Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas PRÁTICAS 2 DIFERENCIAR PARA INCLUIR Fernando Martins Os sistemas educativos contemporâneos têm por base um tipo de organização, iniciada em finais do século XIX e que se manteve durante grande parte do século XX, que defende que o conhecimento é constituído por verdades absolutas a que os seres humanos têm acesso. Nesta perspectiva objectivista do ensino, onde a natureza e formas de aquisição dos conhecimentos se encontram muito bem definidas, as escolas organizam-se de acordo com o que se considera mais eficaz para assegurar a educação dos jovens. Os professores surgem como indivíduos que adquiriram o conhecimento em áreas específicas e em “quantidades suficientes”, tendo como função transmiti-lo (factos, conceitos, princípios) através de programas normativos que definem o que os alunos têm de aprender. Os alunos, por sua vez, são avaliados sobre as matérias mediante provas e testes de conhecimentos. Niza, S. (1996) refere: Na escola tradicional o que marca o ritmo das aprendizagens é o ensino (as lições) do professor. Os que não acomodam o seu estilo e processo de aprendizagem ao caminho do professor são excluídos desse percurso – são os alunos “atrasados”... (p.139) Na tentativa de contrariar esta perspectiva formal de educação, sem espaço para o diálogo e para o “pôr em comum” experiências individuais, existe uma alternativa, uma outra perspectiva de educação, conhecida por construtivismo. Segundo esta corrente, o conhecimento apresenta-se como sendo algo de pessoal e cujo significado é construído pelo indivíduo e pela sua experiência de vida. Num contexto de diversidade, as aprendizagens surgem como processos sociais, a partir dos quais os alunos constróem significados que vão sendo modificados pela interacção que se estabelece entre o conhecimento que possuem e as novas experiências de aprendizagem que vivem. Para Cadima, A. (1996), “A aceitação da diversidade e pluralismo exige, naturalmente, o desenvolvimento de uma pedagogia diferenciada, que valorize o sentido social das aprendizagens, que permita gerir as diferenças do grupo, através das capacidades que cada membro desse grupo tem.” (p.14). 1 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas Diferenciar as aprendizagens consiste em organizar todas as actividades de modo a que as crianças sejam confrontadas com situações enriquecedoras, tendo em conta o seu universo sociocultural e as características das suas necessidades pessoais. A diversidade sociocultural que cada elemento da turma apresenta, deverá ser utilizada como um aspecto enriquecedor das dinâmicas do grupo, ou seja, dever-se-á entender a heterogeneidade como um recurso fundamental das aprendizagens. Diferenciar as práticas vai de encontro à homogeneização das turmas ou, dentro delas, à delimitação de grupos que supostamente facilitarão o trabalho do professor. Santana, I. (2000), valoriza o plano individual de trabalho (PIT) da responsabilidade de cada aluno e que pode ser planificado no início da semana e avaliado no final da mesma, como sendo “...o grande organizador da diferenciação do trabalho.” (p.32). Nesta perspectiva de gestão cooperada do trabalho pedagógico, pretende-se que os alunos tomem consciência do seu próprio percurso de aprendizagem, tendo como referência o ponto em que se encontram e do que é necessário para prosseguirem as aprendizagens. No plano individual de trabalho é registada a participação e responsabilidade que cada um tem não só na organização das actividades como também nas formas de participação do grupo. Cada aluno regista no plano a sua avaliação que é posteriormente lida ao grupo. As observações, sugestões ou recomendações feitas pelo grupo à avaliação apresentada serão também registadas no plano individual de trabalho servindo de ponto de partida para o plano seguinte. Para a autora, “este instrumento de trabalho operacionaliza, de facto, a diferenciação pedagógica.” (p. 32), na medida em que, cada um, desenvolve as actividades que seleccionou, decorrentes do exercício de tomada de consciência das suas necessidades, através da regulação do grupo. Este aspecto possibilita que cada aluno delimite e desenvolva o seu percurso de aprendizagem, disponibilizando o professor para um apoio mais directo aos que apresentam maiores dificuldades ou aos que mais o solicitarem. Muitas vezes, estas ideias sobre aprendizagem e eficácia do ensino têm pouco impacto na forma como as escolas respondem à diversidade dos alunos. Apesar de se reconhecer a importância de uma escola cada vez mais inclusiva, muitas das práticas continuam a ser feitas como simples medidas de apoio e numa perspectiva compensatória de dificuldades pontuais. Por vezes, a ajuda 2 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas que se presta à criança não é a mais eficaz devido à forma como são caracterizadas as diferenças individuais e à maneira como