Qual o papel dos pesticidas na carcinogênese?

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Qual o papel dos
pesticidas na
carcinogênese?
Tatiana de Almeida Simão
Programa de Carcinogênese Molecular/CPQ/INCA
Laboratório de Toxicologia e Biologia Molecular/DBq/IBRAG/UERJ
p
Etapas envolvidas em estudos
de carcinogênese:
Estudos epidemiológicos
Identificação dos principais carcinógenos
Estudos de carcinogênese experimental
Estudos de genotoxicidade
Estudos de metabolismo do carcinógeno
Estudos das alterações no DNA e seu reparo
Estudos de genes alterados e perfil mutacional
Estudos em cultura de célula humana
Análise de tumores humanos
a
O que causa câncer?
d
O que causa câncer?
(Adaptado de Doll & Peto, 1981)
Carcinogênese
Absorção
Xenobióticos
Pré-carcinógenos
Ativação Metabólica
• Compostos que formam espécies reativas ,
eletrófilicas ou radioativas livres capazes de ligar
covalentemente a sítios nucleofílicos presentes
nas macromoléculas
Carcinógenos
• Dano ao Material Genético:
a) Ligação covalente ao DNA
b) Alteração da expressão de genes
c) Interferência com o aparelho mitótico
• Ativação de oncogenes
• Inativação de genes supressores de tumor
1º evento Genético
Iniciação
• Fixação do dano genotóxico
• Expansão da célula iniciada
• Reversibilidade
Proliferação Celular
Promoção
• Outras alterações do genótipo
• Expansão clonal predominante de células com
maiores vantagens fenotípicas para o
crescimento
• transição da benignidade para malignidade
•Irreversibilidade
Instabilidade
Fenotípica e
proliferação celular
Progressão
(Adaptado de Gomes-Carneiro et al., 1997)
Absorção
Xenobióticos
Pré-carcinógenos
Ativação Metabólica
• Compostos que formam espécies reativas ,
eletrófilicas ou radioativas livres capazes de ligar
covalentemente a sítios nucleofílicos presentes
nas macromoléculas
Carcinógenos
1º evento Genético
Iniciação
• Fixação do dano genotóxico
• Expansão da célula iniciada
• Reversibilidade
Proliferação Celular
Promoção
• Outras alterações do genótipo
• Expansão clonal predominante de células com
maiores vantagens fenotípicas para o
crescimento
• transição da benignidade para malignidade
•Irreversibilidade
Instabilidade
Fenotípica e
proliferação celular
Progressão
evento
desencadeador
• Dano ao Material Genético:
a) Ligação covalente ao DNA
b) Alteração da expressão de genes
c) Interferência com o aparelho mitótico
• Ativação de oncogenes
• Inativação de genes supressores de tumor
(Adaptado de Gomes-Carneiro et al., 1997)
ao
Absorção
Xenobióticos
Pré-carcinógenos
Ativação Metabólica
Carcinógenos
1º evento Genético
• Fixação do dano genotóxico
• Expansão da célula iniciada
• Reversibilidade
Proliferação Celular
• Outras alterações do genótipo
• Expansão clonal predominante de células com
maiores vantagens fenotípicas para o
crescimento
• transição da benignidade para malignidade
•Irreversibilidade
Instabilidade
Fenotípica e
proliferação celular
Iniciação
Promoção
Carcinógeno
não-genotóxico
• Dano ao Material Genético:
a) Ligação covalente ao DNA
b) Alteração da expressão de genes
c) Interferência com o aparelho mitótico
• Ativação de oncogenes
• Inativação de genes supressores de tumor
Alterações na
expresão genica
• Compostos que formam espécies reativas ,
eletrófilicas ou radioativas livres capazes de ligar
covalentemente a sítios nucleofílicos presentes
nas macromoléculas
Progressão
(Adaptado de Gomes-Carneiro et al., 1997)
Absorção
Xenobióticos
Pré-carcinógenos
Ativação Metabólica
• Compostos que formam espécies reativas ,
eletrófilicas ou radioativas livres capazes de ligar
covalentemente a sítios nucleofílicos presentes
nas macromoléculas
Carcinógenos
• Dano ao Material Genético:
a) Ligação covalente ao DNA
b) Alteração da expressão de genes
c) Interferência com o aparelho mitótico
• Ativação de oncogenes
• Inativação de genes supressores de tumor
