UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIAS E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO Lígia Ribeiro Horta de Macedo Efeito da administração de ocitocina intranasal a pacientes com esquizofrenia e voluntários sadios em teste de pareamento de emoções faciais Ribeirão Preto – SP 2012 Lígia Ribeiro Horta de Macedo Efeito da administração de ocitocina intranasal a pacientes com esquizofrenia e voluntários sadios no teste de pareamento de emoções faciais Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção de título de mestre em Ciências Médicas Área de Concentração: Saúde Mental Orientador: Antonio Waldo Zuardi Ribeirão Preto – SP 2012 Ficha catalográfica Serviço de documentação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Macedo, Lígia Ribeiro Horta de Efeito da administração de ocitocina intranasal a pacientes com esquizofrenia e voluntários sadios em teste de pareamento de emoções faciais/ Lígia Ribeiro Horta de Macedo. – Ribeirão Preto- SP, 2012. Dissertação (Mestrado – Programa de pós-graduação em Ciências Médicas. Área de concentração: Saúde Mental) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Orientador: Antonio Waldo Zuardi Descritores: ocitocina, emoções faciais, esquizofrenia FOLHA DE APROVAÇÃO Lígia Ribeiro Horta de Macedo Efeito da administração de ocitocina intranasal a pacientes com esquizofrenia e voluntários sadios em teste de pareamento de emoções faciais Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção de título de Mestrado em Ciências Médicas. Área de Concentração: Saúde Mental Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ______________________ Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: __________________________ Assinatura: ______________________ DEDICATÓRIA Para Marcos, Meu companheiro nestes caminhos AGRADECIMENTOS Ao professor Antonio Waldo Zuardi pela orientação, pela atenção e paciência ao longo desse trabalho. Ao professor Jaime Eduardo Cecílio Hallak pelo acolhimento na pós-graduação, pelo apoio e oportunidades durante todo esse período. Aos pacientes e voluntários que concordaram em participar neste estudo. A Sandra Aparecida Bernardo pela ajuda com a preparação da droga e divisão dos grupos de sujeitos. A Selma Lúcia Rocha Pontes pela ajuda no dia a dia do laboratório. Aos colegas de pós-graduação. RESUMO Introdução: A ocitocina é um peptídeo sintetizado nos núcleos paraventricular (NPV) e supraótico (NSO) do hipotálamo, que possui tanto ações periféricas, no trabalho de parto e amamentação, quanto ações centrais. Entre as ações centrais da ocitocina destacam-se aquelas relacionadas a comportamento social em mamíferos. Pesquisas em humanos sadios mostram que a administração de ocitocina aumentou o desempenho em tarefas de reconhecimento de emoção facial, como medo, raiva alegria e tristeza. A capacidade de reconhecer tais expressões é essencial para as relações sociais e está prejudicada na esquizofrenia. Objetivo: Avaliar efeito de dose única de ocitocina intranasal em teste de pareamento de emoções faciais em portadores de esquizofrenia e em voluntários sadios. Métodos: Foram avaliados 20 pacientes com esquizofrenia e 20 voluntários saudáveis, de modo duplo cego, cruzado, controlado com placebo, que receberam ocitocina e placebo em duas sessões, com intervalo entre elas de 15 dias. Foi usada uma tarefa computadoriza de pareamento de emoções faciais, que tinha como controle pareamento de identidades faciais, de figuras geométricas e de cores. Resultados: Não foram encontradas diferenças no teste de pareamento de emoções faciais entre os sujeitos que receberam ocitocina e os que receberam placebo. Como já descrito, os pacientes com esquizofrenia apresentaram desempenho pior no teste de pareamento quando comprado aos voluntários saudáveis. Conclusões: Embora tenha sido descrito que a ocitocina possa melhorar reconhecimento de emoções faciais, não foi encontrado esse tipo de efeito no presente estudo. Uma das possíveis justificativas para isso seria o tipo de teste utilizado, que não requeria nomeação de emoções, enquanto nos estudos que encontraram melhora do reconhecimento de emoções com uso de ocitocina, sempre existia esse tipo de tarefa. Descritores: Ocitocina, Emoções faciais, esquizofrenia ABSTRACT Introduction: The neuropeptide oxytocin is synthesized in paraventricular and supraoptic nuclei of the hypothalamus, and acts both peripherally and centrally in the nervous system. Humans and animals studies have shown the importance of oxytocin in several aspects of social behaviour. In healthy humans, the oxytocin administration improved the performance in facial emotion recognition tests. The ability in recognizing facial emotion is essential in social environment and is impaired in neuropsychiatric disorders, like schizophrenia. Objective: Evaluate the effects of administration of intranasal oxytocin in a facial emotion matching test in patients with schizophrenia and healthy volunteers. Methods: Twenty patients and 20 healthy volunteers received 48UI oxytocin intranasal and placebo, in two sessions, double-blind, randomly, cross-over. Fifty minutes after receiving the drug, the subjects answered a computadorized facial emotion matching test, and three control tests, matching identities, geometrics figures and colours. (Deixar o método em ingles e português similares) Results: There were no differences in the tests results between the subjects whom received oxytocin or placebo. The patients with schizophrenia showed worse performance in matching facial emotions compared to healthy patients, in agreement with previous studies. Conclusions: Although it has been show that oxytocin can improve facial emotion recognition, this study did not find this results. One possible reason is due to the nature of the task employed. All studies which found improvement with oxytocin administration have made use of some nomination task and all studies, while in this study this kind of test was not used. Keywords: Oxytocin, facial emotion, schizophrenia SUMÁRIO Lista de tabelas Lista de figuras 1. Introdução.........................................................................................................................12 1.1. Ocitocina e comportamento social................................................................................12 1.2. Reconhecimento de faces..............................................................................................15 1.3. Reconhecimento de faces e ocitocina............................................................................19 1.4. Esquizofrenia e reconhecimento de emoções faciais....................................................21 1.5. Ocitocina e esquizofrenia..............................................................................................27 2. Objetivo..............................................................................................................................29 3. Materiais e Métodos..........................................................................................................30 3.1. Sujeitos..........................................................................................................................30 3.1.1 Critérios de inclusão......................................................................................................30 3.2. Droga.............................................................................................................................31 3.3. Instrumentos de avaliação.............................................................................................31 3.3.1 Escalas............................................................................................................................31 3.3.2 Tarefas computadorizadas..............................................................................................32 4. Procedimento.....................................................................................................................39 5. Análise estatística..............................................................................................................41 6. Resultados..........................................................................................................................43 6.1. Dados demográficos...........................................................................................................43 6.2. Dados clínicos....................................................................................................................44 6.3. Escalas................................................................................................................................46 6.4. Reconhecimento de faces – resultados por diferentes tipos de emoções...........................49 6.5. Reconhecimento de faces e de identidade.........................................................................51 6.6. Tarefas controles: cor e forma...........................................................................................53 7. Discussão............................................................................................................................54 8. Conclusão...........................................................................................................................59 9. Referências bibliográficas................................................................................................60 10. Anexos I- Termo de consentimento pós-informação..................................................................75 II- Carta de aprovação do comitê ética.........................................................................81 III- Escala – BPRS............................................................................................................82 IV- Escala- PANSS negativa............................................................................................83 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dados demográficos.................................................................................................43 Tabela 2: Médias em relação à evolução da esquizofrenia.......................................................45 Tabela 3: Drogas psicotrópicas em uso.....................................................................................45 Tabela 4: Médias de valor total das escalas para cada tempo de medida por droga.................47 Tabela 5: Médias de valor total das escalas para cada tempo de medida.................................48 Tabela 6: Médias de valor total dos fatores ativação da BPRS para cada tempo de medida....48 Tabela 7: Interação sessão/droga/emoção.................................................................................51 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Tarefa de pareamento de emoções.............................................................................34 Figura 2: Tarefa de pareamento de identidades........................................................................36 Figura 3: Tarefa de pareamento de formas...............................................................................37 Figura 4: Tarefa de pareamento de cores..................................................................................38 Gráfico 1: resultados do teste de reconhecimento de faces para cada uma das emoções.........50 Gráfico 2: Médias de acertos para as pareamento de identidade e de emoções .....................52 Gráfico 3: Médias de acertos conjunto nas tarefas pareamento de identidade emoções para os dois grupos de participantes.....................................................................................................53 1- Introdução 1.1- Ocitocina e comportamento social A ocitocina foi descoberta em 1909 por Sir James Dale, pela observação de que extrato de hipófise humana causava contração no útero de gatas (DALE, 1909). A partir daí foi cunhado o nome ocitocina, que em grego significa nascimento rápido. Inicialmente acreditava-se que seus efeitos eram restritos a contração da musculatura uterina durante trabalho de parto e ejeção de leite durante lactação. Posteriormente, descobriu-se que além dessas funções, a ocitocina exerce papel regulatório em vários aspectos comportamentais em mamíferos (GIMPL e FARENHOLZ, 2001). A ocitocina é um nonapeptídeo sintetizado nos núcleos paraventricular (NPV) e supraótico (NSO) do hipotálamo. Neurônios magnocelulares localizados nestes núcleos são os responsáveis pela maior fonte de ocitocina, que é conduzida por proteínas para a neurohipófise, onde é armazenada e liberada para a corrente