Campanha Julho Verde Álcool e cigarro multiplicam o risco do câncer de cabeça e pescoço A associação dos hábitos de beber e fumar multiplica em até 20 vezes a chance de uma pessoa saudável desenvolver algum tipo de câncer de cabeça e pescoço, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP). Estudos epidemiológicos demonstram que a exposição ao tabaco e ao álcool são os principais fatores causais associados ao desenvolvimento do carcinoma espinocelular, que é o tumor mais frequente (cerca de 90% dos casos) do trato aerodigestivo superior. Entre os sintomas preocupantes estão nódulo persistente no pescoço, lesão na boca e rouquidão prolongada. Tais manifestações servem de alerta para a procura com urgência de um médico especialista, já que podem ser indicativos da doença. Todo nódulo persistente no pescoço pode ser câncer, principalmente quando não desaparece espontaneamente em até 21 dias, é endurecido e cresce progressivamente. Apesar de a maioria das pessoas que desenvolve câncer de cabeça e pescoço ter o hábito de fumar e beber com frequência, há casos, em menor proporção, de pacientes fora dessa condição que manifestam a doença. Pesquisas apontam para outros fatores de risco, como a falta de higiene oral, o uso de próteses dentárias e a infecção pelo papilomavírus (HPV), além de doenças genéticas e exposição à radiação no caso do câncer da tireoide. A infecção pelo HPV é um fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Ainda a manutenção do hábito de fumar e do abuso do álcool que aumentam a chance de o paciente desenvolver um segundo tumor de cabeça e pescoço durante o acompanhamento. O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. As taxas de cura na doença inicial são de aproximadamente 90%. Já na doença avançada as taxas de cura caem para 30 a 40% e o paciente sofre as sequelas da doença, como dor, dificuldade de se alimentar, falar, etc. De acordo com a publicação “Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil”, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a previsão para o ano de 2015 é de aproximadamente 576 mil novos casos de câncer na população brasileira. Ainda de acordo com a publicação, o câncer de boca, laringe e demais sítios é hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata, com mais de 18 mil casos diagnosticados anualmente no Brasil. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas. É necessária a implantação imediata de políticas públicas pelas autoridades de saúde, principalmente quanto à implementação de programas de diagnóstico precoce e de combate aos fatores de risco, pois se trata de uma doença, na maioria das vezes, relacionada à exposição a fatores comportamentais evitáveis. O perfil demográfico preponderante do paciente com câncer de cabeça e pescoço é de indivíduo do sexo masculino, com idade entre 40 e 69 anos, fumante e/ou consumidor habitual de bebidas alcóolicas. Devemos lembrar que o câncer da cabeça e pescoço, em especial o câncer da boca, que é o mais comum, pode ocorrer em pessoas que nunca fumaram ou beberam. Isto ocorre, por exemplo, num grupo de pacientes mulheres e idosas por fatores pouco conhecidos no momento, e que apresentam tumores em locais de uso de prótese dentaria, como a gengiva, ou outras partes da boca. Os médicos da SBCCP são unânimes em afirmar que nunca é tarde para tomar consciência dos hábitos prejudiciais à saúde e optar por uma vida mais saudável. Aqueles que deixam de fumar e abusar do álcool diminuem progressivamente a chance de desenvolver o câncer de cabeça e pescoço. Após 10 anos sem consumir tabaco nem álcool, cessam os efeitos maléficos cumulativos. Fonte: Instituto de Oncologia do Paraná/Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço