Trabalho

INFECÇÃO POR Strongyloides westeri EM POTRO
Relato de Caso
Deivson Ferraz Cunha1, Guido Gomes Wanderley2, Karina Pessoa Oliveira2, Inalda Angélica de Souza Ramos2,
Fernanda Lavínia Moura Silva2, Joyce Torres de Paula2, Raissa Ivna Alquete de Arreguy Baptista2, Maria Virginia de
Freitas Barbosa Lima2, Juliana Barreto Lopes Rodrigues2 e Márcia de Figueiredo Pereira 3

Introdução
A enterite é a causa mais comum de distúrbios do
trato gastrintestinal de potros, sendo de grande
importância na clínica de neonatos. Esta manifestação
clínica ocasiona alterações metabólicas, como rápida
desidratação, significativo desequilíbrio ácido-básico e
hidroeletrolítico, podendo levar o potro à morte em um
curto espaço de tempo [1].
As causas infecciosas de enterite em potros podem
ser de origem bacteriana, viral ou parasitária, e os
principais agentes parasitários são: Strongyloides
westeri, S. vulgaris, Criptosporidium e Eimeria [2].
O Strongyloides westeri é um nematoda
relativamente freqüente em potros e afeta segmentos do
intestino delgado. Os membros deste gênero são
comuns no intestino delgado de animais muito jovens.
[3]
No peri-parto, as infestações por nematóides
gastrintestinais aumenta consideravelmente nas éguas,
reduzindo a condição corporal, e comprometendo o
desenvolvimento fetal e o parto. Durantes esse período
as matrizes contaminam ainda mais as pastagens e
podem transmitir por via transplacentária e pelo
colostro as larvas de Strongyloides westeri aos potros.
Quando esses animais se infectam por larvas de
Strongylus spp., podem ocorrer quadros graves de
cólicas após o parto, culminando na morte dos animais
[4].
O strongyloides é único entre os nematóides de
importância veterinária, sendo capaz de ciclos
reprodutivos tanto parasitário como de vida livre. Na
fase L3, as larvas podem tornar-se parasitas, infectando
o hospedeiro por penetração cutânea ou por ingestão e
migração via sistema venoso, pulmões e traquéia,
desenvolvendo-se em fêmeas adultas no intestino
delgado. Os potros podem adquirir infecção
imediatamente após o nascimento, pela mobilização de
larvas latentes nos tecidos da parede abdominal ventral
da mãe que subsequentemente são excretadas no leite.
A transmissão desse patógeno se dá principalmente via
colostral ou pelo leite da égua infectada. [3].
Os parasitos maduros são encontrados no duodeno e
no jejuno proximal e, se presentes em grande
quantidade, podem causar inflamação com edema e
erosão do epitélio. Isto resulta numa enterite catarral com
diminuição da ingestão e absorção [3].
Os sinais clínicos comuns observados usualmente apenas
em animais muito jovens são diarréia, anorexia, apatia,
perda de peso ou taxa de crescimento reduzida.
Evidentemente, o melhor meio de se evitar a contaminação
do potro é através do tratamento estratégico da égua
imediatamente antes do parto [1, 3, 4].
Este trabalho tem por objetivo relatar um caso de
infecção por strongyloides em um potro.
Material e métodos
Um potro, macho, Quarto-de-Milha, com três meses de
idade foi levado à Clínica de Grandes Animais da
Universidade Federal Rural de Pernambuco por apresentar
diarréia, anorexia, apatia, perda de peso, anemia e cólicas.
Ao exame clínico e físico não foram identificadas outras
alterações. Suspeitou-se de uma infecção parasitária,
porém, não houve tempo de fechar o diagnóstico porque o
animal veio a óbito minutos depois do início do seu
atendimento. O animal foi então encaminhado para
necropsia.
Amostras do fígado, rim, pulmão e intestino delgado
foram colhidas, fixadas em formalina a 10 % tamponada e
processadas de acordo com a rotina histológica. Os cortes
foram feitos à espessura de 5μm e corados com
hematoxilina-eosina.
Resultados e Discussão
Na necropsia, observou-se espessamento da parede
intestinal, devido ao edema, e numerosos pontos
multifocais, levemente salientes.
No exame histopatológico, foram encontrados ovos e larvas
de Strongyloides westeri na mucosa e submucosa do
intestino delgado. Não foram observadas lesões
significativas nos outros órgãos. O Strongyloides westeri é
um parasita comum em potros que caracteriza-se por
provocar diarréias com lesão da parede intestinal, má
digestão, falta de apetite, cólicas, emagrecimento, anemia e
que quando ocorre infecções pesadas, pode determinar
enterite catarral com rápida desidratação, estando estes
achados clínicos presentes no exame do animal relatado.
________________
1. Primeiro Autor é discente do Curso de Medicina Veterinária e bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N – Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 57171-900. E-mail: [email protected]
2. Segundo Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de
Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
3. Terceiro Autor é Professora da Área de Patologia do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
A maioria das causas infecciosas de enterite em
potros também causa diarréia [5]. Embora geralmente
de pouca significância patogênica, quando em
infecções pesadas, pode determinar enterite catarral e
rápida desidratação [3].
O paciente teve seu diagnóstico confirmado através
dos achados de necropsia e análise histopatológica de
fragmento do intestino delgado.
A infecção por Strongyloides westeris é comum no
intestino delgado de potros e pode provocar uma
enterite catarral que pode levar o animal a morte, sendo
a análise histopatológica uma importante ferramenta
para a confirmação do diagnóstico.
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelas bênçãos em minha vida, aos
técnicos administrativos, aos docentes pelo auxílio
técnico-científico e a todos que contribuíram direta ou
indiretamente para a realização deste trabalho.
Referências
[1]
[2]
[3]
[4]
[5]
KOTERBA, A. M. 1965. Equine Clinical Neonatology.
Editora Lea e Febiger, Volume 1, London, Philadelphia, 1990.
p. 425-430.
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Figura 1. Intestino Delgado do Potro infectado – enterite parasitária com presença de larvas e ovos de Strongyloides westeri. Fig.
1A, H.E., 250x; Fig. 1B, H.E., 400x.