Papinho Seguro Voltamos! E, desta vez, com a colaboração de 3 jovens amigos: o Alê, a Iara e o Caio. Quem disse que jovem não pode ser amigo de pessoas com mais de 30 anos? Pois é, nos relatos da Iara e do Alê percebi coisas muito importantes: que, no que diz respeito às primeiras experiências, não mudou muito do meu tempo para agora. Só os nomes. Por exemplo, agora se fala em "ficar", antes se falava em "sentar junto no cinema". O que fazer com a língua na hora de beijar, também é problema antigo. Agora, o que mudou mesmo, é que a moçada de hoje é bem mais informada e conversa mais sobre sexo. Não podia ser diferente, né? Afinal, a Aids está aí e a gente precisa se cuidar. E por falar em Aids, o Caio escreveu um artigo muito legal abordando justamente a necessidade de se usar a camisinha, em todas as relações sexuais. Vale a pena ler. Você já fez uma lista dos nomes dados aos genitais masculino e feminino? Só com nome de animais, legumes e objetos tem um monte. Quer ver? A brincadeira consiste em: a partir da figura do menino e da menina, fazer um risco até o bicho, legume ou objeto correspondente: CPZZfi P/A/Tt? fmqvri* C9Q ityw ?6*£KíCf nwdíoM íIéC mm mp Sinos tocando, som de violinos, o corpo se arrepiando e as pernas amolecendo... Será que tudo isso acontece no primeiro beijo? Veja, por exemplo, o que o Alê e a Iara têm a dizer. Pô! Não foi fácil... não foi mesmo. Eu tinha 14 anos e era muito tímido com as meninas. Tão tímido que ainda não tinha ficado com nenhuma. Como eu viajava muito com minha mãe (meus pais são separados) para Poços de Caldas, inventava para meus amigos que tinha uma namorada lá, que a gente dava altos malhos, que coloquei a mão nos peitos dela. Essas coisas. Só que a verdade verdadeira é que eu imaginava tudo isso, até o nome da garota: Fabiana. Uma loirinha gostosa, de cabelos compridos e de olhos azuis. Aí um dia não deu mais. Eu e toda a turma da escola fomos dançar e tinha uma garota da minha classe chamada Alice que me dava a maior bola. Uma hora eu e a Alice estávamos conversando e quando olhei prós lados vi que todos os meus amigos já tinham se arranjado. Tomei coragem. Coloquei a minha mão no ombro dela. Aí, eu a abracei e ela não reclamou. Beijei-a no rosto, no nariz, no pescoço e ela parecia estar gostando. Até aí tudo bem, mas achei que já estava na hora de dar um beijo daqueles, de língua. Só que a múmia aqui não sabia e como eu tinha inventado aquelas histórias com a Fabiana como é que podia perguntar para alguém o que devia fazer? Adiei o quanto deu. Na hora que fomos para casa, estavam todos de casalzinho. A gente tinha combinado de levar as minas em casa e quando uma chegava os caras davam um beijo de despedida. Quando chegou a minha vez sabia que todos estavam olhando e o jeito foi improvisar: coloquei a minha boca em cima da dela e dei a maior chupada. A língua da Alice entrou com tudo nc minha boca. Ela deu um gritinho e percebi que doeu. Mas, o que me preocupava mesmo era não ficar mal com a turma. No dia seguinte, acordei super bem. Pelo menos de boca eu não era mais virgem. Só que, na escola, me deu o maior medão. E se a Alice contasse para as outras que eu não sabia beijar? Nunca mais tive coragem de olhar para a cara dela. Umas semanas mais tarde fiquei sabendo que ela comentou cóm uma amiga que eu era muito arrogante, tinha ficado com ela um dia e agora nem cumprimentar eu cumprimentava. No fundo, não era nada disso... Alê, 16 anos Muitas amigas minhas contavam histórias sobre seus namorados, sobre os garotos que elas haviam ficado etc. Eu ouvia de tudo: brigas, confusões, aventuras... e beijos. "Ah! aquele aparelho dele é que atrapalha." "Ele beija limito melado!" "Quando o beijei, ele estava com gosto de melancia na boca." E vários