Investigação, 14(6):78-83, 2015 ARTIGO CIENTÍFICO INOCUIDADE E SEGURANÇA CLÍNICA DO DIACETURATO DE DIMINAZENO ATRAVÉS DE PARÂMETROS CLÍNICOS, HEMATOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS EM BOVINOS PATOLOGIA CLÍNICA Safety and clinical security of diminazene diaceturate in cattle through clinical, haematological and biochemical parameters 1 Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba – UNIUBE, Uberaba, Minas Gerais, Brasil. MV. Nathan da R. N. Cruz1*, MV. Dr. Wanderson A. B. Pereira1, MV. MSc. Dr. Eustáquio R. Bittar1, *Av. Nenê Sabino, n. 1801, CEP: 38.055-500, Uberaba, MG, Brasil. MV. Dr. MSc. Joely F. F. Bittar1 Email: [email protected] RESUMO ABSTRACT Este estudo teve como objetivos verificar a inocuidade e segurança clínica do diaceturato de diminazeno em bovinos, com base na posologia máxima recomendada de 7,0 mg/kg/IM. Foram utilizados 10 bovinos mestiços (5 machos e 5 fêmeas), com idade de 18 a 24 meses, mestiços. Os exames clínicos (frequência cardíaca, respiratória, temperatura retal e movimentos ruminais), avaliação de intoxicação sistêmica (ataxia, convulsões, vômito, diarreia e sialorreia) e as coletas de amostras para as análises laboratoriais (hemograma, AST, ALP, GGT, CK, creatinina e ureia), foram realizadas sempre na mesma hora e nos seguintes momentos: D-7, D0 (Antes da Aplicação), D+1, D+3, D+5 e D+7. A observação de reação local do fármaco foi realizada nos dias D+1, D+3, D+5 e D+7. A administração intramuscular de diaceturato de diminazeno causa discreto edema no local de aplicação e apresenta excelente segurança clínica considerando a dose máxima administrada durante o período experimental. This study had the objective to evaluation the safety of diminazene diaceturate in bovines, based on the recommended maximum dosage (7.0 mg/kg/IM). Were used 10 crossbred bovine (5 males and 5 females) with 18-24 months age. Clinical examinations, evaluation systemic intoxication and samples collected for laboratory analyzes were performed in the following periods: D-7, D0 (Before Application), D+1, D+3, D+5 and D+7. The data of clinical examinations and blood samples was collected at the same horary at all experimental moments, only the observation of local reaction of the drug that were conducted only on days D+1, D+3, D+5 and D+7. The intramuscular injection of diminazene diaceturate causes slight edema in the site of application, excellent clinical safety considered the maximum dose administered during the experimental period. Key-words: Diminazene diaceturate, bovine, safety. Palavras-chave: Diaceturato de diminazeno, bovinos, inocuidade. ISSN 21774080 78 Investigação, 14(6):78-83, 2015 INTRODUÇÃO O diaceturato de diminazeno, aceturato de diminazeno (n-acetilglicina composta com 4´-4-(1-trazeno-1,3-diil)bis(benzenocarboximidamida) é derivado da diamina, fórmula molecular: C22H29N9O6, peso molecular de 515,54 g/mol, descoberta em 1944 (MILLER et AL, 2005) ação antiprotozoária (tripanocida e babesicida), além de possui uma ação bactericida (principalmente Brucella sp. e Streptococcus sp.) (LINDSAY e BLAGBURN, 2003). Para tratamento de tripanosomíase o diaceturato é tido como de eleição, além do cloreto isometamídio e brometo de etídio com alto índice terapêutico e baixa incidência de resistência (IHEDIOHA et AL, 2010; PEREGRINE et al, 1993). Atualmente, relata-se diminuição da sensibilidade do microrganismo (MIRUK et al, 2008; SINYANGWE et al, 2004; BASTISTA et al, 2007), e até mesmo a ocorrência de resistência em bovinos tratados com a dose mais alta do diaceturato (7,0 mg/kg) (CADIOLI et al, 2012). O diaceturado em associação com outros fármacos pode ser recomendada para tristeza parasitária bovina (diprionato de imidocarb) ou para tripanossomíases fármaco-resistente (oxitetraciclina) (SILVA et al, 2008), mas o diaceturato têm mostrado limitada ação profilática devido sua atividade sérica média de 21 dias (MILLER et al, 2005). O fármaco possui metabolização hepática e excreção