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Papinho Seguro
Voltamos!
E, desta vez, com a colaboração de
3 jovens amigos: o Alê, a Iara e o Caio.
Quem disse que jovem não pode ser
amigo de pessoas com mais de 30
anos?
Pois é, nos relatos da Iara e do Alê
percebi coisas muito importantes: que,
no que diz respeito às primeiras
experiências, não mudou muito do meu
tempo para agora. Só os nomes. Por
exemplo, agora se fala em "ficar", antes
se falava em "sentar junto no cinema".
O que fazer com a língua na hora de
beijar, também é problema antigo.
Agora, o que mudou mesmo, é que
a moçada de hoje é bem mais
informada e conversa mais sobre sexo.
Não podia ser diferente, né? Afinal,
a Aids está aí e a gente precisa se
cuidar.
E por falar em Aids, o Caio
escreveu um artigo muito legal
abordando justamente a necessidade
de se usar a camisinha, em todas as
relações sexuais.
Vale a pena ler.
Você já fez uma lista dos nomes dados aos genitais masculino e feminino?
Só com nome de animais, legumes e objetos tem um monte. Quer ver?
A brincadeira consiste em: a partir da figura do menino e da menina, fazer um
risco até o bicho, legume ou objeto correspondente:
CPZZfi
P/A/Tt?
fmqvri*
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nwdíoM
íIéC mm mp
Sinos tocando, som de violinos, o corpo se arrepiando e as
pernas amolecendo...
Será que tudo isso acontece no primeiro beijo?
Veja, por exemplo, o que o Alê e a Iara têm a dizer.
Pô! Não foi fácil... não foi mesmo.
Eu tinha 14 anos e era muito tímido com as meninas.
Tão tímido que ainda não tinha ficado com nenhuma.
Como eu viajava muito com minha mãe (meus pais são
separados) para Poços de Caldas, inventava para meus
amigos que tinha uma namorada lá, que a gente dava altos
malhos, que coloquei a mão nos peitos dela. Essas coisas.
Só que a verdade verdadeira é que eu imaginava tudo
isso, até o nome da garota: Fabiana. Uma loirinha gostosa,
de cabelos compridos e de olhos azuis.
Aí um dia não deu mais. Eu e toda a turma da escola
fomos dançar e tinha uma garota da minha classe chamada
Alice que me dava a maior bola. Uma hora eu e a Alice
estávamos conversando e quando olhei prós lados vi que
todos os meus amigos já tinham se arranjado.
Tomei coragem. Coloquei a minha mão no ombro dela.
Aí, eu a abracei e ela não reclamou. Beijei-a no rosto, no
nariz, no pescoço e ela parecia estar gostando.
Até aí tudo bem, mas achei que já estava na hora de dar
um beijo daqueles, de língua. Só que a múmia aqui não
sabia e como eu tinha inventado aquelas histórias com a
Fabiana como é que podia perguntar para alguém o que
devia fazer?
Adiei o quanto deu. Na hora que fomos para casa,
estavam todos de casalzinho. A gente tinha combinado de
levar as minas em casa e quando uma chegava os caras
davam um beijo de despedida.
Quando chegou a minha vez sabia que todos estavam
olhando e o jeito foi improvisar: coloquei a minha boca em
cima da dela e dei a maior chupada. A língua da Alice entrou
com tudo nc minha boca. Ela deu um gritinho e percebi que
doeu. Mas, o que me preocupava mesmo era não ficar mal
com a turma.
No dia seguinte, acordei super bem. Pelo menos de boca
eu não era mais virgem. Só que, na escola, me deu o maior
medão. E se a Alice contasse para as outras que eu não sabia
beijar?
Nunca mais tive coragem de olhar para a cara dela.
Umas semanas mais tarde fiquei sabendo que ela
comentou cóm uma amiga que eu era muito arrogante, tinha
ficado com ela um dia e agora nem cumprimentar eu
cumprimentava.
No fundo, não era nada disso...
Alê, 16 anos
Muitas amigas minhas contavam histórias sobre seus
namorados, sobre os garotos que elas haviam ficado etc. Eu
ouvia de tudo: brigas, confusões, aventuras... e beijos.
"Ah! aquele aparelho dele é que atrapalha."
"Ele beija limito melado!"