comentários desse tipo. Eu, como nunca tinha beijado ninguém, ficava imaginando como seria um beijo. Ficava sonhando e nestes sonhos imaginava beijos nas mais diferentes situações, desde as românticas até os mais apaixonados. Não agüentava mais ouvir as histórias das minhas amigas, principalmente quando elas falavam que era muito bom. Afinal, eu já tinha 14 anos e não havia beijado ninguém. O fato da idade não me incomodava, o que eu queria mesmo saber era que sensação dava. Um dia, um garoto da turma falou que ia comigo até a minha casa. Eu não sabia o que fazer pois nunca tinha ■passado por esta situação, por isso fiquei parada e calada. Daí, ele tentou me beijar várias vezes e não deixei. Acabou não acontecendo nada. Tive medo, não sei do quê, mas tive. E outra coisa que fez não acontecer foi que o cara era um tremendo de um babaca. Agora, meu primeiro beijo mesmo, foi assim: o cara chegou, conversou comigo e eu gostei dele e ele de mim. Também tentou me beijar e não deixei. Quando estava indo embora, ele veio atrás de mim. Parei e continuamos a conversar. De repente foi. Ele me beijou e eu arregalei os olhos, mas fui na dele. Fiquei sem reação, falei tchau e fui embora sem olhar para trás, com os olhos ainda arregalados e pensando sobre o beijo. "Então isso é o beijo? Que coisa mais estranha." Eu não havia gostado. Depois disso nunca mais falei com o cara, e nem tinha coragem. Confesso que na hora não sabia onde pôr a língua e não era nada do que havia imaginado. Eu sonhava com um primeiro beijo daqueles bem dados, como nos filmes. Agora, com certeza, o segundo beijo foi deliciosamente melhor, mas isso é uma outra história... Iara, 15 anos Será que os meninos e as meninas vivenciam o primeiro beijo da mesma maneira? Se você já beijou, como foi essa sua primeira experiência? Se não, como você gostaria que fosse? omHotmwiCMMI Garotas lindas, corpo perfeito, cabelos compridos, lisos e sedosos ... Garotos lindos, bronzeados, altos, fortes, musculosos, dentes perfeitos ... É assim que você queria ser? Pois você não é o único. Vivemos numa década em que os meios de comunicação nos massacram com modelos de beleza, de charme e de sucesso. E, muitas vezes, principalmente quando estamos de baixo astral, caímos feito patos e patas nesta história. A gente acorda, se olha no espelho e fica sonhando com um transplante de corpo. Afinal, com o que a gente tem não vai dar para ser feliz ... Todos são tão mais lindos do que a gente! Sai dessa! Até os modelos e as modelos têm defeitos. Muita gente nem sabe que estes profissionais, antes de fazerem uma foto, se maquiam para disfarçar espinhas e afinar o nariz, passam produtos no cabelo para ficarem lisos e brilhantes e que, depois de feitas, as fotos são retocadas para se tirar verrugas, pintas e marcas de celulite. Resumindo, estes homens e mulheres deslumbrantes são de papel. Os reais têm defeitos como todo mundo. O que a gente pode aprender com eles e elas é a se cuidar com mais amor e a valorizar os pontos fortes que todo mundo tem. Bicas • Você não é o Frankstein, isto é, não é feito ou feita de um monte de pedaços, seu corpo é um conjunto. Procure se ver como um todo. • Ficar se comparando com os outros e as outras não vai te levar a lugar nenhum. Você é um ser único. • Não se desespere lá pelos 13/14 anos se o seu corpo ou parte dele é menor ou maior que.o de seus colegas ou de suas colegas. Os jovens têm um ritmo de crescimento diferente, uns crescem mais rápido e outros menos. • Se você acha que está com uns quilinhos a mais e isso te leva ao desespero, procure cuidar melhor da sua alimentação. • Frutas e legumes são infinitamente mais nutritivos e menos engordativos que massas e refrigerantes. Mas, não entre nessa de regimes radicais, isso