E SE PERGUNTAREM POR MIM, DIGA QUE ESTOU ÓTIMA Kaoana Sopelsa [email protected] Esta pesquisa refere-se à sociedade brasileira no início do século XXI, analisada através da educação informal midiática, apreendida fora das escolas, como parcialmente fundamentadora de comportamentos e valores aceitos ou rejeitados pela sociedade, recuperando a pluralidade de interpretações. O momento histórico brasileiro e seus conceitos sociais são tratados pela historiadora Mary del Priore como de indivíduos de muitas caras, ora permissivos, ora autoritários. Afirma a pesquisadora, no livro Histórias Íntimas, que na intimidade os seres sociais miram suas contradições. Parafraseando Eric Hobsbawm – pesquisador de diversas áreas da história, em seu livro Sobre História, “toda história é história contemporânea disfarçada”. (HOBSBAWM, 1998, pág. 243) A pesquisa utiliza a história contemporânea, do presente como história da educação. Eric afirma que qualquer historiador pertence ao seu tempo de vida, a partir do qual sonda o mundo, sendo inevitável que a experiência pessoal desse tempo modele como o vemos. Forma-se um padrão geral que se impôe à nossa observação. Ainda, Hobsbawm assegura que “o historiador de seu próprio tempo não está em pior, mas em melhor situação que o historiador do século XVI”, e continua, em parágrafo seguinte: “falo como alguém que atualmente tenta escrever sobre a história de seu tempo e não como alguém que tenta mostrar o quanto é impossível fazer isso”. (ibidem, pág. 254) Desta forma, o tempo se torna uma construção histórica, construção esta que se apropria da memória – muitas vezes coletiva, outras individual, com elementos que demonstram a ideia de pertencimento dos indivíduos a um determinado coletivo. Isso significa que as memórias ajudam o pesquisador a identificar o que é recordado por um ou por vários grupos sociais. A construção da história do presente aceita os testemunhos diretos, reconhecendo a subjetividade, sem desqualificá-la. Como afirma Márcia Maria Menendes Motta – pesquisadora de história contemporânea, em capítulo sobre a história do tempo presente, no livro organizado por Ciro Flamarion Cardoso intitulado Novos 1 Domínios da História, “o problema relativo às fontes na história do tempo presente é o inverso, pois ela [a história do tempo presente] corre o risco de errar não pela carência”(MOTTA in CARDOSO, p. 31), mas pelo excesso, conclui Motta, citando Hobsbawm. Este excesso, que precisa ser filtrado, é encontrado na pesquisa com uma diversidade de fontes audiovisuais, assim como escritas, via Internet, de um modo geral. O trabalho de pesquisa, vinculado com a Internet, possibilita a conexão e circulação de narrativas e registros jornalísticos, fazendo da tecnologia e da informática ferramentas de busca, formas de acesso. As transformações advindas do uso do computador permitem que a comunicação se amplie, com o uso de imagens e música, além da produção textual. Célia Cristina da Silva Tavares – professora e historiadora, em capítulo sobre a história e a informática para o livro já mencionado Novos Domínios da História, de Ciro Flamarion Cardoso, afirma que “os computadores portáteis tornaram-se companheiros fundamentais dos historiadores dedicados à pesquisa arquivística ou mesmo livresca”. (TAVARES in CARDOSO, 2012, p. 305) A maioria das fontes aqui utilizadas foram encontradas pela mídia, via internet, e passaram pela coleta, de acordo com os recortes necessários para informar sobre os acontecimentos que levaram à formação da Banda do Mar, que possui em seu disco a música a ser estudada aqui, Me Sinto Ótima, assim como informações sobre seus componentes e diretamente sobre sua intérprete e compositora, Mallu Magalhães. Sobre este momento de obtenção da realidade pelos meios de comunicação e a percepção dos pesquisadores, Marcos Napolitano – autor de vários trabalhos relacionados à fontes midiáticas na história, em capítulo sobre a pesquisa depois do papel para o livro organizado por Carla Bassanezi Pinsky – pesquisadora de história do gênero e outras áreas, intitulado Fontes Históricas, declara: As fontes audiovisuais e musicais ganham crescentemente espaço na pesquisa histórica. Do ponto de vista metodológico, são vistas pelos historiadores como fontes primárias novas, desafiadoras, mas seu estatuto é paradoxal. Por um lado, as fontes audiovisuais (cinema, televisão e registros sonoros em geral) são considerados por alguns, tradicional e erroneamente, testemunhos quase diretos e objetivos da história, de alto poder ilustrativo, sobretudo quando possuem um caráter estritamente documental, qual seja, o registro direto de 2 eventos e personagens históricos. Por outro lado, as fontes audiovisuais