"Quando o beijei, ele estava com gosto de melancia na
boca."
E vários comentários desse tipo.
Eu, como nunca tinha beijado ninguém, ficava
imaginando como seria um beijo. Ficava sonhando e nestes
sonhos imaginava beijos nas mais diferentes situações, desde
as românticas até os mais apaixonados.
Não agüentava mais ouvir as histórias das minhas
amigas, principalmente quando elas falavam que era muito
bom. Afinal, eu já tinha 14 anos e não havia beijado
ninguém. O fato da idade não me incomodava, o que eu
queria mesmo saber era que sensação dava.
Um dia, um garoto da turma falou que ia comigo até a
minha casa. Eu não sabia o que fazer pois nunca tinha
■passado por esta situação, por isso fiquei parada e calada.
Daí, ele tentou me beijar várias vezes e não deixei. Acabou
não acontecendo nada. Tive medo, não sei do quê, mas tive.
E outra coisa que fez não acontecer foi que o cara era um
tremendo de um babaca.
Agora, meu primeiro beijo mesmo, foi assim: o cara
chegou, conversou comigo e eu gostei dele e ele de mim.
Também tentou me beijar e não deixei. Quando estava indo
embora, ele veio atrás de mim. Parei e continuamos a
conversar. De repente foi. Ele me beijou e eu arregalei os
olhos, mas fui na dele. Fiquei sem reação, falei tchau e fui
embora sem olhar para trás, com os olhos ainda arregalados
e pensando sobre o beijo.
"Então isso é o beijo? Que coisa mais estranha."
Eu não havia gostado. Depois disso nunca mais falei
com o cara, e nem tinha coragem. Confesso que na hora não
sabia onde pôr a língua e não era nada do que havia
imaginado.
Eu sonhava com um primeiro beijo daqueles bem dados,
como nos filmes.
Agora, com certeza, o segundo beijo foi deliciosamente
melhor, mas isso é uma outra história...
Iara, 15 anos
Será que os meninos e as meninas vivenciam o primeiro beijo
da mesma maneira?
Se você já beijou, como foi essa sua primeira experiência?
Se não, como você gostaria que fosse?
omHotmwiCMMI
Garotas lindas, corpo perfeito,
cabelos compridos, lisos e sedosos ...
Garotos lindos, bronzeados, altos,
fortes, musculosos, dentes perfeitos ...
É assim que você queria ser?
Pois você não é o único.
Vivemos numa década em que os
meios de comunicação nos massacram
com modelos de beleza, de charme e
de
sucesso.
E,
muitas vezes,
principalmente quando estamos de
baixo astral, caímos feito patos e patas
nesta história.
A gente acorda, se olha no espelho
e fica sonhando com um transplante de
corpo. Afinal, com o que a gente tem
não vai dar para ser feliz ... Todos são
tão mais lindos do que a gente!
Sai dessa!
Até os modelos e as modelos têm
defeitos. Muita gente nem sabe que
estes profissionais, antes de fazerem
uma foto, se maquiam para disfarçar
espinhas e afinar o nariz, passam
produtos no cabelo para ficarem lisos e
brilhantes e que, depois de feitas, as
fotos são retocadas para se tirar
verrugas, pintas e marcas de celulite.
Resumindo, estes homens e
mulheres deslumbrantes são de papel.
Os reais têm defeitos como todo
mundo.
O que a gente pode aprender com
eles e elas é a se cuidar com mais amor
e a valorizar os pontos fortes que todo
mundo tem.
Bicas
• Você não é o Frankstein, isto é, não
é feito ou feita de um monte de
pedaços, seu corpo é um conjunto.
Procure se ver como um todo.
• Ficar se comparando com os outros
e as outras não vai te levar a lugar
nenhum. Você é um ser único.
• Não se desespere lá pelos 13/14
anos se o seu corpo ou parte dele é
menor ou maior que.o de seus
colegas ou de suas colegas. Os
jovens têm um ritmo de crescimento
diferente, uns crescem mais rápido
e outros menos.
• Se você acha que está com uns
quilinhos a mais e isso te leva ao
desespero, procure cuidar melhor
da sua alimentação.
• Frutas e legumes são infinitamente
mais nutritivos e menos
engordativos que massas e
refrigerantes. Mas, não entre nessa
de regimes radicais, isso faz mal. Vá
devagar.
