O Rodococcus ainda é controverso. Certo, porém, é que, toda vez

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DOENÇA INFECCIOS
A
INFECCIOSA
Abcesso na
garupa por
rodococcus
RODOCOCCUS
EQUI
O Rodococcus
ainda é
controverso.
Certo, porém, é
que, toda vez
que abusarmos
do equilíbrio e da
harmonia com a
natureza, o
Rodococcus
aparece.
Reconhecê-lo
precocemente é
a diferença
maior entre a
vida e a morte
do potrinho.
Hipopion
por
rodococcus
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Potro com
rodococcus crônico
A
era da criação intensiva definitivamente chegou. Propriedades pequenas com um número enorme de
eqüinos, coabitando um mesmo espaço físico, é prática cada dia mais
freqüente. Porém, quanto mais intensiva é a criação, maiores serão as probabilidades de aparecer
doenças, estresse, verminoses e acidentes.
Buscar meios de minimizar os efeitos negativos dessas mudanças e novos pontos de equilíbrio
e harmonia para os cavalos, são desafios, cada dia
maiores para o médico veterinário. Os sistemas
mais intensivos de criação alteram o ecossistema e
a natureza dos cavalos e favorecem o aparecimento de uma doença, causada pela bactéria Rodococcus equi. Antes, essa doença, era classificada como
sendo Corinebacterium equi portanto, até hoje, muitos veterinários assim a conhece.
O Rodococcus encontra-se disseminado em todos os ambientes habitados por cavalos e o desconhecimento pelos criadores e profissionais da área,
impede a associação dos fatos no Haras. Apesar de
ser o causador dos problemas, vem muitas vezes
mascarado e associado com outras doenças, onde
acabamos por não notar que é ele quem está judiando, espoliando ou mesmo matando o potro apático, fraco, anêmico, magro, com abdômen pendu-
loso, fezes pastosas, parecendo massa plástica ou
cimento e que grudam na região perianal, cheirando mal. Essas fezes por sua vez tendem a constipar, causando retenção do conteúdo e toxinas
altamente deletéricas ao organismo, podendo
variar entre cores acinzentadas, amareladas ou
esverdeadas.
É uma das doenças que mais acarreta prejuízos, para os criadores brasileiros, podendo se manifestar de várias formas diferentes. Mesmo que o
potro não venha a óbito, poderá ter graves seqüelas como diarréia crônica, déficits pulmonares com
maior predisposição a hemorragias quando adulto
ou então, deixando-o subdesenvolvido e comprometendo seu potencial para esporte pelo resto da
vida.
Ele é da mesma família do Micobacterium que
é o agente causador da tuberculose humana; foi
mais intensivamente estudado nestes últimos anos,
pois foi encontrado em seres humanos debilitados
pelo vírus do HIV.
Acomete potros jovens até o desmame. Geralmente, quanto mais jovem é o animal, mais severa
é a manifestação da doença. Após esse período os
cavalos adquirem resistência natural e, salvo raras
exceções, não mais adoecem.
Isto significa que, todos os eqüinos entraram
em contato com o Rodococcus em alguma fase de
suas vidas para assim, ativarem seu sistema imunológico na produção de anticorpos.
Uma vez no organismo, pode gerar septicemia,
e chegar até as articulações, causando artrites. Na
câmara anterior do globo ocular, pode originar
“hipopion” ou simplesmente “pus” no olho ou ainda, no coração, causa endocardites e “sopros cardíacos”.
Sua predileção porém, é atuar nos pulmões e
no sistema digestivo. No pulmão, gera pneumonias crônicas, agudas ou super agudas, levando, nestes casos, rapidamente o potro à morte.
No trato intestinal, diarréias e até mesmo dores
em virtude das fezes pastosas e ressecadas. O abdômen fica distendido e abaulado e o potro parece
“selado”. O aumento dos linfonodos mesentéricos
pode culminar em distúrbios de cólicas, alterações
de peristalse com intussuscepções íleo cecal ou
ceco cólicas e mesmo em peritonite.
Quando cronificado, espolia os potros que se
tornam, cada vez mais fracos, com pêlos opacos e
extremidades com alopecia, chegando algumas
vezes a tal ponto de não terem mais forças para
comer, mamar ou andar... Não é raro, potros tornarem-se transcurvos ou adquirirem hérnia umbilical, em função do relaxamento muscular e tendíneo presente.
Alguns fatores que impossibilitam a erradicação da bactéria são:
1 - Todos os cavalos adultos eliminam, diariamente, o Rodococcus pelas fezes pois, faz parte da flora bacteriana normal do aparelho digestório dos
eqüinos.
2 - A rotina diária de um potrinho é mamar, andar,
brincar e dormir... dormir muito! Permanece deitado boa parte do dia, perto de suas mães. Com o
focinho e bocas rentes ao solo, inalam e ingerem
facilmente o aerosol contaminado, mantido em suspensão, dentre outras coisas, pelos próprios sapateios das mães. Quanto mais novo é o potro, maior
é o tempo que permanece deitado.
3 - Alguns potros, por curiosidade ou por desequilíbrio nutricional, possuem o vício de brincarem
ou até ingerirem pequenas quantidades de fezes.