faz mal. Vá devagar. • Se, pelo contrário, você acha que . está tão magro que se confunde com um cotonete, tenha paciência, adolescentes crescem primeiro na altura e os músculos aparecem depois. • Ficar esperando que aconteça uma mágica qualquer e que, sem esforço algum, você se transforme numa Madonna ou num Schwazenneger, é piração. Se eles têm esse corpo hoje é porque vêm malhando há muitos anos. Por isso lembre-se: - fazer um pouco de ginástica, praticar esportes ou simplesmente andar, nunca fizeram mal a ninguém. • Seios grandes ou pequenos? Tamanho ideal do pênis? Tamanho de clitóris? Cada pessoa é de um jeito e suas preferências também são diferentes. Não existe um padrão único e perfeito do corpo. Nada disso interfere no amor das pessoas nem no prazer sexual. Portanto, desencane da idéia de que tamanho de pênis ou de seios interferem na habilidade de dar e de receber prazer. • Não adianta nada ficar culpando o seu corpo pela sua infelicidade. Reaja. Não há amor ou amizade que se sustente só na base da beleza. É preciso ter um bom papo, ser bem informado(a). E isso a gente consegue lendo e conversando. Ninguém nasce sabendo. Meninas, vocês sabiam que... 1 No começo do século, as mulheres consideradas bonitas eram as gordinhas; Nos anos 50, as mulheres bonitas tinham que ter 60 cm de cintura e 90 cm de busto e de quadril.^ Nos anos 60, o padrão de beleza feminina era ser esquelética/7 Nos anos 80, a mulher para ser bonita tinha que ser musculosa como a Madonna/' Nos anos 90, acabou essa ditadura e ser bonita é mais uma questão de se gostar do que de estética? Meninos, vocês sabiam que... J O tempo dos machões acabou. As meninas agora preferem caras sensíveis que sabem ouvir e que respeitam a opinião delas? O tempo em que o homem arcava com todas as despesas foi para o espaço. Agora o quente é: ou se divide as contas ou banca quem tiver dinheiro? Esse negócio de mentir sobre as experiências sexuais que já teve não está com nadai Tanto o menino quanto a menina podem tomar a iniciativa de ficar ou namorar sem ser tachado disso ou daquilo? Anticoncepção é responsabilidade tanto das meninas quanto dos 7 meninos; Que é preciso planejar a transa, conversar sobre isso com a garota e levar sempre umas camisinhas na carteira? Puxar papo sobre camisinha é uma boa, mas usar camisinha em todas as relações sexuais é melhor ainda? Vocês já devem ter ouvido falar que transar com camisinha é o mesmo que chupar bala com papel, ou tomar banho com capa de chuva, não é ? As vezes, esse papo rola quando a pessoa tem vergonha de pedir para usar camisinha, ou insegurança, falta de conhecimento, medo de achar que ele/ela não goste mais de você ou que vá desconfiar do seu passado. Muitos adolescentes aprenderam coisas sobre sexo na base da tentativa e erro mas, hoje em dia, o erro pode ter como conseqüência a Aids. Assim, não se deixe levar por aqueles argumentos babacas. Nós adolescentes sabemos que é difícil levar a sério certos conselhos de adultos. Mas, vai por mim, no caso da Aids os riscos são reais e é preciso tomar algumas decisões importantes quando pintar o sexo na sua vida. Então, se liga nestas dicas: j^ tanto os garotos quanto as garotas podem ser infectados por suas namoradas e namorados, e a camisinha protege ambos; ^ que tal transar livre do medo de engravidar ou pegar alguma doença sexualmente transmissível (DST) e a Aids? A camisinha ajuda esse medo a desaparecer e a transa rola leve e solta; ^ a camisinha é vendida em qualquer farmácia ou supermercado, e ninguém pergunta pra quem é. Ela é cara? Que tal dividir o gasto com quem você vai transar? ft pintou o medo de não saber colocar a camisinha? Que tal um pouco de sinceridade? Diga que está nervoso cor ECOS é uma organização nâo