renal, sem causar efeitos parassimpatomiméticos, contudo, alguns indivíduos apresentam reações adversas como, tremor muscular, salivação, diarreia, queda de pressão sanguínea e pulso acelerado e em superdosagem convulsão, lesões nervosas e degeneração gordurosa (FERREIRA e DELL´PORTO, 2006). Miller et al. (2005) relata que há possibilidade de edema local de 1-3 dias e vômito nas primeiras horas após aplicação do diaceturato em cães clinicamente saudáveis. Em coelhos submetidos a testes de tolerância de injeção subcutânea e intramuscular há aparecimento de eritemas em 24 horas, que desapareceram com 8 dias (GILBERT, 2012). Para ruminantes as dosagens preconizadas são de 3,5 mg/ kg (dose única), 7,0 mg/kg (dose única) e 3,5 mg/kg (cada 15 dias, intervalo de 4 a 8 semanas) por via intramuscular profunda. O presente trabalho teve como objetivo verificar a inocuidade de aplicação e segurança clínica do diminazeno em bovinos, com base na posologia máxima recomendada (7,0 mg/kg). MATERIAL E MÉTODO O estudo foi certificado de acordo com os princípios éticos na experimentação animal, sob o parecer aprovado sob o protocolo n° 032/2012 do Comitê de Ética e Biossegurança da Universidade de Uberaba – UNIUBE. Animais e delineamento experimental Foram utilizados 10 bovinos mestiços (5 machos e 5 fêmeas), com idade de 18 a 24 meses, mestiços, média de peso vivo de 240 a 570 kg e considerados hígidos após exame clínico geral. Os bovinos foram mantidos a pasto exclusivo para indivíduos participantes deste protocolo experimental. Os indivíduos passaram por um período de aclimação experimental de 30 dias antes da primeira avaliação experimental (D-7), não havendo nenhuma administração farmacológica. Aos 15 dias antes do D-7, foram realizadas novas avaliações clínicas para constatar a higidez dos bovinos. A avaliação experimental foi de quatorze dias, com início das avaliações experimentais sete dias antes da aplicação do fármaco (D-7) para que os próprios indivíduos ISSN 21774080 79 representassem seu controle. A opção do estudo para não realização de um grupo recebendo um tratamento placebo foi embasada em pilares éticos da bioética animal perante aprovação do comitê de ética interno, uma vez que, tal estudo se presta a avaliação clínica e não eficácia do medicamento (FAGUNDES e TAHA, 2004), já homologado pela aprovações governamentais tanto brasileira, como internacionais de regulação farmacológicas FDA, 2009; PÖTTERING e KOHOUT, 2009). O fármaco utilizado foi o diaceturato de diminazeno (Ouro Fino, Cravinhos, 1999) na apresentação de solução injetável, formulação na concentração 7% (7g/100 mL), administrado em dose única por via intramuscular profunda no terço médio do pescoço (tábua do pescoço), na dose de 7,0 mg/kg (1 mL solução/10 kg P. V.). As coletas experimentais sobrevieram nos seguintes intervalos: D-7, D0 (Antes da Aplicação), D+1, D+3, D+5 e D+7, no mesmo horário, exceto para as observações de reação local do fármaco que não foram realizadas no D0. Avaliações clínicas O exame clínico geral elencou as seguintes informações: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura retal (TR), movimentos ruminais (MR), além de avaliação a palpação dos linfonodos e coloração das mucosas (normocoradas, hipocoradas e hipercoradas). A avaliação da inocuidade farmacológica utilizou-se o protocolo de Melbourbe Pain Scale (MPS)(FIRTH e HALDANE, 1999), foram observadas reações locais que incluíram seus respectivos critérios: dor (ausência ou presença), edema (0 = sem edema, 1 = edema menor que o volume de uma colher de sopa; 2 = edema maior Investigação, 14(6):78-83, 2015 volume que uma colher de sopa e menor que o volume de duas colheres de sopa; 3 = edema maior que o volume de duas colheres de sopa), abscesso e nódulos (ausência ou presença). Para avaliar os sinais de intoxicação sistêmica, considerouse a presença ou ausência de ataxia, depressão, excitação, convulsão, disfonia, vômito, diarreia, melena, dispneias, icterícia e o grau de