• Se, pelo contrário, você acha que
. está tão magro que se confunde
com um cotonete, tenha paciência,
adolescentes crescem primeiro na
altura e os músculos aparecem
depois.
• Ficar esperando que aconteça uma
mágica qualquer e que, sem esforço
algum, você se transforme numa
Madonna ou num Schwazenneger, é
piração. Se eles têm esse corpo hoje
é porque vêm malhando há muitos
anos. Por isso lembre-se:
- fazer um pouco de ginástica,
praticar esportes ou
simplesmente andar, nunca
fizeram mal a ninguém.
• Seios grandes ou pequenos?
Tamanho ideal do pênis? Tamanho
de clitóris? Cada pessoa é de um
jeito e suas preferências também
são diferentes. Não existe um
padrão único e perfeito do corpo.
Nada disso interfere no amor das
pessoas nem no prazer sexual.
Portanto, desencane da idéia de
que tamanho de pênis ou de seios
interferem na habilidade de dar e
de receber prazer.
• Não adianta nada ficar culpando o
seu corpo pela sua infelicidade.
Reaja. Não há amor ou amizade
que se sustente só na base da
beleza. É preciso ter um bom papo,
ser bem informado(a). E isso a
gente consegue lendo e
conversando. Ninguém nasce
sabendo.
Meninas,
vocês sabiam que...
1
No começo do século, as mulheres
consideradas bonitas eram as
gordinhas;
Nos anos 50, as mulheres bonitas
tinham que ter 60 cm de cintura e
90 cm de busto e de quadril.^
Nos anos 60, o padrão de beleza
feminina era ser esquelética/7
Nos anos 80, a mulher para ser
bonita tinha que ser musculosa
como a Madonna/'
Nos anos 90, acabou essa ditadura e
ser bonita é mais uma questão de se
gostar do que de estética?
Meninos,
vocês sabiam que...
J
O tempo dos machões acabou. As
meninas agora preferem caras
sensíveis que sabem ouvir e que
respeitam a opinião delas?
O tempo em que o homem arcava
com todas as despesas foi para o
espaço. Agora o quente é: ou se
divide as contas ou banca quem
tiver dinheiro?
Esse negócio de mentir sobre as
experiências sexuais que já teve
não está com nadai
Tanto o menino quanto a menina
podem tomar a iniciativa de ficar ou
namorar sem ser tachado disso ou
daquilo?
Anticoncepção é responsabilidade
tanto das meninas quanto dos
7
meninos;
Que é preciso planejar a transa,
conversar sobre isso com a garota e
levar sempre umas camisinhas na
carteira?
Puxar papo sobre camisinha é uma
boa, mas usar camisinha em todas
as relações sexuais é melhor ainda?
Vocês já devem ter ouvido falar que
transar com camisinha é o mesmo que
chupar bala com papel, ou tomar
banho com capa de chuva, não é ?
As vezes, esse papo rola quando a
pessoa tem vergonha de pedir para
usar camisinha, ou insegurança, falta
de conhecimento, medo de achar que
ele/ela não goste mais de você ou que
vá desconfiar do seu passado.
Muitos adolescentes aprenderam
coisas sobre sexo na base da tentativa e
erro mas, hoje em dia, o erro pode ter
como conseqüência a Aids.
Assim, não se deixe levar por
aqueles argumentos babacas. Nós
adolescentes sabemos que é difícil
levar a sério certos conselhos de
adultos. Mas, vai por mim, no caso da
Aids os riscos são reais e é preciso
tomar algumas decisões importantes
quando pintar o sexo na sua vida.
Então, se liga nestas dicas:
j^ tanto os garotos quanto as garotas
podem ser infectados por suas
namoradas e namorados, e a
camisinha protege ambos;
^ que tal transar livre do medo de
engravidar ou pegar alguma doença
sexualmente transmissível (DST) e
a Aids? A camisinha ajuda esse
medo a desaparecer e a transa rola
leve e solta;
^ a camisinha é vendida em qualquer
farmácia ou supermercado, e
ninguém pergunta pra quem é. Ela
é cara? Que tal dividir o gasto com
quem você vai transar?
