¹Profª orientadora, Curso de Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade de Passo Fundo. BRASIL
²Bolsista PAIDEX – acadêmica do C. de Ciências Biológicas L, Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade de Passo Fundo. BRASIL
Resumo
O projeto Biodiversidade na escola propõe ações educativas entrelaçadas com temáticas do
ensino de ciências e de biologia promovendo a biodiversidade sustentável e coresponsabilidade socioambiental, numa educação de diálogo e troca de saberes partilhados.
Esse trabalho envolveu acadêmicos do projeto de extensão, alunos e professores da
educação básica e professores do curso de Biologia da Universidade de Passo Fundo. Foram
realizados dez eventos em escolas de ensino Fundamental e Médio das redes estaduais,
municipais e particulares da região, com duração de oito horas cada um. Foram envolvidos
4.530 alunos e 100 professores da educação básica e 80 acadêmicos da universidade.
Trabalhou-se atividades didáticas com representantes de animais e vegetais conservados em
meio líquido e a seco, modelos concretos ilustrando os diferentes biomas brasileiros. Foram
desenvolvidas oficinas com material concreto sobre o ciclo de vida do Aedes aegypti vetor da
dengue, acidentes com aracnídeos, insetos urticantes e treinamentos práticos com separação
de lixo e destino correto dos resíduos sólidos. Objetivou-se com esse projeto desenvolver
ações interdisciplinares e inovadoras com os alunos da educação básica, visando sensibilizálos para a conservação do meio ambiente, essencial na preservação dos recursos naturais e
da qualidade de vida das comunidades.
Objetivos
Promover a aproximação dos acadêmicos do curso de Ciências Biológicas da universidade
com as escolas de educação básica, estabelecendo vínculos através das ações do projeto,
possibilitando uma aprendizagem interdisciplinar e inovadora nas práticas cotidianas da
escola.
Contornar as dificuldades na aplicação das propostas estabelecidas em projetos pedagógicos,
possibilitando ao aluno ser um investigador do seu próprio conhecimento, tornando-se um
cidadão com postura mais ativa, que busca e amplia o conhecimento como abertura para
novos saberes.
Articular o processo de ensino e aprendizagem na educação básica para a formação de
alunos críticos e participativos, para que atuem em diferentes esferas sociais, tendo como
estratégia a implementação de ações voltadas a conservação da biodiversidade e do
desenvolvimento sustentável.
Metodologia
A natureza metodológica deste projeto teve início a partir da expressiva busca pelos
professores das escolas de Educação Básica da região, por atividades práticas e
diferenciadas na instituição de ensino superior, visando inovar o conhecimento na área de
Ciências da natureza nas suas práticas de docência.
As ações do projeto Biodiversidade na Escola iniciaram no ano de 2014 e estão sendo
reavaliadas e ampliadas em cada ano letivo que se inicia, tanto junto às escolas de Educação
Básica como também na elaboração de novas atividades pelos acadêmicos na universidade.
Foram envolvidas escolas municipais, estaduais e particulares dos municípios de abrangência
da universidade de Passo Fundo.
A escolha pela metodologia desenvolvida priorizou uma proximidade maior dos
conteúdos teóricos trabalhados nas escolas com as práticas inovadoras desenvolvidas pelo
projeto, por meio do conhecimento cientifico junto aos acadêmicos do curso de Ciências
Biológicas, Licenciatura da Universidade de Passo Fundo. Para a concretização do projeto,
foram realizadas sessões de estudos e pesquisas bibliográficas com o propósito de conhecer
e atuar nas diversas situações que envolvem a biodiversidade junto à educação básica.
Foram elaboradas e trabalhadas nas escolas atividades contemplando coleções
didáticas da fauna e da flora regional e de representantes animais do ambiente marinho,
fixados e conservados em álcool 70% para sua melhor identificação. Construiu-se kits
didáticos com o ciclo de vida da lagarta taturana, (inseto causador de acidentes hemorrágicos
em pessoas), material concreto com as fases do vetor da dengue Aedes aegypti, e outros
artrópodes como aranhas, escorpiões, barbeiro e demais insetos de importância médica.
Todos os materiais concretos trabalhados foram acompanhados de manuais explicativos,
folders, painéis e cartazes. Trabalhou-se com trilha interativa ecológica, teia e cadeia
alimentar, material ilustrativo dos biomas brasileiros, modelos de células animal e vegetal e
jogos didáticos construídos com materiais recicláveis. Foram elaborados painéis com
orientações de ecologia como: o destino correto dos resíduos sólidos e o reaproveitamento
de recicláveis para a construção de modelos didáticos, para complementar e potencializar as
metodologias do professor, nas aulas do ensino fundamental e médio. Todas as ações
desenvolvidas junto às escolas foram registradas e avaliadas pelos alunos e professores da
educação básica, e pelos acadêmicos e professores da universidade, objetivando melhorar a
qualidade das atividades desenvolvidas pelo projeto.
Desenvolvimento
O projeto Biodiversidade na escola prioriza articular o processo de ensino e
aprendizagem na educação básica, buscando através de suas ações, alcançar repercussão
em diferentes esferas sociais, implementando atividades voltadas a conservação da
biodiversidade. Weelie e Wals (2002), citam três perspectivas sobre a educação para a
biodiversidade: A educativa, que auxilia na compreensão da natureza e de si mesmo,
procurando promover situações que fazem com que as pessoas percebam o significado da
biodiversidade para suas vidas. A alfabetização ecológica, que discute relações entre
espécies nos seus ecossistemas, enfatizando a participação do ser humano, e as políticas da
natureza, abordando o desenvolvimento sustentável, respeito ao pluralismo, exploração,
responsabilidade e decisões democráticas.
