SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA RISALVA KLARICE ARAÚJO BEZERRA DE CARVALHO CAROLINE PEREIRA SOUTO PROTOCOLO ATUAL DE DOR TORÁCICA JOÃO PESSOA – PB 2016. RISALVA KLARICE ARAÚJO BEZERRA DE CARVALHO CAROLINE PEREIRA SOUTO PROTOCOLO ATUAL DE DOR TORÁCICA Trabalho de Conclusão de Curso –Artigo Científico- apresentado à coordenação do curso de Mestrado Profissional em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI como requisito para a obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva orientado pelo Professor Dr. Douglas Ferrari Aprovada em: 03 de abril de 2016. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Douglas Ferrari Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Presidente (Orientador) Prof. Dr. Thaysa Morais Brandão Mendes Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Prof. Dr. Yonnara Maria Teixeira Silva Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Prof. Dr. Helena Wanderley Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador JOÃO PESSOA – PB 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA PROTOCOLO ATUAL DE DOR TORÁCICA ______________________________________________________ RISALVA KLARICE ARAÚJO BEZERRA DE CARVALHO ______________________________________________________ CAROLINE PEREIRA SOUTO SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8 2 OBJETIVO .................................................................................................... 10 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 10 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS .................11 4.1. Dados estatísticos ......................................................................................11 4.2. Unidades de Dor Torácica ..........................................................................12 4.3. Dor torácica ................................................................................................12 4.4. Conceito de Dor Torácica de Natureza Cardíaca .......................................13 4.5. Protocolo de Dor Torácica ..........................................................................13 4.6. Histórico do Protocolo de Dor Torácica.......................................................16 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................17 5 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................19 PROTOCOLO ATUAL DE DOR TORÁCICA Risalva Klarice Araújo Bezerra de Carvalho Caroline Pereira Souto RESUMO Doenças coronarianas necessitam de uma atenção especial tanto para a orientação do paciente, como para o conhecimento profissional, isso porque atingem uma quantidade significativa de pessoas. Dentre os sintomas o desconforto torácico é o principal e necessita avaliação criteriosa. A partir desse contexto observa-se a necessidade do conhecimento do Enfermeiro sobre a dor torácica e sua atuação frente a esse sintoma. Este estudo teve por objetivo identificar a atuação do enfermeiro frente ao paciente com dor torácica e enfatizar a importância do Protocolo de Dor Torácica para um atendimento de qualidade. Trata-se de um estudo do tipo descritivo e bibliográfico com abordagem qualitativa. É de competência do corpo de enfermagem exercer suas funções em unidades de emergência e prestar uma assistência eficaz e humanizada condizentes com necessidades individualizadas destes pacientes não devendo tratá-los exclusivamente pelos agravos aparentes e sim como cidadãos que acometidos por tais agravos, tornam-se pacientes de emergência. Caracterizou-se como revisão de literatura tendo como base bancos de dados virtuais no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2016. Os descritores utilizados foram: Dor torácica, Protocolo de dor torácica, Unidades de dor torácica, Assistência de Enfermagem em emergência. ABSTRACT Coronary heart disease require special attention both the orientation of the patient and for the professional knowledge, because it affects a significant number of people. Among the symptoms chest discomfort is the main and needs careful evaluation. From this context it is observed the need of the knowledge of nurse about chest pain and his face this symptom acting. This study aimed to identify the role of the nurse in the patient with chest pain and emphasize the importance of Chest Pain Protocol to quality care. It is a study of descriptive and bibliographical with a qualitative approach. It is the responsibility of the nursing staff perform their duties in emergency rooms and provide effective and humane care consistent with individualized needs for these patients should not treat them exclusively apparent injuries but as citizens affected by such diseases, they become patients of emergency. Characterized as literature review based on virtual databases from January 2015 to January 2016. The descriptors used were: chest pain , chest pain protocol , chest pain units , emergency nursing care . 1. INTRODUÇÃO A dor torácica é um dos sintomas mais frequentes em pacientes encaminhados ao Pronto Socorro. É caracterizada por uma sensação ou desconforto na região torácica que pode ser percebida de diversas formas por aqueles que a sentem. No entanto, o diagnóstico correto da síndrome coronariana aguda permanece um desafio para os profissionais da área da saúde, e um número significativo de pacientes recebe alta incorretamente. (CAVEIÃO, C; SANTOS, R B, MONTEZELI, J H.) A associação da dor torácica a um evento cardíaco e a gravidade tem sido apontada como fator que favoreceu a procura precoce pelo serviço de emergência. Considerando a necessidade de rápida intervenção para a dor torácica, o enfermeiro deve entender sua apresentação, investigar fatores de risco e averiguar a possibilidade de origem não cardiogênica e dominar protocolos para melhor condução do paciente a partir da chegada ao serviço de referência, visto que já foi verificada a relação entre a demora na realização do eletrocardiograma e no reconhecimento do infarto agudo do miocárdio como fatores que retardam a administração de terapias de reperfusão.( GOMES, E T.) A possível gravidade das condições clínicas faz com que seja primordial um diagnóstico rápido e preciso das suas causas. Essa diferenciação entre as doenças que oferecem risco de morte ou não, é ponto crítico na tomada de decisão do médico para definir a liberação ou admissão do paciente e iniciar o tratamento. (SANTOS, C G: UTSCH, P R C.) As ferramentas clínicas utilizadas para diferenciar a origem da dor torácica são: a adequada e rápida anamnese, exame clínico específico e direcionado, e averiguação dos sinais vitais. A realização do eletrocardiograma (ECG) e a dosagem dos marcadores séricos de lesão miocárdica (troponina I e a CK-MB) auxiliam o diagnóstico, assim como na diferenciação das causas de dor torácica. O ECG é a forma mais simples de diagnosticar IAM, devendo ser realizado na chegada do paciente ao pronto atendimento, pois ele confirma o diagnóstico de IAM em 20-60 % dos casos. (MISSAGLIA, M T; NERIS, E S.) Os enfermeiros assistenciais devem valer-se da aliança entre fundamentação teórica, capacidade de liderança de grupo, habilidade para ensino e pesquisa, experiência profissional e estabilidade emocional, fazendo-se necessário a atualização constante a respeito da atuação desses profissionais, que exercem papel protagonista no cuidado desses pacientes, uma vez que está em jogo a confiança e a fragilidade dos mesmos e principalmente a dependência física e emocional que são depositados a esses profissionais. Com o surgimento das unidades de dor torácica nos serviços de emergência nos EUA, uma nova estratégia de avaliação dos pacientes com dor torácica suspeita de infarto agudo do miocárdio foi proposta, visando a estratificar o paciente na sala de emergência, acelerando o diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico. Compreendem uma alternativa rápida e segura para estratificar e liberar o paciente de dor torácica. A essência do atendimento sistematizado visa enquadrar pacientes em grupos de risco e seguir uma sequência pré-definida de atendimento, de acordo com seu risco basal. A maioria dos pacientes com dor torácica aguda encontram-se em um grupo de baixo ou muito baixo risco de desenvolver complicações cardíacas significativas a curto prazo. Apesar do relativo baixo risco teórico, é esperado que entre esses pacientes 10-20% apresentem doença coronariana, podendo ser identificados. 2. OBJETIVOS Este estudo tem como propósito identificar a atuação do enfermeiro frente ao paciente com dor torácica. Face à importância da temática, procurou-se também identificar e analisar, segundo a literatura, a importância do Protocolo de Dor Torácica para um atendimento de qualidade em emergência, assim como expandir os conhecimentos sobre atender de forma eficaz o paciente com dor torácica. 3. METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo descritivo e bibliográfico com abordagem qualitativa. Para ABEC (2012) o estudo descritivo é caracterizado com finalidade de fazer afirmações para descrever aspecto de uma população e tem como objetivo descrever fenômeno e suas particularidades. E quanto à pesquisa bibliográfica refere-se ao desenvolvimento com base em um material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Muito embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. A busca dos artigos foi desenvolvida através dos bancos de dados: (Base de Dados em Enfermagem) BDENF, (Scientific Electronic Library Online) Scielo, (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) MEDLINE, (Biblioteca Regional de Medicina) BIREME e Protocolos de colegiados renomados que desenvolvem pesquisa relacionada ao Dor Torácica. Os dados foram obtidos através de um levantamento bibliográfico na língua portuguesa no período entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, no qual foram selecionados 10 artigos para tal pesquisa. Após o levantamento bibliográfico iniciou-se uma leitura sistemática de todos os artigos na íntegra, estabelecendo um critério de análise. Dentro dos critérios estabelecidos e selecionados realizou-se uma análise da bibliografia, categorizando e fichando as principais ideias encontradas, por meio de um comparativo de como está sendo ofertada a assistência de enfermagem ao paciente com Dor Torácica que necessita do atendimento de urgência e emergência. Mediante o término da leitura e realização dos fichamentos, iniciou-se a confecção do artigo estabelecendo um diálogo entre os autores e as ideias no qual se propôs a discutir. 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS 4.1.DADOS ESTATÍSTICOS A dor torácica é uma das causas mais comuns de procura por assistência médica nas salas de Emergência e sua abordagem diagnóstica permanece um grande desafio. No Brasil, estima-se que a prevalência da dor torácica seja equivalente ás estatísticas americanas, porém não existem dados precisos que comprovem essa informação. Estimase que cinco a oito milhões de indivíduos com dor no peito ou outros sintomas sugestivos de isquemia miocárdica aguda sejam vistos anualmente nas salas de emergência nos Estados Unidos. Esse número representa 5 a 10 % de todos os atendimentos emergenciais naquele país. Segundo dados do DATASUS e do Ministério da Saúde do Brasil, a ocorrência de óbitos relacionados à dor torácica na rede pública e na conveniada com o SUS chegava perto – no caso de doença isquêmica do coração – dos 77.000 em 1999 – número esse que inclui 58.000 mortes por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) (BRASIL, 2014). Em 2002 o número de internações por IAM na rede pública de saúde e na conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS), foi de 37.650, destes 6.250 óbitos nas unidades de saúde (16,6%). De acordo com tabulação de 2012, a taxa de internações para internações hospitalares cuja causa é doença isquêmica do coração (D29) somente no SUS foi de 12,52 num universo de 10.000 habitantes (BRASIL, 2012). O protocolo para dor torácica exige, além dos equipamentos já bastante conhecidos, uma equipe de profissionais qualificados para tal atendimento e pessoal de recepção capaz de discernir prioridades, pois de nada adianta uma equipe bem composta com médicos plantonistas cardiologistas no atendimento inicial se o paciente não consegue adentrar em tempo hábil na unidade de emergência. A variedade e provável gravidade das condições clínicas que se manifestam com dor torácica faz com que seja essencial um diagnóstico rápido e preciso das suas causas. Dessa forma, o estabelecimento de um manejo sistematizado no atendimento a esses pacientes contribuirá positivamente na tomada de decisões, como também na redução de morbimortalidade por doenças manifestadas através de dor torácica. Assim, os médicos emergencistas se vêem defronte da difícil tarefa de identificar rapidamente aqueles indivíduos com Síndrome Coronariana Aguda – SCA – uma doença de alto risco – a fim de tratá-los de modo apropriado, e de liberar os demais para uma investigação em nível ambulatorial. O enfermeiro assistencial tem a responsabilidade de organizar a informação, a educação e o treinamento do público e de capacitar para atuar com competência técnicocientífica ética e humanística no cuidado de pessoas com sintomas de dor torácica visando intervir na prevenção primária e secundária. Dessa forma o interesse em verificar a condutado enfermeiro frente ao paciente com dor torácica surgiu por meio da convivência de pacientes com tal sintoma na Emergência, visando uma conduta eficiente e de qualidade a esses pacientes. 4.2.UNIDADES DE DOR TORÁCICA A evolução do conceito das Unidades de Dor Torácica tem sido vistas como um passo a frente no processo de avaliação dos pacientes com dor no peito na sala de emergência. Além disso, é reconhecida como uma abordagem não só viável mas também acurada e custo-efetiva no manejo desses pacientes. A introdução das Unidades de Dor Torácica no manejo dos pacientes atendidos na sala de Emergência com dor no peito permitiu que o diagnóstico das Síndromes Coronarianas Agudas – SCA’s passasse a ser feito fora da Unidade Coronariana de modo mais rápido e acurado, otimizando a avaliação e o tratamento dos pacientes. Da mesma forma, a estratégia diagnóstica das Unidades de Dor Torácica permitiu que os indivíduos com dor no peito de etiologia nãocardiovascular passassem a ser investigados num local menos complexo e dispendioso, e que pudessem ser liberados rapidamente para casa de forma segura. O resultado do uso adequado das Unidades de Dor Torácica é uma redução significativa dos erros diagnóstico, uma diminuição das hospitalizações desnecessárias com a consequente ocupação dos leitos das unidades coronarianas por pacientes de alto risco, e o uso mais apropriado dos testes diagnósticos. Contudo foi criado um protocolo que se trata de uma ferramenta essencial de suporte à tomada de decisão na emergência na identificação de grande parte das Síndromes Coronarianas Agudas ou Doenças da Artéria Coronária que seriam liberados sem diagnóstico. 4.3.DOR TORÁCICA A dor torácica é um sintoma comum, sendo necessária a diferenciação da de origem coronariana entre as outras. A queixa clínica mais frequente desse tipo de dor é um desconforto difuso, retroesternal, em região de hemitórax esquerdo, podendo ou não irradiar para pescoço, membros superiores, ombros e mandíbula, podendo ou não pode ser acompanhada por náuseas, vômitos, sudorese ou dispneia. Embora o número de pacientes com essas queixas seja grande, apenas uma pequena porcentagem tem o diagnóstico de doenças cardiovasculares graves (GRANEL, 2010). Segundo FALCÃO, LUIZ, COSTA E AMARAL (2010), a dor torácica deve, sempre que possível, ser classificada da seguinte maneira; Do tipo A – cuja característica dão ao médico examinando a certeza do diagnóstico de insuficiência coronariana aguda, independente do resultado de exames complementares. A do tipo B – fazem da insuficiência coronariana aguda a principal hipótese diagnóstica, porém necessitando o médico de exames complementares para a confirmação diagnostica. A do tipo C- dor torácica cujas características não fazem da insuficiência coronária aguda a principal hipótese diagnostica, porém necessitando o médico de exames complementares para a exclusão do diagnóstico. Diversas são as causas para dor torácica, podendo vir do sistema cardíaco, vascular, pulmonar, gastrointestinal, musculoesquelético, infeccioso e psicológico. Ainda assim, mais de 50% dos pacientes são internados para investigação diagnóstica e apenas 10 a 15% dos pacientes que chegam às salas de emergência apresentando infarto agudo do miocárdio, e menos de 1% apresentam embolia pulmonar ou dissecção aórtica (GANEM, 2012). 4.4.CONCEITO DE DOR TORÁCICA DE NATUREZA CARDÍACA É caracterizada por uma sensação ou desconforto na região torácica que pode ser percebida de diversas formas por aqueles que a sentem. No entanto, o diagnóstico correto da síndrome coronariana aguda permanece um desafio para os profissionais da área da saúde, e um número significativo de pacientes recebe alta incorretamente. As manifestações mais comuns entre pacientes com doenças cardíacas é a dispneia, palpitação, fraqueza, fadiga, vertigem, síncope ou dor epigástrica. Frequentemente, a dor se inicia na mandíbula e estende-se para o umbigo, incluindo ambos os braços, a região posterior do tórax, pescoço e estômago. É preciso avaliar a intensidade da dor e, para isso, pode ser utilizada a escala de dor, uma alternativa simples e prática para investigação, porém, seu uso emprega apenas a intensidade da dor que o paciente apresenta e para descrevê-la é importante saber da qualidade, localização, irradiação, duração e sintomas associados. Mas, para um diagnóstico fidedigno, além de associar os sintomas é necessário leva-los em consideração para a agilidade do atendimento. 