ft pintou o medo de não saber colocar
a camisinha? Que tal um pouco de
sinceridade? Diga que está nervoso
cor
ECOS é uma organização
nâo governamental, apoiada
pela Fundação MacArthur,
que realiza estudos, desenvolve recursos humanos e
produz material impresso e
audiovisual nos assuntos
relacionados à Sexualidade,
Reprodução Humana e
Relações de Gênero.
e embaraçado e que não tem
nenhuma experiência. É duro
admitir isso, mas é melhor morrer
de vergonha do que correr os riscos
do sexo desprotegido;
içt com essa idade você acha que
muitos garotos e muitas garotas
podem falar que têm grande
experiência? Então comece a falar
sobre camisinha - é útil e com a
prática vai se tornando cada vez
mais fácil;
Msrosm
» sabendo usar corretamente a
camisinha, imagine novas maneiras
de incorporá-la na sua vida
amorosa;
Meninas: não se deixem convencer
que transar sem camisinha é "uma
prova de amor". Por mais que o garoto
diga que não a amará mais e que vai
procurar outra, não caia nessa
armadilha.
E se o cara insistir naqueles
argumentos tipo chupar bala com
papel
dê
apenas
estas
duas
alternativas:
(
) sexo com camisinha
(
) nada de sexo
Que alternativa você acha que o
cara vai escolher?
Agora, cara, mesmo que você
continue achando que usar camisinha é
o mesmo que chupar bala com papel,
não abra mão dela. Pior é não chupar
bala nenhuma.
m^nir
tOl»
Caio, 19 anos
Equipe Responsável
Cecília Simonetti
Margareth Arilha
Osmar Leite
Silvani Arruda
Sylvia Cavasin
Vera Simonetti
Boletim Transa Legal
Coordenação
Silvani Arruda
Diagramação e Ilustração
Racy
Composição
Nelson Francisco Brandão
Logotipo
Marcus Tadeu Ribeiro/
Três Laranjas Comunicação
Impressão
TecArt
Apoio
Ministério da Saúde - Brasil
Programa Nacional de
Controle das DST e Aids
Projeto de Controle das
DST e AIDS
Pedidos pelo Reembolso
Postal
CO/
Rua dos Tupinambás, 239
04104-080 - SSo Paulo - SP
Tel: (011) 5727359
Fax:(011)5738340
As informações deste boletim
podem ser reproduzidas total
ou parcialmente. Pede-se,
contudo, a citação da fonte.
*["*)
m
fti
4
Boletim da Ecos para adolescentes
Papinho sério
Outro dia, durante um papo com
garotos sobre sexualidade, um assunto
que me chamou bastante a atenção foi
a gravidez. A discussão era: quem tem
que pensar na anticonoepção?
Abaixo você vai encontrar várias afirmações, algumas corretas e outras
completamente erradas. Coloque um X na coluna correspondente a Verdade e
Mentira. As respostas corretas estão na página 4.
— As meninas, respondeu a
maioria.
VERDADE
Alguns deles sequer conheciam os
métodos anticoncepcionais, achavam
que não tinham nada a ver com isso e
que não iriam perder tempo se
informando sobre eles, já que a
responsabilidade era das garotas.
Transar em pé não
engnjvi^la
Fiquei meio assustada. Afinal,
para se ter uma transa, não é preciso
duas pessoas? Então, por que só uma
delas tem que pensar em contracepção?
E se rolar uma gravidez, o que
fazer?
A mulher não engravida -na primeira vez
c|ue transa.
— Um aborto, responderam
alguns.
—Gente! Se fala muito em aborto
como se fosse a coisa mais fácil e
tranqüila de se fazer! Não é nada
disso. No Brasil o aborto é proibido
por lei e só é possível fazê-lo em duas
situações: gravidez resultante de
estupro e risco de vida para a mãe.
No final da discussão, concluímos
que a moçada tem que ficar esperta e
usar a cabeça. Amar é uma delícia,
mas só o amor não evita gravidez nem
previne de doenças sexualmente
transmissíveis e Aids.
Por isso, é preciso tomar algumas
decisões e precauções antes da transa.
E só dá para se fazer isso conversando
com o namorado ou com a namorada.
Um grande beijo.
Sil
g>
MENIUU
A responsabilidade
quanto à contracepção
é tanto do homem
quanto da mulher.
<3K
Se o cara ejacular nas
coxas da menina, ela
não fica grávida.