governamental, apoiada pela Fundação MacArthur, que realiza estudos, desenvolve recursos humanos e produz material impresso e audiovisual nos assuntos relacionados à Sexualidade, Reprodução Humana e Relações de Gênero. e embaraçado e que não tem nenhuma experiência. É duro admitir isso, mas é melhor morrer de vergonha do que correr os riscos do sexo desprotegido; içt com essa idade você acha que muitos garotos e muitas garotas podem falar que têm grande experiência? Então comece a falar sobre camisinha - é útil e com a prática vai se tornando cada vez mais fácil; Msrosm » sabendo usar corretamente a camisinha, imagine novas maneiras de incorporá-la na sua vida amorosa; Meninas: não se deixem convencer que transar sem camisinha é "uma prova de amor". Por mais que o garoto diga que não a amará mais e que vai procurar outra, não caia nessa armadilha. E se o cara insistir naqueles argumentos tipo chupar bala com papel dê apenas estas duas alternativas: ( ) sexo com camisinha ( ) nada de sexo Que alternativa você acha que o cara vai escolher? Agora, cara, mesmo que você continue achando que usar camisinha é o mesmo que chupar bala com papel, não abra mão dela. Pior é não chupar bala nenhuma. m^nir tOl» Caio, 19 anos Equipe Responsável Cecília Simonetti Margareth Arilha Osmar Leite Silvani Arruda Sylvia Cavasin Vera Simonetti Boletim Transa Legal Coordenação Silvani Arruda Diagramação e Ilustração Racy Composição Nelson Francisco Brandão Logotipo Marcus Tadeu Ribeiro/ Três Laranjas Comunicação Impressão TecArt Apoio Ministério da Saúde - Brasil Programa Nacional de Controle das DST e Aids Projeto de Controle das DST e AIDS Pedidos pelo Reembolso Postal CO/ Rua dos Tupinambás, 239 04104-080 - SSo Paulo - SP Tel: (011) 5727359 Fax:(011)5738340 As informações deste boletim podem ser reproduzidas total ou parcialmente. Pede-se, contudo, a citação da fonte. *["*) m fti 4 Boletim da Ecos para adolescentes Papinho sério Outro dia, durante um papo com garotos sobre sexualidade, um assunto que me chamou bastante a atenção foi a gravidez. A discussão era: quem tem que pensar na anticonoepção? Abaixo você vai encontrar várias afirmações, algumas corretas e outras completamente erradas. Coloque um X na coluna correspondente a Verdade e Mentira. As respostas corretas estão na página 4. — As meninas, respondeu a maioria. VERDADE Alguns deles sequer conheciam os métodos anticoncepcionais, achavam que não tinham nada a ver com isso e que não iriam perder tempo se informando sobre eles, já que a responsabilidade era das garotas. Transar em pé não engnjvi^la Fiquei meio assustada. Afinal, para se ter uma transa, não é preciso duas pessoas? Então, por que só uma delas tem que pensar em contracepção? E se rolar uma gravidez, o que fazer? A mulher não engravida -na primeira vez c|ue transa. — Um aborto, responderam alguns. —Gente! Se fala muito em aborto como se fosse a coisa mais fácil e tranqüila de se fazer! Não é nada disso. No Brasil o aborto é proibido por lei e só é possível fazê-lo em duas situações: gravidez resultante de estupro e risco de vida para a mãe. No final da discussão, concluímos que a moçada tem que ficar esperta e usar a cabeça. Amar é uma delícia, mas só o amor não evita gravidez nem previne de doenças sexualmente transmissíveis e Aids. Por isso, é preciso tomar algumas decisões e precauções antes da transa. E só dá para se fazer isso conversando com o namorado ou com a namorada. Um grande beijo. Sil g> MENIUU A responsabilidade quanto à contracepção é tanto do homem quanto da mulher. <3K Se o cara ejacular nas coxas da menina, ela não fica grávida. A menina só engravida se tiver orgasmo. <SJ A camisinha é um método anticoncepcional que também é eficaz na prevenção de DST/Aids. Todo homem sabe