sialorreia, com escore de 0 a 5 (0 = nada; 1= muito leve; 2 = leve; 3 = moderada; 4 = intensa; 5 = grave) (SPINOSA, 2008). Os dados clínicos encontrados foram contrastados com os parâmetros referenciais descritos por Feitosa (2004). Avaliações laboratoriais Para as avaliações laboratoriais foram coletadas amostra de sangue através venipunção jugular em tubos a vácuo com anticoagulante EDTA (análise hematológica) e sem anticoagulante (análise bioquímica sérica). Para determinação do perfil hematológico foi utilizado contador de células sanguíneas ABC Vet Counter (Horiba, Montpellier, 2006), contagem diferencial de leucócitos e pesquisa de hematozoários em esfregaço de sangue periférico através de miscroscopia óptica, sendo que os resultados foram comparados com os valores referencias propostos por Wood e Quiroz-Rocha (2010). Com intuito de avaliar o efeito do presente fármaco sobre a função e lesão hepática e renal foram realizadas as seguintes análises bioquímicas e seus valores referenciais indicadas por Hoffman e Solter (2008): aspartato alaninotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), gama glutamil transferase (GGT), creatinina quinase (CK), creatinina (CRE) e ureia (URE) através de bioquímica seca semiautomática, Reflotron (Roche Diagnóstica, São Paulo, 2012). Procedimento estatístico Os resultados foram avaliados por análise de variância (Oneway ANOVA) para observação de diferenças entre os momentos, seguida da comparação das médias em cada momento pelo teste t de Tukey, sempre com significância p<0,05 utilizando o software Statistica (Statsoft, São Caetano do Sul, 2003). RESULTADOS Durante o período experimental não foram observadas alterações do comportamento e bem-estar dos bovinos por parte dos investigadores e tratadores, o que contrasta com mensurações do exame clínico geral, que na sua maioria, mantiveram-se dentro dos valores referenciais adotados e não tiveram diferença estatisticamente significativa, exceto o momento D-7 da temperatura corporal que diferiu em relação aos outros momentos (Tabela 1). Através dos itens do protocolo de Melbourbe Pain Scale (MPS), não foram observadas dor, abcessos e nódulos, considerando a formação do edema no local de aplicação, no momento D+1, 40% dos bovinos tiveram edema nível 1, os demais não tiveram alteração no período. No D+3 apenas 20% apresentação edema nível 1 e a partir do D+7, não foram evidenciadas alterações locais. Não foram observadas sinais de intoxicação sistêmica nos bovinos ao longo do experimento. ISSN 21774080 80 Tabela 1. Valores médios e desvios padrão da frequência cardíaca (FC bpm), frequência respiratória (FR bpm), temperatura retal (TR °C) e movimentos ruminais (MR mov/2’) dos bovinos entre os momentos experimentais. MOMENTOS D-7 D0 D+1 D+3 D+7 A A A A FC (bpm) 67,6 ± 11,4 65,8 ± 6,6 63,0 ± 5,3 72,4 ± 9,32 72,0 ± 11,62A FR (bpm) 32,8 ± 8,6A 30,8 ± 9,9A 31,8 ± 6,3A 28,0 ± 5,3A 32,4 ± 5,5A TR (°C) 39,1 ± 0,6B 38,2 ± 0,2A 38,7 ± 0,3A 38,3 ± 0,3A 38,5 ± 0,5A MR (mov/2’) 1,4 ± 0,5A 2,0 ± 0,7A 1,5 ± 0,7A 1,5 ± 0,7A 1,5 ± 0,7A GRUPO *Valores com sobrescritos diferentes em uma mesma linha são estatisticamente diferentes de acordo com o teste de Tukey (P<0,05). Os valores médios dos parâmetros do perfil hematológico situaram-se em sua maioria dentro valor referencial, exceto os eosinófilos (D-7 e D+3), que estavam abaixo do limite mínimo referencial (Tabela 2), sem alteração significativa entre os momentos. O CHCM no momento D-7, apresentou-se diferente estatisticamente significativo em relação aos outros momentos. Os dados do perfil bioquímico foram os que mais oscilaram dentre as análises realizadas em relação ao referencial, apenas ALP (U/L), GGT (U/L) e URE (mg/dL) mantiveram-se dentro da limites fisiológicos e não apresentaram diferença estatística significativa. A AST (U/L) teve diferença estatisticamente significativa entre os momentos D-7 e D0 quando comparados aos momentos D+3 e D+7, sendo que no terceiro período alcançou o valor mais