Alguns aspectos do conto em Dubliners de James Joyce Rodrigo Moreira Pinto Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP Objetivos James Joyce é principalmente reconhecido devido suas experimentações formais que levou a literatura em língua inglesa a um extremo em suas últimas obras: Ulysses e Finnegans Wake. Contudo, o mesmo esmero formal pode ser reconhecido, ainda que não totalmente lapidado, em seus primeiros trabalhos: Dubliners e A Portrait of the Artist as a Young Man. Esta pesquisa tem como objetivo traçar os principais elementos formais constituintes do conto joyceano e correlacioná-los com a tradição do gênero e apontar também como tais traços estão relacionados aos elementos do conteúdo dos contos, sobretudo à paralisia. Métodos/Procedimentos O objeto de estudo desta apresentação, que faz parte da pesquisa “A Morte e A Música em Dubliners de James Joyce” é projeto é a coletânea de contos do autor irlandês. O método de análise foi a leitura atenta (close reading) dos contos focalizando primeiramente em seus elementos constituintes, como personagem, narrador, ponto de vista, enredo, tempo, atmosfera para depois questionar como Joyce desenvolve tais aspectos formais, diferenciando-se de outros contitas que o antecederam. Os instrumentos de apoio para análise são obras referentes à sua biografia, textos críticos dos trabalhos de Joyce e também textos que abordam o conto como gênero. Foram consultados livros que falam do contexto histórico e cultural da Irlanda durante o período de composição da obra. Resultados A premissa da pesquisa é baseada em um leit-motiv encontrado em The Dead, principal conto da obra. Constatou-se, em seguida, através de diversas leituras devidamente calcadas na bibliografia de apoio, que tal leit-motiv era recorrente ao longo da obra, mesmo que de uma forma indireta, apresentando-se digno de um estudo mais aprofundado que pudesse descrevê-lo adequadamente. Este leitmotiv trata-se de uma peculiar articulação que o autor trabalha com a tensão no conto e as sub-narrativas do mesmo em relação à trama principal. Existe uma falsa impressão de que não há tensão no contos de Dubliners, contudo, uma leitura atenta revela que na verdade esta tensão é trabalhada de uma forma não convencional: diferente dos autores que o antecederam que, em poucas palavras, direcionam a tensão de forma gradativa até chegar num clímax inesperado; forma esta ainda muito adotada pelo cinema e TV, sobretudo nos thrillers. Joyce direciona a tensão do conto para outros aspectos inerentes da narrativa, não centralizando somente no enredo; na condução da ação principal. Conclusões Ao tirar a tensão como fio condutor da ação em Dubliners, e direcioná-la a outros aspectos, mais precisamente à psicologia dos personagens, Joyce está trazendo como constituinte formal um dos principais elementos de sua obra: a paralisia. Referências Bibliográficas ELLMAN, Richard. James Joyce. Trad. Lya Luft. São Paulo: Globo, 1989. JOYCE, James. Dubliners. Notes and introduction by Terence Brown. London: Penguin Modern Classics, 1992.