1º evento Genético
Iniciação
• Fixação do dano genotóxico
• Expansão da célula iniciada
• Reversibilidade
Proliferação Celular
Promoção
• Outras alterações do genótipo
• Expansão clonal predominante de células com
maiores vantagens fenotípicas para o crescimento
• transição da benignidade para malignidade
•Irreversibilidade
Instabilidade
Fenotípica e
proliferação celular
Progressão
(Adaptado de Gomes-Carneiro et al., 1997)
Mecanismo de Carcinogênese
(1º passo)
>ria carcinógenos
genotóxicos
CYP
Pré-cancerígeno
GST
Inócuo
Cancerígeno
- Estavéis em pH fisiológico
Excreção
- Eletrofílicos
(adutos)
- Hidrossolúveis
característica comum
dos carcinógenos
genotóxicos ambientais
Reparo do DNA
+
Inócuo
Divisão celular
DNA com mutação
INICIAÇÃO
Mecanismo de Carcinogênese
(1º passo)
CYP
Pré-cancerígeno
GST
Excreção
Inócuo
Cancerígeno
Reparo do DNA
+
Inócuo
Divisão celular
DNA com mutação
INICIAÇÃO
Mecanismo de Carcinogênese
(1º passo)
CYP
Pré-cancerígeno
GST
Excreção
Inócuo
Cancerígeno
Reparo do DNA
+
Inócuo
Divisão celular
MUTAÇÃO ⇒ INICIAÇÃO
PRÉCARCINÓGENO
FASE I
ELETROFÍLICO
FASE II
(GST)
EXCREÇÃO
x
G TG
CAC
REPARO
X-G T G
X-G T G
SEM REPARO
C AC
C AC
DIVISÃO CELULAR
DNA NORMAL
SEM MUTAÇÃO
X-G T G
G TG
A AC
C AC
DIVISÃO CELULAR
T TG
X-G T G
A AC
A AC
MUTAÇÃO
v
Câncer X Fatores Ambientais
(Adaptado de Doll & Peto, 1981)
Câncer X Fatores Ambientais
(Adaptado de Doll & Peto, 1981)
Tabaco
Principal causa de morte evitável em todo o mundo.
Organização Mundial de Saúde
Um terço da população mundial adulta é fumante.
Estima-se que 4,9 milhões de mortes ao ano sejam
provocadas pelo tabaco.
Tabaco
Responsável por:
• 25% das mortes por doença coronariana.
• 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva
crônica.
• 25% das mortes por doença cerebrovascular.
• 30% das mortes por câncer.
• 90% das mortes por câncer de pulmão.
Classe Química
Número de
Compostos
Carcinógenos representativos e
quantidades típicas na fumaça do
cigarro (ng/cigarro)
Hidrocarbonetos
Policíclicos
Aromáticos
14
B[a]P
Dibenz[a,h]antraceno
9
4
Nitrosaminas
8
NNK
NNN
123
179
Aminas
Aromáticas
12
4-aminobifenil
2-naftilamina
1,4
10
Aldeídos
2
Formaldeído
Acetaldeído
16.000
819.000
Fenóis
2
Catecol
68.000
Hidrocarbonetos
Voláteis
3
Benzeno
1,3-butadieno
59.000
52.000
Compostos
Nitrosos
3
Nitrometano
Outros Compostos
Orgânicos
8
Óxido de etileno
Acrilonitrila
Compostos
Inorgânicos
9
Cádmio
Total
61
500
7.000
10.000
132
Adaptado de Hecht, 2003.
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos
Fontes de Exposição:
-Fumaça do tabaco
-Poluição atmosférica
-Alimentos pirolisados
Tumores:
Pulmão
Benzo[a]pireno
Ativação do Benzo[a]pireno
envolve uma série de enzimas que catalisam diversas reações.
epoxidação
hidratação
do epóxido
epoxidação
Resistente a epóxido hidrolase
GST
Conjugação com glutationa
ligação ao DNA
Excreção
ativação de oncogene ou
inativação de gene supressor de tumor
CÂNCER
Benzo[a]pireno
Mutação G
T induzido
por Benzo[a]pireno
G
G
C
A
BP
T
A
Sawan et al., 2008
Padrão de mutação em TP53 específico em
fumantes com câncer de pulmão
G to T
12%
30%
Smokers
Non-Smokers
G:C>T:A
del/ins/complex
A:T>C:G
A:T>G:C
A:T>T:A
G:C>A:T
G:C>A:T at CpG
G:C>C:G
Pfeifer et al., 2002.
Se conhecemos as principais causas que levam ao
aparecimento da maioria dos tumores
Se muitas destas causas são passíveis de prevenção
Por que não foi possível levar à transformação dos
hábitos de vida e consequente redução da incidência
da maioria dos tumores ????
Exemplo típico: Câncer de Pulmão
92% dos pacientes são fumantes
12% dos fumantes desenvolvem
câncer de pulmão
SUSCEPTIBILIDADE GENÉTICA
Esta susceptibilidade ocorre em genes que
interagem com compostos ambientais.
Dentre estes genes, os mais relevantes são
aqueles que participam da ativação de précarcinógenos e/ou da desintoxicação dos
carcinógenos formados.