perfeitamente como usar camisinha. <2 Os meninos e as meninas deveriam conversar a respeito do uso de anticoncepcionais antes da transa. Propor o uso da camisinha é uma atitude que pode partir tanto do homem quanto da mulher, fMM> A interrupção da gravidez só é permitida pela lei brasileira em casos de estupro e de perigo de vida para a mãe. A Primeira Vez 1 Afinal, como é a primeira vez dos meninos e das meninas ? E igual para todo mundo? Separa ficar numa boa, tranqüila, só depende de uma camisinha, então por que não usar? Paula, 18 anos. Minha primeira vez foi assim: eueo Bruno fomos para uma cachoeira e ficamos nos acariciando até que uma hora não deu mais para agüentar. A gente tirou a roupa e aí eu falei: — Bruno, queria te falar uma coisa. — O que? —É a minha primeira vez, tenho medo de doer. —Não se preocupe. Vou ser muito carinhoso. Até aí, tudo bem, mas outra coisa martelava na minha cabeça: Aids, Aids, Aids... Tentei falar de novo entre um beijo e outro: —Tem outra coisa... —Relaxe, quero que seja lindo para você. Não se preocupe com nada e confie em mim. Acheique isso significava que ele iria colocar a camisinha. Deixei rolar, mesmo não me certificando se ele tinha colocado ou não o preservativo. Foi gostoso, só não foi melhor porque estava muito nervosa. No final, ainda abraçados, arrisquei dar uma olhada no pênis dele e nada de camisinha. Fiquei aflita e comecei a chorar. —E se eu ficar grávida? —Não se preocupe, você acabou de ficar menstruada! —Tabelinha falha, você não sabia? E tem outra, e a Aids? —Eu não tenho Aids. Não transo com prostituta, não uso drogas e também não sou gay. —Mas pensei que você estivesse usando camisinha... «P ^J Quando fui para casa parecia um fantasma. Não deu nem para curtir a minha primeira vez, eu precisava conversar com alguém mais experiente. Liguei para uma tia legal que veio correndo. Contei tudo o que aconteceu e ela me escutou. Disse que eu precisava me acalmar e que juntas pensaríamos no que fazer. Nós duas, mais o Bruno, concluímos que eu deveria procurar um ginecologista já que havia iniciado minha vida sexual. O Bruno foi comigo e isso foi muito legal. O que sei é que aprendi muito com essa experiência: que a gente tem que se cuidar, que tem coisa que não dá para arriscar e que nunca mais quero passar por essa situação. Eu tive duas primeiras vezes. A primeira foi com uma menina I mais velha, que já tinha experiência. Não sei descrever direito por que estávamos eu e a Isabel sozinhos na casa dela bebendo um vinho. Daí aconteceu. Lembro que o meu maior medo era de brochar, o que não ocorreu, mas sei que gozei rápido demais. Agora, a segunda vez foi demais. Foi com a Silvia, uma menina que eu gostava. A gente já tinha namorado antes, e só tínhamos terminado porque a família dela mudou para o interior. Quando ela voltou, descobrimos que a gente ainda se curtia e um dia... Para mim foi perfeito, além do prazer da transa ainda rolou muito carinho, muita intimidade e muita vontade de ficar junto. Um detalhe: não usei camisinha em nenhuma dessas vezes. Eu falava que a camisinha tirava o prazer, que não dava tesão e que não ia usar de jeito nenhum. Soque eu nunca tinha usado camisinha. Na verdade repetia as frases que ouvia dos outros. Quando usei camisinha pela primeira vez não achei nada dessas coisas, para mim foi igual sem. Aliás, melhor, porque não tinha que ficar preocupado com nada além da transa. Daí em diante, tenho sempre uma na carteira. Tadeu, 19 anos. O que aconteceu de igual e de diferente na primeira vez de Paula e de Tadeu? Como fazer para combinar o uso da camisinha já na primeira vez da menina e do menino? • Qual a idade normal para se começar a transar? Não existe uma idade considerada normal ou ideal para transar. As pessoas