alto do período experimental (Tabela 3). Investigação, 14(6):78-83, 2015 Tabela 2. Valores médios e desvios padrão do perfil hematológico dos bovinos entre os momentos experimentais. MOMENTOS D -7 D0 D +3 A A Hemácias (x106/mL) 8,58 ± 0,82 8,47 ± 0,97 8,08 ± 0,83 A Hemoglobina (g/dL) 10,28 ± 0,96A 10,89 ± 1,13A 10,32 ± 0,93A Hematócrito (%) 34,81 ± 3,30A 34,33 ± 3,32A 32,64 ± 2,56A VCM (fL) 40,78 ± 4,31A 40,84 ± 4,36A 40,71 ± 4,24A CHCM (%) 29,53±0,42A 31,71 ± 0,93B 31,61 ± 1,23B Proteína Plasmática (g/dL) 7,72 ± 0,48A 7,72 ± 0,33A 7,30 ± 0,44A Plaquetas (x10³/mL) 545,0 ± 314,0A 377,7 ± 136,4A 420,9 ± 66,0A Leucócitos totais (x 10³/mL) 10,94 ± 2,78A 10,73 ± 2,45A 10,46 ± 1,62A Segmentados (x 10³/mL) 2,87 ± 1,17A 2,65 ± 0,77A 2,35 ± 0,91A Linfócitos (x 10³/mL) 7,17 ± 2,56A 7,32 ± 1,93A 7,15 ± 1,72A Eosinófilos (x 10³/mL) 0,53 ± 0,45A 0,72 ± 0,48A 0,55 ± 0,33A Pesquisa de hemoparasitas neg neg neg GRUPO Acompanhando essa tendência da aspartato, a creatinina quinase (CK), teve aumento acima do referencial a partir do D0, e diferença estatisticamente significativa no D+3. A creatinina sérica (CRE) teve em todos os momentos valores acima do intervalo fisiológico preconizados na literatura, contudo não houve expressão significativa. Em todos os períodos os indivíduos apresentaram creatinina sérica acima do valor de referência utilizado no presente ensaio. D+7 7,83 ± 1,00 A 9,99 ± 0,75A 31,33 ± 2,53A 40,42 ± 4,21A 31,90 ± 0,58B 7,64 ± 0,41A 516,5 ± 163,1A 10,59 ± 2,03A 2,86 ± 0,96A 6,68 ± 1,02A 0,73 ± 0,40A neg DISCUSSÃO Considerando os resultados clínicos estudados, a temperatura corporal é de fundamental importância, entretanto, a temperatura ambiental (temperatura do ar, umidade e radiação solar) associada ao esforço físico e/ou estresse de manejo pode superestimar a temperatura do indivíduo por sobrecarrega térmica dificultando a dissipação do calor (FERREIRA et al, 2006), assim sendo a temperatura elevada no momento D-7, não está associada administração do fármaco estudo, nem a quadro inflamatório e infeccioso por não haver alteração dos outros parâmetros utilizados nesta investigação. VCM: Volume corpuscular médio. CHCM: Concentração de hemoglobina corpuscular média. NEG: Sem ocorrência hemoparasitas em esfregaço de sangue periférico. *Valores com sobrescritos diferentes em uma mesma linha são estatisticamente diferentes de acordo com o teste de Tukey (P<0,05). Tabela 3. Valores médios e desvios padrão de Aspartato aminotransferase (AST), Fosfatase alcalina (ALP), Gamaglutamil transferase (GGT), Creatina-quinase (CK), Creatinina (CRE) e Uréia (URE) dos bovinos entre os momentos experimentais. GRUPO AST (U/L) ALP (U/L) GGT (U/L) CK (U/L) CRE (mg/dL) URE (mg/dL) O CHCM é índice que quantifica o teor de hemoglobina por eritrócito e sua diminuição pode estar relaciona a anemia por deficiência de ferro ou reticulocitose (regeneração eritróide) (WOOD e QUIROZ-ROCHA, 2010), situação não observada no momento analisado, já que os valores de hemácia, hemoglobina e hematócrito não indicaram um processo anêmico. No quadro leucocitário, a diminuição de eosinófilos é difícilassociação clínica, posto que, ocorre em indivíduos normais, todavia, pode-se correlacioná-la ao estresse, uma MOMENTOS D -7 118,15 ± 19,98A 138,82 ± 46,63A 21,82 ± 8,39A 134,73 ± 53,65A 1,71 ± 0,34A 34,42 ± 8,88A D0 102,89 ±24,04A 134,58 ± 48,10A 20,50 ± 8,07A 232,23 ± 186,10A 1,65 ± 0,27A 33,95 ± 8,83A D +3 341,60 ± 81,33B 115,48 ± 47,63A 20,52 ± 7,19A 2423,50 ± 1281,94B 1,54 ± 0,20A 34,42 ± 6,65A D+7 166,80 ± 37,05C 109,95 ± 41,95A 20,20 ± 8,27A 194,10 ± 72,87A 1,42 ± 0,17A 27,81 ± 8,25A *Valores com sobrescritos diferentes em uma mesma linha são estatisticamente diferentes de acordo com o teste de Tukey (P<0,05). ISSN 21774080 81 Investigação, 14(6):78-83, 2015 vez que os ruminantes quando expostos a glicorticoides endógenos e exógenos apresentam alterações leucocitárias (MEGLIA et al, 2005). logo após aplicação, contudo não é possível responsabilizá-lo isoladamente pela CK, visto que, as influências do manejo, o estresse para os bovinos e o próprio delineamento experimental curto, confluem com a cinética e meia-vida da enzima, já que, a enzima irá aumentar (4 a 6 horas), alcançar seu nível máximo (6 a 12 horas) e retornar (12 a 24 horas), mesmo se consideramos a fração muscular esquelética (CK-MM) não é possível determinar a causa da rabdomiólise, tanto o manejo como a injeção muscular promovem injúria no músculo esquelético (CALZADA, 2011; HALL e BENDER, 2011).Em todos os períodos os indivíduos apresentaram creatinina sérica acima do valor de referência, este achado reforça a lesão muscular encontrada com alterações de CK e AST, no estudo em bezerros neonatos comparado com valores referenciais bioquímicos adultos de Perez-Santos et al (2014) houve um aumento de CK em função da rabdomiólise durante o nascimento acompanhado no mesmo um aumento da concentração de creatinina sérica sem alteração da ureia, associação encontra nesse estudo e em Lewis e Rhodes (1798). A AST é uma enzima de extravasamento mitocondrial hepático e muscular, sendo bom marcador de injúrias nestes tecidos, em associação com GGT conotam distúrbio hepatobiliar e com CK evidenciam lesão muscular (HOFFMAN e SOLTER, 2008). No presente experimento não houve alteração da atividade da GGT, o que com base na literatura compulsada, descaracteriza o reconhecimento de lesão hepática, pois segundo Gregory et al(1999), valores de AST entre 50 a 100 U/L associado com valores de GGT menores 25 U/L e aumento de CK não caracteriza lesão ou sobrecarga hepática, e sim, lesão muscular, principalmente no momento D+3. A AST e CK neste dado momento, tem uma interação particular indicando que ocorreram lesões musculares agudas e contínuas, quando se acompanha a cinética enzimática ao longo dos momentos, corroborando com os achados de Calzada (2011) na avaliação do estresse bovino em relação ao manejo, transporte e bem-estar. CONCLUSÃO Adenkola e Ayo (2010) afirma que a elevação sérica de CK pode ocorrer em função de: aplicação de injeções intramusculares por irritação tecidual, crise convulsiva, exercícios extenuantes, transporte prolongado e indução enzimática muscular fármacomediadas, com extravasamento de moderado a intenso da CK, sem a produção de evidência histológicas muscular.Em 1978, Lewis e Rhodes elucidaram que qualquer solução injetável intramuscular, excetuando solução salina, provoca uma injúria muscular local, que está relacionada à quantidade administrada, característica irritante da solução e resposta individual de cada animal, neste experimento pode-se evidenciar a reação local com a formação de edema, principalmente no D+1, Pode-se inferir que a administração em bovinos do fármaco diaceturato de diminazeno na dosagem de 7,0 mg/kg, por via intramuscular profunda provoca discreto edema no local da aplicação, sem aparecimento de sinais de intoxicação e alteração dos marcadores hepáticos e renais. Houve aumento de AST, CK e CRE associado lesão muscular que pode estar associada via de administração do fármaco, conquanto, essas alterações não podem ser apenas remetidas a injeção intramuscular elas podem estar associadas também ao manejo dos bovinos. O fármaco tem discreta alteração inocuidade devido à reação local e boa segurança clínica considerando a dose máxima preconizada pelo fabricante e literatura. ISSN 21774080 82 REFERÊNCIAS Adenkola AY, Ayo JO. 2010. Physiological responses of food animals to road transportation stress: a review. African Journal of Biotechnology. 9: 4845-4856. Batista JS, Riet-Correa F, Teixeira MMG et al. 2007.Trypanosomiasis by Trypanosoma vivax in cattle in the Brazilian semiarid: Description of an outbreak and lesions in the nervous system. Veterinary Parasitology. 143: 174-181. Cadioli, FA, Barnabé, PA, Zacarias et al. 2012. First report of Trypanosoma vivax outbreak in dairy cattle in São Paulo state, Brazil. Rev. Bras. Parasitol. 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