CYP
Pré-cancerígeno
GST
Excreção
Inócuo
Cancerígeno
Reparo do DNA
Divisão celular
DNA com mutação
INICIAÇÃO
+
Polimorfismos de Enzimas que
Metabolizam Carcinógenos
•
Genes que codificam enzimas de biotransformação
são polimórficos.
•
Polimorfismos podem apresentar alterações:
– Na regulação da transcrição do gene (> ou <).
– Na atividade da enzima.
– Não ter consequência fenotípica.
•
Manifestações
ambiental.
•
Genes de baixa penetrância (baixo risco).
irão
depender
da
exposição
(Adaptado de Nerbert, 1996)
E OS PESTICIDAS????
(Adaptado de Doll & Peto, 1981)
E OS PESTICIDAS????
(Adaptado de Doll & Peto, 1981)
AGENTS CLASSIFIED BY THE IARC MONOGRAPHS, VOLUMES 1–105
Agents (n)
Groups
Group 1
Carcinogenic to humans
108 (ex: Benzo[a]pireno)
Group 2A
Probably carcinogenic to
humans (evidência limitada de
64 (ex: mate-quente)
Group 2B
carcinogênese em humanos e provas
suficientes em animais experimentais)
Possibly carcinogenic to
humans (evidência limitada de
carcinogênese em humanos e pouca
evidencia em animais experimentais.)
272 (ex:acetaldeído)
Not classifiable as to its
carcinogenicity to humans
Group 3
(evidência inadequada em humanos e
inadequada ou limitada em animais
508 (ex: diazepan)
experimentais)
Group 4
Probably not carcinogenic to
humans
1 (Caprolactama)
IARC publica monografias agrupando os fatores ambientais quanto ao risco
de desenvolver câncer .
de
PESTICIDAS E CÂNCER
PESTICIDAS E CÂNCER
*Grupo 2B: possivelmente carcinogênico em
humanos (n=3).
Grupo 3: provavelmente não carcinogênico
para seres humanos (n= 15).
*
*
*
PESTICIDAS E CÂNCER
PESTICIDAS E CÂNCER
+
+Grupo 2A:
carcinogênico
(n=2).
Provavelmente
em humanos
*Grupo
2B:
carcinogênico
(n=5).
possivelmente
em humanos
*
*
*
+
*
Grupo 3: provavelmente não
carcinogênico
para
seres
humanos (n= 10).
*
PESTICIDAS E CÂNCER
The Carcinogenic Potency Database (CPDB)
Lois Swirsky Gold, PhD, Director
http://potency.berkeley.edu/cpdb.html
University of California, Berkeley
A base de dados de potencial carcinogênico (CPDB) é uma fonte dos
resultados de testes de carcinogênese crônicos e a longo prazo em animais
experimentais, incluindo 1547 substâncias diferentes. A CPDB fornece um
acesso simples à literatura de ensaios biológicos, com análises qualitativas e
quantitativas de experimentos, tanto positivos quanto negativos, que foram
publicados nos últimos 50 anos.
publicações sobre este assunto vem aumentando nos últimos anos, entretanto
ainda são necessários muitos estudos para maior compreensão deste tema.
Os pesticidas atuam na iniciação e/ou promoção?
Cipermetrina:
potente inseticida
amplamente
utilizado (> 30% do
uso global). ↓
toxicidade
Uso prolongado e
incontrolado:
toxicidade aguda
e crônica
Incidência de
tumores em
múltiplas doses
> dose única
Carcinógeno
completo em
tumores de pele de
camundongos
suíços albinos
Quais mecanismos? Genéticos e/ou epigenéticos?
Fungicida.
Carcinógeno
multipotente.
Mas qual é o
mecanismo de
ação?
Camundongos
proteômica da
pele: S100A6 e
S100A9
Estudos funcionais: células
HaCaT tratadas com
mancozebe superexpressaram
S100A6 e S100A9
Marcadoras de
diferenciação de
queratinócitos e
proliferação
Análise de possíveis alvos que
regulam essas proteínas:
ERK1/2, COX-2, NFkB =
superexpressão
Mancozebe possui papel
neoplásico em cels HaCaT
com o envolvimento de
S100A6, S100A9 e a via de
transdução de sinal ERK1/2
Quais mecanismos? Genéticos e/ou epigenéticos?
7 organofosforados
Células K562 tratadas e
controle.
Análise de metilação de todo
genoma: ~14.000 genes.
Os pesticidas podem
modificar os níveis de
metilação do DNA, sugerindo
que os mecanismos
epigenéticos contribuem para
carcinonegênese induzida por
pesticida.
Pergunta inicial:
Qual o papel dos
pesticidas na
carcinogênese?
Exposição
ambiental
Susceptibilidade Mutações
Genética
Epigenética
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