4.5.PROTOCOLO DE DOR TORÁCICA Ferramenta essencial de suporte à tomada de decisão na Unidade de Pronto Atendimento, para a identificação de 25% dos portadores de síndrome coronária aguda (SCA) / doença arterial coronariana (DAC) que seriam liberados sem diagnóstico correto. O protocolo para dor torácica nas salas de emergência não sofreram mudanças significativas ao longo do tempo. No entanto, um pessoal bem treinado, capaz de priorizar o atendimento com dor torácica, uma equipe médica e de enfermagem com treinamento continuado no manejo de pacientes com dor torácica e, principalmente, disponibilizada tão somente para esses pacientes é o diferencial entre a vida e a morte de um ser humano. É um protocolo assistencial gerenciado para o atendimento a pacientes com queixas de dor torácica aguda ou de seus equivalentes, ou seja, sintomas compatíveis com a possibilidade de serem decorrentes de uma síndrome coronária aguda (SCA) ou de outras doenças cardiovasculares graves. Por meio deste protocolo, é possível oferecer uma estratégia baseada em evidências adequada à estrutura das diferentes unidades de pronto atendimento, que orienta a tomada de decisões da equipe de clínicos emergencistas locais e, quando necessário, permite uma integração com cardiologistas plantonistas (ORTIZ e BITTENCOURT, 2013). Embora o número de pacientes com essas queixas seja grande, apenas uma pequena porcentagem tem o diagnóstico de doenças cardiovasculares graves. A maioria dos casos que se incluem neste protocolo acaba fazendo algum tipo de avaliação adicional à consulta médica e aos exames básicos de avaliação cardiológica inicial, como o eletrocardiograma, a radiografia do tórax e as dosagens dos marcadores bioquímicos de lesão miocárdica no sangue. Neste contexto, os pacientes submetidos ao Protocolo de Dor Torácica podem passar por um período de observação e reavaliações médicas sob monitorização cardíaca contínua, durante o qual mais exames laboratoriais, de imagem e/ou de métodos gráficos são realizados, visando principalmente avaliar o risco de se tratar de alguma das doenças de maior gravidade e que podem se manifestar por dor torácica. (VIEIRA e RAFAEL, 2011) Na maioria das vezes o risco pode ser bem estratificado com poucos recursos, mas ocasionalmente pode haver a necessidade da realização de uma sequência de exames mais complexa. Dentre estes exames podemos destacar: MIBI de repouso (cintilografia de perfusão do miocárdio em repouso) Exame de imagem que permite avaliar se o fluxo de sangue que nutre o músculo cardíaco está ou não alterado. Quando normal, é realizado durante a vigência da dor ou em até três horas após seu término, praticamente exclui o diagnóstico de SCA. Em pacientes com perfil de baixo risco, permite abreviar significativamente o tempo de observação que seria necessário para obter o mesmo resultado, caso este exame não possa ser realizado, pois permite dispensar com segurança a realização dos testes sob estresse antes da alta (GANEM, 2012). Testes sob estresse - teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse-. Exames realizados sob estresse físico ou medicamentoso, indicados quando o diagnóstico permanecer inconclusivo após os testes de repouso. A escolha do melhor método dependerá das condições clínicas de cada paciente (GANEM, 2012). Angiotomografia de coronárias - É um exame de tomografia computadorizada, utilizando contraste por via venosa, indicado para a avaliação não invasiva das artérias coronárias, quanto à presença ou não de placas de aterosclerose que possam ser relacionadas a uma síndrome coronariana aguda. Quando normal (ausência de placas ateroscleróticas) tem alto valor preditivo negativo, ou seja, praticamente exclui o risco de eventos coronarianos num curto prazo. Também permite abreviar significativamente o tempo de observação que seria necessário para avaliar um caso de baixo risco dispensando a realização dos testes sob estresse (GANEM, 2012). Caso os resultados dos exames acima sejam negativos, a chance do paciente vir a apresentar complicações cardíacas graves decorrentes de eventos coronarianos nos próximos 12 meses é baixa (cerca de 2% a 3%). Se os resultados se mostrarem alterados, o risco de ser uma síndrome coronariana aguda aumenta para mais de 50%, indicando a necessidade de internação hospitalar e/ou estratificação adicional, eventualmente invasiva (cineangiocoronariografia por meio de cateterismo cardíaco). Outros exames também podem ser indicados ao longo deste processo de estratificação, para a realização de um diagnóstico diferencial com outras doenças cardiovasculares de risco. Por exemplo, o ecocardiograma de repouso (transtorácico ou transesofágico) e as angiotomografias da aorta ou das artérias pulmonares, podem ser indicados quando se torna importante avaliar as possibilidades de alterações das válvulas cardíacas, do pericárdio e do músculo cardíaco, ou quando se suspeita de embolia pulmonar ou de doenças agudas da aorta. Desde a sua implementação, o Protocolo de Dor Torácica vem identificando que apenas cerca de 15% de todos os casos admitidos com esta queixa precisam ser submetidos ao protocolo completo. Destes, entre 15% e 20% acabam por ter o diagnóstico de uma SCA ou de outras doenças cardiovasculares graves, mas são justamente pacientes que poderiam ter sido inadvertidamente liberados sem diagnóstico, se o protocolo não tivesse sido aplicado. E, principalmente, o protocolo vem se mostrando bastante eficiente em identificar os quase 70% de casos que podem ser liberados com segurança das Unidades de Pronto Atendimento, evitando, assim, internações desnecessárias, reduzindo custos, otimizando recursos e melhorando o bem-estar desses pacientes. 