de natureza assumidamente artística (filmes de ficção, teledramaturgias, canções e peças musicais) são percebidas muitas vezes sob o estigma da subjetividade absoluta, impressões estéticas de fatos sociais objetivos que lhes são exteriores. A questão, no entanto, é perceber as fontes audiovisuais e músicas em suas estruturas internas de linguagem e seus mecanismos de representação da realidade, a partir de seus códigos internos. (NAPOLITANO in PINSKY, 2010, p.236) Desta forma, as fontes não devem ser tratadas nem como de extrema subjetividade ou testemunhos objetivos, sendo importante perceber seus mecanismos de representação da realidade. O autor dá continuidade, sendo específico ao trato com a fonte musical, assegurando que “Na música, a textura ou a colocação de uma voz, os timbres e o equilíbrio entre os instrumentos, os andamentos e as divisões rítmicomelódicas, são estruturas que interferem no sentido conceitual, corpóreo e emocional de uma letra. ” (Ibidem, p. 267). Como direciona o autor, tratar de canções é preocupar-se com a objetividade e subjetividade inseridas, levando em consideração as impressões estéticas e os fatos sociais que lhes são parte integrante, assim como a linguagem, a representação da realidade por seus próprios códigos, adentrando a questões como o timbre de voz, as estruturas textuais e rítmicas, que interferem nas representações de realidade desejadas pelos intérpretes e/ou compositores. O contexto didático e histórico da pesquisa refere-se à categoria gênero, na edificação de sujeitos históricos, com a finalidade de decifrar as construções sociais em um fundo comum que demonstra anseios femininos do Brasil contemporâneo, através da portavoz Mallu Magalhães na música Me Sinto Ótima. A história da educação aborda as relações de gênero e identidade, exprimindo a representação para ambos os sexos apreendida fora das escolas. Assim explica Maria Izilda S. de Matos em Por uma História da mulher: Sem dúvida, a categoria gênero reivindica para si um território específico, em face da insuficiência dos corpos teóricos existentes para explicar a persistência da desigualdade entre mulheres e homens. (...) a categoria gênero procura destacar que a construção dos perfis de comportamento feminino e masculino definem-se um em função do 3 outro, uma vez que se constituíram social, cultural e historicamente em um tempo, espaço e cultura determinados. (IZILDA, 2000, p. 16) Portanto, quando o pesquisador se refere ao estudo das relações sociais entre homens e mulheres, é significativo que não exclua parte de sua análise, incorporando a existência da desigualdade entre os sexos e de que forma essa situação interfere no conjunto das relações sociais, das definições e delimitações de espaços para os sexos, na qual todos os seres humanos são classificados em um sistema de acordo com valores e hierarquias sociais construídas inclusive através da educação informal. Simone de Beauvoir – famosa autora que analisa o papel da mulher na vida contemporânea, em seu livro O segundo sexo: a experiência vivida, baseia-se na mulher aprendendo sobre sua condição e sentimentos, num universo que se encontra encerrada, desejosa do estudo sobre quais evasões lhes eram permitidas, sendo possível alcançar a compreensão dos problemas impostos às mulheres que instigavam ou caminhavam para um novo futuro. Acrescenta ainda que “é o conjunto da civilização que elabora êsse[sic] produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino”. (BEVAOIR, 1960, p. 9) Nesta apreensão de sentimentos, de evasões, de problemas sociais impostos às mulheres também se enquadra Mallu, em meio à sua poesia e veia artística que ultrapassa a música. A fonte utilizada é abordada em análise com a historiografia da educação do período, sendo que a teoria aplicada é a categoria gênero. Trabalhar com literatura dentro da história da educação exige que ocorra aporte temporal, social, respondendo questionamentos sobre a identidade e as representações encontradas no período histórico em que a fonte está inserida. Já a categoria gênero detecta movimentos de construção de sujeitos históricos, analisando as transformações por que passaram e como construíram suas práticas, transpondo o silêncio e a invisibilidade antes relegados às mulheres na história, numa análise de relações pessoais, redes familiares, vínculos afetivos, modos e formas de comunicação, criando a condição para se decifrar as construções sociais. Parafraseando Simone de Beauvoir no livro já citado, não se trata de enunciar verdades eternas, mas descrever o fundo comum sobre o qual se desenvolve a existência 4 feminina. Afinal, a submissão ou servidão voluntária já vem sendo estudada desde o