Epidemiologia da dengue no Brasil e no Distrito Federal e suas principais formas de diagnóstico. Dengue and Laboratorial diagnostic in Brazil 1 2 2 2 Mirian Cândida da Costa ; Antônio Juscelino Filho ; Débora Moreira ; José Luiz Lima ; Lindojonson Filho2 RESUMO A dengue dengue é é uma uma importante importante arbovirose arbovirose que que acomete acomete o o homem homem e e constitui constitui um um grave grave RESUMO – –A problema de saúde pública no Brasil. Em 1997 e 1998 observou um crescimento expressivo de problema de saúde pública no Brasil. Em 1997 e 1998 observou um crescimento expressivo de casos na região sudeste e centro-oeste. No Distrito Federal em 2000 e 2001 houve um casos na região sudeste e centro-oeste. No Distrito Federal em 2000 e 2001 houve um ascendente número número de de casos casos de de dengue dengue com com letalidade letalidade baixa. baixa. As As formas formas mais mais utilizadas utilizadas para para ascendente realização do diagnóstico laboratorial são isolamento do vírus e testes sorológicos. realização do diagnóstico laboratorial são isolamento do vírus e testes sorológicos. do Dengue Dengue e e Diagnóstico Diagnóstico laboratorial. PALAVRAS-CHAVE PALAVRAS-CHAVE – Epidemiologia do laboratorial. – Epidemiologia SUMMARY – Dengue is an important arbovirosis that occurs in humans, and it is a serious public health problem in Brazil. An expressive increase of dengue was observed on the south and Middle West in 1997 and 1998. The number of cases of dengue raised In Brasilia on 2000 and 2001 with low lethality. The most used laboratorial diagnostics realized was isolate the virus and serologic testes. Key Work: Dengue and Laboratorial diagnostic INTRODUÇÃO O dengue é considerado uns do mais importantes agravos de saúde pública do mundo na atualidade (Garcia et al.; 1996). A doença é causada pelo Dengue vírus, membro do gênero Flavivirus, Família Flaviviridade. Este gênero abrange sessenta vírus, vinte e um dos quais já foram descritos como sendo patogênico para o homem . Imunologicamente, o vírus dengue compreende quatro sorotipos: DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4. Em um estudo realizado na Nicarágrua foi comprovada a capacidade do sorotipo DEN-3 produzir epidemias de dengue hemorrágico quando associado a um grande número de pessoas suscetíveis e altas densidades do vetor, situação compartilhada pela maioria dos países do continente americano (Guzmán et al., 1996) O vírus do dengue é transmitido pelo mosquito do gênero Aedes aegypti, sendo que a fêmea deste pode se contaminar e transmitir o vírus através da picada. Após ser contaminado pelo vírus, ela estará apta a transmiti-lo depois de oito a doze dias de incubação intrínseca. A transmissibilidade do homem para o vetor ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue do homem, (período de viremia), sendo que este período começa antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia de doença. Uma vez contaminado, o indivíduo pode desenvolver dois tipos de dengue: Dengue Clássica e a Dengue Hemorrágica. A dengue Clássica se inicia de maneira súbita com febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas e às vezes pode aparecer exantemas. A febre dura cerca de cinco dias com melhora progressiva dos sintomas em aproximadamente dez dias. A dengue Hemorrágica é uma forma grave da doença, no início os sintomas são iguais ao dengue clássica, mas após algum tempo os pacientes iniciam um processo de sangramento e choque circulatório. Este último caso pode levar a letalidade (Figueiredo, 1999). Este trabalho tem como objetivo demonstrar o perfil epidemiológico de casos de dengue no Brasil e no Distrito Federal nos últimos anos e, principalmente, evidenciar os casos de letalidade que assolaram a população. Além disto, serão explanadas algumas técnicas utilizadas para realização de diagnóstico laboratorial. DESENVOLVIMENTO O trabalho foi desenvolvido em duas partes distintas: Epidemiologia e Diagnóstico Laboratorial. EPIDEMIOLOGIA No Brasil há referências de epidemias em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982 em Boa Vista – Roraima, causada pelos sorotipos 1 e 4, A partir de 1986 foram registradas epidemias em diversos estados. A mais importante ocorreu no Rio Janeiro onde, pelo inquérito sorológico realizado, estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas foram afetadas pelo sorotipo DEN 1, nos anos de 1986/1987. Outros estados (Ceará, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – 1986/1993) (Prata et al., 1997). Em 1997 a 1998, nas regiões de Centro-Oeste e Sudeste, foi observado um crescimento expressivo de casos, como foi demonstrado na figura 1. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Em análise dos últimos sete anos, comparou –se número de casos observado com número de óbitos e observou a porcentagem da letalidade anual. Em 1997, foram observados cerca de cinqüenta casos, um índice inferior ao ano anterior, porém apresentou 09 óbitos, o que significou uma taxa de letalidade em torno do 20%, a maior observada durante os sete anos analisados. Em 2001 e 2002 o número de casos de dengue foi ascendente, no entanto a taxa de letalidade foi uma das menores, com menos de 5% nos anos referidos inicialmente. Tais dados podem ser observados na Fig. 2. O diagnóstico laboratorial específico tem capital importância nas áreas sem transmissão e com presença do vetor, nas áreas com transmissão estabelecida, mas com poucos casos (Nogueira, 1990). A confirmação laboratorial pode ser feita por isolamento do vírus, testes sorológicos, detecção de genoma e antígenos virais. ISOLAMENTO DO VÍRUS Diagnostico responsável pelo isolamento do vírus na amostra do paciente, é eficiente para confirmação da patogenia e fornece o sorotipo do Dengue vírus (Rocco, et al., 2001) Esta técnica realiza a observação do efeito citopatogênico em células C6/C36 e em seguida os vírus utilizados são identificados usando anticorpos monoclonais em testes de imunofluorescência indireta (Tesh, 1979). A amostra deve ser coletada de 1 a 6 dias após o início dos sintomas e o tempo de realização é em torno de 25 dias. TESTES SOROLÓGICOS Fig. 2: Letalidade de Febre Hemorrágica de Dengue no Brasil nos últimos 7 anos agosto de 2002. TABELA I Casos positivos (CP) e óbitos por Dengue no Distrito Federal de 1997 a 2002 ANO 1997 1998 1999 2000 2001 2002 CP 05 83 38 28 613 848 ÓBITOS 03 Esta técnica está voltada para dosagem de anticorpos, sendo dois tipos comuns de sorologia: inibição de hemaglutinação e o ensaio imunoenzimático (MAC-ELISA). Esta No Distrito Federal fo ultima é mais utilizado devido a sua praticidade e rapidez, e consiste em pesquisar a presença de anticorpos IgM na amostra de pacientes. Esta técnica deve ser realizada em casos com início dos sintomas acima de 7 dias e o tempo de realização é em torno de algumas horas (Kuno et al., 1987). CONCLUSÕES A transcendência de um agravo à saúde é mensurada pela gravidade e pelo valor social que representa à sociedade, ou seja, pelo impacto atual ou potencial e suas repercussões no desenvolvimento sócio-econômico (Prata et al., 1997). Pelo exposto trabalho, verificou-se que existe uma dificuldade na forma de enfretamento do dengue no país, ou seja, a erradicação do Aedes aegypti e todos os esforços neste sentido ainda não foram totalmente bem sucedidos. A propagação do Dengue vírus é muito facilitada pela velocidade e grande fluxo dos tráfegos aéreo e terrestre, rapidamente o vírus pode ser transportado de uma cidade a outra, de um país ao outro e até de um continente ao outro, no sangue de indivíduos na fase virêmica (Tauil, 2001). Existem grandes possibilidades de apresentação epidemiológica das epidemias de dengue hemorrágico, uma vez que o Brasil tem a maior concentração de indivíduos susceptíveis no mundo, sob risco de epidemia de dengue hemorrágico (Prata et al., 1997). Este problema poderia se concretizar casos haja uma alta circulação do sorotipo 1 e 2, aliadas à possibilidade da introdução veemente dos sorotipos 3 e 4. È necessário que o problema da Dengue, na forma de circulação sorotipos e a proliferação do vetor seja observado cuidadosamente, pois em casos de epidemias poderemos causar repercussões economias e sociais desastrosas, em virtude da necessidade de capacitação de recursos financeiros e humanos, adequação da rede de serviços de saúde e aumento na taxa de letalidade. REFERÊNCIAS 1. Figueiredo, LTM. Patogenia das infecções pelo vírus do dengue. Medicina, Ribeirão Preto, 32:15-20, 1999. 2. Garcia, B.B.; Dantés, H.G.; Ramirez, E.A.; Montesano, R.; Martinez. A.L.V; Bernal, S.I.; Ayala, G.M.; Matus, C.R.; Flisser, A. & Conyer, R.T. Potencial risk for dengue hemorragic fever: The isolation of serotype Dengue 3 in México. 1996. 3. Guzmán, M.G.; Vasquez, S.; Martinez, E.; Alvarez, M.; Rodriguez, R.; Kouri, G.; Reyes, J. & Acevedo, F. Dengue en Nicarágua, 1994: reintroduction do sorotipo 3 em lãs Américas. Bol. Oficina Sanitária Panamericana. 121(2), 1996. 4. Kuno, G., Gómez, I., Gubler, D.J. Detecting artificial antidengue IgM immene complexes using an enzymelinked immunosorbennt assay. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 36(1): 153-159, 1987. 5. Nogueira, R.M.R. Isolation of dengue vírus type 2 in Rio de Janeiro. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 85(2): 253-256, 1990. 6. Prata, A. Condutas Terapêuticas e de suporte no paciente com dengue hemorrágico. Iesus. 2: 87-101, 1997. 7. Rocco, M.I.; Kavakama, B.B. & Santos, C.L.S. First isolation of Dengue 3 in Brasil from a imported case. Revista do Instituto de Medicina Tropical e São Paulo. 43(1):55-57, 2001. 8. Tauil, P.L. Urbanization and Dengue Ecology. Cad. Saúde Pública. 17(Suppl): 16, 2001 9. Tesh, R.B. A method for the isolation and identification of dengue viruses using mosquito cell cultures. American Jounal of Tropical Medicine and Hygiene. 28(6): 1053-1059,1979.