4.6.HISTÓRICO DO PROTOCOLO DE DOR TORÁCICA A primeira diretriz sobre Protocolo de dor Torácica foi implantada em 2002, esta nova diretriz elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de atendimento à dor torácica na sala de emergência foi publicada em setembro de 2002, sob a coordenação do Dr. Roberto Bassan, tornando-se um importante instrumento para a melhoria da qualidade do atendimento em dor torácica. A importância na elaboração de diretrizes pela SBC residiu na possibilidade de melhorar a qualidade dos cuidados cardiovasculares liberados aos pacientes no nosso país. Esse trabalho é fruto de meticulosa busca, análise crítica e ordenação das evidências científicas e de reuniões envolvendo especialistas da área. Infelizmente existe uma pequena aplicação destas diretrizes na prática clínica diária, mesmo hoje em dia, o que resulta num pequeno impacto para os usuários do nosso sistema de saúde. Portanto o desafio contemporâneo da SBC é implantar as diretrizes e monitorar seus resultados no mundo real (SBC, 2013). Na última década a SBC tem procurado chamar a atenção dos emergencistas, cardiologistas e dos médicos generalistas da importância do adequado atendimento do paciente com dor torácica aguda não-traumática na sala de emergência. A introdução dos cursos de Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) pela SBC/Funcor e do conceito unidade de dor torácica pelo Pró-Cardíaco auxiliaram a conscientização para a importância de mudar o rotineiro atendimento à dor torácica, enfatizando o papel decisivo dos protocolos e norteando a boa prática clínica nas emergências cardiovasculares (SBC, 2013). A mudança da qualidade assistencial do atendimento à dor torácica na sala de emergência é um dos maiores desafios da prática cardiológica contemporânea, colocando os cardiologistas como os principais pilares pelo seu maior conhecimento e experiência nessa área. Uma importante estratégia foi a elaboração desta diretriz, que somente alcançará seu objetivo se cada cardiologista auxiliar a sua implementação localmente. Acreditamos que é possível termos êxito nesta importante missão de mudar o perfil de atendimento cardiovascular no nosso país através da rede de Unidades de Dor Torácicas (UDTs) e pela disseminação desta importante diretriz. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A assistência de enfermagem tem um papel importante no sucesso do diagnóstico de pacientes com dor torácica, desde a fase do pré- atendimento, com educação em saúde, visando à prevenção dos fatores de risco e informação quanto ao reconhecimento dos sintomas do mesmo, pois na maioria das vezes é o enfermeiro quem realiza o primeiro atendimento, atende as necessidades e concretiza os procedimentos emergenciais. Os diagnósticos estão baseados na apresentação dos sintomas clínicos do paciente e as intervenções abrangem o cuidado hospitalar e pós-alta. Em respeito à atuação do Enfermeiro, conclui-se que o atendimento ao paciente com dor torácica é visto como prioridade imediata. O enfermeiro atuante na unidade de dor torácica não deve apenas ter competência técnica, mas sim, um conjunto de conhecimento técnico/científico e a capacidade de tomada rápida de decisões, para oferecer assistência de qualidade, evitando sofrimentos, erros e até mesmo a morte. Percebeu-se que o enfermeiro tem papel fundamental no atendimento deste paciente, esclarecendo suas dúvidas, avaliando suas necessidades, atendendo expectativas, além de manter participação ativa nos procedimentos hospitalares. Este profissional, por meio do atendimento inicial e de seus cuidados, torna-se essencial na construção da conduta adequada ao cuidado com o paciente infartado. Por meio desta investigação, foi possível destacar a necessidade de realização do histórico breve e a avaliação dos pacientes com dor torácica. Cabe ao enfermeiro realizar a assistência direta aos pacientes e desenvolver