século XVI por Etienne de La Boetie, assim como por Freud no século XX. As relações de poder não param de ser tema atual e interessante. Utilizando o método indiciário, já trabalhado tanto por Foucault quanto por Ginzburg, que, através de indícios implícitos no que foi escrito por Mallu Magalhães, permite a aproximação com a formação da identidade de gênero no Brasil do início do século XXI, para elucidar sobre a contribuição na educação informal, realizada em espaços de imprensa visando alcançar o ambiente privado feminino. Este método comporta que o pesquisador vá além do que a própria fonte evidencia. Andréa Lisly Gonçalves, em obra já mencionada, indica a utilização do paradigma indiciário: [...] essas fontes se distribuem como um “mosaico de pequenas referências esparsas”, forçando a adoção de métodos específicos do qual talvez seja um bom exemplo o paradigma indiciário, formulado por Carlo Ginzburg, ainda que não especificamente para a história das mulheres, entre uma gama variada de opções. (GONÇALVES, 2006, p. 87-88) Ginzburg esclarece no livro O fio e os rastros que “o mundo privado e o mundo público acontecem paralelamente, ora se encontram” e que “o olhar aproximado nos permite captar algo que escapa da visão de conjunto, e vice-versa. ” (GINZBURG, 2007, p. 267). Reforça a ideia no livro Mitos, Emblemas, Sinais: morfologia e história: Deste modo, pormenores normalmente considerados sem importância, ou até triviais, “baixos”, forneciam a chave para aceder aos produtos mais elevados do espírito humano (...) momentos em que o controle (...) ligado à tradição cultural, distendia-se para dar lugar a traços puramente individuais (...) a uma atividade inconsciente. (...) pistas talvez infinitesimais permitem captar uma realidade mais profunda, de outra forma inatingível. (GINZBURG, 1989, p. 149 e 150) A investigação demonstra que, através da educação informal, comportamentos e valores são aceitos em uma determinada sociedade e período, mas podem ser rejeitados posteriormente. Procura então recuperar a comunicação entre o pesquisador e os testemunhos. 5 A Intérprete, Mallu Magalhães, é integrante da Banda do Mar, composta também por seu atual marido Marcelo Camelo e pelo amigo Fred Pinto, que costumam compor de forma conjunta, levando em consideração suas experiências cotidianas. Para Jô Soares, Mallu diz ter aprendido primeiro a tocar violão, em seguida piano, banjo – que ela ganhou porque uma pessoa conhecida ia jogar fora, então consertou o instrumento e aprendeu a tocar – outra atividade artística da intérprete. 1 Magalhães acredita ter começado a compôr com dez anos – primeiramente em inglês porque, segundo ela, impressionava mais as pessoas. Entretanto, quando aprendeu a “se comunicar” com a música e percebeu que as pessoas se relacionavam mais com as composições em português, a escrita fluiu em sua lingua materna. Não imaginava a carreira musical para si mesma, pensando em ser design de moda - já que costurava suas próprias roupas. João Gordo, em entrevista para a MTV, afirma que Mallu foi a figura mais comentada no cenário brasileiro em 2008. Mallu conta na entrevista ter colocado na internet 4 músicas (precisamente no site MySpace, rendendo convites para TV e rádio) gravadas com o dinheiro resultante de seu aniversário de 15 anos (respectivamente 1200 reais), reunido através dos presentes que iria ganhar de seus familiares. Ao chegar na gravadora, os proprietários gostaram de suas composições e se ofereceram para ser sua banda de apoio – palavras do baterista em entrevista televisiva. João gordo pergunta como foi sua iniciação com a música, e Mallu responde que seu pai, engenheiro, chegava em casa e tocava músicas de Caetano Veloso, Zeca Baleiro, influenciando-a. Entretanto, o tão perceptível folk foi desenvolvido em sua música por influência de seu público, que a comparavam com intérpretes do estilo, desenvolvendo o interesse de Magalhães.2 Mallu manteve-se em gravações independentes, até que a gravadora Sony apresentou a proposta que mais a agradou, por lhe permitir gravar “conforme eu quisesse”3. 1 https://www.youtube.com/watch?v=BdAlGvJR5CQ acesso em 06/05/2015 às 21:03 2 https://www.youtube.com/watch?v=k983UAP-3o4 acesso em 06/05/2015 às 20:41 3 https://www.youtube.com/watch?v=APc-JgUr5Lg acesso em 06/05/2015 às 21:15 6 Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães, ou simplesmente Mallu Magalhães, é uma cantora e compositora brasileira. Paulista, nasceu em 29 de agosto de 1992. Com três álbuns, emplacou vários sucessos, como "Tchubaruba", do seu primeiro trabalho. É filha de uma paisagista com um engenheiro, aos nove anos Mallu ganhou um violão. Aos 12 anos, já começou a compor suas primeiras canções. Três anos depois, disponibilizou quatro músicas no site "MySpace"e começou a fazer sucesso. Chamou a atenção do público por suas interpretações de músicas do Johnny Cash e de Bob Dylan. Seu álbum de estreia teve a produção de Mário Caldato e foi um sucesso. Foi indicada como revelação em vários prêmios. O segundo trabalho foi produzido por Kassin e marca o amadurecimento musical de Mallu. Em 2011, chegou ao mercado, Pitanga", seu terceiro álbum. Mallu é casada com o cantor Marcelo Camelo, ex-vocalista da banda "Los Hermanos". Em 2014, lança o disco da Banda do Mar, um projeto liderado por ela com Marcelo Camelo e em parceria com o baterista português Fred Ferreira. O trio lançou o primeiro álbum e DVD homônimo com 12 músicas e iniciou turnê pelo Brasil em outubro. Logo que o trio disponibilizou os primeiros singles, "Hey Nana" e "Mais Ninguém", o projeto se destacou entre as novidades no cenário da música e alcançou o primeiro lugar no ranking de compras digitais com a pré-venda do álbum no iTunes.4 Em algumas entrevistas, Mallu demonstra envolver-se cada vez mais com a composição e com criações artísticas, fazendo isso em tempo integral. Ela vê a arte como uma forma de sobrevivência, como aprimoramento de si mesma, descrevendo seu comprometimento como uma “entrega”, expondo o que pensa em seu cotidiano, em um aprimoramento de sua autenticidade, de forma intensa, para escrever de maneira intuitiva e chegar a resultados que um dia foram inconscientes. Assim, compor para ela é mais intuição do que razão - porque seus sentimentos do momento se tornam a razão do seu compor, “quanto menos pensado, mais eficaz é”5, sendo ela em seu ponto mais íntimo. Alega chorar muito, e desse choro “sair” a música, em um contato consigo mesma, abrindo um canal dela para o mundo. Conta utilizar o dicionário para pesquisar os termos que signifiquem o que realmente ela deseja dizer. 4 http://www.purepeople.com.br/famosos/mallu-magalhaes_p2527 07/05/2015 acesso em 14:25 5 https://www.youtube.com/watch?v=4Bp2TRXfFHE acesso em 06/05/2015 às 20:30 7 Em relação à banda: Banda do Mar é um grupo composto em por Marcelo Camelo, exintegrante do Los Hermanos, Mallu Magalhães e o português Fred Ferreira. Formado em 2014, a primeira música lançada foi 'Hey Nana', na voz de Camelo, mas ainda conta com 'Mais Ninguém', cujo vocal fica por conta de Mallu. A terceira música lançada pela banda foi 'Muitos Chocolates'. O primeiro álbum da Banda do Mar, com estas e outras canções autorais, tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2014, seguido de uma turnê do trio. Camelo e Mallu mantém um relacionamento pessoal e profissional desde 2008, o que rendeu boas parcerias e influenciou o trabalho de ambos desde então. Em seu primeiro disco solo, de 2008, Camelo contou com uma participação de Mallu Magalhães na faixa 'Janta', eleita pela Rolling Stone Brasil como a melhor música nacional do ano. A união se repetiu em 2011, em 'Toque Dela'. Neste mesmo ano, Camelo produziu o álbum 'Pitanga' de Malu, seu terceiro trabalho de estúdio. Já Fred colaborou com o mais recente álbum de Wado, 'Vazio Tropical', também com produção de Camelo.6 Mallu conheceu Marcelo, ex-líder da banda Los Hermanos, em um show. Estava saindo do palco e foi informada que Marcelo Camelo – o qual ela desconhecia a fisionomia, mas conhecia o trabalho - estava assistindo-a e gostaria de conhecê-la. Garante logo ter se apaixonado por ele, ao vê-lo com um casaco preto, óculos escuros, barba de disfarce, notando sua altura, ao dizer que o mesmo parecia “muito alto”. Para ela, ele brilhava. Marcelo demonstrava sentimentos amorosos por ela via internet, chegando a composição da música Janta – posteriormente cantada por ambos, a qual lhe enviou por e-mail. Mallu a descreve como “a música mais linda que já ouvi na vida. ”7 Começaram a namorar quando Mallu tinha 16 anos e Marcelo 30, gerando muita polêmica no país. Fred – baterista de algumas bandas importantes na música portuguesa - e Marcelo são amigos de longa data. Os membros da banda mantêm um relacionamento muito próximo, sendo que Mallu e Marcelo visitam muito Fred, em ocasiões comemorativas que intensificaram seus laços de união, descritos por Camelo como “familiares”. 6 http://musica.com.br/artistas/mallu-magalhaes/biografia.html acesso em 06/05/2015 às 20:25 7 https://www.youtube.com/watch?v=PgXIDwI7Jo4 acesso em 06/05/2015 às 22:18 8 O casal (Mallu e Marcelo) mudou-se para Lisboa com o intuito de manter a proximidade com o amigo Fred. Marcelo afirma que foi fruto deste convívio o surgimento do disco e da banda. Já que o trio não desejava se separar, viram na banda “um encontro”. A ideia surgiu quando os amigos foram em um casamento juntos. Programaram primeiro uma turnê brasileira, para mostrar a Fred o Brasil, e posteriormente, uma turnê portuguesa, para que Fred os mostre Portugal, de forma mais física, já que o amigo os apresentou músicas de muitas bandas e intérpretes portugueses, artistas de diversos estilos. Mallu conta que mantiveram a banda em segredo até o disco, gravado em Portugal em 2014, ficar pronto. A ideia era fazer uma formação elétrica: baixo, bateria, guitarra e voz. Algo mais simples, com o desafio de resumir tudo que antes era feito em muitos instrumentos, para arranjos que fossem “direto ao ponto”.8 Os amigos e integrantes da banda certificam que o projeto não é um contrato vitalício, mas um encontro com possibilidade de parar e voltar, ou seja, fazer ou não novos discos, sem compromisso, já que cada um deles participa de outros projetos e possui carreira própria. Camelo ressalta que, na atualidade, não há necessidade de estar apenas em uma banda, mas que os projetos alternativos podem caminhar juntos. Fred diz ser um privilégio tocar com seus amigos, algo como o realizar de um sonho, e que se não fosse pelos amigos, jamais teria a oportunidade de conhecer o Brasil, experiência que considera inesquecível. A fonte da pesquisa é a faixa 08 do CD Banda do mar, que se chama Me Sinto Ótima: Cansei de carregar milhões de medos Das pessoas que me cercam e me pesam de agonia Eu já tenho lá os meus anseios, os meus receios Que eu perco com a luz do dia Eu tenho acordado cedo e me sinto ótima Eu gosto do gosto da coragem A melhor viagem é seguir a trilha que eu abri Eu me achei no colo do meu par A melhor parte de mim eu acabei de descobrir E se perguntarem por mim, diga que estou ótima 8 https://www.youtube.com/watch?v=SHbwBDOGjyk acesso em 06/05/2015 às 22:10 9 O que está havendo em mim Eu já nem sei dizer Será que a sorte foi onde eu não posso ver Eu tenho o céu de abril Pra desentristecer Serei o que sobrar de mim Sem nada a perder9 A música inicia com assovios alegres, provável influência do pai da intérprete que, segundo a mesma - em entrevista televisiva para Luciano Huck, tocava seu violão e assoviava. É a parte mais animada de toda a melodia, com o som do violão sobressaindo-se. Logo após, as notas continuam em um ritmo animado, podém mais lento. Em um terceiro momento Mallu faz uma pausa com o violão e o ritmo diminui ainda mais, cantando de forma branda. Depois tudo se reinicia. A versão da música aqui apresentada será considerada a final, já que gravada no disco da Banda do mar. Uma versão anterior é apresentada em vídeos do youtube com ritmo blues, uma estrofe anterior, porém sem duas estrofes posteriores. Ou seja, a adaptação ocorreu em ambas as partes, melodia e poesia. Eis a versão anterior: Eu tenho gana pelo mundo inteiro, Preciso de fôlego. Mas tenho andado em pleno desespero, E não aguento mais. Certas pessoas tem grudado em mim E não me deixam em paz. Cansei de carregar milhões de medos das pessoas Que me cercam e me pesam de agonia. Eu já tenho lá os meus receios, meus anseios que eu Perco com a luz do dia, eu tenho acordado cedo e me Sinto ótima. (2x)10 O provável motivo dessa mudança pode estar vinculado à ideia da formação elétrica, mais simples do que as composições anteriores dos intérpretes da banda. Entretanto, a análise desejada nesta pesquisa não terá aprofundamento em relação à 9http://www.vagalume.com.br/banda-do-mar/me-sinto-otima.html#ixzz3ZTVZgzrp acesso em 07/05/2015 às 14:32 10 http://letras.mus.br/mallu-magalhaes/me-sinto-otima/ acesso em 07/05/2015 às 15:05 10 versão preconcebida da música, ficando como possibilidade para um momento posterior. Nas estrofes iniciais, Mallu diz estar cansada de carregar os medos das pessoas, por lhe fazerem sentir agoniada, num momento que aprendeu a entender que seu trabalho é uma questão de identificação. Percebeu em algumas pessoas uma personalidade que descreve como destrutiva, ao condenar seu trabalho. Sabe da necessidade em lidar com estas pessoas, mas já que as mesmas não convivem com ela, ela separa estas críticas, entendendo que o problema não é pessoal, mas simplesmente uma falta de identificação com seu trabalho. Michel Foucault, professor do Centro Universitário Experimental de Vincennes, em conferência nos Estados Unidos sobre O que é um Autor?, posteriormente reeditada e republicada algumas vezes, anuncia que “a noção do autor constitu o momento crucial da individualização na história das idéias, dos conhecimentos, das literaturas, e também na história da filosofia e das ciências.” Sabendo também que: Não é possível fazer do nome próprio, evidentemente, uma referência pura e simples. O nome próprio (e, da mesma forma, o nome do autor) tem outras funções