A preocupação com a conservação da diversidade biológica e, em termos mais
amplos, do ambiente está presente em documentos curriculares como citado por Trivelato e
Silva (2011), enfocando os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Fundamental,
terceiro e quarto ciclos, na área de Ciências. O documento propõe que um dos eixos de
conteúdo da área seja “Vida e Ambiente”, com o objetivo de promover a ampliação do
conhecimento sobre a diversidade da vida nos ambientes naturais ou transformados pelo ser
humano, estudar a dinâmica da natureza e conhecer o modo como a vida se processa em
diferentes espaços e tempo.
As ações trabalhadas pelo projeto Biodiversidade nas escolas, priorizaram a
conscientização pela preservação dos recursos naturais tendo como foco a biodiversidade
sustentável e co-responsabilidade socioambiental, envolvendo os alunos da educação básica.
Nesse sentido Pereira (2010), afirma que as escolas de Educação Básica participam das
maiores mudanças na sociedade em todos os níveis, resultando num número crescente de
descobertas científicas acontecendo, envolvendo a grande área de ciências. O mesmo autor
relata ainda que, o ensino baseado na transmissão de conhecimentos deixou de ser eficaz e
a função da escola não é só aquisição de conhecimentos, e sim de desenvolver nos alunos,
habilidades que os capacitem a absorver os conhecimentos que necessitam de uma maneira
mais proveitosa, e que eles consigam relacionar o conhecimento científico com situações do
seu cotidiano, assumindo assim uma postura crítica e consciente.
Portando, programas de educação que possam contribuir para melhorar o
conhecimento da biologia das espécies e suas interações no meio, principalmente aqueles
desenvolvidos no ambiente escolar, como o Projeto Biodiversidade na escola, são
extremamente importantes, pois estimulam os educandos para uma aprendizagem
significativa, que entrelaça o conhecimento científico com as vivências cotidianas.
Resultados e discussão
O projeto Biodiversidade na escola trabalhou atividades em escolas de Educação
Básica da região de abrangência da Universidade de Passo Fundo. Como resultados parciais
foram realizados dez eventos em escolas de ensino Fundamental e Médio, sete em escolas
estaduais, dois em escolas municipais e um evento em escola de rede particular, com duração
de oito horas cada um. Foram envolvidos 4.530 alunos e 100 professores da educação básica
e 80 acadêmicos da universidade.
Pelo interesse expressivo e pelos questionamentos feitos pelos alunos das escolas,
pode-se avaliar o entusiasmo e a curiosidade dos mesmos diante das atividades propostas
pelo projeto. Percebeu-se que os alunos conseguiram estabelecer muitas relações, trazendo
exemplos de situações de seu cotidiano, procurando se apropriar de um conhecimento novo,
entrelaçado ao seu saber empírico e, desta forma, potencializaram a aprendizagem de uma
maneira lúdica e prazerosa. Pelas avaliações trazidas pelos professores das escolas onde o
projeto atuou, percebeu-se que as ações desenvolvidas caracterizaram-se como uma
proposta de inovação no estudo das Ciências da natureza. Nesse cenário a aprendizagem do
aluno se concretiza e torna-se enriquecedora, pois ele consegue estabelecer novos avanços
cognitivos, tornando-se um sujeito critico que atuará na realidade onde está inserido. Estas
constatações concordam com as relatadas por Libâneo (2007), que diz que a escola tem o
compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais complexa e a cultura de
base produzida no cotidiano e a produzida na escola.
As ações do projeto possibilitaram aos alunos das escolas, compreenderem as
interações entre os representantes da fauna e da flora na natureza, e se sensibilizaram quanto
à relevância da manutenção dos mesmos nos ecossistemas onde estão inseridos para
manterem o equilíbrio do ambiente. Estas constatações observadas no comportamento dos
educandos nas escolas trabalhadas concordam com Cullen et al. (2004), que afirmam que os
programas de conservação e uso sustentado de recursos biológicos, se caracteriza como a
única forma conhecida para desacelerar a perda de diversidade global, pois estudando a
relação entre organismos vivos e o ambiente em que vivem, compreende-se a importância da
conservação não apenas para as espécies envolvidas, mas também para o bem estar do ser
humano pois o homem também faz parte dessa biodiversidade.
O projeto propiciou espaços de formação e integração entre os alunos licenciandos
da universidade e as escolas de educação básica, permitindo ao acadêmico compartilhar o
conhecimento científico adquirido no ensino superior com a comunidade escolar, por meio
das diferentes ações implementadas pelo projeto biodiversidade. Desta forma, ocorreu uma
significativa aproximação dos alunos do curso de Ciências Biológicas com as escolas de
Educação Básica, possibilitando uma aprendizagem interdisciplinar nas práticas cotidianas
das escolas, como também potencializou a qualificação dos futuros profissionais, que irão
atuar no meio escolar.
Referências bibliográficas
CULLEN, L. J. et al. Métodos de Estudo em Biologia da Conservação e Manejo de Vida
Silvestre. Curitiba: Editora UFPR, 2004.
LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e
profissão docente. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
PEREIRA, M. G. Pelas ondas do saber: Conhecer, agir e transformar o ambiente. Ciências:
ensino fundamental, Antônio Carlos Pavão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, v.18, 2010. 212 p.
TRIVELATO, S. F.; SILVA, L. F. Ensino de Ciências. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
WEELIE, D. V.; WALS, A. E. J. Making biodiversity meaningful through environmental
education. International Journal of Science Education, v.24, n. 11, p. 1.143-56, 2002.
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