A menina só engravida
se tiver orgasmo.
<SJ
A camisinha é um
método anticoncepcional que também é
eficaz na prevenção de
DST/Aids.
Todo homem sabe
perfeitamente como
usar camisinha.
<2
Os meninos e as
meninas deveriam
conversar a respeito do
uso de anticoncepcionais antes da transa.
Propor o uso da camisinha é uma atitude
que pode partir tanto
do homem quanto da
mulher,
fMM>
A interrupção da
gravidez só é permitida
pela lei brasileira em
casos de estupro e de
perigo de vida para a
mãe.
A Primeira Vez
1
Afinal, como é a primeira vez dos meninos e das meninas ? E igual para todo mundo?
Separa ficar numa boa, tranqüila, só
depende de uma camisinha, então por
que não usar?
Paula, 18 anos.
Minha primeira vez foi assim: eueo
Bruno fomos para uma cachoeira e
ficamos nos acariciando até que uma
hora não deu mais para agüentar. A
gente tirou a roupa e aí eu falei:
— Bruno, queria te falar uma coisa.
— O que?
—É a minha primeira vez, tenho
medo de doer.
—Não se preocupe. Vou ser muito
carinhoso.
Até aí, tudo bem, mas outra coisa
martelava na minha cabeça: Aids, Aids,
Aids...
Tentei falar de novo entre um beijo e
outro:
—Tem outra coisa...
—Relaxe, quero que seja lindo para
você. Não se preocupe com nada e
confie em mim.
Acheique isso significava que ele iria
colocar a camisinha. Deixei rolar,
mesmo não me certificando se ele tinha
colocado ou não o preservativo.
Foi gostoso, só não foi melhor
porque estava muito nervosa. No final,
ainda abraçados, arrisquei dar uma
olhada no pênis dele e nada de
camisinha.
Fiquei aflita e comecei a chorar.
—E se eu ficar grávida?
—Não se preocupe, você acabou de
ficar menstruada!
—Tabelinha falha, você não sabia?
E tem outra, e a Aids?
—Eu não tenho Aids. Não transo
com prostituta, não uso drogas e
também não sou gay.
—Mas pensei que você estivesse
usando camisinha...
«P ^J
Quando fui para casa parecia um
fantasma. Não deu nem para curtir a
minha primeira vez, eu precisava
conversar com alguém mais experiente.
Liguei para uma tia legal que veio
correndo. Contei tudo o que aconteceu e
ela me escutou. Disse que eu precisava
me acalmar e que juntas pensaríamos
no que fazer. Nós duas, mais o Bruno,
concluímos que eu deveria procurar um
ginecologista já que havia iniciado
minha vida sexual. O Bruno foi comigo
e isso foi muito legal.
O que sei é que aprendi muito com
essa experiência: que a gente tem que se
cuidar, que tem coisa que não dá para
arriscar e que nunca mais quero passar
por essa situação.
Eu tive duas primeiras vezes.
A primeira foi com uma menina
I mais velha, que já tinha experiência.
Não sei descrever direito por que
estávamos eu e a Isabel sozinhos na
casa dela bebendo um vinho. Daí
aconteceu.
Lembro que o meu maior medo era
de brochar, o que não ocorreu, mas sei
que gozei rápido demais.
Agora, a segunda vez foi demais. Foi
com a Silvia, uma menina que eu
gostava. A gente já tinha namorado
antes, e só tínhamos terminado porque
a família dela mudou para o interior.
Quando ela voltou, descobrimos que a
gente ainda se curtia e um dia...
Para mim foi perfeito, além do
prazer da transa ainda rolou muito
carinho, muita intimidade e muita
vontade de ficar junto.
Um detalhe: não usei camisinha em
nenhuma dessas vezes. Eu falava que a
camisinha tirava o prazer, que não dava
tesão e que não ia usar de jeito nenhum.
Soque eu nunca tinha usado camisinha.
Na verdade repetia as frases que ouvia
dos outros.
Quando usei camisinha pela
primeira vez não achei nada dessas
coisas, para mim foi igual sem. Aliás,
melhor, porque não tinha que ficar
preocupado com nada além da transa.
Daí em diante, tenho sempre uma na
carteira.
Tadeu, 19 anos.