além das indicativas. Ele é mais do que uma indicação, um gesto, um dedo apontado para alguém; em uma certa medida, é o equivalente a uma descrição. Mas não se pode ficar nisso; um nome próprio não tem pura e simplesmente uma significação; O nome próprio e o nome do autor estão situados entre esses dois pólos da descrição e da designação; eles têm seguramente uma certa ligação com o que eles nomeiam, mas não inteiramente sob a forma de designação, nem inteiramente sob a forma de descrição: ligação específica. Entretanto - e é ai que aparecem as dificuldades particulares do nome do autor -, a ligação do nome próprio com o indivíduo nomeado e a ligação do nome do autor com o que ele nomeia não são isomorfas nem funcionam da mesma maneira. O nome do autor não é, pois, exatamente um nome próprio como os outros. Muitos outros fatos assinalam a singularidade paradoxal do nome do autor. [...] um nome de autor não é simplesmente um elemento em um discurso (que pode ser sujeito ou complemento, que pode ser substituído por um pronome etc.); ele exerce um certo papel em relação ao discurso: assegura uma função classificatória; tal nome permite reagrupar um certo numero de textos, delimitá-los, deles excluir alguns, opô-los a outros. Enfim, o nome do autor funciona para caracterizar um certo modo ele ser do discurso: para um 11 discurso, o fato de haver um nome de autor, o fato de que se possa dizer "isso foi escrito por tal pessoa", ou "tal pessoa é o autor disso", indica que esse discurso não é uma palavra cotidiana, indiferente, uma palavra que se afasta, que flutua e passa, uma palavra imediatamente consumível, mas que se trata de uma palavra que deve ser recebida de uma certa maneira e que deve, em uma dada cultura, receber um certo status. Chegar-se-ia finalmente a idéia de que o nome do autor não passa, como o nome próprio, do interior de um discurso ao indivíduo real e exterior que o produziu, mas que ele corre, de qualquer maneira, aos limites dos textos, que ele os recorta, segue suas arestas, manifesta o modo de ser ou, pelo menos, que ele o caracteriza. Ele manifesta a ocorrência de um certo conjunto de discurso, e refere-se ao status desse discurso no interior de uma sociedade e de uma cultura. O nome do autor não está localizado no estado civil dos homens, não está localizado na ficção da obra, mas na ruptura que instaura um certo grupo de discursos e seu modo singular de ser. Conseqüentemente, poder-se-ia dizer que há, em uma civilização como a nossa, um certo numero de discursos que são providas da função "autor", enquanto outros são dela desprovidos. A função-autor é, portanto, característica do modo de existência, de circulação e de funcionamento de certos discursos no interior de uma sociedade. 11 Desta forma, Foucault explica que a intérprete recebe ligação com suas obras, sendo um nome específico que caracteriza trabalhos e, de certa forma, os coloca em moldes, pois os classifica. Assim, o trabalho exposto na música pode ser recebido de formas diferentes, de acordo com a significação social que o autor possui. A poesia de Mallu em suas composições é subjetiva, coerente com suas experiências sociais, manifestando rupturas e continuidades comcertos grupos, na sua existência dentro de uma determinada sociedade. Magalhães continua ao atestar que já possui seus próprios receios e anseios, referindo-se ao momento em que sai de sua intimidade como compositora e precisa vestir pesos, angustias e felicidades, decorrentes de sua arte, ao subir no palco, ao dar entrevistas, entrando em contato direto ou indireto com o público. Acerca disso, Theodor L. W. Adorno, sobre a Filosofia da Nova Música, afirma que “O gosto público e a qualidade das obras ficaram divorciados. A qualidade se impõe devido comente à estratégia do autor, que por certo não pertence à própria obra, ou devido ao entusiasmo 11 fido.rockymedia.net/anthro/foucault_autor.pdf acesso em 17/05/2015 às 16:30 12 dos críticos e peritos musicais.” (ADORNO, 2007, p. 07), o que leva a pensar sobre as críticas, o reconhecimento, o acolhimento do público ouvinte. Adorno continua: Desde o momento em que o processo de composição se mede unicamente segundo a conformação própria de cada obra e não mais segundo razões genéricas tacitamente aceitas, já não é possível "aprender" a distinguir entre música boa ou música má. Quem quiser julgar deve considerar de frente os problemas e os antagonismos intransferíveis da criação individual, sobre a qual nada ensina a teoria musical geral ou a história da música. Aqui ninguém seria mais capaz de formular juízos valorativos do que o compositor de vanguarda, a quem falta, contudo, toda a disposição discursiva. Já não pode contar com