devem iniciar sua vida sexual quando desejarem e se sentirem preparadas para tal e, jamais, por pressão do(a) parceiro(a) ou do grupo de amigos(as). •Dói ou machuca na primeira vez? Depende. Se os dois estão a fim de iniciar sua vida sexual, se existe confiança no afeto de um pelo outro, se estão suficientemente excitados (ele com ereção e ela com lubrificação) e se foram tomadas medidas anticonceptivas (no caso de não desejarem filhos) e preventivas (no caso da Aids e outras doenças), provavelmente não doerá nada ou muito pouco. •A menina pode engravidar na primeira transa? Pode, se ela estiver no período fértil (dias que antecedem e sucedem à ovulação) ou próximo dele (já que os espermatozóides podem durar 72 hs na vagi- na). Esse período acontece independente da menina ser virgem ou não. Por isso, é importante conversar com o namorado antes e combinarem o uso de algum anticoncepcional, de preferência a camisinha. •A secreção que sai dopênis antes da ejaculação contém espermatozóides ? Contém. É por isso que o coito interrompido é considerado um método anticoncepcional pouco eficiente. • Se um menino gozar nas pernas da menina ela pode engravidar? Pode. O espermatozóide possui uma espécie de cauda que possibilita a ele se mover rapidamente. Assim, se a ejaculação ocorrer perto da vagina, alguns espermatozóides podem percorrê-la, entrar no útero e fecundar o óvulo. • Como é que a gente sabe que ficou grávida? A menstruação atrasa, a vontade de fazer xixi aumenta, os seios ficam maiores e alguns alimentos e cheiros dão enjôo. Agora, certeza mesmo, só com um exame de laboratório ou com um exame ginecológico. • Por que os adolescentes não pensam na possibilidade da gravidez? Quando uma menina e um menino se envolvem, a transa não tem nada a ver com reprodução. O que rola é um grande tesão e muita paixão. Quais as opções que tem uma garota quando descobre que está grávida? Legalmente a garota não tem outra opção a não ser ter o filho. Na prática, entretanto, muitas garotas procuram clínicas clandestinas ou tomam remédios abortivos colocando, assim, sua saúde e sua vida em risco. • O que é aborto? Aborto é a interrupção de uma gravidez e pode ocorrer de forma espontânea ou provocada. • Todo mundo é contra o aborto no Brasil? Não. Existem vários grupos que defendem o direito da mulher interromper a gravidez em condições seguras e higiênicas. Alguns parlamentares também apresentaram projetos de lei pedindo a descriminalização e a legalização do aborto, uma vez que esta é uma das causas do elevado índice de mortes maternas no Brasil. • Em quais casos o aborto pode ser realizado? No Brasil, a interrupção voluntária da gravidez é permitida por lei nos casos de gravidez resultante de estupro e quando a mãe estiver correndo risco de vida. Por enquanto, este tipo de atendimento só é feito pelo Hospital Dr. Arthur Ribeiro de Saboya em São Paulo, no bairro Jabaquara. Tudo começou quando encontrei um amigo e fiquei sabendo qúe ele tinha terminado com a namorada. Pintou um clima e resolvemos ir para a minha casa (eu morava com uma amiga). Eu não estava tomando pílula e não pedi para ele usar camisinha porque achei que ali estava a minha chance de conquistá-lo e que, por este motivo, não poderia exigir nada, só demonstrar o amor que eu sentia por ele. No dia seguinte, ele foi embora mas ficou de me ligar, o que nunca fez. Passado um tempo, minha menstruação atrasou. Fui com uma amiga a uma ginecologista que confirmou: eu estava mesmo grávida. Fiquei desesperada, fui atrás do Edu e quando contei, a primeira coisa que ele perguntou foi: "você tem certeza de que o filho é meu?" Comecei a chorar e perguntei como éque ele tinha coragem de me fazer uma pergunta dessas. Ele deixou bem claro que não queria