é elaborada a informação acerca da criança. Para muitos, a forma como se lida com a diversidade no processo de aprendizagem ainda consiste em agrupar as crianças de acordo com as diferenças sinalizadas, utilizando termos pouco adequados para as classificar como, por exemplo, “alunos com problemas” ou “alunos do apoio”. Este tipo de informação, além do aspecto pejorativo que muitas vezes lhe está associado, pode ocasionar intervenções desajustadas que poderão contribuir para o agravamento das dificuldades de aprendizagem. Estudos desenvolvidos durante os anos 80, em especial os de Stanovich (1984), referidos por Wang, M. (1994), classificam como “Efeito de Matthew” um tipo de problema que pode ser decorrente da aplicação de uma estratégia inadequada. Nesse estudo verificou-se que as crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem progressivas nas primeiras fases da sua escolaridade, em áreas básicas como a leitura, tinham tendência a apresentar dificuldades de aprendizagem progressivas ao longo dos anos de escolaridade seguintes. Verificou-se também que os professores tendiam a dar menor atenção aos alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem, fazendolhes menos perguntas ou esperando menos tempo pelas suas respostas. Atitudes como estas aumentam, em vez de diminuir, o problema do insucesso em relação a um grande número de crianças na medida em que, ao invés de estarem incluídos nas dinâmicas da aula, estão apenas integrados – uma mera presença física do aluno diferente no meio escolar regular, são “os do apoio”, tidos como um elemento estranho à turma, vedando-se-lhe muitas vezes a possibilidade de participar das experiências do grupo. Assim, não basta que uma criança com necessidades educativas especiais esteja integrada num contexto escolar, mas que esteja incluída em todas as dinâmicas de modo a que a escola possa ter em atenção todos no geral e cada um em particular.(in Vaz, I. 1997). A turma do Luís é composta por 23 crianças do 2º ano de escolaridade, oriundas do mesmo bairro, de uma localidade na periferia de Lisboa, integrada num sistema de aprendizagens muito próximo de uma perspectiva objectivista do ensino. É uma turma que apresenta um elevado índice de insucesso, em especial na área da Língua Portuguesa, na qual sobressai um grupo com mais 3 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas dificuldades que se encontra ao nível da iniciação dos mecanismos básicos de leitura e escrita, onde se insere o Luís. Durante o 1º ano de escolaridade, a turma foi iniciada nas aprendizagens da leitura e da escrita através de métodos silábicos que reconhecem a leitura como um acto fundamentalmente preceptivo. Neste contexto, valoriza-se a capacidade que o aluno tem na descodificação de formas visuais e sons, sendo as actividades orientadas em exercícios de grafismos ou de estimulação sensorial e preceptiva, onde o protagonista é o professor, que ensina todos em simultâneo. Sendo um tipo de método que se encontra associado aos modelos ascendentes para a aprendizagem da leitura, onde se reconhece uma série de etapas que vão da identificação das letras, passando pelo reconhecimento das sílabas que, combinadas, formam as palavras agrupadas em frases, apresentase normalmente descontextualizado do universo afectivo e motivacional da criança. Consistem na reprodução e repetição de sílabas e palavras, associadas a uma letra/ imagem (pato; pópó; uva; holofote;...) e a tentativa da sua integração em frases. Estudos desenvolvidos por Johnston e McClelland (1973), referidos por Margarida Alves Martins (2000) e decorrentes de estudos pioneiros de Catell (1947), vêm contrariar a eficácia deste modelo e, por conseguinte, do método que lhe está associado, uma vez que identificam o efeito de superioridade da palavra nas aprendizagens da leitura, considerando que as letras, ao invés de serem apresentadas isoladamente, identificam-se com mais facilidade quando integradas numa palavra. Estando a palavra inserida numa frase e a frase inserida num texto contextualizado, os resultados destes estudos passam a evidenciar a importância e a influência dos contextos na identificação das palavras. Os modelos interactivos, associados aos métodos orgânicos para as aprendizagens da leitura e escrita e, mais recentemente, o modelo interactivo compensatório, além de reforçarem a importância desses contextos defendem ainda a existência de uma interacção de compensação entre os diferentes estádios do processo de aprendizagem, em que pontos fracos de qualquer nível podem ser compensados por pontos fortes de outro nível. Considera que os leitores fracos, face a obstáculos de análise ou de descodificação de palavras, poderão recorrer a estruturas cognitivas de um nível mais geral, como por exemplo à relação entre palavras ou o recurso a contextos, de modo a superar o obstáculo encontrado. Do 4 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas mesmo modo, leitores fortes que encontram obstáculos em aspectos relacionados com o contexto de palavras e frases poderão servir-se da sua descodificação para chegarem à sua identificação. Devido ao défice de conhecimentos que se verifica na área da Língua Portuguesa na turma do Luís, em especial no grupo de iniciação, questionamos se as formas e os métodos utilizados teriam sido os mais adequados para este tipo de crianças, cuja maioria lê e escreve, silabando e com dificuldades, sendo necessário desenvolver trabalho específico com grande parte dos alunos, em particular nos casos especiais de leitura. Iniciados num tipo de aprendizagem de leitura, onde as lições foram “dadas” para todos como se fossem um só, a ausência de um contexto, na sua relação com a experiência particular de cada um, só poderia ocasionar alunos “atrasados”, a iniciarem vivências de insucesso que poderão vir a ser fatais para o seu percurso escolar. Acerca da importância da correcta aquisição dos mecanismos básicos de leitura e escrita, Sílvia Citoler e Rolando Sanz (1997) referem que “...são uma aquisição para as aprendizagens posteriores, já que, na escola, a fase inicial do aprender a ler e escrever deve transformar-se rapidamente no ler e escrever para aprender.” (p.112). Durante os meses de Janeiro e Fevereiro, o grupo que se encontrava ao nível da iniciação das aprendizagens da leitura e da escrita, silabando sequências de consoantes e vogais sem sentido e confundindo sistematicamente o p com o t, com o c ou o m, foi envolvido em dinâmicas de trabalho cooperativo para a aprendizagem da leitura e da escrita, através de métodos naturais ou orgânicos, diferentes dos métodos a que tinham estado habituados até então. O ponto de partida foi a poesia “Adivinha”, de Eugénio de Andrade, escolhida por unanimidade, em assembleia de grupo, após a observação de vários géneros de livros infantis. O poema, cuja temática incidia sobre os animais, foi lido e discutido, tendo-se, a partir daí, explorado o tema, desenvolvido pesquisas em várias direcções, de modo a que se pudesse enriquecer o léxico destes alunos. No decorrer do trabalho, o grupo reagiu com muito entusiasmo a todas as propostas de actividades, envolvendo os restantes colegas da turma na apresentação das etapas do trabalho. Este aspecto estimulou o envolvimento destas crianças na actividade, reconhecendo e identificando muitas palavras associadas ao contexto do poema e, de alguma forma, 5 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas relacionadas com os seus contextos sócio-afectivos, uma vez que a escolha do poema foi decorrente de uma conversa sobre “O meu animal de estimação”. No final do trabalho, as crianças conseguiram identificar os nomes dos animais escritos no poema, bem como de outros que surgiram no decorrer das actividades. Foram capazes de identificar palavras como cão, gato ou cobra surgidas no contexto do poema, identificando-as noutros suportes escritos e legendando imagens com a escrita correcta da palavra. Atendendo às características do grupo e ao nível em que se encontravam, considera-se este aspecto muito qualitativo uma vez que, partindo deste ponto e de acordo com o ritmo de aprendizagem que cada criança demonstrar, poderá ser iniciado um trabalho de expansão de frases, contemplado no programa curricular, tendo como referência as frases escritas por cada um: O cão; A cobra; O gato;... Nesta perspectiva, a representação e a compreensão que a criança tem acerca do acto de ler, do que representa e quais as suas finalidades assume um papel determinante para a aprendizagem. É esta consciência, numa perspectiva construtivista do ensino, que vai tornar operacionais e eficazes todas as outras competências para a leitura, sendo importante desenvolver com as crianças actividades que as levem a descobrir e perceber a natureza e a função do acto de ler. O mesmo se passa em relação à escrita, sendo importante que a criança reconheça os seus objectivos e funções – comunicar com os outros (colegas, amigos e familiares) que estão próximos ou distantes, de modo a que sinta, naturalmente, vontade de escrever e de se exprimir. Assim, iniciada a aprendizagem e dominadas as técnicas mínimas de leitura e escrita, o texto livre pode surgir como um excelente auxílio de concretização e desenvolvimento destas técnicas. Em vez de ser sugerido um tema sobre o qual a criança tenha de desenvolver um suporte escrito, imposto num determinado horário e independentemente da sua vontade, devem proporcionar-se condições para que escreva quando lhe apetecer, quando tiver algo para dizer ou necessidade de se exprimir. A produção escrita ou gráfica deve ser valorizada em todas as situações, em especial sempre que a criança tenha necessidade disso. O Luís não entende o discurso da escola, nos moldes em que este lhe é apresentado. É um discurso descontextualizado do seu universo motivacional e associado