sanguínea. A ocitocina também é liberada no Sistema Nervoso Central (SNC) por meio de neurônios parvocelulares, os quais estão localizados no NPV e em outras regiões do cérebro (BUJIS, 1978). A ação da ocitocina no SNC dá-se através de receptor acoplado a proteína G, que está distribuído difusamente no SNC de modo espécie-específica. Em ratos, receptores para ocitocina estão presentes em regiões corticais, sistema olfatório, gânglios da base, sistema límbico, tálamo, hipotálamo e tronco cerebral (GIMPL e FARENHOLZ, 2001; VIERO et al., 2010; INSEL e YOUNG, 2001). Em ratos, a meia vida da ocitocina é de 28 minutos, enquanto na corrente sanguínea é de 1-2 minutos. Em humanos, não há estudos que avaliem farmacocinética da ocitocina. No entanto, um estudo avaliou a administração intranasal de três peptídeos, entre eles a vasopressina, um análogo da ocitocina. Foi encontrado que a concentração de vasopressina começa a subir após 10 minutos de administração, atingindo pico de concentração no SNC em 80 minutos pós-administração (BORN, 2002). A escolha da administração intranasal para a maioria dos estudos em humanos deve-se ao fato de que peptídeos têm dificuldade em cruzar a barreira hematoencefálica. Assim, é proposto que, na administração intranasal, a ocitocina passaria ao SNC através de fendas no epitélio olfatório que chegariam ao espaço subaracnóide. (ILLUM, 2000). As primeiras evidências de que a ocitocina teria papel importante na regulação de comportamento, mais especificamente no comportamento social, surgiram de estudos que abordavam efeitos desse peptídeo em aspectos do comportamento ligados a reprodução, como em cuidados com a prole e formação de pares. Foi observado que a injeção de ocitocina no ventrículo lateral de ratas virgens, que normalmente apresentam comportamento agressivo em relação a filhotes, desencadeava comportamento materno após duas horas (PEDERSEN E PRANGE, 1979). Além disso, a administração de antagonista de ocitocina inibiu o desenvolvimento de comportamento materno em ratas (FAHRBACH; 1985, PEDERSEN; 1994). A ocitocina também regula comportamento sexual, facilitando a formação de pares monogâmicos em ratos da pradaria e a aproximação sexual em ratos, coelhos e macacos (CHO et al., 1999; WILLIANS et al., 1994; ARGIOLAS, 1999) Além dos efeitos da ocitocina na modulação de comportamentos ligados a sexo e reprodução, ela tem sido associada a modulação de uma série de outros comportamentos sociais complexos, como resposta a aproximação social, formação de vínculos e apego, e cognição social, além de redução de resposta ao estresse (ÜVNAS-MOBERG; 1992, FERGUNSON al., 2000, INSEL E SHAPIRO, 1992 , HEINRICHS et al., 2003) . Em animais, a ocitocina exerce efeito ansíolitico e reduz a resposta do eixo hipotálamohipófise-adrenal ao estresse. Camundongos geneticamente modificados que não produzem ocitocina apresentam mais ansiedade em situações comportamentais como labirinto em cruz elevado e ambiente novo e liberam mais corticosterona em resposta a essas situações (AMICO et al., 2004). Outro estudo mostrou que ratos que receberam infusão central de ocitocina apresentavam menor resposta comportamental ao estresse sonoro do que aqueles que receberam placebo (WINDLE et al., 1997) Em humanos, a administração de ocitocina intranasal diminuiu a ansiedade no teste de simulação de falar em público e reduziu os níveis plasmáticos de cortisol salivar durante a tarefa (de OLIVEIRA et al., 2011; HEINRICHS et al., 2003). Estudos em humanos sugerem que a ocitocina também exerça efeitos de aumento de confiança e generosidade em interações sociais. Dois estudos avaliaram efeitos da ocitocina ou placebo em jogos que envolviam a simulação de investimento financeiro, percebendo que os sujeitos que recebiam ocitocina transferiam mais dinheiro para outro investidor do que os que recebiam placebo (KOSFELD, 2005). Nos indivíduos que recebiam ocitocina esse efeito era mantido mesmo após participantes saberem que estavam sendo enganados pelo outro investidor, que não lhe transferia de volta o dinheiro devido (BAUMGARTNER et al., 2008). A ocitocina também melhorou a generosidade em tarefa que comparava quantidade de dinheiro doada a estranhos em indivíduos que receberam ocitocina comparados a aqueles que recebiam placebo (ZAK et al. , 2007). Recentemente, estudos com voluntários saudáveis sugerem que a ocitocina poderia atuar como modulador do reconhecimento de expressões faciais e da resposta emocional a elas (KIRSCH et al., 2005; DOMES et al., 2006, PETROVIC et al, 2008). Pela observação dos efeitos da ocitocina em comportamentos sociais complexos, uma das possíveis teorias seria de que ela teria a função em facilitar a aproximação, reduzindo a ansiedade e aumentando comportamento pró-sociais, além de facilitação da percepção de social cues, levando de maneira geral à facilitação do contato social. A partir disso, foi sugerido que a ocitocina possa estar envolvida em vários transtornos neuropsiquiátricos, nos quais existem déficits importantes de funcionamento interpessoal, como esquizofrenia, autismo e fobia social. . 1.2 - Reconhecimento de faces A face humana é um dos estímulos mais importantes nas interações sociais, transmitindo várias informações que são essenciais para a sobrevivência e funcionamento social de indivíduos e que servem como sinalizadoras de um determinado contexto emocional (SERGENT et al, 1992). Essas informações podem ser referentes à identidade, como sexo e idade, que são comunicadas a partir de características imutáveis da face ou relativas às emoções, sendo expressas a partir da mímica facial. As emoções faciais comunicam o tônus emocional da interação social e têm papel importante na comunicação entre indivíduos e na elaboração de respostas adequadas às demandas sociais do ambiente, já que as relações sociais entre humanos dependem entre outros fatores da experiência afetiva a respeito dos outros. (BLAIR, 2003). Emoções faciais são manifestações automáticas e inatas, que ocorrem em função de determinada experiência emocional do indivíduo (DARWIN, 1872, EKMAN, 1993). As chamadas emoções básicas são pan culturais, isto é, possuem as mesmas características e o mesmo significado em diferentes sociedades humanas (EKMAN, 1993), embora a cultura module as circunstâncias que determinam a adequação em expressar emoções em determinadas situações e quando as mesmas devem ser contidas ou simuladas (BLAIR, 2003). EKMAN e FRIESEN (1969) estudaram reconhecimento de emoções tanto em culturas ocidentais ou que tinham influencia significativa da cultura ocidental (EUA, Brasil, Japão), como em grupos com pouco ou quase nenhum contato com civilização ocidental (regiões isoladas em Bornéu e em Nova Guiné). Observaram que os indivíduos reconheciam as mesmas emoções faciais a partir de fotografias mostrando faces humanas, independentemente, da sua origem cultural. Essas emoções, reconhecidas independentemente da cultura são denominadas alegria, surpresa, medo, tristeza, raiva e nojo. Esses achados apóiam a teoria de Darwin, de que a expressão de emoções faciais teria origem evolutiva (DARWIN, 1872). O papel de comunicação e modulação do comportamento social exercido pelas emoções faciais depende de que estas sejam adequadamente reconhecidas por outros indivíduos. A percepção de faces é o ponto alto de percepção visual em humanos, tem alta complexidade e acontece através de vias neurais específicas responsáveis para seu processamento. Essa hipótese é sustentada tanto por descrições de casos clínicos quanto por estudos de neuroimagem funcional em que são descritos na literatura tanto casos de agnosia para objetos, em que não há comprometimento de reconhecimento de faces, como situações em que há prosopagnosia, déficit específico em reconhecer faces (YOUNG et al., 1993, RIVEST et al., 2009). BRUCE e YOUNG (1986) propuseram um modelo de processamento de faces que ocorreria em vias neurais independentes para reconhecimento de identidade, de emoções faciais e de movimentos labiais durante a fala. Esses achados são corroborados por estudos de neuroimagem funcional, que mostram correlatos neurais diferentes para tarefas envolvendo reconhecimento de identidade e emoções faciais. HAXBY et al (2002), em consonância com essa teoria, descreveram um modelo topográfico, com vias fisiológicas diferentes para aspectos mutáveis e imutáveis da face. Nesse modelo, após processamento básico no córtex visual primário, a face é processada no córtex occipital. A percepção de faces dá-se inicialmente no giro occipital inferior e a partir desse ponto há a bifurcação das vias de processamento: as características invariáveis são processadas pelo giro fusiforme inferior e as características variáveis da face, responsáveis pela expressão de emoções faciais, como por exemplo, direção do olhar, expressões e movimentos dos lábios, são processadas pelo sulco temporal superior. A amígdala e córtex pré-frontal seriam as regiões responsáveis por dar significado e interpretação a emoções percebidas. A descoberta de que lesões em determinadas regiões cerebrais estão associadas à dificuldade para reconhecimento de algumas emoções e não de outras, principalmente medo, sugeriram que além da dissociação de processamento para identidade e emoções, haveria também diferentes regiões cerebrais envolvidas no reconhecimento de emoções específicas. Pessoas com lesões bilaterais em amígdala apresentam prejuízo no reconhecimento de emoções, principalmente de medo, mas também de outras emoções que representariam sinais de perigo ou ameaça raiva e nojo, com preservação na capacidade de reconhecer alegria. (ADOLPHS et al., 1999; BROKS et al., 1998, CALDER et al. 2001, SCHMOLCK e SQUIRE, 2001) Os estudos com tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética funcional (RMf) mostram resposta de amígdala ao reconhecimento de emoções faciais, principalmente em reconhecimento de medo e em menor intensidade no reconhecimento de outras emoções negativas (MORRIS et al., 1998; BREITER et al., 1996)). A amígdala participa do reconhecimento de emoções faciais por ao menos duas vias: uma via subcortical, mediada pelo colículo superior e tálamo pulvinar e via cortical pelo córtex visual . A via subcortical estaria relacionada a percepção de medo que não chega a ser consciente, é independente de atenção, importante na detecção de ameaça, que pode estar associada a faces expressando medo (ADOLPHS, 2008). Além da relação entre ativação de amígdala e medo, outras estruturas cerebrais específicas também parecem estar mais relacionadas com reconhecimento de diferentes emoções. Estudos sugerem que a ínsula, região relacionada à percepção de odores e sabores desagradáveis, esteja associada a reconhecimento de expressão facial de nojo. Estudos de neuroimagem funcional mostram ativação de ínsula durante a visualização de faces expressando nojo, mas não para faces neutras ou expressando medo (PHILLIPS et al., 1997; SPRENGELMAYER et al.,1998). Reiterando estes achados, é relatado um caso clínico em que um paciente com lesão em ínsula e putamen era incapaz de reconhecer faces expressando nojo (CALDER et al., 2000). Pessoas com doença de Huntington, doença neurodegenerativa hereditária, que em estágios iniciais afeta particularmente núcleo estriado, e pacientes com transtorno obssessivo-compulsivo, transtorno psiquiátrico associado a disfunções em regiões fronto-estriatais, têm déficit específico em reconhecer faces expressando nojo. (SPRENGELMAYER et al., 1996; SPRENGELMAYER et al., 1997). 