um mediador entre o público e ele. Os críticos se atem literalmente ao alto discernimento de que se fala em um dos lieder de Mahler: avaliam segundo o que entendem e não entendem; e os executantes, sobretudo os maestros, deixam-se guiar sempre por aqueles momentos de mais direta e exterior eficácia e compreensibilidade da obra executada. Enquanto para o público, que está fora da produção, a superfície da nova música parece estranha e desconcertante, os mais típicos representantes desta música estão condicionados pelos mesmos pressupostos sociais e antropológicos que condicionam o ouvinte. As dissonâncias que o espantam falam de sua própria condição e somente por isso lhe são insuportáveis. Por outro lado, o conteúdo daquela outra música familiar a todos está tão distante do que hoje pesa no destino humano que a experiência pessoal do público já não tem quase nenhuma comunicação com a experiência testemunhada pela música tradicional. Quando o público acredita compreender, não faz senão perceber o molde morto do que protege como patrimônio indiscutível e que desde o momento em que se converteu em patrimônio é algo já perdido, neutralizado, privado de sua própria substância artística; algo que se converteu em indiferente material de exposição. Na realidade, na concepção que o público tem da música tradicional, permanece importante apenas o aspecto mais grosseiro, as idéias musicais fáceis de discernir, as passagens tragicamente belas, atmosferas e associações. (Ibidem, p. 09) Theodor explica a dificuldade atual referente à crítica musical, que convive com o que é subjetivo do compositor, do ouvinte, dos críticos, da indústria musical e tantos outros envolvidos. Seria trabalhoso, ou talvez impossível, formular “juízos valorativos” tanto para um grupo, quanto para outro. Se o público não compreende a composição, por não identifivá-la com os padrões culturais antes confeccionados, o autor corre o risco de não conseguir se comunicar com o mesmo. Ainda assim, quando neutralizados 13 e familiarizados com a forma de composição, a “análise” pública geralmente é realizada de forma superficial. Talvez por isso Magalhães confesse, no início da música, estar cansada dos anseios alheios, tendo suas próprias preocupações. Entretanto, a autora parece superar o problema, porque assegura que acorda cedo e se sentir ótima, ou desta forma deseja que o público a veja lidando com a questão. Expondo parte de seu cotidiano, acrescenta em entrevistas que, ao acordar com o sol nascendo, despenteada, pulando banhos, esquecendo de escovar os dentes, permanece em casa, compondo ou não, à vontade, com sua veia artística. Ou seja, a desistência não é cogitada. Mallu segue, com coragem, suas convicções. Compõe através de seu lado íntimo e pessoal, utilizando suas escolhas, caminhos escolhidos como inspiração. Nem sempre os ouvintes aceitam suas decisões. Isso fica claro em relação ao seu conjuge, que no início do relacionamento era um “homem de 30”, sendo ela uma “menina de 16 ano”. Assim publicou a imprensa: Agora é pra valer. A cantora Mallu Magalhães assumiu o seu namoro com o também cantor Marcelo Camelo, na noite deste sábado, 22, durante uma apresentação no Morro da Urca, na Zona Sul do Rio. Quando questionada sobre a diferença de idade entre ela e o namorado, Mallu respondeu: “Não vejo problema nehum com essa história de idade. Isso existe? ”, disse ela, que aos 16 anos vive um romance com um homem de 30 anos.12 A sociedade criticou esta união pelo receio de que os homens mais velhos manipulem as jovens imaturas, vendo a juventude dessas jovens como pureza que seria corrompida, ou seja, como se o homem já soubesse as palavras da jovem pura e conduzisse-a às suas vontades. A preocupação é: será que este homem a está usando ou realmente a ama? Entretanto, no Estatudo da Criança e do Adolescente, existe a afirmação de que, a partir dos 12 anos, a escolha da pessoa já deve ser levada em consideração.13 12http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL872380-9798,00-MALLU+MAGALHAES+E+MARCELO+CAMELO+ASSUMEM+ROMANCE.html acesso em 10/05/2015 às 13:40 13 https://www.youtube.com/watch?v=u6JvznVvtQc acesso em 10/05/2015 às 14:00 14 Esta mentalidade advem da construção do casamento como instituição higiênica, encontrados no livro Ordem médica e norma familiar do historiador Jurandir Freire Costa, que afirmava o seguinte: Considerações idênticas contraindicavam o casamento entre mulheres jovens e homens velhos. A mulher jovem, pela imaturidade do aparelho reprodutor, arriscava-se a uma gestação ou parto difíceis que podiam lesar o feto ou o recém-nascido. O velho tinha os órgãos reprodutores enfraquecidos e com suas funções perturbadas, o que o