Título do Trabalho Completo

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III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV
3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas
HUB 2015
21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR
LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE UM FRAGMENTO FLORESTAL NO
MUNICÍPIO DE DOIS VIZINHOS NO SUDOESTE DO ESTADO DO PARANÁ
Amanda Cristina Beal Acosta¹, Daniela Aparecida Estevan², Evelyn Raphaela Naegeler de
Souza1, Leticia de Alcântara Dôres1*, Matheus do Carmo1
1
Graduandos do Curso de Engenharia Florestal. Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR CEP
85660-000 – Dois Vizinhos – PR.
E-mail: [email protected]
2
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Coordenação de Ciências Biológicas. CEP - 85660-000 –
Dois Vizinhos – PR.
RESUMO
Através da fitossociologia, que é um levantamento da diversidade florística, estrutural e
distributiva de certa vegetação, foi realizado um estudo da vegetação em uma área de transição
entre duas formações florestais, a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Semidecidual,
no sítio das Canjaranas, município de Dois Vizinhos, PR, Brasil. Neste estudo, foram amostrados
através de 30 pontos-quadrantes com distância de 10m entre cada um, os indivíduos com CAP
igual ou superior à 15 cm. Cada indivíduo amostrado teve a espécie vegetal identificada, mediuse o CAP e a distância do ponto a cada árvore do seu quadrante. 37 espécies arbustivo-arbóreas,
pertencentes a 19 famílias. Índice de Shannon encontrado na área foi de 3,16 e a sua equabilidade
0,88.
Palavras-chave: espécies, diversidade, florística, vegetação, regeneração.
INTRODUÇÃO
A Fitossociologia segundo Martins (1989) compreende o estudo das inter-relações de
espécies vegetais dentro da comunidade vegetal no espaço e no tempo, referindo-se ao estudo
quantitativo da composição, estrutura, funcionamento, dinâmica, história, distribuição e relações
ambientais.
A região Sudoeste do Paraná, além de pouca cobertura natural, carece de estudos florísticos
ou fitossociológicos de seus remanescentes florestais (GORENSTEIN et al., 2012). O município
de Dois Vizinhos e outros da região, segundo a portaria MMA no. 9 de 23 de janeiro de 2007 estão
inseridos nas “Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios
da Biodiversidade Brasileira”.
No presente estudo, objetivou-se a caracterização fitossociológica de um fragmento
florestal localizado em uma área de transição entre duas formações florestais, a Floresta Ombrófila
Mista (FOM) e a Floresta Estacional Semidecidual (FES), no município de Dois Vizinhos no
Sudoeste do estado do Paraná.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em um fragmento de floresta localizado em uma área de
transição entre duas formações florestais (FOM) e (FES), contendo 2,5 hectares, no Sítio das
Canjaranas, localizado na Estrada para Boa Esperança (trevo UTFPR-DV) no Município de Dois
Vizinhos na região Sudoeste do Estado do Paraná. O município está localizado na Latitude Sul
25º42’92” e Longitude Oeste 53º052’09”, e a sua altitude encontra-se entre 900 e 1200 metros.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança –
Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900
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Segundo a EMBRAPA (2006) o solo do município de Dois Vizinhos é predominantemente
latossolos e nitossolos. Caracterizando solos profundos, porosos e bem permeáveis. O município
está localizado em uma região subtropical úmida cujo clima, segundo a classificação de Koeppen,
é o Cfa (C = climas pluviais temperados, onde o mês mais frio apresenta temperaturas entre 18ºC
e -3ºC; f = sempre úmido, com chuva em todos os meses do ano; a = média de temperatura do mês
mais quente é superior a 22ºC) (MAACK, 1968).
O levantamento do fragmento foi realizado através de 30 pontos quadrantes, com distância
fixa de 10m entre os pontos. Em cada um desses pontos foram amostrados os quatro indivíduos
mais próximos, que apresentaram circunferência na altura do peito (CAP) igual ou superior 15 cm,
incluindo indivíduos arbóreos de pequeno e grande porte. Os indivíduos foram identificados
quando possível a campo, ou coletados e comparados com a literatura específica e ou material
incorporado no herbário UTFPR-DV. A delimitação das famílias foi feita de acordo com a APG
(2009).
Foram calculados os índices fitossociológicos, frequência absoluta (FA), frequência
relativa (FR), dominância(D) (absoluta e relativa), e densidade (absoluta e relativa) (MARTINS,
1989). Para a caracterização da diversidade os dados foram tabulados e calculados utilizando-se o
software Microsoft Office Excel®.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O levantamento fitossociológico na área estudada (Sítio das Canjaranas) contabilizou 37
espécies arbustivo-arbóreas pertencentes às famílias: Sapindaceae, Araucariaceae, Rhamnaceae,
Myrtaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Salicaceae, Loganiaceae, Meliaceae, Lauraceae, Rosaceae,
Bignoniaceae, Rutaceae, Malvaceae, Urticaceae, Arecaceae, Moraceae, Erythroxylaceae e
Sapotaceae. As famílias predominantes em número de indivíduos amostrados foram: Sapindaceae,
Araucariaceae, Rhamnaceae, Myrtaceae.
A densidade total estimada foi 619,62 indivíduos/ha, e a área basal total de 20,96 m2/ha.
Considerando a área basal total e o número de espécies o fragmento seria classificado segundo a
resolução do CONAMA no. 2 de 18 de março de 1994 em estágio intermediário a avançado de
sucessão. O índice de Shannon encontrado na área foi de 3,16 e a sua equabilidade 0,88.
Como demonstrado no gráfico a espécie com maior número de indivíduos, e também a
primeira em Valor de Importância (IVI), é a Allophylus edulis (A.St.-Hil., Cambess. & A.Juss.)
Radlk., o vacum, uma espécie nativa pioneira da família Sapindaceae. Tem importância madeireira,
e devido aos seus frutos atrativos para dispersores, a árvore é de grande potencial para
reflorestamento de áreas degradadas. O vacum também é ornamental, muito utilizado em
arborização de cidades. Segundo Reitz (1980), o vacum apresenta distribuição irregular, sendo por
vezes bastante abundante, para depois se tornar bastante rara.
A segunda espécie com o maior número de indivíduos foi a Hovenia dulcis Thunb., a uvajapão, da família Rhamnaceae, que é uma árvore exótica invasora que se adaptou muito bem no sul
e sudoeste brasileiro devido as condições edafoclimáticas. Essa fácil adaptação traz grandes
problemas ecológicos a flora local, com frutos atrativos, a uva- japão é facilmente dispersada por
animais e se desenvolve rapidamente, tornando-se assim, competidora em potencial de espécies
nativas.
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A espécie Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, pinheiro-do-paraná, 3ª. Em IVI, apesar
de ter apenas cinco indivíduos amostrados, apresentou o maior valor de dominância absoluta,
reflexo do grande porte dos indivíduos. Apesar de ser a espécie típica da FOM, atualmente é
considerada em risco de extinção segundo Martinelli & Moraes (2013), devido à grande exploração
madeireira que sofreu ao longo do tempo.
20
18
16
PRINCIPAIS ESPÉCIES ARBÓREAS ENCONTRADAS NO
LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DO SITIO
CANJARANAS.
14
12
10
8
6
4
Densidade relativa
2
Frequência relativa
0
Dominância relativa
Gráfico 1. Principais espécies arbóreas encontradas no levantamento fitossociológico do sitio Canjaranas.
CONCLUSÃO
Apesar do pequeno número de unidades amostrais analisadas, conclui-se que o fragmento
florestal do Sítio Canjaranas, apresenta considerável riqueza de espécies arbóreas (37), diversidade
expressiva, e a presença de espécies típicas e em perigo de extinção como o pinheiro-do-paraná.
Entretanto, espécies com potencial invasor como a uva-do-japão, também foram amostradas,
indicando a necessidade de manejo desta espécie.
REFERÊNCIAS
Empresa brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2 ed. Rio
de Janeiro, Embrapa Solos, 2006. p. 306.
MAACK, R. 1968. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba, PR.
MARTINS, F. R. Fitossociologia de florestas no Brasil: um histórico bibliográfico. Pesquisas - série Botânica, São
Leopoldo, p. 103-113, 1989.
MARTINELLI, G. & M.A. MORAES (orgs.). 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
REITZ, R.. Flora Ilustrada Catarinense. Parte 1. Fascículo Sapindáceas. P. 111. 1980.
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