1.3 - Reconhecimento de faces e ocitocina Vários estudos envolvendo administração intranasal de ocitocina a voluntários sadios sugerem que o peptídeo aumenta a habilidade de reconhecimento de expressões faciais. DOMES et al. (2006), em estudo duplo cego controlado com placebo, mostraram que a ocitocina melhora o desempenho de voluntários saudáveis no teste “Read the Mind in the Eyes Task” (RMET). Neste teste, os sujeitos devem inferir estados emocionais complexos a partir de fotos apresentando a área dos olhos de faces humanas. A administração de dose única de ocitocina melhorou reconhecimento de medo, (FISCHER-SHOFTY et al., 2010) e de alegria em tarefas de nomeação das seis emoções básicas (MARSH et al., 2010). Ainda em voluntários saudáveis, em tarefas de nomeação de emoções básicas a partir fotos de faces humanas, não foram encontradas diferenças significativas entre placebo e ocitocina para total de respostas, porém o grupo que recebeu ocitocina teve menos erros por classificação de faces positivas como negativas (DI SIMPLICIO et al., 2009). Não foram encontradas diferenças entre ocitocina e placebo em reconhecimento de emoções de faces esquemáticas (GUASTELLA et al., 2009). Além dos efeitos descritos acima, a administração de ocitocina prolonga o tempo em que voluntários saudáveis dedicavam-se a olhar para região ocular das faces apresentadas, habilidade preditiva da capacidade de interpretação de situações sociais (GUASTELLA et al, 2008a). Em indivíduos com autismo, transtorno do desenvolvimento caracterizado por prejuízos de linguagem, comunicação e funcionamento social (APA, 2000), a administração de ocitocina endovenosa aumenta o reconhecimento de conteúdo afetivo da fala (HOLLANDER et al., 2007) e de emoções faciais (GUASTELA et al. , 2010). A ocitocina também parece ter efeitos na memória para faces humanas. A administração da droga imediatamente após a visualização de faces com diferentes valências emocionais melhorou a memória para faces expressando raiva e neutras em 30 minutos e 24 horas após aquisição (SAVASKAN et al, 2008), e em faces alegres 24h após aquisição (GUASTELLA et a.l, 2008b). Estudos envolvendo memória para estímulos não sociais (paisagens e figuras geométricas) e ocitocina não encontraram efeitos significativos da droga (RIMMELE et al., 2008 ) . Os efeitos da ocitocina no reconhecimento de expressões faciais também foram estudados utilizando-se técnicas de neuroimagem funcional, como a RMf. Observou-se que voluntários do sexo masculino que haviam recebido a ocitocina apresentaram menor ativação da amígdala em resposta à visão de faces humanas, emoções positivas e negativas quando comparados àqueles que receberam placebo, sugerindo um papel desse peptídeo na regulação de cognição social, possivelmente através da redução da ansiedade relacionada ao contato social (KIRSCH et al., 2005; DOMES et al., 2007). PETROVIC et al. (2008), estudando voluntários normais do sexo masculino, notaram que a administração de ocitocina intra-nasal atenuava a avaliação afetiva negativa e ativação de amígdala consequentes a exposição a faces que haviam previamente sido negativamente condicionadas. Em contraste aos achados descritos anteriormente, o único estudo em mulheres utilizando RMf durante visualizações de emoções faciais encontrou aumento de sinal em amígdala esquerda e em giro fusiforme, quando comparado à condição placebo (DOMES et al., 2009). Esses resultados sugerem que a ocitocina modula o reconhecimento de faces e a resposta emocional associada a ela, principalmente em relação à ansiedade. Possivelmente esses efeitos são diferentes em homens e mulheres 1.4 - Esquizofrenia e reconhecimento de emoções faciais: A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico com prevalência ao longo da vida de 1%, que se inicia usualmente antes dos 25 anos, tem caráter persistente e incapacitante ao longo da vida e está presente em todas as culturas e estratos sociais (SADOCK e SADOCK, 2003). Manifesta-se na forma de uma síndrome heterogênea que se apresenta com sintomas positivos (delírios e alucinações), negativos (retraimento social, embotamento afetivo) e múltiplos déficits neurocognitivos, que atingem funções como percepção, atenção, habilidades visuoespaciais, linguagem, memória, funções executivas e processamento de emoções. A esquizofrenia é associada com importantes disfunções no funcionamento social e ocupacional (GUR e ARNOLD, 2004). Esses déficits têm curso crônico com prejuízos marcantes no funcionamento social e repercussão negativa em vários aspectos da vida, como trabalho, estudo, relacionamento afetivo e familiar, que causam sofrimento as pessoas acometidas pelo transtorno e aos seus familiares (SADOCK E SADOCK, 2003). Dentre os déficits cognitivos presentes na esquizofrenia estão incluídos prejuízos na cognição social, ou seja, na habilidade de construir representações mentais acerca dos outros, de si mesmo e de suas relações consigo e com outros, que medeiam a interação social (ADOLPHS, 2001). Indivíduos com esquizofrenia apresentam, entre outros déficits de cognição social, prejuízos no reconhecimento e discriminação de emoções faciais, déficit que é descrito de forma consistente por uma séria de estudos (MANDAL, 1998; EDWARDS et al, 2002; SACHS et al., 2004). Dada a importância do reconhecimento de emoções faciais no regulamento das interações interpessoais, existem hipóteses de que esse disfunção poderia estar associada tanto ao surgimento de sintomas psicóticos, através de uma interpretação equivocada de estímulos sociais (HABEL et al., 2010), quanto ao déficit de funcionamento social presentes na esquizofrenia (ADDINGTON et al., 2006). Vários estudos avaliaram a relação entre dificuldade de reconhecimento de emoções faciais, funcionamento social e qualidade de vida. Estudos que avaliaram reconhecimento de emoções e funcionamento social encontraram correlação positiva entre esses fatores em pacientes com esquizofrenia (ADDINGTON et al., 2006). MUESER et al. (1996) aplicaram tarefas de reconhecimento e discriminação de emoções e reconhecimento de identidades em pacientes crônicos, encontrando associação entre as medidas nas tarefas com face e habilidades sociais. esquizofrenia, KEE et al. estáveis, em (2003), avaliando 94 pacientes com diagnóstico de seguimento psiquiátrico encontraram correlação reconhecimento de emoções faciais, funcionamento ocupacional e vida independente. entre O déficit em reconhecer emoções já está presente em pacientes no primeiro episodio psicótico (ADDINGTON et al., 2006). Características da doença também interferem com habilidade de reconhecer emoções faciais. Pacientes com quadros agudos tem maior déficit que pacientes estabilizados (MUESER et al., 1996; SALEM et al., 1996; WHITTAKER et al., 2001). Outro fator que influencia o reconhecimento de emoções faciais é em relação ao tipo de sintomas predominante na esquizofrenia. A síndrome deficitária da esquizofrenia compreende um grupo de pacientes em que sintomas negativos são primários, isto é, não conseqüentes ao uso de medicação ou sintomas depressivos e persistentes por pelo menos um ano (CARPENTER 1988). BRYSON et al. (1998) compararam pacientes com síndrome deficitária da esquizofrenia e pacientes com esquizofrenia não deficitária, encontrando pior desempenho em reconhecer emoções para os deficitários. Na grande maioria dos estudos envolvendo pacientes com esquizofrenia, os mesmos faziam uso de algum tipo de medicação antipsicótica, que pode, potencialmente, interferir com reconhecimento de emoções, sendo importante discutir quais possíveis efeitos essa medicação teria no reconhecimento de emoções. RISHISKESH (2009) estudou efeitos da administração de risperidona em 25 pacientes com esquizofrenia que nunca haviam usado medicação antipsicótica. Os sujeitos eram avaliados sem uso de medicação e 30 dias após uso de risperidona. Após o tratamento, houve melhora significativa no reconhecimento de emoções. Outro estudo também avaliou reconhecimento de emoções em primeiro episódio psicótico antes e após tratamento com risperidona, haloperidol e ziprazidona, totalizando 13 pacientes e não encontrou melhora no desempenho nas tarefas de reconhecimento de emoções, embora tenha havido melhora dos sintomas psicóticos (HEBERNER et al, 2005). Não parece haver diferença em relação ao tipo de antipsicótico usados: SERGI et al. (2007) avaliaram pacientes que receberam olanzapina, risperidona ou haloperidol por oito semanas e realizaram vários testes para avaliar cognição, inclusive reconhecimento de emoções faciais. Não houve diferenças significativas entre grupos para reconhecimento de emoções. Outro estudo, comparando pacientes em uso de risperidona e quetiapina em testes de avaliação neuropsicológica e de competência funcional (teste de habilidades sociais, reconhecimento de emoções, atenção, memória, fluência verbal, funcionamento executivo) não encontrou diferenças entre os grupos (HARVEY et al., 2006). Não está claro se há melhora do reconhecimento de emoções ou não com o uso de medicação antipsicótica, mas parece não existir diferenças entre os vários tipos de medicações utilizadas. Uma série de estudos utilizando neuroimagem estrutural e funcional mostraram que pacientes com esquizofrenia apresentam uma série de anormalidades em regiões cerebrais associadas ao processamento de emoções faciais, como redução volumétrica bilateral de amígdala (WRIGHT et al., 2000). Pacientes com esquizofrenia também apresentam menor ativação que voluntários saudáveis em giro fusiforme, que está relacionada à percepção geral de faces (HABEL et al., 2010), em amígdala e hipocampo, quando eram apresentadas faces com alguma valência emocional (GUR et al., 2002; HABEL et al., 2010), e maior ativação de região frontal e giro do cíngulo (HABEL et al., 2010) e em amígdala (HALL et al., 2008) quando eram apresentadas faces neutras. Esses últimos achados podem ser associados à atribuição de significado emocional a faces neutras em pacientes com esquizofrenia, o que poderia estar relacionado a sintomas presentes na esquizofrenia, como delírios persecutórios. Embora o déficit na percepção de emoções faciais esteja bem descrito, existem dúvidas quanto á natureza do déficit descrito anteriormente, isto é, se ele é especificamente relacionado ao reconhecimento de expressões faciais ou refere-se a um prejuízo generalizado no processamento de informações faciais, sendo parte de declínio cognitivo global que ocorre neste transtorno e envolve déficits visuoespaciais (CUTTING et al.,1985), nas funções executivas (WINBURGER et al.,1992; BRYSON et al.,1997), na memória (SAYKIN et al., 1991; 1994; MCKENNA et al., 1994) e na atenção (ADDINGTON E ADDINGTON, 1998). Vários estudos avaliaram reconhecimento de faces juntamente com outras tarefas na tentativa de entender mais sobre esse déficit. Um estudo identificou que pacientes com esquizofrenia apresentam déficits em reconhecer faces e nomear emoções, mas não em reconhecer palavras, reconhecer faces familiares e não familiares e reconhecimento de identidades (WHITAKER et al., 1994, ARCHER et al., 1992; BERNDL et al., 1986; SALEM et al., (1996), achados que falam a favor de um déficit geral no processamento de faces. WHITTAKER et al. (2001) realizaram estudo para averiguar essas possibilidades avaliando 26 pacientes com esquizofrenia e 26 controles saudáveis em testes neuropsicológicos, testes de processamento facial e de afetos e os comparou em quatro níveis: percepção visuoespacial, memória de reconhecimento, linguagem e nomeação e funções executivas. Examinaram também a relação com dosagem de medicação, tempo de doença, quociente intelectual (QI) pré-mórbido e atual. Prejuízo no processamento emocional de faces e funções visuoespaciais foram correlacionados com dosagem de medicação. Déficits em nomear emoções foram correlacionados com prejuízo em outros testes de nomeação independente de dose de medicação. Pacientes apresentaram pior desempenho que controles em classificar faces por identidade, mas não por emoções, concluindo que os déficits no processamento de imagens faciais na esquizofrenia refletem três grandes outros prejuízos: quanto ao processamento visuoespacial, de memória semântica e de funções executivas. Duas hipóteses principais poderiam explicar o prejuízo no processamento facial em esquizofrênicos. A primeira é que pacientes esquizofrênicos possuiriam uma geração disfuncional das descrições estruturais que normalmente ajudam na análise de identidade e emoções (ARCHER et al,, 1992; 1994) e a segunda de que o processamento facial prejudicado poderia ser explicado por um déficit de atenção não seletiva (ADDINGTON E ADDINGTON, 1998). Muitos estudos têm mostrado prejuízo da atenção seletiva em esquizofrênicos, principalmente em tarefas visuais (ABRAMCZYK et al., 1983). ADDINGTON E ADDINGTON (1998) observaram uma significante associação entre as performances em tarefas faciais (tarefa de reconhecimento facial, discriminação visual de afetos e tarefas de reconhecimento) e nas tarefas de atenção (Continuous Performance Test e Span of Apprehension Task) em esquizofrênicos. Adicionalmente, estas duas hipóteses são apoiadas pelos estudos de movimentos oculares gravados que mostram um modelo anormal de exploração da face, caracterizado por fixações menores, mais curtas e anormais (STREIT et al., 1997; WILLIAMS et al., 1999). Consequentemente, parece que pacientes com esquizofrenia não salientam características que, por sua vez, resulta em uma descrição estrutural prejudicada da face. 1.5 Ocitocina e esquizofrenia Diferentes modelos de esquizofrenia em animais são utilizados para estudar características desse transtorno e possíveis tratamentos. Um desses modelos é a inibição pré-pulso (PPI), baseado na redução do reflexo de surpresa consequente a um estímulo sonoro inesperado (pulso) quando o mesmo é precedido de um estímulo mais fraco (pré-pulso). Esse reflexo pode ser inibido em indivíduos com esquizofrenia bem como em várias espécies animais, através do uso de drogas psicomiméticas. Utilizando-se essa técnica, observou que a ocitocina reverte o prejuízo do PPI causada por antagonista de receptores de glutamato (NMDA) em ratos, resultado que é preditivo para um possível efeito antipsicótico da ocitocina (FEIFE e REZA, 1999). Esses dados são reforçados por achados em camundongos knockout para gene responsável pela expressão da ocitocina, que, quando comparados a animais normais, são mais sensíveis ao prejuízo de PPI induzida por fenciclidina, um agonista de receptores NMDA. Observou-se, também, que os animais apresentavam redução de seu contato social com pares quando comparados a ratos recebendo salina, e tinham redução significativa da expressão de RNA mensageiro (RNAm) para ocitocina em hipotálamo. Esse mesmo estudo mostrou que a injeção de ocitocina em amígdala central restituía a quantidade de contato social nos ratos que receberam fenciclidina (LEE et al., 2005). O mesmo grupo de pesquisadores, empregando outro modelo animal de esquizofrenia, o estresse pré-natal em ratos, conhecido por mimetizar os déficits comportamentais e moleculares semelhantes aos presentes em pessoas com esquizofrenia, mostrou resultados semelhantes aos descritos anteriormente: RNAm para transcrição de ocitocina no NPV reduzido, seguido de aumento de receptores de ocitocina na amígdala central e reversão do déficit social com administração de ocitocina (LEE et al., 2007). Ainda em ratos, a administração dos antipsicóticos amperozida e clozapina elevou os níveis de ocitocina (UVNÄS-MOBERG, 1992). Existem por enquanto poucos estudos para avaliar a função da ocitocina em portadores de esquizofrenia, entre eles dois identificaram alterações na liberação de ocitocina em resposta a apomorfina em portadores de esquizofrenia quando comparados a sujeitos saudáveis (BECKMANN et al., 1985; LEGROS et al., 1992) . Outro estudo avaliou os níveis plasmáticos de ocitocina em pacientes esquizofrênicos que apresentavam hiponatremia associada à polidipsia, alteração presente em parte da população de esquizofrênicos e que é associada a uma disfunção hipotalâmica. Observou-se que pacientes polidípsicos e hiponatrêmicos possuíam níveis plasmáticos menores de ocitocina em relação aos polidípsicos não hiponatrêmicos e aos pacientes não polidípsicos. Além disso, níveis menores de ocitocina estavam associados a um pior desempenho em tarefas de reconhecimento de emoções faciais (GOLDMAN et al., 2008). Recentemente, um estudo duplo cego, cruzado, controlado por placebo avaliou 19 pacientes com diagnóstico de esquizofrenia que receberam tratamento com ocitocina intranasal por três semanas. Foi observado efeito antipsicótico, pela redução de sintomas na escala psiquiátrica breve (BPRS) e Escala de Impressão Clínica Global (CGI-I) (FEIFEL et al., 2010). 2 – Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar, em pacientes esquizofrênicos e voluntários saudáveis, os efeitos da administração aguda de ocitocina no reconhecimento de emoções no teste de expressões faciais, com a hipótese de que a ocitocina melhoraria o reconhecimento de emoções. 3 – Materiais e métodos 3.1 - Sujeitos: Foram avaliados 40 sujeitos, sendo 20 pacientes com esquizofrenia e 20 voluntários saudáveis. Houve pareamento em relação à idade, escolaridade e ao nível sócio econômico dos pais. Todos os pacientes foram recrutados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e os voluntários, na comunidade. 3.1.1 - Critério de inclusão: 1. Presença de diagnóstico de esquizofrenia diagnosticada pela Entrevista Clínica Estruturada para o DSM – IV (SCID), 2. Pontuação máxima na BPRS de dois nos quesitos referentes a sintomas psicóticos e de desorganização. 3. Para voluntários sadios, ausência de diagnóstico psiquiátrico pela SCID atual ou ao longo da vida. 4. Idade mínima de 18 anos e máxima de 55 anos. 5. Não apresentar diagnóstico de doença clínica atual, baseado em entrevista clínica. 3.2 - Droga: Foi utilizada a ocitocina spray nasal Syntocinon - Spray Nasal – Novartis, Brasil, na dose de 48U, através de seis aplicações de 4 UI por narina e seu placebo (seis aplicações do veículo do Syntocinon , Novartis, Brasil). 3.3 - Instrumentos utilizados: 3.3.1 - Entrevistas e escalas 1. Entrevista Clínica Estruturada para o DSM – IV (SCID): Foi utilizada para triagem de voluntários a Entrevista Clínica Estruturada para o DSM IV versão clínica - SCID (Spitzer et al., 1990), traduzida e adaptada para o português (DEL BEN et al., 2001). 2. Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica (BPRS): Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica - Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) (OVERALL E GORHAM, 1962) modificada por BECH (1986), traduzida e adaptada para o português (ZUARDI et al., 1994). Através desse instrumento foram avaliadas quatro dimensões sintomatológicas: positiva, negativa, ansiedade/depressão e ativação. 3. Escala de Avaliação das Síndromes Positiva e Negativa para Esquizofrenia – Escala Negativa (Positive and Negative Syndromes Scale – PANSS): A PANSS foi desenvolvida a partir da BPRS e da Psychopathology Rating Scale (KAY et al., 1987) com o intuito de se avaliar, como diz o nome, os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. Ela é composta por 30 itens, sendo um grupo de sete sintomas positivos da esquizofrenia, outro de sete sintomas negativos e 16 itens restantes que constituem uma escala de psicopatologia geral. Neste foi utilizada a escala negativa da versão traduzida e adaptada por VESSONI (1993) de modo a avaliar a intensidade dos sintomas negativos nos pacientes com esquizofrenia. 3.3.2 - Tarefas Computadorizadas para Pareamento de Expressão Emocional e de Identidade Facial Essas tarefas foram elaboradas por Tamara Russel e Mary Phillips (Institute of Psychiatry – Londres – 2002) e têm o objetivo de buscar um maior conhecimento no campo da expressão facial das emoções. 1- Comparação (pareamento) de emoções Para compor esta tarefa foram utilizados os estímulos padronizados por EKMAN E FRIESEN (1978). Esses estímulos são fotografias de faces de indivíduos (atores profissionais) representando diferentes tons emocionais. Essas figuras apresentam típicas representações de cinco emoções básicas: raiva, aversão, medo, alegria e tristeza. Estímulos (faces) neutros também foram incluídos. Esses estímulos foram manipulados para produzir diferentes intensidades de cada uma das emoções, como, por exemplo, 25% medo, 50% medo e 75% medo (lembrando que a representação de uma expressão emocional típica é de 100%). Adicionalmente, esses estímulos foram “modificados” retirando-se elementos que pudessem causar distração, como os cabelos. Isso foi realizado seguindo os achados de DIAMOND E CAREY (1977), que reportaram que alguns indivíduos podem ser distraídos por esses elementos, particularmente quando avaliando faces não familiares. Esses estímulos foram apresentados em uma tela de computador. Na tarefa de comparar emoções, os voluntários foram instruídos a comparar a emoção da expressão facial do denominado “alvo” (o qual sempre está expressando 100% de alguma das emoções) e dizer qual das duas opções oferecidas (uma das quais é uma face neutra e a outra pode estar expressando 25%, 50%, 75% ou 100% da mesma expressão) apresenta a mesma emoção (figura 1). Para fazer a escolha, o participante deveria apertar um botão em um teclado especialmente preparado, com dois botões correspondentes às faces apresentadas para comparação. A fim de fazer com que o sujeito focalize inicialmente a face alvo, esta vem emoldurada em azul brilhante. Face Emotiva Objetivo Face Neutra Figura 1: Tarefa de pareamento de emoções Após o voluntário haver respondido, o programa de computador automaticamente apresenta o próximo estímulo. Se o sujeito não tiver feito uma escolha em até sete segundos, o programa automaticamente apresentará o próximo estímulo. A tarefa foi definida dessa maneira a fim de mimetizar ao máximo possível situações da vida real, onde as expressões faciais podem ser sutis e fugazes. Um total de 80 estímulos com faces emotivas foram apresentados (cinco emoções em quatro diferentes intensidades para quatro identidades faciais de Ekman, sendo dois homens e duas mulheres) e 20 estímulos com faces neutras. O tempo aproximado para a realização desta tarefa é de aproximadamente sete minutos. Antes da realização da tarefa propriamente dita é realizado um treinamento apresentando seis estímulos a fim de familiarizar o voluntário com o desenho experimental e com a aparelhagem. A variável considerada para avaliar o desempenho nesta tarefa é o número de erros realizados para cada tarefa. Adicionalmente, com o uso de diferentes intensidades emocionais podemos investigar o reconhecimento de expressões mais sutis (baixa intensidade de expressão) e de emoções específicas. A inclusão de um número igual de fotografias de indivíduos do sexo masculino e feminino permite a exploração do gênero sobre essas habilidades. 2 - Comparações (pareamento) de identidades A segunda tarefa foi desenvolvida seguindo a mesma estrutura que a anterior, no entanto, ao invés de comparar as emoções, o voluntário deve buscar as identidades das faces apresentadas. Nessa tarefa, o “alvo” é a “pessoa A” e as duas possibilidades serão a “pessoa A” e a “pessoa B”, cada uma apresentando diferentes graus de expressões emocionais. Essa tarefa também dura cerca de sete minutos e a variável considerada para avaliar o desempenho é o número de erros. Identidade correta Identidade alvo Distrator Figura 2: Tarefa de pareamento de identidades As tarefas de pareamento de identidade foram desenvolvidas especificamente para avaliar se a capacidade de reconhecer expressões faciais de emoções é diferente da capacidade de julgar identidade facial. 3 - Tarefas controles: Duas tarefas controles básicas foram delineadas para avaliar o desempenho basal dos voluntários. Como nas tarefas anteriores, os estímulos são apresentados na tela do computador, sendo o estímulo alvo na parte superior da tela e os estímulos para comparar na parte de baixo da tela. A resposta foi feita utilizando-se o mesmo teclado das demais tarefas. A primeira tarefa controle busca a comparação de formas geométricas. O voluntário deve comparar as figuras geométricas não levando em consideração a cor das mesmas. A segunda tarefa consiste de comparar as cores das mesmas formas geométricas utilizadas na tarefa controle anterior, porém ignorando as formas. Forma correta Forma alvo Distrator Figura 3: Tarefa de pareamento de formas O uso de estímulos simples permite avaliar se o sujeito apresenta habilidades de processamento visuoespacial em um nível mais baixo que o requerido para o reconhecimento de emoções e identidades faciais (figura 4). Com o intuito de manter uma menor duração das sessões experimentais, essas tarefas foram construídas com apenas 20 estímulos cada uma, sendo o tempo aproximado de finalização de cada uma dessas tarefas de aproximadamente dois minutos. Cor Cor correta alvo Distrator Figura 4: Tarefa de pareamento de cores Tanto para as tarefas experimentais quanto para as tarefas controle duas ordens de apresentação dos estímulos durante a tarefa e duas ordens de apresentação das quatro tarefas durante as sessões experimentais foram criadas em uma tentativa de controlar um efeito de ordem e um possível aprendizado na realização das mesmas. 4 – Procedimento: Os voluntários foram recrutados através de anúncio no campus da USP - Ribeirão Preto e por convite direto. Os pacientes com esquizofrenia estavam em tratamento no AREP (Ambulatório de reabilitação psicossocial) e foram convidados a participar do estudo. Os participantes foram incluídos no estudo após explicação sobre a pesquisa e a assinatura de termo de consentimento pós-informação (Anexo II). As sessões experimentais e as entrevistas foram realizadas no Laboratório de Psicofarmacologia, localizado no terceiro andar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. O estudo foi realizado de modo duplo-cego e do tipo cruzado nos grupos de voluntários saudáveis e com esquizofrenia, com intervalo de 15 a 30 dias entre as sessões experimentais, dessa forma todos os sujeitos receberam ocitocina e placebo e realizaram os testes duas vezes. Os participantes receberam a ocitocina intranasal 48UI (Syntocinon - Spray Nasal – Novartis, Brasil) através de seis aplicações de 4 UI por narina ou seu placebo (seis aplicações do veículo do Syntocinon , Novartis, Brasil), 50 minutos antes início da realização dos testes descritos previamente. O tempo de avaliação e a dose da ocitocina utilizada foram baseados em estudos realizados anteriormente. A tolerabilidade e a segurança do uso da ocitocina foram demonstradas em vários estudos clínicos, não havendo relatos de efeitos colaterais ou complicações em decorrência do seu uso. (DOMES et al,. 