esse filho de jeito nenhum. Pensei muito em tudo isso, se queria ou não levar adiante esta gravidez, se teria forças para enfrentar a minha família e acabei concluindo que eu não seguraria essa barra. Resolvi fazer um aborto e daí outras decisões me aguardavam. Tomar remédios abortivos nem pensar, eu tinha muito medo. Dinheiro para fazer um aborto numa clínica decente eu também não tinha, meu salário mal dava para pagar aluguel e comida. Acabei decidindo que não devia correr riscos e que a melhor coisa que eu CO/ ECOS é uma organização nao governamental, apoiada pela Fundação MacArthur, que realiza estudos, desenvolve recursos humanos e produz material impresso e audiovisual nos assuntos relacionados à Sexualidade, Reprodução Humana e Relações de Gênero. podia fazer era um aborto numa clínica boa. Vendi meu aparelho de som, pedi dinheiro emprestado, marquei uma consulta com o médico efiz o aborto. Senti depois uma enorme solidão. Optar por um aborto foi uma decisão dificíl e sem ter ao menos a solidariedade do Edu foi pior ainda. Também não foi fácil conviver com o medo de ir para a cadeia, já que estava fazendo uma coisa ilegal. Hoje, dois anos depois, me preocupa a hipocrisia deste país que condena as mulheres que praticam o aborto, mas que, ao mesmo tempo, não dá aos jovens acesso a informação, a um serviço público que os atenda e, muito menos, aos métodos anticoncepcionais. M.C., 23 anos. Eu tinha 18 anos e achava que o mundo me reservava grandes aventuras e conquistas. Namorava com a Karina, gostava dela mas não passava pela minha cabeça assumir nenhum tipo de compromisso sério. A gente ainda era muito novo, tinha uma vida inteira pela frente. Até que um dia, a Karina ficou grávida. Minha primeira reação foi virar bicho. Quanto mais ela chorava, mais raiva me dava e mais besteira eu falava: "você fez isso de propósito, você quer destruir a minha vida etc e taF. Saí da casa dela batendo a porta e não disse nada disso para ninguém. Depois de alguns dias, a mãe de Karina veio me procurar. Ela tinha os olhos vermelhos, mas com toda a calma Equipe Responsável Cecília Simonetti Margareth Arilha Osmar Leite Silvani Arruda Sylvia Cavasin Vera Simonetti Boletim Transa Legal C ((ordenação Silvani Arruda Diagramação e Ilustração Racy do mundo me falou que tínhamos que tomar uma decisão sobre o que fazer e que a responsabilidade era minha também. Novamente dei baixaria, falei que não tinha nada com isso e que só assumiria ofilho se ela me trouxesse um teste que provasse que eu era mesmo o pai Fui para o meu quarto, chorei, esmurrei a cama, gritei e quando consegui me acalmar percebi que eu não estava sendo legal. Afinal, nunca me dei ao trabalho de perguntar se a Karina estava ou não usando algum anticoncepcional. Eu achava que isso era problema dela e que se a gente falasse sobre isso ia acabar com toda a espontaneidade da transa. Para encurtar a história: eu e a Karina casamos e fomos morar com a minha mãe. Continuo no meu emprego de office-boy só que em período integral e passei a estudar à noite. A Karina deixou os estudos e fica em casa cuidando do bebê. A minha vida mudou muito mas, apesar de não estar preparado para ser pai aos 19 anos, acho o Carlinhos o maior barato. Rui, 19 anos ítsmfo Composição Nelson Francisco Brandão Logotipo Marcus Tadeu Ribeiro/ Três Laranjas Comunicação Impressão TecArt Apoio Ministério da Saúde - Brasil Programa Nacional de Controle das DST e Aids Projeto de Controle das DST e AIDS v M x J* __ * . • _* X X —■ I^Tiõr^ ■ — X .i— — I 3LZ Pedidos pelo Reembolso Postal CO/ Rua dos Tupinambás, 239 04104-080-São Paulo-SP Tel: (011)5727359 Fax:(011)5738340 As informações deste boletim podem ser reproduzidas total ou parcialmente. Pede-se, contudo, a citação da fonte.