4 - O clima quente e úmido, que coincide com a
estação dos nascimentos, torna-se ambiente extremamente favorável a seu desenvolvimento no solo.
5 - Uma vez no organismo do animal, os glóbulos
brancos, não conseguem destruí-los, pelo contrário, o Rodococcus vive e cresce dentro dos macrófagos.
6 - O Rodococcus também não possui boa antigenicidade, tornando-se tarefa difícil, confecção de
vacinas altamente eficazes.
7 - Algumas reprodutoras não possuem imunidade
em quantidades significativas para passar via colostro a seus neonatos.
8 - O comércio ou leilões de cavalos, de forma geral, coloca no mercado muitas éguas prenhes, que
acabam sendo transferidas de ambiente. Sem tempo hábil para produzir novos anticorpos, tornamse mais susceptíveis a problemas com seus potros.
9 - Éguas primíparas possuem menor concentração
de anticorpos que éguas mais velhas, aumentando
também a incidência dos casos.
Particularmente, acreditamos que existam variações de susceptibilidade entre linhagens. Sob
semelhante condições de criação, ambiente, estresse e grau de desafio, os eqüinos das raças como
Quarto de Milha, Appaloosa, Árabe ou Paint Horse parecem ser mais susceptíveis do que potros da
raça Mangalarga, Marchador, Crioulo, Campolina,
Lusitano ou BH. Notamos também que, com o passar do tempo, as cepas de um determinado haras
tornam-se mais brandas (ou os eqüinos mais resistentes) e com isto, apesar da
morbidade continuar, a mortalidade geralmente diminui.
Podemos atacá-las pelos
seus pontos mais fracos:
1 - Não são muito resistentes
quando em contato com desinfetantes. Normalmente, o problema não é saber o que fazer,
mas sim como fazê-lo. É difícil
colocar os desinfetantes onde o
Rodococcus encontra-se.
2 - Sob o sol intenso e direto,
não sobrevivem por muito tempo.
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Abcesso em parede
de reto de potro
Secreção nasal potro com
rodococcus
DOENÇA INFECCIOS
A
INFECCIOSA
Meios de diagnóstico:
• Hemogramas.
• Verificação de anticorpos gerais no neonato
através da prova do Sulfato de Zinco.
• Verificação de anticorpos específicos contra Rodococcus presente no potro.
• Verificação da bactéria, através de lavados
traqueais e cultura.
• R-X e ultra-sons torácicos ou abdominais.
• Exame clínico. Na nossa vivência, notamos
que alguns haras adotam a postura de intensificar os exames e as averiguações clínicas
dos potros, recolhendo e aferindo temperatura, 2 ou mais vezes por dia. Essa é uma prática que desaconselhamos, em função de aumentar em muito as aglomerações e o estresse dos animais. O que sugerimos nessa questão é que se façam os devidos acompanhamentos, mas evitando os excessos. Mais relevante do que aferir temperatura é ter um bom
“olho clínico”.
Abcesso
pulmonar
Massa
intestinal
compactada,
em potro
com
rodococcus
3 - Mesmo sem entender por que algumas cepas
tornam-se mais agressivas que outras de um momento para o outro, entendemos que elas gostam
de estar associadas com outras formas de estresse
dentro do haras como por exemplo, verminoses,
outras bactérias, desnutrição e superpopulação.
Com um bom manejo sanitário e zootécnico, com
potros bem nutridos e saudáveis estaremos dificultando a ação dessas bactérias.
4 - A vacinação, mesmo não sendo 100% eficaz, é
prática interessante. Existem boas vacinas no mercado e, mesmo que não consigam impedir o aparecimento da doença, abrandam os sintomas, diminuindo sensivelmente a mortalidade.
5 - A vacina está diretamente relacionada com o
grau de desafio a que o potro está exposto. Apesar
de vacinado, em determinado haras existe uma
grande quantidade de bactérias que fica, a todo instante agredindo e tentando quebrar a barreira do
organismo. Isso deve ser combatido.
6 - Fazer trabalho profilático através de detecção
de anticorpos ao nascimento, administração de
plasma hiperimune ou mesmo vacinação dos potros, é alternativa importante também.
Algumas medidas que os haras podem
adotar:
• Evitar entrada e saída de eqüinos.
• Fazer esterqueiras e coleta de fezes nos pastos e piquetes sempre que possível.
• Controle rígido contra verminose.
• Evitar áreas empoeiradas para os potros. Colocar as mães em pastos de capim “alto”.
• Procurar ambientes com algumas árvores
para minimizar o estresse do sol intenso e
evitar o excesso de chuva direta nos potros.
• Utilizar, se possível, caminhões pipa para
minimizar a poeira ambiente.
• Desinfetar a “terra”... de maior afluxo dos
potros com cal ou cloro.
• Evitar a aglomeração de eqüinos junto com
os potrinhos.
• Evitar ao máximo, manejos estressantes para
as éguas com os potros.
O Rodococcus ainda é controverso. Certo, porém, é que, toda vez que abusarmos do equilíbrio e
da harmonia com a natureza, o Rodococcus aparece. Reconhecê-lo precocemente é a diferença maior entre a vida e a morte do potrinho. Dr. Walnei Miguel Paccola
(CRMV-SP 5350)
[email protected]
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