2006; HEINRICHS et al., 2003, KOSFELD et al., 2005, BORN et al., 2002). As escalas BPRS e PANSS foram aplicadas antes da administração da droga, 40, e 90 minutos após uso. 5- Análise estatística: A análise estatística foi realizada utilizando o “Statistical Package for the Social Sciences” (SPSS), versão 16.0, considerando-se diferenças significantes valores de p<0,05. As variáveis demográficas anos de estudo e idade foram analisadas através do teste T de Student e a análise da classe sócioeconômica foi realizada com teste do χ2. Os valores totais das escalas de avaliação (BPRS, PANSS negativa), assim como valores das subescalas da BPRS, foram submetidos à análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas. Empregou-se na análise, como fatores: tempo (três níveis: tempo basal, 40 minutos pós-droga e 90 minutos pós-droga) e droga (dois níveis: ocitocina e placebo). A variável sessão (sessão tipo 1: primeiro ocitocina, a seguir placebo, sessão tipo 2: ordem inversa) foi considerada fator entre sujeitos. Foi usado correção de Bonferroni para múltiplas comparações O desempenho no teste de reconhecimento de emoções facial e de identidades e nas tarefas controles foi analisado através de ANOVA de medidas repetidas, que teve como fatores: tipo de emoção e droga. Na análise entre grupos foram consideradas as variáveis sessão (tipo 1 ou 2) e grupo (paciente ou voluntário sadio). A correção de Bonferroni foi empregada para múltiplas comparações. Foram feitas três análises separadamente: a primeira avaliando os resultados totais nos testes de reconhecimento de emoções e de identidades, a segunda utilizando-se os resultados parciais para cada emoção, e o terceiro para as tarefas controles (cor e forma). Na análise dos resultados parciais do teste de reconhecimento de emoções utilizou-se a razão entre o número de respostas corretas pelo número máximo de acertos possíveis. Quando as condições de esfericidade não foram cumpridas, o grau de liberdade para fatores repetidos foi corrigido com Huynh-Feldt. 6 – Resultados: 6.1- Dados demográficos: Não houve diferença entre grupos de pacientes com esquizofrenia e voluntários saudáveis para idade (t34,898 = 0,809; p = 0,969), escolaridade (t35,248 = 0,803; p = 1) e classe sócioeconômica dos pais (χ² = 1,767; p = 0,413). Outros dados demográficos estão descritos na tabela a seguir. Tabela 1: Dados demográficos: Voluntários Sadios Pacientes Esquizofrenia 29,60 (6,83) 29,70 (9,29) 11,55 (1,70) 11,55 (1,27) Idade média (desvio padrão ) Escolaridade média (desvio padrão) Classificação A 0 1 socioeconômica B 11 13 dos pais C 9 6 Estado civil Solteiro 12 19 Casado/Amasiado 6 1 Separado/Divorciado 2 0 Religião Trabalho formal Cor Voluntários Sadios Pacientes Esquizofrenia Sem religião 9 4 Católico 7 8 Evangélico 0 7 Espírita 4 1 Sim 19 3 Não 1 17 Branco 14 17 Pardo 6 2 Negro 0 1 6.2 – Dados Clínicos: Todos os pacientes tinham diagnóstico de esquizofrenia paranóide. Outros dados em relação a tempo de doença e medicações em uso de pacientes com esquizofrenia encontram-se nas tabelas abaixo (Tabelas 2 e 3). Os antipsicóticos mais frequentemente usados foram olanzapina e clozapina. A maioria dos pacientes (80%) usava, além do antipsicótico, algum outro psicofármaco. Quanto a comorbidades, cinco (25%) pacientes com esquizofrenia tinham diagnóstico de síndrome de dependência a nicotina, contra um (5%) dos voluntários saudáveis. Tabela 2: Médias em relação à evolução da esquizofrenia: Mínimo Máximo Média (dp) Idade de início esquizofrenia 15 29 20,85 (3,82) Tempo de doença (anos) 2 29 8,90 (7,74) Número de internações 0 10 1,90 (2,34) dp: desvio padrão Tabela 3: Drogas psicotrópicas em uso: Antipsicótico+ Freqüência % Olanzapina 8 34,8 Clozapina 8 34,8 Aripiprazol 3 13,0 Haloperidol 1 4,3 Risperidona 1 4,3 Antidepressivo Pipotiazina 1 4,3 Clorpromazina 1 4,3 ISRS§ 5 25 Clomipramina 1 5 Freqüência % Anticolinérgico Biperideno 2 10 Benzodiazepínico Diazepam 3 15 Cloxazolam 1 5 Lamotrigina 2 10 Topiramato 1 5 Ácido Valpróico 1 5 Antiepiléptico +: 3 pacientes usavam 2 tipos de antipsicótico §: fluoxetina (3), citalopram (1), sertralina (1) 6.3- Escalas: Na análise dos resultados totais da BPRS, o teste de Mauchly’s indicou que a esfericidade foi violada para o fator escala, dessa maneira foi utilizada a correção de HuynhFeldt. O resultado foi significativo para o fator escala: F (1,807; 68,671=6,48; p<0,001). Esse valor deve-se a BPRS basal ser diferente (maior) que a medida de 90 minutos (p<0,001). Os resultados não foram significativos para os fatores droga e sessão e para as interações entre os fatores (Tabelas 4 e 5). Na análise dos subescalas da BPRS – distúrbio de pensamento, retraimento/retardo, hostilidade/desconfiança, ansiedade/depressão e ativação – houve diferença apenas para o componente ativação F(2,19) = 5,009; p = 0,012, sendo o valor da medida basal maior que a de 90 minutos (p= 0,05) (Tabela 6). Essa subescala corresponde a três itens da BPRS: sintomas físicos de ansiedade, maneirismos e postura e excitação. Conclui-se que o valor da BPRS foi maior na primeira medida que na medida final e que esse resultado ocorreu em consequência à variação dos itens da subescala ativação. O efeito observado não foi relacionado aos itens droga ou sessão. Media (dp) Ocitocina Placebo A análise da PANSS negativa não foi significativa para nenhum dos fatores isoladamente ou para a interação entre eles. Tabela 4: Médias de valor total das escalas para cada tempo de medida por droga: dp: desvio padrão BPRS Basal 6,92 (6,58) 7,72 (7,07) 40 minutos 6,50 (6,44) 6,95 (6,73) 90 minutos 6,25 (6,24) 6,97 (6,80) Basal 22,75 (5,29) 23,45 (6,26) 40 minutos 23,05 (4,82) 23,00 (6,27) 90 minutos 22,80 (5,41) 23,05 (5,95) PANSS negativa Tabela 5: Médias de valor total das escalas para cada tempo de medida: IC (95%) Média (ep) Inferior Superior Basal 7,40 (1,04)* 5,30 9,50 40 minutos 6,80 (1,01) 4,77 8,83 90 minutos 6,68 (1,00) 4,67 8,70 Basal 23,12 (1,23) 20,54 25,71 40 minutos 23,05 (1,18) 20,58 25,53 90 minutos 23,00 (1,23) 20,42 25,58 BPRS PANSS negativa * (p<0,001 para comparação com medida de 90 minutos, p=0,002 para comparação com medida de 40 minutos) ic: intervalo de confiança, ep: erro padrão Tabela 6: Médias de valor total dos fatores ativação da BPRS para cada tempo de medida IC (95%) Média (ep) Inferior Superior Basal 1,78 (0,30)* 1,15 2,40 40 minutos 1,50 (0,28) 0,92 2,08 90 minutos 1,50 (0,28) 0,91 2,09 BPRS ativação *p = 0,05 para comparação com medida de 90 minutos 6.4 - Reconhecimento de faces – resultados por diferentes tipos de emoções: O teste de Mauchly’s indicou que a esfericidade foi violada para o fator emoção, dessa maneira foi utilizada a correção de Huynh-Feldt. O resultado foi significativo para fator emoção: F(4,17) = 57,54; p<0,001, e para a interação sessão/droga/emoção/ F(5,36) = 6,43, p<0,001. Foi aplicado teste t pareado para analisar essa interação. Na análise entre sujeitos o resultado foi significativo para grupo (voluntários saudáveis e pacientes com esquizofrenia): F(1,36)=5,58, p= 0,022. O primeiro resultado indica que os indivíduos reconhecem as emoções de modo diferente, sendo que as faces neutras são as que têm maior número de acertos em relação a todas as demais faces de emoções (p<0,001), e as faces de tristeza e raiva foram menos reconhecidas quando comparadas as demais (p<0,01) (Gráfico 1). Em relação ao resultado significativo para a interação sessão/droga/emoção pode-se considerar que ocorreu um efeito de ordem complexo. Para as faces neutras as razões de acertos na primeira sessão foram maiores tanto para os que receberam ocitocina quanto placebo. Por outro lado, para as faces de raiva e nojo o acerto na segunda sessão foram maiores do que na primeira tanto para a ocitocina como para o placebo. Para as faces de medo, alegria e tristeza não ocorreram diferenças entre ocitocina e placebo, independente da ordem de administração das drogas. Gráfico 1: resultados do teste de reconhecimento de faces para cada uma das emoções. (Usado desvio padrão). 1 * 0,9 VOLUNTÁRIO # 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 EU N N EU TR O TR OT O PL C N O JO O N T O JO PL C M ED O M ED O T O P AL EG LC RI AL EG A O T RI TR A P L IS TE C TR ZA IS O TE T ZA PL R C AI VA R O AI VA T PL C 0 * maior que todos os outros; # menor que todos os outros PACIENTE Tabela 7: Interação sessão/droga/emoção SESSAO OCITOCINA – PLACEBO EMOÇÃO DROGA Ocitocina Média (dp) p* Média (dp) p* 0,820 (+ 0,12) NEUTRO PLACEBO – OCITOCINA 0,74 (+ 0,14) n.s. 0,012 Placebo 0,79 (+ 0,14) 0,81 (+ 0,13) Ocitocina 0,55 (+ 0,14) 0,56 (+ 0,14) RAIVA 0,008 Placebo 0,61 (+ 0,16) Ocitocina 0,62 (+ 0,12) NOJO 0,017 0,47(+ 0,15) 0,62(+ 0,13) 0,003 n.s Placebo 0,70 (+ 0,11) 0,59(+ 0,13) Ocitocina 0,66 (+ 0,07) 0,62(+ 0,15) MEDO n.s. n.s. Placebo 0,66 (+ 0,14) 0,62(+ 0,13) Ocitocina 0,62 (+ 0,11) 0,62 (+ 0,15) ALEGRIA n.s. Placebo 0,67(+ 0,10) Ocitocina 0,55(+ 0,15) TRISTEZA n.s. 0,62 (+ 0,11) 0,53(+ 0,15) n.s. Placebo 0,58(+ 0,15) dp desvio padrão * valores de p – teste t-pareado n.s. não significante n.s. 0,54(+ 0,13) 6.5 - Reconhecimento de emoções faciais e de identidade: O resultado foi significativo para fator tarefa F(1,35) =199,571; p<0,01, isto é há melhor desempenho na tarefa de reconhecimento de identidades do que de emoções para os dois grupos de sujeitos (Gráfico 2). O teste também foi significativo para grupo (voluntário sadio e paciente com esquizofrenia) na análise dentre sujeitos F(1,35)=199,571, p=0,023, indicando que os indivíduos com esquizofrenia tem desempenho geral nas duas tarefas pior que os voluntários saudáveis (Gráfico 3). Os resultados não foram significativos para os fatores droga, sessão e para as interações entre os fatores. Gráfico 2: Médias de acertos para as tarefas de pareamento de identidade e de emoções: 100 95 Valor total 90 85 * 80 * 75 70 65 60 reconhecimento de emocoes p<0,01 reconhecimento de identidades Gráfico 3: Médias de acertos conjuntos nas tarefas pareamento de identidade e de emoções para os dois grupos de participantes: 100 Média geral de acertos 95 * 90 85 80 75 70 65 60 voluntario saudável paciente esquizofrenia p=0,023 6.6 - Tarefas controles - cor e forma: O resultado foi significativo para fator tarefa: F(1,36) = 7,30; p=0,01 e para a interação tarefa/droga/sessão: F(5,36)= 6,43, p<0,01. Os sujeitos apresentaram melhor desempenho no reconhecimento de formas do que no de cores. 