Palestras - Vida X Hemodiase

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Palestras:
Insuficiência Renal Crônica e seus tratamentos
Acesso Vascular para Hemodiálise (Fistula Arteriovenosa, Cateter duplo/triplo
Lumem, Permichat, Enxerto PTFE)
Punção Buttenhole
Diálise peritoneal
Transplante Renal
O papel do Psicólogo frente ao paciente com Insuficiência Renal
Os psicólogos atuantes no âmbito hospitalar e em clínicas de tratamento visam
fornecer suporte ao sujeito em adoecimento, a fim de que este possa atravessar essa fase com
maior resiliência. Nesse sentido, essa área é um campo de entendimento e tratamento dos
aspectos biológicos em torno do adoecimento, não somente doenças psicossomáticas, mas todo
e qualquer tipo de enfermidade.
Comumente, o processo de adoecimento traz em seu bojo uma desorganização da sua
vida, de modo que provoca várias transformações em sua subjetividade. No caso do tratamento
de insuficiência renal, ou terapia substitutiva, o sujeito sai do conforto de seu lar e se depara
com necessidade de deslocamento à clínica na qual é oferecida a hemodiálise. Nesse momento,
junto à equipe multidisciplinar, surge a figura do psicólogo, que tem o intuito de escutar e
acolher o sofrimento do indivíduo frente as suas principais dificuldades no que tange a essa fase,
dando voz a esse sujeito, visando ressignificar a posição do indivíduo frente à doença. Assim, o
instrumento de trabalho desse profissional é a escuta e a palavra, e a partir desse enfoque o
psicólogo visa minimizar o sofrimento psíquico do paciente em adoecimento.
O paciente com insuficiência renal crônica (IRC) sofre um forte abalo emocional e social
logo que são identificados os primeiros sintomas da doença. O tratamento, a hemodiálise, traz
profundas mudanças na rotina de vida do paciente e também dos familiares, os quais precisam
se adaptar a constante visitas a centros de diálise; restrições hídricas e alimentares; mudança
nas atividades de rotina (as quais incluem a jornada de trabalho regular e vida social).
As mudanças em sua imagem corporal (fístulas, cicatrizes e cateter) normalmente fazem
com que doença assuma a identidade da pessoa, o que a faz sentir-se rotulada como doente e
não como sujeito, prejudicando, assim, sua autoestima e vida social, além de gerar insegurança,
culpa, ansiedade e raiva. Geralmente o paciente apresenta uma melhora do quadro de
ansiedade quando passa a conhece melhor a doença, faz acompanhamento psicológico e tem o
apoio da família e amigos. É o psicólogo que irá buscar aliviar o sofrimento dos pacientes,
propiciando um espaço para que falem de si, da família, do cotidiano, dos medos e fantasias.
Assim, o psicólogo é o profissional adequado para prestar assistência, apoio, esclarecimentos e
ajuda.
O trabalho psicológico com paciente renal crônico se difere e até se acentua em virtude
da cronicidade e da evolução do quadro. O psicólogo não atua apenas na reestruturação
psíquica do paciente, mas também visa à manutenção do tratamento, incluindo a dieta, relação
equipe de saúde-paciente; controle médico-medicamentoso bem como a adesão ao tratamento
dialítico, contribuindo de modo significativo para promoção de uma melhor qualidade de vida
dos pacientes renais crônicos.
O conhecimento da doença e a participação ativa no tratamento são fundamentais para
o equilíbrio emocional do paciente e para a qualidade das etapas a serem cumpridas. É
importante que toda a equipe e, particularmente, o psicólogo possam ouvir e atender as
escolhas do paciente – que lhe são de direito –, e que permaneçam presentes. O sentimento de
poder ter algum controle sobre o tratamento e a doença favorece a segurança e a confiança do
paciente em si mesmo.
Para Psicologia, o que mais interessa é a vivência do paciente em relação à doença e os
significados que são atribuídos a ela. Através do suporte psicológico espera-se que o paciente
sinta-se acolhido, compreendido, amparado, aceito e assistido, o que o faz compreender a
doença tanto no aspecto fisiológico como emocional. Dessa forma, o tratamento torna-se mais
humano e menos mecanizado.
Por ser uma doença marcada por fragilidades e limitações, exige uma nova construção
psíquica por parte de seu portador e uma capacidade de adaptação e aderência a todas as
exigências do tratamento. É de fundamental importância a presença do psicólogo que possa,
junto à equipe, incentivar nos indivíduos o desenvolvimento de suas capacidades, propiciando
uma maior interação e incentivando, igualmente, uma nova visão sobre a própria enfermidade,
além de promover mais qualidade de vida, traduzida em saúde.
A presença do psicólogo na equipe de saúde é de extrema relevância para ajudar os
pacientes renais crônicos na aceitação da irreversibilidade de sua doença, para uma melhor
assistência quanto aos conflitos de dependência e independência e, principalmente, na
recuperação de uma possível estabilidade emocional dos pacientes, fatores fundamentais para
o sucesso terapêutico. É necessário que esse profissional tenha em mente que é possível
resgatar um sentido de vida para o paciente, mesmo frente às principais dificuldades e
sofrimentos.
Para o alcance dos objetivos terapêuticos, deve-se acrescentar um aprimoramento
técnico e teórico dos profissionais, mantendo-se a sabedoria de que o paciente é quem melhor
pode fornecer informações sobre si mesmo, ou seja, entender que a equipe está em constante
processo de aprendizado. Considera-se, portanto que a presença do psicólogo no trabalho com
pessoas com doença renal é extremamente necessária para garantir um atendimento
mais humanizado, que reconheça a singularidade de cada paciente, compreenda a fragilidade
submetida pela doença crônica e que faça emergir – dentro dos recursos pessoais de cada
paciente - a capacidade de ressignificação da própria vida.
Ingrid Abdala
Psicóloga
CRP: 01/19364
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