ANATOMIA E CITOQUÍMICA DO ESPORÓFITO DE SYMPHYOGYNA BRASILIENSIS (NEES) NEES & MONT (PALLAVICINIACEAE: MARCHANTIOPHYTA) Marc Emerim, Aline Tonin e Rinaldo Pires dos Santos UFRGS, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, Laboratório de Anatomia Vegetal, Porto Alegre, RS, Brasil. [email protected] As hepáticas são embriófitas avasculares com uma filogenia ainda não totalmente resolvida, sem consenso entre os pesquisadores. Poucos estudos foram realizados no nível morfológico dessas plantas, sendo muito escasso o número de trabalhos relacionados à sua anatomia, palinologia e ultraestrutura. O objeto do presente estudo é Symphyogyna brasiliensis (Pallaviciniaceae), uma hepática talosa, dióica, prostrada, encontrada em solos úmidos e locais sombreados, na América e em regiões tropicais da África. Com o objetivo de estudar e descrever a anatomia do esporófito e os eventos que levam a formação dos esporos, gametófitos férteis contendo esporófitos foram coletados em Caxias do Sul e São Francisco de Paula (RS). Esse material foi fixado em solução de glutaraldeído, desidratado em série etílica e embebido em resina acrílica (hidroxietilmetacrilato) para obtenção de seções anatômicas em micrótomo. Diferentes métodos de coloração e técnicas histoquímicas foram utilizados. Foram encontrados nos esporângios jovens células-mãe de esporos (CMEs) tetralobadas com parede polissacarídica desprovida de calose. A futura esporoderme inicia seu desenvolvimento ainda na CMEs, onde já podem ser observados os primeiros indícios da ornamentação da exina (exósporo). Os esporos permanecem temporariamente unidos na tétrade até a dissolução da parede polissacarídica da CME. No interior do esporângio quando maduro, os esporos são unicelulares apresentando exina com ornamentação reticulada e intina delgada com espessura constante. A cápsula apresenta duas camadas de células estéreis contendo grãos de amido sem elateróforo. O citoplasma apresenta diversos cloroplastos, cada um contendo de 2-3 grãos de amido por seção. Os elatérios imaturos durante a esporogênese apresentam grãos de amido, que são ausentes na sua maturidade e, nessa etapa, possuem um espessamento da parede celular na forma de uma dupla helicóide. A seta hialina diferencia-se do pé pela presença de grãos de amido em leucoplastos. CMEs tetralobadas já foram descritas em S. hymenophyllum, num padrão de divisão meiótica bastante diferente do encontrado em plantas vasculares, assim como ausência de calose na parede da tétrade de esporos, principal polissacarídeo nas Angiospermas. Com os resultados esperase a melhor compreensão da taxonomia do grupo, evolução dos caracteres embriológicos e das relações filogenéticas com as demais hepáticas. (BIC-UFRGS) Palavras-chave: Anatomia vegetal, Esporófito, Marchantiophyta.