IV SãoPaulo, Paulo,125 125(40) (40) II ––São terça-feira, 3 de março de 2015 Exercício físico monitorado para cardíacos m lugar onde homens e mulheres praticam atividade física, fazem amizades e ganham mais qualidade de vida. O setor, que mais se parece com uma academia, instalado nas dependências do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, no Ibirapuera, zona sul da capital, oferece reabilitação física para pacientes que sofrem de cardiopatia grave. FOTOS: FERNANDES DIAS PEREIRA U Diário Oficial Poder Executivo - Seção II Instituto Dante Pazzanese devolve alegria e independência a milhares de cardiopatas por meio do condicionamento físico A unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas. Recebe cardíacos graves que realizaram, por exemplo, cirurgia de implante de stent coronariano (para dilatação das artérias), de revascularização de miocárdio e de transplante de coração. A assistência inclui exercícios físicos para combater o sedentarismo e auxiliar na recuperação dos pacientes submetidos à operação. “Eles chegam limitados e sem força. O resultado do nosso trabalho é melhora nos aspectos físico, social e psicológico. Logo passam a ter vida normal, elevam a autoestima e retomam, inclusive, o relacionamento sexual, antes Alongamento: uma das atividades praticadas pelos cardíacos graves prejudicado”, avalia a cardiologista Angela Rúbia Cavalcanti Neves Fuchs, responsável pelo serviço médico de Condicionamento Físico de Cardiopatas do Dante Pazzanese. Angela observa também redução dos níveis de glicemia entre os diabéticos. Diz que o programa diminui 20% da mortalidade. “Não oferece apenas reabilitação física, mas também atividades de entretenimento, como festas de aniversário, que aproximam as pessoas e facilitam as amizades”, relata. Bicicleta e peso – Os pacientes têm acompanhamento e treinamento físico individual, de acordo com a condição cardíaca de cada um. Chegam ao serviço por encaminhamento dos ambulatórios do Dante Pazzanese, como o de dislipidemia e de hipertensão arterial. Diabéticos fazem medi- Pacientes têm acompanhamento físico individual, de acordo com a condição cardíaca ção de dosagem de glicemia antes e após o treino. Os profissionais verificam a frequência cardíaca e de pressão arterial dos pacientes antes, durante e após as aulas. Quando necessário, ele é atendido por fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. A reabilitação inclui aeróbica na bicicleta, exercícios com sobrecarga muscular (peso, tornozeleira e mola), alongamento e recreação com voleibol adaptado, numa quadra menor do que a convencional. “No vôlei, não há contagem de pontos para não gerar expectativas de vitória, derrota e ansiedade”, explica a professora de educação física Cristina Brito Costa Aparecido. De cada treino, promovido de hora em hora, participa uma turma de até 20 pessoas. Os grupos têm aulas duas a três vezes por semana. Acompanhamento – A história de Mílton Pereira dos Santos, 84 anos, do Itaim Bibi, zona sul, é peculiar. É esportista veterano. Sua primeira atividade foi o boxe, aos 16 anos. Depois, se apaixonou pelo atletismo, praticado em diversas categorias: “Participo de competições até hoje e sempre cuidei da alimentação. Foi um susto quando, em 1993, fiz o check-up no Dante Pazzanese por acaso e o médico disse que eu tinha problema cardíaco grave, a ponto de ter infarto. Fui operado 15 dias depois”. “O caso do Mílton é predisposição genética para problemas do coração. Sem assistência médica, teria morte súbita”, informa a doutora Angela. O atleta diz que seu pai infartou e faleceu aos 61 anos: “Sou atendido no Dante há 21 anos e tenho uma sobrevida extraordinária. Aprendi a importância da necessidade permanente de exercícios com acompanhamento médico”. O serviço de Condicionamento Físico de Cardiopatas do hospital foi criado em 1972. Hoje, oferece cinco educadores físicos, uma terapeuta ocupacional, quatro fisioterapeutas, além de seis aprimorandos em educação física. Todo mês, a unidade atende quase 600 pacientes provenientes dos ambulatórios. Desses, cerca de 200 são menos graves e recebem orientação para realizar os treinos em casa. Assiduidade – “Registramos 90% de adesão ao tratamento. Quem falta três vezes, sem justificativa, é desligado do programa”, informa Ângela. Ela conta que a maioria é assídua e não quer se ausentar das aulas nem no recesso de fim de ano. “Quanto mais grave o caso, maior o benefício da atividade física com acompanhamento médico. Se suspendê-las por muito tempo, os sintomas da cardiopatia voltam”, ressalta. Segundo ela, nos serviços públicos e privados brasileiros existem poucos centros de reabilitação como esse, reconhecidos pelo Ministério da Saúde. “No Brasil e na América Latina, são apenas 116 unidades. No País, são 20 centros. É necessária a abertura de mais serviços de reabilitação para melhorar a qualidade de vida de cardiopatas graves”, sugere a especialista. Viviane Gomes Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial Mais segurança nas tarefas rotineiras “Caminho 4 km por dia” “Depois que comecei a praticar os exercícios de reabilitação aqui, há cinco anos, me sinto mais calma e com melhor condicionamento. Meu marido pergunta o que fizeram comigo para eu melhorar tanto. Estou mais segura e consigo fazer as tarefas de casa”, conta a aposentada Raquel Almeida Capalbo da Silva, 69, (foto), do Jardim Aeroporto, zona sul da capital. No Dante Pazzanese, Raquel controla colesterol, diabetes, pressão alta e problema vascular. Conta ter levado um susto em 2007, quando enfrentou infarto e passou por cirurgia de revascularização do miocárdio. A dificuldade de equilíbrio na bicicleta de três rodas foi superada. Raquel pedala quase uma hora e comemora a redução dos níveis de glicemia: “Aprendi a jogar vôlei e faço amizades. Aqui me receberam superbem, apesar de ser a única mulher da turma”. “Até para chegar à reabilitação minha mulher me ajudava. Não conseguia andar nem 50 metros, sentia muito cansaço. Ainda tenho problema de bombeamento no coração, mas, com os exercícios, fisioterapia e terapia ocupacional, adquiri mais condicionamento. Caminho quatro quilômetros todos os dias”, relata o aposentado Antônio Carlos Tafarella, 64, (foto), residente no bairro Pompeia, zona oeste. Ele elogia o carinho e a dedicação da equipe, pela qual tem muita gratidão. Em agosto de 1999, quando Antônio se queixava de dores no corpo, médicos do convênio disseram que ele tinha de tratar problema na coluna, embolia pulmonar e pneumonia. No mês seguinte, recebeu o diagnóstico correto de infarto e foi operado em um hospital particular, que não oferecia reabilitação pós-cirúrgica. Por esse motivo, foi encaminhado ao Dante Pazzanese, onde passou por outras cirurgias e iniciou atividade física e assistência multiprofissional. A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br terça-feira, 3 de março de 2015 às 03:22:25.