O que aconteceu de igual e
de diferente na primeira vez de
Paula e de Tadeu?
Como fazer para combinar
o uso da camisinha já na
primeira vez da menina e do
menino?
• Qual a idade normal para se
começar a transar?
Não existe uma idade
considerada normal ou ideal
para transar. As pessoas
devem iniciar sua vida sexual
quando desejarem e se
sentirem preparadas para tal
e, jamais, por pressão do(a)
parceiro(a) ou do grupo de
amigos(as).
•Dói ou machuca na primeira vez?
Depende. Se os dois estão a
fim de iniciar sua vida sexual,
se existe confiança no afeto
de um pelo outro, se estão
suficientemente excitados
(ele com ereção e ela com
lubrificação) e se foram
tomadas medidas anticonceptivas (no caso de não
desejarem filhos) e preventivas (no caso da Aids e
outras doenças), provavelmente não doerá nada ou
muito pouco.
•A menina pode engravidar na
primeira transa?
Pode, se ela estiver no período fértil (dias que antecedem
e sucedem à ovulação) ou
próximo dele (já que os
espermatozóides podem
durar 72 hs na vagi- na). Esse
período acontece independente da menina ser virgem
ou não. Por isso, é importante conversar com o namorado
antes e combinarem o uso de
algum anticoncepcional, de
preferência a camisinha.
•A secreção que sai dopênis
antes da ejaculação contém
espermatozóides ?
Contém. É por isso que o
coito interrompido é
considerado um método
anticoncepcional pouco
eficiente.
• Se um menino gozar nas
pernas da menina ela pode
engravidar?
Pode. O espermatozóide possui
uma espécie de cauda que
possibilita a ele se mover
rapidamente. Assim, se a
ejaculação ocorrer perto da
vagina, alguns espermatozóides
podem percorrê-la, entrar no
útero e fecundar o óvulo.
• Como é que a gente sabe que
ficou grávida?
A menstruação atrasa, a
vontade de fazer xixi
aumenta, os seios ficam
maiores e alguns alimentos e
cheiros dão enjôo. Agora,
certeza mesmo, só com um
exame de laboratório ou com
um exame ginecológico.
• Por que os adolescentes não
pensam na possibilidade da
gravidez?
Quando uma menina e um
menino se envolvem, a transa
não tem nada a ver com
reprodução. O que rola é um
grande tesão e muita paixão.
Quais as opções que tem uma
garota quando descobre que
está grávida?
Legalmente a garota não tem
outra opção a não ser ter o
filho. Na prática, entretanto,
muitas garotas procuram
clínicas clandestinas ou
tomam remédios abortivos
colocando, assim, sua saúde e
sua vida em risco.
• O que é aborto?
Aborto é a interrupção de
uma gravidez e pode ocorrer
de forma espontânea ou
provocada.
• Todo mundo é contra o aborto
no Brasil?
Não. Existem vários grupos
que defendem o direito da
mulher interromper a
gravidez em condições
seguras e higiênicas. Alguns
parlamentares também
apresentaram projetos de lei
pedindo a descriminalização
e a legalização do aborto,
uma vez que esta é uma das
causas do elevado índice de
mortes maternas no Brasil.
• Em quais casos o aborto pode
ser realizado?
No Brasil, a interrupção
voluntária da gravidez é
permitida por lei nos casos de
gravidez resultante de
estupro e quando a mãe
estiver correndo risco de
vida. Por enquanto, este tipo
de atendimento só é feito
pelo Hospital Dr. Arthur
Ribeiro de Saboya em São
Paulo, no bairro Jabaquara.
Tudo começou quando encontrei
um amigo e fiquei sabendo qúe ele tinha
terminado com a namorada.
Pintou um clima e resolvemos ir
para a minha casa (eu morava com
uma amiga).
Eu não estava tomando pílula e não
pedi para ele usar camisinha porque
achei que ali estava a minha chance de
conquistá-lo e que, por este motivo, não
poderia exigir nada, só demonstrar o
amor que eu sentia por ele.
No dia seguinte, ele foi embora mas
ficou de me ligar, o que nunca fez.
Passado um tempo, minha menstruação atrasou.
Fui com uma amiga a uma
ginecologista que confirmou: eu estava
mesmo grávida.
