Microorganismos podem habitar planetas fora do sistema

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Disciplina - Ciências -
Microorganismos podem habitar planetas fora do sistema solar
Ciências
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Postado em:03/06/2013
Por Lara Deus (Agência USP de Notícias) A possibilidade de sobrevivência de seres vivos em
planetas que não orbitam o Sol foi estudada no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas (IAG) da USP. Os chamados extremófilos, micro-organismos que vivem sob condições
físicas excepcionais, como temperatura, pressão, radiação e pH, foram o objeto da pesquisa
desenvolvida por Luander Bernardes. Por intermédio do estudo reforçou-se a teoria da panspermia,
já que se comprovou a possibilidade destes seres transitarem em uma grande zona fora e dentro do
sistema solar. A panspermia defende a ideia de que a vida chegou à Terra externamente, trazida por
fragmentos de massa planetária, poeira interestelar, meteoritos ou até mesmo por cometas. O físico
Luander Bernardes deu enfoque aos planetas que orbitam outras estrelas, que não o Sol, chamados
exoplanetas. A Zona Habitável destes outros sistemas é atualmente definida como a coroa esférica,
a partir da estrela central, em que as condições físicas permitem a existência de água líquida.
Porém, como os extremófilos podem habitar lugares em outras condições, não só as semelhantes à
Terra, Bernardes sentiu necessidade de considerar em sua pesquisa uma ampliação do conceito de
Zona Habitável — a Zona Extremófila. “Analisar a possibilidade de sobrevivência além do limite
imposto pela definição usual de habitabilidade, ou seja, entender como a vida pode eventualmente
se desenvolver na Zona Extremófila foi desafiador”, afirma o físico. Simulando a atmosfera
primordial da Terra — constituída por nitrogênio, água e dióxido de carbono — e baseando-se nas
leis físicas conhecidas, foi inferida a temperatura média e a pressão parcial do dióxido de carbono
na superfície de alguns dos quase mil exoplanetas conhecidos atualmente. O acesso às
informações foi feito pela Exoplanet Encyclopedia Database, catálogo que registra informações
sobre estes planetas. Além disso, foi investigada a possibilidade de haver satélites naturais (as
exoluas) orbitando os exoplanetas gigantes. Ao modelo atmosférico reproduzido foi adicionada uma
simulação da localidade na qual uma exolua poderia se estabilizar, em torno da órbita do planeta
hospedeiro. Por meio das simulações, Bernardes concluiu que as Zonas Habitáveis e Extremófilas
dos sistemas extrasolares têm condições para abrigar planetas e luas. Porém, se exoplanetas
semelhantes à Terra (com relação à massa e à composição atmosférica) estivessem na posição
orbital dos gigantes estudados, eles somente teriam água líquida em sua superfície se
apresentassem altas concentrações de dióxido de carbono em sua atmosfera. Bernardes explica
que “assim, o modelo utilizado funcionou como um ‘filtro’ na busca de posições orbitais onde
exoplanetas podem ser potencialmente habitáveis”. Outro resultado indica que, no caso de planetas
do tipo Super Terra, com massa entre duas e dez massas terrestres, orbitando estrelas de baixa
massa, estes só poderiam abrigar exoluas massivas o suficiente para manterem atividade geológica
e reterem atmosfera por bilhões de anos, se estivessem localizados no limite exterior ou além da
Zona Extremófila. Planetas Gigantes Gasosos são os melhores candidatos a hospedar exoluas com
ampla variedade de massa dentro das Zonas Habitável e Extremófila. Mesmo além da Zona
Extremófila, algumas exoluas poderiam abrigar extremófilos, pois podem adquirir energia para a
sobrevivência dos micro-organismos de outras fontes que não o calor estelar, como a força de maré,
por exemplo. Panspermia A conclusão geral da pesquisa diz respeito ao modo de transporte dos
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extremófilos. Se há uma chamada Zona Extremófila, estes seres vivos devem estar se
movimentando dentro dela, ou seja, pelos sistemas solar e extrassolares. Bernardes ressalta que “o
conceito de Zona Extremófila é mais um argumento posto em favor da ratificação da hipótese de
que materiais orgânicos e até mesmo micro-organismos podem ter atingido a superfície da Terra, de
exoplanetas e exoluas — hipótese da panspermia”. Outro resultado que reforça esta teoria é a
diversidade de condições em que os extremófilos podem viver, principalmente quando comparadas
às bactérias mesófilas. Estas últimas, importantes em aplicações médicas, veterinárias e agrárias,
têm uma faixa de temperatura específica em que vivem (entre aproximadamente 15 e 50 graus
celsius), ou seja, a faixa de temperatura mais comum na superfície da Terra. As extremófilas, por
outro lado, se adaptam a diversas variedades de ambientes, o que pode indicar a existência delas
em diversos cenários distintos dos conhecidos na Terra. A pesquisa, iniciada em 2010, foi
defendida em novembro de 2012 pelo Programa de Pós Graduação em Astronomia e orientada pelo
professor Eduardo Janot-Pacheco do IAG. Ela deu origem à dissertação de mestrado Exoplanetas,
extremófilos e habitabilidade. Esta notícia foi publicada em 29/05/2013 no site www.usp.br. Todas
as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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