tornava igualmente inapto a procriar. A observância dos critérios higiênicos fornecia, assim, novas regras para o estabelecimento das relações matrimoniais. (...) A idade ideal do casamento era de 24 a 25 anos para o homem, e a de 18 a 20 anos para a mulher (...) As condições físicas e morais dos noivos também era objeto de inquietação higiênica. Os homens eram longamente advertidos quanto à escolha das esposas: A mulher era alertada, de modo idêntico, quanto ao futuro marido: (...) Enfatizava-se, do mesmo modo, a força moral do homem, desqualificando a riqueza diante do caráter. O homem bom e inteligente poderia tornar-se rico, enquanto o fraco de caráter acabaria dilapidando os bens herdados. (COSTA, 2004, p. 221) A jovem vista como imatura, o velho como inapto, não produziriam filhos saudáveis. A união da intérprete com Marcelo foge dos padrões estabelecidos, em que uma união saudável a diferença máxima de idade seria a metade (7 anos) da diferença entre os Mallu e Camelo. O caráter do homem velho também era posto em análise: Nas descrições médicas, a velhice masculina era carregada de traços físicos e morais repulsivos. O velho tinha o semblante macilento e rugoso [...]. Sua alma era um poço de sentimentos reprovados pela virtude e generosidade sociais: A vida do velho era cinzenta, amarga, intrusa no mundo dos homens: Pág. 224 O velho, portanto, nada mais era que um parasita, um sanguessuga da juventude: Não seria arbitrário afirmar que se encontram aí alguns dos germes responsáveis pela posição que ocupa o velho na sociedade atual. No afã de elogiar o corpo saudável e reprodutor, os higienistas destruíram impiedosamente o poder do velho na família. (COSTA, 2004, p. 224) 15 Mesmo ainda com 30 anos, por somar mais que uma década de sua namorada, o homem recebe o estigma de velho em relação à cônjuge e de desvirtuado, por desejar uma juventude que não mais o pertence. Ao se referir à elucidação acerca da melhor parte de si mesma, Mallu faz alusão a Marcelo Camelo, seu par. Sustenta em entrevistas que ele a influencia muito nos pensamentos e conceitos do cotidiano, nas referências musicais, assim como na produção. Marcello contribuiu no encontro de método de construção musical da intérprete, tanto quanto em sua paixão pela música, interesses que se mantem e se aprofundam, acompanhando as mudanças em sua vida e personalidade. A letra da música final aborda o desejo da independência, na tentativa de conquistar autonomia, felicidade e imparcialidade em meio às críticas sociais. Ser independente aparece como uma vontade de defender os próprios valores, descobrindo um sentido para a vida, através da razão e da luz, no encontro com a realização pessoal. Entretanto, permanece uma ligação com a perspectiva tradicional de alcançar o amor e, consequentemente, se descobrir e/ou completar. A revolução das comunicações, segundo Mary del Priore em seu livro Histórias e Conversas de Mulher, auxiliada pela cultura urbana, adaptaram-se aos indivíduos autônomos, deixando uma pergunta sem resposta: as mulheres ainda querem ser protegidas, assistidas e apoiadas por alguém? Por se tratar de uma pesquisa inicial, ainda há muito a se explorar acerca dos trabalhos realizados por Mallu Magalhães em conjunto com a Banda do Mar. Este recorte e análise pontual é apenas uma das muitas possibilidades. Recortes como o trabalho e composição de Marcelo Camelo, assim como de Fred Pinto, são alternativas que adentram a educação informal brasileira. O estudo das mentalidades, com viés histórico, ou mesmo literário, a análise do discurso, a biografia são outras análises possíveis para essa mesma fonte. A produção literária possibilita encontrar pequenas raízes, fios que se ligam em um imaginário mais amplo que ancorados em discursos mais profundos no Brasil e fora dele. A música viabilizada pela imprensa circula por entre um grupo elitizado de pessoas que compõem esta comunidade de ouvintes e que tematizam a relação dos papeis sociais. Uma história da educação se torna visível 16 quando estas fontes demonstram o esforço de sujeitos sociais em pensar seu modo de ser, seu status político e social em determinado período da história. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor L. W. Filosofia da Nova Música. São Paulo : Perspectiva, 2007. BANDA DO MAR, Banda do Mar, Sony Music, 2014. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. v. 1 e v. 2. 9. ed. Trad. Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais: morfologia e história. – São Paulo: Companhia das Letras, 1989. ________________. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2004. GONÇALVES, Andréa Lisly. História & gênero. 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