Fiquei desesperada, fui atrás do Edu
e quando contei, a primeira coisa que ele
perguntou foi: "você tem certeza de que
o filho é meu?"
Comecei a chorar e perguntei como
éque ele tinha coragem de me fazer uma
pergunta dessas. Ele deixou bem claro
que não queria esse filho de jeito
nenhum.
Pensei muito em tudo isso, se queria
ou não levar adiante esta gravidez, se
teria forças para enfrentar a minha
família e acabei concluindo que eu não
seguraria essa barra.
Resolvi fazer um aborto e daí outras
decisões me aguardavam. Tomar
remédios abortivos nem pensar, eu tinha
muito medo. Dinheiro para fazer um
aborto numa clínica decente eu também
não tinha, meu salário mal dava para
pagar aluguel e comida.
Acabei decidindo que não devia
correr riscos e que a melhor coisa que eu
CO/
ECOS é uma organização
nao governamental, apoiada
pela Fundação MacArthur,
que realiza estudos, desenvolve recursos humanos e
produz material impresso e
audiovisual nos assuntos
relacionados à Sexualidade,
Reprodução Humana e
Relações de Gênero.
podia fazer era um aborto numa clínica
boa.
Vendi meu aparelho de som, pedi
dinheiro emprestado, marquei uma
consulta com o médico efiz o aborto.
Senti depois uma enorme solidão.
Optar por um aborto foi uma decisão
dificíl e sem ter ao menos a solidariedade do Edu foi pior ainda. Também
não foi fácil conviver com o medo de ir
para a cadeia, já que estava fazendo
uma coisa ilegal.
Hoje, dois anos depois, me preocupa
a hipocrisia deste país que condena as
mulheres que praticam o aborto, mas
que, ao mesmo tempo, não dá aos
jovens acesso a informação, a um
serviço público que os atenda e, muito
menos, aos métodos anticoncepcionais.
M.C., 23 anos.
Eu tinha 18 anos e achava que o
mundo me reservava grandes aventuras
e conquistas.
Namorava com a Karina, gostava
dela mas não passava pela minha
cabeça assumir nenhum tipo de
compromisso sério. A gente ainda era
muito novo, tinha uma vida inteira pela
frente.
Até que um dia, a Karina ficou
grávida. Minha primeira reação foi virar
bicho. Quanto mais ela chorava, mais
raiva me dava e mais besteira eu falava:
"você fez isso de propósito, você quer
destruir a minha vida etc e taF. Saí da
casa dela batendo a porta e não disse
nada disso para ninguém.
Depois de alguns dias, a mãe de
Karina veio me procurar. Ela tinha os
olhos vermelhos, mas com toda a calma
Equipe Responsável
Cecília Simonetti
Margareth Arilha
Osmar Leite
Silvani Arruda
Sylvia Cavasin
Vera Simonetti
Boletim Transa Legal
C ((ordenação
Silvani Arruda
Diagramação e Ilustração
Racy
do mundo me falou que tínhamos que
tomar uma decisão sobre o que fazer e
que a responsabilidade era minha
também. Novamente dei baixaria, falei
que não tinha nada com isso e que só
assumiria ofilho se ela me trouxesse um
teste que provasse que eu era mesmo o
pai
Fui para o meu quarto, chorei,
esmurrei a cama, gritei e quando
consegui me acalmar percebi que eu não
estava sendo legal. Afinal, nunca me dei
ao trabalho de perguntar se a Karina
estava ou não usando algum
anticoncepcional. Eu achava que isso
era problema dela e que se a gente
falasse sobre isso ia acabar com toda a
espontaneidade da transa.
Para encurtar a história: eu e a
Karina casamos e fomos morar com a
minha mãe. Continuo no meu emprego
de office-boy só que em período integral
e passei a estudar à noite. A Karina
deixou os estudos e fica em casa
cuidando do bebê.
A minha vida mudou muito mas,
apesar de não estar preparado para ser
pai aos 19 anos, acho o Carlinhos o
maior barato.
Rui, 19 anos
ítsmfo
Composição
Nelson Francisco Brandão
Logotipo
Marcus Tadeu Ribeiro/
Três Laranjas Comunicação
Impressão
TecArt
Apoio
Ministério da Saúde - Brasil
Programa Nacional de
Controle das DST e Aids
Projeto de Controle das
DST e AIDS
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