7 - Discussão Os pacientes com esquizofrenia tiveram pior desempenho no teste de pareamento de emoções que voluntários saudáveis, achado consistente com vários estudos anteriores que descreveram o déficit de reconhecimento de emoções faciais na esquizofrenia (MANDAL et al., 1998; EDWARDS et al., 2002). Em relação aos resultados em conjunto das duas tarefas envolvendo faces (pareamento de emoções e de identidades), houve também desempenho significativamente melhor para os voluntários saudáveis do que para os pacientes com esquizofrenia, mostrando que, neste estudo, os pacientes com esquizofrenia tiveram mais dificuldade que os voluntários em reconhecer faces de maneira geral e não apenas emoções faciais. Na análise das tarefas de pareamento de emoções faciais por diferentes tipos de emoções encontrou-se diferença no modo como sujeitos reconhecem as diversas emoções. As faces neutras foram reconhecidas mais facilmente que as demais, e a faces expressando raiva e tristeza foram significativamente menos corretamente pareadas quando comparadas às outras emoções, porém não houve interação com grupo (paciente ou voluntário) e com fator droga. O pior desempenho em reconhecer faces exibindo emoções negativas foi descrito tanto em pacientes com esquizofrenia quanto em voluntários saudáveis. KOLHER et al. (2003) descreveram que pacientes com esquizofrenia apresentaram pior reconhecimento de raiva e nojo, enquanto outros estudos descreveram pior desempenho para medo e tristeza tanto em pacientes com esquizofrenia quanto em voluntários saudáveis (EDWARDS et al., 2002 e SILVER et al., 2009, JUTH et al., 2005). Houve resultado significativo durante análise do pareamento de emoções para a interação dos fatores sessão, droga e emoção. Esse resultado deu-se possivelmente por um efeito de ordem complexo. Com as faces de medo, alegria e tristeza não ocorreram diferenças entre ocitocina e placebo, independente da ordem de administração das drogas. Porém para as faces de raiva e nojo, o pareamento correto tanto com a ocitocina quanto com o placebo foi maior quando a droga foi administrada na segunda sessão, sugerindo um efeito de aprendizado para essas faces. No entanto, o inverso ocorreu com as faces neutras, em que o pareamento correto foi maior na primeira sessão, independente se a droga foi a ocitocina ou o placebo. Não foi encontrado efeito da ocitocina em reconhecimento de emoções faciais, diferentemente de estudos prévios, que mostraram melhora em voluntários saudáveis e pacientes com autismo, após o uso de ocitocina intranasal. A diferença metodológica, mais especificamente em relação à tarefa utilizada, pode ter contribuído para esse resultado. Neste estudo foi utilizada uma tarefa de pareamento de emoções, enquanto todos os estudos citados anteriormente, que encontraram efeitos significativos da ocitocina, utilizaram tarefas em que havia nomeação das emoções. Dois estudos que encontraram, respectivamente, melhora do reconhecimento de alegria e medo em voluntários saudáveis, utilizaram tarefas em que os participantes, após a visualização de faces expressando as seis emoções básicas em diferentes intensidades, escolhiam qual o nome que descrevia melhor a face apresentada numa lista que nomeava as seis emoções apresentada em uma tela (MARSH et al., 2010; FISCHERSHOFTY et al., 2010). Recentemente, foi descrita essa melhora também em pacientes com esquizofrenia (AVERBECK et al., 2011). Outra tarefa em que foi encontrado melhora do reconhecimento de emoções faciais, tanto em voluntários saudáveis quanto em pacientes com autismo após o uso de ocitocina foi a RMET”. Esse teste envolve a nomeação de emoções complexas a partir de visualização da região dos olhos de faces humanas (DOMES et al. 2006, GUASTELA et al. , 2010) e é bastante diferente da utilizada no presente estudo, já que, além de envolver nomeação, são apresentados apenas a região dos olhos das faces. Além disso, o teste apresenta emoções complexas, e não as emoções básicas, que são usualmente empregadas na maioria dos estudos. A tarefa utilizada reproduziu o déficit de reconhecimento de emoções faciais descrita anteriormente em pacientes com esquizofrenia, assim como outros aspectos do reconhecimento de faces, como o pior desempenho nas tarefas que envolviam emoções negativas. No entanto, não foi encontrada efeito da ocitocina em teste de pareamento de emoções faciais, possivelmente porque a tarefa envolve outros componentes além da identificação das emoções. Um estudo discutido anteriormente, que utilizou tarefas semelhantes as nossas, com pareamento de emoções e identidade, durante realização de RMf, também não encontrou diferenças entre os grupos ocitocina e placebo para o desempenho das tarefas (KIRSCH et al., 2005). As tarefas, como as utilizadas neste estudo, são consideradas tarefas de discriminação de emoções. Nestas, o sujeito deve escolher entre duas faces, uma neutra e outra expressando emoção, qual apresenta a mesma valência emocional de uma face alvo. Esse tipo de tarefa é frequentemente utilizado, algumas vezes sozinho e outras em conjunto com tarefas de nomeação de emoções, em pacientes com esquizofrenia e possivelmente dependem de vias neurais que não são exatamente iguais a aquelas que envolvem apenas nomeação. Embora a tarefa tenha reproduzido vários aspectos de reconhecimento facial em pessoas saudáveis e com esquizofrenia, ele não foi capaz de detectar efeitos da ocitocina em voluntários saudáveis ou em pacientes, pelas diferenças descritas anteriormente. Não houve diferenças entre os dois grupos de sujeitos nas tarefas controles (cor e forma), porém os dois grupos de sujeitos apresentaram melhor desempenho na tarefa envolvendo formas do que cores. Uma possível explicação para esse achado seria o fato de o pareamento de formas ter sido o último teste, enquanto o pareamento de cores foi o primeiro. Como consequência, no pareamento de formas, os sujeitos estavam mais familiarizados com a tarefa, diminuindo a possibilidades de erros. Quanto às escalas de avaliação psicopatológica, não houve diferenças entre os grupos que receberam placebo e ocitocina. Houve, porém, diferença entre as medidas da BPRS ao longo do tempo, à custa da medida da BPRS basal ser significantemente maior que as medidas após 40 e 90 minutos. Avaliando-se as subescalas da BPRS, foi encontrado que essa diferença foi conseqüente aos itens da subescala ativação, que compreendem sintomas físicos de ansiedade, maneirismos e postura e excitação. É provável que esse resultado se deva a diminuição de sintomas ansiosos dos pacientes com o passar do tempo em decorrência da habituação em relação à situação experimental. Alguns estudos recentes descreveram melhora de sintomas em pacientes com esquizofrenia após uso de ocitocina. Dois estudos, controlados com placebo, utilizaram ocitocina intranasal como tratamento adjunto ao antipsicótico e obtiveram melhora dos sintomas positivos e negativos medidos pela PANNS. Porém diferentemente do presente estudo, a ocitocina foi administrada duas vezes ao dia por pelo menos duas semanas. Outra diferença importante foi de que os pacientes avaliados apresentavam sintomas positivos proeminentes, com pontuação mínima na PANSS positiva de quatro para desconfiança, enquanto no presente estudo os sintomas positivos proeminentes foram critério de exclusão (FEIFEL et al., 2010 ; PEDERSEN et al., 2011). Embora a avaliação de possíveis efeitos da ocitocina em sintomas da esquizofrenia não fosse parte dos objetivos principais desse estudo, as escalas de avaliação psicopatológica foram aplicadas na tentativa de detectar esse efeito. Porém as escalas utilizadas foram desenvolvidas para serem aplicadas em intervalos de tempo maiores do que as aplicadas, o que consiste numa limitação do estudo. Conforme já mencionado, a principal limitação desse estudo foi a ausência de tarefa de reconhecimento de face que utilizasse nomeação. Além disso, só foram avaliados sujeitos do sexo masculino pelo risco de indução de contrações uterinas pela ocitocina em mulheres. Outra limitação importante foi que o número de sujeitos avaliados foi pequeno para a quantidade de variáveis analisadas, resultando em poder de teste baixo quando foram avaliadas as interações e consequente aumento de erro tipo II. 8 - Conclusões: A tarefa de reconhecimento de emoções aplicada neste estudo não detectou efeitos da ocitocina em voluntários saudáveis ou em pacientes com esquizofrenia. Embora não tenhamos encontrado diferenças, pelas possíveis razões discutidas acima, não é possível excluir o potencial terapêutico da ocitocina para pessoas com transtornos que envolvam prejuízos de funcionamento social, já que vários estudos anteriores apontam nesta direção. 9 – Referências bibliográficas: ABRAMCZYK, R.R.; JORDAN, D.E.; HEGEL, M.. "Reverse" Stroop effect in the performance of schizophrenics. Percept. Mot. Skills, 56(1):99-106, 1983. ADDINGTON, J.; SAEEDI, H.; ADDINGTON, D.Facial affect recognition: A mediator between cognitive and social functioning in psychosis? Schizophr. Res., v. 85, p. 142– 150, 2006. ADDINGTON, J.; ADDINGTON, D.. Visual attention and symptoms in schizophrenia: a 1year follow-up. Schizophr. Res., Nov 9;34(1-2):95-9,1998. ADOLPHS, R.; TRANEL, D.; HAMANN S.; YOUNG A.W.; CALDER A.J.; PHELPS E.A.; ANDERSON A.; LEE G.P.; DAMASIO, A.R. Recognition of facial emotion in nine individuals with bilateral amygdala damage. Neuropsychologia, v.37, p. 1111-1117, 1999. ADOLPHS, R. Fear, faces, and the human amygdala. Curr Opinion Neurobiol, v. 18:166– 172, 2008. APA-AMERICAN PSYCHIATRY ASSSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 4th ed Text revision. Washington, DC: American Psychiatric Association, 2000. AMICO J.A.; MANTELLA R.C.; VOLLMER R.R.; LI X. Anxiety and stress responses in female oxytocin deficient rats. J Neuroendocrinol, v. 16(4), p. 319-324, 2004. ARCHER, J.; HAY, D.C.; YOUNG, A.W.. Face processing in psychiatric conditions. Brit J Clin Psychol, 31:45– 61, 1992. ARCHER, J.; HAY, D.C.; YOUNG, A.W.. Movement, face processing and schizophrenia: Evidence of a differential deficit in expression analysis. Brit J Clin Psychol, v. 33, p. 517– 28, 1994. ARGIOLAS A. Neuropeptides and sexual behaviour. Neurosci Biobehav R. v. 23(8), p. 1127-1142, 1999. AVERBECK, B.B.; BOBIN, T.; EVANAS, S; SHERGILL, S.S. Emotion recognition and oxytocin in patients with schizophrenia. Psychol Med, ahead of print, 2011. BAUMGARTNER T.; HEINRICHS M.; VONLANTHEN A.; FISCHBACHER U.; FEHR E. Oxytocin shapes the neural circuutry and trust adaptation in humans. Neuron, v. 58(4), p. 639-650, 2008. BECKMANN, H.; LANG, R.E.; GATTAZ, W.F. Vasopressin-oxytocin in cerebrospinal fluid of schizophrenic patients and normal controls. Psychoneuroendocrino, v. 10, p. 187-191, 1985. BENTON, A.L.; VAN ALLEN, M.W.; HAMSHER, K.; LEVINE, H.S. Test of facial recognition. Iowa City: University of Iowa Hospitals, 1978. BERNDL, K.; GRUSSER, O.J.; MARTIN, M.; REMSCHIMDT, H.. Comparative studies on recognition of faces, mimic and gestures in adolescent and middle-aged schizophrenic patients. Eur Arch Psychiatry Neurol Sci, v. 236, p. 123–30, 1986. BLAIR, R.J.R. Facial expressions, their communicatory functions and neuro-cognitive substrates. Phil Trans R Soc Lond, B; v.358, p. 561–572, 2003. BORN J.; LANGE T.; KERN W. Sniffing neuropeptides: a transnasal approach to the human brain. Nat Neurosci. V. 5(6), p 514-516, 2002. BREITER, H.C.; ETCOFF, N.L.; KENNEDY, W.A.; RAUCH, S.L.; BUCKNER, R.L.; STRAUSS, M.M.; HYMAN, S.E.; ROSEN, B.R. Response and habitution of the human amygdala during visual procesing of facial information. Neuron, v. 17(5), p. 875-887, 1996. BROKS, P.; YOUNG, A.W.; MARATOS, E.J.; COFFEY, P.J.; CALDER, A.J.; ISAAC, C.L.; MAYES, A.R.; HODGES, J.R.; MONTALDI, D.; CEZAYIRLI, E.; ROBERTS N.; HADLEY, D. Face processing impairments after encephalitis: amygdala damage and recognition of fear. Neuropsychologyia, v. 36, p. 59-70, 1998 BRUCE V.; YOUNG A. Understanding face recognition. Br J Psychol, v. 77, p. 305-327, 1986. BRYSON, G.; BELL, M.; LYSAKER, P.. Affect recognition in schizophrenia: a function of global impairment or a specific cognitive deficit. Psychiatry Res., v. Jul 4;71(2), p. 105-13, 1997. BUJIS, R.M. Intra and extrahypothalamic vasopressin and oxitocin pathways in the rat. Pathways to the limbic system, medulla oblongata and spinal cord. Cell Tissue Res, v. 192, p. 423-429, 1978. CALDER, A.J.; KEANEL J.; MANESI, F.; ANTOUN, N.; Young A.W. Impaired recognition and experience of disgust following brain injury. Nat Neurosci, v. 3(11), p. 1077-1078, 2000. CALWELL, H.K.; STEPHENS, S.L.; YOUNG III, W.S. Oxytocin as a natural antipsychotic: a study using oxytocin knockout mice. Mol Psychiatr, v. 29 Jan, p. 1-7, 2008. .CHO M.M.; DE VRIES A.C.; WILLIANS J.R.; CARTER C.S. The effects of oxytocin and vasopressin on partner preferences in male and female prairie voles (Microtus ochrogaster). Behav Neurosci, v. 113(5) p. 1071-1079. 