Habitabilidade em exoplanetas do tipo terrestre 1 2 Ana Paula Mendes Emygdio , Nelson Callegari Junior Campus de Rio Claro – IB – Universidade estadual do Estado de São Paulo – Ciências biológicas – [email protected] – PIBIC/CNPq 1 Palavras Chave: Astrobiologia, Exoplanetas, Extremófilos Introdução A astrobiologia, ciência que estuda a origem, evolução, distribuição e futuro da vida, tem como escopo a procura por vida em outros ambientes, como por exemplo, exoplanetas, planetas estes localizados fora do sistema solar. Através de observações e modelos teóricos que estimam alguns parâmetros gerais (composição, tipos de compostos presentes) pode-se criar um ambiente possível para o exoplaneta. O ambiente em que o planeta está inserido é um fator que pode ser determinante em relação a sua habitabilidade. Por exemplo, a zona habitável (HZ) é definida como a região ao redor de uma estrela em que é possível haver água líquida na superfície do corpo celeste e que não seja quente demais para evaporar essa água ou fria demais para que a água congele. (Kaltenegger, L., et. al., 2008). Muitos planetas identificados até agora tem características similares à da Terra. Alguns desses estariam presentes na HZ de suas respectivas estrelas, como é o caso de GJ 581 g, um planeta do sistema multi-planetário da estrela GJ 581. A maioria dos planetas, com possibilidade de ser do tipo terrestre, identificados até hoje são considerados Super Terras Quentes (STQ), pois estão fora da HZ uma vez que estão muito próximos de suas estrelas (período orbital da ordem de dias ou menos). A proximidade da estrela sugere que eles apresentam uma rotação afetada por forças de maré. Deste modo a taxa rotacional do planeta é sincronizada, sendo que uma de suas faces não recebe a energia da estrela, tornando-se gelada e a outra face recebe constantemente a energia da estrela, tornando-se muito quente. A HZ é um dos parâmetros passíveis de delimitar os planetas que poderiam ser habitáveis. Embora em geral descarta-se a habitabilidade em STQ, estudos de resistência de vida em ambientes extremos não são muito explorados. Neste trabalho discutimos tais possibilidades. Material e Métodos A abordagem deste trabalho será analítica, via estudo de textos relacionados com Astrobiologia com ênfase em exoplanetas tipo terrestres. Particular ênfase será dada às STQ Kepler-9 d, Gliese 876 d, Kepler-11 f e GJ 581 g, previamente abordados em Callegari et al.(2011). As características analisadas partirão da premissa que o tipo de vida procurada será semelhante ao tipo de vida que encontramos na Terra, isto é, utilizando a água como solvente e apresentando uma química baseada no elemento carbono (Kaltenegger, L. et. al., 2008). Resultados e Discussão Os planetas “Kepler”, foram analisados por Miguel et al. (2010), o qual propôs cinco atmosferas XXIV Congresso de Iniciação Científica possíveis partindo da suposição que a composição dos planetas é a mesma composição da komatiite (Terra primitiva). Segundo o "The habitable exoplanets catalog" o Gl 581 g apresenta um HZD (medida de quão longe o exoplaneta esta da zona habitável) de 0,35 (Terra= -0.50), um HZC (medida da adequação da composição de um planeta para a vida) de 0.07 (Terra= -0.31) e uma HZA (medida do potencial de um exoplaneta de manter uma atmosfera habitável) de 0.01 (Terra= -0.52), sendo esses parâmetros em uma escala de -1 até +1 para habitável. O planeta Gliese-876 d é um dos planetas do sistema Gliese-876 que está mais próximo da estrela (tipo M). Planetas que orbitam uma estrela do tipo M e estão muito próximos destas, possivelmente apresentam uma rotação síncrona. Kasting, et. al. 1993 afirma que devido a isso estes planetas não conseguiriam manter uma atmosfera estável. Entretanto, Joshi em 1997, através de um modelo tridimensional, afirma que uma atmosfera estável com mais de aproximadamente 0,1 bar de CO2 poderia ser mantida, já que o transporte de calor atmosférico do lado iluminado compensaria o resfriamento radioativo do lado não iluminado (Joshi et. al., 2003). Conclusões Os planetas do tipo terrestre são os exoplanetas mais estudados e que apresentam maior probabilidade de serem habitáveis. Os extremófilos são organismos que conseguem viver e se proliferam em ambientes considerados extremos. (Cavicchioli, 2002). Esses organismos contribuem para a construção de uma escala de extremos que permite delimitar quais características deveriam ser procuradas em um ambiente extraterrestre, similar aos descritos acima, para que este possa ser habitável. Acreditamos que diversos desses extremófilos possam habitar alguns desses planetas extremos, já que existem organismos que conseguem resistir a elevados valores de radiação, acidez, temperatura, pressão. Entretanto para que possamos apresentar uma conclusão mais precisa alguns estudos, já encaminhados, devem ser concluídos. Referências Callegari, N. Jr., Rodriguez, A. Dynamics of equilibrium rotation of super- earths. Pré-print 2011. Kaltenegger, L., Selsis, F. Biomarkers set in context. In: extrasolar planets: formation, detection and dynamics. Dvorak, r. (ed.) 2008. Miguel, Y.; Kaltenegger, L.; Fegley, B.; Schaefer, L. Compositions of hot super-earth atmospheres: exploring kepler candidates. The astrophysical journal letters. Usa. Dec. 2011 Joshi, M. Climate model studies of synchronously rotating planets. Astrobiology. V. 3, nº. 2, United Kingdom, 2003. Kasting, J.F., Whitmire, D.P., and Reynolds, R.T. Habitable zones around main sequence stars. Icarus 101, 108–128. 1993. Cavicchioli, R. Extremophiles and the Search for Extraterrestrial Life. Astrobiology 2, Sydney,v. 2, n. 3, p. 281-292. 2002.