Visualizar PDF - Encontro de Saberes

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XXIII Seminário de Iniciação Ciéntifica da UFOP
Pai contra mãe, cânone contra cânone
Jana Portela Beraldo (Autor), Cláudio Roberto Vieira Braga (Orientador)
A canonização de obras e autores constitui procedimento corrente desde que se optou por sistematizar o
estudo da literatura. Esse procedimento, contudo, é comandado por ideologias parcialistas que excluem
significativos segmentos da sociedade. O objetivo deste estudo é, portanto, questionar a formação e a
imposição de cânones que negam a possibilidade de reconhecimento literário a grupos tidos como
“minorias”. Para isso, analisou-se o conto Pai contra mãe, de Machado de Assis, que serviu de base para a
discussão do tema das lutas identitárias que propõem novos modos de se fazer história da literatura.
Tivemos ainda um objetivo secundário, que foi o de demonstrar que Machado, apesar de ter sido
“embranquecido”, escreveu literatura tipicamente afro-brasileira. Empregou-se a metodologia da pesquisa
bibliográfica para se reunir escritos teóricos pertinentes à construção e ao desenvolvimento da hipótese
delineada para a fonte primária desta pesquisa, qual seja, o conto Pai contra mãe. Compuseram nossa
fonte secundária reflexões sobre cânone e contra-cânone (Schmidt, 1996), bem como sobre os elementos
que, para Duarte (2008), caracterizam a literatura afro-brasileira. Estes elementos – temática, autoria,
ponto de vista, linguagem e público – serviram como pontos-chave para a aplicação, ao conto em exame,
de verificação para averiguar se a obra poderia ser enquadrada na literatura brasileira de origem africana.
Obteve-se como resultado o fato de apenas o último fator – público – não ser aplicável à realidade do
conto. Concluiu-se que, no Brasil, o escritor negro, mesmo lançando mão de temáticas que abordem,
pontos de vista que defendam e linguagem que evoque a sua raça, tropeçam na hora de atingir um
público também afrodescendente, já que o acesso à leitura ainda é insipiente para esse grupo social.
Percebe-se, assim, que muito ainda precisa ser discutido e modificado para que se possa garantir este
bem que é inalienável a todo e qualquer cidadão – o direito à literatura.
Instituição de Ensino: UnB - Universidade de Brasília
ISSN: 21763410
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