1999. CUTTING, J.. Judgement of emotional expression in schizophrenics. Brit J Psychiat, v.139, p. 1–6, 1981. DALE H.H.. The action of extracts of the pituitary body. Biochem J. 1909 4(9): 427, 447. DARWIN C. A expressão de emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. DE OLIVEIRA D.C.G.; ZUARDI A.W.; GRAEFF F.G.; QUEIROZ R.H.C.; CRIPPA J.A.S. Anxiolytic-like effect of oxytocin in the simulated public speaking test. J Psychopharmacol, 2011. DEL BEN, C.M.; RRODRIGUES C.R.C.; ZUARDI A.W..Confiabilidade da “Entrevista Clínica estruturada para o DSM-IV – Versão Clínica” traduzida para o português. Rev. Bras. Psiquiatr., v.23, n. 3, 2001. DI SIMPLICIO, M.; MASSSEY-CHASE, R., HARMER, C.J. Oxytocin enhances processing of positive versus negative emotional information in healthy male volunteers. J Psychopharmacol., v.23, p. 241-248, 2009. DOMES, G.; HENRICHS, M.; MICHEL, A.; BERGER, C.; HERPERTZ, S.C. Oxytocin improves "mind-reading" in humans. Biol Psychiat, v. 6, p.731-33, 2006. DOMES, G.; HENRICHS, M.; GLÄSCHER, J.; BÜCHEL C.; BRAUS, D.F.; HERPERTZ, S.C. Oxytocin attenuates amygdala responses to emotional faces regardless of valence. Biol Psychiatry, v. 62(10), p. 1187-90, 2007. DOMES, G.; LISCHKE, A.; BERGER, C.; et al.. Effects of intranasal oxytocin on emotional face processing in women. Psychoneuroendocrino., v.35(1), p.83-93, 2009. EDWARDS, J.; JACKSON, H.J.; PATTISON, P.E.. Emotion recognition via facial expression and affective prosody in schizophrenia: a methodological review. Clin Psychol Rev, v. 6, p.789 - 832, 2002. ECKMAN, P.; FRIESEN, W.V. Pan-Cultural Elements in Facial Displays of Emotion. Science, 164(3875), p. 86-88, 1969. ECKMAN, P.; FRIESEN. Facial emotion encoding system. Palo Alto (CA), USA: Consulting Psychoanalists Press, 1978. EKMAN, P. Facial Expression and emotion. Am Psychol, v. 48(4), p. 384-392, 1993. FAHRBACH S.E.; MORRELL J.I.; PFAFF D.W. Possible role for endogenous oxytocin in estrogen-facilitated maternal behavior in rats. Neuroendocrinology, v. 40(6), p. 526-532, 1985. FEIFEL, D.; REZA. Oxytocin modulates psychomimetico-induced deficits in sensorimotor gating. Psychopharmacology, v. 141, p. 93-98, 1999. FEIFEL; D.; MACDONALD; K.; NGUYEN; A., et al.. Adjunctive intransal oxytocin reduces symptoms in schizophrenic patients. Biol Psychiat, v.xx, p. xx, 2010. FERGUSON, J.N.; YOUNG, L.J.; HEAM, E.F., et al.. Social amnesia in mice lacking the oxytocin gene. Nat Genet, v.25, p. 284-288, 2000. FISCHER-SHOFTY, M.; SHAMAY-TSOORY, S.G.; HARARI, H.; LEKVOKITZ, Y.: The effect of intranasal administration of oxytocin on fear recognition. Neuropsychologia, v.48, p. 179-184, 2010. GIMPL G.; FAHRENHOLZ F. The Oxytocin Receptor System: Structure, Function, and Regulation. Physiol Rev., v.81(2):629-83, 2001 GOLDMAN, M.; MARLOW-O’CONNOR M.; TORRES, I.; CARTER, C.S.. Diminished plasma oxytocin in schizophrenic patients with neuroendocrine dysfunction and emotional deficits. Schizophr Res, v.98, p. 247–255, 2008. GUASTELLA, J.A.; MITCHELL, P.B.; DADDS, M.R.. Oxytocin increases gaze to eye region of human faces. Biol Psychiat, v. 63, p. 3-5, 2008. (a) GUASTELLA, J.A.; MITCHELL, P.B.; MATHEWS, F.. Oxytocin enhances the encoding of positive social memories in humans. Biol Psychiat., v.64, p.256 –258, 2008. (b) GUASTELLA, J.A.; CARSON, D.S.; DADDS, M.R.; MITCHELL, P.B.; COX R.E.. Does oxytocin influence the early detection of angry and happy faces? Psychoneuroendocrino, v. 34, p. 220-225, 2009. GUASTELLA, J.A.; EINFELD; S.L.; GRAY, K.M., et al..Intranasal oxytocin improves emotion recognition for youth with autism spectrum disorders. Biol Psychiat, v. 67(7), 692694, 2010. GUR, R.E.; MCGRATH, C.; CHAN, R.M. et al. An fMRI study of facial emotion processing in patients with schizophrenia. Am J Psychiat, v. 159, p. 1992-1999, 2002. GUR, R.E.; ARNOLD, SE.. Neurobiology of Schizophrenia. In Manual of Clinical Psychopharmacology, 5th ed. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C eds. (2005). Arlington: American Psychiatric Publishing, Inc., 2005. HABEL, U.; CHECHKO, N.; PAULY, K.; KOCH, K.; BACKES, V.; SEIFERTH, N.; SHAH, N.J.; STÖCKER, T.; SCHNEIDER, F.; KELLERMANN, T. Neural correlates of emotion recognition in schizophrenia. Schizophr Res, v. 122, p. 113–123, 2010. HARVEY, P.D.; PATTERSON, T.L.; POTTER, L.S.; ZHONG, K.; BRECHER, M. Improvement in Social Competence With Short-Term Atypical Antipsychotic Treatment: A Randomized, Double-Blind Comparison of Quetiapine Versus Risperidone for Social Competence, Social Cognition, and Neuropsychological Functioning. Am J Psychiat, v. 163, p.1918–1925, 2006. HAXBY J.V.; HOFFMAN E.A.; GOBBINI I. Human Neural Systems for Face Recognition and Social Communication. Biol Psychiat, v. 51, p. 59–67, 2002. HEINRICHS, M.; BAUMGARTNER, T.; KIRSCHBAUM, C.; EHLERT, U.. Social support and oxytocin interact to suppress cortisol and subjective responses to psychosocial stress. Biol Psych, v. 54, p. 1389-1398, 2003. HERBENER, E.S.; HILL, S.K.; MARVIN, R.W.; SWEENEY, J.A.Effects of Antipsychotic Treatment on Emotion Perception Deficits in First-Episode Schizophrenia. Am J Psychiat, v. 162, p. 1746–1748, 2005. HOLLANDER, E.; BARTZ, J.; CHAPLIN, W.; PHILLIPS, A.; SUMMER, J.; SOORYA, L.; ANAGNOSTOU, E.; WASSERMAN, S.. Oxytocin increases retention of social cognition in autism. Biol Psychiat, v.61, p.498–503, 2007. ILLUM L. Transport of drugs from the nasal cavity to the central nervous system. Eur J Pharm Sci. , v. 11(1), p. 1-18, 2000. INSEL, T.R.; YOUNG, J.L. The neurobiology of attachment. Nat Rev Neurosci, v.2, p. 129136, 2001. INSEL, T.R.; SHAPIRO, L.E. Oxytocin receptor distribution reflects social organization in monogamous and polygamous voles. Proc Natl Acad Sci USA, v.89. p. 5981-5985, 1992. JUTH, P.; LUNDQVIST, D.; KARSSON, A.; ÖHMAN, A. Looking for Foes and Friends: Perceptual and Emotional Factors When Finding a Face in the Crowd. Emotion, v. 5, ( 4), p. 379–395, 2005. KAY S.R.; FISZBEIN, A.; OPLER, L.A.L. The positive and negative syndrome scale for schizophrenia. Schizophr Bull, v. 13, p. 261-276, 1987. KEE, K.; OREEN M.F,.; MINTZ, J.; BREKKE, J.S. Is Emotion Processing a Predictor of Functional Outcome in Schizophrenia? Schizophr Bull, v. 29(3), p. 487-497, 2003. KIRSCH, P.; ESSLINGER, C.; CHEN, Q.. Oxytocin modulates neural circuitry for social cognition and fear in humans. J Neurosci, v. 25, p.11489-93, 2005. KOHLER, C.G.; TURNER, T.H.; BILKER W.B.; BRENSINGER, C.M.; SIEGEL, S.J.; KANES, S.J.; GUR, R.E.; Gur R.C. Facial Emotion Recognition in schizophrenia: intensity Effects and Error Pattern. Am J Psychiat, v. 160, p. 1768–1774, 2003. KOSFELD, M.; HEINRICHS, M.; ZAK, P.J.; FISCHBACHER, U.; FEHR, E.. Oxytocin increases trust in humans. Nature, v. 435, p. 673-676, 2005. LEE, P.R.; BRADY, D.L.; SHAPIRO, R.A. Prenatal stress generates deficits in rat social behavior: Reversal by oxytocin. Brain Res, v. 11 5 6, p. 152 – 1 7, 2007. LEE, P.R.; BRADY, D.L.; SHAPIRO, R.A.; DORSAS, D.M.; KOENIG, J.I.. Social interaction deficits caused by chronic phencyclidine administration are reversed by oxytocin. Neuropsychopharmacol, v. 30, p.1883-1894, 2005. LEGROS, J.J; GAZZOTTI, C.; CARVELLI, T. et al. Apomorphine stimulation of vasopressin and oxytocin-neurophysins. Evidence for increased oxytocinergic and decreased vasopressinergic function in schizophrenics. Psychoneuroendocrinol, v. 17, p. 611-617, 1992. MANDAL, M.K., PANDEY, R.; PRASAD, A.B. Facial emotions and schizophrenia: a review. Schizophr Bull, v. 24, p. 399-412, 1998. MARSH, A.A.; YU, H.; PINE, D.S.; BLAIR, R.J. Oxytocin improves emotion recognition of positive facial expressions. Psychopharmacology (Berl), v. 209(3), p. 225-232, 2010. MORRIS, J.S.; FRISTON, K.J.; BÜCHEL, C.; FRITH C.D.; YOUNG, A.W.; CALDER, A.J.; DOLAN, R.J. A neuromodulatory role for the human amygdale in processing emotional facial expressions. Brain, v. 121, p. 47–57, 1998. MUESER, K.T.; DOONAN, R.; PENN, D.L.; BLANCHARD, .JJ.; BELLAK, A.S.; NISHIT, P.; DELEON, J.. Emotion recognition and social competence in chronic schizophrenia. J Abnorm Psychol, v. 105, p. 271–5, 1996. PEDERSEN, C.A.; PRANJE JR., A.J. Induction of maternal behavior in virgins rats after intracerebroventricular administration of oxytocin. Proc Natl Acad Sci, v.76, p. 6661-6665, 1979. PEDERSEN C.A., CALDWELL J.D., WALKER C., AYERS G.; MASON G.A. Oxytocin activates the postpartum onset of rat maternal behavior in the ventral tegmental and medial preoptic areas. Behav Neurosci, v. 108(6), p. 1163-1171, 1994. PEDERSEN, C.A.; GIBSON, C.M.; RAU, S.W.; SALIMI, K.; SMEDLEY, K.L.; CASEY, R.L.; LESERMAN, J.; JARSKOG, F.; PENN, D.L. Intranasal oxytocin reduces psychotic symptoms and improves Theory of Mind and social perception in schizophrenia. Schizophr Res, v. 132(1), p. 50-53, 2011. PETROVIC, P.; KALISH, R.; SINGER, T.; DOLAN, R.J.. Oxytocin attenuates affective evaluations of conditioned faces and amygdale activity. J. Neurosci., v. 28 (26), p. 6607– 6615, 2008. PHILLIPS, M.L.; YOUNG, A.W.; SEIOR, C.; BRAMMER M.; CALDER, A.J.; BULLMORE, E.T.; PERRETT, D.I.; ROWLAND D.; WILLIAMS S.C.R.; GRAY, J.A.; DAVID A.S. A specific neural substrate for perceiving facial expressionsof disgust. Nature, v. 389(6650), p. 495-498, 1997. RIMMELE, U.; HEDIGER, K.; HEINRICHS, M.; KLAVER, P..Oxytocin Makes a Face in Memory Familiar. J Neurosci., v. 29, p.38–42, 2009. RISHIKESH, V.B.; VENKATASUBRAMANIAN, G.; ARASAPPA, R.; REDDY, N.; GANGADHAR, B.N. Effect of risperidone on emotion recognition deficits in antipsychoticnaïve schizophrenia: A short-term follow-up study. Schizophr. Res, v. 113, p. 72–76, 2009. RIVEST, J.; MOSCOVITCH, M.; BLACK, S. A comparative case study of face recognition: the contribution of configural and part based recognition systems, and their interaction. Neuropsychologia, v. 47(13), p. 2798-2811, 2009. RUSSEL, T.; PHILLIPS, M.. Tasks for emotions expression and facial identity pairing developed by T. Russel and M. Phillips. Institute of Psychiatry, London, 2002. SACHS, G.; STEGER-WUCHSE, D.; KRYSPIN-EXNER, I.; GUR, R.C.; KATSCHNIG, H.. Facial recognition deficits and cognition in schizophrenia. Schizophr Res, v. 68, p. 27-35, 2004. SADOCK, B.J.; SADOCK V.A. eds.. Schizophrenia. In: Kaplan & Sadock´s Synopsis of Psychiatry, 9th ed., Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2003. SALEM, J.E.; KRING, A.; KERR, S.L.. More evidence for generalized poor performance in facial emotion perception in schizophrenia. J Abnorm Psychol, v. 105 p. 480–483, 1996. SAVASKAN, E.; EHRHARDT, E.; SCHULZ, A.; SHÄCHINGER, H.. Postlearning intranasal oxytocin modulates human memory for facial identity. Psychoneuroendocrino, v. 33, p. 368-374, 2008. SAYKIN, A.J.; GUR, R.C.; GUR, R.E.;, MOZLEY, D.; MOZLEY, L.H.; RESNICK, S.M.; KESTER, B.; STAFINIAK, P.. Neuropsychological function in schizophrenia: selective impairment in memory and learning. Arch Gen Psychiat, v. 48 p. 618-24, 1991. SAYKIN, A.J.; SHTASEL, D.L.; GUR, R.E.; KESTER, D.B.; MOZLEY, L.H.; STAFINIAK, P.; GUR, R.C.. Neuropsychological deficits in neuroleptic naive patients with first episode schizophrenia. Archives of General Psychiatry, v. 51, p. 124-31, 1994. SCHMOLCK H.; Squire L.R. Impaired Perception of Facial Emotions Following Bilateral Damage to the Anterior Temporal Lobe. Neuropsychology, v. 15( 1), p. 30-38, 2001. SERGENT, J.; OHTA, S.; MACDONALD, B.. Functional neuroanatomy of face and object processing. A positron emission tomography study. Brain, v.115, p. 15-36, 1992. SERGI, M.J.; REEN, M.F.; WIDMARK, C.; REIST, C.; ERHART, S.; BRAFF, D.L.; KEE, K.S.; Marder, S.R.; MINTZ, J. Social Cognition and Neurocognition: Effects of Risperidone, Olanzapine, and Haloperidol. Am J Psychiat, v. 164(10), p. 1585-1592, 2007. SILVER, H.; BILKER, W.; GOODMAN, C. Impaired recognition of happy, sad and neutral expressions in schizophrenia is emotion, but not valence, specific and context dependent. Psychiat Res, v. 169, p. 101–106, 2009. SPITZER, R.L.; WILLIAMS, J.R.; GIBBON, M.; FIRST, M.B.. Structured clinical interview for DSM-III-R - patient edition (SCID-P, version 1.0). Washington, DC:American Psychiatric Press; 1990. SPRENGELMEYER, R.; YOUNG, A.W.; CALDER, A.J.; KARNAT, A.; LANGE, H.; HOMBERG, V.; PERRET, D.I.; ROWLAND, D. Loss of disgust : Perception of faces and emotions in Huntington's disease. Brain, v.119, p. 1647-1665, 1996. SPRENGELMEYER, R.; YOUNG, A.W.; PUNDT, I.; SPRENGELMEYER, A.; CALDER A.J.; BERRIOS, G.; WINKEL, R.; VOLLMO, W. Disgust implicated in obsessivecompulsive disorder. Proc. R. Soc. Lond. B, v. 264, p. 1767-1773, 1997. SPRENGELMEYER, R.; RAUSCH, M..; EYSEL, U.T.; PRZUNTEK, H.. Neural structures associated with recognition of facial expressions of basic emotions. Proc. R. Soc. Lon. B, v. 265, p. 1927-1931, 1998. STREIT, M.; WOLWER, W.; GAEBEL, W.. Facial-affect recognition and visual scanning behaviour in the course of schizophrenia. Schizophr Res, v. 24, p. 311–7, 1997. UVNÄS-MOBERG, K. Oxytocin may mediate the benefits of positive social interaction and emotions. Psychoneuroendocrino, v. 23, p. 819-835, 1998. UVNÄS-MOBERG, K.; ALSTER, P.; SVENSSON, T.H.. Amperozide and clozapine but not haloperidol or raclopride increase the secretion of oxytocin in rats. Psychopharmacology, v. 109, p. 473-476, 1992. VESSONI, A.L.N. Adaptação e estudo da confiabilidade da escala de avaliação das síndromes positiva e negativa para a esquizofrenia no Brasil. São Paulo, Tese de mestrado da Escola Paulista de Medicina, 1993. VIERO C.; SHIBUYA I.; KITAMURA N.; VERKHRATSKY A.; FUJIHARA H.; KATOH A.; UETA Y.; ZINGG H.H.; CHVATAL A.; SYKOVA E.; DAYANITHI G. Oxytocin: crossing the bridge between basic science and pharmacotherapy. CNS Neurosci Ther, v. 16(5), p. 138-56, 2010. WALKER, E.; MARWIT, S.J.; EMORY, E.. A cross-sectional study of emotion recognition in schizophrenics. J Abnorm Psychol, v. 89, p. 428–36, 1980. WALKER, E.; MCGUIRE, M.; BETTES, B.. Recognition and identification of facial stimuli by schizophrenics and patients with affective disorders. Brit J Clin Psychol, v. 2, p. 37–44, 