a metodologias que não prevêem a diferenciação das suas 6 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas aprendizagens, aspectos que têm contribuído para o insucesso que o aluno apresenta. Durante o desenvolvimento do trabalho da poesia, o Luís foi um dos alunos que se mostrou muito activo junto da família, na procura de recortes ou de informação para partilhar com o grupo. A família foi previamente contactada, no sentido de apoiar e facilitar a obtenção de informação. Remetendo para os estudos apresentados por Margaret Wang (1994), que referem que as características pessoais ou de aprendizagem que os alunos demonstram são alteráveis, decorrendo, de entre outros aspectos, do envolvimento familiar e o apoio dos pais nas aprendizagens, reconhecemos que um maior investimento por parte da família favorecerá as aprendizagens. Consideramos que o percurso escolar do Luís está associado ao Efeito de Matthew, encontrando-se relacionado com a aplicação de estratégias inadequadas. Verifica-se que no 1º ano de escolaridade o aluno é integrado no grupo de crianças com dificuldades de aprendizagem, passando a beneficiar de menos apoio por parte da professora e sendo sujeito, bem como os restantes colegas do grupo, a exercícios monótonos e repetitivos. Julgamos que este tipo de estratégia, desadequada, na medida em que não prevê a diferenciação e associada a pouco estímulo por parte da professora, ocasionou um agravamento das dificuldades individuais das crianças do grupo, em que o Luís, de acordo com as suas características pessoais e motivacionais, foi a criança que menos se adaptou a este tipo de metodologias continuando a apresentar e a acumular dificuldades na aprendizagem dos mecanismos de leitura e escrita. O aluno poderia ser sujeito à aprendizagem da leitura e da escrita, através de metodologias relacionadas com modelos interactivos. O seu ensino passaria a ser diferenciado, sendo-lhe proporcionados contextos de aprendizagens cooperativas e a pares, alterando-se radicalmente o tipo de práticas a que tinha estado sujeito até então. Partindo-se do princípio de que todos os alunos devem atingir o sucesso educativo tendo como ponto de partida o igual acesso a currículos comuns, a escola, tal como se apresenta, deverá sofrer uma grande mudança conceptual e estrutural de modo a poder responder à diversidade das necessidades que os alunos apresentam. Existem crianças que, para dominarem o currículo comum, necessitam não só de mais tempo como também de um nível mais elevado de apoio, enquanto outras necessitam de menos tempo e de um ensino menos directo. Para se conseguir 7 Cadernos de Educação de Infância Jul./Set. 2002 Práticas que todas as crianças atinjam o sucesso educativo, incluindo as que apresentam necessidades especiais, é importante que se proceda a uma mudança efectiva, de um sistema fixo para um sistema flexível, que garanta “a equidade na oportunidade de aprender” para todos os alunos. (Wang, M. 1994). Um dos grandes desafios que se coloca às escolas e em particular aos professores é o de se distanciarem cada vez mais da preocupação do acto de ensinar e de desenvolverem a capacidade de uma gestão correcta das diferentes heterogeneidades, proporcionando condições reais de aprendizagem e promovendo com todas as crianças, em simultâneo, igualdades de oportunidades e de sucessos. Para que isto aconteça, terão necessariamente que ser previstas estratégias de diferenciação onde se organize o trabalho no sentido de proporcionar a cada criança condições favoráveis de aprendizagem. Este tipo de práticas ocasionará uma escola onde se valorizam as diferenças em especial nos contextos de sala de aula, locais onde se iniciam os sucessos e os insucessos. (Inácia Santana, 2000). Bibliografia Alves Martins, M. (2000). Pré-História da Aprendizagem da Leitura. (2ª ed.). Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Arends, R. J. (1995). Aprender a Ensinar. Lisboa: Editora McGraw-Hill. p. 1 39 Azevedo, M. (1994). Teses, Relatórios e Trabalhos Escolares: Sugestões para a sua Elaboração. Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Educação. Bautista, R. (Ed.).(1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Dinalivro. (Trabalho original publicado em espanhol em 1993). Cadima, A., Gregório, C. e Niza, S.(1995). Relatório Intercalar do Projecto Estratégias de Diferenciação Pedagógica. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. Freinet, C. (1973). O Texto Livre. Lisboa: Dinalivro. (Trabalho original publicado em francês). Escola Moderna. (2000). Revista do Movimento da Escola Moderna. Lisboa. Nº8 – 5ª Série. DGEBS. Para um Novo Olhar Sobre a Problemática da Aprendizagem da Leitura e da Escrita. Material de Apoio aos Novos Programas. Lisboa: Ministério da Educação. Niza, S. (1996). Necessidades Especiais de Educação: da Exclusão à Inclusão na Escola Comum. 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