ações que envolvem a educação, prevenção e orientação dos fatores de risco cardiovascular junto à equipe multidisciplinar, além de atuar no desenvolvimento de pesquisas envolvidas ao paciente com dor torácica. Assim, vislumbra-se que os achados da presente pesquisa possam subsidiar outros estudos que versem sobre a temática, além de instigar enfermeiros atuantes nesta especialidade para a busca constante pela educação permanente com vistas a contribuir com a assistência de qualidade às vítimas que aportam aos serviços emergenciais. A realização deste trabalho possibilitou a reflexão, por parte dos profissionais de enfermagem, relacionada à assistência humanizada em Unidades de Emergência bem como a listagem das principais dificuldades que a equipe enfrenta nesse setor para a prática de uma assistência de qualidade e humanizada. Percebemos que a relação estabelecida entre o saber e o fazer diante do processo de internamento na Emergência sugerem que o cuidado de enfermagem esteja inserido em uma complexa teia, que se move em um ritmo dialético, preenchida de dificuldades pessoais, profissionais e necessidades institucionais. Entendemos que o conhecimento dessa realidade é um novo velho desafio a ser repensado pelo enfermeiro, para que possa possibilitar a constante construção/reconstrução da profissão de enfermagem em termos de práticas, saberes e relações. 6. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 1. CAVEIÃO, C; SANTOS, R B, MONTEZELI, J H. Dor torácica: atuação do Enfermeiro em um Pronto Atendimento de um Hospital Escola. Rev. De Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, 2014 jan/abr; 4(1): 921-928. 2. CARDOSO, S B; LIMA G A, Perfil dos usuários de Unidade de Dor Torácica de um hospital privado. Revista Interdisciplinar, v. 6, n 2, p 1-7, abr/mai/jun 2013. 3. GOMES, E T. Dor Torácica na admissão em uma Emergência Cardiológica de Referência. Revista Rene, 2014 mai/jun; 15(3): 508-15. 4. VIEIRA, A C. Protocolo de Enfermagem para Dor Torácica em um Serviço de Emergência Hospitalar: Aplicação e avaliação. Biblioteca Universitária da UFSC, 2014. 5. SANTOS, C G: UTSCH, P R C. Prevalência de Dor Torácica e medicação antianginosa em Hospital de Vassouras-RJ. Revista Brasileira de Cardiologia, 2014, 27 (4), 267-275. 6. CRUZ, N R; PINTO, J O. Protocolo de Dor Torácica, 7ª edição, 2013. 7. MISSAGLIA, M T; NERIS, E S. Uso do Protocolo de Dor Torácica em Pronto Atendimento de Hospital de Referência em Cardiologia. Revista Brasileira de Cardiologia, 2013, 26(5): 374-8. Set/out. 8. FARIAS, M M; MOREIRA, D M. Impacto do Protocolo de Dor Torácica sobre a adesão às Diretrizes Societárias: um ensaio clínico. Revista Brasileira de Cardiologia, 2012, 25(5): 368-376. SET/OUT. 9. FREITAS, M C; OLIVEIRA M F. Assistência de Enfermagem a idosos que realizam cateterismo cardíaco: uma proposta a partir do Modelo de Adaptação de Calista Roy. Revista Brasileira de Enfermagem, 2006. Set/out, 59(5): 642-6. 10. KUHN, O T; BUENO, J F B. Perfil de pacientes submetidos a cateterismo cardíaco e angioplastia em um Hospital Geral. Revista Contexto & Saúde, 2015 v.15,n.29, jul/dez. 11. GANEM, F. (org). Protocolo Institucional – Hospital Sírio-Libanês. Síndrome Coronária Aguda: Infarto Agudo do Miocárdio com Supra desnivelamento de ST. São Paulo – SP, 2012. Disponível em: <http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/sociedade-beneficente senhoras/Documents/protocolos-institucionais/protocolo-SCA-com-supra.pdf>. 12. GRANEL A. Evaluación de los pacientes con dolor torácico. Evid actual práct ambul, v. 11, n. 2, p. 53-58, 2010. 13. MEHTA RH, MONTOYE CK, GALLOGLY M, BAKER P, BLOUNT A, FAUL J, et al; GAP Steering Committee of the American College of Cardiology. Improving quality of care for acute myocardial infarction: The Guidelines Applied in Practice (GAP) Initiative. JAMA. 2012;287(10):1269-76. 14. ORTIZ, M.; BITTENCOURT, M. G. Hospital de Clínicas (HC). Universidade Federal do Paraná (UFPR). Departamento de Clínica médica. Disciplina de cardiologia. UTI Cardiológica Protocolo de Dor Torácica. Curitiba, 2013. Disponívelem:<http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1332108029Prot_Do r_Toracica.pdf>. 15. VIEIRA, W. F. S.; RAFAEL, D. Hospital de Clínicas (HC). Universidade Federal do Paraná (UFPR). Departamento de Clínica médica. Disciplina de Cardiologia. Unidade Coronariana. Protocolo de Manejo Hospitalar do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível de segmento ST. Curitiba, 2011. Disponívelem:<http://www.hc.ufpr.br/sites/default/files/protocolo_IAMCSST_2 011.pdf>.