1984. WEINBERGER, D.R., BERMAN, K.F.; SUDDATH, R.; TORREY, E.F.. Evidence of dysfunction of a prefrontal-limbic network in schizophrenia: a magnetic resonance imaging and regional cerebral blood flow study of discordant monozygotic twins. Am. J. Psychiat, v. Jul;149(7), p. 890-7, 1992. WHITTAKER, J.F.; CONNEL, J.; DEAKIN, J.F.. Receptive and expressive social communication in schizophrenia. Psychopathology, v. 27(3-5), p. 262-7, 1994. WHITTAKER, J.F., DEAKIN, J.F.; TOMENSON, B.. Face processing in schizophrenia: defining the deficit. Psychol Med, v. Apr;31(3), p. 499-507, 2001. WILLIAMS, J.R.; INSEL, T.R.; HARBAUGH, C.R.; CARTER, C.S. Oxytocin administered centrally facilitates formation of a partner preference in female prairie voles (Microtus ochrogaster). J Neuroendocrinol, v.6, p. 247-50, 1994. WINDLE, R.J.; SHANKS, N.; LIGHTMAN, S.L., INGRAM, C.D.. Central oxytocin administration reduces stress-induced corticosterone release and anxiety behavior in rats. Endocrin, v. 138, p. 2829-2834, 1997. WRIGHT, I.C.; RABE-HESKETH, S.; WOODRUFF, P.W.R.; DAVID, A.S.; MURRAY, R.M.; BULLMORE, E.T.Meta-Analysis of Regional Brain Volumes in Schizophrenia. Am J Psychiat, v. 157, p. 16–25, 2000. YOUNG A.W.; NEWCOMBE F.; DE HAAN E.H. F.; SMALL M.; HAY D.C.Face perception after brain injury: Selective impairments affecting identity and expression. Brain, v. 116, p. 941-959, 1993. ZAK P.J.; STANTON A.A.; AHMADI S. Oxytocin Increases Generosity in Humans. PLoS ONE, v. 2(11), p. e1128, 2007. ZUARDI, A.W.; LOUREIRO, S.R.; RODRIGUES, C.R.C.; CORREA, A.J.; GLOCK, S.S. Estudo da estrutura fatorial, fidedignidade e validade da tradução e adaptação para o português da Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve (BPRS) modificada. Rev ABP- APAL, v. 16, p. 63-68, 1994. ANEXO I: TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO Versão Paciente NOME DA PESQUISA: Efeitos da administração de ocitocina intranasal em pacientes com esquizofrenia e voluntários saudáveis no teste de reconhecimento de emoções faciais. PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Lígia Ribeiro Horta de Macedo CRM-SP: 108724 DESCREVER ABAIXO AS INFORMAÇÕES DADAS AO PACIENTE SOBRE: 01 - A justificativa e objetivo da pesquisa; 02 - Os procedimentos que serão utilizados e seu propósito, bem como a identificação dos procedimentos que são experimentais; 03 - Os desconfortos e riscos esperados. 04 - Os benefícios que se pode obter. 01. Você está sendo convidado a participar de um estudo que tem por objetivo avaliar a função da ocitocina. A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que está presente em cerca de 1% da população, atingindo pessoas de todas as culturas e classes sociais. Embora seja freqüente, muitos aspectos desse transtorno ainda não são bem compreendidos. A ocitocina é uma substância que o corpo humano produz naturalmente e, entre várias funções, é responsável pela regulação das interações sociais. Uma função essencial para o relacionamento entre pessoas é a capacidade de reconhecer expressões emocionais faciais, isto é, a capacidade humana de deduzir um estado emocional, como tristeza e alegria, de outra pessoa através da observação da mímica facial e partir disso regular sua interação com o outro. Essa é uma capacidade fundamental para o funcionamento social e está prejudicada em pessoas portadoras de esquizofrenia. Estudos mostram a ocitocina melhora essa função em pessoas normais. Este estudo tem função de avaliar se a ocitocina melhora a capacidade de pessoas com esquizofrenia e pessoas sem esse transtorno mental em reconhecerem emoções faciais. 02. Caso concorde, você participará de duas sessões em que receberá a substância ocitocina ou placebo por via intranasal. Voce passará por uma entrevista antes e depois de receber a ocitocina, com objetivo de avaliarmos o efeito dessa substância e fará um teste de reconhecimento de faces no computador em que lhe serão apresentadas fotos de pessoas expressando diversas emoções.e solicitado a você que as nomeie. O local onde acontecerão as sessões é o Laboratório de Psicofarmacologia, localizado no terceiro andar do Hospital das Clínicas. 03. A substância (ocitocina) que você receberá é uma substancia que ocorre naturalmente no organismo humano e vários estudos semelhantes ao atual foram realizados, mostrando que esse uso é seguro. Não há relato de efeitos colaterais em decorrência do uso como proposto neste estudo. Os efeitos colaterais possíveis relatados pelo fabricante da medicação são dores de cabeça, náusea, alergias cutâneas e contrações uterinas. Esses efeitos são considerados raros (ocorrência de 1 caso para entre 1000 e 10000 usuários da medicação). Você terá a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem que isso lhe traga qualquer prejuízo quanto a seu tratamento neste hospital. Caso você se interesse, os resultados dos seus exames e da pesquisa serão fornecidos, assim que disponíveis. 04. Esse estudo poderá esclarecer mais sobre os efeitos da ocitocina na esquizofrenia e fornecer dados científicos para futuras aplicações terapêuticas dessa substância no tratamento da esquizofrenia ______________________________________ Lígia Ribeiro Horta de Macedo CRM: 108724 Eu _________________________________________, R.G.__________________, abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido; A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu cuidado e tratamento; A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada com a minha privacidade; O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar minha vontade de continuar participando; A disponibilidade de tratamento médico e a indenização que legalmente teria direito, por parte da Instituição à saúde, em caso de danos que a justifiquem, diretamente causados pela pesquisa e; Que se existirem gastos adicionais estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Tenho ciência do exposto acima e desejo participar do estudo citado. Ribeirão Preto, _____ de _________________________ de __________ Laboratório de Psicofarmacologia, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - USP _____________________________________________________ ASSINATURA DO PACIENTE E DO FAMILIAR (OU RESPONSÁVEL LEGAL) _____________________________________________________ Contato: Pesquisador Responsável: Lígia Ribeiro Horta de Macedo, CRM-SP: 108724 Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Campus da Usp. 3o andar. E-mail: [email protected] Tel.: 36022703 TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO Versão voluntário sadio NOME DA PESQUISA: Efeitos da administração de ocitocina intranasal em pacientes com esquizofrenia e voluntários saudáveis no teste de reconhecimento de emoções faciais. PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Lígia Ribeiro Horta de Macedo CRM-SP: 108724 DESCREVER ABAIXO AS INFORMAÇÕES DADAS AO PACIENTE SOBRE: 01 - A justificativa e objetivo da pesquisa; 02 - Os procedimentos que serão utilizados e seu propósito, bem como a identificação dos procedimentos que são experimentais; 03 - Os desconfortos e riscos esperados. 04 - Os benefícios que se pode obter. 01. Você está sendo convidado a participar de um estudo que tem por objetivo avaliar a função da ocitocina. A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que está presente em cerca de 1% da população, atingindo pessoas de todas as culturas e classes sociais. Embora seja freqüente, muitos aspectos desse transtorno ainda não são bem compreendidos. A ocitocina é uma substância que o corpo humano produz naturalmente e, entre várias funções, é responsável pela regulação das interações sociais. Uma função essencial para o relacionamento entre pessoas é a capacidade de reconhecer expressões emocionais faciais, isto é, a capacidade humana de deduzir um estado emocional, como tristeza e alegria, de outra pessoa através da observação da mímica facial e partir disso regular sua interação com o outro. Essa é uma capacidade fundamental para o funcionamento social e está prejudicada em pessoas portadoras de esquizofrenia. Estudos mostram a ocitocina melhora essa função em pessoas normais. Este estudo tem função de avaliar se a ocitocina melhora a capacidade de pessoas com esquizofrenia e pessoas sem esse transtorno mental em reconhecerem emoções faciais. 02. Caso concorde, você participará de duas sessões em que receberá a substância ocitocina ou placebo por via intranasal. Você passará por uma entrevista antes e depois de receber a ocitocina, com objetivo de avaliarmos o efeito dessa substância e fará um teste de reconhecimento de faces no computador em que lhe serão apresentadas fotos de pessoas expressando diversas emoções.e solicitado a você que as nomeie. O local onde acontecerão as sessões é o Laboratório de Psicofarmacologia, localizado no terceiro andar do Hospital das Clínicas. 03. A substância (ocitocina) que você receberá é uma substancia que ocorre naturalmente no organismo humano e vários estudos semelhantes ao atual foram realizados, mostrando que esse uso é seguro. Não há relato de efeitos colaterais em decorrência do uso como proposto neste estudo. Os efeitos colaterais possíveis relatados pelo fabricante da medicação são dores de cabeça, náusea, alergias cutâneas e contrações uterinas. Esses efeitos são considerados raros (ocorrência de 1 caso para entre 1000 e 10000 usuários da medicação). Você terá a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem que isso lhe traga qualquer prejuízo quanto a seu tratamento neste hospital. Caso você se interesse, os resultados dos seus exames e da pesquisa serão fornecidos, assim que disponíveis. 04. Esse estudo poderá esclarecer mais sobre os efeitos da ocitocina na esquizofrenia e fornecer dados científicos para futuras aplicações terapêuticas dessa substância no tratamento da esquizofrenia ______________________________________ Lígia Ribeiro Horta de Macedo CRM: 108724 Eu _________________________________________, R.G.__________________, abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido; A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu cuidado e tratamento; A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada com a minha privacidade; O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar minha vontade de continuar participando; A disponibilidade de tratamento médico e a indenização que legalmente teria direito, por parte da Instituição à saúde, em caso de danos que a justifiquem, diretamente causados pela pesquisa e; Que se existirem gastos adicionais estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Tenho ciência do exposto acima e desejo participar do estudo citado. Ribeirão Preto, _____ de _________________________ de __________ Laboratório de Psicofarmacologia, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - USP _____________________________________________________ ASSINATURA DO PACIENTE (OU RESPONSÁVEL LEGAL) _____________________________________________________ Contato: Pesquisador Responsável: Lígia Ribeiro Horta de Macedo, CRM-SP: 108724 Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Campus da Usp. 3o andar. E-mail: [email protected] Tel.: 36022703 Anexo II: Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa – HC –FMRP -USP Anexo III BPRS: 1-Preocupações Somáticas 2-Ansiedade Psíquica 3-Retraimento emocional 4-Desorganização conceitual (incoerência) 5-Autodepreciação e sentimentos de culpa 6-Ansiedade somática 7-Distúrbios motores específicos 8-Autoestima exagerada 9-Humor deprimido 10-Hostilidade 11-Desconfiança 12-Alucinações 13-Retardo psicomotor 14-Falta de cooperação 15-Conteúdo do pensamento incomum 16- Afeto embotado ou inapropriado 17-Agitação Psicomotora 18-Desorientação e confusão Total: Anexo IV: Escala das Síndromes Positiva e Negativa – PANSS Escala Negativa N1 - Afetividade embotada ..................................1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N2 - Retraimento emocional .................................1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N3 - Contato pobre.................................................1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N4 - Retraimento social passivo/apático ............1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N5 - Dificuldade pensamento abstrato ...............1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N6 - Falta de espontaneidade e fluência .............1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 N7 - Pensamento estereotipado ...........................1.................... 2.................... 3.................... 4.................... 5.................... 6.................... 7 Escore escala negativa _____